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Economia da informação, custos de transação e produtividade: um ensaio sobre os retornos das tecnologias de informação

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" 111" 111111111111111111111111111111111

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

FABIO TAGNIN

Economia da Informação, Custos de Transação e Produtividade:

Um Ensaio Sobre os Retornos das Tecnologias de Informação

(2)

Economia da

Informação, Custos

de

Transação e

Produtividade:

Um Ensaio Sobre os Retornos das Tecnologias de Informação

Dissertação apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas.

Campo de Conhecimento: Economia.

Orientador:

Prof. Df. Marcos Fernandes Gonçalves da Silva

SÃO PAULO 2004

FGV-SP / BIBLIOTECA

(3)

ensaio sobre os retornos das tecnologias de informação. / Fabio Tagnin. -2004.

91 f.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Fernandes Gonçalves da Silva.

Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo.

1. Informação - Administração. 2. Eficiência. 3. Produtividade. 4. Tecnologia da informação. I. Silva, Marcos Fernandes Gonçalves da. lI. Dissertação (MP A) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 11I. Título.

(4)

Economia da Informação, Custos de Transação e Produtividade:

Um Ensaio Sobre os Retornos das Tecnologias de Informação

Dissertação apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas.

Campo de Conhecimento: Economia.

Data de aprovação:

-'-'-Banca examinadora:

Prof. Df. Marcos Fernandes Gonçalves da Silva (Orientador)

FGV-EAESP

Prof. Df. George A velino Filho FGV-EAESP

(5)

Aos colegas e professores do MP A, que contribuíram com seu conhecimento para o

incremento substancial da formação acadêmica e profissional da turma. A meus pais e em

especial minha mãe, que me inspirou a cursar um mestrado stricto sensu e me acompanhou

em todos os estudos primários, ajudando-me a tornar-me o que sou hoje. Aos amigos, que

agüentaram minha pilha de livros e artigos, e meu tempo imensurável ao computador em

incontáveis noites e finais de semana. A minha esposa, Dea, que cuidou da família com

dedicação enquanto eu olhava o sol pela janela. A meus filhos, Rafael e Luisa, que mantêm

meu coração batendo sempre com emoção e que abriram mão da minha companhia em

brincadeiras, festas, passeios e mesmo em casa, para que a conclusão deste trabalho fosse

(6)

o

senso comum de que o investimento em tecnologia deve aumentar a produtividade do trabalho foi questionado por muitos estudos nos últimos anos, que não encontraram

correlação positiva entre tais aplicações e as receitas das empresas. Mas foi também apoiado

por outros autores que obtiveram provas empíricas de que os retornos desses investimentos

deveriam ser medidos por outros indicadores, à parte de dados econômicos setoriais

agregados. Procuramos analisar essa dicotomia à luz da Economia da Informação, levantando

a hipótese de que as inovações bem planejadas em processos de negócio e na estrutura

organizacional, apoiadas pela tecnologia de informação, agregam valor e aumentam a

produtividade e eficiência da empresa. Para isso, buscamos centralizar a análise nos custos de

transação dos processos de negócio, identificando-os como o núcleo central de qualquer

indicador de produtividade com que se possa medir com alguma precisão o impacto de novos

insumos ou recursos aplicados aos processos em questão.

Palavras-chave: tecnologia da informação; custo de transação; economia da informação;

(7)

The feeling that investments in technology -must increase work productivity has been raising

questions addressed in many studies in the past years, but no positive correlation between

these applications and firms' revenues have been found. However, it has also been supported

by several other authors who have gathered empirica! evidences attesting that the returns from

IT investments must be measured by other variables, distinct from aggregate economic

industry data. We attempt to analyze this dilemma in the light of Information Economics,

testing the hypothesis that well planned innovations in business processes and organizational

structure, supported by information technology, do add value and increase firms' productivity

and efficiency. Our analysis focuses on the transaction costs of business processes, setting

these costs as the core of any productivity variables with which one could measure, with some

precision, the impact of new technological resources added to the focal processo

Keywords: information technology; transaction cost; information economics; productivity;

(8)

Figura 1.1 - Gaps de Produtividade ... 24

Figura 3.1 - Decomposição dos Custos em Custos de Produção e de Transação ... 37

Figura 3.2 - Deslocamento da Curva de Riqueza x Alcance ... 43

Figura 3.3 - O Ciclo do Aprisionamento ... 50

Figura 3.4 - Dinâmica de Adoção de Novas Tecnologias ... 52

Figura 3.5 - Desempenho versus Compatibilidade ... 54

Figura 4.1- Modelo de Vantagem Competitiva Baseada em Recursos ... 69

(9)

Tabela 3.1 - Tipos de Aprisionamento e Custos de Troca a eles Associados ... 47

Tabela 3.2 - Probabilidade de o Mercado Oscilar em Direção a uma Única Tecnologia ... 53

(10)

1. Introdução ... 11

2. Tecnologia de Informação e Produtividade ... 14

2.1 Investimento e Retorno ... 15

2.2 Produtividade ... 21

2.3 Medidas de Produtividade ... 22

2.4 GPT e Crescimento ... 26

2.5 Tecnologia de Informação Importa? ... 28

3. Economia da Informação ... 32

3.1 Mercados Imperfeitos ... 33

3.2 Assimetria da Informação e Custos de Transação ... 34

3.3 Externalidades ... 40

3.4 Economia da Informação ... 41

3.5 Riqueza e Alcance ... 42

3.6 Produtos Complementares ... 44

3.7 Custos de Troca e Aprisionamento ... .45

3.8 Externalidades de Rede ... 50

3.9 Organização da firma ... 54

3.10 Eficiência e Eficácia ... 57

3.11 Eficiência e Produtividade ... 59

3.12 Competitividade e Estratégia ... 61

4. Indicadores de Competitividade ... : ... 66

4.1 Risco ... 66

4.2 Investimentos Complementares ... 67

4.3 Ferramentas Genéricas ... 67

4.4 Valor dos Recursos ... 68

4.5 Custos de Transação ... 72

5. Considerações Finais ... 77

6. Referências ... 81

(11)

1. INTRODUÇÃO

"The welfare of a human society depends on the flow of

goods and services, and this in turn depends on the

productivity of the economic system. Adam Smith

explained that the productivity of the economic system

depends on specialization (he says the division of labor),

but specialization is only possible if there is exchange - and

the lower the costs of exchange (transaction costs if you

will), the more specialization there will be and the greater

the productivity of the system".

- Ronald COASE (1998, p.73)

"A riqueza da informação cria a pobreza da atenção". É assim que Herbert Simonl analisa o

impacto da crescente disseminação de grandes quantidades de informação para o indivíduo

moderno. A informação está mais barata, abundante, disponível com maior velocidade e

facilidade. E isso pode ou não ser bom. A sobrecarga de informações pode ser prejudicial caso

não se disponha de ferramentas e processos para tratá-la. Porém, o conjunto de mudanças

estruturais na organização, trazidos pelas tecnologias que permitem armazenar, buscar,

recuperar, copiar, filtrar, manipular, visualizar, transmitir e receber informações compõe um

cenário evolutivo que precisa ser ainda modelado. E os benefícios ou prejuízos que subvertem

as aplicações tecnológicas precisam ser medidos e controlados.

o

objetivo deste trabalho é fazer uma análise econômica da aplicação de tecnologias de informação e seu impacto na eficiência e produtividade das empresas modernas. Exploramos

o ambiente microeconômico para extrair e reforçar os gaps de produtividade oriundos das tecnologias de informação, mas também avaliamos indicadores macroeconômicos e

publicações que analisam o impacto da TI no crescimento econômico2. Destrinchamos

modelos abstratos relacionando estratégia e competitividade empresarial com tecnologias de

informação, permitindo uma análise mais profunda dos princípios econômicos por trás dos

fenômenos tecnológicos e a desmistificação do ferramental como ostentador de poder de

mudança. Um estudo dos princípios econômicos de externalidade, aprisionamento e custos de

1 Herbert Simon (1916-2001) recebeu o prêmio Nobel de Economia em 1978 por sua contribuição à pesquisa do

Processo de Decisão dentro de Organizações Econômicas.

2 Dessa maneira, este trabalho estende e atualiza o trabalho de TAMBOR (200]), que versa sobre a Tecnologia

de Informação e o Crescimento da Produtividade, discutindo a "Nova Economia" e analisando, com um enfoque

(12)

troca exibe lacunas que precisam ser preenchidas com práticas estratégicas, processos de

negócio, estrutura organizacional, cultura empresarial e a própria competitividade da firma no

setor e macro-ambiente. Mais ainda, a informação precisa ser vista não como um tesouro

precioso e inócuo e sim como núcleo de valor, compartilhado e refletido em talentos,

liderança e capacidade de inovação.

Os estudos aqui analisados permitem que separemos os céticos dos hiper-otimistas, drenando

um caminho intermediário claro, suportado empiricamente por indicadores em diversos

setores da economia norte-americana e outras grandes economias mundiais, que pregam que,

se acompanhadas de inovações e melhorias em processos e estruturas organizacionais, as

tecnologias de informação ajudam, sim, a gestão da empresa a obter ganhos de produtividade

e eficiência. Mais ainda, como o valor intrínseco das empresas já não é mais medido apenas

por ativos físicos e sim também por capacidades intelectuais e estratégicas, as tecnologias de

informação têm um papel importante na geração de valor para as firmas modernas.

Parece ser senso comum que o investimento em aparatos tecnológicos, programas e sistemas

deva aumentar a produtividade do trabalho. Contudo, a maior parte dos estudos empíricos

realizados nos últimos dez ou vinte anos prova que não há correlação positiva direta entre

investimentos em tecnologias de informação e o crescimento da produtividade. Analisando

não apenas os dados agregados setoriais, mas escolhendo setores específicos, ainda assim a

aplicação da tecnologia alavancou alguns e não ajudou outros. O que, então, estaria faltando

nesta equação, para provar o que o bom senso prediz?

A inovação. Maneiras diferentes de gerir processos e pessoas, reduzindo os custos de

transação. Esses é que são os direcionadores da produtividade, valendo-se, agora sim, de

novas tecnologias, da crescente disponibilidade de informações, das redes físicas e

eletrônicas3, e da busca constante de eficiência, para obter vantagens competitivas com base

em combinações versáteis de recursos próprios e de terceiros, parceiros na cadeia de valor,

governo e, claro, da interação cada vez maior com os clientes.

3 Nem sempre as redes eletrônicas podem ser avaliadas como fatores positivos de eficiência e qualidade. Ver

KRAUT ET AL (1999).

(13)

As novas tecnologias, em particular as ligadas à informação, permitem que se inove em

processos de negócios, na gestão de cadeias produtivas, na automação da produção, e no

controle de informações gerenciais. Além disso, permitem um aumento na velocidade de

tomada de decisão, na entrega de produtos e serviços, e no acúmulo de mais informações. As

tecnologias de informação, por seu papel na redução de custos de transação e coordenação,

têm papel fundamental no ciclo de negócios da era globalizada e no aumento da aceleração da

(14)

2. TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E PRODUTIVIDADE

Nas últimas décadas, desde o início da "era computacional" (ou o surgimento do primeiro

computador, o UNIV AC, em 1952, segundo a revista Fortune), os desmembramentos

derivados desta inovação, que compõem hoje o que chamamos de tecnologia de informaçã04,

têm nos ajudado a criar novos produtos e serviços, a otimizar os processos produtivos, a

gerenciar melhor as informações que tomamos como base para a tomada de decisões e a

melhorar a qualidade de tudo o que fabricamos ou fazemos. A tecnologia de informação está

presente em nosso dia-a-dia, desde o despertar do relógio, passando pelo preparo das

refeições, transporte, trabalho, entretenimento e aquisição de conhecimento. É de se esperar,

portanto, que tentemos entender e medir seu impacto sobre a nossa vida.

Em particular, focamos nossa atenção no maior consumidor de recursos tecnológicos e

provedor de retornos financeiros para as pessoas: as empresas. Essas organizações têm

investido boa parte de seus recursos, capital e pessoas, em novas formas tecnológicas de lidar

com a informação. No mundo todo, empresas investiram, nas últimas décadas, trilhões de

dólares em equipamentos, programas, treinamento, suporte, manutenção e horas de

aprendizado de seus gestores e funcionários para melhorarem sua lucratividade. Porém, até

meados da década de 1990, não se pôde perceber em nenhum setor da economia, exceto no de

informática, um crescimento de produtividade agregado digno de nota, o que motivou

pesquisadores e estrategistas a buscar uma resposta para tal situação aparentemente paradoxal.

No longo prazo, alcançar um padrão de vida superior depende primordialmente de um

aumento na produtividade. Por isso, o aumento da produtividade desde meados da década de

1990, especialmente nos Estados Unidos, foi tomado por economistas do mundo todo como

uma excelente notícia. Apesar disso, os pesquisadores não conseguiram ainda atingir um

consenso sobre o papel da tecnologia de informação nesta aceleração de produtividade. Uma

das questões principais, segundo FERNALD (2003), reside em se descobrir se são os setores

que produzem tecnologia de informação ou aqueles que a usam que têm o maior impacto no

crescimento da produtividade.

Estudos mais recentes sobre a aceleração da produtividade pós-1995, ainda segundo

FERNALD (2003), "sugerem que enquanto os setores da economia que produzem ICT

4 Alguns autores usam o termo Tecnologia de Informação e Comunicações, TIC (ou ICT, do inglês Information

and Communications Technology). Por uma questão de coerência com os termos mais usados no Brasil, optamos

por adotar o termo Tecnologia de Informação (TI) neste trabalho que, por definição, englobaria todas as tecnologias usadas para enviar, receber, armazenar e processar informações.

(15)

tiveram um papel importante na aceleração da TFp5, a maior parte dessa aceleração aconteceu

fora da produção de bens relacionados à tecnologia de informação e programas". Esses

trabalhos (como o de FERNALD & RAMNATH, 2004) indicam que a tecnologia de

informação pode, sim, explicar um pouco da aceleração na produtividade em setores que

usam a TI, mas notam que, para se beneficiar da TI, é preciso um investimento complementar

substancial em aprendizado e reorganização, para que os retornos em termos de produção

sejam duradouros (FERNALD, 2003).

Os benefícios da adoção de tecnologias de informação têm ficado cada vez mais claros para as

empresas e pesquisadores, que voltaram sua atenção para a busca de novos indicadores, desta

vez englobando os intangíveis intrínsecos da herança tecnológica, conectando-os às

estratégias competitivas e formulando teorias complexas de agregação de valor. Ao mesmo

tempo em que companhias tiravam o máximo proveito de seus investimentos em TI, obtendo

qualidade, satisfação dos consumidores e lucratividade, outras organizações naufragavam em

suas investidas tecnológicas, perdendo produtividade, tempo e desperdiçando capital humano

em_processos arcaicos e desalinhados com a estratégia adotada.

2.1 Investimento e Retorno

A relação entre investimentos em tecnologia de informação e medidas de produtividade

econômica tem sido debatida durante muitos anos. Desde 1970 até meados da década de 1990

os estudos realizados não indicavam crescimentos expressivos de produtividade relacionados

a investimentos em TI (BRYNJOLFFSSON, 1996).

o

Paradoxo da Produtividade, de Solow6

, que diz que "a era da informática pode ser vista em

todos os lugares, menos nas estatísticas de produtividade" (you can see the computer age

everywhere but in the productivity statistics), foi revisitado inúmeras vezes por acadêmicos,

5 TFP - Total Factor Productivity - ou Produtividade Total dos Fatores, é uma medida genérica de

produtividade, que consiste no cálculo da produção com base em todo o capital e insumos consumidos durante o processo produtivo. O crescimento da TFP dá-se com o aumento na produção agregada acima daquela derivada de aumentos de insumos de capital ou trabalho. Por exemplo, o crescimento da TFP pode advir da reestruturação do processo produtivo de uma empresa de modo que sua produção aumente sem que ela precise alterar os insumos consumidos, o número de equipamentos utilizados e os trabalhadores dedicados a sua operação. 6 Robert Solow, prêmio Nobel de Economia em ] 987 por sua contribuição à Teoria do Crescimento Econômico (SOLOW, 1956, 1957), é freqüentemente citado em trabalhos sobre produtividade e sua relação com os computadores. Solow escreveu em 1987 que "you can see the compu ter age everywhere but in the productivity statistics", ou que a era da informática pode ser vista em todos os lugares, menos nas estatísticas de

produtividade. TRIPLETT (1999) analisa oito razões diferentes para refutar o paradoxo. Para uma análise completa do "Paradoxo da Produtividade", ver CRAFTS (2001).

(16)

profissionais e pela imprensa especializada, sem que alguma evidência de influência da TI na

produtividade fosse encontrada (TRIPLETT, 1999; GORDON, 2001).

No final da década de 1990 as linhas de pensamento ainda divergiam quanto à correlação

entre o desempenho financeiro das empresas e seus investimentos em tecnologia de

informação. Após inúmeras tentativas de relacionar produtividade com investimentos em TI

com base em estudos de crescimento setorial, diversos autores varreram dados de nível

empresarial, dentro de cada setor da economia, à procura de provas que justificassem tanto

investimento em informática. STRASSMANN (1997a) estimava em US$ 1,076 trilhões o

investimento mundial em TI no ano de 1996. Só nos EUA, segundo vários estudos da época,

os gastos eram em tomo de US$ 500 bilhões. A procura era justificada: os EUA tinham 4,6%

de toda a população mundial, 21,3% do Produto Nacional Bruto e eram berço de 50% do

investimento mundial em TI.

Estudos de crescimento econômico tateavam dados governamentais e privados sem que

encontrassem a relação causal direta esperada, de que o investimento em computadores

melhoraria sensivelmente a lucratividade da empresa. Aprofundamentos em certos setores da

indústria e serviços em busca dessa correlação eram permissivos, no sentido de deixarem

passar agregações e benefícios subjetivos em suas análises, alguns concluindo que as

empresas poderiam se beneficiar diretamente da TI, outros argumentando que a TI era apenas

um instrumento através do qual a gestão da empresa alavancaria suas práticas de negócios

inovadoras.

Mais ou menos a partir de 1995, porém, vários trabalhos (como os de DEWAN & MIN, 1997;

SICHEL,1999; TRIPLETT, 2003; TRIPLETT & BOSWORTH, 2003; e BRYNJOLFSSON

& HITT, 2003) foram realizados mostrando alguma relação entre investimentos em TI e o

crescimento da produtividade empresarial e econômica, bem como em outros indicadores.

Estudos cunhados no crescimento da produtividade econômica medida em comparação com

anos anteriores mostravam evidências dentro da empresa de que investimentos em TI

geravam retornos expressivos e levaram a uma busca mais profunda por novos indicadores e

novas medidas de desempenho econômico, bem como a um melhor entendimento dos

benefícios intangíveis gerados por tais investimentos.

No final da década de 1990, o próprio Solow já havia mudado de idéia. "Meus credos sobre

esse assunto estão mudando" disse o autor ao jornal New York Times. "Ainda estou longe de

ter certeza. Mas a história sempre foi a de que levaria um longo tempo até que as pessoas

(17)

passassem a usar a tecnologia de informação e realmente ficar mais eficientes. Essa história

parece ser bem mais convincente hoje do que era há um ou dois anos" (LOHR, 1999).

As conclusões então convergiram, o paradoxo de Solow caiu por terra e os autores de diversos

trabalhos (como o de SHIN, 1997) concluíram que a aplicação da tecnologia à gestão da

informação tem o poder de reduzir custos de coordenação, comunicação e o próprio

processamento da informação. Ficou evidente que, à medida que os computadores vão

ficando mais baratos e mais poderosos, seu valor econômico é limitado menos por sua

capacidade de processamento e mais pela habilidade com que os gestores das empresas

conseguem inventar novos processos, procedimentos e estruturas organizacionais para

alavancar essas capacidades (BRYNJOLFSSON & HITT, 2000; WOLFF, 1999,2002).

A produtividade das empresas, porém, não estava diretamente relacionada aos investimentos

em tecnologia de informação. "A falta de correlação entre os investimentos em tecnologia de

informação e resultados financeiros levou-me à conclusão de que não são os computadores

que fazem a diferença e sim o que as pessoas fazem com eles". STRASSMANN acha que

tomar a informatização como uma poção mágica era um erro que seria corrigido em seu

tempo. Ela leva à diminuição do que é mais importante em uma empresa: indivíduos

educados, comprometidos e criativos, trabalhando para organizações que dão maior ênfase às

pessoas que às tecnologias (STRASSMANN, 1997a).

Afinal, a produtividade nos negócios está enraizada nas pessoas bem organizadas, bem

motivadas e dotadas de conhecimento, que entendem o que fazer com todas as informações

que aparecem nas telas de seus computadores. "Seria demais esperar que tal excelência

prevalecesse em todos os negócios", diz STRASSMANN (1997a). O fato de os investimentos

em informática e resultados corporativos não terem uma correlação é um reflexo da condição

humana de que a excelência é uma ocorrência ímpar. É completamente fora de propósito

esperar que a informatização possa um dia alterar essa condição (STRASSMANN, 1997a).

No passado recente, ao mesmo tempo em que a mídia anunciava novas evidências da

influência dos investimentos em TI na produtividade econômica, outros autores ainda

debatiam as proporções das projeções e credibilidade das pesquisas. STRASSMANN (1997a),

por exemplo, disse que investimentos em TI e desempenho não estão relacionados. ROACH

(1989) ajudou a provar essa falta de relacionamento, mostrando que a produtividade dos

funcionários que trabalham com informação (information workers) não cresceu em mais de

vinte anos, enquanto as empresas investiam pesadamente em capital computacional.

(18)

Estudos agregados por setores da indústria não mostraram, em geral, uma relação direta entre

investimentos em TI e medidas econômicas de produtividade. Esses estudos, quando levados

ao nível das empresas, levantaram detalhes antes ocultos pela agregação de indicadores nos

estudos setoriais, que exibiram inúmeros benefícios antes não levados em conta como

alavancadores da produtividade de uma companhia.

Como resultado, muitos estudos de caso e trabalhos econométricos hoje apontam para

complementos organizacionais, como novos processos de negócio, novas competências e

novas estruturas funcionais e industriais como sendo os principais direcionadores da

contribuição da TI para a produtividade das empresas (BRYNJOLFSSON & HITT, 2000;

GILCHRIST, GURBAXANI & TOWN, 2001)7.

WILSON (1995) já reportava que "nosso entendimento de como a tecnologia de informação

afeta a produtividade, seja em nível empresarial, seja na economia como um todo é

extremamente limitado". Enquanto vários estudos dicotômicos mostravam, cada um, graus

distintos de relacionamento entre a tecnologia e a produtividade, outros eram mais cautelosos

e sugeriam que o capital computacional contribuía mais para o crescimento que o capital

comum, como relataram JORGENSON & STIROH (1995).

A imprensa noticiou muito o advento da chamada "Nova Economia", enaltecendo os méritos

do avanço tecnológico, com a proliferação dos computadores, redes e, em particular, da

Internet. Fomos levados a acreditar que essa nova "revolução" seria responsável pelo forte

crescimento produtivo medido após 1995, maior que o da Revolução Industrial de 1860-1900,

cujos efeitos foram sentidos apenas na virada do século, na chamada "era dourada" do

crescimento econômico, a partir de 1913. A Revolução Industrial nos trouxe o motor elétrico,

o transporte aéreo, os filmes de cinema, o rádio, o encanamento embutido, entre outras

invenções geniais. Foram tecnologias que alavancaram diversos setores da economia, da

indústria ao entretenimento, dos serviços à saúde, e que, aos poucos, geraram um enorme

crescimento econômico.

Segundo o historiador econômico Paul DAVID (1990), o motor elétrico foi introduzido no

início da década de 1880 mas não gerou ganhos de produtividade discerníveis até a década de

1920. Levou todo esse tempo, não apenas para que a tecnologia estivesse amplamente

7 Outros estudos apontam para a mesma direção: BRYNJOLFSSON (1993), BRYNJOLFSSON & HITT (1996,

1998), BAKOS & BRYNJOLFSSON (1999), BRYNJOLFSSON & Y ANG (1999), BRESNAHAN,

BRYNJOLFSSON & HITT (2002), BRYNJOLFSSON, HITT & Y ANG (2002), HITT & BRYNJOLFSSON

(1996). Um trabalho de BRYNJOLFSSON, RENSHA W & ALSTYNE (1997) sugere uma ferramenta para

modelar a reengenharia de processos aproveitando o potencial de TI.

(19)

disponível, mas também para que as empresas pudessem reorganizar seu trabalho em linhas

de produção industriais. Apesar disso, outros autores, como Stephen ROACH (1989),

acreditam que o motor elétrico nada tem a ver com o processo de trabalho centrado em

conhecimento da economia atual e acreditam que quaisquer melhorias de produtividade serão

muito difíceis de serem medidas (LOHR, 1999).

GORDON (1999, 2000, 2001) levanta várias questões sobre a classificação do crescimento

econômico medido de 1995 a 2000 e sua comparação com a segunda Revolução Industrial.

Dissecando e separando a produtividade em alguns componentes, demonstra que parte do

crescimento deve-se a um efeito cíclico insustentável, e parte a uma aceleração na tendência

de crescimento. Tal tendência, afirma, deve ser atribuída a um crescimento mais rápido da

MFP (multifactor productivity, ou produtividade multi-fatorial) no setor de manufatura de

bens duráveis. GORDON mostra, também, que a MFP fora do setor de bens duráveis

desacelerou neste período e que "o rápido declínio no custo do poder de processamento dos

computadores significa que a utilidade marginal de suas características, como velocidade e

memória também caiu, implicando que as principais contribuições dos computadores estão no

passado e não no futuro".

GORDON (1999, 2000, 2001) conclui que a contribuição da tecnologia de informação para a

aceleração da produtividade no final da década de 1990 foi obtida somente através do uso

mais eficiente das tecnologias de informação. O uso da tecnologia, segundo o autor, não teria

acrescentado nada ao crescimento da produtividade. GORDON sugere que o aumento de

produtividade pode ser explicado por três fatores: a melhoria nos métodos para medição de

deflatores de preço; a resposta pro-cíclica normal dos períodos produtivos como os de

1997-1999, quando a produção cresceu mais rápido que a tendência; e a explosão da receita e

crescimento da produtividade no setor de bens duráveis, devidos inteiramente à produção de

computadores. Argumenta ainda que não houve nenhum crescimento da aceleração na

produtividade em 99 por cento da economia fora do setor que fabrica computadores.

Em seu trabalho de 2001, GORDON pondera sobre a fragilidade do crescimento da

produtividade no período de 1995 a 2000, pois em parte ela se apoiou em um crescimento

rápido e insustentável nas receitas em 1999-2000, e porque a maior parte do restante foi

resultado de um aumento na taxa de crescimento dos investimentos feitos em computadores

no período pós-1995, "que não pode continuar para sempre". "A web só pôde ser inventada

uma única vez, o [advento do bug do] ano 2000 comprimiu artificialmente o ciclo de reposição dos computadores nas empresas, e vários investimentos em computadores foram

(20)

realizados por empresas ponto-com que, no início de 2001, já haviam ido à falência". O

economista afirma ainda que grandes investimentos foram feitos também em biotecnologia e

medicina, o que aumentou o excedente do consumidor sem necessariamente criar mais

produtividade.

FEROLI (2001) contrapõe GORDON e diz que, de certo modo, essa distinção entre o uso e a

produção de TI é imaterial. A maior parte dos estudos indica que houve um aumento de

produtividade no período analisado por GORDON. Assim, se o autor estivesse correto haveria

implicações profundas para a sustentabilidade da chamada "N ova Economia". Se

produtividade fosse concentrada em apenas um setor, a economia estaria vulnerável às

ameaças neste setor. Além disso, os ganhos de eficiência na produção de TI chegariam

eventualmente a um limite físico, onde não mais valeria a Lei de Moore8. Deste modo, dados

empíricos levantados por outros autores sugerem que essa teoria pode ser controversa, pois

demonstram que o uso de TI teve uma contribuição substancial para a retomada da

produtividade (FEROLI, 2001).

O conceito de "Nova Economia" permanece uma discussão à parte. Apesar da revista

Business Week (SHEPARD, 1998), uma grande difusora do tema, concordar que as leis

econômicas fundamentais não foram alteradas de maneira a configurar um novo conjunto de

princípios que regeriam os novos tempos, ela atribui a reestruturação do ciclo de negócios à

globalização e à revolução da tecnologia de informação. O McKinsey Global Institute (MGI,

2002c), por exemplo, define o termo como um "crescimento de produtividade mais rápido,

alimentado por investimentos em tecnologia de informação", mas pondera que a expressão foi

cunhada no ápice do desenvolvimento dos negócios na internet e que, com a queda das ações

dessas empresas, a "Nova Economia" foi tida como epitáfio. Ainda há muita confusão em

relação ao termo - alguns ainda defendem, outros criticam - e preferimos não usá-lo, para não

fortalecer o erro comum de interpretação em que se entende que talvez as regras econômicas

tenham mudado, quando de fato isso não aconteceu.

8 Na década de 1960, Gordon Moore, fundador da Intel, previu que o desempenho dos microprocessadores dobraria a cada 18 meses. Tal previsão provou ser precisa o suficiente e acabou sendo conhecida como a Lei de Moore. Segundo o Progressive Policy Institute, a lei tem um corolário, que implica nos custos de processamento estarem caindo em 25% ao ano. Apesar disso, Moore acredita que sua lei não poderá ser aplicada após 2010, quando a tecnologia atingir o limite físico ditado pelo tamanho dos elétrons.

Veja mais em MOORE (1996). Ou em http://www.neweconomyindex.org/sectionCpageI2.htmI.

(21)

2.2 Produtividade

o

termo produtividade pode ser definido como a "relação entre a quantidade ou valor

produzido e a quantidade ou valor dos insumos aplicados à produção".9 A produtividade do

capital é a "quantidade produzida por unidade de capital investido" e a produtividade do

trabalho é a "quantidade produzida por unidade de trabalho". Os economistas identificam três

diferentes fatores que aumentam a produtividade do trabalho, medida em geral como a

quantidade produzida por hora de trabalho. O primeiro provém da disponibilidade cada vez

maior de mais capital e de melhor qualidade com que se trabalhar ("capital deepening"). O

segundo vem de ganhos em conhecimento e competências adquiridos com o tempo de

trabalho, permitindo que as pessoas produzam mais na mesma hora de trabalho (qualidade do

trabalho). O terceiro fator que aumenta a produtividade deriva da TFP, "um termo chavão

para tudo o mais que não pode ser explicado", nos setores produtores de TI e em outras indústrias, cujo principal direcionador é a inovação em produtos e processos (FERNALD,

2003).

FERNALD (2003) identifica, então, duas maneiras pelas quais a TI afeta o trabalho agregado e o aumento da TFP: primeiro, a inovação nos setores produtores de bens de TI contribui diretamente para o crescimento da TFP na economia como um todo; e segundo, o uso de bens

de capital de TI contribui diretamente para a produtividade do trabalho através do "capital deepening" - através da redução do custo efetivo para que um usuário desenvolva o capital, a

constante queda nos preços da TI induz as empresas a aumentar seu estoque desejado de capital.

Segundo um modelo construído pelo Council of Economic Advisers dos EUA (CEA, 2003,

2004)10, desenhado para capturar o comportamento cíclico do crescimento da produtividade, a

aceleração de produtividade depois de 1995 teria sido 0,30 ponto percentual por ano mais

forte não fosse pela demora nas contratações necessárias para acomodar os aumentos na

demanda agregada que ocorreu antes e durante o ano de 1995. O relatório aponta que a

produtividade ajustada para esse efeito cíclico, ou produtividade estrutural, acelerou 1,73

ponto percentual no período de 1995-2002, em relação ao período de 1973-1995. Dessa

aceleração, aponta FERNALD (2003), a tecnologia de informação contribuiu com 0,53 ponto

percentual por ano - o "capital deepening" entrou com 0,40% ao ano e a TFP do setor de

9 Definição extraída de FERREIRA (2002).

10 Um resumo interessante dos indicadores econômicos da produtividade encontra-se nos anais de um workshop realizado no BROOKINGS INSTITUTION (2002).

(22)

informática contribuiu com 0,13%. O "capital deepening" de outros setores perfez 0,11 % ao

ano. E a qualidade do trabalho entrou com uma contribuição negativa, pois aumentou o

mesmo no período de 1995-2002 (7 anos) que em 1973-1995 (12 anos).

Estudos do Council Of Economic Advisers (CEA, 2003, 2004), de JORGENSON, HO &

STIROH (2002a, 2002b) e de OLINER E SICHEL (2002) demonstram uma contribuição

significativa para a aceleração da TFP em setores que usam - e não produzem - tecnologia de

informação. O crescimento da TFP no setor de informática é facilmente apreendido se

considerarmos toda a pesquisa e desenvolvimento que levou ao crescimento exponencial do

poder de processamento dos computadores e sua conseqüente adoção por todos os outros

setores da economia.

Em contrapartida, não há muitas informações sobre a fonte da aceleração na TFP fora dos

setores de produção de tecnologia de informação. "Em particular, não existe uma premissa de

que o uso de TI deva ter qualquer efeito particular nas métricas da TFP" (FERNALD, 2003).

Entretanto, trabalhos recentes no nível microeconômico, realizados dentro das empresas e não

sobre dados setoriais, sugerem que existem condições potenciais importantes, porém indiretas

e difíceis de serem previstas, em que a TI influencia os níveis de produção e de produtividade

em empresas de setores que usam a tecnologia de informaçãolJ. FERNALD & RAMNATH

(2004) sugerem que, nos Estados Unidos, dados analisados de 1948 a 2000 indicam que a

maior parte da aceleração da TFP reflete uma aceleração fora dos setores de produção de bens

da tecnologia de informaçãol2•

2.3 Medidas de Produtividade

o

debate sobre a contribuição de TI para o crescimento da produtividade tem raízes profundas no estudo moderno da competitividade entre as empresas. Apesar de a produtividade

-II BASU ET AL (2003) realizam um estudo comparativo dos EUA com o Reino Unido, analisando as diferenças

de impacto dos investimentos em TI na indústria e serviços.

12 A maioria dos estudos aqui coletados indica uma aceleração da produtividade pela tecnologia, como os de

BAILY & LAWRENCE (2001), BASU, FERNALD & SHAPIRO (2001), JORGENSON & STIROH (1999,

2000), JORGENSON, HO & STIROH (2002a, 2002b), NORDHAUS (2002), OLINER & SICHEL (2000), e

STIROH (2002a, 2002b). GORDON (2003a, 2003b) mantém-se cético em relação a essa aceleração fora dos

setores de produção de TI. Em JORGENSON, STIROH, GORDON & SICHEL (2000), Gordon faz comentários

sobre o trabalho de Jorgenson & Stiroh.

(23)

quantidade de saída por unidade de entradal3 - não ser a única medida com que uma empresa

ou economia tenha que se preocupar, no longo prazo ela engloba praticamente tudo. O

crescimento da produtividade é o que determina nossos padrões de vida, a vantagem

competitiva entre as empresas e a riqueza das nações. Deve ser considerada, portanto, como a

estatística econômica mais importante da atualidade (BRYONJOLFSSON, 2003).

Nos Estados Unidos, grande influência moderna na economia do resto do mundo, o

crescimento da produtividade tem sido extremamente forte, apesar dos déficits de orçamento,

déficit comercial, desemprego e crescimento econômico como um todo terem sido

desapontadores nos últimos anos. Em 2002, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics,

a taxa anual de produção por trabalhador cresceu à taxa de 4,8%, quase o dobro da taxa dos

cinco anos anteriores e que, por sua vez, foi quase o dobro da taxa de crescimento da

produtividade de 1,3% na década de 1980 e início dos anos 1990 (BRYONJOLFSSON,

2003).

BRYONJOLFSSON (2003) aponta em um estudo, realizado com 1.167 grandes empresas

americanas, que há uma correlação estatística significativa entre a intensidade de tecnologia

de informação usada em uma empresa - capital de TI por trabalhador - e a produtividade

geral da companhia. Diz ainda que há um consenso emergente entre os economistas de que a

TI tem sido o grande fator impulsionador do ressurgimento da produtividade, apesar de haver

ainda um debate sobre a magnitude exata de tal contribuição.

O gráfico da Figura 1.1 mostra a distribuição das empresas estudadas e a correlação entre os

custos de substituição de equipamentos de TI por pessoas especializadas e a produtividade da

empresa, medida como a produção real sobre a média ponderada de todos os insumos,

incluindo trabalho e capital não tecnológico. A partir do gráfico, o autor nota que há um

relacionamento positivo entre TI e produtividade. No entanto, vê-se também que há uma

grande variação de desempenho entre as empresas.

13 Nos cálculos de produtividade, a produção, ou saída, é definida como o número de unidades produzida vezes

seu valor unitário, representado pelo seu preço real. A determinação do preço real de um bem ou serviço requer o cálculo de deflatores individuais dos preços para eliminar os efeitos da inflação. A entrada, ou investimento (input) é tudo aquilo que pode ser empenhado na produção de bens ou serviços, como mão de obra, máquinas e matéria-prima. A saída, ou receita (output) é o resultado da produção e venda de bens ou serviços e deve ser medida também através de fatores como qualidade, custos, prazos, segurança, ambiente e moral. Produtividade, então, é a medida de receita sobre investimento.

/

(24)

Gal)S.11a Pl'Odllti"illlllle 'C

....

o (I)

Cf) 1,5

A TI está cOlTelaciollada "t:I o

com a produtividade, (11

1,0

:s

mas há uma variação -(I)

substancial enh-e as E

'(11 0,5

empresas. (11

>

:;::: (11 O

NOTAS Cii

* Areceita real dividida pela

..::.

média ponderada de todos os .,. (I) -0,5

investimentos, incluindo "t:I

lU

trabalho e capital não- "t:I

tecnólógico. :~

....

-1,0

** Os custos correntes de :I

substituição do estoque de "t:I O -1,5

hardware por trabalho. D-lo..

f::;,. A "nuvem" indica a -4 -2 O 2 4 distribuição das empresas

estudadas. IT Stock** (relativa à média do setor)

[Traduzido pelo autor.) BASE: 1.167 empresas

DADOS: Erik Brynjotfsson & Lorin Hitt

Figura 1.1 - Gaps de Produtividade

Fonte: BRYNJOLFSSON, 2003.

Essa variação indica que o investimento em TI não deve ser considerado como único fator

diferenciador na estratégia da empresa. A tecnologia é apenas uma entre vários investimentos

complementares que norteiam o crescimento da produtividade. BRYNJOLFSSON (2003)

aponta que, para cada dólar investido em equipamentos tecnológicos em uma empresa,

existem nove dólares de ativos intangíveis relacionados à TI, como capital humano - valor

capitalizado do treinamento - e capital organizacional - medido como o valor capitalizado de

investimentos em novos processos de negócio e outras práticas organizacionais.

Mas há outras vertentes de classificação de medidas de produtividade que indicam um

caminho oposto. Um estudo do McKinsey Global Institute (MGI 2001) aponta diversos outros

fatores impulsionadores do crescimento da produtividade, à parte dos investimentos em TI.

Estudos posteriores (MGI 2002a, 2002b, 2002c) acrescentam que a TI ajuda no aumento da

eficiência quando há aplicações específicas para o setor, desenvolvidas em uma seqüência que

acrescenta capacidades com o tempo e aliadas a inovações em gestão e processos. Citam que

setores como o bancário e hoteleiro, por exemplo, não sentiram ainda os benefícios de seus

altos investimentos em TI. Nesses setores, a produtividade tem desacelerado nos últimos anos.

Apesar disso, o setor de varejo (BOSWORTH, 2003) obteve inúmeros ganhos com a

aplicação de TI: sistemas e processos, juntos, tiveram impacto positivo no ciclo de estoque,

(25)

gestão de mercadorias e satisfação dos consumidores. Os estudos do MGI mostram também

que a aceleração de produtividade nos Estados Unidos está concentrada em poucos setores

-no período do estudo, 3 setores (semicondutores, produção de computadores e

telecomunicações) contribuíram com 37% do crescimento da produtividade, outros 3 setores

(varejo, atacado, securitização) contribuíram com 40% e os 52 setores restantes com apenas

23%.

O relatório do MGI (2001) recebeu duras críticas de profissionais e acadêmicos. Entre eles,

STRASSMANN (2001) analisa o impacto do relatório sobre os profissionais de TI. Escreve

que os ganhos de produtividade provenientes da TI são específicos para cada empresa e que se

podem encontrar, por exemplo, enormes falhas na aplicação de TI no setor de varejo, apesar

do relatório enaltecer os benefícios medidos dos investimentos em TI no setor. Sua

preocupação é que o conteúdo apresentado induz os executivos de TI a encontrar desculpas

por seus fracassos na implementação de TI, comparando sua empresa com o setor, enquanto

deveriam comparar com o sucesso de outras empresas. Conclui que a mensagem da

McKinsey "não irá contribuir para a melhoria das práticas da gestão de TI" e que poderá

atrasar novos investimentos na área.

A produtividade é a chave do sucesso na gestão corporativa. "Sem metas de produtividade um

negócio não tem direção; sem medidas de produtividade o negócio não tem controle"

(STRASSMANN, 1996). Quais seriam então os fatores que influenciam na produtividade de

uma empresa? Por que as empresas investiriam tanto em TI se ela não aumentasse sua

produtividade? Se a tecnologia de informação contribui mesmo para aumentar a

produtividade, por que essa contribuição é tão difícil de ser medida?

Tantos fatores influenciam o desempenho de uma empresa que é praticamente impossível

distinguir o impacto do uso de TI usando correlações bivariadas simples. É essencial que se

controlem outros fatores como outras entradas e seus preços, o ambiente macroeconômico,

estimativas de demanda de produção e a natureza da competitividade. Pelo fato de muitos

fatores inobserváveis afetarem um setor inteiro ou uma única empresa de maneira persistente,

a melhor saída, quando possível, é examinar um painel consistindo de séries de tempo e dados

cross-section (BRYNJOLFSSON & YANG, 1996).

É importante que se leve em consideração que nossas ferramentas ainda são deficientes. Os

gestores nem sempre reconhecem isso e tendem a confiar demais em qualquer estudo de TI e

produtividade. Enquanto os estudos geralmente mencionam as limitações dos dados e

métodos utilizados, às vezes só as conclusões mais surpreendentes é que são reportadas pela

(26)

imprensa. Como algumas decisões de investimento significativas são baseadas nessas

conclusões, os pesquisadores devem ser duplamente cautelosos quando comunicam as

limitações de seus trabalhos (BRYNJOLFSSON & YANG, 1996).

Um tema recorrente na imprensa administrativa é a idéia de que TI deva não apenas ajudar a

produzir mais das mesmas coisas como também contribuir para fazer coisas completamente

diferentes de maneira inovadora. Por exemplo, WATTS (1986) sugere que os investimentos

em TI não podem ser justificados apenas pela redução de custos, mas que os gestores devem

examinar o aumento da flexibilidade e responsividade, enquanto BROOKE (1992) escreve

que TI leva a uma maior variedade mas menor produtividade quando medida da maneira

tradicional (BRYNJOLFSSON & YANG, 1996).

A literatura destaca o quão difícil e talvez inapropriado seria traduzir os benefícios da TI em

medidas de produtividade quantificáveis. Intangíveis como melhor responsividade aos

clientes e melhor coordenação com os fornecedores nem sempre aumentam a quantidade ou

qualidade intrínseca da produção ou prestação do serviço, mas ajudam a mercadoria ou

serviço a chegarem no tempo certo, lugar correto e com os atributos certos para cada cliente.

BERNDT & MALONE (1995) sugerem que "precisamos dispender mais esforços em medir

novas formas de valor - como as capacidades de criação de conhecimento - em vez de refinar

medidas de produtividade que ainda estão enraizadas na forma de pensamento da Era

Industrial" (BRYNJOLFSSON & YANG, 1996).

Assim, um componente significativo do valor da TI é sua contribuição para a criação de

investimentos organizacionais complementares como processos de negócio e práticas

gerenciais. Esses investimentos, por sua vez, levam a aumentos de produtividade através de

reduções de custo e, mais importante, permitindo que as empresas aumentem a qualidade de

sua saída na forma de novos produtos e serviços, ou de melhorias nos aspectos intangíveis de

produtos e serviços existentes, como na çonveniência, responsividade, qualidade e variedade

(BRYNJOLFSSON & I1ITT, 2000).

2.4 GPT e Crescimento

A discussão mais profunda sobre TI envolve os conceitos das tecnologias de propósito geral

(do inglês, General Purpose Technologies, ou GPTs). FERNALD (2003) diz que "o termo é

em geral aplicado a inovações, como a eletricidade ou a tecnologia de informação, que têm

(27)

um efeito duradouro, profundo e abrangente sobre os negócios das empresas e a vida das

pessoas" 14. BRYNJOLFSSON & HITT (2000) ponderam que podemos separar as ligações

entre o uso da tecnologia de informação e as métricas de TFP em duas categorias:

co-invenções direcionadas, a acumulação de "capital complementar" intangível, e externalidades

de alguns tipos. Afirmam que estudos sobre empresas sugerem que, para se beneficiarem de

investimentos em TI, as empresas precisam realizar co-investimentos substanciais e custosos

em capital complementar. Por exemplo, empresas que utilizam TI de maneira mais intensiva

podem vir a reorganizar seu processo produtivo, criando "capital intangível" na forma de

conhecimento organizacional. Esses investimentos podem incluir recursos direcionados ao

aprendizado ou envolver, por exemplo, inovações provenientes de pesquisa e

desenvolvimento (FERNALD, 2003).

FERNALD (2003) afirma que o "capital organizacional" resultante desses investimentos é

análogo ao capital físico quando consideramos que as empresas o acumulam de maneira

direcionada. O capital complementar pode ser imaginado como um insumo adicional à

produção, diferindo do capital comum e do trabalho pelo fato de não ser observável. "Em

outras palavras, este canal é, em sua essência, a história padrão do capital deepening, exceto

pelo fato de o insumo de capital intangível não poder ser medido" 1 5 (FERNALD, 2003).

A segunda forma de ligação entre a tecnologia de informação e as métricas da TFP, sugerida

pela literatura das GPTs, são as suas externalidades potenciais. Novas idéias e inovações na

gestão de processos, por exemplo, como as que se apóiam em sistemas de tecnologia de

informação para análise de dados e tomada de decisão, podem espalhar-se e serem adotadas

por outras empresas, que aprendem analisando os experimentos do mercado, os sucessos e,

mais importante, os fracassos de outras tentativas. Ao mesmo tempo, empresas que não usam

computadores de forma intensiva podem também se beneficiar dos excedentes do capital

intangível. Por exemplo, se houver excedentes generosos à pesquisa e desenvolvimento e se a

pesquisa e desenvolvimento for mais produtiva se tiver melhores computadores, então mesmo

as empresas que não usam computadores de maneira intensiva podem se beneficiar do

conhecimento criado pelos computadores (FERNALD, 2003).

14 HELPMAN (1998) define GPT como uma inovação drástica que tem o potencial de uso duradouro em uma

ampla faixa de setores de modo que gere mudanças profundas em seus meios de operação.

15 Essas considerações sobre as GPTs sugerem que a função de produção não é bem medida, porque não

podemos observar todos os insumos (o fluxo de serviço proveniente do capital intangível complementar) ou todas as saídas (o investimento em capital complementar). Portanto, a TFP real não é bem medida. Além disso, muitos dos benefícios da TI podem resultar em produtos de melhor qualidade, mais adequados às necessidades do consumidor, que são inerentemente difíceis de serem medidas (FERNALD (2003).

(28)

A natureza endógena das externalidades e co-invenções sugere que não se espere que os

benefícios da tecnologia de infonnação se difundam instantaneamente. Primeiro, porque

mesmo se grandes investimentos e inovações complementares forem necessários, a difusão de

idéias de uma empresa para outra vai levar inevitavelmente algum tempo. Segundo, como

notam BRESNAHAN & TRAJTENBERG (1995), as inovações complementares, ou

co-invenções, "implicam em sérios problemas de coordenação que não podem ser facilmente

resolvidos em um contexto de mercado". Isso porque a "incerteza e a informação assimétrica,

que em geral tornam difícil a coordenação, fazem parte da essência da criação de novo

conhecimento". Como o fator temporal inerente ao desenvolvimento tecnológico impede o

paralelismo das agregações inovacionais, um aumento na velocidade de difusão iria requerer

coordenação entre agentes localizados longe um do outro nas dimensões de tempo e

tecnologia. Só assim os arranjos institucionais e as estruturas de mercado ganhariam peso,

mas esses fatores diferem bastante entre países. Em terceiro lugar, os custos e benefícios da

adoção podem também ser diferentes entre as empresas, de modo que as que adotam primeiro

essas tecnologias devem ser as que vêem nela um baixo custo e alto benefício de adoção.

Finalmente, completa FERNALD (2003), os efeitos do excedente podem ser mais fortes em

distâncias mais curtas, como em pólos industriais.

2.5 Tecnologia de Informação Importa?

As questões econômicas são fundamentadas na escassez, proveniente de uma dicotomia que

rege o dia-a-dia da humanidade: os recursos econômicos disponíveis para qualquer aplicação

são limitados, mas o desejo humano não tem limites. A escassez é uma condição em que os

recursos existentes não são suficientes para satisfazer os desejos das pessoas.

A principal preocupação da economia é resolver tal conflito, escolhendo a alocação dos

recursos escassos de forma que se produza o melhor resultado possível, dadas as condições do

momento. Define-se, então, economia como "o estudo das escolhas que as pessoas fazem em

um ambiente de escassez" (CABRAL E YONEYAMA, 2001). A busca das escolhas ótimas e

da eficiência econômica deriva desta condição, que impõe a procura da melhor alternativa,

tanto no consumo quanto na produção, em todos os processos de produção de bens e serviços.

NICHOLAS CARR (2003) nos coloca então uma questão de ordem: à medida que o potencial

da tecnologia de informação e sua ubiqüidade têm crescido, também tem aumentado seu valor

estratégico. É uma premissa razoável, diz ele, e até mesmo intuitiva. "Mas está errada. O que

(29)

torna um recurso realmente estratégico - o que dá a ele a capacidade de ser a base de uma

vantagem competitiva - não é ubiqüidade, mas sim escassez". Só se pode ganhar uma

vantagem sobre os competidores tendo ou fazendo alguma coisa que eles não têm ou fazem.

Hoje em dia, as funções principais da tecnologia de informação, como o armazenamento,

processamento, transporte e extração de dados digitais, já se tornaram disponíveis e acessíveis

a todos. Carr argumenta que sua força e presença estão começando a transformá-la de

recursos potencialmente estratégicos em fatores comoditizados de produção. A tecnologia de

informação está se tornando parte do custo de fazer negócios, que precisa ser pago por todos,

mas que não faz diferença para ninguém (CARR, 2003).

Alinhado a outras argumentações paralelas, algumas talvez controversas, esse enredo

publicado na Harvard Business Review criou um debate que virou livro. Suscitou em muitos

acadêmicos e profissionais respostas analíticas profundas, a favor e contrárias a suas idéias,

mas que tentam todas resgatar o papel da tecnologia de informação na estratégia das empresas

modernas. Já na edição seguinte da revista (CARR ET AL, 2003) o debate foi publicado e

diversos autores deram seus pareceres. A principal questão debatida, porém, era a de que o

que Carr estava dizendo não era que a tecnologia de informação estava morta e que não

continuaria a ser uma fonte de mudança dramática, mas que eram grandes as chances de que

os benefícios dessas mudanças fossem vistos em toda a indústria em vez de serem particulares

a um único competidor. Mais ainda, dizia que, em vez de buscarem vantagem através da

tecnologia, as empresas deveriam gerenciar a tecnologia de informação de maneira defensiva

- cuidando dos custos e evitando riscos.

o

que CARR (2003) argumenta é que tecnologias proprietárias, desde que se mantenham

protegidas, podem ser a base de vantagens competitivas no longo prazo, fazendo com que as

empresas abocanhem lucros maiores que seus concorrentes 16. Mas outras tecnologias, de

domínio público, que algum dia já foram um diferencial estratégico, hoje oferecem mais valor

quando compartilhadas do que quando usadas de maneira isolada. E seu potencial de

diferenciação estratégico declina à medida que se torna acessível ao resto do mercado.

Usando a analogia de DAVID (1990) entre a tecnologia de informação e outras grandes

invenções, como os motores a vapor, geradores elétricos e motores de combustão interna,

CARR (2003) afirma que os rendimentos decrescentes derivados dessas tecnologias de

propósito geral (GPT) fazem com que seu valor estratégico para as empresas diminua

16 Para uma abordagem histórica de sistemas proprietários que definiram uma era de vantagens competitivas pela

tecnologia, veja HOPPER (1990).

/

(30)

conforme aumenta a adoção pelos concorrentes. STRASSMANN (em CARR ET AL, 2003)

contrapõe dizendo que os exemplos citados por CARR lidam exclusivamente com bens de

capital intensivo. "Os investimentos em equipamentos realmente exibem retornos

decrescentes à medida que os mercados vão ficando saturados e a diferença entre os custos

marginais e receitas marginais desaparece, mas os bens da informação não estão sujeitos a tais

efeitos. O custo marginal dos bens da informação - especialmente de software, hoje a fatia

dominante dos custos de TI - não aumenta com o crescimento da escala. Ele cai

assintoticamente a zero". Portanto, pondera STRASSMANN, qualquer empresa que consiga

reduzir seus custos marginais através do desenvolvimento de tecnologias de informação pode

tornar seus investimentos em TI altamente lucrativos, gerando um valor estratégico

vertiginoso.

FERNALD (2003) compara também o advento da TI com o da eletricidade, cujos benefícios

para a sociedade puderam ser sentidos apenas vários anos após a introdução do dínamo e do

motor elétrico. E pondera que a premissa de que a Internet, por exemplo, mudaria as regras de

negócio da economia moderna, tornando-a uma "Nova Economia" 17, pode estar certa, mas

que seus efeitos só vão poder ser medidos no longo prazo. Fernald diz que as lições que

tiramos de outras GPTs como a eletricidade, assim como os trabalhos teóricos e empíricos

recentes, sugerem que os investimentos e inovações complementares necessários fixam-se

somente em prazos maiores.

Entretanto, GORDON (1999, 2000, 2001) levanta dúvidas sobre a validade dessa comparação

entre a Internet e as grandes invenções do passado, mostrando que a Internet não fez com que

a demanda por computadores explodisse; que o crescimento da demanda pode ser interpretado

como uma resposta de elasticidade unitária ao declínio dos preços dos computadores, como

vinha sendo desde antes de 1995; que apesar da Internet nos trazer informações e

entretenimento mais baratos e de maneira mais conveniente, muito de seu uso envolve a

substituição de atividades existentes de um meio para outro; que muito do investimento na

Internet envolve a defesa de fatia de mercado por empresas existentes, em contrapartida ao

avanço de concorrentes digitais; que os retornos sociais são menores que os privados; que

muitas das atividades na Internet são cópias de atividades existentes, como catálogos de

pedidos por correio, e que estes não desapareceram; que o uso de papel está aumentando, não

17 BAILY & LAWRENCE (2001) fornecem indícios de que há uma "Nova E-conomia", sugerindo que a era eletrônica e da informação criou mecanismos inovadores, ligados à TI, que ajudaram a melhorar o desempenho econômico. Mas alertam para o fato de que os ciclos de negócio continuam os mesmos, que as competências históricas não estão obsoletas e, principalmente, que as regras econômicas continuam as mesmas.

(31)

decrescendo; e finalmente que muitas atividades feitas pela Internet, como o e-trading,

envolvem um aumento na fração do tempo de trabalho dispendido pelo indivíduo dentro da

empresa.

BROWN & HAGEL lU (em CARR ET AL, 2003) combatem a maneira com que CARR

(2003) aborda o assunto da tecnologia de informação como diferencial estratégico. Apesar de

concordarem que as empresas superestimaram o valor estratégico da TI, que gastaram demais

em tecnologia na busca de valor competitivo, acham que a TI permanece sendo um

catalisador profundo na criação de diferenciação estratégica. E acham potencialmente

perigoso "endossar a noção de que as empresas devam gerenciar a TI como um insumo

comoditizado, porque as oportunidades para diferenciação estratégica com a TI tomaram-se

escassas". Os autores afirmam que a TI sozinha raramente confere a uma empresa um

diferencial estratégico, mas que a TI é inerentemente estratégica no sentido de que tem efeitos

indiretos, criando possibilidades e opções que não existiam antes de sua criação ou adoção.

Brown & Hagel UI descrevem três lições aprendidas no passado em relação à tecnologia de

informação: que extrair valor da TI requer inovações em práticas de negócios; que o impacto

econômico da TI provém de inovações incrementais, não de iniciativas "explosivas"; e que o

impacto estratégico dos investimentos em TI resulta do efeito acumulativo de iniciativas

(32)

"The costs of coordination within a firm and the leveI of

transaction costs that it faces are affected by its ability to

purchase inputs from other firms, and their ability to supply

these inputs depends in part on their costs of coordination

and the leveI of transaction costs that they face which are

similarly affected by what these are in still other firms.

What we are dealing with is a complex interrelated

structure. Add to this the influence of the laws, of the social

system, and of the culture, as welI as the effects of

technological changes such as the digital revolution with its

dramatic falI in information costs (a major component of

transaction costs), and you have a complicated set of

interrelationships the nature of which will take much

dedicated work over a long period to discover. But when

this is done, all of economics will have become what we

now call 'the new institutional economics'''.

- Ronald COASE (1998, p.73)

3. ECONOMIA DA INFORMAÇÃO

\

A escassez de recursos no mundo torna impossível seu compartilhamento igualitário entre os

seres humanos. Tudo o que usamos para sobreviver tem, por isso, um valor, cuja intensidade

pode diferir de acordo com a percepção de utilidade de cada pessoa. Quanto mais básico à

sobrevivência o insumo, maior sua demanda e, portanto, mais difícil seu compartilhamento.

Indivíduos de posse de recursos trocam, então, seus insumos, por outros de igual valor, para

obter a melhor utilidade do conjunto que desejam consumir. À medida que a negociação de

recursos torna-se mais complexa, os indivíduos organizam-se em grupos para extrair,

processar e distribuir esses recursos a outros grupos. Estão criados, assim, as firmas e os

mercados.

Em um mercado de competição perfeita, todos os bens de troca equivalentes têm igual valor,

todos os grupos têm a mesma organização e todos os indivíduos a mesma chance de

sobrevivência. Porém, na prática, isso não existe. À falta de condições para a alocação de

recursos de maneira eficiente chamamos de falha de mercado. São vários os fatores que levam

à ocorrência de tais falhas, como a competição imperfeita, a assimetria das informações e as

externalidades.

Imagem

Figura  1.1 - Gaps de Produtividade  Fonte: BRYNJOLFSSON, 2003.
Figura 3.1 - Decomposição dos Custos em Custos de Produção e de Transação  Fonte: Adaptado de MATHIESEN, 2002
Figura 3.2 - Deslocamento da Curva de Riqueza x Alcance
Figura 3.3 - O Ciclo do Aprisionamento
+5

Referências

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