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Propagação guiada de ondas de VLF: aplicação ao estudo de fenômenos atmosféricos e naturais

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

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ENGENHARIA EL´

ETRICA

Jorge Enrique Samanes Cardenas

PROPAGAC

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AO GUIADA DE ONDAS DE VLF:

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ERICOS E NATURAIS

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

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Jorge Enrique Samanes Cardenas

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AO GUIADA DE ONDAS DE VLF:

APLICAC

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AO AO ESTUDO DE FEN ˆ

OMENOS

ATMOSF´

ERICOS E NATURAIS

Disserta¸c˜ao de mestrado apresentado ao Programa de P´os-Gradua¸cao em Engenharia El´etrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica.

Orientador: Prof. Dr. Jean-Pierre Raulin

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C266p Cardenas, Jorge Enrique Samanes.

Propaga¸c˜ao guiada de ondas de VLF : aplica¸c˜ao ao estudo de fenˆomenos atmosf´ericos e naturais / Jorge Enrique Samanes Cardenas. - 2012.

72 f. : il.; 30 cm.

Disserta¸c˜ao (Mestrado em Engenharia El´etrica) -Universidade Presbiteriana Mackenzie, S˜ao Paulo, 2012.

Bibliografia: f. 65 - 70.

1. VLF. 2. Terminadouro. 3. Convers˜ao modal. 4. Efeitos sismo -etromagn´eticos . I. T´ıtulo.

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUAC

¸ AO EM

ENGENHARIA EL´

ETRICA

Jorge Enrique Samanes Cardenas

PROPAGAC

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AO GUIADA DE ONDAS DE VLF:

APLICAC

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AO AO ESTUDO DE FEN ˆ

OMENOS

ATMOSF´

ERICOS E NATURAIS

Disserta¸c˜ao de mestrado apresentado ao Programa de P´os-Gradua¸cao em Engenharia El´etrica da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica.

Aprovada em 17 de Fevereiro de 2012

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jean-Pierre Raulin - Orientador Universidade Presbiteriana Mackenzie/CRAAM

Profa. Dra. Emilia Correia

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

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AGRADECIMENTOS

No final do caminho e depois de um ´arduo trabalho, o mestrado foi em fim alcan¸cado. Neste per´ıodo da minha vida, que implicou num desenvolvimento intelectual, pessoal e espiritual, conheci amigos e colegas, que direta ou indiretamente, ficaram envolvidos neste processo me apoiando e tornaram o caminho do mestrado menos ´arduo. Contudo, nada teria sido poss´ıvel sem a presen¸ca de Deus na minha vida. Ele me deu as for¸cas e raz˜oes suficientes para concluir esta etapa, guiou meus passos e colocou pessoas no meu caminho para me apoiar e alcan¸car este objetivo. Por isso, agrade¸co a Deus por me aben¸coar com a conclus˜ao desta etapa da minha vida.

Agrade¸co tamb´em ao maior presente que Deus me deu, minha fam´ılia. Minha eterna gratid˜ao aos meus amados pais, Tiburcio Samanes e Celia Cardenas, exemplos de amor, trabalho e luta. Agrade¸co-lhes por seu apoio, confian¸ca, paciˆencia e compress˜ao durante todas as ´epocas da minha vida. Aos meus pais e meus amados irm˜aos devo todas as minhas realiza¸c˜oes.

Agrade¸co ao Dr. Pierre Kaufmann, coordenador do Centro de Radio Astronomia e Astrof´ısica Mackenzie (CRAAM), pela oportunidade oferecida para desenvolver o meu mestrado no CRAAM.

Agrade¸co ao meu orientador, o Prof. Dr. Jean-Pierre Raulin, que durante este longo per´ıodo do mestrado, me transmitiu as faculdades acadˆemicas que lhe reconhecem: saber profundo e sentido pedag´ogico. Estou-lhe mais agradecido ainda, por ter confiado em mim e orientar meus primeiros passos como pesquisador, pelo alento e pela for¸ca que conseguiu me transmitir nos momentos mais cr´ıticos do mestrado. Agrade¸co tamb´em ao Dr. Fernando Bertoni, co-orientador deste trabalho, pelo apoio, discuss˜oes e conselhos.

Agrade¸co aos meus amigos, Hernan Rivero, pelo apoio oferecido desde que cheguei a S˜ao Paulo e pelas constantes ajudas sobre o IDL. Para Alberto Akel, pelo apoio nas simula¸c˜oes com o c´odigo LWPC e para Rodney de Souza e Luis Olavo pela sua amizade. Minha gratid˜ao ´e tamb´em para Jorge Gonzales, amigo incondicional. Para Giselma Maciel e seus filhos, Vinicius e Lua, os quais me acolheram no cora¸c˜ao da sua fam´ılia me fazendo sentir parte dela. Para Walter Guevara, chefe do departamento de Astrof´ısica daComisi´on Nacional de Investigaci´on y Desarrollo Aeroespacial (CONIDA), pela confian¸ca e apoio. Para Milagros Suhaill, que me apoiou durante o primeiro ano do mestrado e para Mirian Corrˆea, pelas m´ultiplas conversas as quais fizeram nascer em mim novas perspectivas para meu futuro profissional.

Um agradecimento muito especial para todos os membros da Igreja Presbiteriana Higien´opolis (IPH), em especial a Ad˜ao Junior, Andr´e Luiz e Daniel Ferraz pela amizade, pelo apoio e por terem me convidado para fazer parte da IPH. Minha gratid˜ao ´e tamb´em para o Pastor Gabriel Neubarth, um homem de Deus, que com suas palavras e conselhos me ajudou a me manter firme e confiante em Deus seja qual for a situa¸c˜ao da minha vida. Muito obrigado tamb´em ao Marcos Boaventura, membro do IPH, pela amizade, apoio e por compartilhar muitas experiˆencias boas e tamb´em ruins, que vivenciei em S˜ao Paulo.

Meus agradecimentos s˜ao tamb´em para o pessoal do CRAAM, Valdomiro, Luc´ıola, Aur´elio, Eng. Amauri, Dr. Guillermo Castro, Dra. Emilia Correia, Dra. Adriana V´alio, Dra. Marta Cassiano pelos conselhos e pelo apoio oferecido nesta etapa da minha vida.

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RESUMO

Pronunciados m´ınimos de amplitude s˜ao observados nos registros di´arios de sinais de muito baixa frequˆencia ou VLF (do inglˆes Very Low Frequency, entre 3 - 30 kHz). A presen¸ca destes m´ınimos ´e atribu´ıda a interferˆencia e convers˜ao modal de ondas se propagando no guia de onda Terra - Ionosfera. Os tempos de ocorrˆencia destes m´ınimos s˜ao rela-cionados com a localiza¸c˜ao do Terminadouro e, por isso, s˜ao denominados de tempos de Terminadouro ou Tempos TT. Neste trabalho, desenvolvemos uma metodologia baseada no monitoramento dos tempos TT para inferir a distˆancia de interferˆencia modal D, e sua variabilidade temporal em rela¸c˜ao a fenˆomenos atmosf´ericos e naturais. Para isso, utilizamos dados fornecidos pela rede SAVNET (South America VLF Network) durante o per´ıodo 2007 - 2011. Os resultados mostraram que a metodologia ´e relevante para estudar a dinˆamica da baixa ionosfera, atrav´es da obten¸c˜ao de valores di´arios da altura noturna

hN. Identificamos variabilidades de curto e longo per´ıodo para hN, sendo estas ´ultimas relacionadas ao ciclo de atividade solar. O m´etodo dever´a ser aplicado `a procura de efeitos sismo - eletromagn´eticos utilizando caminhos com comprimento m´edios ou curtos. Foram realizadas simula¸c˜oes dos tempos TT, utilizando o c´odigo Long Wave Propagation Capa-bility (LWPC), que mostraram boa concordˆancia com as observa¸c˜oes, sugerindo um valor de hN = 88 km para a altura noturna da baixa ionosfera. Os resultados apresentados neste trabalho contribuem para uma maior viabiliza¸c˜ao do uso da t´ecnica de VLF, para o estudo da baixa ionosfera e os for¸cantes que agem sobre esta regi˜ao da atmosfera terrestre.

(10)

ABSTRACT

Deep amplitude minima are observed in the daily records of Very Low Frequency (VLF, between 3 - 30 kHz) wave amplitudes. Amplitude minima are attributed to modal inter-ference and modal conversion of waves propagating in the Earth - Ionosphere waveguide. The time of amplitude minima is related with the localization of the Terminator line and, therefore, is denominated of Terminator Time or TT time. In this work, we developed a methodology based on the monitoring of TT time to infer the distance of modal inter-ference D and its temporal variation in relation to atmospheric and natural phenomena. For this purpose, we used data provided by the South America VLF Network (SAVNET) to the period 2007 - 2011. The results showed that the methodology is a promising tool to study the dynamics of the lower ionosphere, by means of the daily values of the undis-turbed nighttime ionospheric height (hN). We identified short-term and long-term time variations of hN, where the long-term variation is possibly related with the solar activity cycle. We propose the use of this method to search for seismic-electromagnetic effects, and that it should be applied to medium and short propagation paths. Using the Long Wave Propagation Capability (LWPC) code, we simulated TT times and the results show good agreement with the observations, so a value for nighttime height hN = 88 km is sugges-ted. This work will contribute to a greater viability of the use of the VLF technique for the study of the lower ionosphere and the forcings acting on this region of the atmosphere.

(11)

Lista de Figuras

2.1 Perfis ionosf´ericos durante condi¸c˜ao diurna e noturna, assim como durante per´ıodos de m´aximo e m´ınimo de atividade solar. (Fonte: Modificado de HARGREAVES, 1992). . . 5 2.2 Esquema de um guia de ondas de planos paralelos com extens˜ao infinita

no eixo z e com b h. . . 9 2.3 a) Curvas de atenua¸c˜ao espacial dos trˆes primeiros modos durante condi¸c˜oes

de propaga¸c˜ao noturna NN (linha cont´ınua) e condi¸c˜oes diurnas ND(linha pontilhada); b) Curvas das velocidades de fase para os mesmos modos e nas mesmas condi¸c˜oes (Fonte: WAIT; SPIES, 1964). . . 14 2.4 Contribui¸c˜ao dos 3 primeiros modos de menor ordem na amplitude do sinal:

(a) propaga¸c˜ao em condi¸c˜oes noturnas [β = 0,5 km−1 e h= 90 km]; (b) propaga¸c˜ao em condi¸c˜oes diurnas [β = 0,3 km−1 h

= 70 km]. Incluem-se as amplitudes dos modos (linha tracejada) e a amplitude resultante (linha cont´ınua).(Fonte: COMARMOND, 1997) . . . 15 2.5 Registro de amplitude na receptora ATI (Brasil) de um sinal VLF em 21,4

kHz. O padr˜ao de interferˆencia modal ´e observado entre as 09:00 UT -16:00 UT. M´ınimos de amplitude s˜ao rotulados como T1,T2,T3, T4, T5, T6, 16 2.6 Esquema dos modelos de guia de onda durante os per´ıodos de transi¸c˜ao

noite/dia (Figura a) e dia/noite (Figura b). . . 17 3.1 Localiza¸c˜oes das esta¸c˜oes da rede SAVNET (losangos vermelhos) e dos

transmissores VLF (triˆangulos amarelos) . . . 22 3.2 Arranjo de antenas de uma esta¸c˜ao da rede SAVNET. Duas antenas s˜ao

do tipo quadro ou “loop” e uma de tipo vertical ou dipolo. . . 23 3.3 Trajetos de propaga¸c˜ao que ser˜ao utilizados neste trabalho (linhas vermelhas) 24 3.4 Registros de amplitude do 24/05/2011 para os trajetos de propaga¸c˜ao NPM

– ATI (a) e NPM – PLO (b). M´ınimos de amplitude ocorrem em deter-minados tempos conhecidos como tempos TT e s˜ao rotulados segundo seu tempo de ocorrˆencia. . . 26 3.5 Ajuste entre a curva te´orica do hor´ario de amanhecer (linha vermelha), em

um determinado ponto do trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI, e as medidas observacionais dos tempos T6 do mesmo trajeto . . . 28 4.1 Medidas dos tempos TT observados nos trajetos de propaga¸c˜ao NPM –

ATI (a) e NPM – PLO (b). . . 30 4.2 Medidas dos tempos TT observados os trajetos de propaga¸c˜ao NLK – PLO

(a) e NLK – PIU (b). . . 31 4.3 Mostra o ˆangulo α para os trajetos de propaga¸c˜ao NPM – ATI e NLK –

(12)

4.4 Varia¸c˜ao do ˆangulo α para trajetos NPM - ATI (linha cont´ınua) e NLK - PLO (linha pontilhada). Linhas verticais azuis mostram o per´ıodo de valores m´ınimos de α para o primeiro ano de observa¸c˜ao. . . 33 4.5 a) Registros de amplitude para os trajetos NPM – ATI (linha preta), NPM

– PLO (linha vermelha) e NPM – ICA (linha azul); b) Medidas dos tempos TT observados nos trajetos mostrados na Figura (a), em fun¸c˜ao ao n´umero de dias. . . 34 4.6 a) Registros de amplitude para os trajetos NLK – PLO (linha preta) e NLK

– PIU (linha vermelha); b): Medidas dos tempos TT para os trajetos NLK – PLO (s´ımbolos pretos) e NLK – PIU (s´ımbolos vermelhos). . . 36 4.7 Distˆancias noturnas, dN, para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI. . . 37

4.8 Distˆancias noturnas, dN, para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – PLO. . . 38 4.9 Varia¸c˜ao da velocidade do Terminadouro, VT, em fun¸c˜ao da distˆancia, para

os trajetos NPM – ATI (linha cont´ınua) e NLK– PLO (linha pontilhada). Losangos vermelhos indicam os valores m´edios das distˆancias noturnas dN, as quais s˜ao calculadas desde os pontos P at´e o receptor. . . 40 4.10 Localiza¸c˜ao geogr´afica dos pontos P para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM –

ATI (c´ırculos pretos). Para os trajetos NPM – PLO e NPM – ICA os pontos P s˜ao indicados com c´ırculos vermelhos e triˆangulos azuis, respectivamente. 41 4.11 S˜ao mostradas curvas temporais para ∆T65 (cruzes pretas) e ∆T45 (cruzes

vermelhas) do trajeto NPM – ATI. Linhas pontilhadas mostram a veloci-dade m´edia do Terminadouro VT56 e VT45 no intervalo do trajeto entre os pontos P5 e P6; P4 e P5, respectivamente. . . 42 5.1 Curvas de varia¸c˜ao te´orica da distˆancia de interferˆencia modal D, em fun¸c˜ao

da frequˆencia, para diferentes alturas noturnas do guia de onda hN = 85 km, 88 km e 90 km. Valores estimados de D s˜ao apresentados com sua respectiva incerteza. . . 45 5.2 Distˆancia de interferˆencia modal D em fun¸c˜ao da latitude geogr´afica.

Co-rrespondentes latitudes geomagn´eticas s˜ao tamb´em mostradas. . . 46 5.3 Curvas te´oricas das distˆancia de interferˆencia modal noturna D e diurna D’. 48 5.4 Valores di´arios da altura noturna da baixa ionosfera, hN, para a regi˜ao do

trajeto localizada entre os pontosP6 eP5, cujo comprimento ´eD56. A linha vermelha representa a curva de dados suavizados. . . 49 5.5 Compara¸c˜ao da varia¸c˜ao de longo prazo da altura noturnahN (linha preta)

com o fluxo de radia¸c˜ao solar Lyman–α. A curva vermelha representa a m´edia corrida dos valores de hN utilizando diferentes janelas temporais. . . 52 5.6 S˜ao mostrados os trajetos VLF considerados neste trabalho e as regi˜oes de

(13)

5.7 Distˆancias noturnasd2 para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI. S´ımbolos de diferentes cores representam os eventos s´ısmicos com magnitude M >

4.5 registrados entre 2007 e 2009 na regi˜ao dos andes peruanos. . . 56 5.8 a) Registros de amplitude para os trajetos NPM – ATI (linha preta), e

(14)

Lista de Tabelas

3.1 Caracter´ısticas das esta¸c˜oes transmissoras e receptoras utilizadas neste tra-balho. . . 25 4.1 Valores m´edios para D56, D45, D34, D23, D12 e D, obtidos em fun¸c˜ao ao

n´umero de dias. . . 38 4.2 Valores m´edios das distˆancias noturnas dN para os trajetos de propaga¸c˜ao

NPM – ATI, NPM – PLO e NPM – ICA . . . 41 4.3 Valores estimados para D56, D45, D34, D23 e D12 no trajeto NPM – ATI

(15)

Sum´

ario

1 INTRODUC¸ ˜AO 1

2 REFERENCIAL TE ´ORICO 4

2.1 Ionosfera Terrestre: Baixa Ionosfera . . . 4

2.2 Guia de onda Terra - Ionosfera . . . 5

2.2.1 Propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´eticas em meios magneto-ionizados 6 2.3 Propaga¸c˜ao sub - ionosf´erica de ondas de VLF . . . 8

2.4 Interferˆencia e Convers˜ao Modal . . . 15

3 DADOS E METODOLOGIA 22 3.1 Instrumenta¸c˜ao: Rede SAVNET . . . 22

3.2 Sele¸c˜ao de dados . . . 23

3.3 Tratamento de dados: . . . 25

3.3.1 Metodologia: Terminator Time . . . 25

3.3.2 Estimativa da distˆancia de interferˆencia modal D . . . 26

4 RESULTADOS OBSERVACIONAIS 29 4.1 Caracter´ısticas dos tempos de ocorrˆencia de m´ınimos de amplitude . . . 29

4.2 Simultaneidade dos tempos TT . . . 33

4.3 Estimativa da distˆancia de interferˆencia modal D . . . 37

4.3.1 Estimativa da distˆancia D utilizando c´alculos do hor´ario de amanhecer 37 4.3.2 Estimativa da distˆancia D utilizando a velocidade do Terminadouro 39 5 DISCUSS ˜AO E APLICAC¸ ˜OES 44 5.1 Distˆancia de interferˆencia modal D . . . 44

5.1.1 Valores estimados para a distˆancia de interferˆencia modal . . . 44

5.1.2 Valores anˆomalos . . . 45

5.2 Altura noturna da baixa ionosfera . . . 48

5.2.1 Variabilidade da altura noturna . . . 48

5.2.2 Influˆencia da atividade solar de longo per´ıodo sobre a altura noturna 51 5.3 Procura de efeitos sismo – eletromagn´eticos . . . 53

5.4 Simula¸c˜oes do padr˜ao de interferˆencia modal . . . 59

(16)

REFERˆENCIAS BIBLIOGR ´AFICAS 69

APˆENDICE 70

A

Dedu¸

ao da dependˆ

encia da distˆ

ancia D com a altura do

(17)

1

INTRODUC

¸ ˜

AO

Ondas de muito baixa frequˆencia ou VLF (Very Low Frequency) constituem a faixa do espetro eletromagn´etico entre 3 kHz e 30 kHz e se propagam por meio do guia de onda formado pela terra e a baixa ionosfera, conhecido como o guia de onda Terra – Ionosfera. As ondas de VLF sofrem pouca atenua¸c˜ao ao se propagarem na cavidade do guia de onda mesmo ao longo de grandes trajetos (DAVIES, 1990, p. 367). Durante sua propaga¸c˜ao, ondas de VLF apresentam uma grande estabilidade na sua fase e amplitude, exceto durante os per´ıodos de amanhecer e anoitecer no trajeto. A t´ecnica do monitora-mento de sinais de VLF ´e importante para o estudo da baixa ionosfera, devido ao fato desta regi˜ao estar localizada em alturas muito elevadas para utilizar bal˜oes atmosf´ericos e alturas muito baixas para sat´elites. A ioniza¸c˜ao desta regi˜ao ´e tamb´em muito fraca para utilizar ionosondas (DAVIES, 1990, p. 124). A condutividade el´etrica da baixa ionosfera pode ser alterada por diversos fenˆomenos f´ısicos transientes, como: explos˜oes solares (KAUFMANN; BARROS, 1969; MURAOKA; MURATA; SATO, 1977; RAULIN et al., 2010) ou extra-solares (magnetares, (TANAKA et al., 2010)). Estes fenˆomenos, geralmente, produzem um excesso de ioniza¸c˜ao na baixa ionosfera e os seus efeitos tem sido muito estudados utilizando a t´ecnica de VLF.

Registros di´arios de amplitude de sinais de VLF mostram pronunciados m´ınimos de amplitude que s˜ao observados nos per´ıodos de tempo que demora a linha de transi¸c˜ao noite/dia (amanhecer) ou dia/noite (anoitecer) em se deslocar ao longo do trajeto de propaga¸c˜ao. A existˆencia de m´ınimos de amplitude ´e atribu´ıda `a presen¸ca de um padr˜ao de interferˆencia modal e a uma descontinuidade na altura de reflex˜ao do guia de onda. Nesta descontinuidade ocorre o fenˆomeno de convers˜ao modal onde os modos de maiores ordens s˜ao convertidos em modos de menor ordem (CROMBIE, 1964). Devido `a presen¸ca destes m´ınimos estar relacionada `a posi¸c˜ao do Terminadouro no trajeto de propaga¸c˜ao, seus tempos de ocorrˆencia s˜ao denominados de Tempos do Terminadouro ou tempos TT.

(18)

modal). Desta forma, na regi˜ao diurna existe somente um modo de primeira ordem se propagando. Este modelo demonstrou que os m´ınimos de amplitude acontecem em pontos fixos do trajeto de propaga¸c˜ao e que a distˆancia de deslocamento do Terminadouro entre dois m´ınimos consecutivos ´e uma constante. Esta distˆancia ´e conhecida como distˆancia de interferˆencia modal “D” e ´e um dos parˆametros importantes para um modelo de guia de onda. Deste modelo, foi tamb´em deduzido que receptores localizados no lado diurno de um mesmo grande c´ırculo registrar˜ao simultˆaneos m´ınimos de amplitude. Walker (1965), medindo os tempos TT por um curto per´ıodo de observa¸c˜ao e utilizando um receptor m´ovel se deslocando ao longo de um trajeto num mesmo grande c´ırculo ou GCP (Great Circle Path), confirma a propriedade de simultaneidade. Uma dependˆencia da distˆancia D com a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao e com a frequˆencia do sinal foram tamb´em observadas (CROMBIE, 1966; LYNN, 1967). Estudos dos principais parˆametros para um determi-nado modelo de guia de onda, como a distˆancia “D” e taxa de convers˜ao modal, foram estudados por Kikuchi (1986).

Nas duas ´ultimas d´ecadas, perturba¸c˜oes ionosf´ericas registradas durante eventos s´ıs-micos foram relatadas em v´arios artigos, nos quais denominam estas perturba¸c˜oes como efeitos sismo - eletromagn´eticos. As primeiras evidˆencias de flutua¸c˜oes anˆomalas nos regis-tros de amplitude VLF, dias antes de um evento s´ısmico, foram reportadas por Gokhberg et al. (1992) e Gufeld et al. (1989), os quais prop˜oem a t´ecnica VLF como um m´etodo para a previs˜ao de eventos s´ısmicos. Evidˆencias da presen¸ca de tais efeitos, dias e semanas antes de intensos terremotos, foram tamb´em relatadas por Hayakawa et al. (1996); Molchanov e Hayakawa (1998); Molchanov et al. (1998); Kasahara et al. (2010) e Hayakawa et al. (2011).

Existem dois m´etodos que s˜ao comumente utilizados na procura de efeitos sismo -eletromagn´eticos: a) o m´etodo Terminator Time, atrav´es do qual se efetua o monitora-mento dos tempos de m´ınima amplitude e m´ınima fase (tempos TT) registrados durante o amanhecer (ou anoitecer) local; b) o m´etodo Nigthttime Fluctuation que se baseia na an´alise das flutua¸c˜oes da amplitude noturna dos sinais VLF.

(19)

vez, o m´etodoNigthttime Fluctuation foi aplicado por Hayakawa et al. (2011) para an´alise de dados de amplitude obtidos com a rede SAVNET e tamb´em relatou a ocorrˆencia de anomalias no comportamento da amplitude 12 dias antes do terremoto de 12 de Janeiro de 2010, no Haiti. No entanto, apesar de muitos relatos de efeitos sismo-eletromagn´eticos, a rela¸c˜ao entre as anomalias observadas nos dados de amplitude e de tempo possivel-mente associadas a atividade s´ısmica n˜ao ´e bem entendida, nem bem caracterizada (CLIL-VERD; RODGER; THOMSON, 1999), por isso, ainda ´e preciso uma maior quantidade observa¸c˜oes.

Este trabalho ´e desenvolvido com o objetivo de testar uma t´ecnica baseada no mo-nitoramento de m´ınimos de amplitude, gerados por interferˆencia modal, e testar a sua aplica¸c˜ao e potencialidade no estudo: de modelos de guia de onda, caracteriza¸c˜ao do comportamento da altura noturna da baixa ionosfera e a sua resposta a fenˆomenos at-mosf´ericos e naturais, tais como relˆampagos e eventos s´ısmicos (terremotos). Para isso, pretende-se apresentar uma metodologia para calcular as posi¸c˜oes do Terminadouro para determinados trajetos de VLF, nos instantes TT, bem como a distˆancia de interferˆencia modal D, cujo monitoramento nos fornece ferramenta necess´aria para atingir os obje-tivos deste trabalho. A considera¸c˜ao de trajetos com diferentes dire¸c˜oes de propaga¸c˜ao e que atravessam regi˜oes sismicamente ativas, nos fornece a oportunidade de caracterizar o comportamento dos tempos TT, em fun¸c˜ao da dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao, visando encontrar perturba¸c˜oes na baixa ionosfera, as quais possam estar relacionadas com eventos s´ısmicos.

(20)

2

REFERENCIAL TE ´

ORICO

2.1

Ionosfera Terrestre: Baixa Ionosfera

A ionosfera ´e uma regi˜ao da atmosfera terrestre, localizada entre aproximadamente 50 km e 1000 km de altitude. Esta regi˜ao da atmosfera ´e constitu´ıda por el´etrons livres e ´ıons, os quais coexistem em equilibrio de densidade num´erica e formam um plasma fracamente ionizado.

A forma¸c˜ao de esp´ecies qu´ımicas eletricamente carregadas na ionosfera ´e atribu´ıda a processos de ioniza¸c˜ao denominados por fotoioniza¸c˜ao e por ioniza¸c˜ao de impacto. No processo de fotoioniza¸c˜ao, os ´ıons s˜ao produzidos quando os elementos neutros absorvem a energia eletromagn´etica dos f´otons e, na ioniza¸c˜ao por impacto, a transferˆencia de energia ocorre atrav´es das colis˜oes entre part´ıculas energ´eticas (provenientes do Sol ou de outras fontes extrasolares) e os constituintes neutros do meio.

A ionosfera terrestre possui diferentes regi˜oes como ´e mostrado na Figura 2.1. Tais regi˜oes s˜ao originadas por diferentes conjuntos de processos f´ısicos e qu´ımicos, em fun¸c˜ao da altitude. Entre 60 - 90 km de altitude, localiza-se a regi˜ao D, entre 90 - 150 km, a regi˜ao E e, acima de 150 km, a regi˜ao F. A ionosfera ´e controlada pela atividade solar de curto e longo prazo, a sua densidade eletrˆonica decai durante o per´ıodo noturno. Entretanto, as regi˜oes E e F mantˆem densidade suficiente para influenciar a propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´eticas que a atravessam ou nelas se reflitam. A regi˜ao D, a qual constitui a baixa ionosfera, por sua vez, ´e essencialmente diurna e desaparece de noite, devido a processos de perda de ioniza¸c˜ao por recombina¸c˜ao dissociativa (HARGREAVES, 1992, p. 231).

(21)

Figura 2.1: Perfis ionosf´ericos durante condi¸c˜ao diurna e noturna, assim como durante per´ıodos de m´aximo e m´ınimo de atividade solar. (Fonte: Modificado de HARGREAVES, 1992).

at´e altitudes baixas e, fotoionizar mol´eculas deN O, formando ´ıonsN O+, que juntamente com O+2, produzido pela radia¸c˜ao EUV, constituem os principais componentes qu´ımicos da baixa ionosfera. Eventualmente, o fluxo quiescente destas radia¸c˜oes ´e incrementado durante eventos transientes (explos˜oes solares) e seus efeitos tˆem sido muito estudados, utilizando-se a t´ecnica de VLF.

2.2

Guia de onda Terra - Ionosfera

(22)

on-das de VLF se propagam. A baixa ionosfera forma a fronteira superior deste guia e ´e considerada um bom condutor el´etrico (HUNSUCKER; HARGREAVES, 2003, p. 48). A fronteira inferior ´e formada pela superf´ıcie da Terra a qual ´e considerada como uma camada de boa condutividade el´etrica para refletir sinais de VLF (WATT, 1967, p. 180).

A presen¸ca do campo geomagn´etico confere `a ionosfera as propriedades de um meio magnetizado e anisotr´opico (RATCLIFFE, 1972, p. 135). Na pr´oxima se¸c˜ao, ser˜ao apre-sentados conceitos b´asicos da teoria de propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´eticas em meios magneto-ionizados, utilizando tratamento baseado nos trabalhos de J. Ratcliffe, (1959), K. Budden, (1961), J. Wait, (1962).

2.2.1 Propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´eticas em meios magneto-ionizados

O ´ındice de refra¸c˜ao para um meio magneto-ionizado ´e expresso pela equa¸c˜ao de Appleton-Hartree (RATCLIFFE, 1959, p. 19):

n2r = 1 X

1iZ( Y2

sen2

θ

2(1−X−iZ))±

q Y2

sen4

θ

4(1−X−iZ)2 +Y2cos2θ

(2.1)

Onde:

X= ω

2

p

ω2 sendo ω

2

p = q2

eNe

meε◦

Y = ωb

ω sendo ωb =

qeB0

me

Z = νe

ω

(2.2)

Este ´ındice ´e controlado pelos parˆametros adimensionais X, Y e Z onde ωp ´e a frequˆencia angular de plasma, que depende da densidade eletrˆonicaNe,ωb´e a girofrequˆencia,

que ´e consequˆencia da presen¸ca do campo geomagn´etico B0 o qual forma um ˆangulo θ

com a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao da onda, e νe ´e a frequˆencia de colis˜ao entre el´etrons e o

resto do meio, qe e me s˜ao a carga e massa do el´etron respetivamente.

Na equa¸c˜ao 2.1, nr ´e complexo e pode ser expresso por: nr =µiχ. Se consideramos uma onda da forma:

E =E0ei(ωt−

ω

(23)

e, substituindo nr, tem-se:

E =E0e(−χ

ω

cz)ei(ωt− ω

cµz) (2.4)

A ´ultima equa¸c˜ao, seχ6= 0, representa uma onda cuja amplitude ´e atenuada exponen-cialmente com a distˆancia sendo o termo de atenua¸c˜ao proporcional ae−χ. A quantidade κ= ω

cχ´e a medida da diminui¸c˜ao de amplitude por unidade de distˆancia e ´e denominado

de coeficiente de absor¸c˜ao.

Para a baixa ionosfera, observa¸c˜oes mostram que a frequˆencia de colis˜ao νe obedece a um comportamento exponencial dependente da altura (WAIT; SPIES, 1964), assumindo valores muito maiores que os da frequˆencia das ondas de VLF (HARGREAVES, 1992, p. 73). A presen¸ca deνetorna o ´ındice de refra¸c˜ao complexo e desta forma existir´a atenua¸c˜ao

nas ondas.

Desprezando o campo geomagn´etico (Y 0) e considerando queνe ω, o ´ındice de refra¸c˜ao ´e expresso como:

n2r = 1 X

1iZ (2.5)

Se Z 1 tem-se que:

n2r = 1iX

Z = 1−i ω2

p

ωνe (2.6)

Wait e Spies (1964), definem o termo ωr = ω

2

p

νe como o parˆametro de condutividade e,

utilizando modelos exponenciais para a densidade eletrˆonica (Ne) e a frequˆencia de colis˜ao (νe), mostram queωr ´e tamb´em bem representado por uma fun¸c˜ao exponencial:

ωr(h) = 2,5×105exp(β(hh′)) (2.7) O parˆametro β representa o gradiente de condutividade (km−1) que mede a taxa de varia¸c˜ao de ωr com a altura h, h′ ´e denominada de altura de referˆencia que ´e a altura onde ωr(h =h′

) = 2,5×105s−1. Em condi¸c˜oes n˜ao perturbadas, os t´ıpicos valores de h′ e β s˜ao h′ 70 km e β = 0,3 km−1 para condi¸c˜oes diurnas e, h

∼ 90 km e β = 0,5

km−1 para condi¸c˜oes noturnas (WAIT; SPIES, 1964). Os parˆametrosβ eh

(24)

2.3

Propaga¸

ao sub - ionosf´

erica de ondas de VLF

A propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´eticas ao longo de um guia de onda ´e regida pelas equa¸c˜oes de Maxwell cujas solu¸c˜oes, para determinadas condi¸c˜oes de contorno, fornecem a forma geral dos campos eletromagn´eticos. As equa¸c˜oes de Maxwell, apresentadas a seguir, dever˜ao ser resolvidas para as condi¸c˜oes de contorno do guia de onda Terra – Ionosfera.

∇ ×E = ∂B

∂t

∇ ×H = J+∂D

∂t (2.8)

∇.D = ρ

∇.B = 0

Sendo: D =εE B=µH

Onde:

E : campo el´etrico.

H: campo magn´etico.

B : indu¸c˜ao magn´etica.

J : densidade de corrente.

D : deslocamento el´etrico.

ε : permitividade do meio.

µ: permeabilidade do meio.

ρ: densidade de carga.

Existem duas teorias para estudar a propaga¸c˜ao de ondas de VLF, a teoria de raios

e a teoria modos guiados onde um modo pode ser entendido como uma onda se pro-pagando com uma determinada configura¸c˜ao de campo eletromagn´etico.

(25)

Na teoria de modos guiados o sinal ´e representado como uma superposi¸c˜ao de um n´umero discreto de “modos” de propaga¸c˜ao. Os modos resultam ao resolver as equa¸c˜oes de Maxwell para determinadas condi¸c˜oes de contorno de um guia de onda. Cada modo possui trˆes caracter´ısticas: a taxa de atenua¸c˜ao espacial, que representa a perda da intensidade do sinal com a distˆancia (dB/Mm), o fator de excita¸c˜ao que mede a eficiˆencia com a qual um modo ´e excitado pela antena transmissora, e a suavelocidade de fase.

Para descrever a propaga¸c˜ao de sinais de VLF ´e preciso considerar o guia de onda Terra – Ionosfera como um guia esf´erico, por´em muitos dos aspectos da propaga¸c˜ao de ondas de VLF podem ser mostrados considerando o guia de onda de paredes planas paralelas e perfeitamente condutoras (Theory Flat–Earth) (WATT, 1967, p. 241). A seguir, descrevemos a teoriaFlat–Earth para deduzir algumas caracter´ısticas b´asicas dos modos de propaga¸c˜ao. Esta teoria, na sua maioria, foi extra´ıda do livro: Fields and Waves in Communication Electronics (RAMO, 1994).

Para o guia de onda de paredes planas paralelas, considera-se que as paredes se es-tendem infinitamente na dire¸c˜ao do eixo z e que as ondas ser˜ao guiadas nesta mesma dire¸c˜ao. O comprimento das paredes do guia no eixoy ´e muito maior do que a distˆancia que separa as paredes (b h), e por consequˆencia pode-se considerar que o comprimento das paredes no eixoy´e infinito, desse modo varia¸c˜oes dos camposEeHno eixoy podem ser desprezadas. Um esquema do guia descrito acima ´e mostrado na Figura 2.2.

Figura 2.2: Esquema de um guia de ondas de planos paralelos com extens˜ao infinita no eixoz e com b h.

(26)

J = 0) e que os campos variam no tempo e no espa¸co segundo eiωt−γz. O parˆametro γ

´e denominado de constante de propaga¸c˜ao e fornece informa¸c˜ao sobre as caracter´ısticas da propaga¸c˜ao como, o grau de atenua¸c˜ao, as velocidades de fase e grupo. Com estas considera¸c˜oes as equa¸c˜oes de Maxwell podem ser escritas como:

∇ ×E = iωµH

∇ ×H = iωεE (2.9)

∇.D = 0

∇.B = 0

Resolvendo o sistema de equa¸c˜oes anterior chega-se `as equa¸c˜oes de onda para os campos E eH e, assumindo ondas harmˆonicas chega-se `as equa¸c˜oes de Helmholtz:

∇2E+k2E = 0 (2.10)

∇2H+k2H= 0 Sendok =ω√µε.

Conhecendo a dependˆencia dos campos em fun¸c˜ao de z, o operador laplaciano pode ser dividido em duas partes, uma componente transversal `a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao e uma componente longitudinal ao longo do eixo z.

∇2 =2tE+∂ 2E

∂2z =∇ 2

tE+γ2E (2.11)

Assim, tem-se:

∇2tE+ (k2+γ2)E= 0 (2.12)

∇2tH+ (k2+γ2)H= 0

Resolvendo as equa¸c˜oes de Maxwell para os rotacionais de EeHe considerando que,

(27)

∇ ×E=iωµH

| {z } ∇ ×

H=iωεE

| {z }

∂Ez

∂y +γEy =−iωµHx

∂Hz

∂y +γHy =iωεEx

−γEx ∂Ez

∂x =−iωµHy −γHx−

∂Hz

∂x =iωεEy

∂Ey

∂x − ∂Ex

∂y =−iωµHz

∂Hy

∂x − ∂Hx

∂y =iωεEz

(2.13)

Em geral, γ pode ser complexo e representado como γ = α +iβ com α e β reais. Quandoβ = 0 a onda ´e chamada de onda evanescente e quandoα = 0 a onda ´e chamada de onda propagante. Considerando uma onda propagante sem atenua¸c˜ao e lembrando que os campos n˜ao dependem da vari´avely (∂

∂y ≡ 0) as componentes transversais do campo

e as equa¸c˜oes de Helmholtz, em fun¸c˜ao das componentes longitudinais (Ez e Hz), s˜ao escritas como:

Ex =ki2

c(β

∂Ez

∂x) Hx =

i k2

c(−β

∂Hz

∂x )

Ey = ki2

c(ωµ

∂Hz

∂x ) Hy =−

i k2

c(ωε

∂Ez

∂x )

(2.14)

d2

Ez

dx2 +k2cEz = 0

d2

Hz

dx2 +k2cHz = 0 (2.15)

Onde:

k2c =k2+γ2 =k2β2 (2.16) As solu¸c˜oes do sistema de equa¸c˜oes 2.14 e 2.15 s˜ao denominados de “modos de propaga¸c˜ao”e s˜ao classificados em trˆes categorias: Transversal Eletromagn´eticoou TEM (Hz = Ez = 0), Transversal El´etrico ou TE (Hz 6= 0, Ez = 0) e Transversal Magn´etico ou TM (Hz = 0, Ez 6= 0).

Para modos de tipo TM podemos obter as configura¸c˜oes dos campos transversais e longitudinais utilizando o sitema de equa¸c˜oes 2.14 e 2.15. Uma solu¸c˜ao paraEna equa¸c˜ao 2.15 pode ser escrita como:

(28)

Como as paredes do guia s˜ao condutores perfeitos (condutividade: σ → ∞) o campo tangencial el´etricoEz tem que ser nulo nas fronteiras. Supondo-se que as paredes do guia est˜ao localizadas emx= 0 e x=h, a condi¸c˜aoEz(x= 0) = 0 requer C = 0. A condi¸c˜ao

Ez(x=h) = 0 requer A = 0 ou sin(kca) = 0 o qual ´e satisfeito para:

kc = nπ

h n= 0,1,2. . . (2.18)

Onden representa a ordem do modo.

Assim, as solu¸c˜oes para a componente longitudinal Ez, que cumprem as condi¸c˜oes de contorno, s˜ao:

Ez =Asin(nπx

h ) (2.19)

ConsiderandoHz = 0, os campos transversais para os modosT Mn, s˜ao obtidos utilizando o sistema de equa¸c˜oes 2.14:

Ex =γhAcos(nπxh ) Ey = 0

Hy = −iωεh

nπ Acos( nπx

h ) Hx = 0

(2.20)

Da mesma forma como foram tratados os modosTM, podemos obter as configura¸c˜oes dos campos transversais e longitudinais para modos de tipo TE. Utilizando a condi¸c˜ao de contorno Ey(x= 0) = 0, obt´em-se:

Hz =Ccos(kcx)

Hx =k

cCsin(kcx) Hy = 0

Ey = −iωµ

kc Csin(kcx) Ex = 0

(2.21)

A condi¸c˜ao de contorno Ey(x =h) = 0 implica que kc seja m´ultiplo de πh como para

os modosTM. Utilizando a equa¸c˜ao 2.16 podemos analisar a constante de propaga¸c˜ao:

γ =pk2

c −k2 = r

(nπ

h )

2ω2µε (2.22)

Para que exista propaga¸c˜ao γ tem que ser complexo, caso contr´ario, a onda torna-se evanescente, com isso, a equa¸c˜ao 2.22 deve satisfazer a seguinte condi¸c˜ao:

ω√µε > nπ

h ou 2πf

µε >

(29)

De onde, obt´em-se:

f > nc

2h (2.24)

sendo: c= √1µε, a velocidade da luz.

Portanto para um modoT MnouT Ena frequˆencia m´ınima para que exista propaga¸c˜ao ´e dada por:

fcn =

nc

2h (2.25)

Esta frequˆencia m´ınima ´e denominada de frequˆencia de corte do modo de ordem “n”. Para f > fcn a onda se propaga com uma velocidade de grupo υgn = c

q

1 fcn2

f2 que se

aproxima a zero quandof se aproxima a fcn. Se f < fcn o modo ´e chamado evanescente

e ´e fortemente atenuado com a distˆancia pelo que sua contribui¸c˜ao ao sinal medido ser´a m´ınima ou nula exceto se o receptor estiver pr´oximo ao transmissor.

Desta forma, mostramos algumas caracter´ısticas da propaga¸c˜ao de ondas eletromagn´e-ticas ao longo de um guia de placas paralelas, por´em, devido `a curvatura da Terra, o guia de onda Terra–Ionosfera, deve ser considerado como um guia de geometria esf´erica. Para este tipo de guia, com paredes perfeitamente condutoras, o modo TE indica ausˆencia da componente radial do campo el´etrico e o modo TM indica ausˆencia de componente radial do campo magn´etico. Os modos TM tornam-se relativamente importantes, neste tipo de guia, porque possuem somente componente radial do campo el´etrico, o que satisfaz `a condi¸c˜ao de contorno que ´e a anula¸c˜ao do campo el´etrico nas fronteiras do guia. J´a os modos TE possuem campos el´etricos puramente tangenciais e n˜ao cumprem tal condi¸c˜ao (JACKSON J., 1975, p. 367).

(30)

Frequencies). Este tipo de modo ´e fortemente atenuado com a frequˆencia (WAIT, 1957) e a sua contribui¸c˜ao aos campos de ondas de VLF ´e muito pequena (WATT, 1967).

Wait e Spies (1964), demostraram que modos de maior ordem possuem uma maior atenua¸c˜ao espacial (dB/Mm) por isso, para longos trajetos de propaga¸c˜ao, poucos mo-dos s˜ao necess´arios para obter a forma da onda que se propaga no guia. Na Figura 2.3, mostramos a varia¸c˜ao da atenua¸c˜ao espacial e da velocidade de fase em fun¸c˜ao da frequˆencia para os trˆes primeiros modos de propaga¸c˜ao (WAIT; SPIES, 1964). As curvas foram calculadas para condi¸c˜oes ionosf´ericas noturnas (β = 0,5 km−1 e h

= 90 km) e diurnas (β = 0,3 km−1 eh= 70 km) utilizando um modelo de guia de ondas esf´erico.

Figura 2.3: a) Curvas de atenua¸c˜ao espacial dos trˆes primeiros modos durante condi¸c˜oes de propaga¸c˜ao noturna NN (linha cont´ınua) e condi¸c˜oes diurnas ND(linha pontilhada); b) Curvas das velocidades de fase para os mesmos modos e nas mesmas condi¸c˜oes (Fonte: WAIT; SPIES, 1964).

(31)

dominante e ser´a suficiente considerar somente esse modo para descrever a propaga¸c˜ao VLF em condi¸c˜oes diurnas. Para a propaga¸c˜ao noturna a atenua¸c˜ao dos modos 1 e 2 s˜ao compar´aveis acima de uma determinada frequˆencia. A presen¸ca de dois modos se propagando na regi˜ao noturna do guia e com velocidades de fase diferentes, sendo a velocidade de fase do modo 2 sempre maior que o modo 1 (ver Figura 2.3b), origina um padr˜ao de interferˆencia modal o qual produzir´a m´aximos e m´ınimos valores da amplitude.

2.4

Interferˆ

encia e Convers˜

ao Modal

A existˆencia de dois ou mais modos se propagando ao longo do guia origina um padr˜ao de interferˆencia modal que gera m´ınimos e m´aximos de amplitude quando se completam ciclos de interferˆencia destrutiva e construtiva, respectivamente. Um exemplo deste padr˜ao ´e observado na Figura 2.4 onde ´e apresentada a varia¸c˜ao da amplitude em fun¸c˜ao da distˆancia obtida por Comarmond (1997). As curvas foram calculadas para um sinal de 22,3 kHz, propagando-se na dire¸c˜ao Leste – Oeste, e considerandoβ = 0,5 km−1 e h′

= 90 km para condi¸c˜oes de propaga¸c˜ao noturna (Figura 2.4a) e β = 0,3 km−1 e h′ = 70km para condi¸c˜oes diurnas (Figura 2.4b).

Figura 2.4: Contribui¸c˜ao dos 3 primeiros modos de menor ordem na amplitude do sinal: (a) propaga¸c˜ao em condi¸c˜oes noturnas [β = 0,5 km−1 eh

(32)

A Figura 2.4 mostra a contribui¸c˜ao dos trˆes primeiros modos na amplitude total do sinal. As curvas de atenua¸c˜ao, para cada modo, s˜ao representadas com linhas tracejadas. Para condi¸c˜oes noturnas o padr˜ao de interferˆencia observado ´e modificado com a distˆancia se tornando, para longos comprimentos, num padr˜ao gerado somente pelos modos 1 e 2. Para condi¸c˜oes diurnas, acima de uma determinada distˆancia, o padr˜ao desaparece e o modo 1 torna-se dominante. Para distˆancias pr´oximas ao transmissor (< 4 Mm) um complexo padr˜ao de interferˆencia modal ´e observado particularmente durante o dia, devido `a presen¸ca de modos de maior ordem no padr˜ao de interferˆencia (POULSEN, 1991).

Para receptores localizados numa distˆancia fixa do transmissor, o padr˜ao de inter-ferˆencia modal ser´a observado durante o per´ıodo em que o Terminadouro noite/dia se desloca ao longo do trajeto de propaga¸c˜ao, isso porque, a medida que o Terminadouro se desloca encontra-se com sucessivos m´ınimos de amplitude, observados na regi˜ao noturna do trajeto, fazendo que estes m´ınimos sejam registrados no lado diurno do guia em deter-minados tempos. Um exemplo deste padr˜ao ´e mostrado na Figura 2.5, onde apresentamos 24 horas de registros de amplitude na receptora ATI (Brasil) para sinais emitidos desde NPM (Hava´ı) em 21,4 kHz.

(33)

A presen¸ca de m´ınimos de amplitude foi explicada por Crombie (1964) utilizando modelos de guia de onda como os mostrados na Figura 2.6, onde s˜ao representados os modelos para os per´ıodos de transi¸c˜ao noite/dia ou amanhecer (Figura 2.6a) e dia/noite ou anoitecer (Figura 2.6b). Neste trabalho analisamos os m´ınimos de amplitude observados durante o per´ıodo de amanhecer por isso, focamos a nossa aten¸c˜ao no estudo do modelo mostrado na Figura 2.6a.

Figura 2.6: Esquema dos modelos de guia de onda durante os per´ıodos de transi¸c˜ao noite/dia (Figura a) e dia/noite (Figura b).

Para o per´ıodo de amanhecer somente dois modos noturnos (NN = 1 e NN = 2) est˜ao se propagando na regi˜ao noturna do guia. Nas proximidades da linha Terminadouro o modo NN = 2 ´e convertido num modo de primeira ordem diurno ND = 1, dessa forma, somente existir´a um modo de primeira ordem se propagando na regi˜ao diurna do guia de onda. Modelos mais gerais, os quais consideram a soma de todos os modos de propaga¸c˜ao poss´ıveis do lado noturno e diurno do guia, foram desenvolvidos por outros autores (WALKER, 1965; WAIT, 1992; GALEJS, 1971).

(34)

Segundo o Walker (1965), na regi˜ao noturna do trajeto, existe uma serie de modos de propaga¸c˜ao ao longo do guia de onda noturno de altura de reflex˜aohN. Na distˆancia dN

o campo el´etrico ´e representado como a soma de todos os modos poss´ıveis excitados pela antena transmissora.

E = E0

hN[ X

n

Λne−αNndNe−iω dN

vNn]e−iωt (2.26)

Onde:

N : faz referˆencia `a regi˜ao noturna do guia.

n : n´umero de modo noturno.

E0 : ´e uma constante que ´e determinada pela frequˆencia angular da ondaω, a distˆancia e a potˆencia da antena transmissora.

Λn : fator de excita¸c˜ao do transmissor para o modo n noturno (complexo).

αNn : taxa de atenua¸c˜ao para o modo n noturno (dB/Mm).

dN : distˆancia entre o transmissor e o in´ıcio da descontinuidade (distˆancia noturna).

ω : frequˆencia angular da onda.

t : tempo.

vNn : velocidade de fase do modo n noturno.

hN : altura de reflex˜ao da ionosfera noturna.

Considerando que na descontinuidade da altura de reflex˜ao ocorre a convers˜ao modal, de maneira que na regi˜ao diurna do trajeto, existe uma nova s´erie de modos se propagando. O campo el´etrico ´e determinado pela convers˜ao modal e pelas condi¸c˜oes diurnas do guia de altura de reflex˜ao hD. Com isso, o campo el´etrico no receptor pode ser representado como segue:

E = E0D

hD { X

m

Γme−αDmdDe−iω dD

vDm}e−iωt (2.27)

(35)

de : distˆancia entre o transmissor e o final da descontinuidade (ver Figura 2.6)

D : faz referˆencia `a regi˜ao diurna do guia.

m : n´umero de modo diurno.

O termo Γm ´e dado por:

Γm = X

n

TnmΛne−αNndNe−iω dN

vNn (2.28)

Sendo:

Tnm : ´e o coeficiente de convers˜ao (complexo) do modonnoturno ao modo mdiurno.

Considerando que a descontinuidade da altura de reflex˜ao est´a longe suficiente do transmissor e receptor de maneira que, na regi˜ao noturna do trajeto, modos de ordem superior aos modos noturnosn= 1 e 2 s˜ao desprezados e, na regi˜ao diurna, somente exista o modo diurno de primeira ordem dominantem = 1. Isto devido `a maior atenua¸c˜ao que possuem os modos de maior ordem (ver Figura 2.3). Com estas condi¸c˜oes a equa¸c˜ao 2.27 escreve-se:

E = E0D

hD Γ1e

−αD1dDe−

iω dD

vD1e−iωt (2.29)

Substitu´ındo a express˜ao para Γ1:

E = E0D

hD e

−iωte−αD1dDe−

iω dD

vD1{T11Λ1e−αN1dNe−

iωdN

vN1 +T21Λ2e−αN2dNe−

iωdN

vN2} (2.30)

A intensidade do campo ´e dada pelo m´odulo de E:

|E|= E0D

h0De

−2αD1dD{|T11Λ1|2e−2αN1dN +|T21Λ2|2e−2αN2dN+

+2|T11Λ1||T21Λ2|e−(αN1+αN2)dN cos[arg(T11Λ1) +ωdN

vN1 −arg(T21Λ2)−ω

dN

vN2]}

1/2 (2.31)

|E|= E0D

hD e

−2αD1dD{|T11Λ1|2e−2αN1dN +|T21Λ2|2e−2αN2dN+

+2|T11Λ1||T21Λ2|e−(αN1+αN2)dNcos[arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πdN(

1

λN1 −

1

λN2)]}

1/2

(36)

Da equa¸c˜ao 2.32 podemos deduzir que um m´ınimo de amplitude ser´a observado no receptor quando:

cos[arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πdN( 1

λN1 − 1

λN2

)] =1 (2.33)

Onde λN1 e λN2 s˜ao os comprimentos de onda para os modos noturnos n = 1 e 2 (modosNN = 1 e NN = 2 na Figura 2.3), respectivamente. A equa¸c˜ao 2.33 mostra que a observa¸c˜ao de um m´ınimo de amplitude no receptor depende somente do comprimento da regi˜ao noturna do trajeto, dN, a qual varia segundo o Terminadouro se desloca ao longo do trajeto. Apartir disso, pode se deduzir que m´ınimos de amplitude ser˜ao observados quando o Terminadouro atravesse determinados pontos do trajeto de propaga¸c˜ao. O fato de um m´ınimo ser observado s´o depender dedN implica que m´ınimos de amplitude ser˜ao registrados simultaneamente por receptores localizados no mesmo grande c´ırculo ao Leste do Terminadouro noite/dia (CROMBIE, 1964).

Na equa¸c˜ao 2.33, a condi¸c˜ao de m´ınima amplitude ´e satisfeita quando:

arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πdN( 1

λN1 − 1

λN2

) = (2p1)π (p= 1,2,3. . .) (2.34) Na equa¸c˜ao 2.34 podemos definir a distˆancia de interferˆencia modal D como segue:

1

D =

1

λN1 − 1

λN2

(2.35)

ou

D= υN1υN2

f(υN2−υN1)

(2.36)

Onde υN2 eυN1 s˜ao as velocidades de fase para os modos noturnosn = 1 e 2 respec-tivamente. Note-se que a distˆancia de interferˆencia depende somente dos parˆametros de propaga¸c˜ao da onda do lado noturno.

Se na equa¸c˜ao 2.34 denotamos dN comod1, d2,d3 . . . para cada p= 1,2,3 . . . , respec-tivamente, obt´em-se para os primeiros valores correspondentes:

arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πd1

(37)

arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πd2

D = 3π (p= 2) (2.38)

arg(T11Λ1

T21Λ2) + 2πd3

D = 5π (p= 3) (2.39)

Das equa¸c˜oes 2.37, 2.38 e 2.39 podemos deduzir que:

D=d2−d1 =d3−d2 =. . . (2.40)

O parˆametro Drepresenta a distˆancia necess´aria para a fase relativa mudar de 2π. A distˆancia D ´e um parˆametro importante de um modelo de guia de onda durante per´ıodos de transicao noite/dia ou dia/noite e seu c´alculo e monitoramento ser˜ao a ferramenta principal utilizada neste trabalho.

Em resumo, a teoria de Walker mostra, para um trajeto de propaga¸c˜ao Oeste–Leste, que:

- M´ınimos de amplitude ser˜ao observados no receptor, de forma peri´odica, quando o Terminadouro atravesse determinados pontos do trajeto de propaga¸c˜ao.

- A distˆancia entre as localiza¸c˜oes destes m´ınimos ´e D a qual ´e uma constante.

(38)

3

DADOS E METODOLOGIA

3.1

Instrumenta¸

ao: Rede SAVNET

Os dados utilizados neste trabalho foram fornecidos pelaSouth America VLF Network (SAVNET), a qual tem um acervo de dados de aproximadamente 5 anos, composto por medidas de fase e amplitude de sinais de VLF. A rede SAVNET atualmente ´e composta por 9 esta¸c˜oes receptoras localizadas em diferentes pa´ıses da Am´erica do Sul. Na Figura 3.1, mostramos a localiza¸c˜ao das esta¸c˜oes da rede SAVNET (losangos vermelhos) e a localiza¸c˜ao de alguns transmissores de sinais de VLF (triˆangulos amarelos).

Figura 3.1: Localiza¸c˜oes das esta¸c˜oes da rede SAVNET (losangos vermelhos) e dos trans-missores VLF (triˆangulos amarelos)

(39)

antenas tipo quadro possuem uma resposta direcional tendo seu m´aximo ganho quando o plano da antena est´a alinhado com a dire¸c˜ao da esta¸c˜ao transmissora. Nestas antenas, os sinais VLF induzem uma diferen¸ca de potencial a qual ´e detectada. Os sinais s˜ao ampli-ficados e digitalizados, utilizando uma placa de ´audio como um conversor A/D. Detalhes da instala¸c˜ao, funcionamento e primeiros resultados da rede SAVNET s˜ao publicados em (RAULIN et al., 2009a), (RAULIN et al., 2009b).

Figura 3.2: Arranjo de antenas de uma esta¸c˜ao da rede SAVNET. Duas antenas s˜ao do tipo quadro ou “loop” e uma de tipo vertical ou dipolo.

3.2

Sele¸

ao de dados

(40)

o objetivo de procurar poss´ıveis perturba¸c˜oes do guia de onda relacionadas com eventos s´ısmicos. Os trajetos de propaga¸c˜ao selecionados s˜ao apresentados na Figura 3.3 com linhas vermelhas. Na Tabela 3.1, mostramos algumas caracter´ısticas das esta¸c˜oes trans-missoras e receptoras utilizadas neste trabalho.

Figura 3.3: Trajetos de propaga¸c˜ao que ser˜ao utilizados neste trabalho (linhas vermelhas)

(41)

Esta¸c˜ao Transmissora (TX) Frequˆencia (kHz) Coordenadas Geogr´aficas Esta¸c˜ao Receptora (RX) Coordenadas Geogr´aficas Distˆancia (Mm)

ATI 23◦ 11´ S 13,07

21◦ 24´ N 4633´ W

NPM 21,4 PLO 21◦ 24´ S 9,65

158◦ 9´ W 1260´ W

ICA 14◦ 10´ S 9,82

75◦ 44´ W

48◦ 12´ N PLO 2124´ S 8,11

NLK 24,8 12◦ 60´ W

121◦ 55´ W PIU 512´ S 6,02 80◦ 37´ W

Tabela 3.1: Caracter´ısticas das esta¸c˜oes transmissoras e receptoras utilizadas neste tra-balho.

3.3

Tratamento de dados:

3.3.1 Metodologia: Terminator Time

(42)

Figura 3.4: Registros de amplitude do 24/05/2011 para os trajetos de propaga¸c˜ao NPM – ATI (a) e NPM – PLO (b). M´ınimos de amplitude ocorrem em determinados tempos conhecidos como tempos TT e s˜ao rotulados segundo seu tempo de ocorrˆencia.

Para realizar as medidas dos tempos TT foram desenvolvidos algoritmos na linguagem de programa¸c˜ao IDL (Interactive Data Language). Com estes algoritmos realizamos medi-das di´arias dos tempos TT. O fato de ter medimedi-das di´arias durante longos per´ıodos permite estudar a varia¸c˜ao dos tempos TT em diferentes escalas temporais como, por exemplo, o seu comportamento sazonal.

3.3.2 Estimativa da distˆancia de interferˆencia modal D

(43)

calcular o hor´ario de amanhecer em qualquer ponto do trajeto. A defini¸c˜ao do ˆangulo zenitalχcorrespondente ao hor´ario de amanhecer, num ponto do trajeto, ´e um importante parˆametro a ser considerado nas s´eries temporais dos tempos TT.

Lynn (1967), apresenta um modelo de amanhecer utilizando um ˆangulo zenital solarχ

= 98◦ e, anos depois, baseando-se em observa¸c˜oes do amanhecer local, redefine o modelo com um ˆangulo χ = 94◦ (LYNN, 1970). Sechrist (1968), utilizando medidas “in situ” da concentra¸c˜ao eletrˆonica da regi˜ao D e registros de amplitude de sinais de VLF, mostra que o ˆanguloχ adota valores entre 94◦ e 98durante o amanhecer e sugere que a varia¸c˜ao deχ´e controlada pela camada de ozˆonio.

Neste trabalho, para escolher o ˆangulo zenital solar χ no amanhecer, analisamos as medidas di´arias do aumento matutino da fase de sinais VLF, em diferentes trajetos. Esta an´alise mostra que os avan¸cos de fase ocorrem quandoχ adota um dos valores entre 95◦; 95,5◦; 96e 96,5, dependendo da ´epoca do ano. Para cada um destes ˆangulos, curvas de hor´ario de amanhecer foram calculadas em 1000 pontos diferentes, ao longo do trajeto de propaga¸c˜ao e s˜ao comparadas com as curvas dos tempos TT. A compara¸c˜ao foi realizada at´e se obter o melhor ajuste. Assim, para cada dia de observa¸c˜ao, foram obtidas as posi¸c˜oes do Terminadouro, no trajeto, nos instantes TT.

Os valores di´arios para a distˆancia de interferˆencia modal D foram estimados utilizando os seguintes passos:

1. Comparando as curvas de hor´ario de amanhecer calculadas com as curvas observa-cionais dos tempos TT, encontramos as posi¸c˜oes do Terminadouro nesses instantes. Na Figura 3.5, mostramos um exemplo do ajuste entre o hor´ario de amanhecer cal-culado (linha vermelha), num determinado ponto do trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI, e medidas do tempo T6 (s´ımbolos pretos). A curva te´orica foi calculada utilizando χ = 96◦.

2. Conhecendo-se as posi¸c˜oes do Terminadouro nos instantes TT, foram calculadas as distˆancias at´e o transmissor, as quais s˜ao definidas como distˆancias noturnas, dN. Cada distˆancia dN ´e rotulada segundo a ordem de observa¸c˜ao do tempo TT, por exemplo, d6 representa a distˆancia noturna do trajeto no instante T6.

(44)

Figura 3.5: Ajuste entre a curva te´orica do hor´ario de amanhecer (linha vermelha), em um determinado ponto do trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI, e as medidas observacionais dos temposT6 do mesmo trajeto

distˆancia D, por exemplo D56 = d5 - d6, D45 = d4 -d5. Destas distˆancias, um valor m´edio para D ´e obtido diariamente. Por exemplo, para o caso de NPM – PLO, onde s˜ao observados cinco m´ınimos de amplitude, o valor m´edio de D para o i-´esimo dia ser´a Di = (D56+D45+D34+D23)/4.

4. O valor final para a distˆancia de interferˆencia modal D foi estimado como uma m´edia dos Di, ou seja:

D=

P iDi

N (3.1)

(45)

4

RESULTADOS OBSERVACIONAIS

Conforme mencionado na sec¸c˜ao 3.3, a metodologia utilizada neste trabalho se baseia no monitoramento dos tempos de ocorrˆencia de m´ınimos de amplitude gerados por in-terferˆencia modal e observados quando o Terminadouro matutino se desloca ao longo do trajeto de propaga¸c˜ao VLF. Nesta sec¸c˜ao, apresentam-se medidas di´arias dos tempos TT de sinais VLF emitidos por transmissores localizados no Hemisf´erio Norte (NPM e NLK) e registrados por receptores nas localidades de Brasil (ATI) e Per´u (PLO e PIU).

4.1

Caracter´ısticas dos tempos de ocorrˆ

encia de m´ınimos de

am-plitude

S´eries temporais dos tempos TT s˜ao mostradas nas Figuras 4.1 e 4.2 para os trajetos de propaga¸c˜ao NPM – ATI, NPM – PLO, NLK – PLO e NLK – PIU. Eventualmente per´ıodos com lacunas de dados no trajeto NPM – ATI (Figura 4.1a) foram complementados com medidas realizadas em ATI (cruzes azuis) com um receptor da rede AWESOME.

Destacamos a seguir algumas caracter´ısticas do comportamento dos tempos TT com base nas Figuras 4.1 e 4.2.

(46)
(47)
(48)

• A segunda caracter´ıstica ´e a varia¸c˜ao do n´umero de m´ınimos de amplitude obser-vados. Na Figura 4.1, notamos que para os trajetos NPM – ATI e NPM – PLO s˜ao sempre registrados seis e cinco tempos TT respectivamente, independente da ´epoca do ano. Por outro lado, para NLK – PLO e NLK – PIU (Figura 4.2), entre os meses de maio e julho de cada ano, somente ´e poss´ıvel distinguir um ´unico tempo TT e, no resto do ano, s˜ao observados quatro. A varia¸c˜ao do n´umero de m´ınimos de amplitude depende do ˆangulo α formado entre o Terminadouro e o trajeto de propaga¸c˜ao. A Figura 4.3 mostra o ˆangulo α para as ´epocas de Ver˜ao e Inverno do Hemisf´erio Sul.

Figura 4.3: Mostra o ˆanguloαpara os trajetos de propaga¸c˜ao NPM – ATI e NLK – PLO nas ´epocas de ver˜ao e inverno do hemisf´erio sul.

(49)

Figura 4.4: Varia¸c˜ao do ˆangulo α para trajetos NPM ATI (linha cont´ınua) e NLK -PLO (linha pontilhada). Linhas verticais azuis mostram o per´ıodo de valores m´ınimos de

α para o primeiro ano de observa¸c˜ao.

4.2

Simultaneidade dos tempos TT

Conforme demonstrado na sec¸c˜ao 2.4 (equa¸c˜ao 2.34), a ocorrˆencia de m´ınimos de amplitude ao longo de um trajeto de propaga¸c˜ao, depende do valor da distˆancia noturna

dN, a qual representa o comprimento da por¸c˜ao n˜ao iluminada do trajeto. Esses m´ınimos

(50)
(51)

A propriedade de simultaneidade ´e tamb´em confirmada para um longo per´ıodo de observa¸c˜ao como mostra a Figura 4.5b, onde apresentamos medidas di´arias dos tempos TT observados nos trajetos citados anteriormente. Da figura, percebe-se que o comporta-mento do tempoT6´e o mesmo nos trˆes trajetos de propaga¸c˜ao. Esta mesma caracter´ıstica ´e tamb´em observada para os tempos T5, T4 e T3. J´a para o tempo T2 observamos que ´e registrado, nos receptores PLO e ICA, com um atraso em compara¸c˜ao ao registrado no receptor ATI, independente da ´epoca do ano.

A propriedade de simultaneidade ´e tamb´em observada nos trajetos NLK – PLO (s´ımbolos pretos) e NLK – PIU (s´ımbolos vermelhos) como mostra a Figura 4.6a para um dia de observa¸c˜ao, e a Figura 4.6b para 4 anos de registros. Para estes trajetos notamos que o comportamento dos temposT3 eT4 ´e o mesmo para ambos os trajetos.

Para o trajeto NLK – PIU, notamos que existe um m´ınimo de amplitude que n˜ao ´e observado em PLO, o qual ´e registrado entre os meses de mar¸co – abril e julho – outubro de cada ano como mostrado na Figura 4.6b, onde o m´ınimo ´e rotulado como T2 (cor vermelha). M´ınimos de amplitude s˜ao tamb´em registrados entre os meses de Novembro de 2009 e Fevereiro de 2010, caracter´ıstica que n˜ao ´e observada em outros anos.

(52)
(53)

4.3

Estimativa da distˆ

ancia de interferˆ

encia modal D

4.3.1 Estimativa da distˆancia D utilizando c´alculos do hor´ario de amanhecer

Como foi descrito na sec¸c˜ao 3.3.2, utilizamos ˆangulos zenitais χ = 95◦; 95,5; 96◦ e 96,5◦ para definir e calcular o hor´ario de amanhecer para 1000 pontos diferentes ao longo do trajeto de propaga¸c˜ao. Cada uma das curvas calculadas foi comparada com cada curva observacional dos tempos TT at´e obter o melhor ajuste. Dessa forma, foram localizadas diariamente as posi¸c˜oes da linha Terminadouro ao longo do trajeto nos instan-tes correspondeninstan-tes aos tempos TT e, com isso, posi¸c˜oes m´edias foram estimadas. Este procedimento foi realizado para os trajetos NPM – ATI, NPM – PLO e NPM – ICA, para os quais s˜ao tamb´em calculadas distˆancias noturnasdN para cada dia de observa¸c˜ao, seguindo a metodologia descrita na sec¸c˜ao 3.3.2. O resultado, para os trajetos NPM – ATI e NPM – PLO, ´e mostrado nas Figuras 4.7 e 4.8 respectivamente.

Figura 4.7: Distˆancias noturnas,dN, para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI.

(54)

Figura 4.8: Distˆancias noturnas,dN, para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – PLO.

interferˆencia modal D. Por exemplo, um valor para D ´e calculado deD56 =d5−d6, outro deD45=d4−d5, assim sucessivamente. Dessa forma, para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI, foram estimados cinco valores para D diariamente que s˜ao, D56, D45, D34, D23,

D12, e para NPM – PLO e NPM – ICA somente quatro,D56, D45,D34 e D23. Os valores m´edios, em fun¸c˜ao do n´umero de dias, s˜ao listados na Tabela 4.1. Nessa mesma tabela ´e mostrado o valor final de D obtido utilizando a equa¸c˜ao 3.1.

Trajeto D56 D45 D34 D23 D12 D

TX – RX (km) (km) (km) (km) (km) (km)

NPM - ATI 2200±120 2160±130 2190±140 2210±180 2130±250 2190±60

NPM – PLO 2190±120 2190±130 2110±140 1550±230 — 2160±60

NPM – ICA 2190±120 2170±130 2160±150 1700±180 — 2170±50

Tabela 4.1: Valores m´edios para D56, D45, D34, D23, D12 e D, obtidos em fun¸c˜ao ao n´umero de dias.

(55)

D56, D45, D34, isso porque o valor D23 apresenta uma “anomalia”, a qual ser´a discutida no pr´oximo cap´ıtulo.

A partir das Figuras 4.7, 4.8 e dos valores estimados deDem cada um dos trajetos de propaga¸c˜ao, podemos destacar algumas caracter´ısticas do comportamento das distˆancias

dN eD:

– Para o trajeto NPM – ATI, os valores da distˆancia de interferˆencia modal D a-presentam pouca diferen¸ca entre si, o qual confirma a periodicidade do padr˜ao de interferˆencia modal. Para os trajetos NPM – PLO e NPM – ICA, somente os valores de D56, D45 eD34 s˜ao pr´oximos entre si.

– Para os trˆes trajetos monitorados, observa-se que os valores de D56, D45 e D34 s˜ao similares e que o valor final para a distˆancia de interferˆencia modal D s˜ao pr´oximos. Isso significa que o padr˜ao de interferˆencia observado nos trˆes trajetos ´e o mesmo.

– Para os trajetos NPM – PLO e NPM – ICA, percebe-se que o valor de D23´e menor que D56,D45eD34. Uma poss´ıvel explica¸c˜ao para este valor anˆomalo ´e a existˆencia de modos de maior ordem se propagando no lado diurno do trajeto que conseguem chegar ao receptor alterando o padr˜ao de interferˆencia modal normalmente obser-vado.

– As curvas temporais das distˆancias noturnas dN apresentam maior dispers˜ao para pontos do trajeto mais distantes do transmissor.

Essas caracter´ısticas observadas ser˜ao discutidas no pr´oximo cap´ıtulo.

4.3.2 Estimativa da distˆancia D utilizando a velocidade do Terminadouro

Um segundo m´etodo para estimar a distˆancia D ´e considerando a rela¸c˜ao:

D=VT ×∆T (4.1)

(56)

Para utilizar a rela¸c˜ao 4.1, fizemos uma estimativa da velocidade VT e o resultado ´e mostrado na Figura 4.9 para NPM – ATI (linha cont´ınua) e NLK – PLO (linha tracejada). Note-se que ambas as velocidades apresentam uma variabilidade, a qual depende do ˆangulo

α como ser´a explicado mais adiante.

Figura 4.9: Varia¸c˜ao da velocidade do Terminadouro, VT, em fun¸c˜ao da distˆancia, para os trajetos NPM – ATI (linha cont´ınua) e NLK– PLO (linha pontilhada). Losangos vermelhos indicam os valores m´edios das distˆancias noturnasdN, as quais s˜ao calculadas desde os pontos P at´e o receptor.

Valores m´edios para dN foram calculados em fun¸c˜ao do per´ıodo de observa¸c˜ao e s˜ao listados na Tabela 4.2. As letras P indicam os pontos do trajeto a partir dos quais, os valores m´edios dedN s˜ao calculados. Por exemplo, o comprimento da por¸c˜ao do trajeto de

P6 at´e NPM ´e a distˆancia noturnad6, de P5 at´e NPM ´e a distˆancia noturnad5 e assim por diante. J´a o comprimento do intervalo entre P5 e P6 ´e o que foi definido como distˆancia de interferˆencia modal D56, entre P4 e P5 ´e a distˆancia D45 e assim sucessivamente.

(57)

Trajeto d6 d5 d4 d3 d2 d1

TX – RX (km) (km) (km) (km) (km) (km)

NPM – ATI 750±80 2940±110 5100±140 7290±170 9500±220 11580±270

NPM – PLO 740±80 2930±110 5120±140 7230±150 8770±130 ————

NPM – ICA 750±80 2930±100 5100±140 7260±110 8960±110 ————

Tabela 4.2: Valores m´edios das distˆancias noturnas dN para os trajetos de propaga¸c˜ao NPM – ATI, NPM – PLO e NPM – ICA

nos fornece a informa¸c˜ao da localiza¸c˜ao geogr´afica dos intervalos do trajeto propaga¸c˜ao. Por exemplo, o intervalo do trajeto entreP5 eP6, ou seja a distˆanciaD56, localiza-se entre 10◦ e 20de latitude Norte.

Figura 4.10: Localiza¸c˜ao geogr´afica dos pontos P para o trajeto de propaga¸c˜ao NPM – ATI (c´ırculos pretos). Para os trajetos NPM – PLO e NPM – ICA os pontos P s˜ao indicados com c´ırculos vermelhos e triˆangulos azuis, respectivamente.

(58)

Figura 4.11: S˜ao mostradas curvas temporais para ∆T65 (cruzes pretas) e ∆T45 (cruzes vermelhas) do trajeto NPM – ATI. Linhas pontilhadas mostram a velocidade m´edia do Terminadouro VT56 e VT45 no intervalo do trajeto entre os pontos P5 e P6; P4 e P5, respectivamente.

Para o trajeto NPM – ATI, os valores para ∆T foram tamb´em medidos e os resultados para ∆T56 (cruzes pretas) e ∆T45(cruzes vermelhas) s˜ao mostrados na Figura 4.11. Desta forma, utilizando os valores de VT56 e ∆T56 podemos obter um primeiro valor para D segundo D56=VT56 × ∆T56 = 2200 ± 100 km. Os valores de D s˜ao apresentados na Tabela 4.3.

Trajeto D56 D45 D34 D23 D12 D

TX – RX (km) (km) (km) (km) (km) (km)

NPM - ATI 2200±100 2150±110 2200±120 2220±180 2140±240 2200±60

Tabela 4.3: Valores estimados para D56, D45, D34, D23 e D12 no trajeto NPM – ATI utilizando a rela¸c˜ao D =VT × ∆T.

(59)

correspondem ao primeiro e segundo m´etodo, respectivamente. Os resultados apresentam boa concordˆancia com valores compat´ıveis, o que lhes confere consistˆencia e confiabilidade nos permitindo obter boa estimativa da distˆancia D.

(60)

5

DISCUSS ˜

AO E APLICAC

¸ ˜

OES

Ap´os apresentarem-se os valores dos parˆametros distˆancia de interferˆencia modal D e distˆancia noturna dN no cap´ıtulo 4, passamos a discutir caracter´ısticas das varia¸c˜oes

temporais desses parˆametros . Primeiramente, discutiremos os valores calculados para D e suas anomalias, para em seguida, apresentarmos aplica¸c˜oes da metodologia desenvolvida neste trabalho.

5.1

Distˆ

ancia de interferˆ

encia modal D

5.1.1 Valores estimados para a distˆancia de interferˆencia modal

Na sec¸c˜ao 4.3, calculamos as distˆancias de interferˆencia modal D para os trajetos NPM – ATI, NPM – PLO e NPM – ICA. Esses trajetos s˜ao quase alinhados e possuem orienta¸c˜ao Oeste – Leste, transequatorial. Dos c´alculos acima a distˆancia D relativa ao trajeto NPM – ATI resultou em valores pr´oximos entre si, com um valor m´edio D = 2190

±60 km.

Lynn (1977), utilizou um trajeto de VLF com configura¸c˜ao semelhante ao trajeto NPM – ATI. No seu caso, monitorou sinais do transmissor NSS (21,4 kHz, 39◦N; 76,5W, EUA) em Tananarive (Madagascar, 18,9◦S; 47,5E) e deduziu um valor de D = 2207±196 km, o qual mostra boa concordˆancia com os resultados do presente trabalho, refor¸cando sua confiabilidade. O resultado de Lynn, contudo, exibe maior dispers˜ao, possivelmente devido ao curto per´ıodo de observa¸c˜ao utilizado no seu trabalho (29 dias), e tamb´em devido `a escolha de um ´unico ˆangulo zenital para definir o hor´ario de amanhecer. Por outro lado, no presente trabalho, D foi estimado com base em cinco anos de observa¸c˜ao e quatro ˆangulos zenitais como sugerido na sec¸c˜ao 3.3.2.

Utilizando-se a equa¸c˜ao 2.36 e baseando-se nos valores das velocidades de fase, a-presentados por Wait e Spies (1964, ver Figura 2.3), calculamos valores te´oricos para a distˆancia D. Levamos em conta os modos noturnos de primeira e segunda ordem, gradiente de condutividade β = 0,5 km−1 e trˆes valores diferentes de alturas noturnas

(61)

KAUFMANN; MENDES, 1971; LYNN, 1977; COMARMOND, 1997), utilizando diferen-tes frequˆencias de VLF, e trajetos transequatoriais Oeste – Leste similares ao trajeto NPM – ATI. Considerando-se todos os valores de D mostrados na figura, podemos observar que o melhor ajuste se d´a para a curva comhN = 88 km, o qual sugere ser o valor da altura noturna da baixa ionosfera.

Figura 5.1: Curvas de varia¸c˜ao te´orica da distˆancia de interferˆencia modal D, em fun¸c˜ao da frequˆencia, para diferentes alturas noturnas do guia de ondahN = 85 km, 88 km e 90

km. Valores estimados de D s˜ao apresentados com sua respectiva incerteza.

5.1.2 Valores anˆomalos

Imagem

Figura 2.1: Perfis ionosf´ericos durante condi¸c˜ao diurna e noturna, assim como durante per´ıodos de m´aximo e m´ınimo de atividade solar
Figura 2.2: Esquema de um guia de ondas de planos paralelos com extens˜ao infinita no eixo z e com b ≫ h.
Figura 2.3: a) Curvas de atenua¸c˜ao espacial dos trˆes primeiros modos durante condi¸c˜oes de propaga¸c˜ao noturna N N (linha cont´ınua) e condi¸c˜oes diurnas N D (linha pontilhada);
Figura 2.4: Contribui¸c˜ao dos 3 primeiros modos de menor ordem na amplitude do sinal:
+7

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