SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
original
Efeito
adverso
do
beta-fosfato
tricálcico
com
controle
de
potencial
zeta
no
reparo
de
defeitos
críticos
em
calvária
de
ratos
夽
Daniel
Falbo
Martins
de
Souza,
Luciana
Correa,
Daniel
Isaac
Sendyk,
Rafael
Augusto
Burim,
Maria
da
Grac¸a
Naclério-Homem
e
Maria
Cristina
Zindel
Deboni
∗FaculdadedeOdontologia,UniversidadedeSãoPaulo(USP),SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem22dejunhode2015 Aceitoem7dejulhode2015
On-lineem23dedezembrode2015
Palavras-chave:
Regenerac¸ãoóssea RatosWistar
Materiaisbiocompatíveis Potencialzeta
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliarseumnovocimentobifásicocompostoporsulfatodecálcioebetafosfato tricálcicocomcontroledepotencialzetapoderiainduzirouconduziraneoformac¸ãoóssea emdefeitoscríticos.
Métodos:Foifeitoumdefeitocríticode8mmdediâmetronacalváriade40ratosWistar machos.Nogrupoteste(n=20)os defeitosforampreenchidospelo cimento.Nogrupo controle(n=20)os defeitosnãoforam preenchidos,permaneceuapenas ocoágulo. Os animaissofreram eutanásiaem7,14,21e42diasdopós-operatório.Espécimesda cal-váriaforammicrotomografadoseposteriormentepreparadosparaanálisehistológica.As análisesincluíramaavaliac¸ãomorfológicadahistopatologiadoreparoeaavaliac¸ão mor-fométricadaáreadeformac¸ãodastrabéculasósseascomparativamenteentreosgrupose colorac¸ãohistoquímicapormeiodafosfatasetartrato-resistente(TRAP)paraidentificac¸ão deosteoclastos.
Resultados:Asimagensmicrotomográficasdosdefeitospreenchidospelocimentonão apre-sentaramdiminuic¸ãodaáreadeacordocomaprogressãodosperíodospós-operatórios.No grupotestehouvepermanênciadomaterialerespostacorpoestranhoatéosúltimos perío-dosdeobservac¸ão.Ahistomorfologiamostrouagrupamentosmaisexpressivosdecélulas gigantesnogrupotesteeossoneoformadomaismaduronogrupocontroleecomprovoua presenc¸adematerialexógeno.Nahistomorfometria,aáreatotaldeneoformac¸ãoósseafoi significativamentemaior(p=0,009)ecrescentenogrupocontrole.Ascélulasgigantes apre-sentaramexpressãohistoquímicapositivaparaTRAPenãoforamobservadososteoclatos.
Conclusão:Ocimentocerâmiconãoinduziuouconduziuaneoformac¸ãoósseasoboponto devistamicrotomográficoehistológico.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
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TrabalhodesenvolvidonoDepartamentodeCirurgia,PróteseeTraumatologiaBucomaxilofacial,FaculdadedeOdontologia, Universi-dadedeSãoPaulo(USP),SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:mczdebon@usp.br(M.C.Z.Deboni).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.07.007
Adverse
effect
of
beta-tricalcium
phosphate
with
zeta
potential
control
in
repairing
critical
defects
in
rats’
calvaria
Keywords:
Boneregeneration Rats,Wistar
Biocompatiblematerials Zetapotential
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Toevaluatewhetheranewbiphasiccementcomposedofcalciumsulfateandbeta tricalciumphosphatewithzetapotentialcontrolcouldinduceorleadtoboneneoformation incriticaldefects.
Methods: Acriticaldefectofdiameter8mmwasmadeinthecalvariaoffortymale Wis-tarrats. In the testgroup (n=20), the defects werefilled with cement. In the control group(n=20),thedefectwasnotfilledandonlycoagulumwaspresent.Theanimalswere sacrificed7,14,21and42daysaftertheoperation.Calvariaspecimensweresubjectedto microtomographyandwerethenpreparedforhistologicalanalysis.Theanalysesincluded morphologicalassessmentonthehistopathologyoftherepair;comparativemorphometric evaluationoftheareaofformationofbonetrabeculae betweenthegroups;and histo-chemicalstainingbymeansoftartrate-resistantphosphatase(TRAP)inordertoidentify osteoclasts.
Results: Microtomographicimagesofthedefectsfilledbythecementdidnotshowany decreaseinareaoverthecourseofpostoperativeevolution.Inthetestgroup,thematerial continuedtopresentaforeign-bodyresponseuntilthelastobservationalperiods. Histo-morphologicalanalysisshowedthatthereweremoresignificantgroupingsofgiantcells inthetestgroupandgreatermaturityofneoformed boneinthecontrolgroup. Exoge-nousmaterialwasalsopresent.Histomorphometricanalysisshowedthatinthecontrol group,thetotalareaofboneneoformationwassignificantlygreater(p=0.009)andgrew progressively.ThegiantcellspresentedapositivereactiontoTRAPbutnoosteoclastswere observed.
Conclusion: Theceramiccementdidnotinduceorleadtoboneneoformationfromthe microtomographicorhistologicalpointofview.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
O enxerto autógeno ainda é o material de escolha para a reconstruc¸ão das perdas de tecido ósseo em ortopedia ena cirurgia bucomaxilofacial. Noentanto, o aumento no tempo operatório, o traumatismo cirúrgico e as possíveis complicac¸õesinerentes àabordagem da área doadoranem sempreo tornam viável.Novos biomateriais esubstâncias quepossamimitarascaracterísticasinerentesaotecidoósseo autógenotêmsidoumabuscaconstantedabioengenharia.
Dentreosmateriaisaloplásticosmaisusadosnaatualidade encontram-seasbiocerâmicas,principalmentea hidroxiapa-titaeobeta-fosfatotricálcico(-TCP).Esseúltimoapresenta umabiodegradac¸ão mais rápidado que a hidroxiapatita e emalgumassituac¸õesessapodeserumacaracterísticamais vantajosacomobiomaterial,principalmentequandonãohá necessidade de resistência mecânica. Além disso, o beta--fosfatotricálcicotemsidomuitousadocomocarreador ou arcabouc¸oemengenhariatecidual.
Recentemente, ummaterialcerâmicobifásico composto porsulfatodecálcio ebeta-fosfatotricálcicocomcarga de superfícienegativa,denominadacontroledepotencialzeta, foilanc¸adonomercadointernacionalcomapropostade tor-nar o beta-fosfato tricálcico um substituto ósseo indutivo e assimfavorecer a regenerac¸ão óssea.1 De acordo com o fabricante,2essacerâmicaétotalmentesintéticaetemoque
denominaram de porosidadeinteligente, oquefacilitaria o crescimentocelulareadistribuic¸ãodenutrientesdamatriz extracelularinternamentenasmacroporosidadesdesse com-posto. Uma capacidade intensa de regenerac¸ão óssea em defeitos vertebrais em ovelhas foi demostrada por alguns autores.1
Opotencialosteogênicodessecomposto,entretanto,tem sido questionado. Alguns autores se mostraram apreensi-vos quanto à seguranc¸a biológica desse produto.3 Outros pesquisadores4suspenderamprematuramenteensaios clíni-cosdevidoaoaparecimentodeefeitosadversosinesperados, comoinflamac¸ãoassépticaeatrasonareparac¸ão.Aliteratura éescassasobreaanálisedocomportamentobiológicodesse novobiomaterialnoreparoósseoemestudosinvivo.
Nessecontexto,propusemosumestudoinvivopara ana-lisar, do ponto de vista microtomográfico e histológico, se esse composto biocerâmico pode induzir ou conduzir a neoformac¸ãoóssea,emmodelosdedefeitocríticoemcalvária deratos.
Material
e
métodos
Procedimentoexperimental
número 006/2014 e de acordocom os princípios éticos de experimentac¸ãoanimaladotadospelaSociedadeBrasileirade CiênciadeAnimaisdeLaboratório(SBCAL).
Quarenta(40)ratosdalinhagemWistar(Rattusnorvegicus albinus),machos,compesoentre200ge250geidade apro-ximadade45dias,foramoperadossobanestesiageralfeita porinjec¸ãoporviaintramuscular,napatatraseiradireitade cadaanimal,doanestésicocloridratodecetamina(Dopalen®,
Vetbrands),nadosede0,8mg/kg,associadoaorelaxante mus-cular cloridrato de xilazina (Rompum®, Bayer) na dose de
0,3mg/kg. Todos os animais receberam profilaxia antibió-ticapelainjec¸ãointramusculardebenzilpenicilinabenzatina (Roche®)nadosede150.000UI/kg.Apóstricotomia,seguidade
antissepsiadapelecomdigluconatodeclorexidinaa2%,foi feitoumacessoàcalváriapormeiodeumaincisãoretilínea de2cmnapeledaregiãomedianadocrânio,queseestendeu daregiãonasofrontalatéaprotuberânciaoccipital.Apele,o tecidosubcutâneo,omúsculotemporaleoperiósteoforam divulsionadoslateralmente.Umdefeitoósseofoi confeccio-nadonaregiãocentraldacalváriadosanimaispormeiode umabrocatrefinaemac¸ode8mmdediâmetro(Sistemasde ImplantesNacionais–SIN®),adaptadaaumcontra-ângulo
emmotordeimplante(Driller®–Carapicuíba–SãoPaulo)sob
baixarotac¸ãoeirrigac¸ãoconstanteporsorofisiológicoa0,9%. Osanimaisforamdivididosaleatoriamenteemdoisgrupos: Grupoteste(n=20),querecebeucimentocompostodebeta fosfatotricálcico(-TCP)esulfatodecálcionaproporc¸ãode 1:1(geneX®–Biocomposites®–Staffordshire–Inglaterra)para
preenchimentododefeitocríticonacalvárianaquantidadede 25mm3pordefeito,eGrupocontrole(n=20),quepermaneceu
comodefeitocríticopreenchidoapenasporcoágulo.Asíntese dapelefoifeitacomfiodeseda3-0(Ethicon®).Durantetodoo
períododapesquisa,osanimaisforammantidosemgaiolasde polipropileno,ventiladas,forradascommaravalhademadeira esterilizada,comciclodia/noitede12/12horas,ealimentados pormeioderac¸ãopararoedores(LabinaforRodents,Purina®)
eáguaadlibitum.
Cinco animais de cada grupo sofreram eutanásia em câmara de CO2 nos períodos de 7, 14, 21 e 42 dias
pós--operatórios.Apósaeutanásia,oscrâniosforamdissecadose fragmentosrepresentativosdacalváriacomaregiãododefeito foramfixadosemformoltamponadoa10%.
Previamenteaoprocessamentoeàanálisehistológica,um espécimedeumratodoGrupoTesteedeumratodoGrupo Controleemcada umdosperíodosdoestudoforam micro-tomografadosemummicrotomógrafoSkyScan100kV–100A noDepartamentodeFisiologiaAnimaldoInstitutodeBiologia da Universidade de São Paulo. Asamostras foram posicio-nadas e fixadas à sela do aparelho, que foi ajustado para umaresoluc¸ãode2.000×2.000pixelsecortescom16mde espessura.Otempo deaquisic¸ão dasimagens foide apro-ximadamente duas horas por amostra. As imagens foram analisadas ereconstituídasemduas etrêsdimensões, por meiodosofwareInVesalius(DivisãodeTecnologias Tridimen-sionaisdoCentrodeTecnologiadaInformac¸ãodeCampinas –São Paulo). Ovolume dobiomaterialfoi quantificadoem milímetros cúbicos (mm3). Nas imagens bidimensionais as
distânciasaxialesagitaldodefeitoósseoeadistância tridi-mensionalaxialforammensuradasemmilímetros(mm).
Paraoprocessamentohistológico,osespécimes(n=5)de cada grupo e período de observac¸ão pré-operatório foram imersosemsoluc¸ãodeEDTA10%(pH7,4)duranteseis sema-nasparadescalcificac¸ãodotecidoósseo.Aregiãododefeito foi seccionadaaomeio,exatamentenoplano sagital medi-ano da calváriadorato,o queresultouemduaspartes da ferida: o lado esquerdoe o direito (L1 eL2). Cada lado do defeitofoiincluídoemparafinae,posteriormente,quatro cor-tes parassagitaiscom4,5cm deespessuraforam obtidose coradosportricrômiodeMasson.Oscorteshistológicosforam avaliadosemummicroscópiodeluzconvencional(Olimpus®
CH2, OlimpusOpticalCo.Ltd,Japan)deformacegaporum patologistaexperiente.Osaspectoshistomorfológicos consi-deraramapresenc¸adasseguintescaracterísticasdoreparo: edema,infiltradoinflamatório,tecidodegranulac¸ão, hemor-ragia/coágulo,neoformac¸ãoóssea,reac¸ãodecorpoestranhoe presenc¸adematerialexógeno.Osparâmetrosforam pondera-dospormeiodeumaescalaarbitráriapelosseguintesescores: 0=ausente;1=discreto;2=discretoamoderado;3=moderado aintensoe4=intenso.
Aanálisehistomorfométricafoiusadaparaquantificara áreadetecidoósseoneoformadoemcortesselecionados alea-toriamenteemambasasmetades(direitaeesquerda)emtrês regiõesdaferida,aregiãoanterior(próximaaoossonasal), aregiãocentralearegiãoposterior(próximaaoosso occipi-tal). Foramobtidasimagenshistológicasdecadaregiãoem aumentooriginalde40xpormeiodeumacâmeratipoCCD (Sony®)acopladaaummicroscópio(Jeol®)eaumaplacade
digitalizac¸ãodeimagens(Captivator®).Emseguida,essas
ima-gens foramtransferidasparaumprogramademorfometria digital(ImageJ,NIH–NationalInstituteofHealth).Aformac¸ão dastrabéculasósseasneoformadasfoiidentificadae delimi-tadacomaferramentahandfreedosoftware.Asmensurac¸ões foramexecutadasemquatrocorteshistológicos semisseria-dosde cadalâmina. Ototalda área deneoformac¸ãoóssea total foi obtido emcada campoe somadoao valor obtido doladoopostodaferida.Nofim,amédiafoicalculadapara aárea totaldetecidoósseoneoformadoparacadagrupoe período.
A fim de identificar células osteoclásticas, dois cortes randomizados de cada lado da ferida de dois animais de cada grupo foram escolhidos aleatoriamente e submetidos à colorac¸ão histoquímica para demonstrar fosfatase ácido tártaro-resistente(TRAP).Oscorteshistológicosforam incuba-dosportrêshorasemtemperaturaambiente,emsoluc¸ãocom tartaratode sódio,ácido tartárico esaldisódico(SigmaTM).
Após a incubac¸ão, os cortes foram lavados em água cor-rente,deixadosparasecagemaoara25◦Cecontracorados por fast green a 1% (Fisher Scientific Co.) por aproximada-mente um minuto. Como controle positivo dessa reac¸ão histoquímica foi usado umcorte de fêmur de rato (mate-rialparafinadodeestoque)queapresentavareparodeferida óssea.Apósacolorac¸ão,aslâminasforammantidasemcampo escuroparaposteriormenteserobservadasemmicroscopiade luz.
Osdadoshistológicosforamanalisadosporestatística infe-rencialnãoparamétricapelotestedeMann-Whitneycomo
Tabela1–Volumedematerialremanescenteemensurac¸õesbidimensionais,tridimensionaismicrotomográficas dosdefeitosósseodeacordocomosperíodosdeobservac¸ãopós-operatórianosgruposTesteeControle
Período Grupo n Volumedobiomaterial(mm3) Distânciasbidimensionais Distânciaaxialtridimensional
axial sagital (mm)
7dias Controle 1 8,97 8,95 8,96
Teste 1 25,11 8,32 8,16 9,39
14dias Controle 1 9,46 9,41 9,50
Teste 1 10,96 7,72 10,81 7,34
21dias Controle 1 8,41 8,58 8,15
Teste 1 7,00 7,77 9,55 9,51
42dias Controle 1 8,75 8,56 9,06
Teste 1 11,64 9,88 11,51 11,10
Resultados
Osresultadosdaanálisedasimagensmicrotomográficasestão expressosnatabela1enafigura1.Aintensidadeemníveisde cinzadobiomaterialerapróximaàdoosso,porémo bioma-terialapresentavagranularidade,oquepermitiudiferenciá-lo doosso.
Aanálisehistológicaquantoàmorfologiadoreparoestá expressanatabela2eosaspectoshistológicosprincipaisestão nafigura2.Afigura3apresentaoresultadodacolorac¸ãopara TRAP (fosfataseácido tártaro-resistente) nogrupo testeno períodode42diasdopós-operatório.
Os resultados da análise histomorfométrica da área de neoformac¸ãoósseaestãoapresentadosnafigura4.
Discussão
A literatura descreve que os fosfatos de cálcio e seus derivados, dentre eles o beta-fosfato tricálcico,agem mais diretamente sobre os osteoblastos e vêm sendo bastante estudadoscomosubstitutosósseos,jáhámaisdeduas déca-das, por promover neoformac¸ão óssea por osteoconduc¸ão e por apresentar boa biocompatibilidade.5-7 Os seus efei-tos comoarcabouc¸o inorgânicopara regenerac¸ão dotecido ósseo já estão bem documentados, inclusive em lesões odontológicas;8-11apesardeachadosaindacontroversos,que variam desde neoformac¸ão ósseasuperiorà observadaem enxertosautógenos12eaenxertodeossobovinoinorgânico,13 atéevidênciasrobustasdeosteogêneseinsuficiente.14,15
Tabela2–Valoresdasmedianas[max-mim]dasintensidadesdosescoresparaasvariáveishistológicasdodefeitoósseo
Variáveis 7dias 14dias 21Dias 42Dias
Controle Teste p Controle Teste p Controle Teste p Controle Teste p
Edema 2[2-1] 1[2-1] 0,22 2[2-1] 1[1-0] 0,075 1[1-0] 1[1-0] 1 0[2-0] 0[1-0] 0,916 Infiltradoinflamatório 1[2-1] 4[4-4] 0,004 1[3-1] 4[4-3] 0,008 1[1-0] 4[4-4] 0,003 1[1-0] 4[4-3] 0,006 Tecidodegranulac¸ão 3[4-3] 3[3-2] 0,212 2[3-1] 4[4-3] 0,011 1[1-1] 2[3-2] 0,004 1[2-1] 1[1-1] 0,317 Hemorragia/coágulo 3[3-1] 2[3-1] 0,496 2[3-2] 1[4-0] 0,193 3[3-1] 0[4-0] 0,106 2[3-0] 1[3-0] 0,335 Neoformac¸ãoóssea 1[2-1] 1[1-1] 0,317 2[2-1] 2[3-1] 0,605 2[3-1] 2[2-1] 0,339 2[3-1] 1[2-1] 0,418 Reac¸ãodecorpoestranho 0[1-0] 4[4-4] 0,005 1[2-1] 4[4-4] 0,005 0[2-0] 4[4-3] 0,007 1[2-0] 4[4-3] 0,006 Materialexógeno 0[0-0] 4[4-3] 0,007 0[0-0] 4[4-4] 0,005 0[0-0] 2[3-2] 0,005 0[0-0] 3[4-2] 0,008
0,ausente;1,discreto;2,discretoamoderado;3,moderadoaintenso;4,intenso. PvaloresparatestedeKruskall-Wallis.Significativoquandop<0,05.
TestedeMann-Whitneysignificativoquandop<0,05.
Obiomaterialusadonesteestudo(GeneX®)érelativamente novoesetratadeumcompostocerâmicopreparadocom con-troledecargadesuperfícienegativa.Asinvestigac¸õesacerca desuaeficáciatêmsevoltadomaisfrequentementeparao reparo de defeitos da coluna vertebral ou de outrosossos longos.16Yangetal.1demostraramemumestudoinvivoque essacerâmicapromoveuformac¸ãoósseasuperiorem defei-tosvertebraisemoitosemanasquandocomparadacomouso deumcimentopolimérico(polimetilmetacrilato).Entretanto, emsuasconclusõesassumemqueacerâmicade-TCPainda precisasermaisbemestudada.
Comoapropostadofabricantefoiinserirumtratamento desuperfícienaspartículasdacerâmicaquepossibilitassea
osteoinduc¸ão,ummodelodedefeitoósseocríticoforneceria informac¸õesimportantesseaneoformac¸ãoósseaocorresse ondeelanãoseriaesperada.Essetipodemodeloébastante descritonaliteraturaeestádecertaformaconsagradopara essetipodeensaioinvivo.17-24Usamosomodelodedefeito criticoemcalváriaderatospelafacilidadedeconfecc¸ão, repro-dutibilidadeepelofatodequeem8mmdeextensãoodefeito permitiriaverificaraocorrênciadeosteoconduc¸ãoouinduc¸ão domaterialdeformapadronizadaeconfiável.
Contrariamente aoresultado favoráveldescrito por pes-quisadores alemães,25 nossos resultados não mostraram neoformac¸ãoósseaapósinserc¸ãodessecompostocerâmico em defeitos de preenchimento. O cimento com controle
Figura3–Expressãopositivadafosfataseácida tartarato-resistente(TRAP)dascélulasgigantes
multinucleadas(setaslargas)adjacentesaosagrupamentos dematerialexógeno(setasfinas)–GrupoTesteperíodo 42dias(Colorac¸ãoporTRAP,aumentooriginalobjetiva40x).
7 dias 14 dias 21 dias
Períodos de observação
Teste de Kruskall-Wallis – Significante quando p < 0,05 Área de neoformação óssea
42 dias 1600000
p = 0,009
p = 0,009
Grupo-controle Grupo-teste
p = 0,009
p = 0,0283
µ
m 2
1400000
1200000
1000000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
Figura4–Análisehistomorfométricaparaaárea(m2)de
neoformac¸ãoósseaquantoaosgruposeperíodos.Médias (±desviopadrão).
de potencial zetanão estimulou a neoformac¸ão ósseanos defeitos críticosconfeccionados emcalvária de ratos nem tampoucomostrou uma rápidareabsorc¸ãopelo volumede materialexógenoobservadonasimagensmicrotomográficas emtodososperíodos.
RecentementeSaadounetal.3eFriesenbichleretal.4 mos-traram complicac¸ões importantes desse biomaterial sobre os tecidosquando usados para o preenchimentode defei-tosósseosemensaios clínicos.EmboraLaycockeCooper26 tenhamatribuídoqueessesefeitosadversosdescritostenham sidocausadopelousoaindainadequadodobiomaterial.
Obviamente, a presenc¸a de um infiltrado inflamatório significativamente maior no Grupo Teste está diretamente relacionadacomamaiorrespostaacorpoestranhopresente
quandocomparadocomoGrupoControle.Ofatodearesposta docorpoestranhopermanecerportodooperíododo experi-mentopodelevaràformac¸ãodeagrupamentosdematerial quedeformaencapsuladadeverãoserexpulsosdaregiãoda ferida.Essefatopodecontribuirparaaexplicac¸ãodadescric¸ão dos“cistosdetecidomole”feitaporFriesenbichleretal.4
Arelevânciaclínicadesteestudodeveserressaltadasobo pontodevistahistopatológico,poisaindanãoexistiam estu-dospré-clínicosexperimentaispadronizadosquerevelassem o comportamento desse materialsobre o reparo dotecido ósseosaudável.
Conformeosachadoshistomorfométricos,apropostade uma neoformac¸ão ósseamais significativano Grupo Teste também não foi comprovada. Os resultados mostram que formac¸ãoósseafoimaisintensaesignificativamentemaior noGrupoControleenegaramnossahipótesedetentar com-provaropotencial osteoindutivoprometidopelofabricante. Os resultadosmostraramque asuperioridadenaformac¸ão ósseano controle leva-nosa acreditarque esse compósito cerâmicoimpediuapoucaformac¸ãoósseaqueiriaocorrerno defeito.
Nossosresultadosestãodeacordoaindacomodeoutros autores,27,28segundoosquaisaaplicac¸ãodeoutrostiposde beta-fosfatostricálcicosparareparodeperdaóssea,em defei-tosmenoreseestudoscruzadosnomesmoanimal,também nãoinfluenciouaquantidadedeneoformac¸ãoóssea.
Paranoscertificarmosquepoderiahaverumamaior oste-oclastogênese e maior reabsorc¸ão óssea, foi feita reac¸ão histoquímica pela colorac¸ão de TRAP na região da ferida. Entretanto, foram as células gigantes da resposta corpo estranho que mostraram positividade para esse marcador bioquímico.Issopodelevaràhipótesedequeomaterialno tecidopossapossivelmenteterinduzidosinalizac¸ões bioquí-micasespecíficas.Assim,provavelmenteascélulasgigantes natentativadereabsorvermaterialexógenotambémpossam terreabsorvidoosso.Paraqueessefatosejamaisbem expli-cado,estudosquemostremaexpressãodeoutrosmarcadores específicosrelacionadasaoreparoeàinduc¸ãodeformac¸ãode tecidoósseopoderiamserrealizados.
Nomomentoemqueestapesquisafoiplanejada, esperá-vamosencontrarefeitosbenéficosdoGeneX®naregenerac¸ão
óssea, sobretudo considerando que esse material apresen-tavarelatosfavoráveisemaplicac¸õesclínicas.Nofim,nossos resultadossãorelevantes,porqueratificamqueessetipode cerâmicadevaserrepensadocomosubstitutoósseo.
Conclusão
Noslimites desteestudo,ocimentocerâmicobifásico com-posto por sulfato de cálcio e beta-fosfato tricálcico com potencialzetanãoinduziuouconduziuaneoformac¸ãoóssea de defeitosósseoscríticosde 8mmcriadosemcalvária de ratossobopontodevistamicrotomográficoehistológico.
Conflitos
de
interesse
Agradecimentos
Prof.Dr.JorgeVicenteLopesdaSilvaeaoSr.PauloHenrique JunqueiraAmorim-CTIRenatoArcher-Divisãodetecnologias Tridimencionais-Campinas-SP-Brasil,peloprocessamento eanálisesdeimagens3D.
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