• Nenhum resultado encontrado

RESERVA FLORESTAL DUCKE: DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DA FLORA VASCULAR.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "RESERVA FLORESTAL DUCKE: DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DA FLORA VASCULAR."

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

RESERVA FLORESTAL DUCKE: DIVERSIDADE E COMPOSIÇÃO DA FLORA VASCULAR.1

J o s é E d u a r d o L a h o z S. R I B E I R O2

, B r u c e W a l k e r N E L S O N3

, M a r l e n e F r e i t a s d a S I L V A4

, L u i s a S u e l y S. M A R T I N S5

, M i c h a e l H O P K I N S6

RESUMO — A Reserva Florestal Ducke, localizada próxima a Manaus (AM), com uma área de 100 Km2

, é um dos locais com maior densidade de coletas depositadas no herbário do INPA. Sua flora vascular foi aqui caracterizada, através do levantamento de 7.107 exsicatas, das quais 4.946 estão determinadas ao nível de espécie. Embora muitas amostras estejam estéreis, indeterminadas e ainda não examinadas por especialistas, esta amostragem permitiu uma caracterização preliminar da flora da Reserva. Foi constatada a presença de 1.199 espécies (ou

1.453, se incluídas as indeterminadas), distribuídas em 510 gêneros e 112 famílias. Os 10 gêneros mais diversificados — com um total de 222 espécies — são predominantemente arborescentes:

Pouteria (38 espécies), Miconia (27), Protium (24), Licania (23), Inga (21), Ocotea (20), Swartzia

(19), Eschweilera ( 19), Virola ( 16) Sloanea (15). As 10 espécies mais coletadas constituem apenas 8,2% do universo de amostras determinadas ao nível específico. Estas, também, são árvores:

Micropholis guyanensis (A. DC.) Pierre, Chrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni, Trattinnickia glaziovii Swart, Goupia glabra Aubl., Scleronema micranthum Ducke, Aniba panurensis (Meissner) Mez, Laetia procera (Poeppig) Eicbler, Caryocar villosum (Aublet) Pers., Brosimum rubescens Taubert, Cecropia sciadopliylla Mart. Apenas 123 espécies (10,3% das

espécies determinadas) são consideradas comuns, sendo aquelas com 10 ou mais coletas. A maioria das 1.199 espécies determinadas são muito raras: 6 8 % representadas por três ou menos coletas e 4 3 % representadas por apenas uma coleta. Portanto, muitas outras espécies "raras" serão acrescentadas após novas visitas ao local, ou através do estudo do material ainda indeterminado. E apresentada uma discussão e gráficos sobre as famílias e gêneros mais diversificados e mais coletados.

Palavras-chave: Levantamento floristico, Amazônia Central.

Ducke Forest Reserve: Diversity and composition of the vascular flora.

ABSTRACT — The Ducke Forest Reserve, with an area of 100 k m2

and located close to Manaus, is one of the sites with highest density of botanical collections in the INPA herbarium. The reserve's vascular flora (excluding Pterophyta) is described based on a survey of approximately 7,107 speci-mens, of which 4,946 are determined to species. Though many specimens are sterile, undetermined, or not yet examined by specialists, this sample provides a preliminary floristic description of the reserve. The flora now stands at 1,199 species (or 1,453 if indeterminate are included), represent-ing 510 genera and 112 families. The ten most speciose genera -- with a total of 222 species -- are predominantly arborescent: Pouteria (38 species), Miconia (27), Protium (24), Licania (23), inga (21), Ocotea (20), Swartzia (19), Eschweilera (19), Virola (16) e Sloanea (15). The ten most com-mon (i.e., most collected) species comprise only 8.2% of the pool of determined specimens. These are also tree species: Microplholis guyanensis (A. DC.) Pierre, Chrysophyllum sanguinolentum

1

Projeto "Flora e Vegetação da Amazônia Central"- Convênio INPA/ODA.

2

Pesquisador Visitante, Convênio INPA/ODA. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ CPBO - Caixa Postal 478, CEP 69.011-970, Manaus (AM).

3

Pesquisador. INPA/CPBO, Convênio INPA/ODA.

4

Professora Titular, Instituto de Tecnologia da Amazônia - UTAM-CEPEF, Av. Darcy Vargas, 1200.

5

Professora Adjunta, Instituto de Tecnologia da Amazônia - UTAN/CETEB.

6

Pesquisador Visitante, Convênio INPA/ODA, INPA/CPBO.

(2)

(Pierre) Baehni, Trattinnickia glaziovii Swart, Goupia glabra Aubl., Scleronema micranthum Ducke, Aniba panurensis (Meissner) Mez, Laetia procera (Poeppig) Eichler, Caryocar villosum (Aublet) Pers., Brosimum rubescens Taubert,Cecropia sciadophylla Mart. Only 123 species (10.3% of the determined species) are considered common, being those with ten or more collec-tions. The majority of the 1,199 determined species are very rare; 68% are represented by three or fewer collections and 43% are represented by a single collection. Therefore, many additional "rare" species will be added with additional collecting of the reserve or with the study of inde-terminate material. Discussion and graphs comparing the most speciose and most commonly collected families and genera is included.

Key-words: Floristic Inventory, Central Amazonia.

INTRODUgAO

Apesar dos grandes avancos cientificos nesse final de seculo, permanecemos, ainda, sem respostas a uma questao aparentemente muito simples, como: "Qual a composicao florfstica de determinadas areas geograficas?" Quando se pensa que a resposta a esta questao e basica para estudos de toda ordem, desde aqueles holisticos como os mais especializados, se tem ideia da importancia da realizacao de inventarios flonsticos, pois e a partir desses trabalhos que passamos a ter uma base segura para a identificacao da entidade biologica com a qual trabalhamos, alem de informa^oes adicionais c o m o distribuicao, fenologia, variagao morfologica, preferencia por habitat, formas de vida e aspectos economicos. Numa outra escala, esse conhecimento nos oferece substdios para estudos de fitossociologia, estrategias reprodutivas, biodiversidade, conserva?ao e dinamica de uma comunidade.

Uma Flora para toda a regiao amazonica seria o desejavel. Entretanto, um trabalho desse porte, alem de demorado, tambem exigiria grandes recursos financeiros e humanos. E, sob

esse ponto de vista, a regiao de Manaus, e especificamente a Reserva Florestal Ducke, torna-se interessante sob varios aspectos: (1) devido ao grande numero de coletas realizadas dentro e nas suas imediacoes (NELSON et al., 1990); (2) a proximidade com o INPA, o que permite o acumulo de informacoes nao s6 taxonomicas, alem de possibilitar uma maior freqiiencia ao campo; e (3), principalmente pela sua localiza^ao, no centro da Amazonia, apresentando uma confluencia das diferentes regioes fitogeograficas amazonicas (PRANCE,

1990). Alem disso, CAMPBELL (1989) cita a regiao de Manaus como uma das prioritarias para a realizacao de inventarios florfsticos, d e v i d o , principalmente, a intensa ocupacao humana na area.

(3)

hoje está bastante desatualizada e que foi b a s e a d a em p o u c a s c o l e ç õ e s amazônicas e, mais recentemente, o trabalho de LEWIS & OWEN (1989), que trata apenas das Leguminosas da Ilha de Maracá (RR). Este trabalho floristico na Reserva que, por si só, já acumula g r a n d e q u a n t i d a d e de informações, procura também oferecer subsídios básicos aos vários projetos em andamento, ou que venham a ser iniciados no local, além de servir de referência para toda a Amazônia Cen-tral.

A Reserva Florestal Ducke Doada oficialmente ao INPA pelo governo do Estado do Amazonas, em 16 de fevereiro de 1963, a Reserva Ducke, compreendendo uma área to-tal de 100 Km2

, dista apenas 26 Km de M a n a u s ( F i g . l ) . T r a b a l h o s silviculturais na área tiveram início em 1960, e foram continuados até 1972, quando esses experimentos fo-ram transferidos para outra Reserva na zona a g r í c o l a da S U F R A M A , localizada ao norte de Manaus, sendo então a Reserva D u c k e declarada Reserva Biológica. Até 1991, menos de 5% da área da R e s e r v a sofreu alterações visíveis em imagens de satélite, a maior parte na extremidade sul.

Estudos florísticos anteriores na Reserva Ducke foram apresentados por A L E N C A R ( 1 9 8 6 ) e p o r PRANCE (1990). PRANCE et al. ( 1976) também levantaram as árvores em um hectare de floresta de terra firme próxima da Reserva Ducke. O

t r a b a l h o de A L E N C A R ( 1 9 8 6 ) engloba todas as árvores maiores de

10 cm DAP em 2,5 ha, sendo um to-tal de 1.559 árvores distribuídas em 392 e s p é c i e s , 156 g ê n e r o s e 53 famílias. PRANCE et al. (1976) contabilizaram 350 árvores de 15 cm DAP representando 179 espécies, 93 g ê n e r o s e 38 f a m í l i a s . Q u a n d o incluída uma sub-parcela de 200 m2

para as árvores de 5 cm DAP, o total de espécies encontradas eleva-se para 2 3 5 . M A R T I N S ( 1 9 9 3 ) em um levantamento feito para a i d e n t i -ficação de árvores e arbustos dióicos na Reserva, encontrou um percentual de 26,87% de famílias com espécies d i ó i c a s e c e r c a de 1 5 , 1 4 % d a s espécies coletadas são de lenhosas que apresentam dioicismo.

PRANCE (1990) analisou uma listagem obtida a partir do banco de dados do Programa Flora (encerrado em 1982) onde estavam incluídas 825 e s p é c i e s de p l a n t a s v a s c u l a r e s distribuídas em 91 famílias. Apesar de haver poucas coletas novas na Reserva Ducke após 1980, PAULA et ai (1989) concluíram que as informações obtidas do Programa Flora estavam ou d e s a t u a l i z a d a s , ou i n c o m p l e t a s , c o n c l u s ã o esta reforçada p e l o s resultados aqui apresentados.

Tipos de Vegetação na Reserva Florestal Ducke

(4)
(5)

Tipo de Vegetaeao/Especies tipicas

Mata de baixio:

Oenocarpus bataua Mart.

Pouteria sp.

Socratea exorrhiza (Mart.) H.A.

Wendl.

Symphonia glohulifera L.

Chrysophyllum sanguinolentum

(Pierre) Baehni

Rapatea paiudosa Aublet

Hymenolohium sp.

Carapa guianensis Aublet Allantoma lineata (Mart. ex Berg)

Miers

Mauritia flexuosa L. f.

Attaiea spectahilis Mart.

Campinarana:

Pradosia schomhurgkiana (A. de

Candolle) Cronquist

Aldina heterophylla Benth.

Eperua glahriflora (Ducke) Cowan

Protium trifoliolatum Engl. Pagamea sp.

Roucheria punctata Ducke

Duroia sp.

Couepia racemosa Benth. ex Hook.f.

Humiria halsamifera (Aubl.) St. Hil.

Floresta de plato:

Dinizia excelsa Ducke

Caryocar villosum (Aublet) Pers.

Caryocar g/ahrum (Aublet) Pers.

Dipteryx odorata (Auhlet) Willd.

Paisagem/Ambiente/Estrutura

Planfcie deposicional na margem de igarape ou no fundo de paleo-lago; solo arenoso, encharcando com as chuvas, acumulo de materia organica; dossel 20-35 m de altura com muitas clareiras e poucas arvores emergentes.

Praias de paleolago r e t r a b a -lhadas; coluviao; arenito meteorizado. Solo de areia quartzosa; alta p e n e -tracao de luz, biomassa baixa; dossel 15-25 m de altura.

(6)

Dipteryx odoraia (Aublet) Willd.

Cariniana micrantha Ducke Eschweilera sp.

Marmaroxylon racemosum (Ducke)

Killip

Duckeodendron cestroides Kuhlm.

Attalea attaleoides (Barb. Rodr.) W.

Boer

Floresta de vertente:

Dinizia excelsa Ducke

Oenocarpus hacaha Mart.

Astrocaryum sciophilum (Miq.) Pulle

Eschweilera sp.

Na R e s e r v a p r e d o m i n a a paisagem c o l i n o s a , d i s s e c a d a da Formacao Alter do Chao, com solos p r e d o m i n a n t e m e n t e argilosos. O pediplano erosivo original — ou plato deposicional, segundo KLAMMER (1984) — esta preservado em poucos locais, como no interfluvio Acara/ Bolfvia proximo a margem ocidental da Reserva. Nestes platos isolados ocorre floresta de maior biomassa e com maior numero de emergentes, especialmente Dinizia excelsa. Suas copas largas excedem a 30 metros de diametro, criando uma textura visfvel, mesmo nas imagens Landsat, com pixel de 30x30 metros.

S e g u n d o i n t e r p r e t a c a o , em viagem de r e c o n h e c i m e n t o (W. SOMBROEK, com. pes. 1990), os so-los de areia branca da Reserva Ducke seriam antigas praias e fundo de lagos. Estes solos estao localizados ao longo dos Igarapes Acara e Bolivia, tanto na

Paisagem colinosa, dissecada; solo argiloso ou areno-argiloso, bem drenado; poucas arvores emergentes acima do dossel de 25-35 m de altura.

terra firme comovas estreitas planfcies encharcadas. A inunda^ao destes dois igarapes ocorreu via represamento do rio Negro poucos metros acima de seu nfvel atual, possivelmente, na ultima fase interglacial. Estes bracos do rio Negro seriam semelhantes ao igarape Taruma na atual fase interglacial (Holoceno) de represamento do rio Negro pelo mar. Outros bracos fosseis de paleo-lagos ramificados sao muito e v i d e n t e s nas c a b e c e i r a s do Rio Cuieiras, especialmente nos afluentes de sua margem esquerda.

(7)

Igarapé da Bolívia existe uma pequena mancha com vegetação arbórea baixa, dominada por Pradosia

schom-burgkiana e Aldina heterophylla, esta

última com seus g a l h o s g r o s s o s cobertos de vegetação epifítica. E a vegetação fisionomicamente mais próxima à "campina", existente na Reserva Ducke.

Na zona de inundação periódica destes dois igarapés e nos páleo-lagos preservados nas cabeceiras do Acará, ocorrem solos arenosos encharcados com acúmulo de matéria orgânica, devido às condições a n a e r ó b i c a s . Neste ambiente ocorrem as matas de baixio.

A v e l o c i d a d e e a forma de dissecação nas vertentes argilosas são relacionadas com a d e n s i d a d e de pequenas falhas tectónicas. Existe uma linha com a z i m u t e de aproximadamente 349° cortando a Reserva. A o e s t e dest a linha, a paisagem está mais dissecada e as margens do páleo-Iago são indistintas. A leste desta linha, a dissecação está menos ramificada e ainda são nítidas as margens do páleo-lago na alta bacia do Igarapé do Acará. Se o páleo-Iago data da última fase interglacial, grande parte da d i s s e c a ç ã o se processou durante os últimos 100.000 anos, possivelmente sob clima mais seco, que teria estimulado uma erosão física acelerada.

Em imagens obtidas do sensor Thematic Mapper (TM) do satélite Landsat, é possível distinguir alguns dos elementos da paisagem e tipos de vegetação. Em composições falsa cor

das bandas TM 3,4,&5, as campinaranas e matas de baixio são uniformemente mais escuras, possivelmente devido à idade das folhas, ou então ao menor fechamento do dossel. As duas formações vegetais de terra firme e argilosa têm grande variação nos pixels, devido à irregularidades do dossel e, também, devido à grande variação nas fases fenológicas. Em um pixel pode haver uma árvore sem folhas; no pixel ao lado uma árvore com folhas novas; e noutro pixel, árvore com folhas velhas cobertas de fungos escuros ou manchas de tecido seco e morto. Na vegetação do piato é possível detectar conjuntos de · pixels correspondentes aos aglomerados de árvores emergentes, ou mesmo uma única árvore com copa de diâmetro > 50 metros. Algumas manchas com emergentes também ocorrem e s p o r a d i c a m e n t e sobre a vertente dissecada.

MATERIAL E MÉTODOS Desde a implantação da Reserva D u c k e , v á r i o s e s t u d i o s o s têm amostrado sua flora, o que resultou em a p r o x i m a d a m e n t e 7.107 n ú m e r o s depositados no Herbário INPA. Entre

(8)

coletadas na Reserva Ducke. Sendo um banco de dados preliminar, foram aceitas as determinações sem nova revisão taxonômica. Para algumas famílias, entretanto, as coletas da Reserva Ducke foram revisadas recentemente (por exemplo: Lecythida-ceae, ChrysobalanaLecythida-ceae, LauraLecythida-ceae, Burseraceae, Myristicaceae, Sapotaceae, Moraceae, Humiriaceae, Vochysiaceae, Annonaceae, Caryocaraceae, Areca-ceae).

Todas as c o l e ç õ e s de um determinado gênero, ainda não identi-ficadas ao nível de espécie, entram no banco de dados com um único registro, como somente uma espécie, como por exemplo, Protium sp., com 6 coletas. Deste modo, o total de espécies obtido dentro das famílias e dos gêneros segue dois critérios: um total de espécies desconsidera as exsicatas i n d e t e r -minadas ao nível específico, exceto quando todas as exsicatas daquele gênero forem indeterminadas. Neste caso, evidentemente, ocorre pelo menos uma espécie do gênero na Reserva; a outra soma obtida considera todas as exsicatas indeterminadas do gênero como mais uma (e apenas uma) espécie para aquele gênero. Para a ordenação das famílias e gêneros por número decrescente de espécies e de coletas utilizou-se da segunda soma obtida (número total das espécies, incluindo as indeterminadas). Isso não altera significantemente a mesma ordenação, quando comparada com a soma obtida excluindo os "taxa" indeterminados.

O sistema de classificação aqui aceito para as Angiospermas é o de

C R O N Q U I S T (1981), o m e s m o utilizado na organização do herbário INPA. Os nomes dos "taxa" e dos autores tiveram como referência, na ordem de prioridade para consulta: 1 ) monografias recentes; 2) material de herbário identificado por especialista e 3) o Index Kewensis. Foi montado um arquivo de referência para a grafia correta de todas as espécies determinadas, citando uma destas fontes.

O mapeamento da área foi realizado através de fotografias aéreas, estereoscópicas, na escala 1:50.000, obtidas em agosto de 1969 pela Empresa de Levantamentos A e r o f o -togramétricos Cruzeiro do Sul S.A. (Projeto 0-235, fotos 633 à 636, 684 à 688 e 699 à 703). Tomou-se como base cartográfica a carta topográfica MI-579/ I, de nome MANAUS-Ε , realizada pelo DSG em 1980, na escala de 1:50.000. Os nomes dos igarapés foram obtidos no INCRA - Manaus.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A flora vascular da Reserva Ducke encontra-se atualmente com 1.199 espécies coletadas e determinadas, distribuídas em 510 gêneros e 112 famílias. Incluindo-se as espécies indeterminadas como mais uma (e apenas uma) espécie para o gênero em questão, ocorre, atualmente, na Reserva.

1.453 espécies.

(9)

Programa Flora (PRANCE, 1990), encerrado em 1982, que registrava para a Reserva Ducke apenas 825 espécies. PAULA et al: (1989) apontaram a desatualização deste b a n c o , e s t i m a n d o , a t r a v é s d e levantamento manual parcial, 1.354 espécies de plantas vasculares para a Reserva, já incorporadas no herbário doINPA.

Gêneros

Ponteira Miconia Prolium l i t a n i a , I π na O c o l f a 5wa(l!ia t s c f i w i l e í s viioia Sloanea Palicouren

Miti

Miaopholis

M O U I I I I

_ Ucana Ctseaua PouioLima J a c l i i s . Couepia

a

anlhera

rychnos

4*

0 Ψ β * :

o* •   t • '•   o * »• : ««

t

i

10 15

2 0 25 30 3 5

Núme;o de espécies

0 t X Q . S P P . I N D E T * INCL SPP.INUKl.

Figura 2. Gêneros mais diversificados na Reserva Florestal Ducke (EXCL.SSP.INDET. - excluindo e s p é c i e s indeterminadas; INCL.SSP.INDET. - incluindo e s p é c i e s indetermiadas).

Os 2 0 g ê n e r o s m a i s d i v e r -sificados ( F i g . 2 ) c o r r e s p o n d e m aproximadamente àqueles revelados no banco de dados (PRANCE, 1990), com exceção de Licaria, Pourouma,

Strychnos e Mouríri, que nesta versão

mais atualizada, aparecem entre os m a i s ricos em e s p é c i e s . U m a característica interessante dos gêneros e n c o n t r a d o s na R e s e r v a é que enquanto 21 (4,1%) gêneros possuem

10 espécies ou mais, 305 (aproxima-d a m e n t e 5 9 , 8 % ) g ê n e r o s s ã o monoespecíficos.

O q u a d r o m o s t r a d o por PRANCE (1990) para as famílias mais

diversificadas continua o mesmo nesta nova listagem, com as 20 famílias mais ricas em e s p é c i e s , diferindo apenas em suas posições (Fig. 3), com exceção de Flacourtiaceae, substituída

i-ârriiiiúí

L i u t a i t u Sajolaceae R u b i a t e » C a e s a l p i n i a m e Meíaslomataceae Aiüonaceae Mimosaceae A i e í í n e i Ç Fabaceae B u i s e t a c e í i Chi ysobalanateae Moiaceae lecythidaceas EiiDíotbiaceae %ocyfiaceae (chidaceae „ Clysiaceae Pleiidoptiyla M»íiSlicaceae Qigneniaceae : + +

• β : • ! 6*

io 4

;« • : 'd* \  • > '* 

•5 +

0*1

! 3D 4Ü 5Ü bU Ti 8 0

Núrnefo Ot1

e s j e c i e s

0 E)íC'L SPPINDET. • I N C 1 . 5 P P I N 0 E T ,

Figura 3. Famílias mais diversificadas na Reserva Florestal Ducke (EXCL.SSP.INDET. - e x c l u i n d o e s p é c i e s indeterminadas; INCL.SSP.INDET. . incluindo e s p é c i e s indeterminadas).

por Clusiaceae nessa versão. A mesma tendência observada por P R A N C E (1990) e GENTRY (1990) continua sendo notada nesta listagem mais atualizada, da maior ocorrência entre as mais diversificadas, de famílias formadas por "taxa" lenhosos. Com exceção de Orchidaceae, uma família principalmente epifítica; Rubiaceae e M e l a s t o m a t a c e a e p r i n c i p a l m e n t e arbustivas; Bignoniaceae e Clusiaceae com muitos representantes de hábito trepador e hemiepifítico, r e s p e c -tivamente, as demais famílias são predominantemente ou totalmente arbóreas.

(10)

espécies são Cyperaceae (17 spp.), Poaceae (10 spp.) e Asteraceae (7 spp.). Entre as famílias p r e d o m i -nantemente epifíticas, destacam-se Orchidaceae (35 spp.), Araceae (15 spp.) e Bromeliaceae (12 spp.).

Apesar do esforço dispendido até hoje, 516 espécies determinadas foram coletadas a p e n a s u m a vez e 819 espécies têm três ou menos coletas. Aquelas c o m 10 ou m a i s c o l e t a s somam apenas 123 "taxa" (N = 4.946

N u m e r o d e Espécies

" t a x a " sejam t a m b é m as m a i s

5 5 0

5 0 0 ·

4 5 0 ·

4 0 0

3 5 U

3 0 0

2 5 0

2 0 0

150

100

5 0

0 ίΤΓΤΤΤ ι 

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5 6 0 6 5

Número de Coletas

Figura 4. Número de coletas das espécies determinadas e depositadas no herbário INPA.

espécimes, S = 1.199 espécies; Fig. 4). Embora 31,36% das coletas estejam ainda indeterminadas ao nível de espécie, esses números demonstram que mais da metade das espécies são pouco freqüentes.

Já a nível de família, com exceção de Orchidaceae, Bignoniaceae e das Pterydophyta, as demais famílias mais coletadas são t a m b é m as mais diversificadas (Fig.5). Espera-se que as famílias com maior número de

Famílias

L auraceae Sapolaceae l e c y l f i i d a c e a e Cae;alpiniaceae Mimosaceae Annonaceae Chiysobalanaceae M y i i s h c a c e a e S e i s p i a c e a e Moraceae Rubiaceae Fa baceae Melastomaiaceae Flaconi tiaceoe E uphoi biaceae Clusiaceae Arecaceae Apocynsceae M y i l a c e a e Meliaceae * Φ Φ Φ

φ ι ι ι ι ι ι . ι ι ι

5 0 100 150 2 0 0 2 5 0 300 350 4 0 0 45D 5 0 0 5 5 0 1 Nomeio de C o l e u s

Figura 5. Famílias com maior número de espécimes depositados no herbário INPA.

coletadas. Mas, por outro lado, isso pode representar outro artefato de amostragem, onde as famílias mais c o l e t a d a s , p r i n c i p a l m e n t e p o r e s p e c i a l i s t a s , t e n d e m a ter a sua diversidade melhor representada. Para os gêneros o quadro é semelhante, sendo que 14 dos 20 mais coletados

Gκneios

F.sc hweile/a Pou l e n a ٧ c o l e a

Virola h : : : : : : : H٢ Amba

P i o l i uni L Kama M l C Ν O p h O l I S

Miconifl S w a i U i a B y t s o m m a Laelia B i o s i m u m T r a t t m m c t i a G u a i l e n a C h r y s o p h y l l u m C o u e p i a Licaiia

ιr ya η Ih e f a 0 2 0 4 0

I I I I I I I I 

1 0 0 1 2 0 140 160 180 2 0 0 2 2 0 2 4 0

NOmeio de C o l e i a s

Figura 6. Gêneros com maior número de coletas depositadas no herbário INPA.

são também os mais diversificados (Fig.6).

(11)

floristica da Reserva Ducke e a das  Reservas do Projeto DBFF, localizada  a apenas 90 km ao norte de Manaus,  chegando ΰ conclusγo de que hα maior  afinidade floristica entre a flora das  Guianas e a αrea do DBFF. Para a  famνlia Chrysobalanaceae, PRANCE  (1990)  c o n t a b i l i z o u 26 e s p é c i e s presentes na área do DBFF e ausentes na Reserva Ducke, mas, apenas 8 espécies presentes na Reserva Ducke e a u s e n t e s n o á r e a d o D B F F . Possivelmente, estas diferenças apenas refletem efeitos de a m o s t r a g e m , considerando que o número de coletas de árvores na área do DBFF esteve

Tabela 1. Número de amostras identificadas a nível específico, genérico e de família, com o número e percentagem de amostras estéreis correspondentes.

A m o s t r a s T o t a l E s t é r e i s %

Identificadas 4 9 4 6 2 1 7 1 4 3 , 9

Identificadas a t é g κ n e r o 1511 1 0 7 5 7 1 , 1

H e n t i f i c a d a s a t é f a m í l i a 6 5 0 581 8 9 , 4

T o t a l T 1 0 7 3 8 2 3 5 3 . 8

aproximadamente 10 vezes maior que o número de coletas na Reserva Ducke em 1990. Haveria também maior número de coletas de arbustos e ervas na Reserva D u c k e em relação ao projeto DBFF, explicando a falta de coleta de algumas espécies na área do DBFF. O grande número de espécies representadas por apenas uma coleta na Reserva Ducke sugere que, se a intensidade de amostragem fosse igual àquela do D B F F , haveria m a i o r similaridade floristica entre as duas áreas.

Ao lado dos números de coletas, que podem estar indicando artefatos de amostragem, alguns problemas são encontrados nos materiais analisados,

c o m o a falta de i n f o r m a ç õ e s nas etiquetas, grande quantidade de mate-rial estéril ( T a b . l ) e c o l e t a s direcionadas para alguns tipos de hábitos, além do fato de algumas unidades vegetacionais permanecerem mal amostradas. Outra dificuldade e n c o n t r a d a é a a d e q u a ç ã o das diferentes terminologias referentes a ambientes e hábitos, utilizadas pelos diferentes coletores, impossibilitando m u i t a s v e z e s a a n á l i s e d e s s a s informações.

O fato do n ú m e r o de " t a x a " exceder ao número cadastrado pelo Programa Flora, além dos problemas a c i m a a p o n t a d o s , d e m o n s t r a a n e c e s s i d a d e de r e a l i z a ç ã o de u m trabalho sistemático tanto no campo quanto no herbário, conduzidos por uma equipe com esses objetivos, para uniformizar a informação já existente e a c r e s c e n t a r n o v a s c o l e t a s e observações de campo.

Assim, esse quadro parcial será modificado com a obtenção de mais espécimes e observações de campo, e p r i n c i p a l m e n t e pelo e s t u d o por especialistas do material já coletado.

(12)

Bibliografia citada

Alencar, J.C. - 1986. Análise de Associação e

Estrutura de uma Comunidade de Floresta Tropical Úmida onde Ocorre Aniba rosaeodora Ducke (Lauraceae).

Tese d e doutoramento. INPA/FUA Manaus, Brasil. 332 pag.

Anderson, A.B. - 1981. White-sand vegetation of Brazilian Amazonia. Biotropica

13(3): 199-210.

Campbell, D.G. - 1989. The importance of flo-ristic inventory in the tropics. In: CAMPBELL, D.G. & H A M M O N D , H.D. (eds.). Floristic Inventory of

Tropi-cal Countries. N e w York, New York

Botanical Garden Pubi. 545p.

Cronquist, A. - 1981. An Integrated System of

Classification of Flowering Plants.

Co-lumbia University Press,. New York. 1.263p.

Gentry, A.H. - 1990. Floristic similarities and differences between Southern Central America and Upper and Central Amazonia. In: A.H. GENTRY (ed.).

Four Neotropical Rainforests. Yale

Uni-versity Press, New Haven. 627p.

Klammer, G - 1984. The relief of the extra-Andean Amazon basin. In: H. SIOLI (ed.). The Amazon: Limnology and

land-scape ecology of a mighty tropical river an its basin. Junk Publishers, Dordrecht.

763p.

Lewis, G.P. & Owen, P.E. - 1989. Legumes of

the Ilha de Maracá. Royal Botanic

Gar-dens - Kew. 95p.

Martins, L.S.S. - 1993. Dioicismo na Reserva

Florestal Ducke, Manaus, AM.

Dissertação de Mestrado. INPA/FUA, l l l p .

Martius, K. F. P. von; Eichler, A. W.; Urban, I. (eds.) - 1840 a 1906. Flora

Brasiliensis. 15 volumes em 4 0 partes.

130 f a s c í c u l o s . Munique, Viena e Leipzig. 20.733 p.

Nelson, Β . W.; Ferreira, C. A. C ; da Silva, M. F; Kawasaki, Μ . L. - 1990. Endemism centers, refugia and botanical collection density in Brazilian Amazonia. Nature 845:714-716.

Paula, J.A.; Nelson, B.W. & Silva, M.F. - 1989. Avaliação d o banco de d a d o s d o Programa Flora para cadastramento das plantas vasculares da Reserva Florestal Ducke. Resumos do XL Congresso

Nacional de Botânica. Cuiabá (MT), 22

a 28/01/1989. Vol. 2.

Prance, G. Τ - 1990. The floristic composition of the forests of central Amazonian Bra-zil. In: A. Gentry (ed.) Four

Neotropi-cal Forests. Yale University Press. New

Haven. 627 p.

Prance, G.T.; Rodrigues, W.A. & Silva, M.F. -1976. Inventário florestal de um hectare de mata de terra firme km 30 da estrada Manaus - Itacoatiara. Acta Amazônica 6(1): 9-35.

Imagem

Figura 2. Gêneros mais diversificados na  Reserva Florestal Ducke (EXCL.SSP.INDET.  - excluindo  e s p é c i e s indeterminadas;  INCL.SSP.INDET
Figura 4. Número de coletas das espécies  determinadas e depositadas no herbário  INPA
Tabela 1. Número de amostras identificadas  a nível específico, genérico e de família, com  o número e percentagem de amostras estéreis  correspondentes

Referências

Documentos relacionados

The objective of this work was to determine the liquid−liquid equilibria data for several pseudo–binary and multicomponent systems containing vegetable oils,

Flores em geral com uma bráctea e duas bractéolas; cálice com 4 − 5 sépalas unidas somente na base, em geral estreitas e subiguais; corola bilabiada, com tubo quase sempre estreito

Tabela 1 – Espécies de fungos causadores de ferrugens da Reserva Florestal Adolpho Ducke, com as famílias, gênero e espécies das plantas hospedeiras, número de

O princípio da insignificância surge como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser considerado

religião na visão de muitos autores• Mas como (tal)a religião» o conceito de Seita tambjem bastante variavel de acordo com pensamento e as circunstancias de cada época« Contudo

Esta pesquisa buscou evidenciar a função educacional que os jardins botânicos têm a desempenhar na preservação de plantas e seus habitats, visando contribuir na

Os dados que s˜ ao gerados pelo uso dessa abordagem tˆ em distribui¸c˜ oes marginais univariadas com caudas superiores simuladas pelo ajuste do modelo GPD e estrutura de dependˆ

Os depoimentos mostram que os monitores/licenciandos consideram que a prática docente dentro do Programa Mais Educação é mais um espaço que eles podem construir a prática e