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Ciberespaço e negociações de sentido: aspectos sociais da implementação de redes digitais de comunicação em instituições acadêmicas de saúde pública.

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Academic year: 2017

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Ciberespaço e negociações de sent ido:

aspect os sociais da implement ação de redes

digit ais de comunicação em inst it uições

acadêmicas de saúde pública

Cyb e rsp ace and the ne g o tiatio n o f me aning :

imp le me nting d ig ital co mmunicatio ns ne two rks

in p ub lic he alth acad e mic institutio ns

1 Cen tro de Docu m en tação e In form ação, Escola N acion al d e Saú d e Pú blica, Fu n d ação Osw ald o Cru z . Av. Leop old o Bu lh ões 1480, sala 310, M an gu in h os, Rio d e Jan eiro, RJ 21041-210, Brasil. itu rri@en sp.fiocru z .br itu rri@cen troin .com .br

José Itu rri 1

Abst ract Th is article an alyzes social asp ects in th e in corp oration of n ew in form ation an d com -m u n ica t ion s t ech n ologies in p u b lic h ea lt h a ca d e-m ic in st it u t ion s. To d e-m a rca t e t h e st u d y of t h ese p rocesses a n d d em on st ra t e t h e close rela t ion sh ip bet w een t h eir socia l a n d t ech n ica l a s-p ects, th e stu d y em s-p loys con ces-p ts s-p ertain in g to “in tellectu al tech n ologies”an d a “critical th eory of tech n ology”. Th eoretical an d m eth od ological elem en ts are id en tified to ap p roach th e im p le-m en t a t ion d yn a le-m ics of elect ron ic n et w ork s in p u blic h ea lt h in st it u t ion s, t h rou gh a d iscou rse an alysis of th eir social actors an d th e variou s m ean in gs th ey attribu te to su ch d yn am ics Con sid -erin g d iscou rse as an exp ression of th e relation s created d u rin g th ese im p lem en tation d yn am ics, th e stu d y seek s a p rop osal for th e w ays by w h ich th ese relation s m igh t in flu en ce th e social an d tech n ical d im en sion s of d igital n etw ork s.

Key words Pu blic Health ; In tern et; Com p u ter Com m u n ication N etw ork s; In stitu tion al Devel-op m en t; Tech n ological DevelDevel-op m en t

Resumo An alisam -se asp ect os sociais d a in corp oração d e n ovas t ecn ologias d e in form ação e com u n icação em in stitu ições d e en sin o e p esqu isa d a saú d e p ú blica. Usan d o elem en tos d a n o-ção d e tecn ologias d a in teligên cia e d a teoria crítica d a tecn ologia p ara en qu ad rar o estu d o d os p rocessos d e im p lem en tação d e red es eletrôn icas d e com u n icação (em esp ecial In tern et e in tra-n ets), ap otra-n ta-se a ítra-n tim a relação etra-n tre os asp ectos sociais e téctra-n icos d esses p rocessos. Traçam -se algu n s elem en tos teórico-m etod ológicos p ara ap roxim ar-se d as d in âm icas d e im p lem en tação d e red es eletrôn icas em in stitu ições acad êm icas, m ed ian te a an álise d o d iscu rso d os seu s atores so-ciais e d os d iversos sen tid os qu e eles atribu em à im p lem en tação. Con sid eran d o o d iscu rso com o u m a exp ressão d as relações qu e os atores p rod u zem d u ran te a im p lem en tação, p rocu ra-se d eln ear u m a ap roxim ação às form as com o essas relações ieln flu eeln ciariam d im eeln sões sociais e téceln i-cas d as red es d igitais.

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Introdução

Nos ú ltim os an os, tem se form ad o u m ap aren te d esco m p a sso en tre o s a rgu m en to s q u e a d -vogam a favor d a in corp oração d as tecn ologias d e red es d igita is d e in fo r m a çã o (em esp ecia l In tern et e in tra n ets) n a s a tivid a d es d a s in sti-tu ições d e en sin o e p esq u isa cien tífica e o r itm o eitm q u e essa in corp oração d e fato acon te -ce. A d ivergên cia en tre as p oten ciais van tagen s e o u so real d a tecn ologia d e red es d igitais p o-d e ser co n sta ta o-d a n a litera tu ra in tern a cio n a l (Harrison & Step h en , 1996a; DeSien o, 1995; Ei-sen b erg, 1997). Co m o se verá , existem a lgu n s in d ícios recen tes d e q u e essa d ivergên cia p ossa estar p resen te tam b ém n as ativid ad es d e en -sin o e p esq u isa d e in stitu ições acad êm icas d e saú d e p ú b lica n o Brasil.

Este a rtigo se p ro p õ e a co n trib u ir p a ra d i-m en sion ar algu n s asp ectos d as d in âi-m icas so-ciais q u e in flu en ciam a in corp oração d e red es d igita is em in stitu içõ es d e en sin o e p esq u isa cien tífica . Preten d ese q u e ta l d im en sio n a -m en to seja d e u tilid ad e p ara a d iscu ssão d o te-m a n o cate-m p o d a saú d e p ú b lica.

A q u a se t o t a lid a d e d a lit e ra t u ra d e scre ve as red es d igitais d e in form ação/ com u n icação co m o ferra m en ta s p o d ero sa s p a ra o tra b a lh o cien tífico, co m p o ssib ilid a d e d e tra n sfo rm a r com p leta e fa vora velm en te a s estru tu ra s e d i-n â m ica s d a p rá tica a ca d êm ica (Dem o, 1997; Ed u com , 1996; Ed u com , 1995; Roszack, 1994). Essa visã o p ro gressiva e o tim ista p a rece esta r b asead a n u m a in ferên cia lógica: já q u e a ciên -cia é u m a ativid ad e essen -cialm en te com u n ica-cion al (visto q u e a san ção d o caráter cien tífico d e u m a p rod u ção só se d á d ep ois d a su a d isse-m in ação, aceitação e u so p ela coisse-m u n id ad e d os cien tistas) e qu e requ er in form ações com o seu in su m o b ásico, seria d e esp erar-se qu e u m d is-p ositivo d e com u n icação tão is-p oten te qu an to a In tern et fosse rap id am en te in trod u zid o e ad o-tad o n o m eio acad êm ico.

No en tan to, con tra o p an o d e fu n d o otim ista m en cio n a d o, d iversa s a va lia çõ es d e exp e -riên cias e ten d ên cias reais n a in trod u ção d e re-d es n as ativire-d are-d es re-d e en sin o e p esqu isa cien tí-fica falam em u m “tem po in esperadam en te pro-lon gad o” p a ra q u e essa s tecn ologia s tra n sfor-m esfor-m o cotid ian o d a vid a acad êsfor-m ica (Harrison & Step h en , 1996b :3). Não raram en te essas ava-liações m en cion am “ceticism o” (DeSien o, 1995), “n ecessidade de rever o en tu siasm o in icial” p or p arte d o m u n d o cien tífico (Eisen b erg, 1995:32) o u u m b a la n ço d e fra n ca “su bu tiliz ação d as poten cialidades” (Sch wim m er, 1996:566). Aqu i, p orém , é im p ortan te con sid erar qu e essa situ a-çã o n ã o é h o m o gên ea e q u e existem d iversa s

áreas cien tíficas n as q u ais o u so d a red e virou u m elem en to cen tral p ara su a p rod u ção, com o é o ca so d e a lgu m a s ciên cia s exa ta s e b á sica s (esp ecialid ad es d a Física, Matem ática, Qu ím i-ca, e Gen ética Molecu lar, p or exem p lo).

Algu n s d os m otivos p ara essa h eterogên ea, len ta e ‘d esco n fia d a’ in co rp o ra çã o p o d em ser ob servad os a p artir d a in trod u ção d e u m artigo q u e fa z u m leva n ta m en to d a u tiliza çã o d a In -tern et n o cam p o d a an trop ologia (Sch wim m er, 1996). O au tor, falan d o d a p oten cialid ad e d es-sa tecn ologia, afirm a q u e ela “p rom ete, ou tal-vez am eaça, tran sform ar o caráter d o trabalh o acadêm ico” (Sch wim m er, 1996:561). Isso é im -p o rta n te, -p o is a -p resen ta a -p o ssib ilid a d e d e existir n o m esm o m eio – a acad em ia – m ais d e u m a in terp retação e p osicion am en to d ian te d e u m d isp ositivo técn ico. A red e p od eria, en tão, n ão ser ap en as u m a ferram en ta altam en te efica z. Segu n d o a p ersp ectiva d e a lgu n s d o s en -vo lvid o s n a su a im p lem en ta çã o, p o d eria ser “u m a arm a ap on tad a con tra n ós”. Um risco.

Po r o u tro la d o, a p ró p ria h etero gen eid a d e d os p rocessos d e in corp oração p od e estar in d i-can d o q u e os ritm os d e p rod u ção e estilos d o-cen tes (Ed u com , 1996), as h istórias d iferen cia-d as cia-d e cia-d iscip lin as e in stitu ições in flu en ciam a ad oção d e u m d isp ositivo com o a In tern et, qu e n o d iscu rso p ú b lico é a p resen ta d o co m o u m in stru m en to id eal p ara lid ar com a in form ação, qu er d izer, com aqu ilo qu e seria a b ase d e tod a e qu alqu er ativid ad e cien tífica. Talvez o in stru -m en to n ão -m exa ap en as co-m in for-m ação, n e-m seq u er n o m u n d o a ca d êm ico, q u e existe p a ra gerar u m tip o esp ecífico d e in form ação.

Algu n s d os artigos p rod u zid os sob re o tem a (DeSien o, 1995; Sch wim m er 1996; Ha rriso n & Step h en 1996a, 1996b ) p erm item elab orar u m a b reve relação d escritiva d as d ificu ld ad es p ara a in corp oração d as red es d igitais (em esp ecial a In tern et) n o m u n d o acad êm ico:

• Dificu ld a d es p a ra co m p ra r, in sta la r e d a r m an u ten ção à b ase m aterial b ásica e in fra-es-tru tu ra d a red e (com p u tad ores, p rogram as, co-n exões); cu sto eleva d o d os ico-n vestim eco-n tos ico-n i-ciais p ara a in stalação d e red es. Estes são p ro-b lem a s d a m a io r im p o rtâ n cia em p a íses ch a-m ad os su b d esen volvid os.

• Su b u tilização d os equ ip am en tos já in stala-dos (u so stala-dos com p u tadores essen cialm en te co-m o co-m á q u in a s d e d a tilo gra fa r e n ã o co co-m o ele-m en tos d e red e).

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• Tem ores e fob ias associad os ao u so d e com -p u tad ores e red es (“Qu e, su rp reen d en tem en te, afetam os p rofessores n a m esm a m ed id a qu e qu alqu er ou tra p essoa”, segu n d o Sch wim m er (1996:566); tem o res p o r su a vez rela cio n a d o s às m u d an ças sociais d esen cad ead as p elas n o -vas tecn ologias.

• Percep ção d e q u e a m aior p arte d as ap lica-çõ es d essa tecn o lo gia estã o d esen h a d a s p a ra aten d er a requ isitos d o m ercad o e n ão a n eces-sid ad es esp ecíficas d o en sin o e p esqu isa. • Dificu ld a d es p a ra co n stitu ir p ro cesso s d e com p artilh am en to d e in form ações en tre colega s d e in stitu içã o, co m p esq u isa d o res d e o u -tras in stitu ições e com o p ú b lico em geral. • A estru tu ra etá ria d o s co rp o s d o cen tes d e várias d iscip lin as cien tíficas em q u e os d ep ar-tam en tos e facu ld ad es estão regid os. São p es-so a s “acim a d os 50 an os qu e vêem p ou ca van -tagem em fazer in ovações estan do já n os seu s ú l-tim os an os de carreira” (Sch wim m er, 1996:566). • Percep ção d e q u e a red u ção d e cu stos p er-m itid a p ela s n ova s tecn o lo gia s eq u iva leria a u m a red u ção d e p essoal acad êm ico.

Qu a se to d a s a s referên cia s a té a q u i m en -cion ad as vêm d e p aíses ch am ad os d esen volvd os, m as existem in volvd ícios n o cam p o acavolvd êm i-co d a sa ú d e i-coletiva b ra sileira q u e p od em es-tar revelan d o u m ritm o len to n a in corp oração d a tecn ologia d e red es d igitais. No p rim eiro sem estre d e 1997, n u sem leva n ta sem en to d o s co n -teú d os d as p ágin as w eb(h om e-p ages) d e in stitu ições d essa área d o sab er – realizad o p elo au to r co m o p esq u isa d o r visita n te d a Esco la Na -cio n a l d e Sa ú d e Pú b lica / Fu n d a çã o Oswa ld o Cru z – co m p rovo u -se q u e a in d a era b a ixa a p resen ça d e in form ação cien tífica e qu e n essas h om e-p agesp red o m in a va m o s d a d o s in stitu -cion ais e os an ú n cios d e even tos; a referên cia a p rojetos cien tíficos com elem en tos d e colab ora çã o em red e eora p ora tica m en te n u la e a s p u -b licações cien tíficas em red e estavam restritas a d u a s revista s d e ca rá ter exp erim en ta l, sem relação d ireta com os p rin cip ais can ais d e p u -b licação acad êm ica. Esses in d ícios so-b re as ca-ra cterística s d a im p lem en ta çã o d e red es d igita is p o d ia m esigita r in flu en cia d o s p ela s lim iigita -çõ es d a in fra -estru tu ra física (co m p u ta d o res, con exões etc.) e lógicas (p rogram as, gerên cia) d essa tecn o lo gia . Lim ita çõ es q u e se in serem n u m co n texto d e m u d a n ça e restriçã o d o fi-n afi-n ciam efi-n to p ú b lico d a ciêfi-n cia e tecfi-n ologia.

Sobre tecnologias e academia

Na p rocu ra d e com p on en tes teóricos q u e p ossam aju d ar a d im en sion ar os elem en tos m en -cio n a d o s so b re a in co rp o ra çã o d e red es d igi-tais e exp licar o ap aren te d escom p asso en tre a p ro m e ssa e a im p le m e n ta çã o, la n ça m o s m ã o d a n oção d e “tecn ologias da in teligên cia” (Lévy 1993, 1997) e d a “teoria crítica d a tecn ologia” (Feen b erg, 1991, 1995). A p rim eira fo rn ece a s b ases p ara com eçar a in terp retar a relação en -tre as form as d e rep resen tar/ in tercam b iar co-n h ecim eco-n to e as d ico-n âm icas e orgaco-n izações so-cia is q u e p ro d u zem esse co n h ecim en to ; p o r ou tro lad o, é u m a elab oração teórica cen trad a n as m u d an ças tecn ológicas relacion ad as à es-fera d o cogn itivo, eses-fera q u e assu m im os com o im p o rta n te n a visã o d e m u n d o d e a to res so -ciais p erten cen tes à acad em ia. Por su a p arte, a teoria crítica d a tecn ologia, em p rim eiro lu gar, p erm ite u m a referên cia m ais am p la d a tecn o-logia em geral n a socied ad e con tem p orân ea e, em segu n d o, ab re u m a p ersp ectiva d istan te d o d eterm in ism o qu e d esem p en h a u m im p ortan -te p ap el tan to n as an álises cien tíficas e filosó-fica s so b re tecn o lo gia , q u a n to n a s visõ es d e m u n d o atu alm en te h egem ôn icas.

As tecn ologias d a in teligên cia (em esp ecial a o ra lid a d e, a lin gu a gem escrita e o m eio ele-trôn ico em red e) são con sid erad as sim u ltan ea-m en te su p o rte e p a rte in tegra n te d o s p ro ces-so s co gn itivo s. Ela s n ã o a p en a s exp ressa m o s p en sa m en to s, co m o ta m b ém in flu en cia m a s fo rm a s d e p en sa r; a n in h a m e n u trem d e fo rm a s esp ecífica s p a ra ca d a tecn o lo gia o s p ro -cesso s d e co n h ecer. “Os p rocessos in telectu ais n ão en volvem apen as a m en te, colocam em jogo coisas e objetos técn icos com plexos de fu n ção re-presen tativa e os au tom atism os operatórios qu e os acom pan h am .” (Lévy, 1993:160)

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logia de in form ação/ com u n icação su bstitu i com -p letam en te as an teriores (Lym an , 1996; Harri-so n & Step h en , 1996b ), p o rta n to n ã o esta m o s su p o n d o q u e a s red es d o tip o In tern et a ca b a rã o co m a a m p la e co m p lexa a cu m u la çã o so -cial relacion ad a à escrita n o caso d a acad em ia, p orq u e, en tre ou tra s ra zões, essa a cu m u la çã o está in tim am en te ligad a aos in teresses d e u m a in dústria de p ublicação cien tífica que tem gran -d es in vestim en to s e está a in -d a a -d a p ta n -d o -se ao n ovo m eio (Kah in , 1996). En tretan to, é p os-sível an tecip ar qu e essas d u as ord en s – a trad i-cion al, ligad a à escrita, e a q u e se p refigu ra, li-gad a às tecn ologias d e red e – vão en trar em u m p rocesso d e ad ap tação con flitu osa e, com b ase n a litera tu ra d isp o n ível, p o d e p rever-se q u e n esse p rocesso m ostrar-se-ão as d in âm icas p o-líticas e sim b ólicas qu e an tes m en cion am os.

A colocação d e Lévy, segu n d o a qu al: “A sig-n ificação e o p ap el d e u m a cosig-n figu ração técsig-n ica em u m m om en to d ad o n ão p od em ser sep a -rados do projeto qu e m ove esta con figu ração, ou talvez dos projetos rivais qu e dispu tam n a e pu -xam -n a em tod os os sen tid os. (...) n osso p rop ó-sito con siste an tes de m ais n ada em design ar as tecn ologias in telectu ais com o u m terren o político fu n d am en tal, políticom o lu gar e qu estão d e políticon -flitos, de in terpretações divergen tes. Pois é ao re-d or re-d os equ ip am en tos coletivos re-d a p ercep ção, d o p en sam en to e d a com u n icação qu e se orga -n iza em gra-n d e p arte a vid a d a cid ad e -n o coti-d ian o e qu e se agen ciam as su bjetivicoti-d acoti-d es coti-d os gru p o” (Lévy, 1993:186-187), a p o n ta p a ra a l-gu n s elem en tos im p ortan tes p ara d im en sion ar o p rocesso d e im p lem en tação d e red es eletrô-n icas em ieletrô-n stitu ições. Mesm o qu e a h istória d o u so d e red e em m eio s a ca d êm ico s b ra sileiro s seja cu rta, esse u so já n ão está m ais n u m a eta-p a in icia l d e in tro d u çã o : é q u a se certo q u e a m aior p arte d os atores d o p rocesso já en traram em co n ta to e têm d iverso s gra u s d e fa m ilia ri-d a ri-d e co m a s reri-d es ri-d igita is; p o rta n to, seu s a r-gu m en to s já estã o b a sea d o s em u m n ível d e m an u seio e d e ten tativas (várias d elas fru stran -tes) d e u so e a d a p ta çã o d e red es eletrô n ica s, in clu in d o In tern et. Nessas d in âm icas p olítico-técn icas, a ab ord agem d as tecn ologias d a in te-ligên cia assin ala a cen tralid ad e d a in terp reta-çã o e d a sign ifica reta-çã o. É p recisa m en te n essa s d u as ú ltim as q u e cen tram os n ossa aten ção. As sign ifica çõ es en vo lvid a s n u m p ro jeto técn ico d izem tan to d e “restrições econ ôm icas (cu stos, p aten tes, situ ação d o m ercad o, in vestim en tos, estratégias de desen volvim en to da firm a) qu an -to sociais (qu alificações, relações sociais im p li-cad as à con stru ção ou u tilização d a in ovação), p olíticas (acessibilid ad e [d os in su m os m ate-riais], estad o d a legislação [...], m on op ólios d o

Estad o) ou cu ltu rais (relações com o p ú blico)” (Sch la n ger & Sten gers, 1988 ap u dLévy, 1993: 188-189). Con sid eram os q u e é p ossível elab o-ra r va riá veis sim ila res (sem d ú vid a co m u m a esp ecificid a d e p ró p ria d o ca m p o ) em firm a s com o as in stitu ições acad êm icas d e saú d e p ú -b lica.

É im p ortan te in clu ir n esse p an oram a as n ecessid a d es la ten tes d a a ca d em ia , q u e p o d e -riam ser p reen ch id as p ela in ovação tecn ológi-ca, já q u e elas d efin irão m u ito d o seu im p acto (Lym a n , 1996), e ta m b ém a s p o lítica s d e fo m en to e fin a n cia m en to d e ciên cia e tecn o lo -gia. Estas são p rod u to d a relação e n egociações en tre atores em u m con texto p olítico esp ecífi-co, q u e p õ e em co n ta to seu s in teresses co m m ecan ism os d e p od er d e d iversos n íveis (fed e-ral, estad u al, m u n icip al), os qu ais d efin irão em p arte o im p u lso qu e as n ovas tecn ologias rece-b erã o. Essa s p olítica s d e ciên cia , p or d iversos m o tivo s (rela cio n a d o s a p ro jeto s p o lítico s e econ ôm icos), p od em acab ar favorecen d o for-m as esp ecíficas d e trab alh o e organ ização aca-d êm ica b aseaaca-d as em tecn ologias aca-d e reaca-d es aca-d igi-ta is. Ou n ã o. Um a a n á lise d a im p lem en igi-ta çã o d e red es eletrô n ica s d e co m u n ica çã o d everia ser feita a fim d e acom p an h ar e estu d ar n ão só as p olíticas oficiais d e órgãos com o os Min isté-rio s d a Ciên cia e Tecn o lo gia , d e Sa ú d e e d e Ed u cação, d a Cap es (Coord en ação d e Ap erfei-ço a m en to d e Pesso a l d e Nível Su p erio r) e d o CNPq (Con selh o Nacion al d e Desen volvim en -to Cien tífico e Tecn o ló gico ), a lém d o Co n a ss (Con selh o Nacion al d e Secretários d a Saú d e) e d o Co n a sem s (Co n selh o Na cio n a l d e Secretá -rios Mu n icip ais d e Saú d e), com o tam b ém n o-vo s p ro jeto s o u ó rgã o s d e fin a n cia m en to q u e con cen trem recu rsos d e im p ortân cia.

Nesse p a n o ra m a – e reco n h ecen d o q u e existe já u m a tra d içã o cien tífica q u e estu d a o efeito d os m eios d e rep resen ta r/ in terca m b ia r in form a çã o (esp ecifica m en te a im p ressã o em p a p el) sob re a h istória e orga n iza çã o d a ciên -cia –, a n oção d e tecn ologias d a in teligên -cia d e Lévy a p resen ta a lgu m a s va n ta gen s p o r tra b a -lh ar d e form a esp ecialm en te ap rofu n d ad a a re-la çã o d o s m eio s a n tes u sa d o s (fa re-la , escr ita ) com o m ais recen te (d igital em red e) e p or en fa tiza r a q u estã o d a s fo rça s e p ro cesso s co n -tem p o râ n eo s en vo lvid o s n a a d o çã o d o m eio em red e.

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d ivu lgação d e con h ecim en to e in form ação qu e a acad em ia d esen volve h á várias d écad as; n esse essen tid o, a In tern et n ão faria m ais d o qu e in -cre m e n ta r a ve lo cid a d e e o ‘co lo rid o’ d e sse s p rocessos. A ou tra ab ord agem assu m e, p or u m la d o, a im p o rtâ n cia d o ca rá ter d e n ego cia çã o d e in teresses e d as correlações sociais q u e d ão ap oio ou rejeitam d eterm in ad as p rop ostas téc-n icas d e im p lem etéc-n tação; p or ou tro lad o, su ge-re q u e a p ró p ria co n stru çã o d a p ge-resen ça d a acad em ia d e saú d e p ú b lica n a red e e as m od ifica çõ es q u e ela in d u zirá n a s in stitu içõ es p o -d em ser ob jeto -d a reflexão cien tífica e, p or esse cam in h o, tran sform ar-se em u m in su m o estra-tégico p ara a gestão d a su a in corp oração.

Sobre t ecnologias em geral

A ten tativa d e caracterizar d u as ab ord agen s d e im p lem en tação, qu e se p reten d e em b asad a em Lévy, gu arda u m p aralelo com a n oção de Feen -berg de teorias “in stru m en tais” e “su bstan tivas” sob re a tecn ologia n o m u n d o m od ern o (Feen -b erg, 1991; Feen -b erg & Han n n ay, 1995). A teo-ria in stru m en tal está em geral associad a à id éia d e q u e a tecn ologia é u m a coisa b oa; “a tecn o-logia n ão poderia ser ‘m á’ou con troversa de for-m a algu for-m a, p ois tu d o o qu e ela faz é aju d ar as p essoas a alcan çar seu s objetivos p reexisten tes d e form a m ais eficien te” (Feen b erg, 1991). Se-gu n d o a teoria su b sta n tiva , n ã o é p o ssível se-p a ra r d essa fo rm a o s m eio s e o s o b jetivo s; a tecn ologia n ão ap en as serve p ara atin gir tal ou qu al fim ; ela m u d a n ão só a form a d e atin gi-lo; a en o rm e im p o rtâ n cia d a tecn o lo gia n a s n o s-sas socied ad es “m u da o am bien te social; m u da os objetivos a qu e n os p rop om os; m u d a o con -teú d o d e tod a a n ossa ação” (Feen b erg, 1991). Nou tras p alavras, a tecn ologia m u d a os fin s. A teoria su b stan tiva afirm a qu e as m u d an ças qu e a tecn ologia p rod u z n a socied ad e n ão são ap en as efeitos secu en d ários; são m u d aen ças p rofu en -d as (p or isso su b stan tivas), qu e tran sform am a sociedade ‘tecn ologizan doa’ e crian do u m am -b ien te tecn o ló gico q u e p er m eia a so cied a d e tod a. Ain d a segu n d o esse au tor, n a ab ord agem su bstan tiva “o am bien te tecn ológico é crescen te-m en te desu te-m an izado. Move-se cada vez te-m ais por im p erativos técn icos qu e em ergem da estru tu ra d o sistem a d e m od o tal qu e os n ossos fin s têm cad a vez m en os a ver com esse am bien te e têm cada vez m en os lu gar n ele” (Feen b erg, 1991). A tecn ologia en tão acab a sen d o u m a coisa m á.

Feen b erg con sid era qu e essas d u as ab ord a-gen s teó rica s sã o d eterm in ista s e red u zem d ra stica m en te a ca p a cid a d e d e in flu ên cia so -cia l d elib era d a so b re o s p ro cesso s tecn o ló

gi-co s. Pro p õ e en tã o u m a terceira teo ria q u e ele d en om in a teoria crítica d a tecn ologia, qu e res-ga ta elem en to s d a s o u tra s d u a s so b u m o u tro en foque. Situa-a n a tradição da Escola de Fran k-fu rt e em b asa su a elab oração n a leitu ra d e Ha-b erm as, coin cid in d o com este au tor n a “n eces -sid ad e d e algu m tip o d e con trole social d a tec-n ologia” (Feen b erg, 1991) q u e crie u m p roces-so n o q u a l a ra cio n a lid a d e ten h a u m p eroces-so m a io r e n ã o a p en a s resp o n d a a o s a co n teci-m en tos. Sen d o iteci-m p ossível fazer recu ar a tecn ologia ou am arrála, p or cau sa d o seu caráter in -trín seco à s so cied a d es m o d ern a s, ele a firm a q u e se d eve ela b o ra r u m a fo rm a d e tra b a lh a r n u m “con texto fu n d am en talm en te tecn ológico e su bvertê-lo on d e ele p recisar, tran sform á-lo on d e p recisar ser tran sform ad o, alterá-lo, re-con stru í-lo” (Feen b erg, 1991). Para isso, ele re-jeita o d eterm in ism o tecn ológico d e m od o ta l q u e se p ossam fazer escolh as sob re o p ap el d a tecn ologia, sem recu ar, p orém , até as p osições d a visã o in stru m en ta l d e q u e h á a p en a s u so s p ara a tecn ologia. Afirm a tam b ém qu e a tecn o-logia é h u m an am en te con trolável e p rop õe seu con trole d em ocrático; con sid era, p orém , qu e o con trole n ão é ap en as d o tip o “d ecisão sobre o u so de u m determ in ado dispositivo” (Feen b erg, 1991), visto qu e esse n ão tem a forte carga cu ltu ral e social q u e as teorias su b stan tivas id en -tifica m n a tecn o lo gia . Ma s ele ta m b ém to m a d istân cia d a ab ord agem su b stan tiva qu e con si-d era q u e essa s im p lica çõ es cu ltu ra is sã o p ré-via s a q u a lq u er d ecisã o a resp eito d a tecn olo-gia . Feen b erg d iz q u e o co n tro le h u m a n o d a tecn ologia p ode dar-se n o n ível do seu desen h o e q u e: “Presu m ivelm en te n esse n ível, m u d an d o o desen h o em u m sistem a organ izacion al ou téc-n ico, você poderia afetar os valores qu e eles car-regam e poderia ser capaz de criar diferen tes espaços n os qu ais su a ações têm sign ificados fu n -dam en talm en te diferen tes” (Feen b erg, 1991).

A p alavra-ch ave dessa ú ltim a citação é “p re-su m ivelm en te”; estam os d ian te d e u m cam p o co m vá ria s p o ssib ilid a d es a b erta s, n en h u m a d as q u ais tem seu su cesso garan tid o. E n o q u e d iz resp eito à in co rp o ra çã o d a In tern et n u m cam p o d o sab er com o a saú d e p ú b lica, ab rem -se p ro b lem a s sim ila res a o s leva n ta d o s p o r Feen b erg p ara a tecn ologia em geral.

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tem p o, através d as qu ais serão ev en tu alm en te resp on d id as qu estões com o será u sad a a tecn o-logia, qu em a u sará e qu ais gru pos serão ben eficiad os (...) [as n egociações estratégicas d esen -volvidas] in clu em tam bém as con seqü ên cias de ações in d iv id u ais, qu e, ap esar d o seu m elh or esforço, os in d ivíd u os n ão são cap az es d e con -trolar ou in flu en ciar totalm en te” (Ha rriso n & Step h en , 1996b ).

Esses referen ciais teóricos p erm item com e-çar a d efin ir u m olh ar p ara an alisar as qu estões d a im p lem en ta çã o a q u i a p resen ta d a . A id éia cen tral é lem b rar q u e tod a im p lem en tação d e u m a tecn ologia tem u m certo caráter d e recriação d esta e q u e tod o p rojeto p olítico (aq u i in -clu íd o s o s in stitu cio n a is) a o m esm o tem p o a co m p a n h a , u sa e d esvia a evo lu çã o d e u m a tecn ologia (Lévy, 1993).

Desse p on to de vista, p oderseia en tão con -sid era r q u e o a p a ren te d esco m p a sso en tre a p ro m essa e a rea lid a d e d a im p lem en ta çã o d a In tern et seria u m a exp ressão d a situ ação atu al d os p rocessos, rep resen tad os e n egociad os, d e in corp oração d e u m a tecn ologia, d o tip o esp ecífico d a s ch a m a d a s tecn ologia s d a in teligên cia (com d im en sões cogn itivas, p olíticas, sim -b ólicas) em u m cam p o d o sa-b er com o a saú d e p ú b lica . É p o r isso q u e, n essa a b o rd a gem , a even tu a l n ã o im p lem en ta çã o o u u m a im p le -m en tação p arcial ou -m alsu ced id a d e red es d i-gita is ta m b ém sã o ob jetos d e reflexã o. Nesses casos, in teressa, talvez até m ais d o q u e em ca-sos m ais b em resolvid os, ap roxim ar-se d as d i-n âm icas qu e b arram u m a ferram ei-n ta d e trab a-lh o qu e su p ostam en te d everiam estim u lar.

N egociando e represent ando espaços no ciberespaço

Das d iversas facetas d o p rocesso d e im p lem en -ta çã o d e red es d igi-ta is em in stitu içõ es d e u m cam p o d e sab er q u e seriam d e in teresse ap on -tar (p or exem p lo, os asp ectos m ais cogn itivos, com o as m od ificações q u e a red e d igital in tro-d u z n as form as tro-d e p rocu rar in form ação cien tí-fica ; ou a sp ectos m a is ep istem ológicos, com o as m u d an ças em m ecan ism os d e valid ação d e con h ecim en to cien tífico in trod u zid os p elo u so d a red e; ou alterações n as d in âm icas d e p u b li-cação e citação d e trab alh os cien tíficos), en fa-tizam os n este artigo as relações q u e se estab e-lecem en tre atores d a im p lem en tação e as form as form ed ian te as q u ais essas relações in flu en -cia m o ritm o e a m p litu d e d a im p lem en ta çã o. No co n texto d e in stitu içõ es a ca d êm ica s, será d e in teresse ap roxim ar-se d os p ap éis e d as re-la çõ es d e três tip o s d e a to res q u e p a rticip a m

d a im p lem en ta çã o : o co rp o d e p ro fesso res/ p esq u isa d o res, o s gesto res in stitu cio n a is e o s co rp o s esp ecia liza d o s resp o n sá veis p elo s a s-p ecto s técn ico s d a im s-p lem en ta çã o. Pa ra essa ap roxim ação, p arece d e u tilid ad e a ab ord agem d a s rep resen ta çõ es so cia is n o seu sen tid o d e exp ressões d a relação en tre lin gu agem e p ráxis social, e n ão ap en as n a acep ção d e d iscu rso.

A rep resen tação social d e u m ator “visa do-m in ar o ado-m bien te, codo-m p reen d er e exp licar seu s fatos e idéias, agir sobre e com os ou tros, situ ar-n os d iaar-n te d eles, com u ar-n icar com eles” (Arru d a, 1992:119). De q u e m a n eira a s rep resen ta çõ es sociais (qu e à p rim eira vista ap aren tem en te se-riam ap en as falas) p od em estar relacion ad as à ação e ser ú teis p ara com p reen d er u m fen ôm e-n o com o u m a im p lem ee-n tação d e u m a red e d i-gital, u m a coisa p rática? Isso acon tece p orq u e as rep resen tações, n o seu sen tid o d e in terp retação, relacion am se com as in terações d e in -d iví-d u o s e gru p o s (n ã o existe a p o ssib ili-d a -d e d e algu ém “rep resen tar” livre d a in flu ên cia d o seu co n viver so cia l). No co n texto in evitá vel d essa s in tera çõ es, a s rep resen ta çõ es sã o, p o r u m la d o, fru to d a s rela çõ es en tre o s seres h u m a n o s (p o rta n to, a çã o ) e, p o r o u tro, in flu en -cia m n essa s m esm a s in tera çõ es (sen d o, p o r-tan to, d e n ovo... ação). Assim , “o con h ecim en to estu d ad o via rep resen tações sociais é sem p re u m ‘con h ecim en to p rático’; é sem p re u m a for-m a cofor-m p rofor-m etid a e/ou n egociad a d e in terp re-tar a realid ad e” (Sp in k, 1993:303). Na a p roxi-m ação aqu i revisad a, as rep resen tações serveroxi-m p ara se com p rom eter e p ara n egociar, com ou -tros in d ivíd u os e gru p os socia is, a resp eito d o even to social d a im p lem en tação d e red es.

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con texto social, a sign ificação qu e elas têm p a-ra o d ep oen te. Paa-ra com p reen d er m elh or a re-la çã o en tre o d iscu rso (a fa re-la ) d e in d ivíd u o s qu e in tegram gru p os qu e se d efin em com o ato-res e o con texto n o qu al ele é p rod u zid o, lan ça-se m ão d o trab alh o d e Bakh tin . Parece-n os qu e n ele fica cla ro “o p ap el d a lín gu a, com o reali-dade m aterial esp ecífica da criação ideológica” e a relação en tre as lu tas d e in teresses n a socie-d asocie-d e e “a com u n icação corriqu eira”. Este au tor con sid era a p alavra com o “fen ôm en o id eológi-co p or excelên cia” já q u e ela p o d e p reen ch er q u alq u er fu n ção id eológica (Bakh tin , 1992:3637). Na p alavra, refletem se e refratam as ten sõ es d o s d iferen tes gru p o s e cla sses d a so cie -d a -d e; “a organ iz ação h ierarqu iz ad a d as rela-ções sociais” exerce u m a “in flu ên cia p od erosa” sob re tod a a p rod u ção d e lin gu agem (Bakh tin , 1992:43). É p or isso q u e o sign o, a p alavra, tor-n a -se a retor-n a o tor-n d e se d esetor-n vo lvem co tor-n fro tor-n to s en tre grup os sociais. O fato de os diferen tes gru -p os sociais fazerem u so d e u m a m esm a lín gu a, ten d o in teresses co n tra p o sto s n a so cied a d e, p erm ite exp lica r p or q u e “em tod o sign o id eo-lógico con fron tam -se ín dices de valor con tradi-tórios” (Bakh tin , 1992:46).

Sem p erd er d e vista q u e se p od e su p or q u e n o p ro cesso d e im p lem en ta çã o d e red es d igi-ta is o s a to res esigi-ta b elecerã o fo rtes rela çõ es d e alian ça e ap roxim ação (d evid o às p róp rias h istó ria s e co n texto s in stitu cio n a is, o rigen s so -ciais sim ilares e in teresses com p artilh ad os p ela acad em ia), é ú til con sid erar qu e as rep resen -tações sob re a im p lem en tação d a tecn ologia d e red es d igitais estão atravessad as tam b ém p elas d iversas sign ificações os valores con trad itórios q u e d iferen tes a to res so cia is lh es o u to rga m ; con sid era -se q u e essa ten sã o se rep rod u z n os d iscu rsos in d ivid u ais.

Con sid eran d o, com o an tes vim os, o caráter d as tecn ologias in telectu ais com o u m terren o p olítico, lu gar e q u estão d e con flitos, d e in ter-p retações d ivergen tes, tom a-se a teoria d as re-p resen tações sociais com o u m a d as are-p roxim a-ções q u e tem a van tagem d e resgatar o caráter n egocia d o e n ã o n ecessa ria m en te h a rm ôn ico d essas relações d u ran te a im p lem en tação.

Esta fa cilid a d e d a s rep resen ta çõ es so cia is p ara lid ar com relações e con flitos seria d e in -teresse p a ra d im en sio n a r a im p lem en ta çã o, em gran d e p arte p elo con texto m ais am p lo n o q u al ela se in sere; n esse sen tid o, con sid era-se p rovável q u e a restrição d e fin an ciam en to p ú -b lico p ara ciên cia e tecn ologia n o Brasil rep er-cu ta e acirre a com p etição p or reer-cu rsos escas-so s n o in terio r d a s in stitu içõ es, a ssim co m o en tre elas, e eleve as ten sões sociais n esses es-p aços. Isso es-p od eria d efin ir situ ações d e cr ises

in stitu cion ais n as qu ais o p ap el (p olítico e sim -b ólico) atri-b u íd o às red es d e in form ática m u d e m u ito. Nesse caso, o cen ário m u d ará d e form a m ais ou m en os im p revisível. A im p lem en tação d e red es p o d eria ser sim p lesm en te su sp en sa o u relega d a a u m segu n d o p la n o p o r fa lta d e verb a o u p o d eria ser co lo ca d a p o r a lgu m a to r in stitu cion al, ou p or u m a p olítica n acion al, co m o u m a solu ção cu stob en efício ad equ ad a p a -ra a lgu n s p ro b lem a s fin a n ceiro s (red u zin d o gastos em im p ressão, em m eios d e com u n ica-çã o tra d icio n a is, em p u b lica çõ es cien tífica s etc.). Os cen á rio s in stitu cio n a is p reciso s n ã o p o d em ser p revisto s co m a n teced ên cia . Ma s, p a ra q u a lq u er ca so, existirã o a to res e in teres-ses co m p ro m etid o s co m u m a o u o u tra fo rm a d e en ca m in h a r e resolver o a ssu n to d a im p le-m en tação d e red es d igitais.

Considerações finais

A p osição d as in stitu ições d e en sin o e p esqu isa é p a rticu la rm en te in teressa n te leva n d o em con sid eração q u e su a ativid ad e p rin cip al m a-n u seio e p ro d u çã o d e co a-n h ecim ea-n to é co a-n si-d erasi-d a com o a gran si-d e favorecisi-d a p elo u so si-d as tecn ologias d e red es d igitais.

Mesm o sen d o evid en te q u e “ain d a é ced o p ara fazer qu alqu er afirm ação d efin itiva sobre as form as n as qu ais o u so d as red es m od ificará o p erfil e a estru tu ra d a vid a acad êm ica” (Har-riso n & Step h en , 1996b :7), p a rece cla ro q u e, q u a lq u er q u e seja o r u m o d a im p lem en ta çã o d a s red es d e in fo rm a çã o / co m u n ica çã o, su a con figu ra çã o esp ecífica d ep en d erá p rin cip a l-m en te d a alteração d as estru tu ras sociais rela-cio n a d a s a d iscip lin a s e fo rm a s d e p ro d u çã o cien tífica, d a reestru tu ração d as relações trad cion ais en tre p rofessor e alu n o e d a d esestab lização d e an tigas in terd ep en d ên cias econ ôm i-ca s, lega is e p ro fissio n a is n o s m ei-ca n ism o s d e p ro d u çã o e d issem in a çã o d e p esq u isa a ca d ê -m ica (Harrison &a-mp; Step h en , 1996b ).

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