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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Relac
¸ão
da
idade
óssea
com
antropometria
e
aptidão
física
em
jovens
praticantes
de
voleibol
Suzet
de
Araujo
Tinoco
Cabral
a,∗,
Breno
Guilherme
de
Araujo
Tinoco
Cabral
a,
Vanessa
Carla
Monteiro
Pinto
b,
Ricardo
Dias
de
Andrade
b,
Michelle
Vasconcelos
de
Oliveira
Borges
ae
Paulo
Moreira
Silva
Dantas
aaDepartamentodeEducac¸ãoFísica,CentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte(UFRN),Natal,
RN,Brasil
bProgramadePós-Graduac¸ãoemEducac¸ãoFísica,CentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte
(UFRN),Natal,RN,Brasil
Recebidoem11dejunhode2013;aceitoem6defevereirode2014
DisponívelnaInternetem16dejaneirode2016
PALAVRAS-CHAVE Desenvolvimento humano;
Composic¸ãocorporal; Desempenhoatlético; Esporte
Resumo Oestudotevecomo objetivocorrelacionaraidade óssea,os componentes antro-pométricoseaaptidãofísicaem149crianc¸asde8a14anos.Foramaferidosestatura,massa corporal,perímetrosdebrac¸oedeperna,perímetrosdebrac¸oedepernacorrigidos,diâmetros bicristailíacoebiacromial,dobrascutâneastricipitaleperna,testemotoresdeagilidade, velo-cidadedemembrossuperioreseforc¸aexplosivademembrosinferioresesuperioreseoexame deraiosXdemãoepunhoparaverificarmaturac¸ão.Nosresultados,encontramoscorrelac¸ão positivaentreaidadeósseaeasdemaisvariáveis,comexcec¸ãodasdobrascutâneastricipital, depernaetestedeagilidade.Dessaforma,verificamosainfluênciadamaturac¸ãosobre com-ponentesantropométricosemotores.Assim,possibilitamosumamelhorformadecontroledos processosdedetecc¸ão,selec¸ãoeorientac¸ãoesportiva.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS Boneage; Anthropometry; Physicalfitness; Sport
Relationship of age with bone and fitness anthropometry practitioners in youth volleyball
Abstract Thestudyaimedtocorrelateboneage,anthropometricmeasurementsand physi-calfitnessin149youngvolleyball playersbetween ages8and14.Height,weight,arm and leg circumferences,adjustedarmandleg circumferences,bi-iliac andbiacromialbreadths,
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:suzet@ufrnet.br(S.A.T.Cabral).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2015.12.003
tricipitalandlegskinfoldthicknesses,physicalfitnesstests,coordinationandexplosivestrength oftheupperandlowerlimbsweremeasured,inadditiontox-raysofhandandwristtocheck formaturation.Resultsshowedpositivecorrelationbetweenboneageandallothervariables, excepttricipitalskinfold,legskinfoldandagility.Weconcludedthatmaturationhasinfluence onanthropometricandmotorcomponents,leadingtoabettercontrolintheprocessofselecting andpromotingyoungathletes.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.
PALABRASCLAVE Edadósea;
Antropometría; Rendimientoatlético; Deportes
Relación de edad ósea con antropometría y condición física en jugadores jóvenes devóleibol
Resumen Elestudiotuvocomoobjetivoobservarlacorrelaciónentreedadósea,variables antropométricasy condiciónfísicaen149 ni˜nosde8a14 a˜nos.Semidieronla estatura,la masacorporal,lacircunferenciadelbrazoydelapierna,lacircunferenciacorregidadelbrazo ydelapierna,eldiámetrobi-crestailíacaybiacromial,yelplieguecutáneodeltríceps.Se hicieronpruebasmotorasdeagilidaddelaspiernas,develocidaddelosmiembrossuperiores yde fuerzaexplosivadelosmiembrossuperiores einferiores,y sehicieron radiografíasde lamanoyelpu˜noparaverificarlamaduración.Enlosresultadosseencontróunacorrelación positivaentrelaedadóseayotrasvariables,conlaexcepcióndelplieguecutáneodeltríceps ylapruebadeagilidaddelaspiernas.Portanto,seobservalainfluenciadelamaduraciónde lasvariablesantropométricasymotoras,loquepermiteunamejormaneradecontrolarlos procesosdedetección,selecciónyorientacióndeportiva.
©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.
Introduc
¸ão
Atualmente,aevoluc¸ãocientíficaetecnológica tem influ-enciadonomeioesportivoepropiciadomelhorescondic¸ões detreinamento, sobretudodiantedeconstantespesquisas feitasnessaárea.Oesportecompetitivotemexigidocada dia mais dos atletas, uma vez que, com a associac¸ão da ciênciadoesporteaotreinamento,osdiferentesresultados têmsidodefinidosem minuciososdetalhes.Estudos apon-tam que, para alcanc¸ar um alto nível de rendimento no esporte,passaasercadavezmaisnecessáriaaobservac¸ão devariáveisantropométricasecapacidadesmotoraseainda acorrelac¸ãodessaseoutrasvariáveisdeinterferênciacom o meio externo, as diferenc¸as de estado maturacional e as determinac¸ões genéticas (Falk et al., 2004; Malina e Bouchard,2002;Lidoretal.,2007;Mesquita etal.,2008; Gabbettetal.,2007).
O voleibol, dentro desse contexto, é um dos esportes que tem acompanhado essa evoluc¸ão da ciência despor-tiva(Cabral etal., 2005; Zarrye FernandesFilho, 2007). Notreinamentoesportivocomjovensatletas,ocrescimento eamaturac¸ãosãoimportantesfatoresaseremobservados, sãoprocessosdinâmicosassociadosaumamploaspectode alterac¸ões morfológicas (Linhares et al., 2009). O cresci-mento diz respeito a mudanc¸as na estrutura corporal do indivíduo, leva em considerac¸ão o corpo como um todo oupartesdele. Já o desenvolvimentoestá relacionado às alterac¸õesnasfunc¸õesorgânicaseàmaturac¸ão,àsvariac¸ões navelocidadeenotempoemquetaismudanc¸asocorremno
indivíduoelevamàmaturidade(Malinaetal.,2006;Malina, 2011).
Devido à relac¸ão de interdependência na avaliac¸ão do desempenho motor, devem ainda ser considerados os aspectos do crescimentoda estrutura física e os matura-cionais, comoa idade biológica,quefavorecema selec¸ão e orientac¸ão esportiva de atletas em pleno processo de desenvolvimento (Freudenheim,2005; Silva et al., 2004). Tendoem vista aimportância da identificac¸ão do correto estágio maturacional, o recurso mais indicado para aná-lisedamaturac¸ãobiológicaé aestimativadaidadeóssea. Considera-se que suas informac¸ões podem ser identifica-das desde os primeiros meses de vida até por volta dos 17-18anos eapresentamelevadoníveldeprecisãoe exa-tidão associado à coleta dos dados (Malina e Bouchard, 2002).
A relac¸ão de influência e determinac¸ão entre diferen-tes fatores e variáveis pode repercutir de forma incisiva nos estágios de formac¸ão esportiva. É comum encontrar jovensemdiferentesestágiosmaturacionais,dentrodeum mesmo grupode treinamentooucategoriacompetitiva, o quefavoreceosmaisadiantadosnoprocessode desenvolvi-mentobiológicoeocasionaadesmotivac¸ãodeoutrosmais tardios,compossibilidadedesetornaremexcelentes atle-tas(Malina,2010; Mohamedetal., 2009;Réetal., 2005; Gonc¸alvesetal.,2012).
importanteadivulgac¸ãoderesultadoscontemporâneosque confirmemaindispensabilidadedeobservac¸ãode parâme-trosdereferencial.Apartirdessepressuposto,noprocesso de evoluc¸ão científica doesporte, surgem a possibilidade e a necessidade deuso de métodos que permitam obser-var a predisposic¸ão e condic¸ão de um indivíduo, assim comoosfatoresdeinfluênciaentreelas,erelacioná-las a umaatividadefísicaoudesporto,atravésdeprotocolosde fácil aplicac¸ão,quefavorec¸am umdiagnóstico antecipado de suas habilidades e características individuais (Anfilo e Shigunov,2004).
Diante do exposto, o presente estudo tem o objetivo principalobservaracorrelac¸ãodaidadeósseacomos com-ponentesantropométricoseaaptidãofísica.
Materia
e
métodos
O estudo é do tipo transversal. Foram investigados 149sujeitos,55dosexomasculinoe94dofeminino,entre 8e14anos,praticantesdevoleibol.Ainvestigac¸ãoseguiu rigorosamente os protocolos escolhidos para observac¸ão de antropometria e maturac¸ão, respeitou as normas de éticaempesquisa,osprocedimentosforamautorizadospelo Comitê de ética responsável (parecer N◦071/071/2010), atenderamaositenspropostospelaresoluc¸ão 196/96-CNS--Brasil,assimcomorespeitaramasnormasinternacionaisde experimentac¸ãocomhumanos(Declarac¸ãodeHelsinquede 1975).
Os componentes antropométricos foram observadosna semana seguinte ao exame de raios X, para evitar inter-ferênciadoprocessomaturacional,umavezque tratamos de variáveis em desenvolvimento. Foram aferidos esta-tura(Estadiômetro SannyES2020, comescalade 0,5cm), massacorporal(balanc¸aeletrônicaFilizola110,com capa-cidadepara150kgedivisõesde1/10dekg),perímetrode brac¸omedidocomobrac¸oemcontrac¸ãoisométricaemseu maiorperímetro(fitaantropométricaSanny,comescalade 0,1mm),perímetrodepernamedidoemposic¸ãoanatômica nolocaldemaiorperímetrodaperna(fitaantropométrica Sanny,comescalade0,1mm),dobracutâneatricipitalede panturrilha(compassodedobrascutâneascientíficoSanny, com precisão de 0,1mm), perímetro corrigido de brac¸o medidopela subtrac¸ão do perímetro debrac¸o peladobra cutâneatricipitalemcentímetros;eperímetrocorrigidode perna medidopela subtrac¸ão doperímetro de perna pela dobra cutânea da panturrilha em centímetros. O diâme-trobicristailíaco éadistância dospontosmaissalientese projetadoslateralmentedacristadoilíaco.Odiâmetro bia-cromial correspondeà distânciaentreasbordasque mais seprojetamlateralmentedosprocessosacromiaisdireitoe esquerdodasescápulas(paquímetroSanny,comprecisãode 0,1mm).
TodasasmedidasseguiramasdiretrizesdaInternational SocietyfortheAdvancementofKinanthropometry (Marfell--Jonesetal.,2006).Nabuscadeaumentaraprecisãodeuma coletaadequada,asmedidasforamfeitasporumavaliador devidamentetreinado.comerrotécnicodemedic¸ão(ETM) entre0,7%paracircunferênciase4,6%paradobrascutâneas (Perinietal.,2005).
Para verificac¸ão daaptidão física,foi aplicado o teste deforc¸aexplosivadosmembros inferiores,comoSargent
JumpTest(ThomaseNelson,2002).Paraamensurac¸ãoda forc¸aexplosivademembros superioresusamoso testede arremessodemedicineball,noqualosujeitofeztrês tenta-tivasefoiconsideradaademaiordistânciahorizontal.(Gaya eSilva, 2007).Para a avaliac¸ão dacoordenac¸ão de mem-brossuperioresaplicamosoTappingtest,emqueosujeito usa a mão dominante no menor tempo possível (Marins e Giannichi, 2003), e o teste de agilidade de 30 metros (Buligin,1981).Todosostestesdeavaliac¸ãodequalidades físicasforam feitos em três tentativase foi computado o melhorresultadoemtodososprotocolos.
Aidadecronológicaemanosfoideterminadapelasoma dos meses de vida do indivíduo, desde a sua data de nascimento,divididapor12,queresultouemsuaidade cro-nológicaemanos.Aidadeósseafoideterminadamediante laudomédicodiagnosticadoatravésdepelícularadiográfica demãose punho.Pormeiodaadministrac¸ãode dosagem radiográficadeformaindividualizadaemcadaavaliado,na qual as radiografias foram feitas por meio de um apare-lhodamarcaRhos,comampolaToshibade60Kvpe9mA, a uma distância foco-filme de 75cm. O filme usado foi KodakTMATXde18×24cm,emchassicomécrandeterras raras,reveladosemumaprocessadoraautomáticaDENTXR, comcomponentesquímicosparaKodak.Posteriormente,as películasforamanalisadasdeformaindependenteportrês radiologistas,atravésdométodoGrave e Brown (1976),o qual observa a sequência de eventos da ossificac¸ão atra-vésderaios X,com ouso doatlaspropostoporGreulich, Pyle(1959)paracomparac¸ãoedeterminac¸ãodaidadeóssea (MalinaeBouchard,2002).
Ocomponente maturac¸ãofoideterminadopormeioda subtrac¸ãodaidadeósseapelaidadecronológicaemmeses. Classificou-seassim oestadomaturacional dacrianc¸aem: atrasado(resultadoacimade12mesesnegativosemrelac¸ão à idade cronológica), normal (até 12 meses positivos ou negativos em relac¸ão à idade cronológica) ou acelerado (acimade12 mesespositivosem relac¸ão àidade cronoló-gica)(MalinaeBouchard,2002).
Paraaanáliseestatísticaforamusadosotestenão para-métricodeKolmogorov-Smirnov,queanalisouosdadospor meiodemedidasdetendênciacentraleseusderivados,a partirdamédiaedodesviopadrão.Comoinferênciafoi apli-cadootestedePearsonparaoscálculosdecoeficientesde correlac¸ãosimplesentreavariávelidadeósseaeasdemais variáveis,comníveldesignificânciadep<0,05.
Resultados
Aamostraapresentoumédiadematurac¸ãode-0,05com des-viopadrãode±1,48paraosexomasculinoemédiade1,02 comdesvio padrãode ±1,55 parao feminino. Para idade ósseaobtiveram-semédiade12,11edesviopadrãode±2,08 paraomasculinoe13,43comdesviopadrãode±2,53para feminino.
Discussão
Tabela1 Médiaedesviopadrãodasvariáveisidadeóssea, idadecronológica,antropométricasedeaptidãofísicaem jovensde8a14anos
Média Desviopadrão
Idadeóssea 12,9 2,45
Idadecronológica 12,3 2,50
Estatura 1,53 0,11
Massa 42,42 13,20
Diâmetrobiacromial 34,13 3,18 Diâmetrobicristailíaca 24,24 3,06 Dobracutâneadepernamedial 17,58 6,47 Dobracutâneatricipital 15,72 6,52 Perímetrodebrac¸o 23,90 3,78 Perímetrodeperna 31,70 3,85
Pcb 22,30 29,90
Pcp 33,30 3,52
FEMS 2,28 0,80
FEMI 0,29 0,08
Agilidade 16,93 1,30
VelocidadeMS 16,93 2,67
Pcb,perímetrocorrigidodebrac¸o;Pcp,perímetrocorrigidode perna;FEMS,forc¸aexplosivademembrossuperiores;FEMI,forc¸a explosivademembrosinferiores;VelocidadeMS,velocidadede membrossuperiores.
da maturac¸ão biológica, a observac¸ão da idade óssea tem sido um referencial. É, ainda, um método confiá-vel e de fácil acesso. Em pré-pubertários, considera-se a medidadamaturac¸ãobiológicacomovariávelfundamental, apresentam-seosresultadosdeaptidãofísicamais depen-dentesdaidadebiológicadoquedacronológica(Réetal., 2005).
Observa-se,nastabelas1-3,queosexofeminino apre-sentaumcomportamento diferente do masculino.Existe, nesse grupo, uma concentrac¸ão maior de indivíduos com idade óssea superior à idade cronológica, caracteriza-se, assim,commaturac¸ãoacelerada,fatoessetambém obser-vado na tabela 1, na qual, ao analisar as médias de maturac¸ão nos meninose meninas, verificou-se diferenc¸a significativa(p<0,001).Aindanatabela1,constata-seque paraosexomasculino existeumaconcentrac¸ãode indiví-duoscommaturac¸ãonormal,oquepodeserexplicadopelas fasesdiferenciadasdematurac¸ãodoshomensemrelac¸ãoàs mulheres.
Tais resultados corroboram pesquisas científicas, como asdeKalichman etal. (2005)e Malina(2009). Elascitam que apesar da influência de fatores como a heredita-riedade, o clima, socioeconômicos e nutricionais, entre outros, a maturac¸ão sofre grande influência do sexo em todo o processo de crescimento e desenvolvimento ósseo. Little e Malina (2007) comprovaram ainda que, apesar de diferentes fatores influenciarem na velocidade do processo de maturac¸ão, o desenvolvimento matu-racional das meninas tende a ser mais acelerado em relac¸ão aos meninos de mesma idade (Little e Malina, 2007).
Ao observarmos umaltoíndice de correlac¸ão daidade óssea(r>0,70)comaidadecronológicaeestatura,fica evi-dente,paraoesporte,queavariávelidadeósseainfluencia o crescimentodoindivíduo. Contudo,quando observamos
oresultado daassociac¸ãodaidade ósseacomaagilidade, querepresentaparaoatletaumahabilidadefundamentalno desenvolvimentodorendimento,ficalatenteabaixarelac¸ão decausaeefeito.Issoindicaquenoprocessodedescoberta hávariáveisindicadorasdorendimento,enãosomenteuma variávelisolada.Oquecorroboraaliteratura,comooestudo comatletasprofissionaisdevoleibolqueassociouoaltonível deperformancee maiorestaturaao estadodematurac¸ão tardio(Malinaetal.,2004).
No presente estudo, verificamos forte correlac¸ão da maturac¸ão com os dados antropométricos. A estatura, os diâmetros biacromial e bicristailíaca e o perímetro corri-gidodepernasãoasvariáveisqueapresentam,natabela2, maiores resultados. Esses dados estão de acordo com a literatura. Sabe-se que diâmetros e espessuras corporais tendem a acompanhar o processo maturacional de forma positiva.
Considerandoamassacorporalverificadanesteestudo,a qual,porsuavez,encontraumaboacorrelac¸ãocomaidade óssea, observam-seresultadosque confirmamatendência encontradanaliteratura,apresenta-seumcomportamento que segue a mesma correlac¸ão positiva já evidenciada. Estudos têm constatado fases de desequilíbrio em perío-dosvariadosdepicodeestirãodaestatura,oquefazcom que,a exemplodopresenteestudo,nãoseencontreuma correlac¸ãotãoaltaquandocomparada comaquela encon-trada paraasvariáveis comoestatura eidade cronológica (Malinaetal.,2005;Vaeyensetal.,2005;Linharesetal., 2009).
Salientamosquenatabela2apenasasdobrascutâneas tricipital e de panturrilha não demonstraram significativa correlac¸ão com a idade óssea em específico. Esse fato possivelmente decorre da influência de outras variáveis maturacionaisenvolvidasnoprocesso,alémdeseestarem observandonopresenteestudomeninosemeninasjuntos. Nãosomenteparaosexofeminino,mastambémparao mas-culino, é necessário umdeterminadodepósito degordura corporalparaqueocorraoestirãopuberal.Porém,a veloci-dadeemqueissoocorredependerádefatoresdeinfluência direta,comooprópriosexoeagenética,efatores extrín-secos,comoossocioculturais.
Hirose(2009)citaqueasrelac¸õesantropométricasentre os segmentos corporais apresentam-se como fatores rele-vantes,aoseanalisaremosatletas,vistoqueocomprimento e o perímetro de membros superiores e inferiores são requisitos que têm sido apontados como característica antropométrica específica em determinadas modalidades esportivasemuitasvezessãofatordiscriminanteentre gru-posdemaiorníveltécnico.
Tabela 2 Valores descritivos para variáveis antropométricas, aptidão física eidade cronológica de acordocom o estágio maturacionalparaosexomasculino
Maturac¸ãoatrasadan=11 Maturac¸ãomédia(n=36) Maturac¸ãoacelerada(n=8)
Média±DP Mín Máx Média±DP Mín Máx Média±DP Mín Máx
IC 12,4±1,4 10,2 14,5 12,0±1,5 8,0 14,0 12,5±1,1 10,4 14,0
Agilidade 12,0±1,2 10,6 13,6 12,5±1,3 10,0 15,5 12,8±1,9 11,1 15,9
FEMS 1,8±0,6* 0,4 2,8 2,4±0,8 0,4 3,8 2,6±1,5 0,6 4,5
FEMI 0,29±0,07 0,2 0,4 0,31±0,12 0,1 0,8 0,31±0,12 0,2 0,5
Vel.MS 16,4±3,0 12,8 23,2 17,3±3,2 11,1 23,6 17,1±3,6 12,9 23,7
Massa 37,3±6,5 28,5 52,0 45,7±15,2 25,6 87,3 58,2±9,4 45,1 74,0
Estatura 1,5±0,1 1,3 1,6 1,5±0,1 1,3 1,7 1,6±0,1 1,5 1,7
Di.Bi.Ac. 32,2±2,3 29,0 35,2 34,0±3,4 28,3 43,0 36,5±2,4 31,4 40,1 Di.Bi.Cr. 25,6±1,6 23,0 28,0 24,3±3,4 18,4 32,2 21,8±2,6 17,6 27,6
Pb 21,8±2,3 19,0 27,5 24,6±3,9 18,5 33,5 21,8±2,3 19,0 27,5
Pp 29,0±2,1 26,0 34,0 31,3±4,5 22,0 42,0 34,6±3,1 30,5 39,0
Pcb 26,5±3,8 20,8 31,4 23,2±3,3 17,5 30,2 20,6±1,9 18,0 25,2
Pcp 27,5±1,8 24,1 31,3 30,0±4,2 19,9 38,8 33,1±2,6 29,8 37,5
TR 12,5±5,2 7,3 23,2 13,2±6,9 5,0 27,0 15,9±10,5 4,2 39,5
PM 14,8±6,3 7,3 27,3 14,7±7,6 6,4 35,1 15,9±8,3 5,5 34,3
Maturac¸ãoatrasadan=7 Maturac¸ãomédia(n=36) Maturac¸ãoacelerada(n=51)
Média±DP Mín Máx Média±DP Mín Máx Média±DP Mín Máx
IC 11,9±1,4 9,9 13,9 11,8±1,7 7,8 14,2 12,9±1,2 8,2 14,5
Agilidade 13,3±1,2 12,0 15,4 13,3±1,4 10,8 16,9 13,1±1,0 10,6 15,8
FEMS 1,7±0,5 1,04 2,2 2,0±0,8 0,45 3,44 2,5±0,6 0,56 3,68
FEMI 0,27±0,08 0,18 0,5 0,28±0,06 0,09 0,42 0,27±0,06 0,12 0,41
Vel.MS 18,9±2,5 14,8 22,7 17,1±2,2 13,0 21,6 16,4±2,3 12,4 24,0
Massa 36,3±3,8 31,0 42,6 41,9±11,9 23,5 63,9 51,6±11,7 24,7 85,7
Estatura 1,4±0,1 1,3 1,5 1,5±0,1 1,23 1,7 1,6±0,1 1,31 1,72
Di.Bi.Ac. 32,0±1,2 30,5 33,5 33,2±3,3 26,4 38,5 35,3±2,8 23,6 40,5 Di.Bi.Cr. 22,7±1,2 20,5 24,1 23,8±3,7 16,0 34,0 25,0±2,3 19,0 31,5
Pb 22,6±2,3 18,5 25,0 22,7±3,4 16,0 30,5 25,1±3,6 18,0 33,0
Pp 29,2±1,5 27,5 31,3 30,4±3,7 24,5 37,0 32,9±3,7 26,0 40,4
Pcb 21,1±2,0 17,2 23,0 21,3±3,0 15,4 28,5 23,5±3,1 17 30,7
Pcp 27,7±1,8 25,9 30,2 28,8±2,8 23,8 34,8 31,1±3,2 24,7 37,4
TR 13,6±5,1 7,4 24,4 14,5±5,6 6,2 28,5 17,1±5,9 8,6 32,0
PM 15,3±5,1 8,0 26,0 16,2±5,3 7,0 27,0 19,3±6,7 9,5 31,3
IC,idadecronológica(anos);Agil,agilidade(s);FEMS,forc¸aexplosivademembrossuperiores(m);FEMI,forc¸aexplosivademembros inferiores(m);Vel.MS.,velocidadedemembrossuperiores;Estat.,estatura(m);D.bi.ac,diâmetrobiacromial(cm);D.bi.cr,diâmetro bicristailíaco(cm);Pb,perímetrodebrac¸o(cm);Pp,perímetrodeperna(cm);Pcb,perímetrocorrigidodebrac¸o(cm);Pcp,perímetro corrigidodeperna(cm);TR,dobracutâneatricipita(mm);PM,dobracutâneadapanturrilha(mm).
brac¸oemdeterminadosestágios,quepodeestarassociado aoperíododeestirãodeestatura.
Natabela3,percebemosqueaforc¸aexplosivapersiste compositivae significativacorrelac¸ãocom aidadeóssea, apresenta-seaforc¸aexplosivademembrossuperiorescomo avariáveldeaptidãofísicacommaiorcorrelac¸ãoemambos ossexosenogrupototal,emconsonância,porquanto,com aliteraturaatual.Osresultadosapresentam,ainda,valores nitidamente crescentesparaosindivíduos commaturac¸ão aceleradaoumaismaturados,aosecompararemindivíduos demesmafaixaetáriaematurac¸ãoatrasada.
A literatura defende a tese de que que a forc¸a entre outrasvariáveiséumfatordegrandeinfluêncianaformac¸ão e desenvolvimento do atleta. É, ainda, uma variável que apresenta reflexo direto no estado maturacional do
individuo.Malinaetal.(2004)ePearsonetal.(2006) sus-tentamque osaspectos referentesàmaturac¸ão e àforc¸a têmgrandeimportâncianograndeconjuntodefatores influ-enciadores daformac¸ão de atletas, atestam, portanto, a indispensabilidadedeobservac¸ãogeraldoindivíduo,enão apenas fatores como a idade cronológica, uma vez que, durante a puberdade, a diferenc¸a entre os aspectos físi-cos deindivíduos de mesma idade cronológica podemser significativas.
Tabela3 Correlac¸ãodaidadeósseacomaantropometria,aptidãofísicaeidadecronológica
Totaln=149 Masculino(n=55) Feminino(n=94)
r p r p r p
Idadecronológica 0,774a <0,001 0,768a <0,001 0,697a <0,001
Agilidade −0,139 0,090 −0,141 0,3 −0,285a 0,01
FEMS 0,533a <0,001 0,530a <0,001 0,585a <0,001
FEMI 0,202b 0,013 0,342b 0,01 0,227b 0,03
Vel.MS −0,325a <0,001 −0,262 0,053 −0,381a <0,001
Massa 0,589a <0,001 0,526a <0,001 0,654a <0,001
Estatura 0,732a <0,001 0,812a <0,001 0,716a <0,001
Diâmetrobiacromial 0,645a <0,001 0,657a <0,001 0,666a <0,001
Diâmetrobicristailíaca 0,483a <0,001 0,657a <0,001 0,523a <0,001
Dobratricipital 0,142 0,090 0,135 0,22 0,146 0,01
DobradaPanturrrilha 0,122 0,146 0,111 0,01 0,123 0,3
Perímetrobrac¸o 0,428a <0,001 0,427a 0,001 0,506a <0,001
Perímetroperna 0,524a <0,001 0,405a 0,002 0,574a <0,001
Pcb 0,461a <0,001 0,479a <0,001 0,533a <0,001
Pcp ,552a <0,001 ,545a <0,001 ,602a <0,001
FEMS,forc¸aexplosivamembrossuperiores;FEMI,forc¸aexplosivamembrosinferiores;Pcb,perímetrocorrigidodebrac¸o;Pcp,perímetro corrigidodeperna;Vel.MS.,velocidadedemembrossuperiores
aCorrelac¸ãosignificativa(p<0,001). b Correlac¸ãosignificativa(p<0,05).
duranteodesenvolvimentodacrianc¸a,causamum desequi-líbriomotornosindivíduos,quepodeinterferirdiretamente emvariáveiscomoavelocidadeecoordenac¸ão,em indiví-duosqueapresentamalterac¸õesdeestágiomaturacionalou seencontramna faseinicialdoprocesso sãoconsiderados atrasadospelaliteratura.(Kalichmanetal.,2005;Malinaet al.,2005;Vaeyensetal.,2005).
Diantedosresultadosencontradosparaacorrelac¸ãocom aaptidãofísicadosjovenspraticantesdevoleibol,pode-se atestar,dentrodoprocessodeselec¸ãoepromoc¸ãodos talen-tosesportivos,arelevânciadaanálisedevariáveisdiversas quando se obtêm, como resultados, correlac¸ões positivas entreaidadeósseaediferentesvariáveismotorase antro-pométricas.
Nesseponto,aliteraturatemevidenciadoanecessidade de observac¸ão da variável maturacional, no processo de selec¸ão,procede-seaumtrabalhoemlongoprazo,noqual, nemsempre, o indivíduoque manifesta melhor desenvol-vimentofísicoprecoce continuaráa apresentara referida vantagematéavidaadulta(Kishalietal.,2006;Jonesetal., 2000).
Considerando os resultados alcanc¸ados neste estudo e confirmados por aqueles encontrados e já consolidados pelaliteraturaatual,podemosconcluirqueaidadeóssea, quando usada como referencial de maturac¸ão biológica, apresentacorrelac¸ãosignificativacomvariáveis antropomé-tricasemotoras,aforc¸aexplosivademembrossuperioresé avariáveldeaptidãofísicaquemanifestaindiscutivelmente melhoresresultados. Ao secomprovarem altos valoresde correlac¸ão daidade ósseacomvariáveiscomo aestatura, confirma-seserimprescindívelainclusãodediferentes tes-tes noprocesso de selec¸ão, promoc¸ão e desenvolvimento de jovens talentos. Evita-se, por via de consequência, o adventodeerros,provocados,sobretudo,nassituac¸õesem queumavariáveléanalisadadeformaindependente,aose
ignoraremfatoresdeforteinfluênciaeinterferênciaentre asdiferentesvariáveis,como,porexemplo,oestágio matu-racional.
Esses resultados confirmaram a hipótese de que ado-lescentes de mesma idade cronológica podem apresentar estruturas corporais e resultados em testes fisicos dife-rentes, por estar passando por momentos maturacionais diferentes.Emoutrostermos,enquantoalgunsjáestãoem estágios avanc¸ados ou normais, outros podem apresentar características dematurac¸ãotardia, nãocondizentescom opadrãonormalmenteapresentadoemsuaidade.
Dessaformaficaevidenteanecessidadedeobservac¸ão dediferentesvariáveisnoprocessodeorientac¸ãoeselec¸ão esportivaporpartedostreinadoresedemaisprofissionaisda áreaesportiva.Amaturac¸ãoéumdosfatoresdeinfluência dosresultados,quando observadaasuainter-relac¸ão com asdemaisvariaveis.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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