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Fatores culturais que interferem nas experiências das mulheres durante o trabalho de parto e parto.

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Academic year: 2017

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FATORES CULTURAI S QUE I NTERFEREM NAS EXPERI ÊNCI AS

DAS MULHERES DURANTE O TRABALHO DE PARTO E PARTO

1

Mar ia Gor et t e An dr ade Bezer r a2 Mar ia Ver a Lucia Mor eir a Leit ão Car doso3

Bezer r a MGA, Car doso MVLML. Fat or es cult ur ais que int er fer em nas ex per iências das m ulher es durant e o t rabalho de part o e part o. Rev Lat ino- am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3) : 414- 21.

O par t o é um acont ecim ent o de r elevância na vida da m ulher , um a vez que const it ui m om ent o único para o binôm io m ãe- filho. O est udo t eve com o obj et ivo com preender os fat ores que int erferem nas experiências v iv idas pela par t ur ient e. Par t icipar am set e par t ur ient es que t iv er am filhos at r av és de par t o nor m al, em um a m at er nidade pública de For t aleza- Cear á. A colet a dos dados ocor r eu nos m eses de j unho a agost o de 2003. Par a colet a e an álise dos dados f oi u t ilizada a Et n oen f er m agem . Os ach ados f or am r ef let idos n a Teor ia da Div er sid ad e e Un iv er salid ad e d o Cu id ad o Cu lt u r al, d e Lein in g er , e f or am or g an izad os em t r ês cat eg or ias: m edo; influência das cr enças e r eligiosidade e gest ação ant er ior . A pr át ica do cuidado cult ur al na assist ência à m ulher m ost r ou com o é im por t ant e a com unicação e o r espeit o às suas cr enças e v alor es no m om ent o do t r abalho de par t o e par t o.

DESCRI TORES: t eor ia de enfer m agem ; par t o nor m al; cult ur a; enfer m agem

FACTORS I NTERFERI NG I N THE EXPERI ENCE OF

W OMEN I N CHI LDBI RTH PROCESS AND I N CHI LDBI RTH

Childbir t h is a r elev ant happening in a w om an’s life, as it is a unique m om ent for t he m ot her - child binom ial. This st udy aim ed at under st anding t he fact or s t hat int er fer e in t he ex per ience liv ed by childbear ing w om en . Sev en w om en w h o g av e b ir t h t h r ou g h n or m al ch ild b ir t h in a p u b lic m at er n it y in For t aleza- Cear á par t icipat ed in t he st udy. Dat a w er e collect ed fr om June t o August , 2003. Et hnonur sing w as t he m et hod used f or dat a collect ion an d an aly sis. Th e f in din gs w er e r ef lect ed in t h e f r am ew or k of Lein in ger ’s Div er sit y an d Univ er salit y of Cult ur al Car e Theor y , w hich w er e or ganized in t hr ee cat egor ies: Fear ; I nfluence of t he beliefs an d r el i g i o si t y ; p r ev i o u s p r eg n an cy . Th e p r act i ce o f cu l t u r al car e t o w o m en sh o w ed t h e i m p o r t an ce o f com m unicat ion and consider at ion of w om en’s beliefs and v alues at t he m om ent of t he childbir t h pr ocess and d eliv er y .

DESCRI PTORS: nur sing t heor y ; nat ur al childbir t h; cult ur e; nur sing

LOS FACTORES QUE I NTERFI EREN EN LAS EXPERI ENCI AS

DE LAS MUJERES DURANTE EL TRABAJO DE PARTO Y PARTO

El part o es una ocurrencia de im port ancia en la vida de la m uj er, pues se const it uye un m om ent o único p ar a el b in om io m ad r e- h ij o. El est u d io t u v o p or ob j et iv o com p r en d er los f act or es q u e in t er f ier en en las experiencias vividas por la part urient a. Part iciparon siet e part urient as que t uvieron sus hij os a t ravés del part o norm al, en una m at ernidad pública de Fort aleza- Ceará. La recolect a de los dat os ocurrió en los m eses de j unio, j ulio y agost o de 2003. Para la recolect a y el análisis de los dat os fue ut ilizada la Et noenferm ería. Los hallazgos f u er on r ef lej ad os en la Teor ía d e la Div er sid ad y Un iv er sid ad d el Cu id ad o Cu lt u r al d e Lein in g er , y f u er on organizados en t res cat egorías: Miedo; I nfluencia de las creencias y religiosidad; Gest ación ant erior. La práct ica del cuidado cult ural en la at ención a la m uj er nos ha m ost rado la im port ancia de la com unicación y respect o a sus cr eencias y valor es en el m om ent o que se pone de par t o y par t o.

DESCRI PTORES: t eor ía de enfer m er ía; par t o nor m al; cult ur a; enfer m er ía

1 Trabalho Ext raído da Dissert ação de Mest rado;2 Enferm eira obstetra da Maternidade- Escola Assis Chat eaubriand, da Universidade Federal do Ceará, Mestre

em Enferm agem Clínico- Cirúrgica, Docent e da Universidade de Fort aleza; 3 Enferm eira, Dout or em Enferm agem Clínico- cirúrgica, Professor Adj unt o da

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I NTRODUÇÃO

O

part o é um acont ecim ent o de relevância na vida da m ulher, um a vez que const it ui m om ent o ú n i co p ar a o b i n ô m i o m ãe e f i l h o . Po r en v o l v er aspect os psicológicos, físicos, sociais, econôm icos e cu l t u r a i s, é co n si d e r a d o p o r v á r i o s a u t o r e s u m fenôm eno com plexo( 1- 3), tornando- se obj eto de estudo

em várias ciências, ent re elas a enferm agem . At r a v é s d o s t e m p o s, se m p r e e x i st i u a p r ob lem át ica d e t er ou n ão t er f ilh os. Ter f ilh os significava um a m aneira de o casal m ant er- se unido, t r ansm it ir seu nom e e assegur ar r efor ço agr ícola e d e g u e r r a . A f i g u r a d a d e u sa - m ã e e r a a r epr esent ação de um a m ulher de quadr is lar gos e sei o s v o l u m o so s q u e, n o m o m en t o d o p ar t o , se arriscava em prol da cont inuação da vida. A m ulher, e n t ã o , q u e t i v e sse m u i t o s f i l h o s a d q u i r i a ce r t a consagração na com unidade( 4).

A m ulher possui, dessa m aneira, im port ant e papel com o dissem inador a de cult ur a por m eio de seus filhos. A m ãe é quem os coloca em contato com o m undo, ensinando- lhes as difer enças básicas dos papéis sexuais e iniciando, assim , sua socialização( 5).

O part o, ent re os povos prim it ivos, era um acontecim ento de pouca relevância, j ustificando o fato de qu e, em ger al, a m u lh er m al in t er r om pia seu s a f a ze r e s; e n t r e t a n t o , n a so ci e d a d e a t u a l , é influenciada para ter dor, pois desde a infância escuta sua m ãe, parentes e am igos falarem dos sofrim entos da par t u r ição, cr ian do- se, dessa f or m a, o qu e se cham a de com plexo de m edo e apreensão( 6).

O t rabalho de part o, apesar de ser um at o fisiológico, atualm ente, requer a internação da m ulher e m u m a m a t e r n i d a d e , p o r é m e ssa f o r m a d e assist ência ao part o cont ribui para que a part urient e f i q u e d i st a n t e d a f a m íl i a , p o i s, n a m a i o r i a d a s m at er nidades, a pr esença dos fam iliar es nas salas de part o não é perm it ida. Na verdade, a part urient e, ao ser int er nada, passa a ser um caso, r ecebe um n ú m er o d e i d en t i f i cação , o q u e, p r o v av el m en t e, influencia nas suas at it udes( 7).

As at it udes, a m aneir a com o a par t ur ient e usa o seu corpo, e o m odo de se com port ar durant e o t r a b a l h o d e p a r t o d ep en d em d a s i n f o r m a çõ es recebidas no pré- nat al, do cont ext o socioeconôm ico e de sua personalidade( 8). Acredita- se que a gestante

necessita de conhecim entos prévios sobre a gravidez, a n u t r i çã o a d eq u a d a , a s co n t r a çõ es, o p a r t o , o cr e sci m e n t o e o d e se n v o l v i m e n t o d o b e b ê , e a

am am ent ação, a im unização, com o t am bém precisa r e ce b e r i n f o r m a çõ e s so b r e p r e p a r a çã o f ísi ca adequada, no que diz respeit o aos efeit os de variar as posições, par a que possa par t icipar at iv am ent e do seu par t o, per ceben do o bem - est ar qu e essas v ar iações pr opor cionam .

Na vivência diária com m ulheres, durant e o p r o ce sso p a r t u r i t i v o , o b se r v o u - se q u e a l g u m a s part urient es perm aneciam em seus leit os, caladas e não questionavam o tratam ento recebido, assum im do atitude de quem estava ali para cum prir ordens. Esses fat os levaram à reflexão e ao quest ionam ent o: quais os fat ores cult urais que t êm influenciado as at it udes das par t ur ient es?

Concorda- se aqui, com o pensam ento de que algu m as m ulher es, não t endo or ient ações n o pr é-nat al, saberão inst int ivam ent e o que fazer durant e o parto, porém , outras, não tendo um m odelo a seguir, precisam ter acesso às inform ações, para que possam m ant er- se t ranqüilas durant e as cont rações( 9).

Diant e do ex post o e pela conv iv ência com parturientes em sala de parto, sentiu- se a necessidade de aprofundar o conhecim ent o sobre as experiências v iv id as p elas p ar t u r ien t es, in v est ig an d o q u ais os f at or es q u e in f lu en ciav am su as ex p er iên cias, n ão esquecendo o cont ex t o sociocult ur al em que est ão inseridas. Logo, ao com preender tal situação, espera-se aj udá- las a enfrentar o trabalho de parto e parto, com o intuito de colaborar para que essa experiência possa ser posit iva nesse m om ent o de sua hist ória.

Co r r o b o r a n d o co m o p e n sa m e n t o d o s an t r op ólog os n a af ir m ação d e q u e a cu lt u r a t em influência no com por t am ent o hum ano, e aceit ando i n t e g r a l m e n t e a i d é i a d e Le i n i n g e r d e q u e o enfer m eir o, par a com unicar - se com o client e, dev e en t en der su a v isão de m u n do, cr en ças, v alor es e cost um es, buscou- se nest e est udo t r azer r eflex ões d e q u e a cu l t u r a , o s v a l o r e s, a s cr e n ça s, a s experiências e os significados que as gest ant es t êm d o p ar t o v ão in t er f er ir n o seu com p or t am en t o e m om ent os vividos durant e a part urição.

Est e est udo, por t ant o, t ev e com o obj et iv o com preender os fat ores cult urais que int erferem nas exper iências vividas pelas par t ur ient es.

REFERENCI AL TEÓRI CO-METODOLÓGI CO

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e x p e r i ê n ci a s v i v i d a s d a s p a r t u r i e n t e s l e v o u a s p esq u isad or as a op t ar p or est u d o d escr it iv o com ab or d ag em q u alit at iv a, sob en f oq u e et n og r áf ico, ut ilizando a Teor ia da Diver sidade e Univ er salidade do Cuidado de Madeleine Leininger.

A Et noenferm agem é um m ét odo qualit at ivo que faz uso de várias estratégias e técnicas, auxiliando a i n t e r a çã o e sp o n t â n e a d a e n f e r m e i r a co m o s in f or m an t es, aj u dan do a docu m en t ar, pr eser var e int erpret ar o significado do cuidado e experiência de g r u p o s cu l t u r a i s d i v e r so s, a l é m d e ca p a ci t a r a enferm eira na obtenção de m aior com preensão sobre os sig n if icad os d as ex p er iên cias d o d ia- a- d ia d as p e sso a s, e m d i f e r e n t e s o u i g u a i s co n t e x t o s am bient ais( 10).

Os ant ropólogos ut ilizam o t erm o inform ant e para as pessoas que fornecem inform ações sobre os cost um es e as crenças de um grupo, revelando sua i d e n t i d a d e cu l t u r a l . Na Et n o g r a f i a f o ca l i za d a , a en f er m ei r a p o d e est u d ar u m f en ô m en o co m u m núm ero pequeno de inform ant es, ent re 6 ( seis) a 8 ( oit o) , pois o qu e im por t a par a a au t or a n ão é o n ú m er o d e i n f o r m a n t es e si m o si g n i f i ca d o d o s d ep oim en t os( 1 1 ). Nest e est u d o, t r ab alh ou - se com

7( set e) inform ant es- chaves, ou sej a, os suj eit os que v iv enciar am o fenôm eno.

Par a aux iliar na escolha dos infor m ant es e d o m a t er i a l n ecessá r i o p a r a a co l et a d e d a d o s, buscou- se a literatura e executou- se um proj eto- piloto no qual as pesquisador as per m anecer am dois dias na m at ernidade em est udo, observando o cenário, e acom panhando t rês m ulheres em seus t rabalhos de part o e part o.

A inser ção de cada infor m ant e- chav e ficou assim estabelecida: ser parturiente com idade a partir de 19 anos e que j á tivesse vivenciado o parto norm al; t er idade gest acional ent re 37 a 42 sem anas; est ar internada na m aternidade escolhida para a realização d a p esq u isa; t er r esid ên cia f ix a n o Mu n icíp io d e Fort aleza e concordar em fazer part e da pesquisa.

O cenário do estudo foi um a m aternidade de g r an d e p or t e, localizad a em For t aleza, cap it al d o Cear á, e no am bient e nat ur al das infor m ant es, ou sej a, seus dom icílios.

A colet a de dados acont eceu nos m eses de j unho, j ulho e agost o de 2003, ut ilizando o m ét odo da Et noenferm agem , de Leininger, em pregando, em concom it ância, dois de seus guias facilit adores, que são: Ob ser v at i on - Par t i ci p at i on - Ref l ex et i on Mod el ( OPR) e St r an ger Fr ien d Model, e u m a en t r ev ist a sem i- est r ut ur ada.

O m odelo OPR é dividido em quatro fases de colet a. A pr im eir a fase - a obser v ação - acont eceu no Cent ro Obst ét rico, ant es e durant e o t rabalho de par t o e par t o, on de se obser v av a as at it u des das p a r t u r i e n t e s e d o s f u n ci o n á r i o s; a se g u n d a

-observação com part icipação – sucedeu após o parto, m om ent o em que as pesquisadoras iniciaram m elhor i n t e r a çã o co m a p a r t u r i e n t e ; a t e r ce i r a f a se

-part icipação com observação - iniciou- se no Set or do Aloj am ent o conj unt o e no dom icilio das inform ant es-ch av es. Fo i n o d esen v o l v i m en t o d essa f ase q u e acon t eceu a en t r ev ist a; e, p or ú lt im o, a f ase d e

r e f l e x ã o, q u e se i n i ci o u co m a e n t r a d a d a s pesquisadoras no cam po, com o registro das prim eiras obser vações e foi at é o inst ant e em que, de posse dos dados, r ealizou - se leit u r as par a apr een der as r e v e l a çõ e s q u e f o r a m e m e r g i n d o , b u sca n d o com preender os seus significados.

O St r a n g e r Fr i e n d Mo d e l p r o p o r ci o n o u subsídios par a que as pesquisador as soubessem o m om ent o de m udar de fase, realizar a ent revist a e deixar o cam po.

Os dados foram analisados seguindo o Método d a Et n o e n f e r m a g e m , q u e u t i l i za q u a t r o f a se s, d escr it as a seg u ir : a p r im eir a é con h ecid a com o

r el ação d o s d ad o s co l et ad o s. Nesse m om en t o, as pesquisadoras reuniram todo o m aterial da coleta para u m a p r im eir a leit u r a, en q u an t o a seg u n d a f ase

-i d en t -i f -i cação d o s d escr -i t o r es co m p o n en t es - f oi o m om ent o de ident ificar e car act er izar as falas das in f or m an t es, p r ocu r an d o ag r u p ar as at it u d es d as parturientes a partir das sem elhanças e divergências, no sent ido de com preender o obj et ivo propost o pelo est udo. Na fase de análise do padr ão cont ex t ual, foi r eal i zad a av al i ação cr i t er i o sa d o s d ad o s, co m a finalidade da sat uração de idéias e, por fim , a fase denom inada t em as pr incipais, em que se discut iu as descober t as da pesquisa.

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Un iv er sid ad e Fed er al d o Cear á, con soan t e of ício núm ero 169/ 03, prot ocolizado sob o núm ero 91/ 03, no dia 26 de m aio de 2003.

ANÁLI SE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Em busca da com pr eensão dos fat or es que i n t e r f e r e m n a s e x p e r i ê n ci a s v i v e n ci a d a s p e l a s m ulheres em t rabalho de part o e part o, por m eio da descrição e docum ent ação das falas das inform ant es, for am r ealizadas r epet idas leit ur as. Em seguida, os d a d o s f o r a m a g r u p a d o s, d e a co r d o co m a s sim ilaridades, em t rês cat egorias, a saber: m e do -foi subdividida em duas subcat egorias denom inadas infor m ações dos par ent es e am igos e, inst it uição;

in f lu ê n cia d a s cr e n ça s e r e lig io sid a d e; e, por ú lt im o, g e st a çã o a n t e r io r. Essas t r ês cat egor ias f or am , em seg u id a, an alisad as com o n ecessár io det alham ent o.

Com a int enção de fundam ent ar os achados d o est u d o, p r ocu r ou - se id en t if icar os sig n if icad os co n t ex t u ai s e cu l t u r ai s, r el aci o n an d o - o s co m as ex per iências v iv enciadas pelas infor m ant es- chav es, u t ilizan do os f at or es in f lu en ciador es da Teor ia da Div er sidade e Un iv er salidade do Cu idado Cu lt u r al, que são: os t ecnológicos, os religiosos e filosóficos, os de com panheirism o, e os sociais, o valor cult ural e m odos de vida.

Re ssa l t a - se a q u i , p o r é m , q u e , d a d a à dinâm ica da v ida r eal, esses fat or es encont r am - se em perm anent e int ercâm bio e int im am ent e ligados, vist o que não são fragm ent ados ou isolados( 11).

Cat egor ia - M e do

Ao conversar com as inform ant es, percebeu-se que o percebeu-sent im ent o de m edo não deixou que elas vivenciassem em plenitude o seu processo parturitivo e que esse sent im ent o adv inha de font es div er sas, en t r e as q u ais se en con t r am as in f or m ações d os parent es e am igos e da inst it uição.

Su b ca t e g o r i a - I n f o r m a ç õ e s d o s p a r e n t e s e a m i g o s

O hom em é o resultado do m eio cultural em que foi socializado. Ele é her deir o de um pr ocesso cu m u l a t i v o , q u e r e f l e t e o co n h e ci m e n t o e a experiência adquiridos pelas inúm eras gerações que

o ant eceder am( 12). Os papéis de cada fam ília e os

laços de am izade desenvolvidos ent re os grupos, em det er m in ada cu lt u r a, são in dicador es da est r u t u r a social daquela com unidade, de m odo que o profissional da saúde dev e conhecer par a que t enha condições de oferecer um serviço, cuidado, que não sej a fat or desencadeant e de conflit os ou est r esse na pessoa que est á recebendo( 10).

As falas que se seguem m ostram a influência da opinião dos m em br os da fam ília e da sociedade perant e os possíveis sent im ent os que a m ulher pode apresent ar no que concerne ao part o.

As m inhas colegas, que j á foram m ães, diziam que o

part o é m uit o difícil. Tem m uit a adolescent e que t em m edo porque

as out ras pessoas ficam fazendo m edo, dizendo que a hora do

part o é m uit o ruim , e é m uit o difícil, no post o eu m e encont rava

com out ras m ães e elas diziam assim agora você vai ver com o é

bom ( Azaléia) .

A m inha m ãe foi quem prim eiro m e falou sobre o part o,

porque as m eninas lá, as m ais novas t odas engravidam , ela dizia

gravidez não é coisa m uit o boa não, engravidar, t er m enino não é

coisa m uit a boa não, a dor de t er filho a gent e esquece do m undo,

para m im é m esm o que m orrer ( Orquídea) .

O p a r t o se m p r e f o i ce r ca d o d e m i t o s e cr en ças e, p ar a m ist if icá- lo m ais ain d a, a Bíb lia Sagrada m enciona que as dores do part o são com o cast igo que a m ulher deve sofrer por t er com et ido o pecado or iginal, ex pr essando, assim , algo que é a realidade psíquica, t ant o para a m ulher crent e com o para a atéia: que seu filho é fruto do pecado e dar à luz a faz m erecedora do cast igo.

O parto seria, então, a grande provação pela qual dev em passar as j ov ens par a com pr ov ar sua condição de m ulher. Com isso, o t rabalho árduo, os r i sco s e a s d o r e s d o p r o ce sso p a r t u r i t i v o sã o acen t u ad os. As in f or m an t es con t am h ist ór ias d e a co n t e ci m e n t o s a ssu st a d o r e s co l h i d o s d a s experiências das vizinhas e colegas.

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Alguns aut ores que enfocam a t em át ica em e st u d o r e l a t a m q u e , e m d i st i n t a s so ci e d a d e s, observa- se que as filhas educadas por m ães que têm o t em or do part o sofrem m ais no m om ent o do part o do que nos casos em que a m ãe, as irm ãs, e as am igas d escr ev em o m om en t o d o p ar t o com ex p er iên cia satisfatória, pois a m ulher espera o m esm o para si, o que geralm ent e acont ecia( 12).

A palav r a dor é usada em por t uguês par a in dicar as sen sações v er if icadas du r an t e o par t o, q u ai sq u er q u e sej am el as. Em com p en sação, os hebreus têm um vocabulário para designar dor, Ka’ev, e out ro bem diferent e para indicar cont rações, que é

t sirim, cuj a equivalência m ais com um que se t em na língua por t uguesa é cont r ação, e que os nív eis em que os sinais inconscientes de alerta são interpretados variam de um a cultura para outra e entre indivíduos( 6).

As conversas sobre o part o, cont udo, com o m om ent o de dor, que são t ransm it idas de geração a geração, possivelm ente desencadeiam um sentim ento de m edo nas gest ant es, dificult ando o part o.

A dor é vista pela m ulher com o essencial no processo part urit ivo e, ao descrever sua evolução e o com p or t am en t o assu m id o, m ost r a sen t ir - se em per igo, am eaçada, por qu e r ev ela m edo dian t e do desconfor t o pr ov ocado pela dor. Acr edit a que essa possa super ar sua pr ópr ia r esist ência física, possa levá- la à m ort e e roga pelo part o com o um event o que possibilit ará o t érm ino de seu sofrim ent o. Desse m odo, as dores no m om ent o da expulsão t erm inam aceit as com o o fim da part urição( 8).

Subcat egor ia - I n st it u içã o

Observa- se que, além do fenôm eno dor, as g e st a n t e s e su a s a m i g a s co n v e r sa m so b r e o at endim ent o nas inst it uições, com o se v ê a seguir em suas falas.

As m inhas colegas diziam que lá o povo ( funcionários

da m at ernidade) não cuidava bem da gent e, eram t odos abusados

com as pacient es ( Orquídea) .

Eu fiquei assist indo a m ulher t endo m enino lá, eu não

sei com o é que um a coisa t ão m iúda se est ica t ant o, eu fiquei com

m edo e aquele ferro que est ouraram a bolsa, eu fiquei com m edo

de quando ele ia est ourar, bat er em m im ( Tulipa) .

Na sala de par t o as out r as que ficam lá chor ando,

grit ando fazem m edo ( Dália) .

Na sala de part o quando eu fui chegando eu t ive m edo

daquela que t ava pont eando, eu fiquei com m edo daquele sangue

lá ( Hort ênsia) .

Na sala de part o, m uit as cam as né, aquela m esinha

com aparelhinhos, t esoura, agulha, eu vi aquilo e eu fiquei com

m edo e pert o de m im t inha duas m ulheres que grit avam m uit o

( Violeta) .

A g e st a çã o e o p a r t o , d e i x a n d o d e se r ev ent os fam iliar es, passar am a ser acont ecim ent os institucionalizados, pois as instituições têm um a cultura própria, fundam ent ada no em pirism o e na t ecnologia q u e se r ev elam em su as r ot in as, com o as u lt r a-so n o g r a f i a s, t r i co t o m i a s, t o q u e s v a g i n a i s, am niot om ias, episiorrafias e cesarianas( 13).

Log o, con cor d a- se com o p en sam en t o d e que, na assist ência obst ét r ica, t odos se dispõem a a ssu m i r a d e ci sã o d e a t e n d e r a s n e ce ssi d a d e s f i si o l ó g i ca s d a s g e st a n t e s, d e f o r m a r o t i n e i r a , m ecân i ca e i m p esso al ; cad a m em b r o d a eq u i p e desen v olv e as at iv idades qu e lh e com pet em , n ão p er ceb en d o q u e, com essa con d u t a, est á sem p r e decidindo pela m ulher, na m aioria das vezes, não lhe per m it indo opções( 8). Os pr ofissionais dev em est ar

volt ados para a assist ência que possibilit e à m ulher assu m ir seu t r abalh o de par t o de m odo am en o e confort ant e, levando em consideração seu saber, seu m odo de ver e perceber o part o, enfim , sua cult ura. Os avanços t ecnológicos são im port ant es no cuidado das doenças, porém , é preciso reconhecer o abuso em seu em prego. Muit os aparelhos são vist os pelos profissionais com o “ ferram ent as m ágicas” para sa l v a r p e sso a s, m a s, a a u t o r a( 1 1 ), e m cu j o

p e n sa m e n t o se b u sco u f u n d a m e n t o s p a r a e st e e st u d o , r e l a t o u q u e o co m p o r t a m e n t o d o s pr ofissionais se t or nou m ecanizado, pois não ficam ao lado dos pacient es, deixando- os ser cuidados por essas ferram ent as. Pode- se observar isso quando do em prego do cardiotocógrafo e/ ou o aparelho de ultra-sonografia, pois alguns profissionais dão m ais atenção ao r esult ado do ex am e obt ido na m áquina do que n a s q u ei x a s d a s p a r t u r i en t es. Os u su á r i o s e o s p ar en t es d os p acien t es p od em v ir a sen t ir m ed o desses inst rum ent os por não com preenderem o seu funcionam ent o, alguns deixando de ir em busca do hospit al, não dando cont inuidade ao t rat am ent o( 11).

(6)

n o m o m e n t o d a r e a l i za çã o d o s p r o ce d i m e n t o s t écn icos, per m it in do às m u lh er es depar ar em com o u t r a s n o m o m e n t o d o e x a m e , p a r i n d o , se n d o subm et idas a episiorrafias. At é m esm o o fat o de as m u l h e r e s e st a r e m e m u m a m e sm a e n f e r m a r i a , quando um a delas se descontrola, desencadeia “ efeito dom inó”, causando m edo às out ras.

A d i n â m i ca d o Ce n t r o Ob st é t r i co , p r o p o r ci o n a n d o à s m u l h e r e s t e r e m , n o m e sm o m om en t o, seu s bebês, j u n t am en t e com o n ú m er o reduzido de auxiliares de Enferm agem , favorece para que essas ex ponham o m at er ial cir úr gico ant es do parto, no entanto, a visão do m aterial pela parturiente in t en sif ica n ela o sen t im en t o d e m ed o, p ois n ão ent ende sua ut ilização.

Ca t e g o r i a - I n f l u ê n c i a d a s c r e n ç a s e r e l i g i o si d a d e

O século XX sofreu terrivelm ente de carência afet iva, de indiferença, de crueldade, m as produziu, t am b ém , o ex cesso d e am or con sag r ad o a m it os enganosos, ilusões e falsas divindades( 14).

As i n f o r m a n t e s- ch a v e s d o e st u d o ap r esen t am su as cr en ças co m b ase n o s v al o r es religiosos e filosóficos em que acredit am . No est ado g r a v íd i co , p o r ser u m a f a se d a v i d a d a m u l h er p e r m e a d a p o r i n se g u r a n ça , a s m u l h e r e s sã o pr opensas a se apegar a aspect os r eligiosos, com esperança de receber prot eção durant e sua gest ação e o parto( 8).

Eu sabia que ia ser um a m eninazinha, porque m orava aí

um a velhinha, ela sabia, ela disse que m inha barriga era bem

redondinha....eu pedi m uit o a Deus para dá t udo cert o, para ela

nascer perfeit a, para ela não sofrer no hospit al, eu pedia a Deus

para Ele m e aj udar, ent ão Ele m e aj udou [ ...] não t inha quem

fizesse eu com er pregado de panela, a gent e fica com a placent a

presa ( Hort ênsia) .

Na hora do part o eu m e peguei com aquela sant a que

t em um quadro na sala de part o, aqueles m eninozinhos pert o de

Nossa Senhora [ ...] um a colega m inha fez o negócio da galinha e

disse que ia ser um a m enina, eu bat i um a ult ra- sonografia com 5

m eses e deu um a m enina ( Violet a) .

Eu t am bém freqüent ava um a sant inha que t inha bem

ali, é um a m ulher que parece Nossa Senhora, aí quando eu chegava

lá eu pedia que na gravidez corresse t udo bem ...rezava para que

ele nascesse bem depressa ( Orquídea) .

As cu l t u r a s o r i e n t a m a s d e f i n i çõ e s e ex p l i caçõ es d e m u i t o s asp ect o s d o am b i en t e d o hom em - a m agia, a sort e, as forças sobrenat urais

são valorizadas pelas pessoas, m esm o que se situem no cam po da subj et ividade.

Con st at ou - se q u e a f ilosof ia d e v id a d as i n f o r m a n t es p o d e l ev á - l a s a a sso ci a r o s p a sses m ilagreiros das seitas e as inform ações das rezadeiras com as or ient ações r ecebidas dos pr ofissionais de saúde. As inform ant es, apesar de realizarem o pré-nat al e receberem inform ações dos profissionais, não d ei x av am d e i r em b u sca d o sab er p o p u l ar d as r ezadeir as.

Al g u n s a u t o r e s r e l a t a m q u e a cu l t u r a influencia at é na alim ent ação dos indiv íduos( 10, 15).

Apesar de se encont r ar alguns liv r os que div ulgam bons conselhos com o, por exem plo, não com am para dois, t om em bast ant e leit e, as m ulher es pr efer em volt ar- se para a própria m ãe e as am igas em busca de conselhos sobre o que com er e o que não com er. Mesm o quando os fat os são colhidos dos m eios de com unicação em m assa, eles t endem a passar pelo cr i v o d e u m f o l cl o r e f e m i n i n o e sp e ci a l so b r e a gravidez, dot ado de exist ência própria. Por exem plo, não com er pregado de panela porque a placent a fica presa ( acreta) ; com er o que está desej ando sob pena de o m enino nascer com a boca abert a.

Logo, as pr át icas r eligiosas, os sant os, as or ações fazem par t e do cot idiano das infor m ant es, que se apegam aos aspect os r eligiosos, esper ando receber de algum a força superior a prot eção divina, a f im d e q u e a g est ação e o p ar t o ocor r am sem pr oblem as.

Os p r o f i ssi o n a i s d e sa ú d e d e v e m e st a r at ent os às cr enças dos client es, pois, por m eio de suas crenças, pode- se detectar se as práticas de saúde são favoráveis ou não, pode- se com preender o que elas esperam receber de aj uda diante de suas crenças sobre nascim ent o, m ort e e cura( 10).

Todas as cult uras são cercadas por t abus e m it os, q u e são ações r ealizad as p elos in d iv íd u os daquela cultura com o obj etivo de evitar perigos para ele m esm o e par a os out r os m em br os, e que eles devem ser conhecidos pelos profissionais de saúde, pois exist em assunt os sobre os quais é proibido se f a l a r. Po r e x e m p l o , e m a l g u m a s co m u n i d a d e s m ex ican as e am er ican as, as m u lh er es con sider am que falar sobre sexo ou “ suas partes íntim as” é coisa proibida. Pode- se, ent ão, concordar com a aut ora( 11)

(7)

A r eligião ser v e de font e par a se obser v ar se os serviços est ão valorizando o cuidado hum ano. Al g u n s cl i en t es, q u an d o n ão at en d i d o s em su as necessidades r eligiosas, sent em - se desv alor izados, com o t am bém n ão com pr een dem o por qu ê de t al t rat am ent o( 11).

Cat egor ia – Ge st a çã o a n t e r ior

Em conversas, com preende- se a im port ância que as infor m ant es dão ao conhecim ent o adquir ido por m eio de sua vivência, quando falavam da form a com o se com por t ar am no seu t r abalho de par t o e part o, e procuraram relacioná- lo com os ant eriores, r elat ando com o foi im por t ant e j á t er em v iv enciado esse processo, e de com o a experiência det erm inou o seu com port am ent o na part urição at ual.

Agora nesse part o eu j á sabia com o eram as coisas por

causa da Rosa ( Hort ênsia) .

O prim eiro m enino eu não t inha experiência dem orou

m uit o para nascer, porem desse eu j á sabia com o colocar força

( Violeta) .

O da prim eira m enina eu não sabia com o era, eu sent ia

dor e achava que j á ia t er eu não sabia o que ainda t inha para

frent e ( Azaléia) .

Ant e a sua experiência, a m ulher é o único ser que pode at ribuir significado à sua vivência. I sso a co n t e ce q u a n d o e l a v a l o r i za a s e x p e r i ê n ci a s, lem br an do o pr ocesso par t u r it iv o, com pr een den do que um a experiência de part o não pode ser igual à o u t r a , p o r é m , a u x i l i a r ã o n o e n t e n d i m e n t o d a s vivências fut uras( 8).

Logo, as pessoas que assist em à m ulher no m om ent o do t rabalho de part o e part o devem est ar atentas às experiências que ela traz consigo, de form a que possam usá- la em beneficio da própria m ulher. Ao assistir a parturiente, não se deve esquecer que é um a ex per iência única, dev endo ser fundam ent ada no diálogo, ou sej a, na interação hum ana( 16). Às vezes

os pr ofissionais quer em im por um com por t am ent o que não se adapt a ao saber da part urient e, fazendo assim que a m ulher evolua para um difícil t rabalho de part o.

Alguns aut ores( 14, 17) alert am para o fat o de

que se deve respeit ar a leit ura do m undo do out ro, r econhecer a hist or icidade do seu saber, pois, se a pessoa acr edit ar que o seu pensam ent o é o único correto, não escuta quem pensa e elabora um discurso d if er en t e d ela. Recu sar a ar r og ân cia cien t íf ica e aceit ar as diferenças é um a virt ude própria de quem assum e um a posição ver dadeir am ent e cient ífica.

Os pr ofission ais, por t an t o, dev em escu t ar, r espeit ar e ut ilizar o saber do out r o, a v iv ência do out ro, pois o saber cient ífico não responde por t odos os saberes( 14); é preciso respeit ar o saber int rínseco

de cada um , com o t am bém o saber cult ural( 10).

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

A Et n o e n f e r m a g e m p e r m i t i u m a i o r aproxim ação com as part urient es, com seu m odo de vida, valores e crenças e com a sua visão de m undo. Assi m r e a l i zo u - se a p r o x i m a çã o a r e sp e i t o d a com p r een são d os f at or es q u e in t er f er em n o seu com por t am ent o.

A Teoria da Diversidade e Universalidade do Cu id ad o f ez p er ceb er q u e o p ar t o n ão é u m at o isolado, fechado nele m esm o, m as engloba um a série d e f a t o r e s i m b r i ca d o s e i n t e r l i g a d o s, o s q u a i s const it uem o m om ent o do par t o. Not a- se t am bém , que não se pode com preender o com port am ent o da part urient e olhando- a som ent e no m om ent o em que se encont ra no Cent ro Obst ét rico. Há de se buscar a visualização do am bient e em que se desenvolveu a gest ação, em que m om ent o de vida se encont rava a m ulher e o seu com panheiro, e qual a preocupação m aior da part urient e naquele m om ent o.

A sofist icação da pr át ica obst ét r ica, com o u so d a s t e cn o l o g i a s, t o r n o u - a m e ca n i za d a e m assificada, acrescida da infinidade de procedim entos u t i l i za d o s d e sd e a g r a v i d e z, a t u a n d o , à s v e ze s desfav orav elm ent e, na m ulher, t or nando- a insegura e ansiosa, prej udicando o t rabalho de part o.

Junta- se a esses fatores o contexto am biental, local de ocor r ên cia do par t o, qu an do a m u lh er se encont ra com out ras part urient es ( os grit os) , o que t o r n a a si t u ação d esf av o r áv el p ar a q u e o p ar t o t ranscorra de m aneira t ranqüila.

A sensação de dor referida pela part urient e deve ser respeitada de acordo com seus lim ites, pois, para a m aioria das m ulheres, o part o é sinônim o de dor e de sofrim ento e envolve necessidade de aj uda, apoio e confiança das pessoas que delas cuidam .

(8)

A enferm eira deve assum ir um a post ura que vise a transform ação da realidade, não im pondo, m as v alor izando, r espeit ando as lições que as m ulher es t razem de sua cult ura. Por m eio da busca cont ínua d o con h eci m en t o, p od e- se ap r een d er, an al i sar e com preender o cot idiano e as im plicações do que se faz de form a m ais cont ext ualizada.

Propõe- se aqui, que se pense em assistência baseada nos valores culturais, respeitando as práticas d e sa ú d e d a s m u l h e r e s e se u s co m p o n e n t e s fam iliares, a fim de que as verdadeiras necessidades sej am at endidas, buscando um cuidado cult ural não só à m ã e e a o f i l h o , co m o t a m b é m à f a m íl i a , part ilhando os m edos, as angúst ias e as realizações, lem b r an d o sem p r e q u e a en f er m eir a t em g r an d e

p ap el a cu m p r i r, i n t er v i n d o d i r et am en t e j u n t o à parturiente no pré- parto e sala de parto, na assistência ao part o norm al.

Sugere- se, ainda, que novas polít icas devam se r i m p l a n t a d a s, p o i s e l a s t ê m g r a n d e r esponsabilidade, t ant o na assist ência à m ulher no p l an ej am en t o f am i l i ar, n o p r é- n at al , q u an t o n as m a t e r n i d a d e s, p a r a q u e se p o ssa a t e n d e r a s n e ce ssi d a d e s b i o p si co sso ci a i s, v i st o q u e o atendim ento ainda é centrado no biológico, no m odelo b iom éd ico d e saú d e/ d oen ça. Esse q u ad r o su g er e m udanças na m elhoria de assist ência ao part o e na su a h u m a n i za çã o , d e o n d e se co n cl u i q u e essa r e a l i d a d e t e m q u e se r r e e st r u t u r a d a , co m o at endim ent o cent r alizado no ser hum ano com suas cr enças e valor es.

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