• Nenhum resultado encontrado

Pesquisa brasileira em enfermagem oncológica: uma revisão integrativa.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Pesquisa brasileira em enfermagem oncológica: uma revisão integrativa."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

PESQUI SA BRASI LEI RA EM ENFERMAGEM ONCOLÓGI CA: UMA REVI SÃO I NTEGRATI VA

1

Cam ila Sant ej o Silv eir a2

Már cia Mar ia Font ão Zago3

Silveira CS, Zago MMF. Pesquisa brasileira em enferm agem oncológica: um a revisão int egrat iva. Rev Lat

ino-am Enferm agem 2006 j ulho- agost o; 14( 4) : 614- 9.

Foi realizada um a revisão int egrat iva da lit erat ura com o obj et ivo de caract erizar as pesquisas produzidas

pela enfer m agem br asileir a em oncologia. O lev ant am ent o bibliogr áfico abr angeu as publicações nacionais em

en f er m ag em , d e 1 9 8 0 a 2 0 0 4 , sen d o id en t if icad os 8 4 ar t ig os q u e com p u ser am a am ost r a d o est u d o. Os

r esult ados apont ar am a falt a de esclar ecim ent os par a dem onst r ar o r igor dos est udos nos ar t igos analisados.

Sugerim os ident ificar prioridades de pesquisa, refinar est rat égias de sínt ese de result ados de pesquisa, conduzir

com r ig or os est u d os, r esp eit an d o- se as et ap as d o m ét od o cien t íf ico e m aior cu id ad o n a elab or ação d os

r elat ór ios en cam in h ados par a pu blicação.

DESCRI TORES: en f er m agem ; on cologia; pesqu isa

BRAZI LI AN RESEARCH I N ONCOLOGY NURSI NG: AN I NTEGRATI VE REVI EW

We carried out an int egrat ive lit erat ure review t o charact erize research produced by Brazilian oncology

nur sing. The bibliogr aphic sur v ey cov er ed nat ional nur sing publicat ions, fr om 1 9 8 0 t o 2 0 0 4 , fr om w hich w e

id en t if ied 8 4 ar t icles, w h ich com p osed t h e st u d y sam p le. Th e r esu lt s in d icat e t h e lack of clar if icat ion s t o

dem onst rat e st udy rigor in t he analyzed art icles. We suggest ident ifying research priorit ies, refining t he st rat egies

t o synt hesize r esear ch r esult s, conduct ing st udies r igor ously, r espect ing t he st eps of t he scient ific m et hod and

t aking gr eat er car e in t he elabor at ion of r epor t s subm it t ed for publicat ion

DESCRI PTORS: n u r sin g; on cology ; r esear ch

I NVESTI GACI ÓN BRASI LEÑA EN ENFERMERÍ A ONCOLÓGI CA: UNA REVI SI ÓN I NTEGRADORA

Fue efect uada una r ev isión int egr ador a de la lit er at ur a con obj et o de car act er izar las inv est igaciones

p r od u cid as p or la en f er m er ía b r asileñ a en on cología. La r ecop ilación b ib liogr áf ica ab ar có las p u b licacion es

nacionales en enferm ería, de 1980 a 2004, siendo ident ificados 84 art ículos, los cuales com pusieron la m uest ra

del est udio. Los result ados indicaron una falt a de clarificaciones para dem ost rar el rigor de los est udios analizados.

Sugerim os ident ificar prioridades de invest igación, refinar est rat egias de sínt esis de result ados de invest igación,

con d u cir con r ig or los est u d ios, r esp et án d ose las et ap as d el m ét od o cien t íf ico y m ej or elab or ación d e los

r elat os en cam in ados par a pu blicación .

DESCRI PTORES: en fer m er ía; on cología; in v est igación

1 Trabalho ext raído da Dissert ação de Mest rado, inserido no Proj et o I nt egrado CNPq, processo no. 520604/ 96- 2; 2 Enferm eira, Mest randa, e- m ail:

(2)

I NTRODUÇÃO

A

oncologia t em t ido gr ande ev olução nas t écn i cas d i ag n ó st i cas e t er ap êu t i cas, o q u e t em possibilit ado a sobrevida e a qualidade de vida dos p a ci e n t e s co m câ n ce r. Ca b e à e n f e r m a g e m acom panhar o desenvolvim ent o dessa especialidade pelas invest igações cient íficas, que são os principais recursos para a at ualização do conhecim ent o para o cuidado ao pacient e oncológico.

No contexto do câncer, o enferm eiro atua em a çõ e s d e p r e v e n çã o e co n t r o l e . Te m co m o com p et ên cia p r est ar assist ên cia a p acien t es com câ n ce r n a a v a l i a çã o d i a g n ó st i ca , t r a t a m e n t o , r eab i l i t ação e at en d i m en t o ao s f am i l i ar es. Al ém d essas, el e d esen v o l v e açõ es ed u cat i v as, açõ es int egr adas com out r os pr ofissionais, apóia m edidas legislat ivas e ident ifica fat ores de risco ocupacional, na pr át ica da assist ência ao pacient e oncológico e sua fam ília( 1). Por isso, a pesquisa em enferm agem o n co l ó g i ca é e sse n ci a l p a r a g e r a r a b a se d e conhecim ent o que fundam ent a a prát ica clínica, além d e p o d e r i d e n t i f i ca r o i m p a ct o d o câ n ce r e d o t rat am ent o na vida de pacient es e fam iliares( 2).

Essa s co n si d e r a çõ e s j u st i f i ca m o n o sso in t er esse em desen v olv er u m a r ev isão in t egr at iv a so b r e a p r o d u çã o ci e n t íf i ca e m e n f e r m a g e m o n co l ó g i ca , n a l i t e r a t u r a b r a si l e i r a , p a r a a int erpret ação do conhecim ent o produzido na área e com o pr opósit o de auxiliar no desenvolvim ent o de fut ur as inv est igações.

Sen d o assi m , est i p u l am o s co m o q u est ão d e st a p e sq u i sa : o s a r t i g o s p u b l i ca d o s p e l a e n f e r m a g e m b r a si l e i r a e m o n co l o g i a e st ã o co n t r i b u i n d o p a r a o d e se n v o l v i m e n t o d o conhecim ent o e cuidado de enferm agem ?

Frente às colocações acim a, este estudo tem com o obj et ivo geral:

- Sint et izar a cont ribuição das pesquisas produzidas pela enferm agem brasileira em oncologia.

Obj et iv os específicos:

- Realizar o levant am ent o das produções cient íficas d e se n v o l v i d a s p e l a e n f e r m a g e m b r a si l e i r a e m oncologia;

- I d en t if icar os au t or es, os t ip os d e p esq u isa, a co er ên ci a t eó r i co - m et o d o l ó g i ca d o s ar t i g o s e o s r esult ados;

- Analisar descritivam ente os resultados das pesquisas produzidas para a construção do conhecim ento na área.

PROCEDI MENTOS METODOLÓGI COS

Par a o alcance do obj et iv o ger al, opt am os pelo m ét odo da r ev isão in t egr at iv a, v ist o qu e ele possibilit a su m ar izar as pesqu isas j á con clu ídas e obt er conclusões a part ir de um t em a de int eresse. Um a r ev i são i n t eg r at i v a b em r eal i zad a ex i g e o s m e sm o s p a d r õ e s d e r i g o r, cl a r e za e r e p l i ca çã o ut ilizada nos est udos prim ários( 3).

Em b o r a o s m ét o d o s p ar a a co n d u ção d e r ev isões in t eg r at iv as v ar iem , ex ist em p ad r ões a serem seguidos. Na operacionalização dessa revisão, ut ilizam os as seguint es et apas: seleção das quest ões t em á t i ca s, est a b el eci m en t o d o s cr i t ér i o s p a r a a seleção da am ostra, representação das características da pesquisa original, análise dos dados, interpretação dos result ados e apresent ação da revisão( 4).

O lev an t am en t o bibliogr áf ico f oi r ealizado pela I nternet, pela BI REME, no banco de dados Lilacs ( Lit erat ura Lat ino- Am ericana em Ciências de Saúde) e n a b a se d e d a d o s BD ENF ( Ba se d e D a d o s Bibliográficos Especializada na Área de Enferm agem d o Br asil) , con sid er ad as as p r in cip ais d a ár ea d a saúde br asileir a.

Para o levant am ent o dos art igos, ut ilizam os a s p a l a v r a s- ch a v e “ e n f e r m a g e m ”, “ câ n ce r ” , “ oncologia” e “ neoplasia”. Realizam os o agrupam ent o das palavras- chave da seguint e form a: enferm agem e câncer, enferm agem e oncologia, e enferm agem e neoplasia.

Os cr it ér ios u t ilizad os p ar a a seleção d a am ost r a f or am : ar t ig os p u b licad os em p er iód icos nacionais; artigos que abordem a tem ática do câncer, d e n t r o d e t o d a s a s á r e a s d e i n t e r e sse d a en f er m agem ; per iódicos in dex ados n os ban cos de dados Lilacs e BDENF; art igos publicados at é o ano de 2004 e t odo art igo, independent e do m ét odo de pesquisa ut ilizado.

Foram ident ificados 91 art igos. No ent ant o, após adquirirm os t odas as cópias e t erm os realizado a leit ura dos art igos, opt am os por excluir os est udos publicados ant es de 1980, dev ido ao seu pequeno núm ero. Dessa form a, a am ost ra final foi com post a por 84 artigos científicos produzidos pela enferm agem ou com su a par t icipação, pu blicados em t er r it ór io nacional.

(3)

f o n t e d e l o ca l i za çã o ; o b j et i v o s, d el i n ea m en t o e ca r a ct e r íst i ca s d o e st u d o ; co e r ê n ci a t e ó r i co -m e t o d o l ó g i ca ; a n á l i se d o s d a d o s, r e su l t a d o s e d i scu ssã o ; co n cl u sõ e s e r e co m e n d a çõ e s p a r a a pr át ica de enfer m agem .

Os ar t ig os en con t r ad os f or am n u m er ad os conform e a ordem de localização, e os dados foram a n a l i sa d o s, se g u n d o o s se u s co n t e ú d o s, p e l a est at íst ica descrit iva.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

Observam os que o periódico que publicou o m ai o r n ú m er o d e ar t i g os sob r e on col og i a, p el os enfer m eir os br asileir os, foi a Rev ist a Br asileir a de Cancer ologia ( 17, 9% ) ; esse fat o se ex plica por se t rat ar de um periódico específico da oncologia, com im pacto nas diferentes disciplinas que atuam na área. Periódicos com o a Revist a Lat ino- Am ericana de Enferm agem ( prim eiro periódico de enferm agem nacional index ado no Scielo) e a Rev ist a Br asileir a de Enferm agem ( prim eiro periódico de enferm agem nacional e órgão oficial de divulgação da Associação Brasileira de Enferm agem - ABEn) , apresent aram um per cent ual m aior de publicações na nossa ár ea de int eresse, com 10,7% cada.

Ao se a n a l i sa r o co n j u n t o d a a m o st r a , v er i f i ca m o s q u e a i n ex i st ên ci a d e u m p er i ó d i co e sp e cíf i co d a e n f e r m a g e m v o l t a d o p a r a a cancerologia pode est ar dificult ando a divulgação do conhecim ent o pr oduzido. A m aior ia dos ar t igos foi publicada em periódicos gerais, o que com prom et e, t am bém , a rápida at ualização do conhecim ent o.

Ap ó s o a n o d e 2 0 0 0 , co n st a t a m o s u m crescent e aum ent o de publicações. Acredit am os que o e n si n o d e p ó s- g r a d u a çã o f o i u m d o s f a t o r e s det erm inant es do desenvolvim ent o da enferm agem , n o Br a si l , co n t r i b u i n d o d e ci si v a m e n t e p a r a a const rução do conhecim ent o( 5).

Em relação à titulação, a m aioria dos autores é d ocen t e ( 4 1 , 5 % ) , m as t am b ém os en f er m eir os gr aduados apr esent am um per cent ual de dest aque em relação às dem ais t it ulações ( 19,5% ) . Os dem ais au t or es, n ão d ocen t es, 3 5 , 5 % são: g r ad u an d os, especialist as, m est r andos, m est r es, dout or andos e doutores. 3,5% dos autores não inform aram a titulação. No q u e se r ef er e à p r of issão, 8 5 , 5 % são enferm eiros e, t am bém , há a part icipação de out ros profissionais, com o: psicólogos 5 ( 2,5% ) , m édicos 2

( 1 , 0 % ) e 1 f ísi co ( 0 , 5 % ) . A p a r ce r i a e n t r e a enferm agem e out ros profissionais é válida, j á que a m esm a executa seu trabalho em equipe, e a troca de experiência na área da saúde é de grande im portância para a m elhora da qualidade da assistência. Esse dado t am bém foi com pr om et ido, pois 11 ( 5,5% ) aut or es não inform aram a profissão.

Ent r e esses pr ofissionais, 33,4% pr ocedem da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da USP, e d a Un i v er si d a d e Fed er a l d e Sã o Pa u l o . Essa s I nstituições apresentam , além dos program as de pós-gr aduação, núcleos de pesquisa em oncologia, com a par t icipação de enfer m eir os assist enciais, alunos de graduação e pós- graduação, o que cont ribui para a realização de pesquisas em grupos e aum ent o da produção cient ífica( 5).

A m aior ia dos est udos foi desenv olv ida na r egião Sudest e, com dest aque par a as cidades de São Paulo ( 21,4% ) , Rio de Janeiro ( 15,5% ) e Ribeirão Pr et o ( 11,9% ) . Nest a r egião for am im plant ados os p r i m e i r o s Pr o g r a m a s d e Pó s- Gr a d u a çã o e m Enfer m agem e hoj e concent r a a m aior ia deles. Se consider ar m os que o Br asil apr esent a um a gr ande d iv er sid ad e socioecon ôm ica e cu lt u r al en t r e su as r e g i õ e s, a a p l i ca çã o d e r e su l t a d o s d e p e sq u i sa p r o v e n i e n t e s d e ce n t r o s m a i s d e se n v o l v i d o s e co n o m i ca m e n t e f i ca co m p r o m e t i d a e m r e g i õ e s m enos favorecidas e vice- versa, devido aos recursos t ecnológicos e qualificação profissional exist ent e.

Na ident ificação das font es para localização dos ar t igos, 52,4% são pr ov enient es do LI LACS, e som en t e 1 3 , 1 % f or am localizados só pelo BDENF, sendo que os dem ais const avam nas duas bases de d a d o s. As p a l a v r a s- ch a v e m a i s u t i l i za d a s p e l o s aut ores foram “ enferm agem e câncer”, present es em 76,2% dos est udos.

Nest e est udo não ut ilizam os palavras- chave referent es aos sist em as corporais, o que am pliaria a am ost r a d o est u d o. Com o o n osso in t er esse er a analisar a produção científica nacional na enferm agem o n co l ó g i ca , d e u m a f o r m a a m p l a , u t i l i za m o s a s palavras com m aior probabilidade de aparecerem nos ar t igos.

Ve r i f i ca m o s q u e 6 6 , 7 % d o s a r t i g o s apr esent am os obj et ivos do est udo de for m a clar a, ou sej a, possibilit am o fácil ent endim ent o do leit or; 23,8% não apresentam obj etivos, e 9,5% não relatam adequadam ent e os obj et ivos do est udo.

(4)

p r op ost a p ar a r esp on d er à q u est ão d o est u d o; é f u n dam en t al par a a com pr een são do est u do e do art igo publicado( 6- 7).

Ou t r o a sp ect o i m p o r t a n t e d o s t r a b a l h o s publicados pela enfer m agem é que poucos ar t igos cient íficos 16 ( 19,0% ) são derivados de dissert ações ou t eses.

Ao a n a l i sa r m o s o s d e l i n e a m e n t o s d e p esq u i sa m ai s f r eq ü en t es n a am o st r a est u d ad a, identificam os que 31 ( 36,9% ) utilizaram a abordagem m et odológica qualit at iva, 18 ( 21,4% ) desenvolveram e st u d o s co m m é t o d o s q u a n t i t a t i v o s, 8 ( 9 , 5 % ) realizaram est udos quant iqualit at ivos ( descrit ivos) e 27 ( 32,1% ) não discrim inaram o m ét odo ut ilizado.

Entre os estudos que utilizaram a abordagem m e t o d o l ó g i ca q u a l i t a t i v a ( 3 6 , 9 % ) , o s m é t o d o s u t i l i za d o s f o r a m : f e n o m e n o l o g i a , m a t e r i a l i sm o dialético, teoria fundam entada nos dados e etnografia. Nove ( 10,7% ) estudos não discrim inaram um m étodo específico.

A ab or d ag em m et od ológ ica q u alit at iv a d e pesquisa é um m eio de ger ar conhecim ent os sobr e f e n ô m e n o s su b j e t i v o s q u e co n st i t u e m f o co d e i n t er esse d a p r o f i ssão . Vár i o s p esq u i sad o r es d a en f er m ag em o n co l ó g i ca d est acam q u e, en t r e o s diferent es propósit os da m et odologia qualit at iva, est á o de descr ever, ex plorar e ex plicar o fenôm eno do câncer, ou m elhor, interpretar o fenôm eno sob o ponto de vista daqueles que o vivenciam(8-11). Nesse sentido, a enfer m agem oncológica br asileir a, t al com o a de out r os países, t em pesquisado esse enfoque com o obj et ivo de desenvolver int ervenções de enferm agem adequadas ao cont ext o sociocult ural dos client es( 9- 10). Dentre os estudos quantitativos, 7 ( 8,3% ) são não- experim ent ais; ent re esses fazem part e: est udo r et r ospect iv o, longit udinal, pesquisa m et odológica, lev ant am ent o e r ev isão bibliogr áfica. Dez ( 11, 9% ) se g u e m d e l i n e a m e n t o s q u a n t i t a t i v o s, m a s n ã o discrim inaram o t ipo de m ét odo.

Ch a m o u - n o s a a t e n çã o o f a t o d e n ã o encont rarm os nenhum est udo que ut ilizou o desenho ex per im en t al ou o qu ase- ex per im en t al, j á qu e os result ados desses est udos perm it em a validação da p r á t i ca cl ín i ca . Ap e sa r d e o s e x p e r i m e n t o s apr esent ar em algum as lim it ações de car át er ét ico, d ev id o às v ar iáv eis q u e t ecn icam en t e p od em ser m anipuladas, m as et icam ent e não são aceit as, são esses est udos que m elhor r espondem ao t est e das hipót eses causais( 12).

As pesquisas nas abordagens m et odológicas qualit at iva e quant it at iva se com plem ent am , geram

difer ent es t ipos de conhecim ent o par a a pr át ica de enferm agem . O que determ ina o tipo de delineam ento m ais adequado para conduzir a pesquisa é a natureza d o p r ob lem a. Am b os os d elin eam en t os r eq u er em experiência do pesquisador, rigor no desenvolvim ent o d o e st u d o e g e r a m co n h e ci m e n t o p a r a o desenvolvim ent o da profissão( 13).

No que se refere à ét ica, ident ificam os que 3 5 ( 4 1 , 7 % ) dos ar t igos não apr esent am nenhum a con sid er ação. Esse r esu lt ad o p od e ser j u st if icad o dev ido à Resolu ção 1 9 6 , qu e det er m in a qu e t oda p e sq u i sa e n v o l v e n d o se r e s h u m a n o s d e v e se r subm et ida a um a av aliação ét ica, ent r ou em v igor som ent e em 1996.

Dent r e os est udos analisados, 55 ( 65, 5% ) apr esent am car act er íst icas da am ost r a est udada, e 29 ( 34,5% ) não apresent am nenhum a caract eríst ica. Som an do- se as am ost r as dos 8 4 est u dos, o b t i v e m o s o t o t a l d e 2 0 8 4 su j e i t o s q u e f o r a m selecionados pelos enferm eiros pesquisadores. Porém n em sem p r e os est u d os esp ecif icam a est r at ég ia u t ilizada par a a seleção da am ost r a, o qu e deix a dúvidas se ela é represent at iva da população que se pret endeu invest igar( 6).

Outro resultado obtido é que 77 ( 91,7% ) dos r elat ór ios d e p esq u isa ap r esen t am com clar eza o problem a do est udo, perm it indo o ent endim ent o do leit or, e 7 ( 8 , 3 % ) n ão apr esen t am o pr oblem a do est udo.

No Br asil, com o não há o est abelecim ent o de prioridades de pesquisa na enferm agem em geral e n a on cológ ica, com o ocor r e em ou t r os p aíses, apreendem os que os problem as de pesquisa descritos est ão r elacionados ao int er esse par t icular de cada pesquisador( 13).

Em t odos os est u dos qu e apr esen t ar am o p r o b l e m a a se r i n v e st i g a d o , n ã o e n co n t r a m o s d i sco r d ân ci a en t r e o t i p o d e o b j et o e o m ét o d o selecion ado.

D e st a ca m o s q u e 3 9 , 3 % d o s a r t i g o s apr esent ar am um quadr o t eór ico par a fundam ent ar o ob j et o d e p esq u i sa; n o en t an t o, p ou cos d el es ap r esen t ar am com clar eza os con ceit os d a t eor ia se l e ci o n a d a p a r a a n á l i se e i n t e r p r e t a çã o d o s r esu l t ad os. Os q u ad r os t eór i cos f or am v ar i ad os, extraídos da bibliografia nacional e internacional, com dest aque para o referencial da fenom enologia.

(5)

ent endim ent o do leit or, dev ido ao uso de t er m os e ex pr essões específicas, que podem não ser de seu conhecim ent o, dificult ando a sua int er pr et ação dos r esult ados.

En t r e os ar t igos, 8 2 ( 9 7 , 6 % ) apr esen t am revisão da lit erat ura para em basar o problem a e as dem ais et apas do processo de pesquisa; 75 ( 89,3% ) apr esen t am con sider ações f in ais ou con clu sões, e apenas 55 ( 65,5% ) responderam adequadam ente aos obj et iv os pr opost os.

Em r elação à t em át ica dos ar t igos, 36, 9% f ocalizar am ações d a assist ên cia d e en f er m ag em ( pr ocesso de en f er m agem , plan os de assist ên cia, a n a l g esi a d a d o r ) , d a p r ev en çã o d o câ n cer e o r e l a ci o n a m e n t o d a e q u i p e d e e n f e r m a g e m q u e t r a b a l h a co m o p a ci e n t e o n co l ó g i co . Com plem entando, 38 ( 45,2% ) dos artigos focalizaram diferent es t ipos de câncer, 15 ( 17,9% ) , o câncer de m am a, 12 ( 14,3% ) , o câncer de útero e 12 ( 14,3% ) , o câncer infant il.

Segundo publicações estrangeiras, várias são as áreas que necessit am ser invest igadas, devido à falt a de conhecim ent o sobre a experiência do câncer, ent re grupos sociais, e da efet ividade das ações de enferm agem , t al com o: sint om as do câncer e efeit os colat erais das t erapêut icas, aspect os psicossociais e com port am ent ais, efeit os t ardios das t erapêut icas, e o u t r a s( 9 - 1 1 ), co m d i f e r e n t e s d e l i n e a m e n t o s m et odológicos.

Por fim , ident ificam os que 60 ( 71,4% ) dos art igos apresent am recom endações para a realização d e p esq u isas f u t u r as, com o com p lem en t ação d os r esu lt ados en con t r ados; e 2 4 ( 2 8 , 6 % ) n ão f azem nenhum t ipo de recom endação.

Com b ase n os r esu lt ad os, alg u n s au t or es fazem r ecom endações específicas par a a m udança da prática clínica, m as não apresentaram com clareza o m é t o d o u t i l i za d o , a p o p u l a çã o e st u d a d a , a r epr esent at iv idade da am ost r a selecionada, t em po de colet a de dados, a relação dos result ados com o r ef er en cial de escolh a, j u st if icat iv a da escolh a do m ét odo para alcance dos obj et ivos e, at é m esm o, o pr epar o dos pesquisador es par a o desenv olv im ent o do est udo, fat or es que det er m inam o r igor de um est udo cient ífico.

Por essas int erpret ações, consideram os que apenas alguns dos ar t igos apr esent ar am coer ência en t r e os ob j et iv os p r op ost os e o q u ad r o t eór ico-m et odológico ut ilizado.

Assim , os ar t ig os n acion ais d er iv ad os d e pesquisas, analisados nessa r ev isão, focalizando as

d i f er en t es d i m en sõ es d a a t u a çã o d o en f er m ei r o o n co l ó g i co , a p r e se n t a m v á r i o s p o n t o s cr ít i co s, r elacion ados: ao r ef er en cial t eór ico u t ilizado, aos ob j et iv os, à m et od olog ia, aos asp ect os ét icos, à an álise e discu ssão dos dados, aos r esu lt ados, às considerações finais e à redação. Essas crít icas não sã o e sp e cíf i ca s à s p u b l i ca çõ e s d a e n f e r m a g e m o n co l ó g i ca , n o Br a si l , m a s, à s p u b l i ca çõ e s d a enferm agem em geral( 14- 15).

No e n t a n t o , co m o p o n t o s p o si t i v o s d o s est udos r ealizados, dest acam os: aspect os ger ais e específicos par a o plano de cuidados; com pr eensão da experiência do câncer ent re pacient es, fam iliares e equipe de enferm agem , fornecendo dim ensões ou v ar iáv eis par a a con st r u ção de in st r u m en t os, por ex em plo, de av aliação da qu alidade de v ida e do cu i d a d o ; r e f l e x õ e s cr ít i ca s so b r e o cu i d a d o , d est acan d o a q u est ão d a i n t er d i sci p l i n ar i d ad e e i n t e g r a l i d a d e ; a l é m d e p r o p o st a s p a r a o desenvolvim ent o de pesquisas fut uras.

Com preendem os que a pesquisa nacional em enfer m agem oncológica ainda est á em const r ução, porém é necessário que as publicações em form a de art igo recebam m ais at enção dos aut ores, edit ores, analist as e veículos de publicação, para que o rigor evidence a m elhoria da qualidade das publicações.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Pe l a ca r a ct e r i za çã o d a s p u b l i ca çõ e s analisadas, consider am os que os ar t igos cient íficos dos enfer m eir os br asileir os, na ár ea da oncologia, em bora t enham crescido num ericam ent e nos últ im os anos, dem onst r am que a pesquisa ainda não est á co n so l i d a d a , d e v i d o a l a cu n a s n a p r o d u çã o d o conhecim ent o. Frent e a esse fat o, sugerim os que: - Os en f er m ei r o s p esq u i sad o r es i d en t i f i q u em as prioridades de pesquisa em enferm agem oncológica no país, para a construção do conhecim ento em áreas carent es de em basam ent o cient ífico e para evit ar o desen v olv im en t o de est u dos isolados, qu e t r azem pouca cont ribuição para a profissão;

- Os enferm eiros pesquisadores refinem as estratégias de síntese dos resultados de pesquisa, para favorecer a i m p l an t ação d as ev i d ên ci as ci en t íf i cas, co m a int egração de result ados de est udos que ut ilizaram a m et odologia qualit at iva e/ ou quant it at iva;

(6)

a apr een são do leit or em r elação ao pr oblem a de pesquisa, ao m étodo e suas etapas e, principalm ente, à análise dos r esult ados, de m odo coer ent e com o r efer encial t eór ico, o que dem onst r ar ia o r igor do est udo.

Essas quest ões são im port ant es para que a pesquisa na enferm agem oncológica brasileira cum pra a sua finalidade de fornecer a base de conhecim entos, o s q u a i s p o d e r ã o p r o m o v e r a e f e t i v i d a d e d o s cuidados.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1. Minist ér io da Saúde ( BR) . I nst it ut o Nacional do Câncer. Ações de enferm agem para o controle do câncer: um a proposta de int egração ensino- serviço. Rio de Janeiro ( RJ) : Minist ério da Saúde/ I nst it ut o Nacional do Câncer; 2002.

2 . Mci l f at r i ck SJ, Keen ey S. I d en t i f y i n g can cer n u r si n g r esear ch pr ior it ies using t he Delphi t echnique. J Adv Nur s 2 0 0 3 Apr il; 4 2 ( 6 ) : 6 2 9 - 3 6 .

3. Beyea SC, Nicoll ELH. Writ ing an int egrat ive review. Aorn J 1 9 9 8 Apr il; 6 7 ( 4 ) : 8 7 7 - 8 0 .

4. Ganong LH. I nt egrat ive reviews of nursing research. Res Nur s Healt h 1987 Febr uar y ; 10( 1) : 1- 11.

5. Alm eida M C P de, Rodrigues R A P, Furegat o A R F, Scochi C G S. A pós- graduação na Escola de enferm agem de Ribeirão Pr et o – USP: ev olução hist ór ica e sua cont r ibuição par a o desenvolvim ent o da enferm agem . Rev. Lat ino- am . Enferm agem 2002 m aio/ j unho; 10( 3) : 276- 87.

6 . Bu r n s N, Gr ov e SK. Th e pr act ice of n u r sin g r esear ch : conduct , cr it ique and ut ilizat ion. 4ª ed. Philadelphia: W B Saunder s; 2001.

7. St reubert HJ. Avaliação do relat ório de pesquisa qualit at iva. I n: Lobiondo- Wood G, Haber J, organizadoras. Pesquisa em enferm agem : m ét odos, avaliação crít ica e ut ilização. Rio de Janeiro ( RJ) : Guanabara- Koogan; 2001. p. 255- 67. 8. Ent wist le V, Trit t er JQ, Calnan M. Researching experiencies of cancer: t he im port ance of m et hodology. Eur J Cancer Care 2 0 0 2 Sept em ber ; 1 1 ( 3 ) : 2 3 2 - 7 .

9 . Ai l i n g er RL. Co n t r i b u t i o n s o f q u al i t at i v e r esear ch t o e v i d e n ce - b a se d p r a ct i ce i n n u r si n g . Re v La t i n o - a m Enfer m agem 2003 m aio- j unho; 11( 30) : 275- 9.

10. Bailey C, Froggat t K, Field D, Krishnasam y M. The nursing cont ribut ion t o qualit at ive research in palliat ive care 1990-1 9 9 9 : a cr i t i ca l ev a l u a t i o n . J Ad v Nu r s 2 0 0 2 Ja n u a r y ; 4 0 ( 1 ) : 4 8 - 6 0 .

11. Mcilfat r ick S, McCance T, Hender son L. Developing a st rat egic fram ework for cancer nursing research. Eur J Oncol Nur s 2004 Sept em ber ; 8( 3) : 262- 5.

12. Grey M. Desenhos experim ent ais e quase- experim ent ais. I n: Lobiondo- Wood G, Haber J. Pesquisa em enfer m agem : m ét odos, avaliação crít ica e ut ilização. Rio de Janeiro ( RJ) : Guanabar a- Koogan; 2001. p. 98- 109.

13. Agudelo MCC. Trends and priorit ies in nursing research. Rev Lat ino- am Enferm agem 2004 j ulho- agost o; 12( 4) : 583- 8. 1 4 . Man cia JR, Ram os FRS. Pon t os cr ít icos n a p r od u ção cient ífica de enferm agem – os t rabalhos subm et idos à REBEn. Rev Br as Enfer m agem 2002 m ar ço- abr il; 55( 2) : 163- 8.

15. Rodrigues RM, Bagnat o MHS. Pesquisa em enferm agem no Br asil: pr oblem at izando a pr odução de conhecim ent os. Re v Br a s En f e r m a g e m 2 0 0 3 n o v e m b r o - d e ze m b r o ; 5 6 ( 6 ) : 6 4 6 - 5 0 .

Referências

Documentos relacionados

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ent o da Pesquisa em Enferm agem , Brasil:.. 1 Artigo

da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em enferm agem , e-m ail:

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ento da pesquisa em enferm agem ; 3 Docent e da Faculdade

Professor Dout or da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da Pesquisa em Enferm agem ,

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem , Brasil... 378 casos

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da Pesquisa em Enferm agem , Brasil.. PREPARO E ADMI

Psicóloga, Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em

Enferm eira, Dout oranda em Enferm agem Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em