CENTRO DE POS-GRADUAÇAO EM PSICOLOGIA
AVALIAÇÃO VE UM PROGRAMA VE TREINAMENTO
PARA
PAISEM
HABILIVAVES COMUNICATIVASe--..
LYVIA TOSONI MENTZINGEN CÜUTINHO
FGV/ISOP/CPGP
Praia de Botafogo, 190 - sala 1108
Rio de Janeiro - Brasil
CENTRO DE POS-GRADUAÇAO EM PSICOLOGIA
AVALIAÇÃO VE
UM PROGRAMAVE TREINAMENTO
PARA PAIS EM
HABILIVAVES COMUNICATIVAS
pOJt
LYVIA TOSONI MENTZINGEN COUTINHO
Dissertação submetida como requisito parcial para
obtenção do grau de
MESTRE
EMPSICOLOGIA
e que, tenho certeza, me pr~ porcionarã um caminho
de experiênéias.
Meus agradecimentos iniciais se dirigem:
A V~a.
RUTH NOBRE SCHEEFFER
e V~.CILIO ROSA ZIVIANE,
pela orientação deste estudo.A
MINHA MXE
eao ARMANVO, MEU MARIVO.
pelo companheirismoem todos os momentos e pelo apoio constante nem sempre rece
bidos harmoniosamente por mim.
Ao
IS0P,
na pessoa de seu diretorFRANCO LO PRESTI
SEMINt-RIO,
pela bolsa de estudos concedida durante o curso e,pe-la opo~tunidade de experienciar o trabalho na área de
pes-quisa.
A
ELIANE
MARIA VUAILIBE SIQUEIRA,
por estar por perto qua~do emocionalmente eu mais precisei.
A
MARIA LUCIA SEIVL VE MOURA,
pela amizade, apolo e dedica ção que foram decisivos para a concretização deste trabalho.A
MARIA LUIZA LARQUt,
pela boa vontade e carinho com que revisou formalmente o texto.Ao
GERSON FERREIRA VA COSTA,
pela qualidade e presteza emque realizou os serviços datilográficos.
E, finalmente agradeço
AOS MEUS AMIGOS VO ISOP
ea TOVOS
QUE ME AJUVARAM
EINCENTIVARAM NESTE ESTUVO.
Embora naoThe purpose of this studywas to investigate th0
effects of a training program in communication abilitjes for
parents and based in Thomas Gordon's model - Parent
Effectiveness Training the training program through the
development of better communicatinn,skills tried to influence
parents-children relationship in a positive way. As part of
the study a program specially designed for brazilian parents
was 'developed and an instrument to evaluate parents' attitudes
was constructed.
The central hypothesis of positive change in
parents-children's relationshin in the experimental group, after
participation in the training program was formulated in terms
of a main null hypothesis and four sub-hipothesis, according
to the different scales and item forms of the instrumento
The hypothesis were tested with a sample of 42 parents
of children, six to ten years of age, involled in private schools
of the Rio de Janeiro County.
rI
was used a quasi-experimental desjgn, based in Solomon's four group designoData were analysed by different statistical methods
and the results indicate the expected significant differences,
postulated in the hypothesis, even with the limitations of this
study like: the lack of equivalence between control and
experimental group, the small sample size and the possible
limitations of the instrumento
-viable strategy to enhance the relationshipbetween
parents-children, at least in the sample studied.
The evaluation of the experience of heading the
group made possible to discurs suggestions for improvement of
the techniques utilized and for better development of future
training programs.
-Agradecimentos --- iv
Resumo --- v
Summary --- vii
LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE ANEXOS CAPITULO pAG I - O PROBLEMA --- 01
Introdução --- 01
Objetivo do Estudo --- 08
Questões a Investigar ---
aR
Pressupostos Conceituais --- 09Justificativa --- 10
Hipóteses --- 10
Definição de Termos --- 12
Delimitação do Estudo --- 13
11 - REVISAO DA LITERATURA --- 15
1. O Advento da Educação Psicológica --- 15
2. Treinamento Efetivo para Pais --- 33
2.1 - Pressupostos conceituais --- 33
2.2 - Treinamento propriamente dito --- 51
111 - MtTODO 70
Modelo do Estudo --- 70
População e Amostra --- 70
Variáveis --- 72
Instrumentação --- 73
Coleta de Dados --- 74
Tratamento Estatístico --- 75
Limitações do Metodo --- 75
IV - RESULTADOS, CONCLUSOES E RECOMENDAÇOES --- 77
Resultados --- 77
Conclusões e Recomendações --- 114
REFERtNCIAS BIBLIOGR~FICAS --- 116
QUA ORO pJ\: G
1. C~assificação das pesquisas sobre o P.E.T. --- 61
2. Esquema do delineamento do estudo --- 105
3. Comparações, segundo Campbell e Stanley (1966), 105
---TABELA P~G
1. Distribuição da amostra nos dois treinamentos, 72
nos grupos utilizados, tipo de observação,
a-plicada e perda de sujeitos
---2. Distribuição da amostra nos grupos experimental 77
e de controle, com ou sem pré-teste
---3. Numero máximo e mínimo de pontos por tipo de 78
sub-item e efeito esperado
---4. Médias aritméticas dos diferentes grupos esca- 79
la escuta-ativa, sub-itens favoráveis
---5. Médias aritméticas dos diferentes grupos na 79
escala escutaativa, subitens desfavoráveis
-6. Médias aritméticas dos diferentes grupos na e~ 80
cala rrensagem-eu, sub-itens favoráveis
---7. Médias aritméticas dos diferentes grupos na e~ 80
cala mensagem-eu, sub-itens desfavoráveis
8. Magnitude das diferenças entre as medias dos 81
diferentes grupos e escalas
---9. Variâncias e desvios-padrão das diferentes es- 83
calas por grupos
---la. Comparação dos grupos experimental e de contro 86
le no pré-teste por tipo de sub-item-médias
---11. Comparação dos grupos experimental e de contr~ 86 1e no pre-teste por tipo de sub-item. Percenta
gens em relação ao máximo e minimo
desejáveis-12. Comparação dos grupos experimental e controle 88
no pôs-teste por tipo de sub-item, medias arit
meticas e percentagens em relação ao máximo e
.... d .- .
mlnlmo eseJavelS
---13. Comparação dos grupos experimental e controle 90
com pre-teste nos resultados do pre e
pôs-tes-tes. Percentagens em relação ao máximo e
mini-d .- .
mo
eseJavels---14. Diferença entre os resultados do pre e pôs-te~ 91
testes e os escores desejáveis, sujeitos . de
grupo de controle e experimental
---15. Estudo das di ferenças de medi a do pre e do pôs- 92
16 .
17.
18.
teste do grup0 de controle
Compa ração ent re as medias dos g ru pos e x peri
--mental e de controle no pre-teste. Escala escu
-ta-ativa, sub-itens favoráveis
---Comparação ent re as medias dos grupos experi
-'-ment a 1 e de controle no pré-teste. Escala escu
-ta-ativa, sub-i tens desfavoráveis
Compa ração entre as medias dos g ru pos experi
--mental e de controle no pré-teste. Escala
men-sagem-eu, sub-itens favoráveis
---93
93
19. Comparação entre as médias dos grupos experime~ 94
tal e de controle no pre-teste. Escala
mensa-gem-eu, sub-itens desfavoráveis
---20. Médias ajustadas pela análise da covariância. 95
Escalas escuta-ativa e mensagem-eu, sub-itens
desfavoráveis. Diferença entre os grupos
con-trole e experimental
---21. Efeito do tratRmento e da testagem prévia nos 96
resultados da escala escuta-ativa, sub-itens
favoráveis
---22. Efeito do tratamento e da testagem previa nos 96
resultados da escala escuta-ativa, sub-itens
desfavoráveis
---23. Efeito do tratamento e da testagem previa nos 97
resultados da escala mensagem-eu, sub-itens
favoráveis
24. Efeito do tratamento e da testagem prévia nos 97
resultados da escala mensagem-eu, sub-itens
desfavoráveis
25. Efeito do tratamento. Escala escuta-ativa, sub- 98
itens favoráveis. Grupos com pre-teste
(ANOVA)-26. Efeito do tratamento. Escala escuta-ativa, sub- 99
itens desfavoráveis. Grupos com pre-teste
---27. Efeito do tratamento. Escala mensagem-eu,
sub-itens favoráveis. Grupos com
pré-tes-te (ANOVA)
---28. Efeito do tratamento. Escala mensagem-eu,
sub-itens desfavoráveis. Grupos com pré-te~
te (ANOVA)
---99
99
29. Efeito do tratamento. Escala escuta-ati- 100
va, sub-itens favoráveis. Grupos sem
pre-teste (ANOVA)
---30. Efeito do tratamento. Escala escuta-ativa,
sub-itens desfavoráveis. Grupos sem
pré-tes-te (ANOVA)
---31. Efeito do tratamento. Escala mensagem-eu,
sub-itens favoráveis. Grupos sem pré-teste
(ANOVA)
---32. Efeito do tratamento. Escàla mensagem-eu,
sub-itens desfavoráveis. Grupos sem pré-te~
te (ANOVA)
---33. Efeito do tratamento nos grupos com e sem
pré-teste no desempenho em sub-itens favor~
veis e desfavoráveis (MANOVA)
---100
101
1 01
102
34. Análise discriminante no grupo sem pré-teste 103
---35. Análise discriminante no grupo sem pre-teste 103
em sub-itens desfavoráveis
---36. Análise discriminante no grupo com pre e põs- 104
testes em sub-itens favoráveis
37. Análise discriminante no grupo com pré e põs- 104
---ANEXO
1. Treinamento Efetivo para Pais em Habilidades
Comunicativas - P.E.T. a
---2. Treinamento Efetivo para Pais em Habilidades
Comunicativas - Apostila para pais
---pAG
133
138
o
PROBLEMA
INTRODUÇAO:
Observa-se nos primeiros anos 60, principalmente nos
Estados Unidos, uma reformulação progressiva nos modelos
assis-tenciais e o surgimento de novas e importantes estratégias
den-tro da Psico~ogia com ~nfase na profilaxia, problemas sociais e
desenvolvimento de recursos humanos (Hatcher, 1977, Rapaport,
1977, Zax e Specter, 1974).
Essas novas formulações foram decorrentes de uma
rie de eventos sócio-políticos da época e insatisfações de
~
se-um
grupo significativo de profissionais com o modelo remediativo de
assist~ncia (Hatcher, 1977).
~
Vivia-se no começo dos anos 60 um descontentamento p~
blico com a política governamental quanto a programas de
assis-t~ncia e reformas sociais. Este quadro característico de uma
crise urbana mobilizou o governo para empreender meios mais com
patíveis com os anseios populares (Rapaport, 1977).
O modelo remediativo, herdado da tradição médica, no
qual o psicólogo se transforma num profissional de consultório,
não possuía condições nem características de oferecer atendimen
to a uma população carente de seus serviços. O profissional,deg
tro de tal modelo, se restringia ao atendimento individual, de
Bleger, 1972).
Por outro lado, as críticas formuladas às abordagens
tradicionais de psicoterapia serviram para conscientizar e aler
tar os profissionais da irea quanto a necessidade de
desenvol-verem modalidades de atendimento psico16gico mais voltados para
a realidade social e mais efetivos em seus objetivos (Bender,
1978) .
Em resposta a este quadro, surgiram novas e
importan-tes abordagens que iriam revolucionar o campo da Psicologia e
da saúde mental. Entre elas podem citar-se o surqimento da
Psi-cologia Comunitiria, a utilização de não-profissionais como
a-gentes terapêuticos, a refo~mulação do papel do psic6logo e a
ênfase em mQdelos preventivos, educativos ou
desenvolvimentis-tas na prestação de serviços psico16gicos (Bender, 1978;
Ca-plan, 1980; Hatcher, 1977; Rapaport, 1977, Zax e Specter, 1974).
A abordagem preventiva-educativa, que constituia uma
corrente de interesse há bastante temno, obteve um crescimento
acelerado neste período, principalmente, impulsionado por um
grupo expressivo de aconselhadores (Hatcher, 1977).
o
pressuposto básico deste tipo de modelo - o ensinocomo forma de tratamento - se traduz pelo desenvolvimento e
atualização do potencial humano, através de cursos,
treinamen-tos, técnicas de aconselhamento, procedimentos de grupo e impl~ mentação de programas de mudança institucional e comunitária
(Alschuler, Iveye Hatcher, 1977; Carkhuff, 1969; Ivey, 1976).
plica numa outra postura do psicólogo e de seu cliente. O
pri-meiro, através de procedimentos e técnicas, fornece ao segundo
recurso para que, de acordo com o seu próprio referencial,po~
sa viver e auto auxiliar-se efetivamente (Alschuler, Ivey e
Hatcher, 1977; Carkhuff e Berenson, 1976, Ivey, 1976). Tal mode
lo pode ser aplicado em todos os relacionamentos humanos e
ser-viços de ajuda tanto por profissionais credenciados de várias ~
reas como .por não-profissionais e membros da comundiade
devida-mente treinados.
Há ainda inúmeras outras propostas dentro do modelo
preventivo-educativo, todas elas contrapostas aos enfoques
tra-dicionais de assistência e mais compatíveis com a realidade do
grande número de pessoas carentes. Surgem, então, inúmeros pr~
gramas de educação psicológica, serviços de ajuda e centros de
assistência comunitária, atendendo indivíduos nos mais
diver-sos papéis no campo do relacionamento humano (Alschuler, Ivey e
Hatcher, 1977, Hatcher, 1977 e Guerney, 1969).
Dentro desta perspectiva, o psicólogo americano
Tho-mas Gordon, desenvolveu um programa desta natureza voltado a
assistir uma das áreas mais vitais da interação humana -- o
re-lacionamento pai-filho.
A importância de incrementar programas profiláticos
que visem a orientar os pais no crescimento emocional saudável
de crianças é muito enfatizado dentro da Psicologia (Guerney,
1969(a); Gordon, 1970; Hobbs, 1963; Patterson, 1968/1969; Shah,
1969). A vasta literatura sobre as causas da esquizofrenia,por
intera-çoes familiares (Baterson et alii, 1956, Cooper, 1973,
1973, Laing e Esterson, 1964 e outros).
Laing,
Gordon, refletindo sobre estas proposições e
insatis-feito com os einsatis-feitos do modelo remediativo de assistência,
reu-niu um corpo teórico, que intitulou Teoria dos Relacionamentos
Saudáveis (1) e desenvolveu um programa de treinamento para
pais - "Treinamento Efetivo para Pais" (2) (Gordon, 1970,
1975 e 1980).
Acredita que a melhor maneira de prevenir problemas
emocionais em crianças é prover condições aos pais para que
mo-difiquem o relacionamento com seus filhos. Assinala também a
total inexperiência dos pais sobre a dinâmica das relações hum~
nas e de formas saudáveis de relacionamento (Gordon, 1970).
Em-bora os pais sejam sempre acusados dos transtornos emocionais de
seus filhos e de comportamentos inaceitáveis, principalmente OOS
jovens, a comunidade profissional pouco tem feito em termos efe
tivos para ajudar esses pais (Gordon, 1975).
A educação de crianças, por sua vez, tem sido muito
pouco questionada e os métodos empreendidos pelos pais para
le-var a cabo esta tarefa têm sido oS mesmos durante várias
gera-ções (Gordon, 1970, 1975).
Não que a Psicologia tenha permanecido estacionada em
novos descobrimentos. Pelo contrário, observa-se uma produção
considerável sobre relações interpessoais, estratégias para
( 1) No ingfê..6 ( 2) No ingfê..6
criar ambientes psicologicamente saudáveis, como ajudar o outro
a crescer, como resolver. conflitos, etc., mas essas novas infor
mações não foram aplicadas de modo a ajudar pais na
de seus filhos (Gordon, 1970).
educação
Foi com a intenção de preencher essa lacuna que
Gor-don apoiado pela teoria rogeriana, sua formação, construiu o
"Parent Effectiveness Training", mais do que uma alternativa
viável, este treinamento coloca ao alcance de pessoas comunsté~
nicas a que até então somente especialistas podiam ter acesso.
Por meio delas, os pais aprendem a desenvolver determinadas
ha-bilidades comunicativas de forma a aceitar uma parcela maior do
comportamento do outro, ser efetivo numa relação de ajuda,
le-var o outro a se auto-responsabilizar por seu comportamento, a
transformar o ambiente para prevenir comportamentos inaceitáveis
e a resolver conflitos de uma forma saudável, onde não haja pr~
juízo para nenhuma das partes implicadas (Gordon, 1970, 1975,
1980) .
Tal modelo assume características "sui generis" uma
vez que questiona o poder e a autoridade nas relações humanas.
Go.rdon aponta um diferencial de poder entre as pessoas e os pe
rigos de seu uso irrestrito. Acredita que as intervenções
pa-ra serem efetivas devem incidir nas pessoas que detêm o poder
nos relacionamentos. Assim podem aprender a usá-lo de forma a
ajudar o outro a crescer e se desenvolver independentemente
CGo!
don, 1970, 1975).Esta característica está presente também em outras
professor-aluno, marido-mulher, grandes e pequenas naçoes. Este modelo
foi aplicado, mais tarde, no caso pelo próprio autor, em outros
setores do relacionamento (Gordon, 1975, 1978).
Assim, o "Parent Effectiveness Training", além de pr~
porcionar às pessoas uma oportunidade de desenvolvimento do
po-tencial humano, oferece um modelo de relacionamento democrático.
No Brasil, o clima específico de preocupaçoes, reivin
dicações e movimentos quanto a prátic2 da saúde mental e
mudan-ças de modelo assistencial que caracterizaram os anos 60, nao
tiveram a mesma repercussao que em países, como os Estados
Uni-dos e a Grã-Bretanha. Como assinala Barroso (1980), seja pela
estrutura político-social deste país, seja pela resistência dos
profissionais da área a mudanças de posicionamento e a riscos de
um engajamento no processo social, nota-se uma ênfase em
mode-los assistenciais remediativos. Este fato apresenta-se de
for-ma paradoxal diante das defor-mandas da realidade brasileira
caren-te de serviços prioritários de comunidade e programas oficiais
preventivo-educativos na área psicológica. Isto se reflete na
pouca literatura especializada neste assunto. Entretanto Barro
s~ (1980), acredita que uma Psicologia Comunitária esteja
pres-tes a surgir, pois observam-se alguns empreendimentos de natur~
za preventiva ou comunitário em diversos setores, embora de
forma não sistematizada e/ou divulgada (ver Alencar e
Nascimen-to, 1977; Garcia, 1975; Landin e Lengruber, 1980; Figueiredo
e Schvinger, 1981).
No que se refere à orientação para pais, propriamente
çao deste fato se reflete na ausência de literatura sobre o
as-sunto ou divulgação de trabalhos na área ou mesmo
empreendimen-tos oficiais deste porte.
A preocupaçao com programas de açao preventiva com re
lação a pais permanece a nível das escolas particulares ainda
que de maneira bastante informal. Através de palestras ou
reu-niões de pais, estes estabelecimentos tentam transmitir aos
pais informações a respeito do desenvolvimento infantil e de
problemas de relacionamento humano.
Atuando em escolas e/ou associações, o movimento de
"Escola para Pais", fundado há 20 anos em são Paulo e propagado
por todo o Brasil, desenvolve um trabalho semelhante ao das
es-colas particulares. Essa entidade, sem fins lucrativos e traba
lhando com pessoal voluntário e nao necessariamente de formação
profissional, promove encontros semanais de grupos de pais,
du-rante dois meses aproximadamente. Esses grupos, coordenados por
um casal já preparado por este curso, tem características de
seminários ou grupos de discussão, apoiados por textos que
ver-sam sobre desenvol vimen-to infantil e educação de filhos. Com
or.ientação psicopedagógica, tal movimento tem por objetivo
des-pertar nos pais o interesse pela educação de seus filhos, bem
como auxiliá-los nas incertezas e inseguranças que esta tarefa
possa trazer.
A nível independente e particular, assinala-se o
trq-balho de Maldonado (1981), sobre grupos de orientação para pals,
cuja direção teórica se constitui de modificações e acréscimos,
de Thomas Gordon.
o
presente estudo surgiu do interesse em viabilizar,a nível da realidade brasileira, o programa básico de treinamen
to para pais de Thomas Gordon ("Parent Effectiveness Training",
1970, 1975) e, da preocupação de trabalhar com uma psicologia
preventivo-educativa para alcançar não só maior número de
pes--soas, mas empreender novas opções em termos de tratamento nesta
-area. A necessidade de avaliar os resultados deste tipo de
a-tuação bem como a divulgação deste trabalho específico constit~
em as razões para a realização da pesquisa aqui relatada.
OBJETIVO DO ESTUDO
Este estudo se propôs investigar os efeitos de um
treinamento para pais, baseado no modelo de Thomas Gordon sobre
habil idades comunicativas objetivando influenciar positivamente o
relacionamento pai-filho.
Como objetivos secundários ou mesmo subprodutos foram
d~senvolvidos: a montagem de um treinamento em habilidades
co-municativas para pais; e a construção de um instrumento de ava
liação para este treinamento.
QUESTOES A INVESTIGAR
1. Até que ponto treinar pais em habilidades comunica
tivas, tal como proposto por Thomas Gordon,
promo-ve mudanças em suas atitudes?
2.
E
possível influenciar positivamente orelaciona--mento pai-filho, através de um treinarelaciona--mento
pais?
PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS
para
Para efeitos de verificação empírica, o referido estu
do baseou-se nos seguintes pressupostos:
1. Considera-se, como uma alternativa para a implant~ ção de modelos assistenciais preventivos e educat~
vos, a elaboração e utilização de programas de edu
cação psicológica, através de treinamento e cursos
em relações humanas.
2. O pai (3) é o elemento-chave para intervenção de
programas de educação psicológica que visem
promo-ver mudanças a nível do relacionamento pai-filho ,
para prevençao do desenvolvimento de
personalida--des saudáveis.
3. O relacionamento pai-filho é um dos determinantes
básicos para o desenvolvimento e ajustamento saudá
vel do indivíduo na vida adulta.
JUSTIFICATIVA
São enfatizadas, por diversos autores, a necessidade
e a importância de se desenvolverem modelos assistenciais
pre--ventivos e educativos, mais compatíveis com a realidade de
gran-de número gran-de pessoas carentes e da impotência e da
inviabilida-de do moinviabilida-delo médico remediativo (Barroso, 1980; Bleger, 1972;
Hatcher, 1977, Rapaport, 1977; Zax e Specter, 1974).
o
relacionamento entre pais e filhos, principalmentena infância, parece ser um aspecto fundamental para o
desenvol-vimento e ajustamento saudável do indivíduo na vida adulta
(Ba-terson et a1ii, 1957; Laing, 1973; Laing e Es(Ba-terson, 1964;
Gor-don, 1970, 1975).
Um estudo que tenha como intenção apresentar e
ava1i-ar uma proposta que reúna esses dois aspectos e,nao apenas de
grande interesse, mas também oportuno.
HIPOTESES
A hipótese do estudo antecipou que os pais que se su~
metessem ao treinamento P.E.T. a (4), apresentariam mudanças de
(4) P.E.T.a - T~einamento de~envolvido pela auto~a de~te t~aba
atitudes no relacionamento pai-filho.
Desta hipótese derivou-se uma hipótese nula com
qua--tro sub-hipóteses nulas e quaqua--tro alternativas, correspondentes às
variáveis de cada escala e aos tipos de item do instrumento.
Hipótese Geral
H: o Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a, obtêm me-
-dia aritmética igual no questionário de atitudes a dos
pais que não participaram deste treinamento.
Sub-Hipóteses
H 1: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a, obtêm
mé-o •
dia aritmética igual ou inf~rior na variável
escuta-ati-va, sub-itens favoráveis, à dos pais que não
participa--ram deste treinamento.
H
l .l : Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T. a
, obtêm
mé-dia aritmética significativamente superior na variável e~
cuta-ativa, sub-itens favoráveis
ã
dos pais que não par-ticiparam deste treinamento.H 2: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a , obtêm mé-o .
dia igualou superior na variável escuta-ativa, sub-itens
desfavoriveis i dos pais que não participaram deste trei
namento.
H
1.2: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.
a, obtêm
sub-itens desfavoráveis à dos pais que nao participaram
deste treinamento.
H 3: o. Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a, obtêm
mé-dia igualou inferior na variável mensagem-eu, sub-itens
favoráveis à dos pais que não participaram deste
treina-mento.
Hl .3: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T. a , obtêm
mé-dia significativamente superior na variável mensagem-eu,
sub-itens favoráveis à dos pais que não participaram des
te t re inamento.
Ho.4: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a, obtêm
mé-dia igualou superior na variável mensagem-eu, sub-itens
desfavoráveis ã dos pais que não participaram deste trei
namento.
Hl .4: Pais que se submeteram ao treinamento P.E.T.a, obtêm
mé-dia significativamente inferior na variável mensagem-eu,
sub-itens desfavoráveis à dos pais que não participaram
deste treinamento.
DEFINIÇAO DE TERMOS
P.E.T. Sigla do Treinamento Efetivo para Pais ("Parent Effe~
tiveness Training"), desenvolvido por Thomas Gordon
determinadas habilidades comunicativas e métodos de re
solução de conflitos considerados fundamentais para um
relacionamento saudável entre pais e filhos.
P.E.T.a: Sigla do Treinamento Efetivo para Pais em Habilidades
Comunicativas - desenvolvido pela autora deste estudo
baseado na filosofia, teoria e metodologia do P.E.T.
Pai(s): Optou-se, neste estudo, pela utilização da palavra
pai(s) como representativo dos dois sexos - pai e
mãe - com a finalidade de tornar o texto menos cansati
vo e repetitivo.
DELIMITAÇAO DO ESTUDO
o
presente estudo limitou-se a alcançar uma população denível sócio-econômico médio-superior, quanto ã construção do
programa de treinamento para pais, e a sua avaliação inicial .
Entretanto, através de futuras pesquisas, poderá estender-se ... a
populações menos favorecidas, desde que seja compatibilizado com
os. traços característicos dessas classes.
Por outro lado, a influência positiva no relacionamento
pai-filho foi considerada nesta pesquisa apenas sob a
percep--ção do pai. Não foram observadas as consequências do
comporta-mento filial no referido relacionacomporta-mento ou qualquer variável li
gada ã criança, enquanto no papel de filho.
1iadas através do desenvolvimento de duas habilidades básicas
que constituiram as variáveis do instrumento de avaliação -
es-cuta ativa e mensagem-eu (5)
CAPITULO
IIREVISAO DA LITERATURA
A primeira seçao deste capítulo compila de forma
su-cinta os principais eventos que propiciaram o surgimento do
mo-vimento da educação psicológica e as características do
referi-do movimento. Tal sínopse tem por objetivo situar a posição do
autor principal estudado neste trabalho - Thomas Gordon -
den-tro desta abordagem.
A segunda seçao discorre sobre a proposta de Gordon e
foi dividida em três partes. A primeira assinala as bases filo
sóficas e teóricas para o desenvolvimento de seu trabalho com
pais; a segunda relata os objetivos, características e
conteú-do programático conteú-do programa de treinamento para pais
construí-do por ele. Um retorspecto e análise, ainda que inicial, sobre
os efeitos e validade do P.E.T. constituem a terceira parte
desta seção.
1. O ADVENTO DA EDUCAÇAO PSICOLOGICA
o
surgimento do movimento da educação psicológicacuja premissa básica é ensinar ao invés de tratar -- foi pr~
cedido e resultante de urna série de eventos de natureza so-
-cio-política e mudanças estruturais no âmbito teórico da psi
Esses acontecimentos iniciaram-se marcadamente nos me
ados da década de cinquenta e tiveram seu ponto alto no começo
dos anos sessenta, principalmente nos Estados Unidos (Barroso,
1980; Caplan, 1980; Hatcher, 1977; Rapaport, 1977).
Outras direções no campo da Psicologia surgiram
para-lelas
à
educação psicológica e, também, em decorrência desses mesmos eventos. São exemplos o surgimento da Psicologia Comunitária, a utilização de não-profissionais como agentes
terapêu-ticos na área de saúde mental, a reformulação do papel do psic~
logo e a ênfase em modelos preventivos, educativos ou
desenvol-vimentistas na prestação de serviços psicológicos (Barroso,
1980; Caplan, 1980; Hatcher, 1977; Rapaport, 1977, Zax e Specter,
1974) .
Segundo Bender (1978), estes fatos foram iniciados com
a reformulação progressiva no âmbito das teorias e das práticas
da saúde mental. Vários questionamentos vieram sendo feitos não
só a níve 1 de conceitos, como "normal idade", "anormal idade", "r~
lação terapêutica", "cura" e rótulos psiquiátricos como também
modelos tradicionais de serviços de saúde mental.
Novas abordagens no campo da Psicologia, consideradas
mui tas vezes revolucionárias, surgiram e se configuraram por dar
maior ênfase a problemas sociais, à profilaxia e ao
desenvolvi-mento de recursos humanos, em contraste com os modelos tradicio
nais que se ocupam mais de problemas individuais, tendo como ba
se de intervenção o diagnóstico e o tratamento.
Deste ponto de vista, Bleger (1972), afirma que a Psi
nao devem estar desvinculadas das exigências da vida real ecoti
diana. Ela deixa de ser um artigo de luxo e passa a ser uma
necessidade impostergâvel diante do momento atual: insegurança,
guerras, riscos atômicos. Poderá atuar ajudando a orientar a
vida e as relações dos seres humanos, mas para isso ela não
po-. ~
de agir apenas a n1vel individual, mas deve penetrar cada vez
mais na realidade social e em círculos mais amplos, como o estu
do dos grupos, das instituições e comunidades.
As maiores críticas a esses modelos arcaicos de assis
tência social recaem na observância irrestrita do "modelo
reme-diativo" (Bleger, 1972; Guerney, 1969(a); Hatcher, 1977; Hobbs,
1963, 1969; Rapaport, 1977; Zax e Specter, 1974).
Hatcher (1977), classifica genericamente as funções do
psicólogo ou do aconselhador em três grandes categorias:
reme-diativa ou reabi1iatória, preventiva, educativa ou
desenvolvi--mentista.
A função remediativa, herdada do modelo médico
assis-tencial, como afirmava Hatcher (1977) e B1eger (1972), adotada
pela psicologia clínica, transforma o psicólogo em um "profiss!
onal de consultório" cujos serviços permanecem restritos a
si-tuações pessoais de crise e a indivíduos que apresentam
proble-mas.
Para Guerney (1969(a)) sao necessários novos métodos
que permitam ajudar mais indivíduos, e auxiliá-los mais efetiva
mente do que os métodos tradicionais têm conseguido fazer. E
"Mu."U:o da pJLã..tic.a de p.6ic.ologia c.llnic.a, bem c.omo de p.6iqu.ia.tJLia, e.6.tã ob.6ole.ta. Uma pJLo6i.6.6ão qu.e e.6.tã e.6.tJLu..tu.JLada em u.ma hOJLa de c.inqu.en.ta minu..to.6 de JLela-c.io namen.to individu.al en.tJLe teJLapeu.ta a c.liente ... e.6 .lã vivendo de tempo empJLe.6tado. A únic.a ju..6ti6ic.atI
va .6u.b.6tanc.ial paJLa inve.6tiJL o tempo de u.m pJLo6i.6.6io~
nal altamente tJLeinado na pJLã.tic.a da p.6ic.oteJLapia, c.on 60JLme .6abemo.6, ê a pO.6.6ibilidade de de.6c.obJLiJL novo.6
e
mai.6 e6ic.iente.6 modo.6 de tJLabalhaJL c.om pe.6.6oa.6 qu.e e.6 tejam em di6ic.u.ldade.6" (pã.g. 3).Outro fator que reforça esse tipo de modelo se deve
as instituições educacionais e empresariais, que atribuem a cau
sa dos problemas aos indivíduos, sem que, por um momento,
ques-tionem a estrutura sistêmica da instituição (Hatcher, 1977).
Observa-se, então, uma ausenCla total de auxílio ao
indivíduo em fases de crises normais e metas evolutivas, no sen
tido de prevenir problemas. Somente são enfatizados e tratados
aqueles considerados "problemas" e que constituem um empecilho
aos objetivos institucionais ou aqueles que recorrem espontane~
mente a seus serviços (Barroso, 1980).
Em resumo, o psicólogo e/ou aconselhador espera pass!
vamente que as pessoas adoeçam e o procurem para curá-las. Em
contrapartida, assinala Bleger (1972), o psicólogo clínico deve
sair em busca de seu cliente. Quando atuando a nível de
insti-tuição não poderá se deter apenas nos indivíduos enfermos, mas
sua primeira tarefa será investigar a própria instituição: seus
objetivos, funções, meios, tarefas, lideranças formais e
infor-mais, comunicações horizontais e verticais. O psicólogo deve
participar como um colaborador e não se tornar o centro da
Concomitante às controvérsias em torno do modelo méii
co assistencial, as abordagens tradicionais de psicoterapia
so-freram severas críticas nesse período.
o
artigo detonador deste grande debate, escrito porEysenck em 1952,fazendo uma análise de uma série de estudos en
tão desenvolvidos, questionava a validade e utilidade de se bus
car auxílio através da psicoterapia. Embora provocando conside
rável reação por parte dos profissionais, em críticas
ã
sua pe~quisa, não houve argumentos que abalassem a conclusão final de
que tais métodos eram ineficientes para o tratamento de neuróti
coso
Para Bender (1978), o trabalho de Eysenck (1952) e
uma série de outros que o seguiram (Bergin, 1963; Eysenck,196l;
Levitt, 1957, 1963; Lewis, 1965), contribuiram para
desacredi--tar a psicanálise que era a principal forma de terapia
disponí-vel.
Alguns anos mais tarde, Bergin (1963), Truax e
Cark-huff (1967), demonstrariam o que realmente determinava tal
fra-casso. O problema estava basicamente nas qualidades pessoais 00
terapeuta. Aqueles que apresentavam alto grau de condições
fa-cilitadoras (empatia, consideração positiva e autenticidade)
seus clientes conseguiam altos índices de melhora. Os que
de-monstravam baixas condições terapêuticas levavam seus clientes
a piorar.
Outro problema que se apresenta na maioria das pesqui
sas sobre a eficácia da psicoterapia se refere ao grupo de
vez que as pessoas que o compoem procuram ajuda junto a médicos,
amigos, professores etc.
De qualquer forma estas críticas somadas a outros
fa-tores iriam colocar em destaque a importância da modificação do
papel do psicólogo clínico-aconselhador como também o uso de
não-profissionais na área de saúde mental.
Outros aspectos, de natureza social, iriam acentuar
marcadamente este período, mas propício a novos e promissores a
contecimentos na área do relacionamento humano.
Vivia-se. nesta época. principalmente nos Estados Uni
dos, uma grande insatisfação pública com relação à pOlítica ado
tada pelo governo para as crises e demandas sociais (Hatcher,
1977; Rapaport, 1977).
Como assinala Hatcher (1977). a guerra do Vietnam
es-tava mobilizando as pessoas no sentido de questionar as estraté
gias convencionais existentes.
"Poi~ aqui e~tava uma guenna que muito~ nio acnedita-vam, ma~ que o ~i~tema polZtico e~tabelecido pa~ecia
incapaz
e
nio de~ejo~ode
acaba~" (pig.31.
A juventude, em particular, foi afetada por estes contrastes e
a maioria dos jovens se voltaram para um período de exploração
de drogas e contra-cultura.
A respeito do desenvolvimento da Psicologia
Comunitá-ria e da ênfase em modelos preventivos de assistência, Rapaport
falá-cia de programas de reforma sofalá-cial e da adoção de estratégias ~
líticas contrárias aos desejos populares. Este quadro, config~
rado em urna crise urbana, exerceu um impacto decisivo em um gr~
po expressivo de profissionais da saúde mental, ocasionando urna
nova busca de soluções efetivas para os problemas sociais.
o
surgimento da Psicologia Comunitária (formalizada napublicação, em 1961, nos Estados Unidos, do relatório
elabora-do por urna comissão interdisciplinar e baseaelabora-do nas necessidades
na saúde mental) formulou, através dos anos 60, urna nova políti
ca quanto a problemas da saúde mental, tornando-se referência
mundial (Barroso. 1980; Bender. 1978; Caplan. 1980; Rapaport,
1977; Zax e Specter, 1974).
Urna mudança nos enfoques teóricos na Psicologia é ta~
bêm observada nesta época - passagem de teorias intrapsíquicas
para teorias interpessoais. Para Bender (1978), este movimento
teve seu início airavés de Baterson, Haley, Weakland e Jackson
(1956), psiquiatras em PaIo Alto, Califórnia, que ressaltavam,
corno foco desencadeador da esquizofrenia, a dinâmica
interpes--soaI familiar. O desenvolvimento da terapia familiar foi um s~ gundo passo para a compreensão da extensão social da saúde
men-tal e da importância de modelos assistenciais preventivos
(Ha-ley e Hoffman, 1967; Laing e Esterson, 1964).
Uma outra dimensão em relação às novas estratégias de
intervenção na comunidade se traduz pela utilização de
nao-pro-fissionais como agentes terapêuticos. A insuficiência de
pro--fissionais especializados e o número de indivíduos que careciam
dos não-profissionais, numa tentativa de preencher as lacunas
deixadas pelos primeiros (Caplan, 1980; Guerney, 1969;
Rapa-port, 1977; Zax e Specter, 1974; Richan, 1969).
Este grupo de não-profissionais compreende os
indivÍ-duos que nao se submeteram a treinamento profissional formal em
nenhuma área disciplinar e que foram recrutados para fornecer
serviços diretos na área de saúde mental (Rapaport, 1977; Zax e
Specter, 1974; Hoffman, 1976). Incluem-se, portanto, como age~
tes não-profissionais: elementos de comunidades locais,
estu--dantes, donas-de-casa, pessoas aposentadas, técnicos de
diver--sas áreas, indivíduos que já foram toxicômanos, de1inqUentes ou
mesmo pacientes psicoquiátricos. Tais pessoas podem e estão,r~
almente, atuando com bastante êxito na comunidade, através de
serviços prestados de ajuda nas áreas de saúde, planejamento fa
miliar e urbano, assistência social, educação e prevençao
con-tra o uso de drogas (Cap1an, 1980; Guerney, 1969; Gordon, 1969;
Riessman, 1969).
Vários estudos empreendidos nesta área apontam a
efe-tividade de tal grupo e uma relativa vantagem com relação à área
pr.ofi'ssional (Carkhuff, 1968, 1969, 1973; Carkhuff e Griffin,
1970; Carkhuff e Truax, 1965 (~ e ~); Hoffman, 1976; Truax e Carkhuff, 1964, 1967).
Carkhuff e Truax constataram índices de efetividade te
rapêuticas nos não-profissionais, comparáveis a aconselhadores
profissionais e significativamente superiores aos dos
estagiá--rios em tratamentos de pacientes psiquiátricos, tendo como
leigas, com características facilitadoras no relacionamento (e~
patia, consideração positiva incondicional, autenticidade e sen
sibilidade interpessoa1), em períodos relativamente curtos de
treinamento, podem funcionar em níveis tão ou mais elevados do
que os normalmente apresentados por profissionais da área (Car~
huff, 1968, 1969, 1973; Carkhuff e Truax, 1965 (a), 1965 (b)
Truax e Carkhuff, 1964, 1967).
Carkhuff (1968), num trabalho de síntese sobre
resul-tados de programas de treinamento para leigos e profissionais ,
aponta as possíveis causas do diferencial entre os níveis de
funcionamento dos dois grupos: meios e intenções dos
nao-pro--fissionais são mais humildes e honestos, no começo do treinamen
to do que os dos estagiários; os critérios de seleção para o
grupo de não-profissionais, apesar de diversificados, visam a
recrutar pessoas com características terapêuticas faci1itadoras,
enquanto que no grupo oposto os critérios têm uma base racional,
identificados com fatores intelectuais e sucesso acadêmico, que
nao se relacionam diretamente com a mudança construtiva dos c1i
entes; os programas de treinamento para 1e'igos são mais simples,
homogêneos e diretos do que os de profissionais.
Hoffman (1976), mostra-se compatível com as
proposi--çoes de Carkhuff ao rever cerca de noventa estudos sobre a
efi-cácia dos programas de treina~ento para não-profissionais.
Quanto mais o agente terapêutico se assemelha em nl-
..
vel sócio-econômico, raça e cultura de seus assistidos, mais
provável serão as mudanças construtivas (Carkhuff, 1968;
Este
é
o caso de integrantes de comunidades de baixo nível so-cio-econômico que, com cultura e posição social paralelas aseusclientes, obtêm compreensão singular de seus problemas e
inte--resses vitais (Zax e Specter, 1974).
Entretanto, maior número de pesquisas na área e
reco-mendável para que se possa substanciar tais conclusões
huff, 1968, Rapaport, 1977; Zax e Specter, 1974).
(Car~
Guerney e outros (1969b), utilizando pais como
tera--peutas de seus filhos em seus próprios lares, assinalam que o
sucesso alcançado pelos pais é muito mais eficaz do que o de um
terapeuta normal. Isto porque o terapeuta nada mais faz do que
exercer o papel paterno na terapia.
Outra importante mudança, neste período, iria
propor-cionar significativas respostas à demanda social vigente:
modi-ficação no papel do psicólogo clínico/aconselhador e, conseque~
temente, ênfase em modelos profiláticos e educativos
assisten--ciais (Hatcher, 1977).
Como observa esse autor enquanto o modelo remediativo
se desenvolvia como identificação principal da profissão, uma
corrente, secundária, mas significativa, apoiava papéis
preven-tivos e educapreven-tivos. Este interesse se expressava, através da
expansão de serviços de orientação vocacional, planejamento cur
ricular para aconselhamento, treinamento de sensibilidade e o
movimento da Psicologia Humanista.
A conscientização nesta corrente por pa~
forma lenta, principalmente, devido ao sistema institucional.
Este minimizava a importância do papel do psicólogo, pois
veta-va sua participação em decisões políticas, que, na maioria das
vezes, afetava a população a que ele, teoricamente, servia.
Por outro lado, o aconselhador/psicólogo frustrava-se,
diante da impossibilidade de assistir maior número de pessoas em
fases de crises normais e metas evolutivas de vida. Era o momen
to de buscar e lutar por meios novos e efetivos de modelos
as--sistenciais, mais compatíveis com esses anseios e com a realida
de sócio-econômica, carente desses serviços.
o
posicionamento de um grupo expressivo deaconselha-dores determinou a criação de modalidades de atendimento
psico-lógico-profilático, desenvolvimentista, educativo o qual propor
ciona ajuda aos problemas institucionais comunitários e
so-ciais. Sua viabilidade funcional está sendo demonstrada
atra--vês de sua utilização e de sua operacionalização (Hatcher, 1977).
Situa-se nesta abordagem a posição de Thomas Gordon.
Embora suas proposições teóricas, a princípio, pareça alcançar
apenas um segmento específico das demandas observadas a
orien-tação de pais. Caberia, antes, citar a contribuição de dois
ex-poentes da psicologia do aconselhamento cujas contribuições, t~ óricas e práticas, se revestem de forma mais abrangente: Allen
G. Yvey e Robert R. Carkhuff, com seus respectivos sistemas de
ajuda a "educação psicológica" e o HRD: o treinamento como mo
do preferido de tratamento.
de forma ampla, como uma disciplina nova, atualizada através de
técnicas e programas específicos, grupos operativos, cursos de
ajustamento pessoal e centros de crescimento (Alschuler, Yvey e
Hatcher, 1977).
Segundo Yvey (1976), a função do aconselhador que tr~ balha dentro desta perspectiva é facilitar o desenvolvimento e
a atualização do potencial humano, por meio de diversas
técni--cas de aconselhamento, informação vocacional, procedimentos de
grupo, treinamento de não-profissionais e programas de mudança
institucional e comunitiria. A função do aconselhador é a do
professor que facilita e orienta a aprendizagem de uma dada
ma-téria, cuja metodologia se baseia principalmente na informação
acerca dela, exercícios práticos e supervisão individual.
Ivey e Alschuler (1973), identificaram quatro diretr~
zes que têm sido utilizadas nos programas de desenvolvimento da
educação psicológica. A primeira ressalta o cuidado por parte
dos aconselhadores de estruturar treinamentos e grupos
operati-vos, que produzam efeitos de longa duração e não de cariter ime
diato em seus assistidos, que deverão obter, nesses
ensinamen--tos utilidade e valor para a vida futura de seus estudantes. A
segunda diretriz assinala a importância de incluir nos
planaje-mentos dos programas específicos de educação psicológica os
en-sinamentos advindos das teorias e pesquisas da psicologia do
desenvolvimento. Desta forma, poder-se-ia orientar o indivíduo
em crises e períodos evolutivos normais, determinando, de certa
maneira, seu desenvolvimento futuro.
n1cas e abordagens desenvolvidas por outras posições teóricas
constitui a terceira diretriz básica. Uma combinação sistemátl
ca de procedimentos seletivos parece ser mais eficaz na solução
de pontos problemáticos do que a utilização de técnicas psicot~
rápicas de uma única abordagem.
A quarta e última diretriz aponta que o processo de
educação psicológica não pode atingir apenas o indivíduo
isola-damente. Deve englobar toda a instituição, caso contrário
cor-reria o risco de ter seus efeitos invalidados por escalões
ins-titucionais mais expressivos. A educação psicológica, para ta~
to, deverá contribuir para a definição de papéis, regras,
nor-mas e expectativas institucionais que influenciem todas as pe~ soas na instituição.
o
outro movimento que defende o ensino como forma detratamento é o preconizado por Carkhuff e seus colaboradores
(Carkhuff, 1969a, 1969b, 1971; Carkhuff e Berenson, 1967,1976;
Carkhuff e Birman, 1970; Truax e Carkhuff, 1967). Partindo de
uma crítica às abordagens tradicionais de psicoterapia (Levitt,
1963; Lewis, 1965; Eysenck, 1961), acreditam que as profissões
de ajuda só têm sentido se utilizam todos os seus recursos para
auxiliar as pessoas a viver, aprenderem a trabalhar
efetivamen-te em seus próprio mundo (Carkhuff e Berenson, 1976). Os
pres-supostos formulados por Carkhuff para o processo de
aconselha--mento se reveste de uma integração de várias posições teóricas
existentes. Esta abordagem eclética, mais tarde acrescida de
contribuições pessoais, adquiriu características bastante singu
delo está em constante reformulação, à medida que surjam novos
posicionamentos, perspectivas e evidências que serão
incorpora-das e adaptaincorpora-das.
Carkhuff (1971), assinala que os problemas
psicosso-ciais e as intervenções necessárias às suas resoluções, bem
co-rno as prevenções nesta área, dependem do treinamento das pessoas
de "maior conhecimento" (que ocupam posições estratégicas nos
relacionamentos e na sociedade de um modo geral), em níveis de
funcionamento social cada vez mais elevados.
Segundo Scheeffer (1978), o modelo multidimensional
de Carkhuff:
"Na ~ealidade ult~apa~~a o~ limite~ do aeon~elhamento
e da p~ieote~apia, pa~a ing~e~~a~ amplamente na á~ea
do inte~~elaeionamento humano em ge~al ( ...
J
t ab~angente pela euidado~a e~t~utu~a~ão da~ expe~iêneia~ de
ap~endizagem eapaze~ de de~envolve~ na~ pe~~oa~ de
'maio~ eonheeimento' nZvei~ eon~t~utivo~ de 6uneiona-mento inte~pe~~oal.
Em ultima i~tâneia, a abo~dagem de Ca~khu66 almeja a
~emo~ão de 6~aea~~o~ no inte~eâmbio ~oeial e a maximi
za~ão do ap~oveitamento do~ ~eeu~~o~ humano~, at~av~J
da ~e6o~mula~ão do~ p~og~ama~ de t~einamento da~ pe~ ~oa~ que oeupam po~i~5e~ ~oeiai~ e~t~at~giea~" (pág.
1 02 ) •
As proposlçoes teóricas e o treinamento de
relaciona-mento humano desenvolvido por Thomas Gordon situam-se como um
programa de educação psicológica (Alschuler, Yvey e Hatcher,
1977) e tem como base filosófica o ensino como forma de
trata--mento (Gordon, 1970). Ainda que tenham sido desenvolvidas para
um público específico treinamento e orientação de pais - atin
seja, orientação de professores, jovens e líderes (Gordon, 1975,
1977), podendo ser aplicados erntodos os tipos de relações inte~
pessoais: familiares, conjugais, de amizade e entre nações (Go~
don, 1970).
Partidário das críticas feitas ao modelo assistencial
remediativo, Gordon (1970), assinala a urgência de buscar novas
abordagens preventivas com relação ã saúde psicológica. Foram
as insatisfações diante destes modelos tradicionais de assistên
cia que levaram o autor a empreender uma alternativa viável e
efetiva neste setor. Acredita que
"no .6ent..i.do teólL..i.c..o e lóg..i.c..o, o ponto de ma..i.olL lLe.6ul-tado palLa ..i.n..i.c....i.alL a plLeven~ão e.6talL..i.a loc..al..i.zado na.6 c..1L..i.ança.6" (GolLdon, 1970, pago 407).
Esta opinião parece ser constatada pelos profissionais
de várias abordagens na área psicológica (Caplan, 1980; Hobbs,
1963; Guerney, 1969b; Guerney et alii, 1970; Patterson, 1977).
Hobbs (1963),assinala que:
"E
lZc....i.to agolLa a p.6..i.c..olog..i.a c..lZn..i.c..a lLe..i.v..i.nd..i.c..alL .6eud..i.lLe..i.to ..i.nato e devotalL-.6eplL..i.molLd..i.almente a plLoblema.6 ..i.n6ant..i..6. I nteglLalmente metade do.6 no.6.6 0.6 lLec..ulL.60.6 fXl
lLa lLeal..i.zação de pe.6qu..i..6a.6 e plLe.6tação de .6elLv..i.ç.o.6 de ve .6elL ..i.nve.6t..i.da em pe.6.6oa.6 de ..i.dade ..i.n6elL..i.01L a 20
a
no.6" (pâg. 31.
Guerney (1969b), acredita que a prevençao de
proble--mas emocionais nas primeiras fases da vida é de fundamental
im-portância para o ajustamento do indivíduo e que os dispêndios ~
problemas ji se acham instalados. Para tal, novas alternativas
devem ser incrementadas.
"O m e..<.o maL6 dDt e.:to e.
6'<'
nalm e. n:te. ma.<..6 e.6
e.:ti v o d e. plte.-ve.n.<.Jt pltoble.ma.6 e.moeionai.6 na.6 elt.<.ança.6 ê o de. modi6'<' ealt aque.le. Ite.laeioname.n:to humano que. e.xe.ltee. a maiolt .<.n6lue.ne.<.a no e..6:tado p.6.<.eolôg.<.eo da.6 elt.<.ança.6 - oIte.-lae.<.oname.n:to pa'<'-6'<'lho" (Goltdon, 1970, pã.g. 4071.
Este relacionamento tem sido alvo de muitos estudos,
principalmente entre os teóricos que estudam as causas da
doen-ça mental, em especial a esquizofrenia (Bateson et alii, 1956;
Cooper, 1973; Laing, 1960; Laing e Esterson, 1964; Schiff e
Schiff, 1971). Acreditam que as interações familiares são
de-terminadores tanto da saúde mental quanto do ajustamento do
in-divíduo na fase adulta.
Outro fato que merece destaque na filosofia de Gordon
é o pressuposto de que existe um diferencial de poder entre as
pessoas, o qual, quando usado destrutivamente, determina os pr~
blemas e conflitos no relacionamento humano.
Ainda neste aspecto, Gordon assinala que as interve~
çQes devem incidir naquelas pessoas que detêm o poder na
rela--çao, só assim poder-se-â observar alguma mudança nestas
intera-çoes.
O treinamento para pais, desenvolvido por esse autor,
satisfaz não só esse aspecto, mas também a proposição de uma
prevençao na área infantil. Baseia-se na orientação, surgida em
1969b; Rapaport, 1977, Zax e Specter, 1974).
Como afirma Tavormina (1974):
nEm ano~ ~eeente~, tem havido uma e~e~eente tend~neia
ã utLf.izaeã.o do~ pai~ eomo te~apeuta~ de ~ eu~ p~õ p~M
óilho~. Que~ individualmente, que~ em g~upo~, o~
pai~ t~m ~ido en~inado~ a maneja~ ~ituaeõe~ eonólitan
.te~ p~e~ ente~ bem eomo a evita.~ p~o blema.~ eompo~ta.múl
tai~ óutu~o~ em ~ eu~ óilho~
C: .
.J
é uma. tenta.tiva.[; .-~de de~envolve~ meio~ e6iea.ze~ e mai~ eeonômieo~ no~
p~oblema.~ de ~a.ü.de menta.l - e ~ua p~eveneã.o, em v~
ta. da.~ de6iei~neia.~ da. aeã.o te~a.peutiea.. E~ta. e~t~a.
tégia [ . .
J
~ e põe em eho que eom a~ a.bo~da.g en~ ma.i~t~a.dieiona~, o~ienta.da.~ pa.~a a te~apia. de pa.i~ e
6i-lho~" (pág. 8271.
Auerbach (1968), estabelece as metas que esta aborda
gem pretende alcançar como sendo:
a) meios de ajudar aos pais a se familiarizarem com
os conceitos básicos de desenvolvimento e
cresci--menta de um filho;
b) auxiliá-los na definição dos papeis de pais e
fi-lhos; e
c) estimular e aumentar-lhes a compreensao paterna das
complexidades das situações cotidianas para que po~
sam tomar melhores decisões dirigentes.
Nesta linha de atuação, a utilização de pais como pe~ soas em potencial para promover mudanças foi e
é
um campo profi cuo de pesquisas e estudos (Tavormina, 1974).Freud (1909), o primeiro a utilizar tal
empreendimen-to, relata a cura de uma fobia em um menino de cinco anos, atra
Guerney (1969b) e outros (Andromico, Fid1er, Guerney
e Guerney, 1969; Fidler, Guerney, Andromico e Guerney, 1969;
Binsberg, 1976; Guerney, Guerney e Andromico, 1970; Stover e
Guerney, 1969; Rogers, 1951), através da utilização de pais co
mo 1udoterapeutas de seus filhos, desenvolveram uma importante
contribuição quanto a programas de prevenção na área de
prob1e-mas infantis. Tal técnica, que consiste em treinar pais para
conduzir sessões de 1udoterapia em casa com seus filhos,
apre--senta algumas vantagens. Além de ser um procedimento remediatl
vo para os problemas comportamentais infantis, é também
preven-tiva. Os pais, através do processo de aprendizagem desta técni
ca, formam padrões novos e saudáveis de comunicação, que
pode-rao ser utilizados mais tarde (Guerney, 1969b).
A abordagem comportamenta1 apresenta um número
signi-ficativo de trabalhos envolvendo pais como terapeutas de seus
filhos (Shah, 1969; Wa1der et a1ii, Wah1er et a1ii, 1969) ou
mesmo programas de treinamentos para pais (Deibert e Harsnon
1973; Carter 1972; Patterson, et a1ii, 1977 e outros).
Seria exaustivo citar a vasta literatura nesta área
mas como contribuições recentes ressaltam-se as de Patterson
(1983); Sanders (1982), Sanders et alii (1983),0'De11 et a1ii
(1977), Clement et alii (1976).
Ainda como contribuições de outras linhas teóricas,na
perspectiva de utilizar pais como agentes de mudanças,
assina--Iam-se as de Carkhuff e Birman (197m e Dreikurs (1964, 1959,
1971a, 1971b). Os primeiros, treinando pais em níveis mais cons
multidimensio-nal de Carkhuff, e o segundo, aconselhando pais em grupos de es
tudo e treinamento em técnicas baseadas na teoria adleriana.
2. TREINAMENTO EFETIVO PARA PAIS
2.1 - Pressupostos Conceituais
Ao desenvolver o Treinamento Efetivo para Pais (P.E.T.
-Parent Effectiveness Training), Thomas Gordon baseou-se em
pressupostos teóricos, advindos de outras teorias, principal
mente a rogeriana. O que na verdade parece constituir sua
maior originalidade é a metodologia utilizada no P.E.T. e o
enfoque básico de que o agente de mudanças deve ser aquele
que detém o poder na relação (Gordon, 1970).
Quanto a este fato muitos profissionais sao unânimes
em admití-lo e exaltam o trabalho de Gordon de forma
entusi-âstica. Alschuler, Ivey e Hatcher (1977), fazendo uma análi
se dos principais programas da educação psicológica, afirmam:
"Uma in6lu~ncia impo~tante em abo~dagen~ compo~tamen
tai~ na educação p~icolõgica tem ~ido o t~abalho de
Thoma~ Go~don. Seu~ liv~o~ "Pa~ent E66ectivene~~
T~aining" (1970) e "Teache~ E66ectivene~~ T~aining" (1975) não ap~e~entam ~adicalmente nova~ abo~dagen~
ma~ con~eguem comunica~ ao leito~ comum, de modo exce lente e com cla~eza ~em panalelo, têcnica~ de comuni~
cação no ~elacionamento com a c~iança. Outno~~im, ê muito ~ãcil ao con~elheino adaptan o mate~ial pa~a u--60 didatico ao tnabalhan com pa~ de nZvel in6enion de educação ou que ~ejam menO-6 inclinado~ a p~icologia
Belisa e Donaney (1978), em um artigo que apresenta o
treinamento de Gordon ao público francês, reportam o humor de
Jacques Salanne sobre o referido autor:
"Go~don nio inventou o ca~bu~ado~, nem o moto~ de qua
t~o tempo~ ... ma~ inventou o automóvel! t ve~dade ~
em detalhe~, em técnica~, nada de novo - todo~ o~ p~i
cólogo~ di~io, ma~ coloca ao alcance de cada um técnI
ca~ ~e~e~vada~ ~omente a e~peciali~ta~, ei~ a o~igina
lidade" (pã.g. 75J.
-E ainda no mesmo artigo, citando Cladie Bert:
"Uma co n~tataç.ão pe~plexa. O método de Go~don não tem nada de ext~ao~dinã~io. No~ E~tado~ Unido~, doi~ li-v~o~ de Haim Ginott
r ...
1
en~inam conceito~ muito ~e-melhante~ ma~ o auto~~ nao teve a idéia de e~igi~ ~e~
conceito~ at~avé~ de um método e ainda meno~ de en~i
nã.-lo~ em dez liç.õe~" (pág. 781.
o
primeiro conceito enfatizado por Gordon em seu treinamento para pais constitui-se da aceitação no relacionamento en
tre pessoas (Gordon, 1975, 1970, 1980)(6).
Quando alguém sente aceitação pelo outro está de
pos-se de um instrumento terapêutico poderoso; pode exerce influên
cia para que o outro se aceite, goste de si mesmo,
desenvolven-do-se física e psicologicamente. A aceitação acelera no outro
seu afastamento da dependência, ajuda-o a resolver por si mesmo
seus problemas e transmitindo-lhe forças para lidar construtiv~
mente com os desapontamentos incontroláveis que muitas vezes a
(6) Todo~ o~ conceito~ de~c~ito~ no deco~~e~ de~ta ~eç.ao ba~ei
am-~e na~ t~ê~ ob~a~ citada~. Vi~pen~a~-~e-ã o u~o da~ ~e6e ~ência~, ~alvo quando algum p~onunciamento o~iginal ~e 6i~