w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
Original
Comparac¸ão
entre
resultados
de
radiografia
simples,
pré
e
pós-osteotomia
de
Salter,
em
pacientes
portadores
da
doenc¸a
de
Legg-Calvé-Perthes
夽
Hugo
Futoshi
Toma
a,
Thiago
de
Almeida
Oliveira
Felippe
Viana
a,
Rostanda
Mart
Meireles
a,
Isabel
Moreira
Borelli
a,
Francesco
Camara
Blumetti
b,
Eduardo
Shoiti
Takimoto
be
Eiffel
Tsuyoshi
Dobashi
b,∗aUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil
bDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem13dejunhode2013 Aceitoem12deagostode2013
On-lineem19dejulhode2014
Palavras-chave:
Doenc¸adeLegg-Calve-Perthes Radiografia
Classificac¸ão Crianc¸a
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Determinarem pacientescomdoenc¸adeLegg-Calvé-Perthes(DLCP) submeti-dosàosteotomiadeSalterseasvariáveisclínicaseasclassificac¸õespré-operatóriasse correlacionamcomoresultadoradiográficonamaturidadeesquelética.
Métodos:Nesteestudodecoorteretrospectivoforamavaliados47indivíduosportadoresda DLCPtratadoscomosteotomiadeSalter(1984-2004).Ospacientesforamavaliadosdeacordo comsexo,cor,ladoacometidoeidadeemquefoifeitaaosteotomia.Asradiografias pré--operatóriasforamanalisadasdeacordocomasclassificac¸õesdeWaldenström,Catterall, LaredoeHerring.Asradiografiasobtidasnamaturidadeesqueléticaforamclassificadas segundoométododeStulberg.
Resultados:Amédia da idade no momentodo tratamentocirúrgico foi de 82,87meses (6,9anos).Aidadeapresentoucorrelac¸ãoestatisticamentesignificativacomosgrausde Stul-bergnamaturidadeesquelética(p<0,001).Pacientesacimade6,12anostendemaapresentar resultadosmenosfavoráveis.Asvariáveissexo,coreladoacometidonãoapresentaram correlac¸ãoestatisticamentesignificativacomoprognóstico(p=0,425;p=0,467;p=0,551, respectivamente).Apenasaclassificac¸ãodeLaredoapresentoucorrelac¸ãoestatisticamente significantecomoresultadofinaldadopelaclassificac¸ãodeStulberg(p=0,001).Asdemais classificac¸õesusadas,Waldenström,CateralleHerring,nãoapresentaramcorrelac¸ãoentre omomentoemquefoiindicadaacirurgiaeoresultadopós-operatório.
夽
TrabalhodesenvolvidonaDisciplinadeOrtopediaPediátrica,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,EscolaPaulistadeMedicina, UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp-EPM),SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:eiffeldobashi@uol.com.br(E.T.Dobashi). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.08.016
Conclusões: Aidadeemqueospacientesforamsubmetidosaotratamentocirúrgicoeos gruposdaclassificac¸ãodeLaredoforamasúnicasvariáveisqueapresentaramcorrelac¸ão significativacomaclassificac¸ãodeStulberg.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
Comparison
of
the
results
from
simple
radiography,
from
before
to
after
Salter
osteotomy,
in
patients
with
Legg-Calvé-Perthes
disease
Keywords:
Legg-Calve-Perthesdisease Radiography
Classification Child
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives: Todeterminewhethertheclinicalvariablesandpreoperativeclassificationof patientswithLegg-Calvé-Perthesdisease(LCPD)whoundergoSalterosteotomycorrelate withtheradiographicresultatthetimeofskeletalmaturity.
Methods: Inthisretrospectivecohortstudy,47individualswithLCPDwhoweretreated usingSalterosteotomy(1984-2004)wereevaluated.Thepatientswereevaluatedaccording tosex,skincolor,sideaffectedandageatwhichosteotomywasperformed.Thepreoperative radiographswereanalyzedinaccordancewiththeclassificationsofWaldenström,Catterall, LaredoandHerring.Theradiographsobtainedatthetimeofskeletalmaturitywereclassified usingtheStulbergmethod.
Results:Themeanageatthetimeofsurgicaltreatmentwas82.87months(6.9years).Theage presentedastatisticallysignificantcorrelationwiththeStulberggradesatskeletalmaturity (p<0.001).Patientsovertheageof6.12yearstendedtopresentlessfavorableresults.The variablesofsex,skincolorandsideaffecteddidnotpresentanystatisticallysignificant correlationwiththeprognosis(p=0.425;p=0.467;p=0.551,respectively).OnlytheLaredo classificationpresentedastatisticallysignificantcorrelationwiththefinalresultgivenbythe Stulbergclassification(p=0.001).Theotherclassificationsused(Waldenström,Catteralland Herring)didnotpresentanycorrelationbetweenthetimeatwhichsurgerywasindicated andthepostoperativeresult.
Conclusions: TheageatwhichthepatientsunderwentsurgicaltreatmentandtheLaredo classificationgroupsweretheonlyvariablesthatpresentedsignificantcorrelationswiththe Stulbergclassification.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Desde a sua descric¸ão, em 1910, a doenc¸a de Legg-Calvé--Perthes (DLCP) sempre despertou grande interesse nos pesquisadores epassou a figurarentre os temas de maior controvérsianaliteraturaortopédica.Diversosaspectosdessa entidade clínica ainda permanecem sem esclarecimento, especialmentenoqueserefereaetiologiaetratamento.
Durante muito tempo a quase totalidade dos auto-res concentrou-se na análise dos aspectos radiográficos. As fases evolutivas foram descritas pela primeira vez por Waldenström,1cujaclassificac¸ãofoiposteriormente simpli-ficadaecorrelacionadacomosachadosanatomopatológicos porJonsäter.2 A avaliac¸ãodo comprometimento donúcleo de ossificac¸ão da cabec¸a femoral veio a ser sistematizada porCatterall,3 com base na análiseda radiografia simples feitaduranteafasedefragmentac¸ãomáxima.Como obje-tivodedeterminarasproporc¸õesdalesãonafaseinicialoude necrose,SaltereThompson4demonstraramqueotamanho dafraturasubcondralnaincidênciadeperfildacabec¸areflete
comprecisãooquantodaepífiseproximalfemoralfoiafetada peladoenc¸a.Maisrecentemente,Herringetal.5propuseram umanovaclassificac¸ãobaseadanaalturadacolunalateralda epífisefemoral.
Como o quadril emcrescimentotem ummolde cartila-ginosoquenãoévisívelpelaradiografiasimples,Laredo6e MilanieDobashi7demonstraramqueaartrografiapermitia detectaralterac¸õesdaformadacabec¸aedaextrusãofemoral antesquepudessemserreconhecidaspeloexameradiográfico convencional.Esseautor propôsumaclassificac¸ão artrográ-ficacompostaporcincogrupos.Desses,osgruposIeIIseriam passíveisdetratamentoincruento,enquantoqueosdemais evidenciariamapresenc¸aderiscoartrográfico,compresenc¸a deextrusãoealterac¸õesmorfológicasdacabec¸a,eseria neces-sáriaacontenc¸ãocirúrgica.
contenc¸ão,quepodemserdivididosemdoisgrandesgrupos: (1)asosteotomiasdofêmurproximal8,9e(2)osprocedimentos queenvolvemoossoilíaco.Esseúltimogrupoincluiacirurgia em“prateleira”,aosteotomiadedeslocamentomedial10ea osteotomiadeSalter,11,12quepodemserusadasduranteafase ativadadoenc¸a.Alémdoaspectobiomecânicorelacionado àmelhoriadacontenc¸ão,acredita-sequetambémexistaum efeitobiológicoquedeterminaumaacelerac¸ãodoprocessode reossificac¸ão.13–16
Este trabalho visa a comparar radiografias pré- e pós--operatóriasdepacientescomDLCPsubmetidosàosteotomia deSalter,comoobjetivodedeterminarseascaracterísticas clínicaseasclassificac¸õesdeCatterall,HerringeLaredose correlacionam com oresultado radiográfico na maturidade esqueléticaepodemindicarprognóstico.
Material
e
métodos
Opresenteestudofoisubmetidoàavaliac¸ãodocomitêdeética empesquisadainstituic¸ãoeaprovadosoboparecer0795/11. Avaliamosumacoorteretrospectivadetodososindivíduos portadoresdaDLCPtratadosnodepartamentodeortopediae traumatologiadainstituic¸ãode1984a2004.Foramincluídos pacientesquepreenchessemosseguintescritérios:(1)com DLCPsubmetidosàosteotomiadeSalterparacontenc¸ãoda cabec¸afemoral;(2)quetivessematingidoamaturidade esque-léticaatéaúltimaavaliac¸ãoclínica;(3)quetinhamradiografias pré-operatóriaseapósamaturidadeesquelética.
Foram excluídos os portadores de necroses proximais femoraiscom etiologiadefinidaeoscomDLCPsubmetidos aoutrostiposdetratamento.
Preencheram os critérios de inclusão 47 pacientes. Os seguintesdados foram avaliadoseextraídos do prontuário clínico:sexo,cor,ladoacometidoeidadeemquefoifeitaa osteotomia.
As radiografias pré-operatórias foram classificadas de acordo com os seguintes métodos presentes na literatura: (1) de Waldenström1 modificado por Jonsäter;2 (2) de Catterall;3(3)deLaredo;6,7e(4)dopilarlateraldeHerringetal.5 Asradiografiasobtidasnamaturidadeesqueléticaforam clas-sificadassegundoométododeStulbergetal.17
Aclassificac¸ãodasradiografiasfoifeitapeloautorsênior emmomentosindependentesparaosexamespré-operatórios eaquelesobtidosnamaturidadeesquelética.Oautortambém nãoteveacessoaosdadosclínicos,deformaaminimizaro riscodeviés.
As variáveis nominais foram relatadas com o uso de frequênciasabsolutaserelativaseasvariáveiscontínuas,por meio de medidas-resumo(média, desvio padrão, mediana, mínimoemáximo).
OsgrausdeStulbergforamavaliadossegundosexo,core ladoacomentidocomotestedeMann-Whitney.18Foitestada aexistênciaderelac¸ões entreos grausdasdemaisescalas, idadeetempodeacompanhamentocomaescaladeStulberg comresultadodotestedacorrelac¸ãodeSpearman.18
Paraasvariáveisqueapresentaramalgumarelac¸ão esta-tisticamentesignificantecomosgrausdaescaladeStulberg, foiajustadoummodeloderegressãologísticamúltipla,19com oagrupamentodosgrausIeIIeIIIeIV.Permaneceramno
Tabela1–Distribuic¸ãodefrequênciadospacientes incluídossegundoasvariáveissexo,cor,ladoe classificac¸õesdeWaldenström,Catterall,Herring, LaredoeStulberg
Variável Frequência(n) %Total %Válido
Sexo
Feminino 10 21,3 21,3
Masculino 37 78,7 78,7
Subtotal 47 100 100
Cor
Branca 40 85,1 95,2
Outras 2 4,3 4,8
Subtotal 42 89,4 100
Seminformac¸ão 5 10,6
Lado
Direito 21 44,7 44,7
Esquerdo 26 55,3 55,3
Classificac¸ãodeWaldenström
I 16 34,0 34,0
II 24 51,1 51,1
III 5 10,6 10,6
IV 2 4,3 4,3
Classificac¸ãodeCatterall
II 2 4,3 4,3
III 23 48,9 50
IV 21 44,7 45,7
Subtotal 46 97,9 100
Nãoclassificávela 1 2,1
Classificac¸ãodopilarlateraldeHerring
A 5 10,6 10,9
B 22 46,8 48
C 19 40,4 41,3
Subtotal 46 97,9 100
Nãoclassificávela 1 2,1
Classificac¸ãodeLaredo
III 25 53,2 56,8
IV 15 31,9 34
V 4 8,5 9,1
Subtotal 44 93,6 100
Nãoclassificávela 3 6,4
Classificac¸ãodeStulberg
I 11 23,4 24,4
II 6 12,8 13,3
III 18 38,3 40,0
IV 10 21,3 22,2
Subtotal 45 95,7 100
Nãoclassificávela 2 4,3
Total 47 100
a Ospacientesforamconsideradosnãoclassificáveisquandoas
radiografiasdisponíveiseramapenasdafasederemodelac¸ão,na qualamaioriadosmétodosnãopodeseraplicada.
modelofinalapenasasvariáveisqueconjuntamente influen-ciaramnograudaescaladeStulberg.Todosostestesforam feitoscomníveldesignificânciade5%.
Resultados
Tabela2–Medidasresumoparaaidadeeotempodeacompanhamentonospacientesincluídos
Variável Média DP Mediana Mínimo Máximo N
Idade(meses) 82,87 24,82 77 48 152 47
Tempodeacompanhamento(meses) 118,07 22,76 119 67 158 47
DP,desviopadrão.
sexo,cor,lado acometido,classificac¸ões pré-operatória1–7 e classificac¸ãopós-operatória(Stulberg).17
Aidademédianomomentoemquefoifeitootratamento cirúrgicofoide82,87meses(48-152)eotempomédiode acom-panhamentofoide118,07meses(9,84anos)(tabela2).
FoiusadaumacurvaROC(fig.1)paradeterminaromelhor ponto de corte na idade para discriminar os quadris que evoluíramparaStulbergIIIouIV, querepresentavamopior prognóstico.De acordocom a análise da curva, obtivemos que73,5meses(6,12anos)éaidadequemelhordiscrimina StulbergIIIouIV,aqualfornecesensibilidadede78,6%e espe-cificidadede70,6%.Issodeterminaquequandootratamentoé instituídonessafaixaetáriaoprognósticoémelhor.Também aidade,como fatorisolado,mostrou correlac¸ão estatistica-mentesignificativa(p<0,001)edeterminouquequantomais jovemopacienteésubmetidoàcirurgiacorretiva,melhoro prognóstico.
As variáveis sexo, cor e lado acometido, avaliadas pelo testedeMann-Whitney,nãoapresentaramdiferenc¸a estatis-ticamentesignificantecomrelac¸ãoaoprognóstico(p=0,425; p=0,467;p=0,551,respectivamente).
Apenasa classificac¸ão de Laredo apresentou correlac¸ão estatisticamentesignificantecomoresultadofinaldadopela classificac¸ão de Stulberg (p=0,001), de acordocom o teste relativoàcorrelac¸ãodeSpearman.Asdemaisclassificac¸ões, de Waldenström, Catterall e Herring, não apresentaram correlac¸ãoentreomomentoemqueotratamentocirúrgicofoi indicadoeoresultadopós-operatórioenãoforam,portanto, preditorasdetratamentoeprognóstico.Osdados encontram--seresumidosnatabela3.
0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0,2 0,4 0,6
1 - Especificidade
Sensibilidade
0,8 1,0
Figura1–CurvaROCrelativaàsensibilidadee
especificidadedaidadenadeterminac¸ãodeumresultado finalpior,caracterizadoporStulbergIIIouIV.
Discussão
Desde 1979a osteotomiade Salter11,12 tem sido usadaem nossa instituic¸ão no tratamento cirúrgico da DLCP. Essa indicac¸ãosedánoscasoscomcomprometimentoextensoe, principalmente, comalterac¸õesda formaedotamanho da cabec¸a femoralevidenciadas pela avaliac¸ão artrográficado quadrilsegundoaclassificac¸ãodeLaredo.6,7
Foram usados nesteestudo osmétodos de classificac¸ão maisdifundidos naliteratura.Procurou-se estabelecerqual delespoderiatermaiorvalorprognósticonoresultadofinal apósocursodadoenc¸a.Segundoaclassificac¸ãode Waldens-tröm, amaiorpartedospacientes seencontravanasfases denecrose(34%)efragmentac¸ão(51,1%),jáquerepresentam omelhormomentoparaintervircirurgicamente,antesqueo processoderemodelac¸ãoestivesseemcursooufinalizado.20 Por setratar de umaamostra de pacientes submetidos ao tratamentocirúrgicopelaosteotomiadeSalter,amaioriados indivíduosincluídosapresentavaquadriscomenvolvimento moderadoagrave,segundoasclassificac¸õesradiográficasde Catterall3eHerringetal.5
A artrografia pré-operatória foi feita em44 pacientes e emtodososcasoshaviaalterac¸õesmorfológicas importan-tesdacabec¸afemoral,principalmenteemtermosdeextrusão eaumento dotamanho. Assim,todos os 44 quadris foram incluídosnostrêsgruposderiscoartrográficodeLaredo,com predominânciadosgruposIIIeIV.
Poucossãoosestudosencontradosnaliteraturaque relaci-onamosresultadosdaosteotomiadeSalternotratamentoda DLCPeaclassificac¸ãodeStulbergparagraduarosresultados radiográficos.21–23
Ishida et al.,23 ao estudaro resultadoda osteotomia de Salternotratamentode32pacientes(37quadris)na maturi-dadeesquelética,observaramqueosquadrisclassificadospor LaredocomopertencentesaogrupoIIIapresentaram melho-resresultadosemrelac¸ãoaosdogrupoIVeV.Essaobservac¸ão corroboraoconceitodequeaadequadacoberturadacabec¸a femoral,antesdainstalac¸ãodeumadeformidadesevera, pro-porcionaumamelhoriadabiomecânicadoquadrilefavorece oprocessoderemodelac¸ãoduranteocursodaDLCP.15,16De formasemelhante,emnossoestudoobservamosque47,8% dospacientesclassificadoscomogrupoIIIdeLaredo evoluí-ramparaumtipoIouIIdeStulberg.Poroutrolado,nogrupo depacientesclassificadoscomoLaredogruposIVeV,os paci-entesqueevoluíramparaumtipoIouIIdeStulbergforam apenas13,4%e25%,respectivamente.
Tabela3–Correlac¸ãodaclassificac¸ãodeStulbergcomasvariáveissexo,cor,lado,idade,tempodeacompanhamentoe classificac¸õesdeWaldenström,Catterall,HerringeLaredo
Variável Stulberg Total p
I II III IV
n % n % N % n %
Sexo 0,425a
Feminino 3 25,0 0 0,0 5 41,7 4 33,3 12
Masculino 8 22,8 6 17,2 14 40,0 7 20,0 35
Cor 0,467a
Branca 8 21,1 5 13,2 16 42,1 9 23,7 38
Outras 1 50,0 0 0,0 1 50,0 0 0,0 2
Lado 0,551a
Direito 5 23,8 2 9,5 12 57,1 2 9,5 21
Esquerdo 6 25,0 4 16,7 6 25,0 8 33,3 24
Classificac¸ãode Waldenström
0,052b
I 5 35,7 1 7,1 6 42,9 2 14,3 14
II 6 25,0 5 20,8 9 37,5 4 16,7 24
III 0 0,0 0 0,0 1 20,0 4 80,0 5
IV 0 0,0 0 0,0 2 100,0 0 0,0 2
Classificac¸ãode Catterall
0,260b
II 2 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2
III 4 19,0 4 19,0 9 42,9 4 19,0 21
IV 5 23,8 2 9,5 8 38,1 6 28,6 21
Classificac¸ãodopilar lateraldeHerring
0,243b
A 2 40,0 0 0,0 2 40,0 1 20,0 5
B 6 30,0 4 20,0 6 30,0 4 20,0 20
C 3 15,8 2 10,5 9 47,4 5 26,3 19
Classificac¸ãode Laredo
0,001b
III 7 30,4 4 17,4 11 47,8 1 4,3 23
IV 1 6,7 1 6,7 7 46,7 6 40,0 15
V 0 0,0 1 25,0 0 0,0 3 75,0 4
Idade(média–DP) (62,91–19,32) (80,5–17,55) (87,94–21,4) (97,8–28,91) (83,02–25,08) <0,001b TA(média–DP) (121,55–19,82) (106–18,01) (120,17–22,55) (117,7–28,88) (118,07–22,76) 0,802b
TA,tempodeacompanhamento;DP,desviopadrão.
a ResultadodotestedeMann-Whitney.
b Resultadodotesterelativoàcorrelac¸ãodeSpearman.
saindodesuazonadeprotec¸ãodorebordoósseoacetabular eque,casonãosejaefetivadaumacoberturaatempo,vaise deformar.24
Emnossoestudo,encontramosumacorrelac¸ão significa-tivada idade emque o tratamento cirúrgico foi feitocom osresultadosradiográficosnamaturidadeesquelética. Nota-mosqueospacientesacimade6,12anosapresentarammaior chance de evoluir para um tipo III ou IV de Stulberg,17 o que determinou umpior prognóstico. Esses achados estão deacordocom oqueédescritonaliteratura, jáque diver-sos autores relatam que, independentemente do tipo de tratamento feito,ospacientes com idade superior aosseis anostendem aevoluircom maiorincidênciaderesultados insatisfatórios.25,26
As classificac¸ões de Catterall e Herring têm sido usa-das na literatura e na prática clínica de forma ampla na indicac¸ãodotratamentodaDLCP.Entretanto,diversos estu-dosrelataramqueambososmétodosapresentamdeficiências nacapacidadedepredizeroresultadoclínicofinal.27,28Nossos dadosestãodeacordocomessasconstatac¸ões,pois observa-mosemnossaamostraumadissociac¸ãosignificativaentreos grausdadosporessasclassificac¸õesnopré-operatóriocomo
resultadonamaturidadeesquelética.Comoexemplo,maisda metade(n=3;60%)dospacientesclassificadoscomoHerring tipo Aevoluíram comquadris classesIIIouIVdeStulberg. No outro extremo, cinco dos pacientes classificados como Catterall tipo IV(23,8%)evoluíram comquadris classe I de Stulberg.
Diversos autores apontam que um dos problemas das classificac¸ões radiográficasparaa doenc¸adePerthes, nota-damenteadeCatterall,éabaixaamoderadaconcordância inter-eintraobservadores.29–31Aestabilidadedaclassificac¸ão de Herring também foi questionada recentemente por Park e colaboradores, que notaram mudanc¸a da gradac¸ão inicial em 40% dos pacientes avaliados com DLCP em radiografias obtidasde forma seriada.32 Essasconstatac¸ões têmimplicac¸õesimportantesquandousamosalgumdesses métodosnapráticaclínica,jáqueidealmenteasclassificac¸ões deveriamditarotratamentoeoprognóstico.
Patersonetal.,34queencontraramumaestreitarelac¸ãoentre apresenc¸adeachatamentoacentuadodacabec¸afemoralna artrografiaeaocorrênciademausresultadosapósacirurgia deSalter.
Conclusão
Nopresenteestudo,observamosqueaidadenaqualo paci-entefoi submetido aotratamento cirúrgico eosgrupos da classificac¸ãodeLaredoforamasúnicasvariáveisque apresen-taramcorrelac¸ãosignificativacomaclassificac¸ãodeStulberg. Dessa forma, concluímos que a classificac¸ão de Laredo demonstroutermaiorvalorprognósticodoqueadeCaterall eHerringnotratamentodaDLCPcomosteotomiadeSalter.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. WaldenströmH.Oncoxaplana,osteochondritisdeformans coxaejuvenilis.ActaChirScand.1923;55:577–90.
2. JonsaterS.Coxaplana:ahisto-pathologicandarthrografic study.ActaOrthopScandSuppl.1953;12:5–98.
3. CatterallA.ThenaturalhistoryofPerthes’disease.JBone JointSurgBr.1971;53(1):37–53.
4. SalterRB,ThompsonGH.Legg-Calvé-Perthesdisease.The prognosticsignificanceofthesubchondralfractureanda two-groupclassificationofthefemoralheadinvolvement. JBoneJointSurgAm.1984;66(4):479–89.
5. HerringJA,NeustadtJB,WilliamsJJ,EarlyJS,BrowneRH.The lateralpillarclassificationofLegg-Calvé-Perthesdisease. JPediatrOrthop.1992;12(2):143–50.
6. LaredoFilhoJ.Doenc¸adeLegg-Calvé-Perthes.Classificac¸ão artrográfica.RevBrasOrtop.1992;27(1):7–15.
7. MilaniC,DobashiET.ArthrograminLegg-Calvé-Perthes disease.JPediatrOrthop.2011;31Suppl2:S156–62. 8. SoeurR,DeRackerC.Theanatomopathologicaspectof
osteochondritisandthepathogenictheorieswhichare relevant.IActaOrthopBelg.1952;18(2):57–102. 9. AxerA.Subtrochantericosteotomyinthetreatmentof
Perthes’disease:apreliminaryreport.JBoneJointSurgBr. 1965;47:489–99.
10.ChiariK.Beckenosteotomiezurpfannendachplastik.Wien MedWochenschr.1953;103:707–14.
11.SalterRB.Innominateosteotomyinthetreatmentof congenitaldislocationandsubluxationofthehip.JBoneJoint Surg.1961;43:518–39.
12.SalterRB.Roleofinnominateosteotomyinthetreatmentof congenitaldislocationandsubluxationofthehipintheolder child.JBoneJointSurgAm.1966;48(7):1413–39.
13.CanaleST,D’AncaAF,CotlerJM,SneddenHE.Innominate osteotomyinLegg-Calvé-Perthesdisease.JBoneJointSurg Am.1972;54(1):25–40.
14.BarerM.Roleofinnominateosteotomyinthetreatmentof childrenwithLegg-Perthesdisease.ClinOrthopRelatRes. 1978;(135):82–9.
15.LaredoFilhoJ,IshidaA,KuwajimaSS.Efeitobiológico daosteotomiadeSaltersobreocursodadoenc¸ade Legg-Calvé-Perthesnoestágiodenecrose.ActaOrtopBras. 1993;1(3):115–8.
16.LaredoFilhoJ,IshidaA,KuwajimaSS,TelokenMA,MilaniC. EfeitobiológicodaosteotomiadeSaltersobreocurso dadoenc¸adeLegg-Calvé-Perthesnosestágiosdenecrose efragmentac¸ão.RevBrasOrtop.1994;29(10):741–4. 17.StulbergSD,CoopermanDR,WallenstenR.Thenatural
historyofLegg-Calvé-Perthesdisease.JBoneJointSurgAm. 1981;63(7):1095–108.
18.KirkwoodBR,SterneJAC.Essentialmedicalstatistics.2aed. Massachusetts:BlackwellScience;2006.
19.NeterJ,KutnerMH,NachtsheimCJ,WassermanW.Applied linearstatisticalmodels.4aed.Ilinois:RichardD.Irwing;1996. 20.ThompsonGH.SalterosteotomyinLegg-Calvé-Perthes
disease.JPediatrOrthop.2011;31Suppl2:S192–7. 21.SponsellerPD,DesaiSS,MillisMB.Comparisonoffemoral
andinnominateosteotomiesforthetreatmentof Legg-Calvé-Perthesdisease.JBoneJointSurgAm. 1988;70(8):1131–9.
22.WangL,BowenJR,PuniakMA,GuilleJT,GluttingJ.An evaluationofvariousmethodsoftreatmentfor Legg-Calvé-Perthesdisease.ClinOrthopRelatRes. 1995;(314):225–33.
23.IshidaA,KuwajimaSS,LaredoFilhoJ,MilaniC.Salter innominateosteotomyinthetreatmentofsevere
Legg-Calvé-Perthesdisease:clinicalandradiographicresults in32patients(37hips)atskeletalmaturity.JPediatrOrthop. 2004;24(3):257–64.
24.FulfordGE,LunnPG,MacnicolMF.Aprospectivestudy ofnonoperativeandoperativemanagementforPerthes’ disease.JPediatrOrthop.1993;13(3):281–5.
25.NguyenNA,KleinG,DogbeyG,McCourtJB,MehlmanCT. Operativeversusnonoperativetreatmentsfor
Legg-Calvé-Perthesdisease:ameta-analysis.JPediatrOrthop. 2012;32(7):697–705.
26.SaranN,VargheseR,MulpuriK.Dofemoralorsalter innominateosteotomiesimprovefemoralheadsphericity inLegg-Calvé-Perthesdisease?Ameta-analysis.ClinOrthop RelatRes.2012;470(9):2383–93.
27.RitterbuschJF,ShantharamSS,GelinasC.Comparisonof lateralpillarclassificationandCatterallclassification ofLegg-Calvé-Perthes’disease.JPediatrOrthop. 1993;13(2):200–2.
28.GiganteC,FrizzieroP,TurraS.PrognosticvalueofCatterall andHerringclassificationinLegg-Calvé-Perthesdisease: follow-uptoskeletalmaturityof32patients.JPediatrOrthop. 2002;22(3):345–9.
29.AgusH,KalendererO,EryanlmazG,OzcalabiIT.Intraobserver andinterobserverreliabilityofCatterall,Herring,
Salter-ThompsonandStulbergclassificationsystemsin Perthesdisease.JPediatrOrthopB.2004;13(3):166–9. 30.SimmonsED,GrahamHK,SzalaiJP.Interobservervariability
ingradingPerthes’disease.JBoneJointSurgBr. 1990;72(2):202–4.
31.MahadevaD,ChongM,LangtonDJ,TurnerAM.Reliability andreproducibilityofclassificationsystemsfor
Legg-Calvé-Perthesdisease:asystematicreviewofthe literature.ActaOrthopBelg.2010;76(1):48–57.
32.ParkMS,ChungCY,LeeKM,KimTW,SungKH.Reliability andstabilityofthreecommonclassificationsfor Legg-Calvé-Perthesdisease.ClinOrthopRelatRes. 2012;470(9):2376–82.
33.IngmanAM,PatersonDC,SutherlandAD.Acomparison betweeninnominateosteotomyandhipspicainthe treatmentofLegg-Perthes’disease.ClinOrthopRelatRes. 1982;(163):141–7.