Instituto de Ciências Exatas Departamento de Matemática
Tese de Doutorado
Os Problemas da Função Crítica Prescrita e da
Dualidade em Análise Geométrica
José Rafael Santos Furlanetto
Orientador: Prof. Marcos da Silva Montenegro
Inicialmente agradeço à Deus por tudo que vivenciei até hoje, sejam coisas "boas"ou "ruins". Agradeço pela oportunidade de ter aprendido algo com cada uma delas. Aos meus pais Maria Eliza e Hélio (ambos falecidos) pelo esforço na minha criação. Estou certo de que vocês estão orgulhosos de minha conquista.
À minha esposa Fernanda pelo apoio, amor e carinho não-decrescentes. Por sempre encarar com bons olhos a nossa "aventura"em solo mineiro.
À meu orientador, Professor Dr. Marcos da S. Montenegro, por ter aceitado me orientar, por nutrir uma relação de irmandade com seus orientados e por me ensinar os caminhos que um bom pesquisador deve trilhar.
Ao meu cunhado Marcos A. P. Borges pelo apoio inestimável no princípio da minha chegada a Minas.
À Virgínia, por me receber em sua casa enquanto ainda não tinha onde morar, sem sequer me conhecer. Naquele momento descobri o signi…cado da expressão "hospital-idade mineira"e dou fé sobre sua verac"hospital-idade a qualquer um.
Aos amigos do curso, em especial à Márcio Fialho e Gil Fidélix, pessoas acima da média.
À Andréa, secretária do departamento. Sempre sorridente e pronta a ajudar os alunos. Exemplo de funcionalismo público.
Aos queridos amigos do Clube do Um. Dos quais destaco: Mario, Bráulio, Alison, Euder, Rodrigo, André, Alan e Luish. Nunca jamais esquecerei de nossas reuniões, do clima único de amizade e da ótima e suavizante conversa. Vocês estão no top 10 dos melhores amigos que já …z.
Finalmente, agradeço à Murilo Lanza, vizinhaço, parceiro de idas ao Mineirão, de cervejas, de vinhos e de excelente conversa. Grande amigo. Outro no top 10.
de vocês, e suas casas …caram para trás. Apesar disso, embora vocês lutem num campo estrangeiro, para sempre terão direito à glória que colherem lá. Fizeram juramentos: agora devem cumpri-los todos, ao senhor, à terra e à aliança de amizade.
Capítulo 1
Introdução. . . 6
1.1 Organização . . . 6
1.2 Apresentação . . . 7
1.2.1 O Problema da Função Crítica Prescrita Vetorial . . . 10
1.2.2 Sobre o Teorema da Dualidade . . . 11
Capítulo 2 Blow Up Vetorial. . . 12
Capítulo 3 Funções Críticas Vetoriais . . . 20
3.1 De…nição de Função Crítica Vetorial . . . 20
3.2 Propriedades das Funções Críticas . . . 24
Capítulo 4 Demonstrações dos Principais Resultados . . . 41
4.1 O Problema da Função Crítica Prescrita. . . 41
4.2 Sobre o Teorema da Dualidade. . . 55
4.3 E Doravante? . . . 84
Apêndices . . . 85
1 Auxiliar ao Teorema 4 . . . 85
2 Propriedades Básicas de F eG: . . . 100
Introdução
1.1
Organização
Este trabalho esta organizado da seguinte maneira:
Neste capítulo introdutório damos um breve resumo do que foi feito, lançamos alguma base teórica já bem conhecida na literatura (porém que necessita ser aqui colocada) e enunciamos os principais resultados. Acreditamos que com isso o leitor já possa ter uma ideia do conteúdo e do alcance de nossos resultados.
O segundo capítulo trata do assim chamado Blow Up Vetorial, teoria recente desen-volvida por M. Montenegro e E. Barbosa, veja [17]: Neste capítulo apenas apresentamos os principais resultados e não provamos nada (ou quase nada), as provas obviamente
po-dem ser encontradas na referência citada. Estes resultados serão ferramenta muito útil no decorrer da tese.
O capítulo3é constituído de conteúdo inédito e versa sobre as Funções Críticas
Vetori-ais. Nele, de…nimos o conceito de função crítica vetorial e provamos algumas propriedades básicas deste novo conceito. Nada de muito so…sticado porém fundamental no estudo sub-sequente.
No capítulo4apresentamos as provas dos principais resultados deste trabalho,
primeira-mente mostramos um resultado sobre funções críticas prescritas e numa segunda subseção apresentamos os avanços obtidos no sentido do Teorema da Dualidade.
A escrita termina com dois pequenos apêndices. No primeiro colocamos algumas contas que aparecem no Teorema 4 a …m de facilitar a leitura do referido. No segundo apêndice colocamos duas propriedades básicas das funções F e G que recorrentemente aparecerão
neste trabalho. Tratam-se de propriedades advindas da homogeneidade que essas funções portam.
1.2
Apresentação
O estudo das constantes ótimas de Sobolev vem sendo objeto de pesquisa mundo afora já por algumas décadas. O interesse decorre do fato central de que saber informações sobre as melhores constantes nos permite saber informações sobre existência e unicidade de soluções de equações(no caso escalar)e sistemas(no caso vetorial)do tipo potencial. Em termos um
pouco mais precisos, a primeira melhor constante nos diz coisas sobre existências enquanto que a segunda nos fala sobre multiplicidades destas soluções.
Uma questão que aparece naturalmente neste contexto é sobre em que condições temos a existência de funções extremais para as desigualdades ótimas de Sobolev. Do ponto de vista escalar os pesquisadores Djadli e Druet, na publicação [9]; mostraram que em uma variedade riemanniana arbitrária compacta com dimensão n 4 acontece ao menos, uma
das duas assertivas:
(1) B0(g) =B0(g)extr; ou
(2) I0
g possui função extremal.
OndeB0(g)é a segunda melhor constante de Sobolev para p= 2; proveniente da desigual-dade
Z
M j
uj2 dvg
2 2
A0(n;2)
Z
M jr
guj2dvg+B0(g)
Z
M
u2dv
g (I0g) e
B0(g)extr = n 2
4 (n 1)A0(n;2) maxM Sg:
Cabe aqui, como nota, que doravante usaremos as notações a(n) = n 2
4(n 1) e A0(n) = A0(n;2):
Pois bem, o resultado acima devido a Djadli e Druet é conhecido como o Teorema da Dualidade e, a …m de estudá-lo, E. Hebey e M. Vaugon introduziram em[10] o conceito de
função crítica.
Por outro lado, E. Barbosa e M. Montenegro em[6]obtiveram signi…cativos avanços nos
Seja (M; g) uma variedade suave riemanniana compacta de dimensão n 4. Temos o espaço de SobolevH1;2(M)dado por
H1;2(M) =C1(M)k:kH1;2(M)
ondekukH1;2(M) :=
R
Mjrguj
2
dvg+RM u2dvg
1=2
:Tomek 1um número inteiro. De…ni-mos então o espaço de Sobolev vetorial Hk1;2(M) por
Hk1;2(M) := H1;2(M) H1;2(M) H1;2(M)
onde o produto é tomadok vezes e a norma é dada por kUkH1;2
k (M)=kUkHk := Z
Mjr
gUj2dvg +
Z
Mj
Uj2dvg
1=2
onde U = (u1; u2; ; uk)2Hk1;2(M) e
Z
Mjr
gUj2dvg = k
X
i=1 Z
Mjr
guij2dvg
Z
M j
Uj2dvg = k
X
i=1 Z
M
u2idvg;
sendorg o gradiente segundo a métrica g:
SejaF :Rk !Ruma função suave, positiva e2 homogênea, ou seja,F ( t) = 2 F (t)
para todo t 2Rk e todo > 0. Observe que 2 = 2n
n 2: Tome também H : M R
k ! R
função suave, positiva e2 homogênea na segunda variável, isto é, H(x; t) = 2H(x; t)
para todo (x; t) 2 M Rk e para todo > 0: Segue então da continuidade da imersão de
Sobolev H1;2(M) ,! L2 (M) e da proposição 2:2:1 em [6] que existem constantes ótimas A0(g; F; H) e B0(g; F; H) tais que a chamada desigualdade ótima de Sobolev vetorial,
Z
M
F (U)dvg
2=2
A0(g; F; H)
Z
Mjr
gUj2dvg+B0(g; F; H)
Z
M
H(x; U)dvg (Jg;optF;H)
seja válida para toda U 2 Hk1;2(M): Para …ns de esclarecimento do discurso apenas, no-tamos que A0(g; F; H) é a menor constante tal que existe B que torna a desigualdade de Sobolev vetorial válida eB0(g; F; H)é a menor constante tal que a desigualdade de Sobolev
vetorial valha comA0(g; F; H):
Notamos também que a proposição2:2:1em[6]mostra que a primeira melhor constante
A0(g; F; H)não depende da funçãoHescolhida nem tampouco da métricag. Num linguajar mais preciso temos que
onde MF = maxSk 1
2 (F);
Sk 1
2 := n
t2Rk;Pk
i=1jtij 2
= 1o e A0(n) é a melhor constante
de Sobolev escalar. Este fato será amplamente utilizado nesta tese.
Antes de continuarmos, cabem aqui duas pequenas observações: A primeira é sobre o fato de que as melhores constantes citadas acima serem todas sobre p = 2 e a segunda é
que a proposição2:2:1;também supracitada, prova os fatos descritos para 1 p < n e não apenas para p= 2: Para demonstrações ver[6], claro.
Ainda a respeito das melhores constantes, chamamos de uma aplicação extremal de
(Jg;optF;H) a uma aplicação U0 2 Hk1;2(M) f0g que realiza a igualdade em (J F;H
g;opt). Além
disso, uma estimativa referente à segunda melhor constante vetorial que aparece em[6]que
…nalmente resultou no Teorema da Dualidade foi B0(g; F; H) min
M H(x; t0)
(n 2) 4 (n 1)M
2=2
F A0(n) maxM Sg
para todo t0 2 Sk 1
2 tal que F (t0) = MF e sendo Sg a curvatura escalar segundo g sobre
M:
Lançado então este pequeno conjunto básico de ideias, vemo-nos em condição de enun-ciarmos o Teorema da Dualidade Vetorial que, como citado, aparece em[6]:
T
eorema 1 (Teorema da Dualidade): Seja (M; g) suave, riemanniana e compacta comdimensão n 4: Tome k > 1 número natural, F : Rk ! R função contínua, positiva,
2 homogênea e H : M Rk ! R função contínua, positiva, 2 homogênea na segunda
variável. Então ocorrerá
(D1) A desigualdade ótima de Sobolev Jg;optF;H admitirá aplicação extremal U0 ou
(D2) B0(g; F; H) minMH(x; t0) = a(n)MF2=2 A0(n) maxMSg; 8t0 2Sk2 1 tal que F(t0) = MF:
onde Sg é a função curvatura escalar segundo g sobre M:
Para terminarmos, e como o assunto é Melhores Constantes, decidimos colocar uma última proposição à respeito neste ponto. Trata-se de uma estimativa obtida por E. Barbosa em[6]e que será usada posteriormente nesta tese. Para maiores detalhes sobre as melhores
P
roposição 1 Seja (M; g) variedade riemanniana compacta de dimensão n 2: Para cadat0 2Sk 1
2 tal que F (t0) =MF; temos
MF2=2 B0(g)
maxx2MH(x; t0) B0
(g; F; H) M
2=2
F B0(g)
minM Sk 1
2 H
:
Em particular, se existirt0 2Sk 1
2 tal que F (t0) = MF eminM Sk 1
2 H = maxx2MH(x; t0),
então
B0(g; F; H) = M
2=2
F B0(g)
minM Sk 1
2 H
e, além disso, se a desigualdade ótima de Sobolev escalar possuir extremal então a
desigual-dade ótima de Sobolev vetorial com F e H possui extremal.
Passemos agora a apresentar os principais resultados desta tese.
1.2.1
O Problema da Função Crítica Prescrita Vetorial
Inicialmente, pensamos em desenvolver o conceito de função crítica vetorial a …m de que, à semelhança de Djadli e Druet, pudéssemos aplicar os resultados ao estudo do Teorema da Dualidade. No entanto, ao encontrarmos o trabalho de E. Humbert e M. Vaugon [15]
decidimos que estudar o chamado Problema da Função Crítica Prescrita no contexto vetorial seria, também, de interesse. Embora não haja conexão direta com o estudo da Dualidade
(pelo menos ainda não sabemos disso)incluímos então este estudo neste trabalho.
Obviamente, o leitor ainda não tem como compreender plenamente do que se trata o dito problema pois sequer de…nimos o que é uma Função Crítica mas, a grosso modo, trata-se de darmos funções F e G; como citadas acima, sobre uma variedade riemanniana (M; g)
compacta e perguntar em que condições teremos a existência de uma métrica~g pertencente à classe conforme de g para a qualG será crítica para ~g segundoF (a de…nição de função
crítica mais uma série de outros itens concernentes ao tema podem ser encontradas no capítulo3):
Fixex2M (M como no enunciado abaixo): De…na para cadax2M; mG(x) = min
t2S2k 1
G(x; t)
O resultado obtido foi,
TEOREMA: Seja (M; g) riemanniana, compacta, dim M = n 4; não
G : M Rk ! R suave e 2 homogênea na segunda variável. Então existirá ~g 2 [g] tal
que G é crítica para ~g segundo F se e somente se existir um ponto de x 2 M tal que
mG(x)>0:
1.2.2
Sobre o Teorema da Dualidade
O objetivo principal deste trabalho é estudar o Teorema da Dualidade, ou seja, saber em que condições (D1) não ocorre enquanto (D2) sim, bem como em que situação podemos garantir que ambos ocorram.
No que concerne à dualidade obtivemos dois resultados. Neste primeiro aparecem as condições para que(D1) não ocorra enquanto(D2)ocorra, trata-se do
TEOREMA: Seja (M; g) variedade riemanniana, suave, compacta, dimM = n 4:
Considere também F : Rk ! R suave, positiva e 2 homogênea e G : M Rk ! R
suave, positiva e 2 homogênea na segunda variável. Suponha adicionalmente que exista
um ponto x0 2 M tal que Wg 0 (Tensor de Weyl, Cap. 4)numa vizinhança V0 de x0:
Então existe uma métrica g~2[g] tal que
B0(~g; F; G) min
M G(x; t0) = a(n)M
2=2
F A0(n) maxM S~g
8t0 2S2k 1 tal que F(t0) =MF e, além disso, J~g;optF;G não possui aplicação extremal.
O segundo resultado versa sobre condições para as quais tanto(D1)com(D2)ocorram.
No entanto este resultado é bem restrito pois trabalhamos comG(t) =jtj2 e ainda carece de aprimoramento, uma vez que o alvo são funçõesG gerais, à semelhança do anterior. O estudo do teorema da função crítica prescrita nos deu ideias de como aprimorá-lo, mas até o fechamento desta tese nenhum avanço digno de reporte foi obtido. Segue o resultado.
TEOREMA: Sejam (M; g) variedade riemanniana suave, compacta, dimM = n 7
e não conformalmente difeomorfa à (Sn; h): Suponha que exista x0 2 M tal que Wg 0
numa vizinhança de x0: Dada G : M Rk ! R tal que G(t) = jtj2, então existe
~
g 2 [g]
tal que
B0(~g; F; G) min
M G(x; t0) =a(n)M
2=2
F A0(n) maxM S~g;
para todo t0 2S2k 1 tal que F(t0) =MF e a desigualdade ótima de Sobolev vetorial (J~g;optF;G)
Blow up vetorial
Neste capítulo, apresentaremos importante ferramenta matemática utilizada para compor os resultados desta tese. Trata-se de resultados de Blow up já fortemente conhecidos no contexto escalar que foram extendidosnobtidos para o contexto vetorial. Considerando a grande quantidade de cálculos a serem efetuados no desenrolar dos próximos dois capítulos e para não entediar o leitor com desnecessidades, colocaremos aqui apenas os principais resultados e algumas demonstrações. O conteúdo completo pode ser encontrado em [17]: Como de praxe neste trabalho (mas nunca demais se citado), notamos que ao longo deste
capítulo usaremos que F : Rk ! R será uma função suave, positiva e 2 homogênea.
G:M Rk !Rsuave, positiva e 2 homogênea na segunda variável.
Seja (M; g) variedade riemanniana compacta, suave e com dimM = n 2: De…na Jg;G :Hk1;2(M)!R por
Jg;G(U) =
Z
Mjr
gUj2dvg+
Z
M
G(x; U)dvg
e considere o conjunto
= U 2Hk1;2(M) tal que Z
M
F (U)dvg = 1
e ponha := infU2 (Jg;G(U)):Nestas condições temos a
P
roposição 2 Se < MF2=2 A0(n) 1 então existirá U 2 tal que=Jg;G(U ):
P
rova. A prova deste resultado, com mínimas modi…cações, pode ser encontrada em [6]: Esta proposição garante queU = u1; u2; :::; uk é solução fraca de(
gui + 12@G@ti (x; U ) = 2 @G@ti (x; U ) emM
R
MF (U )dvg = 1:
SendoF e Gsuaves, tem-se também que U é suave (veja[6]):
Continuando, sejaG" uma sequência de funções(do tipoG) convergindo pontualmente
emM Rk para Gquando " !0. Suponha que para cada " >0próximo o bastante de 0
tenhamos que g;F;G" < MF2=2 A0(n) 1 com g;F;G = MF2=2 A0(n) 1:Pela proposição
2temos gerada uma sequência(U")2Hk1;2(M)de funções suaves que claramente é limitada
emHk1;2(M): Nestas condições, sabemos que existe uma aplicaçãoU0 2Hk1;2(M)tal que U"* U0 emHk1;2(M) e U"!U0 emL2k(M):
Ficam então postas duas situações para U0 : ou U0 é não nulo ou U0 é identicamente nulo emM:Daqui em diante lidaremos apenas com o segundo caso, ou seja, comU0 0:Temos que a sequência(jU"j)explode em L1(M) pois,(U")converge para zero em L2k(M)e
1 =
Z
M
F (U")dvg C0jU"(x")j2 2
Z
Mj
U"j2dvg !0;
onde x" 2M ponto de máximo de jU"j: Sendo assim, …ca natural a de…nição de ponto de
blow up para a sequência (U"):
De…niremos um ponto de concentração de (U") (ou ponto de blow up) como um ponto
x0 2M tal que
lim sup
"!0 Z
Bg(x0; )
jU"j2 dvg >0
para qualquer >0tomado. Notando queBg(x0; )é a bola segundo a métricag centrada
emx0 e de raio : O próximo resultado versará sobre existência e unicidade de pontos de concentração.
P
roposição 3 Existe ponto de concentraçãox0~ 2M para a sequência (U") e ele é único.P
rova. Por compacidade de M a existência de ao menos um ponto x0 é imediata. Fixe >0; e ponhalim sup
"!0 Z
Bg(x0;)
Tem-se que
gjU"j MF2=2 A0(n) 1
jU"j 1F (U") emM
Tomando uma função corte e pondo 2jU
"jm+1como função teste na desigualdade anterior
(m escolhido depois); Z
Mr
gjU"j:rg 2jU"jm+1 dvg MF2=2 A0(n)
1Z
M
2jU
"jmF (U")dvg:
Desenvolvendo o lado esquerdo da desigualdade acima encontra-se
(m+ 1)
Z
M
2
jU"jmjrgjU"jj2dvg MF2=2 A0(n) 1Z
M
2
jU"jmF(U")dvg
Z
M j
U"jm+1rg 2 :rgjU"jdvg:
Por outro lado, …xado >0 encontra-se uma constanteC >0;independente de", tal que Z
M r
g jU"j
m+2 2
2
dvg (1 + )
(m+ 2)2 4
Z
M
2
jU"jmjrgjU"jj2dvg
+C krg k21
Z
Mj
U"jm+2dvg:
Juntando estas duas últimas desigualdades, usando Holder e evocando a desigualdade ótima deL2 Sobolev obtêm-se
A"
Z
M j
U"j
m+2 2
2 dvg
2=2
B"
Z
Mj
U"jm+2dvg +C"
Z
Mj
U"j2m+2dvg
1=2 ;
onde A"(m; F; ); B" krg k1 e C" m; F;krg k1; :
Suponha por absurdo que0< a <1:Neste caso pode-se escolher >0em >0pequeno
o bastante tal que
A" A1 >0; m+ 2 2 e2 2
m
2 2 <2 :
Assim, usando Holder, obtemos para " grande uma constante C1 >0 tal que
Z
M j
U"j
m+2 2
2 dvg
2=2
C1
e que
Z
Bg(x0; )
jU"j2 dvg C1
Z
Mj
U"j2
m
2 2 dv
g
Usando então que U" !0 emL2k(M) chega-se a
lim sup
"!0 Z
Bg(x0;4)
jU"j2 dvg = 0
o que claramente contradiz o fato de x0 ser ponto de concentração de (U"): Logo a = 1 e
isto facilmente implica na unicidade dex0:
P
roposição 4 A sequência(x")dos pontos de máximo de(jU"j)converge para x0:~ Ademais,para qualquer >0; temos
jU"j !0 em C0(M fx0~ g):
P
rova. Seja x0 2 M o ponto limite da sequência (x"): Então (U") concentra-se em x0pois se isto não ocorresse e pela proposição anterior teríamos para qualquer pequeno o bastante
lim sup
"!0 Z
Bg(x0;2 )
jU"j2 dvg = 0:
Pelos desenvolvimentos na proposição anterior, para" grande, Z
Bg(x0;2 )
jU"j
(m1+2)2
2 dv
g C1
Usando a proposição 2:4 de[17]deduz-se então que
sup
Bg(x0; )
jU"j C0 n=2
Z
Bg(x0; )
jU"j2 dvg
!1=2 !0
o que claramente contradiz o fato de que (jU"(x")j) explode quando " ! 0: Assim, x0 é
ponto de concentração de(U"): Para a última parte, como para qualquer >0;
lim sup
"!0 Z
M Bg(x0;2)
jU"j2 dvg = 0
voltando à prova da proposição anterior tem-se que existe constantes positivasm2 eC2 tais
que Z
Bg(~x0;2 )
jU"j
(m2+2)2 2 dv
g C2:
Novamente lançando mão da proposição2:4chega-se a
sup
M Bg(x0;2)
jU"j C3
Z
M Bg(x0;2)
jU"j2 dvg
!1=2 !0;
P
roposição 5 Para qualquerR >0;lim
"!0 Z
Bg(x0;R ")
F(U")dvg = 1 k(R);
onde k(R)!0 quando R !+1 e " é como na proposição 8:
P
rova. Sabemos que existe > 0tal que expx" : B (0) !Bg(x"; )é difeomor…smo paraqualquer ": Tome " função corte tal que 0 " 1; " = 1 em Bg(x"; =2); " = 0 em
M Bg(x"; )e jrg "j C: Pondo
~
U"= "U"
então, a menos de subsequência,
lim
"!0 Z
Bg(x"; )
F U~" dvg = 1: (2.1)
Usando homogeneidade e o sistema(S")satisfeito por U" chega-se a
lim
"!0 Z
Bg(x"; ) rgU~"
2
dvg = MF2=2 A0(n)
1
: (2.2)
Para cada"; introduza a métrica g~" na bola "=B 1
" (0) por
~
g"(x) = expx"g ( "x);
onde, lembrando, " = ~U"(x")
2=n
: Note que " ! 0 quando " ! 0 e que g~" ! em
C2
loc(Rn): Ponha também o mapa " em Rn;
"(x) =
( n=2
" U~" expx"( "x) se x2 "
0se x2Rn ":
Fato essencial é que " satisfaz o sistema
~
g"
i "+
2
"
2
@G"
@ti
expx"( "x); " = "
2
@F"
@ti
( "):
Agora, com os limites(2:1) e(2:2)e usando expansão de Cartan da métrica g; chega-se a
lim
"!0 Z
Rn
F ( ")dx= 1
e
lim
"!0 Z
Rnjr
"j2dx= MF2=2 A0(n) 1
Usando agora expansão de Cartan da métrica g; o re…namento das estimativas de Giorgi-nash-Moser(proposição 2:4 de [17]) e belos argumentos de análise(veja Lema 2:1 de [17])
conclui-se a existência de um 0 2 D1k;2(Rn) tal que a sequência( ") converge para 0 em Dk1;2(Rn) e que
0 =t0 ; e = 1 +n(n j2)xj2A0(n) 1
n
2
:Temos então que, Z
F ( ")dx!
Z
F ( 0)dx Z
Rn
F( 0)dx= 1
para qualquer limitado em Rn. Finalmente,
Z
Bg(x0;)
F (U")dx=
Z
BR(0)
F ( ")dv~g" ! Z
BR(0)
F( 0)dx= 1 k(R):
Como queríamos.
Estes próximos três resultados são fundamentais e serão muito utilizados no capítulo4.
O primeiro é a chamada concentraçãoL2:
P
roposição 6 Para qualquer >0;lim
"!0 R
M Bg(x0;)jU"j
2 dvg
R
M jU"j
2 dvg
= 0:
P
rova. Veja[17]:Observe que decorre imediatamente desta última proposição que
lim
"!0 R
Bg(x0; )jU"j
2 dvg
R
M jU"j
2 dvg
= 1:
Este fato também terá participação futura. O próximo resultado é comumente conhecido, inclusive em sua variante escalar, como Lema da distância 1;
P
roposição 7 Existe uma constanteC > 0; independente de"; tal quedg(x; x")n=2 jU"(x)j C
para qualquer x2M e " próximo o su…ciente de zero. Aqui, dg é a distância com respeito
P
rova. Esta prova é muito semelhante à seguinte. Como já dito, veja [17]:O próximo resultado é o chamado Lema da distância2; ele não aparece em[17];apesar de, como já dito, sua demonstração seguir as mesmas ideias da prova do Lema da distância
1:
P
roposição 8 Para todo > 0; existe R > 0 tal que para qualquer " próximo de zero obastante e qualquerx2M
dg(x; x") R " )dg(x; x")n=2 jU"(x")j ;
onde " = ~U"(x")
2=n
:
P
rova. De…na u"(x) = dg(x; x")n=2 jU"(x)j e suponha por absurdo que exista 0 > 0 tal que para qualquerR > 0haja " >0 e y" 2M satisfazendodg(x"; y") R " e dg(x"; y")n=2 jU"(y")j> 0: (2.3) Pela proposição4; y" !x0:~ Além disso, de 0< 0dg(x"; y")n=2 jU"(y")j temos também que
jU"(y")j ! +1: Agora, tome > 0 pequeno o bastante de modo que expy" : B2 (0) ! B2 (y") seja um difeomor…smo. Ponha " Rn por
" = "1expy"(B (x"))
onde "=jU"(y")j 2 =n:Introduza então,
h"(x) = expy"g ( "x) e V"(x) = n=" 2 U" expx"( "x) :
Temos queh"! em Cloc2 (Rn);onde é a métrica euclidiana.
(i)A sequência (V")é uniformemente limitada em B1 2
2 =n
0 (0) para " próximo de zero.
De fato, …xado x2B1 2
2 =n
0 (0);temos
dg x";expy"( "x) +dg expy"( "x); y" dg(x"; y")
e portanto, para" próximo de zero,
dg x";expy"( "x) dg(x"; y") 2 "
= dg(x"; y") 2jU"(y")j 2 =n
1
Desta forma,
jV"(x)j = "n=2 U" expy"( "x) =
n=2
" dg x";expy"( "x)
n=2
u" expy"( "x)
2n=2 n=" 2 dg(x"; y") n=2 u" expy"( "x)
= 2n=2 u"1(y")u" expy"( "x)
2n=2 1 0 :C;
onde C >0 foi obtido a partir da proposição7: Assim, para" próximo de zero,
sup
B1
2 2 =n
0
(0)j
V"(x)j 2n=2 01C; (2.4)
como queríamos.
Por outro lado, a aplicaçãoV" = v"1; :::; v"k satisfaz (veja [17]) 8i= 1; :::; k;
h"v
i "+
1 2
@G"
@ti
(x; V") = "
2
@F @ti
(V") emB1 2
2 =n
0 (0);
com " = infH1;2
k (M)(Jg;F;G"): Deste modo, graças a (2:4) e as estimativas de De Giorgi-Nash-Moser aplicadas ao sistema acima(veja [17]; proposição2:4);
1 = jV"(0)j sup B1
4 2 =n
0
(0)j
V"(x)j C
0 @Z
B1
2 2 =n
0
(0)j
V"j2 dvh" 1 A
1=2
= C
0 @Z
B1
2 20 =n " (y")j
V"j2 dvg
1 A
1=2 :
Finalmente, pela proposição5;para chegarmos a um absurdo, basta mostrar que8"próximo o bastante de zero e para qualquerR >0;
B1 2 2
=n
0 "(y")\BR "(x") =;: De volta a(2:3); temos ao fazer R!+1que
lim
"!0
dg(x"; y")
"
= +1:
Assim,
dg x";expy"( "x)
"
1 2
dg(x"; y")
" !
+1
e desta forma, dadoR >0 existe" tal que
dg x";expy"( "x) > R "; 8x2B1 2 2
=n
0
(0)
Funções Críticas Vetoriais
Neste capítulo, introduziremos a noção de função vetorial crítica e provaremos resultados e propriedades. Apesar de conter ideias e demonstrações simples, o capítulo é fundamental visto que é através do conceito de função crítica que conseguiremos extrair resultados a respeito do teorema da dualidade.
O capítulo foi dividido em duas seções apenas com o objetivo de facilitar a leitura e a procura. Na primeira introduzimos o conceito de função vetorial crítica. Na segunda estudamos algumas propriedades das funções vetoriais críticas e provamos proposições sim-ples relacionadas a isto. Vale ressaltar também que a palavra vetorial inserida no nome das funções críticas tem apenas o propósito de formatar o conceito de modo diferente ao feito no caso escalar uma vez que, essencialmente, poderíamos simplesmente chamá-las de funções críticas, mas, neste caso, haveria coincidência de nomes, o que não é salutar em matemática. No entanto, sempre que não houver risco de confusão, usaremos apenas as palavras função crítica para nos referirmos a uma função crítica. vetorial.
3.1
De…nição de Função Crítica Vetorial
Seja (M; g) variedade suave, riemanniana e compacta com dimensão n 4: De…nimos a classe conforme da métricag como o conjunto
[g] := f~g =f g ; f 2C1(M) comf >0g
Tomeg~2[g]e escrevag~='2 2g com' 2C1(M); ' >0:Considere tambémF :Rk !R
suave, positiva e 2 homogênea e H : M Rk ! R suave, positiva e 2 homogênea na
segunda variável. De…na a função G:M Rk !Rpor
G(x; t) :=
g':jtj2+ B0(g;F;H) MF2=2 A0(n)
H(x; t)'
'2 1
onde g(:) = div(rg(:)) é o operador laplaciano segundo a métrica g. Note que G
não necessariamente é positiva, apesar de ser suave e manter a2 homogeneidade. Nestas condições temos a seguinte
A
…rmação: Pondo o funcionalJg;F;H :Hk1;2(M) f0g !R porJg;F;H(U) :=
R
MjrgUj
2 dvg+
R
MH(x; U)dvg
R
MF (U)dvg
2=2
temos queJ~g;F;G(U:' 1) = Jg;F; B0(g;F;H)
MF2=2 A0(n)H
(U)para toda U 2Hk1;2(M) f0g:
P
rova. De fato, comodvg =p
jgjdx e~g ='2 2g entãodv~
g ='2 dvg e portanto para toda
U 2Hk1;2(M) f0g; Z
M
F U:' 1 dv~g =
Z
M
' 2 F (U)'2 dvg =
Z
M
F (U)dvg;
e com isso os denominadores dos funcionais estão resolvidos. Trabalhemos com os numer-adores agora. Temos que
Z
M r~
g U ' 1
2
dv~g =
Z
M k
X
i=1
r~g ui' 1
2 dv~g =
Z
M k
X
i=1
'2 r~g ui' 1
2 dvg = k X i=1 Z Mjr
guij2dvg+
Z
M
g(')u2i' 1dvg
! = k X i=1 Z Mjr
guij2dvg +
Z
M
g(')jUj2' 1dvg;
uma vez que RMu2' 2jr
g'j2 2u' 1g(rg';rgu)dvg =RM g(')u2'dvg para toda u2
H1;2(M): Por outro lado, Z
M
G x; U ' 1 dv ~
g =
Z
M
' 2G(x; U)'2 dv
g =
Z
M
'n42G(x; U)dv
g;
e portanto, juntando esta informações, Z
M r~
g U ' 1
2 dvg~+
Z
M
G x; U ' 1 dvg~ = Z
Mjr
gUj2dvg+
+
Z
M
g(')
' jUj 2
dvg+
'2 1
' G(x; U)dvg
=
Z
Mjr
gUj2+ B0
(g; F; H)
e com isto resolvemos os numeradores.
De posse desta a…rmação e sabendo da validade da desigualdade ótima de Sobolev vetorial paraF eH temos então que
Z
M
F U ' 1 dv~g
2=2
=
Z
M
F (U)dvg
2=2
MF2=2 A0(n) Z
Mjr
gUj2dvg+B0(g; F; H) Z
M
H(x; U)dvg
= MF2=2 A0(n)
Z
M r~
g U ' 1
2 dvg~+
Z
M
G x; U ' 1 dvg~
B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n) Z
M
H(x; U)dvg
#
+B0(g; F; H)
Z
M
H(x; U)dvg
= MF2=2 A0(n) Z
M r
~
g U ' 1
2 dv~g +
Z
M
G x; U ' 1 dv~g ;
ou seja, escrevendo V = U ' 1 chegamos que a melhor desigualdade de Sobolev vetorial equivale a
Z
M
F(V)dv~g
2=2
MF2=2 A0(n)
Z
M jr~
g(V)j2dv~g+
Z
M
G(x; V)dv~g (C~gF;G)
para todaV 2Hk1;2(M):
Fica natural então procurar por uma "melhor função"Ge ver o que ela pode nos dizer. Mas qual é o sentido matemático da expressão "melhor função"? Esclarecemos isto na seguinte
D
e…nição 1 Seja (M; g) uma variedade riemanniana, suave e compacta e F : Rk ! Rfunção suave, positiva e2 homogênea(k 1). Uma dada função G:M Rk !R suave
e 2 homogênea na segunda variável será dita ser uma função crítica para g segundo
F se
(i) A desigualdade CF;G
g for verdadeira para todaU 2H
1;2
k (M) f0g e
(ii) Se para toda G~ : M Rk ! R suave e 2 homogênea na segunda variável, com
~
G G; G~ 6 G; a desigualdade CF;G~
g for falsa para alguma UG~ 2H
1;2
k (M) f0g:
di…culdade, procuremos uma de…nição equivalente que satisfaça nossos anseios de termos algo mais palpável em mãos. Para isto, voltemos ao funcional Jg;F;G de…nido mais acima.
Primeiramente, observe que ele é inspirado em(CF;G g ):
De…na então o seguinte número real
g;F;G = inf Hk1;2(M) f0g
(Jg;F;G(U))
ondeF eGsão como na de…nição(1)acima. Tomet0 2S2k 1tal queMF = maxSk2 1(F (t)) =
F(t0):Dadou2H1;2(M) f0g;ponhaU0 =t0u= (t0
1u; t02u; ; t0ku)2H
1;2
k (M) f0g:
Assim,
Jg;F;G(U0) =
R
MjrgU0j
2 dvg+
R
M G(x; U0)dvg
R
MF (U0)dvg
2=2
=
R
Mjrgt0uj
2
dvg+RMG(x; t0u)dvg
R
MF (t0u)dvg
2=2
=
Pk i=1jt0j
2R
Mjrguj
2
dvg+RMft0(x)u
2dv
g
MF2=2 RMjuj2 dvg
2=2
=
R
Mjrguj
2 dvg+
R
M ft0(x)u
2dv
g
MF2=2 RM juj2 dvg
2=2
ondeft0(x) = G(x; t0):Por outro lado, da teoria escalar de funções críticas, sabemos que,
ver[10],
g;f = inf
H1;2(M) f0gJg;f(u) = H1;2(infM) f0g
R
Mjrguj
2
dvg+RMf(x)u2dvg
R
Mjuj
2 dvg
2=2
!
A0(n) 1
seja qual for a variedadeM e qual for a função f: Com isso, temos
g;F;G = inf Hk1;2(M) f0g
(Jg;F;G(U)) inf
H1;2(M) f0g(Jg;F;G(t0u))
= inf
H1;2(M) f0g Jg;ft0 (u) M
2=2
F M
2=2
F A0(n)
1 ;
e isto juntamente com o item (i) da de…nição 1 nos diz que se G é crítica para g segundo F então
g;F;G = M
2=2
F A0(n)
Resta-nos apenas ajustarmos o item (ii) da de…nição 1: Mas este é um trabalho simples, uma vez que:
~
G como em (ii) na de…nição1 tal que (CgF;G~) é falsa
, 9UG~ 2Hk1;2(M) tal que Z
M
F (UG~)dvg
2=2
> MF2=2 A0(n)
Z
Mjr
gUG~j2dvg +
Z
M
~
G(x; UG~)dvg
, Jg;F;G~(UG~)< MF2=2 A0(n) 1
, g;F;G < M
2=2
F A0(n)
1 :
E assim estamos em condições de formular a seguinte de…nição equivalente à de…nição1 :
D
e…nição 2 Sejam (M; g) variedade riemanniana, suave, compacta e F : Rk ! R funçãosuave, positiva e 2 homogênea (k 1). Uma dada função G:M Rk !R suave e 2
homogênea na segunda variável será dita ser
(i) Subcrítica para g segundo F se g;F;G < M
2=2
F A0(n)
1 ;
(ii) Fracamente crítica para g segundo F se g;F;G = M
2=2
F A0(n)
1
e
(iii) Crítica para g segundo F se for fracamente crítica para g segundo F e se para toda
~
G : M Rk ! R suave e 2 homogênea na segunda variável, com G~ G; G~ 6 G
tivermos que G~ é subcrítica para g segundoF:
Com esta de…nição, alcançamos o propósito desta primeira seção e, por isso, fechando-a. Na próxima seção discutiremos propriedades das funções críticas e provaremos alguns resultados.
3.2
Propriedades das Funções Críticas
A primeira indagação que trazemos da seção anterior e que surge naturalmente após serem dadas de…nições em matemática é, logicamente, a respeito de existências. No nosso caso, de existência de funções críticas. Será que existe alguma? A resposta começa a ser dada na seguinte proposição, porém antes de irmos a ela, notamos que ao longo de toda a seção, sempre que aparecerF;estaremos falando de uma funçãoF :Rk !Rsuave, positiva e2
P
roposição 9 Seja H : M Rk ! R função suave, positiva e 2 homogênea na segundavariável. De…na G:M Rk !R por
G(x; t) = B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n)H(x; t):
EntãoG é fracamente crítica para g segundo F:
Se, além disso, existir uma aplicaçãoU0 2Hk1;2(M) f0gque seja extremal para(Jg;optF;H):
Então a função G será uma aplicação crítica para g segundo F:
P
rova. Temos que 8U 2Hk1;2(M); ZM
F (U)dvg
2=2
MF2=2 A0(n)
Z
M jr
gUj2dvg+B0(g; F; H)
Z
M
H(x; U)dvg
que é a desigualdade ótima de Sobolev vetorial para F e H: Considerando agora U 2 Hk1;2(M) f0g;
MF2=2 A0(n) 1
R
MjrgUj
2
dvg + B0(g;F;H) MF2=2 A0(n)
R
MH(x; U)dvg
R
MF (U)dvg
2=2
=
R
MjrgUj
2 dvg +
R
MG(x; U)dvg
R
MF (U)dvg
2=2 :
Passando ao ín…mo emHk1;2(M) f0gtemos MF2=2 A0(n) 1 g;F;G MF2=2 A0(n) 1; ou seja,
g;F;G = M
2=2
F A0(n)
1 :
Exemplos paraH seriam H(x; t) = (x)Pki=1jtij2; com 2C1(M); >0:
Agora, seja G~ :M Rk !R suave e 2 homogênea na segunda variável, com G~ G;
~
G6 G: Então temos que Z
M
~
G(x; U0)dvg <
Z
M
G(x; U0)dvg;
e portanto,
g;F;G~
R
MjrgU0j
2
dvg+RMG~(x; U0)dvg
R
MF (U0)dvg
2=2 < R
MjrgU0j
2
dvg+RMG(x; U0)dvg
R
MF (U0)dvg
2=2
=
R
MjrgU0j
2
dvg+ B0(g;F;H) MF2=2 A0(n)
R
MH(x; U0)dvg
R
MF (U0)dvg
2=2 = M
2=2
F A0(n)
já queU0 é extremal para a desigualdade ótima de Sobolev vetorial. Assim, em resumo,
g;F;G~ < M
2=2
F A0(n) 1
e, dada a arbitrariedade deG;~ segue queG é função crítica parag segundo F:
Uma maneira de buscarmos por exemplos de funções críticas é inspirarmo-nos na proposição acima juntamente com o teorema da dualidade. Como ela nos diz que basta que encon-tremos uma aplicação extremal para (Jg;optF;H) então, olhando para o teorema da dualidade
(pág.9);encontramos outra fonte de extremais tomando uma variedade riemanniana(M; g);
dimM 4 que possua função curvatura escalar não-positiva, S~g 0 (se necessário, após
uma mudança conforme de métrica; o que é possível pelos desenvolvimentos apresentados por exemplo em[13]): Temos então que
B0(~g; F; H)H(~x; t0)>
(n 2) 4 (n 1)M
2=2
F A0(n)Sg~(~x);
para algum x~2M e 8t0 2Sk 1
2 tal que F (t0) =MF. Ora, neste caso, o teorema da
duali-dade a…rma que(Jg;optF;H) possuirá aplicação extremalU0. Portanto, pondo G= B0(~g;F;H)
MF2=2 A0(n)H
temos tantas funções críticas para ~g segundo F quantas funções H; nas nossas hipóteses, forem possíveis. Para maiores informações à respeito da existência de extremais para a desigualdade ótima de Sobolev vetorial, ver as referências[6]e [11].
Ainda caminhando em direção à "montagem"de funções críticas, fazemos uma parada para introduzir o importante conceito de aplicação extremal que, à semelhança das de-sigualdades ótimas de Sobolev, é uma aplicação de Hk1;2(M) que realiza o ín…mo g;F;G: Tecnicamente, temos a
D
e…nição 3 Sejam (M; g) variedade riemanniana, suave, compacta, G função fracamentecrítica parag segundoF:Uma aplicação U0 2Hk1;2(M) f0g será dita ser umaaplicação
extremal para G (segundo a métrica g) se
Jg;F;G(U0) = MF2=2 A0(n)
1 :
C
orolário 1 Sejam(M; g) variedade riemanniana, suave, compacta eG função fracamentecrítica parag segundo F: Se existir uma aplicação extremal U0 paraG então G é aplicação
crítica parag segundo F:
Outra informação importante sobre aplicações extremais é a de que uma aplicação ex-tremal satisfaz, no sentido fraco ao menos, um sistema de equações. Em termos mais precisos: DadaGfunção crítica parag segundoF então uma aplicaçãoU0 = (u1; ; uk)2
Hk1;2(M) f0gserá uma aplicação extremal para G se e somente se U0 satis…zer 8
< :
gui+ 12@G(@tx;Ui 0) =
MF2=2 A0(n) 1
2
@F(U0)
@ti emM R
MF (U0)dvg = 1:
i= 1; :::; k (S)
Para veri…car este fato primeiramente note que comoU0 é aplicação extremal paraGentão
podemos supor que Z
M
F (U0)dvg = 1;
pois, caso contrário, ou seja, casoRMF (U0)dvg =c >0; c= 16 ;tomamosU~0 = c1U=02 :Assim,
Z
M
F U0~ dvg =
Z
M
F U0
c1=2 dvg =
1
c Z
M
F(U0)dvg = 1:
Além do mais, seU0 é extremal paraGentão U0; >0, também é extremal paraG;uma vez que
R
M jrg( U0)j
2 dvg +
R
MG(x; U0)dvg
R
M F( U0)dvg
2=2 =
2R
MjrgU0j
2 dvg+
R
M
2G(x; U0)dv
g
2 R
M F(U0)dvg
2=2
= MF2=2 A0(n) 1:
Continuando, multiplique o sistema (S) por cada ui e some as equações obtendo
k
X
i=1
g(ui)ui+
1 2
@G(x; U0)
@ti
ui = k
X
i=1 2 6 4
MF2=2 A0(n) 1
2
@F(U0)
@ti
ui
3 7 5
o que nos dá, pela proposição21 (ver apêndice 2)que
k
X
i=1
[ g(ui)ui] +G(x; U0) = MF2=2 A0(n)
1
Integrando sobreM cada lado desta igualdade e aplicando integração por partes, Z
M jr
gU0j2dvg+
Z
M
G(x; U0)dvg = MF2=2 A0(n) 1Z
M
F(U0)dvg:
ComoRMF (U0)dvg = 1 então podemos ver que
U0 é solução fraca de (S),U0 é extremal paraG: Com isso, podemos formular a seguinte
D
e…nição 4 Sejam (M; g) variedade riemanniana, suave, compacta, F : Rk ! R funçãosuave, positiva e 2 homogênea e G função fracamente crítica para g segundo F: Uma
aplicaçãoU0 2Hk1;2(M) f0g será dita ser uma aplicação extremal para G se for uma
solução fraca para o sistema(S):
Note que as regularidades de F e de G foram fundamentais para a formulação desta de…nição.
A seguir, apresentaremos outro resultado de fácil demonstração, porém fundamental no decorrer da tese. Note também que aparentemente estaremos "quebrando"a discussão sobre extremais, no entanto, a inserção deste resultado neste ponto faz-se necessária para a inclusão do próximo, este sim voltando a citar extremais.
P
roposição 10 Seja G função fracamente crítica para g segundoF: Tome t0 2Sk 12 tal que
F(t0) =MF: Então
G(:; t0) :M !R
é função escalar fracamente crítica para g:
P
rova. Ponha ft0(x) = G(x; t0): Como G é fracamente crítica para g segundo F entãopara cada U 2Hk1;2(M) f0g; MF2=2 A0(n) 1
R
MjrgUj
2 dvg+
R
M G(x; U)dvg
R
MF (U)dvg
2=2 :
TomeU0 =t0u; comu2H1;2(M) f0g qualquer. Assim, MF2=2 A0(n) 1
R
MjrgU0j
2 dvg+
R
M G(x; U0)dvg
R
MF (U0)dvg
2=2
=
R
Mjrgt0uj
2 dvg +
R
MG(x; t0u)dvg
R
MF (t0u)dvg
2=2
=
R
Mjrguj
2
dvg+RM ft0u
2dv
g
MF2=2 RMjuj2 dvg
portanto, passando ao ín…mo emH1;2(M) f0g;
(A0(n)) 1 g;ft0 (A0(n))
1
o que garante queft0 é fracamente crítica para g:
Com isso podemos então apresentar a seguinte proposição que, sobre certas condições, nos diz qual é a "cara"das aplicações extremais.
P
roposição 11 Seja G função vetorial fracamente crítica para g segundo F: Suponha queu0 2H1;2(M) f0g seja função extremal paraf
t0(x) = G(x; t0); onde t0 2S
k 1
2 é tal que
F(t0) =MF: Então
U0 =t0u0 2Hk1;2(M) f0g ( )
é aplicação extremal paraG:
Além disso, se tivermos que G é positiva e tal que G(x; t0) = minSk 1
2 G(x; t) para todo
x2M; então existirá extremal u0 paraft0 e toda aplicação extremal paraG será da forma
( ):
P
rova. Queremos mostrar que Jg;F;G(U0) = MF2=2 A0(n) 1:Ora,
Jg;F;G(U0) =
R
M jrg(t0u0)j
2 dvg+
R
MG(x; t0u0)dvg
R
MF (t0u0)dvg
2=2
=
R
M jrgu0j
2 dvg+
R
Mft0(x)u
2 0dvg
MF2=2 RMju0j2 dvg
2=2 :
Mas, pela proposição anterior,ft0 é fracamente crítica parag (poisG o é!)e u0 é extremal
para ft0; logo R
Mjrgu0j
2
dvg+RMft0(x)u
2 0dvg
R
Mju0j
2 dvg
2=2 = (A0(n)) 1
;
e por conseguinte
Jg;F;G(U0) = MF2=2 A0(n) 1
:
Provemos agora a segunda parte. SuponhaGpositiva tal queG(x; t0) = minSk2 1G(x; t)
para todox2M: Desta forma, temos que
G(x; t0) G x; t jtj =
1
ou melhor,
k
X
i=1
jtij2ft0(x) G(x; t); 8(x; t)2M R
k:
Por outro lado, 8U 2 Hk1;2(M) f0g; temos pela proposição 20; pela desigualdade de Minkowski e pela desigualdade obtida acima que
Z
M
F(U)dvg
2=2
MF2=2 0 @Z
M k
X
i=1 u2i
!2 =2 dvg
1 A
2=2
MF2=2
k
X
i=1 Z
Mj
uij2 dvg
2=2
MF2=2 A0(n)
" k X
i=1 Z
Mjr
guij2dvg+
Z
M
ft0(x)
k
X
i=1 u2idvg
#
MF2=2 A0(n) Z
Mjr
gUj2dvg+
Z
M
G(x; U)dvg :
Agora, se U0 2 Hk1;2(M) f0g for extremal para G então as desigualdades acima são igualdades. Assim, da segunda igualdade concluímos que
U0 = ~t:u:~
Voltando à primeira, que F ~t = F (t0) = MF; e podemos por ~t = t0: A terceira implica
queu~ é extremal paraft0:Finalizando a prova.
Observe que qualquerGcujo valores emM Sk 1
2 não dependam det 2Sk2 1 que possua extremal os terá como apenas na forma U0 = t0u0: Vejamos, a seguir, dois exemplos. O primeiro volta a levantar uma construção de aplicação crítica que difere da exposta logo após a proposição9:O segundo refere-se à esta última proposição. Nele exporemos as bases sobre o caso em que a nossa variedade (M; g) é conformalmente difeomorfa à (Sn; h): Problema
este, não tratado neste trabalho. Vale ressaltar aqui, a título de informação apenas, que duas variedades(M1; g1) e(M2; g2)riemannianas serão ditas serem conformalmente difeomorfas se existir um difeomor…smo :M1 !M2 tal que
g2 2[g1];
Exemplo 1 Considere que nossa variedade riemannian (M; g); dimM 4; seja tal que
B0(g) = n 2
4 (n 1)A0(n) maxM Sg
e que a desigualdade ótima de Sobolev escalar admita função extremal u0: Para con…rmar
que isto é possível veja [6]. Tome H :M Rk !R tal que
H(x; t) =
k
X
i;j=1
aij(x)jtij jtjj
com as funções suaves aij 0, para algum l 2 f1; :::; kg; all = c > 0 uma constante e
aii all para todo i: Perceba então que 8x2M;
alljtj2 k
X
i=1
aii(x)jtij2 k
X
i;j=1
aij(x)jtij jtjj:
Deste modo, temos claramente que minM Sk 1
2 H =all:
Por outro lado, se considerarmosF de tal modo queF (el) = MF; el = (0;0; :::;0;1;0; :::;0);
então temos que maxMH(x; el) = all: Logo pela proposição1 chegamos a
B0(g; F; H) =
MF2=2 B0(g) all
:
Por outro lado, tomando U0 =elu0 segue, de cálculos semelhantes aos feitos na proposição
anterior que U0 é extremal para (Jg;optF;H). Pondo então
G(x; t) = B0(g)
allA0(n)
H(x; t)
segue da proposição9 que G é função crítica para g segundo F:
Como já dito, este próximo exemplo versa sobre a proposição11;vejamos.
Exemplo 2 ("Meio Exemplo") : Seja (Sn; h); n 4; a esfera unitária com sua métrica
padrão. Tome g 2 [h] e escreva g = '2 2h: Temos então que por reformulações diretas
de resultados bem conhecidos na esfera, ver [2] e [10], que existe uma única função escalar
crítica para g, a saber,
fg(x) =
n 2
4 (n 1)Sg
e que fg possui extremais da forma
onde 6= 0; > 1 e r é a distância com respeito a h a algum ponto …xado de Sn: Neste
caso então, de…nindo
H(x; t) = n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
podemos porfg(x) =H(x; t0); onde t0 2Sk2 1 é tal que F(t0) =MF: Assim,
U0 =t0 ' 1 ou U0 =t0 ' 1( cosr)1 n2
seriam, como é fácil veri…car, aplicações extremais paraH:No entanto, a proposição
ante-rior exige queH seja função fracamente crítica para g segundo F e esta informação ainda
permanece em aberto. Na verdade, acreditamos na validade da seguinte a…rmação,
(i) Em (Sn; g) com n 4 e g = '2 2h, a função H de…nida acima é função
crítica para g segundo F (será única?):
Perceba então que basta mostrar que H é fracamente crítica para g independentemente
deF;uma vez que com isso e com as aplicações extremais acima concluiríamos a criticidade
de H para g: A prova desta a…rmação provavelmente virá de argumentos semelhantes aos
que foram utilizados para provar a conjectura de Yamabe, ver[2];[18];[22]. Mas isto,
atual-mente, é apenas especulação de nossa parte. Vale ressaltar que este resultado, se provado, facilitará em muito o estudo do teorema de dualidade sobre variedades conformalmente
difeomorfas àSn;aliás, como já dito na introdução desta tese, uma parte do estudo vetorial
ainda inexplorado.
Ainda falando sobre o exemplo anterior, surge a pergunta: Apenas aquele citado fato da teoria escalar nos motivou a levantar tal suspeita(i)? A resposta é não! Na realidade
temos que em uma variedade(M; g); compacta e não conformalmente difeomorfa à esfera
(Sn; h) a função fg é subcrítica para g (ver [9] ou [15]). Deste resultado temos a seguinte
proposição, esta sim, somada à informação escalar, fazem um motivante para a a…rmação
(i) acima.
P
roposição 12 Em uma variedade(M; g);compacta, dimM =n 4;não conformalmentedifeomorfa à esfera unitária (Sn; h) temos que
(i) Toda funçãoGfracamente crítica paragsegundoF satisfaz,G 4(nn 21)maxM(Sg)jtj2com
G6 n 2
4(n 1)maxM(Sg)jtj 2
:
(ii) A função H = n 2
4(n 1)Sgjtj
2 é subcrítica para
P
rova. (i)Suponha, por absurdo, que 8x2M e 8t2Rk;G(x; t)< n 2
4 (n 1)maxM (Sg(x))jtj
2
: ( )
Tomando em particulart0 2Sk 1
2 tal que F(t0) =MF temos G(x; t0)< 4(nn 21)Sg(x): Ora,
sendo G função fracamente crítica para g segundo F sabemos, pela proposição 10; que G(:; t0) é fracamente crítica para g:
Por outro lado, e nas condições desta proposição, é conhecido que toda função escalar f fracamente crítica parag satisfaz 8x2M;
f(x) n 2
4 (n 1)Sg(x):
Na verdade, as contas desta última a…rmação podem ser encontradas em[12];com a ressalva de que lá elas estão feitas para uma constante ao invés de uma função f; porém as idéias são facilmente adaptáveis para f.
Voltando à prova segue em particular que a desigualdade acima vale paraG(:; t0):Juntando
as informações, temos que 8x2M;
n 2
4 (n 1)Sg(x) G(x; t0)<
n 2
4 (n 1)maxM (Sg(x))
ou seja,
Sg(x)<max
M (Sg(x)); 8x2M
o que é um absurdo pois M é variedade compacta e portanto atinge o máximo em algum pontox; S~ g(~x) = maxM(Sg(x)): Logo, ( ) não ocorre.
Mostremos agora o segundo item.
(ii) Suponha por contradição que H seja função fracamente crítica para g segundo uma dada F qualquer (nas hipóteses da sessão, claro): Pela proposição 10; para um t0 2
Sk 1
2 tal que F (t0) = MF; G(:; t0) é fracamente crítica para g. Mas, sendo (M; g) não
conformalmente difeomorfa à esfera, já sabemos que G(:; t0) é subcrítica para g: Absurdo pois uma função não pode ser fracamente crítica e subcrítica ao mesmo tempo. Finalizando a prova.
P
roposição 13 Seja (M; g) riemanniana, suave, compacta, não conformalmente difeomorfaà (Sn; h) e com dimensão n 4: Seja
G(x; t)> n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
fracamente crítica parag segundo F:Então G é crítica parag segundo F e possui extremal
U 2Hk1;2(M):
P
rova. Tomando t0 2 Sk 12 tal que F (t0) = MF então pela proposição 10 temos que
G(:; t0) é função escalar crítica para g e satisfaz G(x; t0)> 4(nn 21)Sg. Assim, teorema 3 de
[10] garante que existe extremal u 2 H1;2(M) para G(:; t0): Sabemos pela proposição 11 que U = t0u 2 Hk1;2(M) é extremal para G: Finalmente, pelo corolário 1; concluímos que Gé crítica para g segundo F:Como queríamos.
Outra propriedade interessante aparece na seguinte
P
roposição 14 Seja (M; g) variedade riemanniana compacta e suave. Se uma dada funçãoG : M Rk ! R suave e 2 homogênea na segunda variável é fracamente crítica para g
segundoF então toda função G~ :M Rk !R suave e2 homogênea na segunda variável
tal que G~ G é fracamente crítica para g segundo F:
P
rova. Temos que 8U 2Hk1;2(M); ZM
G(x; U)dvg
Z
M
~
G(x; U)dvg
e portanto,
Jg;F;G(U) Jg;F;G~(U):
Passando ao ín…mo emHk1;2(M) f0g;
MF2=2 A0(n) 1 = g;F;G g;F;G~ MF2=2 A0(n) 1
ou seja g;F;G~ = M
2=2
F A0(n) 1
; como queríamos.
Surgindo como uma consequência destas últimas proposições temos o fato de que, gros-seiramente falando, a função
B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n)H(t)
P
roposição 15 Seja(M; g)variedade riemanniana compacta, suave, de dimensãon 4nãoconformalmente difeomorfa à esfera(Sn; h): Suponha adicionalmente queSg seja constante
(veja Obs. abaixo). DadaH :Rk !R suave, positiva e 2 homogênea temos que
G(t) = B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n) H(t)
é a menor função crítica parag segundoF que não depende de x:
P
rova. Basta provarmos que G é crítica para g segundo F: Claramente pela proposição 9temos queGé fracamente crítica parag segundoF: Por outro lado, sendo(M; g) não
con-formalmente difeomorfa à(Sn; h)então pela proposição12;item(ii);temos que n 2
4(n 1)Sgjtj 2
é subcrítica parag segundoF: Consequentemente, pela proposição anterior B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n)H(t)>
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
pelo menos para quase todo pontot 2Rk: Em particular, pela proposição10e pelo fato de
Sg ser constante temos em particular que
B0(g; F; H)
MF2=2 A0(n)H(t0)>
n 2
4 (n 1)Sg
onde, lembrando, t0 2 Sk 1
2 é tal que F (t0) = MF: Reescrevendo de modo conveniente
temos
B0(g; F; H) min
M H(t0)>
n 2
4 (n 1)M
2=2
F A0(n) max
M Sg
e portanto, pelo teorema da dualidade segue que existe extremal U0 para a desigualdade
(Jg;optF;H): Agora pela parte …nal da proposição10segue que G é crítica parag segundoF: Obs.: Com relação à possibilidade de sempre podermos encontrar na classe conforme de g uma métrica g~ tal que S~g seja constante citamos os artigos que compõe o chamado
"O Problema de Yamabe". São eles as referências [2], [18], [19], [21] e [22]. Nestes artigos resolveu-se completamente o problema de Yamabe e provou-se que se a variedade for fechada então é possível encontrar tal métrica ~g: Para uma última referência que, de certo modo, engloba todas as citadas logo acima, recomendamos[16].
P
roposição 16 Seja (M; g) suave, riemanniana e compacta. Dada G função fracamentecrítica para g segundo F então existe G0 2 L1 M Sk 1
2 ; G0 G; "crítica"para g
segundoF:
A palavra crítica está citada entre aspas no enunciado pois a funçãoG0 2L1 M Sk 1 2 ; o que foge da de…nição de função crítica que exige a suavidade como propriedade.
P
rova. Dentre todas as funções H : M Rk ! R, 2 homogêneas na segunda variável,de…na o conjunto
SF = H 2L1 M Sk2 1 ;
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
H G e g;F;H = M
2=2
F A0(n)
1 ;
com a relação de ordem: H1 H2 2SF ,H1(x; t) H2(x; t)qtp M Rk :SejaC uma
cadeia emSF; digamos que C = (H )a2I; onde I é um conjunto de índices. Ponha, para
quase todo ponto(x; t)2M Rk;
~
H(x; t) = inf
I H (x; t):
Temos, obviamente, que
~
H 2L1 M Rk e n 2
4 (n 1)Sgjtj
2 ~
H G:
Seja(Hn) (H ) tal que
(i) Hn(x; t)!H~(x; t) qtp M Rk e
(ii) Para cadaU 2Hk1;2(M); jHn(x; U)j H^(x; U)2L1(M):
Note que(ii)é possível poisHnsatisfaz a desigualdade que aparece emSF:Nestas condições
temos para cadaU 2Hk1;2(M) e pelo teorema da convergência dominada de Lebesgue que Z
M
Hn(x; U)dvg !
Z
M
~
H(x; U)dvg
e portantoJg;F;Hn(U)!Jg;F;H~ (U)para toda U 2H
1;2
k (M) f0g: Consequentemente
MF2=2 A0(n) 1
= g;F;Hn ! g;F;H~
Logo, H~ 2 SF é cota inferior de C: Sendo C arbitrária, segue que toda cadeia possui uma
cota inferior. Pelo Lema de Zorn, existe G0 2 SF tal que G0 é elemento mínimo de SF:
Seja agoraH G0; H 6 G0: Então pela minimalidade de G0;temos que H(x; t)< n 2
4 (n 1)Sgjtj
2 ou
g;F;H < M
2=2
F A0(n)
Ora, seH(x; t)< 4(nn 21)Sgjtj2 então g;F;H < M
2=2
F A0(n)
1
pois se este não fosse o caso, isto é, se H fosse fracamente crítica para g segundo F então pela proposição 10, H(x; t0)
seria escalar crítica parag;onde F(t0) =MF e H(x; t0)< 4(nn 21)Sg;o que implica, por[2];
que g;H(:;t0) <A0(n)
1
: Absurdo. Desta forma, temos em qualquer caso que
g;F;H < M
2=2
F A0(n) 1
:
Dada a arbitrariedade deH segue queG0;a menos de regularidade, é crítica parag segundo F:
Claro que pode-se indagar, após a proposição anterior, se existe condição ao menos su…ciente para que a função G0 acima seja suave. A resposta é dada na seguinte
P
roposição 17 Seja (M; g) riemanniana, compacta e suave e não conformalmentedifeo-morfa à (Sn; h), de dimensão n 4: Dada G fracamente crítica para g segundo F tal
que
G(x; t)> n 2
4 (n 1)Sgjtj
2 ;
então existiráG1 crítica para g segundo F:
P
rova. Como(M; g) é não conformalmente difeomorfa à (Sn; h); entãoH(x; t) = n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
é subcrítica parag segundoF (proposição12): Agora, para cada "2[0;1]de…na ~
G"(x; t) ="G(x; t) + (1 ")
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
e ponha "0 = sup "2[0;1] ; g;F:G~" < M 2=2
F A0(n)
1
: Note que o conjunto não é vazio pois "= 0 pertence a ele. Finalmente, ponha
G" = ~G""0:
Desta forma,
g;F;G" < M 2=2
F A0(n)
1
8" <1 e g;F;G1 = M
2=2
F A0(n)
ComoG > n 2 4(n 1)Sgjtj
2
; então G1 = ~G"0 = "0G+ (1 "0)
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
> "0 n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
+ (1 "0) n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
= n 2
4 (n 1)Sgjtj
2 :
Portanto, a proposição 13 nos diz que G1 é crítica para g segundo F e possui extremal U 2Hk1;2(M):Além disso temos que
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
G1 G;
pois "0G + (1 "0)4(nn 21)Sgjtj2 G , 4(nn 21)Sgjtj2 G: Finalizando a prova desta
proposição.
Mas, e quando a desigualdade for da formaG(x; t) n 2 4(n 1)Sgjtj
2
; ou seja, não estrita? O que podemos garantir neste caso é que8 >0;existiráG crítica para g segundoF com extremalU e tal que
n 2
4 (n 1)Sgjtj
2
G G+ jtj2;
poisG~ =G+ jtj2
Gé fracamente crítica parag segundoF (proposição14):Obviamente
~
G > 4(nn 21)Sgjtj2 e portanto a prova da proposição anterior se aplica novamente.
Para …nalizar esta seção, apresentamos dois últimos resultados. O primeiro na verdade, trata-se de uma lei de transformação em que, sabendo que uma dada função G é crítica parag segundoF então podemos garantir que para cada métricag~2[g] existirá ao menos uma função crítica parag~segundoF:Este resultado será fundamental no desenvolvimento do chamado "Problema da Função Crítica Prescrita", cujo detalhes aparecem na próxima seção.
P
roposição 18 Dada (M; g) riemanniana, suave e compacta. Pondo g~ 2 [g] tal que ~g ='2 2g então temos que uma dada função G é crítica para g segundo F se e somente se a
função
H(x; t) = g'jtj
2
+G(x; t)' '2 1
é crítica para g segundo F:
e sendo' >0 temos que
~
g;F;G~ = g;F;G;
ou seja, se uma é fracamente crítica para a métrica segundo F então a outra também é fracamente crítica para a sua métrica segundoF: Resta-nos provar a criticidade. Vejamos. Suponha G crítica para g segundo F: Seja H~ H; H~ 6 H: Lembrando que H~ :
M Rk !R é suave e2 homogênea na segunda variável. Assim,
~
H g'jtj 2
+G(x; t)' '2 1
ou seja,
^
H = H'~
2 1+
g'jtj2
' G
e H^ 6 G; e como G é crítica para g segundo F então
g;F;H^ < M
2=2
F A0(n) 1
: Além disso, temos que
~
H = g'jtj
2
+ ^H(x; t)' '2 1
e portanto8U 2Hk1;2(M) f0g; temos queJ~g;F;H~ (U ' 1) = Jg;F;H^ (U);e como antes
~
g;F;H~ = g;F;H^ < M
2=2
F A0(n) 1
:
SendoH~ arbitrária, segue que H é crítica para ~g segundo F:
De modo análogo, prova-se que sendoH crítica parag~segundoF entãoGé crítica para g segundo F:Finalizando a prova.
Equivalentemente, esta proposição poderia ser reescrita na seguinte forma,
H é crítica para ~g segundo F ,H'2 2 g'
' jtj
2 é crítica para
g segundo F:
Já o segundo e derradeiro resultado está diretamente relacionado com a demonstração do Teorema 4: Trata-se da
P
roposição 19 Seja (M; g) variedade riemanniana suave, compacta, com dimensão n 4:vizinhança de x0 (veja capítulo 4): Tome f 2 C1(M); não negativa e tal que f(x0) = 0:
Então existirá uma métricagf 2[g] tal que
G(x; t) = n 2
4 (n 1)maxM Sgf f jtj
2
é fracamente crítica para gf segundo F: Além disso, Sgf (x0) = maxM Sgf :