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Avaliação nutricional de crianças com colestase crônica.

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Academic year: 2017

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ARTIGO

ORIGINAL

Nutritional

evaluation

of

children

with

chronic

cholestatic

disease

Francislaine

Veiga

da

Silva

a,b

,

Priscila

Menezes

Ferri

b,c,∗

,

Thaís

Costa

Nascentes

Queiroz

b,d

,

Pamela

de

Souza

Haueisen

Barbosa

e

,

Maria

Cristina

Cassiano

de

Oliveira

f

,

Laura

Jácome

de

Melo

Pereira

d

,

Ana

Cristina

Simões

e

Silva

c,g

,

Francisco

José

Penna

b,c

,

Eleonora

Druve

Tavares

Fagundes

b,c

e

Alexandre

Rodrigues

Ferreira

b,c,∗

aGrupodeHepatologiaeGastroenterologiaPediátrica,HospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),Belo

Horizonte,MG,Brasil

bGrupodeGastroenterologiaPediátrica,FaculdadedeMedicina,HospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeMinasGerais

(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil

cDepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil dGastroenterologistaPediátrico,Brasil

eFaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil fHospitaldasClínicas,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil

gLaboratórioInterdisciplinardeInvestigac¸ãoMédica,UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),BeloHorizonte,MG,Brasil

Recebidoem6deabrilde2015;aceitoem13dejulhode2015

KEYWORDS

Neonatalcholestasis; Nutrition;

Chronicliverdisease; Anthropometry

Abstract

Objective: Toevaluate thenutritional statusofchildrenwith persistentcholestasis andto compare the anthropometricindices betweenchildren withand withoutliver cirrhosis and childrenwithandwithoutjaundice.

Methods: Childrenwithpersistentcholestasis,i.eincreaseddirectbilirrubinorchangesinthe canalicularenzymegamma-glutamyltransferase (GGT),wereincluded. The anthropometric measures were weight (W), heightor length (H), arm circumference (AC), triceps skinfold thickness(TST),armmusclecircumference(AMC),andbodymassindex(BMI).

Results: Ninety-one childrenwith cholestasis,with currentmedianageof12 months,were evaluated. W/age (A) andH/A indicesbelow ---2 Z-scores were observed in33% and30.8% ofpatients,respectively.Concerning theW/HindexandBMI,only12%and16%ofpatients, respectively,werebelow---2Z-scores.RegardingAC,43.8%of89evaluatedpatientshadsome depletion.ObservingtheTST,64%ofpatientshaddepletion,and71.1%ofthe45evaluated patientshadsomedegreeofdepletionregardingtheACMindex.

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.07.006

Comocitaresteartigo:SilvaFV,FerriPM,QueirozTC,BarbosaPS,OliveiraMC,PereiraLJ,etal.Nutritionalevaluationofchildrenwith chroniccholestaticdisease.JPediatr(RioJ).2016;92:197---205.

Autorparacorrespondência.

E-mails:pmferri.liu@gmail.com(P.M.Ferri),alexfer1403@gmail.com(A.R.Ferreira).

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Conclusion: Evaluationusingweightinpatientswithchronicliverdiseasesmayoverestimate thenutritionalstatusduetovisceromegaly,subclinicaledema,orascites.Indicesthatcorrelate weightandheight,suchasW/HandBMI,mayalso notshowdepletionbecauseofthe chro-nicconditioninwhichtherearedepletionofbothweightandheight.TST,AC,andACMare parametersthatbetterestimatenutritionalstatusandshouldbepartofthemanagementof patientswithliverdiseasesandcholestasis.

©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.

PALAVRAS-CHAVE Colestaseneonatal; Nutric¸ão;

Doenc¸ahepática crônica;

Antropometria

Avaliac¸ãonutricionaldecrianc¸ascomcolestasecrônica

Resumo

Objetivo: Avaliarasituac¸ãonutricionaldecrianc¸ascomcolestasepersistenteecompararos índices antropométricosentre crianc¸as com e sem cirrosehepática e crianc¸as come sem icterícia.

Métodos: Foramincluídascrianc¸ascomcolestasepersistente,ouseja,aumentodabilirrubina diretaoualterac¸õesnaenzimacanalicular,gamaglutamiltransferase(GGT).Asmedidas antro-pométricasforampeso,estaturaoualtura,circunferênciadobrac¸o(CB),espessuradaprega cutâneadotríceps(TST),circunferênciamusculardobrac¸o(CMB)eíndicedemassacorporal (IMC).

Resultados: Foramavaliadas91crianc¸ascomcolestase,comidade médiade12meses;33% e30,8%dospacientesapresentaramíndicesP/IeA/IcomescoreZabaixode---2, respectiva-mente.Comrelac¸ãoaoíndiceP/AeIMC,somente12%e16%dospacientes,respectivamente, apresentaramescoreZabaixode---2.Comrelac¸ãoàCB,43,8%de89pacientesavaliados apre-sentaramalgumadeplec¸ão.ObservandoaTST,64%dospacientesqueapresentaramdeplec¸ão, 71,1%dos45pacientesavaliadosapresentaramalgumgraudedeplec¸ãocomrelac¸ãoaoíndice deCMB.

Conclusão: Aavaliac¸ãodopesoempacientescomdoenc¸ashepáticascrônicaspoderá superes-timarasituac¸ãonutricionaldevidoavisceromegalia,edemasubclínicoouascite.Osíndicesque correlacionampesoealtura,comoP/AeIMC,tambémpodemnãomostrardeplec¸ãodevidoà doenc¸acrônicaemquehádeplec¸ãotantodopesoquantodaaltura.ATST,BCeCMBsão parâ-metrosqueestimammelhorasituac¸ãonutricionaledevemfazerpartedegestãodepacientes comdoenc¸ashepáticasecolestase.

©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.

Introduc

¸ão

Colestaseéumamanifestac¸ãocomumdedoenc¸ahepática em crianc¸as, que ocorre em cerca de 65% desses pacien-tes. A doenc¸a consiste no impedimento do fluxo da bile devidoaumaobstruc¸ãonotratobiliarouumimpedimento daabsorc¸ão,conjugac¸ãoouexcrec¸ãodeácidosbiliares.1,2 A colestase prejudica a situac¸ão nutricional dessas crianc¸as.3 A desnutric¸ão leva à morbidez e mortalidade cadavez maioresem pacientescomdoenc¸ahepática crô-nica.Barshesetal.4relataramqueadesnutric¸ãonoperíodo anterioraotransplanteestáassociadaamaiorinternac¸ãoe gastoshospitalares.Alémdisso,Moukarzeletal.5mostraram umaestreitacorrelac¸ãoentresituac¸ãonutricionale resul-tadosdotransplantedefígadoemcrianc¸as.Nesteestudo, crianc¸as com um escore Z abaixo de ---2 desvios padrão apresentaramumaincidênciamaiselevadadeinfecc¸ãono períodoposterioraotransplante,maiscomplicac¸ões cirúr-gicasemortalidademaiselevada.

Aproximadamente 60% das crianc¸as com doenc¸a hepá-tica crônica estão abaixo do peso e da altura esperados

para sua idade.6,7 Uma assistência nutricional adequada pode evitar a rápida progressão dadoenc¸a debase, com melhoria da func¸ão imune.6,8,9 A avaliac¸ão nutricional dessas crianc¸as é essencial, porém o peso pode ser supe-restimado em casos de visceromegalia, ascite e edema periférico; portanto, separadamente, essa avaliac¸ão não é um bom parâmetro para identificar a desnutric¸ão. As medidas mais sensíveis para determinar a situac¸ão nutri-cionalna doenc¸ahepáticacrônicasãoacircunferênciado brac¸o e a prega cutânea do tríceps.10 Um exame físico meticuloso,váriasmedidasfísicaseantropométricase exa-mes complementares individualizados são indispensáveis. Como adesnutric¸ão é consequência dacolestase crônica, oconhecimentodoimpactodessadoenc¸aemcrianc¸as afe-tadaspoderáauxiliarnarecomendac¸ãodeumaintervenc¸ão nutricional.

(3)

sãocomparadosempacientescomesemcirrosehepáticae crianc¸ascomesemicterícia.

Pacientes

e

métodos

EsteestudodesériedecasosfoifeitonaClínicade Hepato-logiaPediátricadenossainstituic¸ão(HospitaldasClínicas, UFMG,Brasil)dejaneirode2009adezembrode2013.Foram incluídas crianc¸as com colestaseclínica e/ou laboratorial persistente. A colestasepersistente foi definida como um aumentodabilirrubinadireta (bilirrubinadireta acimade 20% da bilirrubina total ou acima de 2mg/dL quando os níveisestãoacimade5mg/dL,oubilirrubinadiretaacimade 1mg/dLquandoototaléinferiora5mg/dL)ouaumentoda enzimacanalicular, gamaglutamiltransferase(GGT),acima dovalor dereferência para aidade.11 Todos ospacientes foramsubmetidosabiópsiadofígado,indicadanaavaliac¸ão inicialdopacienteparaobterumdiagnósticodiferenciado dacolestasee/ouduranteocursodadoenc¸aparao moni-toramentodeachadoshistopatológicos.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética de nossa instituic¸ão(númerodeprotocoloETIC310/08).

As medidas antropométricas foram peso, estatura ou altura, circunferência do brac¸o (CB), espessura da prega cutâneadotríceps(TST),circunferênciamusculardobrac¸o (CMB)eíndicedemassacorporal(IMC).Asvariáveis anali-sadasforam:sexo,idade emmesesnaépocadaavaliac¸ão clínica, classificac¸ão em com e sem cirrose (com base na histopatologia), classificac¸ão da cirrose pelos critérios de Child-Pugh, testes de laboratório (albumina e bilirru-bina)e ingestão calóricapor meiodo diárioalimentar de 72horas.Osdadosclínicoselaboratoriaisforamobtidosna mesmaépocadaavaliac¸ãonutricional,ouseja,emumúnico momento. Aingestão dealimentos foi registradadurante 72horasapósaavaliac¸ãonutricional.

As crianc¸as com menos de dois anos e com peso até 16kgforammedidasporumantropômetrohorizontal(Régua Antropométrica Pediátrica, NutriVida®, São Paulo, Brasil)

e pesadas, sem roupas e fralda, em umabalanc¸a eletrô-nicadigitalcalibrada(Balanc¸aDigitalInfantil,Welmy®,São

Paulo,Brasil).Oestadiômetrovertical(PhysicalNutriVida®,

SãoPaulo,Brasil)eumaplataformaeletrônicadigital cali-brada (Balanc¸a Digital,Balmak®, São Paulo, Brasil) foram

usadosparamedircrianc¸ascommaisdedoisanos.Os paci-entes foram avaliados descalc¸os e, normalmente, apenas comroupasíntimas.Todososequipamentosforam verifica-dosantesdeserusados.Essasmedidasforamclassificadas com o auxílio do protocolo Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) 200812 por fase da vida, adap-tado da Organizac¸ão Mundial de Saúde 2006;13 os pontos de corte usados tiveram os gráficos da OMS como refe-rência e foramcalculadospela versão3.2.2 doAnthro da OMS.14

UmafitainelásticafoiusadaparamediraCBeum plicô-metro para a medic¸ão do TST. Esses parâmetros foram calculadoseclassificadoscombasenospadrõesdaOMSde acordo com idade e altura.15 As medidasforam feitas no lado direito da crianc¸a. Ospacientes com menos de dois anos foramavaliados depé, nocolo damãeou dotutor. ACBfoimedidaemumpontointermediárioentreo acrô-mio e a borda inferior do olecrano. A TST foi medida na

mesmaposic¸ãodaCB,ouseja,noladoposteriordobrac¸o. Amedic¸ãofoifeitaaolongodoeixolongitudinaldo mem-bro.Trêsmedidasforamtiradasnamesmaposic¸ãocomuma diferenc¸adetrêssegundosentresieamédiadosvaloresfoi calculadaparaevitarpossíveiserrosconformerecomendado pelaliteratura.12

Os pacientes foram classificados com base no cálculo do software Anthro14 da OMS ao usar os seguintes valo-res: deplec¸ão grave (menos de 70%), deplec¸ão moderada (entre70%e80%),deplec¸ãoleve(entre80%e90%),eutrofia (entre90%e110%),sobrepeso(entre110%e120%)e obesi-dade(maisde120%).Asfórmulasparaessescálculosforam: adequac¸ão daCB(%)=[CBobtida (cm)÷ 50◦ percentilda CB]x100;adequac¸ãodaTST(%)=[TSTobtida(cm)÷ 50◦

percentildaTST] x100; CMB (cm)=CB(cm)- 3,14 xTST (cm).

OsvaloresdeCMB,deacordocomsexoeidade, foram comparadoscomosvaloresdereferênciadoLevantamento NacionaldeExamedeSaúdeeNutric¸ão(NHANES),expressos emtabelasdepercentisporFrisanchoapartirdeumanode idade.16 Pacientes commenosdeumanoforamexcluídos destaanálisedevidoàausênciadevaloresdereferênciapara essafaixaetária.

Apósumaavaliac¸ãoclínica,ocuidadordacrianc¸arelatou todososalimentosingeridospelacrianc¸aportrêsdias con-secutivos.Foraminformadosonúmerodedias,ohorário,o tipoeaquantidadedecomidaingeridapelacrianc¸a.Quanto acrianc¸as exclusivamente amamentadas, a mãeanotouo horário da amamentac¸ão para estimar, de acordo com a idadeeotempodesucc¸ão,ovolumedeleiteingeridopelo neonato.

O cálculo daingestão decalorias e proteínas foi feito comosoftwareDietPro,versão4.0(AgromídiaSoftwares®,

MinasGerais, Brasil),17 bemcomo com base na Tabelade Composic¸ãodeAlimentosdeSôniaTucunduva18enatabela de medidas caseiras,19 incluindo os macronutrientes car-boidrato, proteína e lipídio. A seguir, as recomendac¸ões diárias de calorias foram calculadas de acordo com a idade pela Organizac¸ão das Nac¸ões Unidas para Agricul-tura e Alimentac¸ão (FAO/OMS/ONU) 1985, com base na necessidadecalórica de consumo total de energiamais o crescimentodecrianc¸asamamentadas.20

OsdadosforamanalisadospeloEpiInfo,versão6.04 (Cen-trodeControleePrevenc¸ãodeDoenc¸as,Atlanta,EUA).As variáveis contínuas com distribuic¸ão não gaussiana foram apresentadascomomedianaseintervalointerquartil(IQdo 25◦ ao 75) e comparadas com o teste de Kruskal-Wallis

nãoparamétrico.A distribuic¸ão dasvariáveis dicotômicas foi comparada pelo teste qui-quadrado, com correc¸ão de Yates,oupelotesteexatodeFisherbicaudal,caso neces-sário.Aprobabilidadefoiconsiderada significativaquando inferiora0,05(p<0,05).

Resultados

(4)

alfa-1-Tabela1 Dadosclínicos,laboratoriais,nutricionaiseantropométricosdecrianc¸asdiagnosticadascomcolestaseneonatalem geraledivididasdeacordocomapresenc¸adecirrose

Geral Comcirrose Semcirrose

(91crianc¸as) (25crianc¸as) (66crianc¸as)

Idade(meses)a 12[6,0-40,0] 11[5,0-38,5] 12[6-40,5]

Visceromegalian(%) 61(67%) 24(96%) 37(56,1%)

Esplenomegalian(5) 42(46,2%) 21(84%) 21(31,8%)

Hepatomegalian(%) 57(62,6%) 22(88%) 35(53%)

Hepatoesplenomegalian(%) 38(41,8%) 17(68%) 19(28,8%)

Asciten(%) 7(7,7%) 5(20%) 2(3%)

Albumina(g/gL) 4,1[3,8-4,5] 4[3,47-4,40] 4,2[3,8-4,5]

EscoreZP/Ia ---1,10[---2,40a0,36] ---1,39[---2,72a0,12] ---0,93[---2,2a0,54]

EscoreZA/Ia ---0,80[---2,30a---0,03] ---1,6[---2,57a---0,62] ---0,70[---2,4a0,30]

EscoreZP/Aa ---0,05[---1,30a0,80] ---0,52[---1,85a0,76] ---0,03[---1,23a0,86]

EscoreZIMCa ---0,24[---1,40a0,90] ---0,52[---2,24a0,87] 0,03[---1,30a0,87]

EscoreZTSTa ---0,40[---1,70a0,80] ---1,35[---2,65a0,30] ---0,12[---1,43a1,00]

Diárioalimentara 91,4% 92,9% 90,5%

[79,0%-104,6%] [72,9%-105,8%] [80,8%-103,4%]

Diárioalimentarn(%)

<60% 2(2,2%) 1(4%) 1(1,5%)

60%a<95% 50(55%) 13(52%) 37(56,1%) 95%-105% 17(18,7%) 4(16%) 13(19,7%) 105%a<140% 20(22%) 7(28,0%) 13(19,7%)

>140% 2(2,2%) 0(0,0%) 2(3,0%)

P/I,índicepeso/idade;A/I,índicealtura/idade;P/A,índicepeso/altura;IMC,índicedemassacorporal;TST,espessuradapregacutânea dotríceps.

aComrelac¸ãoaalgunsdados,foramusadosamedianaeointervalointerquartil(IQ25-75);comrelac¸ãoaodiárioalimentar,ocálculo

usadofoi:registrododiárioalimentar/recomendadoparaaidadex100.

antitripsinaem seis(6,6%), hipoplasia devias biliares em quatro(4,4%)eoutrosdiagnósticosemseis(6,6%);25 paci-entes(27,5%)apresentaramcirrosenoexame histopatoló-gico (18 com atresia biliar e sete com hepatite neonatal idiopática)e11 pacientesforamclassificadoscomo Child--PugA(44%),12comoB(48%)edoiscomoC(8%);70(76,9%) apresentaramicteríciacom níveis excepcionalmentealtos de bilirrubina, GGT e aminotransferase, ao passo que 21crianc¸as(23,1%)apresentaramníveisnormaisde bilirru-bina,semicterícia,porémcomaumentodosníveisdeGGT. Dados clínicos, laboratoriais, nutricionais e antro-pométricos dos pacientes são apresentados nas

tabelas 1 e 2. As seguintes abreviaturas foram usadas: P/I: índice peso/idade; A/I: índice altura/idade; P/A: índice peso/altura; IMC: índice de massa corporal. Com relac¸ãoaalgunsdados,marcadoscomumasterisco,foram usadas a mediana e o intervalo interquartil (IQ 25◦-75);

comrelac¸ãoaodiárioalimentar,ocálculousadofoiregistro dodiárioalimentar/recomendadoparaaidadex100.

Noquedizrespeitoàingestãonutricional,57,2%dos91 pacientesestavam95%abaixo dascaloriasrecomendadas, semdiferenc¸aestatisticamente significativaentre oscom e semcirrose (p=0,32) e entrecrianc¸as com e sem icte-rícia (p=0,80). Ao comparar pacientes com ingestão 95% abaixo do recomendado com os pacientes com deplec¸ão nutricional, não encontramos diferenc¸a estatisticamente significativa na CB (p=0,14), na TST (p=0,09) e na CMB (p=0,09).

Atabela 3 mostra a classificac¸ão nutricional combase emíndicesantropométricosemtodoogrupoeem pacien-tesestratificadosdeacordocomapresenc¸adecirrose.Não houvediferenc¸aestatisticamentesignificativaentre pacien-tescomesemcirrosecomrelac¸ãoaosíndicesP/I(p=0,48) e A/I (p=0,92),bem como nãohouve diferenc¸a estatisti-camente significativa entre pacientes com e sem cirrose comrelac¸ãoaosíndicesP/A(p=0,28)eIMC(p=0,07).Com relac¸ãoàCB,houveumadiferenc¸aestatisticamente signi-ficativaentrepacientescomesemcirrose(p=0,006).Com relac¸ãoà TSTe à CMB, nãohouveumadiferenc¸a estatis-ticamente significativaentrepacientescom esem cirrose (p=0,07 para TST e 83,3% em comparac¸ão a 66,7% com p=0,24 para CMB). A tabela 4 apresenta a classificac¸ão nutricionalcom baseem índicesantropométricosem todo o grupo e em pacientes estratificados de acordo com a presenc¸adeicterícia.Nenhumadiferenc¸afoiobservadana comparac¸ãoentreosdadosde crianc¸ascom esem icterí-ciacomrelac¸ãoaoíndiceP/I(p=0,18),A/I(p=0,92),P/A (p=0,45) eIMC (p=0,07). Noque dizrespeitoà presenc¸a de qualquer grau de deplec¸ão na CBe na TST, pacientes com icterícia apresentaram frequência significativamente maiordedeplec¸ãoemambososparâmetrosdoqueossem icterícia(p=0,045ep=0,001,respectivamente).Nãohouve diferenc¸aestatisticamentesignificativacomrelac¸ãoàCMB (p=0,08).

(5)

Tabela2 Dadosclínicos,laboratoriais,nutricionaiseantropométricosdecrianc¸asdiagnosticadascomcolestaseneonatalem geraledivididasdeacordocomapresenc¸adeicterícia

Geral Comicterícia Semicterícia (91crianc¸as) (70crianc¸as) (21crianc¸as)

Idade(meses)a 12[6,0-40,0] 10[5,0-34,25] 31[10-56,5]

Cirrose 25 22 3

Visceromegalian(%) 61(67%) 51(72,9%) 10(47,6%)

Esplenomegalian(5) 42(46,2%) 37(52,9%) 05(23,8%)

Hepatomegalian(%) 57(62,6%) 48(68,6%) 09(42,9%)

Hepatoesplenomegalian(%) 38(41,8%) 17(24,3%) 19(90,5%)

Asciten(%) 7(7,7%) 7(10%) 0(0%)

Bilirrubinatotal(md/dL) 2,1[0,5-5,68] 3,4[1,7-7,45] 0,5[0,25-0,7]

Bilirrubinadireta(mg/dL) 1,4[0,2-3,3] 2,0[1,37-5,6] 0,2[0,1-0,32]

GGT(U/L) 495[244-587] 402[180-686,8] 234[180-554]

Albumina(g/gL) 4,1[3,8-4,5] 4,1[3,7-4,45] 4,2[4,0-4,6]

EscoreZP/Ia ---1,10[---2,40a0,36] ---1,52[---2,5a---0,95] 0,36[---0,46a1,14]

EscoreZA/Ia ---0,80[---2,30a---0,03] ---1,15[---2,53a---0,28] ---0,12[---1,18a0,44]

EscoreZP/Aa ---0,05[---1,30a0,80] ---0,71[---1,4a0,45] 0,83[0,02---1,3]

EscoreZIMCa ---0,24[---1,40a0,90] ---0,52[---2,24a0,87] 0,87[0,11---1,13]

EscoreZTSTa ---0,40[---1,70a0,80] ---0,71[---1,41a0,67] 0,15[---0,39a1,08]

Diárioalimentara 91,4%[79,0%-104,6%] 89,9%[77,6%-105,6%] 93,14%[86,2%-100,8%]

Diárioalimentar,n(%)

<60% 2(2,2%) 1(1,4%) 1(4,8%)

60%a<95% 50(55%) 39(55,7%) 11(52,4%) 95%a105% 17(18,7%) 11(15,7%) 6(28,6%) 105%a140% 20(22%) 17(24,3%) 3(14,3%)

>140% 2(2,2%) 2(2,9%) 0(0%)

P/I,índicepeso/idade;A/I,índicealtura/idade;P/A,índicepeso/altura;IMC,índicedemassacorporal;TST,espessuradapregacutânea dotríceps.

a Comrelac¸ãoaalgunsdados,foramusadosamedianaeointervalointerquartil(IQ25-75);comrelac¸ãoaodiárioalimentar,ocálculo

usadofoiregistrododiárioalimentar/recomendadoparaaidadex100.

encontramos uma diferenc¸a estatisticamente significativa emambos(p=0,000).

Noquedizrespeitoàavaliac¸ãodaCB,39(43,8%)de89 pacientesapresentaramalgumgraudedeplec¸ão.Poroutro lado,aoavaliarecompararcomoP/A,observamosque ape-nas 11 (12,3%) de 89 pacientes apresentaram baixo peso para a altura (p=0,001) e com o P/I, apenas 28 (31,5%) apresentarambaixopesoparaaidade(p=0,000).

Da mesma forma,quandoavaliamos aCMB, 32 (71,1%) de45pacientesapresentaramalgumgraudedeplec¸ão,ao passoqueapenasdois(4,4%)apresentarambaixopesopara aaltura (p=0,000)e apenassete (15,6%)de45 pacientes apresentarambaixopesoparaaidade(p=0,000).

Discussão

Aavaliac¸ão nutricionaldessas crianc¸asé essencial,porém apresentadiversosdesafios.Apresenc¸adevisceromegalia, ascite e edema periférico pode limitar o uso do peso, o índicemaiscomumdeavaliac¸ão nutricional.Portanto,um exame físico meticuloso, várias medidas antropométricas e exames complementares individualizados são essenciais paraumaavaliac¸ãonutricionalconfiáveldesses pacientes. As medidasde TSTe CB sãomaisconfiáveis porque esses parâmetros não levam em considerac¸ão o peso e podem ser extremamente importantes na prática clínica ao

per-mitir um diagnóstico antecipado de déficits nutricionais. AestimativadedepósitosdegordurapormeiodaTSTede conteúdo proteico pela CMB e CB são dados complemen-taresque permitemaavaliac¸ão nutricionalprecisa desses pacientes.3,21,22

Neste estudo, um terc¸o dos pacientes mostrou índices P/A e A/I com escore Z abaixo de ---2. Considerando o índiceP/A,apenas12,1%dospacientesapresentaramescore Z abaixo de ---2;com relac¸ão ao IMC, o percentual foide 16,5%.IssomostraqueoíndiceP/Asempredeveserusado emcombinac¸ãocomoíndiceA/I,jáqueosdéficits propor-cionaisnopesoealturanãosãoidentificadosnesseprimeiro método,emostratambémqueoIMCnãopermiteumaboa aferic¸ãodacomposic¸ãocorporal.

(6)

Tabela3 Classificac¸ãonutricionalcombasenosíndicesantropométricosdetodoogrupodepacienteseestratificadodeacordo comapresenc¸adecirrose

Índice Geral(91pacientes), n(%)

Comcirrose (25pacientes),n(%)

Semcirrose

(66pacientes),n(%)

Altura/Idade

Muitobaixo 16(17,6%) 5(20,0%) 11(16,7%)

Baixo 12(13,2%) 3(12,0%) 9(13,6%)

Adequado 63(69,2%) 17(68,0%) 46(69,7%)

Peso/Idade

Muitobaixo 11(12,1%) 4(16,0%) 7(10,6%)

Baixo 19(20,9%) 5(20,0%) 14(21,2%)

Adequado 59(64,8%) 15(60,0%) 44(66,7%)

Alto 2(2,2%) 1(4,0%) 1(1,5%)

Peso/Altura

Muitobaixo 6(6,6%) 2(8%) 4(6,1%)

Baixo 5(5,5%) 3(12%) 2(15,2%)

Adequado 66(72,50%) 16(64%) 50(75,8%)

Alto 14(15,4%) 4(25%) 10(15,2%)

Índicedemassacorporal

Muitobaixo 7(7,7%) 3(12%) 4(6,1%)

Baixo 8(8,8%) 4(16%) 4(6,1%)

Adequado 59(64,8%) 12(48%) 44(66,7%)

Riscodesobrepeso 16(17,6%) 5(20%) 14(21,2%)

Sobrepeso 1(1,1%) 1(4,0%) 0(0,0%)

Circunferênciadobrac¸oa

Deplec¸ãograve 3(3,4%) 1(4,0%) 2(3,1%) Deplec¸ãomoderada 7(7,9%) 5(20,0%) 2(3,1%) Deplec¸ãoleve 29(32,6%) 11(44,0%) 18(28,1%) Eutrofia 42(47,2%) 7(28,0%) 35(54,7%) Sobrepeso 8(8,9%) 1(4,0%) 7(10,9%)

Obesidade 0(0,0%) 0(0,0%) 0(0%)

Espessuradapregacutâneadotríceps

Deplec¸ãograve 21(23,1%) 12(48,0%) 9(13,6%) Deplec¸ãomoderada 15(16,5%) 2(8,0%) 13(19,7%) Deplec¸ãoleve 6(6,6%) 2(8,0%) 4(6,0%) Eutrofia 17(18,7%) 4(16,0%) 13(19,7%) Sobrepeso 11(12,1%) 1(4,0%) 10(15,1%) Obesidade 21(23,1%) 4(16,0%) 17(25,8%)

Circunferênciamusculardobrac¸ob

Deplec¸ãograve 6(13,3%) 2(16,7%) 4(12,1%) Deplec¸ãomoderada 10(22,2%) 4(33,3%) 6(18,2%) Deplec¸ãoleve 16(35,6%) 4(33,3%) 12(36,4%) Eutrofia 13(28,9%) 2(16,7%) 11(33,3%)

Obs.:Paraaavaliac¸ãodoíndiceA/I,oescoreZfoiclassificadocomoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado

(escoreZ≥---2).Paraaavaliac¸ãodoíndiceP/I,comoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado(escoreZ≥---2

e≤+2);Alto(escoreZ>+2).Paraaavaliac¸ãodoíndiceP/A,comoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado (escoreZ≥---2e≤+1);Alto(escore Z>+1). Paraaavaliac¸ãodoIMC,o escoreZfoiclassificadocomoMuitoBaixo(escoreZ<---3); Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado(escoreZ≥---2e≤+1);Riscodesobrepeso(>escoreZ+1e≤escoreZ+2)e(escoreZ>+2

e<+3).Paraaavaliac¸ãodaCircunferênciadoBrac¸o,daEspessuradaPregaCutâneadoTrícepsedaCircunferênciaMusculardoBrac¸o, aclassificac¸ãoutilizadafoi:Deplec¸ãograve:70%doesperado;Deplec¸ãomoderada:≥70%e<80%doesperado;Deplec¸ãoleve:≥80%

e<90%doesperado;Eutrofia:≥90%e≤110%doesperado;Sobrepeso>110%e≤120%doesperado;eObesidade:>120%doesperado.

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Tabela4 Classificac¸ãonutricionalcombasenosíndicesantropométricosdetodoogrupodepacienteseestratificadadeacordo comapresenc¸adeicterícia

Índice Geral(91pacientes),n(%) Comicterícia(70pacientes),n(%) Semicterícia(21pacientes),n(%)

Altura/Idade

Muitobaixo 16(17,6%) 14(20%) 2(9,5%)

Baixo 12(13,2%) 11(15,7%) 1(4,8%)

Adequado 63(69,2%) 45(64,3%) 18(85,7%)

Peso/Idade

Muitobaixo 11(12,1%) 9(12,9%) 2(9,5%)

Baixo 19(20,9%) 17(24,3%) 2(9,5%)

Adequado 59(64,8%) 42(60%) 17(81%)

Peso/Altura

Alto 2(2,2%) 2(2,9%) 0(0%)

Muitobaixo 6(6,6%) 5(7,1%) 1(4,8%)

Baixo 5(5,5%) 5(7,1%) 0(0%)

Adequado 66(72,5%) 53(75,7%) 13(61,9%)

Alto 14(15,4%) 7(10%) 7(33,3%)

IMC

Muitobaixo 7(7,7%) 6(8,6%) 1(4,8%)

Baixo 8(8,8%) 8(11,4%) 0(0%)

Adequado 59(64,8%) 48(68,6%) 11(52,4%)

Riscodesobrepeso 16(17,6%) 7(10%) 9(42,9%)

Sobrepeso 1(1,1%) 1(1,4%) 0(0%)

Circunferênciadobrac¸oa

Deplec¸ãograve 3(3,4%) 3(4,4%) 0(0%) Deplec¸ãomoderada 7(7,9%) 7(10,3%) 0(0%) Deplec¸ãoleve 29(32,6%) 24(35,3%) 5(23,8%) Eutrofia 42(47,2%) 29(42,6%) 13(61,9%) Sobrepeso 8(8,9%) 5(7,4%) 3(14,3%) Obesidade 0(0,0%) 0(0%) 0(0%)

Espessuradapregacutâneadotríceps

Deplec¸ãograve 21(23,1%) 19(27,1%) 2(9,5%) Deplec¸ãomoderada 15(16,5%) 15(21,4%) 0(0%) Deplec¸ãoleve 6(6,6%) 5(7,1%) 1(4,8%) Eutrofia 17(18,7%) 8(11,4%) 9(42,9%) Sobrepeso 11(12,1%) 8(11,4%) 3(14,3%) Obesidade 21(23,1%) 15(21,4%) 6(28,6%)

Circunferênciamusculardobrac¸ob

Deplec¸ãograve 6(13,3%) 6(20%) 0(0%) Deplec¸ãomoderada 10(22,2%) 6(20%) 4(26,7%) Deplec¸ãoleve 16(35,6%) 12(40%) 4(26,7%) Eutrofia 13(28,9%) 6(20%) 7(46,7%)

Obs.:Paraaavaliac¸ãodoíndiceA/I,oescoreZfoiclassificadocomoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado

(escoreZ≥---2).Paraaavaliac¸ãodoíndiceP/I,comoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado(escoreZ≥---2

e≤+2);Alto(escoreZ>+2).Paraaavaliac¸ãodoíndiceP/A,comoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo(escoreZ≥---3e<---2);Adequado

(escoreZ≥---2e≤+1);Alto(escoreZ>+1).Paraaavaliac¸ãodoIMC,oescoreZfoiclassificadocomoMuitoBaixo(escoreZ<---3);Baixo

(escoreZ≥---3e<---2);Adequado(escoreZ≥---2e≤+1);Riscodesobrepeso(>escoreZ+1e≤escoreZ+2)e(escoreZ>+2e<+3).Para

aavaliac¸ãodaCircunferênciadoBrac¸o,daEspessuradaPregaCutâneadoTrícepsedaCircunferênciaMusculardoBrac¸o,aclassificac¸ão usadafoi:Deplec¸ãograve:70%doesperado;Deplec¸ãomoderada:≥70%e<80%doesperado;Deplec¸ãoleve:≥80%e<90%doesperado; Eutrofia:≥90%e≤110%doesperado;Sobrepeso>110%e≤120%doesperado;eObesidade:>120%doesperado.

a Onúmerototaldepacientesavaliadosnesteíndicefoi89. b Onúmerototaldepacientesavaliadosnesteíndicefoi45.

CB e a TST devido à idade dos pacientes avaliados neste estudo.ACMBfoirelatadaapenasempacientesacimade umano,ouseja,comumtempomaislongodeevoluc¸ãoda colestase.

(8)

desnutric¸ão.Portanto,essamedidaémuitoimportantena avaliac¸ãonutricionaldessespacientes.Sokoletal.25 enfati-zaramaimportânciadasmedidasdeTSTeCBcomométodos maisprecisosdeavaliardepósitosdegorduraeteorde pro-teínaempacientescomdoenc¸ahepáticacrônica.

Comrelac¸ãoaosíndicesdeP/IeIMC,ocorreumafalha importante,quepodeserexplicada,pelomenosemparte, pelopadrãocrônicodecomprometimentonutricional obser-vadonessespacientesquandotantoopesoquantoaaltura estãoenvolvidos. Issoreforc¸a queo usode índices antro-pométricos convencionaiscomo P/I, A/I, P/A e IMC pode superestimarasituac¸ãonutricionaldepacientescom coles-tase,mesmoquandoedemaeascitenãosãoevidentes.Além disso, avisceromegalia contribui parao aumento dopeso dessespacientes,oque comprometeousodeíndicesque incluempeso.2

Ainadequac¸ãodessesíndicestambémpodeserobservada aosecompararempacientescomesemicteríciaecomesem cirrosehepática.Nenhuma diferenc¸aestatísticafoi detec-tadaentreessessubgruposcomrelac¸ãoaosíndicesP/I,A/I, P/AouIMC.Poroutrolado,aavaliac¸ãodaCBmostrouuma diferenc¸aestatisticamentesignificativaentrepacientescom esemcirroseeentrecrianc¸ascomesemicterícia.

Aavaliac¸ão daTST edaCMBnãoapresentoudiferenc¸a estatísticaentrepacientescomesemcirrose.Issopodeser explicadopelofatodequeaavaliac¸ãodospacientesfoifeita emumúnico momento.Emresumo,namaioriadoscasos, adesnutric¸ãofoidetectadaapenasquandoaavaliac¸ãonão estavarestritaàsmedidasdepesoealtura.

A frequência de deplec¸ão nutricional com base na avaliac¸ão da CB e da TST foi semelhante, o que indica deplec¸ão semelhante de gordura e massa magra. Esse achadodiferiudosresultadosrelatadosporCardosoetal.,21 queobservaramperdainicialdegorduramaiselevada.Essa diferenc¸apodeseratribuídaàidadedospacientes,pois,no estudodeCardosoetal.,21 ospacienteserammaisnovos, comidademédiadenovemeses.ACMBpareceu superesti-maradesnutric¸ão,pois71,1%dospacientesapresentaram algumgraudedeplec¸ão,com83,3%entreogrupode paci-entescomcirrosee66,7%entreogrupodepacientessem cirrose.Aavaliac¸ãodaCMBfeitaapenasempacientescom maisdeumanopodeexplicaressesresultados.

No que diz respeito à ingestão alimentar, 57,2% de 91 pacientes ingeriram menos de 95% da recomendac¸ão nutricional, sem diferenc¸as significativas entre pacientes com e sem cirrose (p=0,32) e entrecrianc¸as com e sem icterícia(p=0,80); esseachadopodeestarrelacionado ao fatodequea avaliac¸ão nutricional foifeitaem umúnico momento.Aocompararospacientescombaixaingestãode calorias com aqueles com algum grau de deplec¸ão nutri-cional identificado por meio da CB, da TST ou da CMB, nãohouve diferenc¸a estatística. Esses métodos provaram sersemelhanteseimportantesnaavaliac¸ãonutricionalde pacientes com colestase crônica. Da mesma forma, Car-doso et al.21 mostraram índices ainda mais elevados de dietas inadequadas (90%) quando a ingestão de alimen-tos foi avaliada quantitativa e qualitativamente. Isso é aindamaispreocupante,umavez que a ingestão calórica deveseraprimorada até140% doesperado.Considerando essarecomendac¸ão,apenas2,2%dospacientes apresenta-ramumaingestãocalóricaadequada.Apósessaavaliac¸ão, as famílias foram orientadas a respeito da ingestão de

alimentosedasnecessidadesdietéticas,porémos resulta-dosdasintervenc¸õesaindanãoforamestudados.

Estamoscientesdaslimitac¸õesdenossoestudo.Amais importante delas é que a avaliac¸ão nutricional foi feita em um único momento, o que dificulta as comparac¸ões entrepacientescomousemcirroseecomousemicterícia, poisospacientesestãoem diferentesestágiosdadoenc¸a. Outralimitac¸ãoestavarelacionadaaodiárioalimentar,pois, mesmoseformosmuitorigorososnacoletadedados,esse diáriosemprepodeterfalhas,jáquedependedamemóriae dacooperac¸ãodopaciente.Alémdisso,umaquestão impor-tante é que a avaliac¸ão nutricional foi feitapelo mesmo nutricionista, o idealseria que fosse feitapor dois nutri-cionistas com uma comparac¸ão posterior dos resultados. Contudo,acreditamosqueessaslimitac¸õesnãoreduzema importânciadenossosachados.

Concluindo,ousodopesonaavaliac¸ãonutricionalpode subestimar a detecc¸ão de desnutric¸ão em pacientes com doenc¸ashepáticascrônicasdevidoavisceromegalia,edema subclínicoe/ouascite.21Osíndicesqueconsiderampesoe altura,comoP/AeIMC,tambémpodemnãomostrarograu realdedeplec¸ãoatribuívelàdoenc¸aclínicacrônicadesses pacientesem quetantoo pesoquantoa alturasão preju-dicados.AsmedidasdeTSTeCBparecemparâmetrosmais precisosdeavaliac¸ãonutricionaldepacientescomdoenc¸as hepáticasecolestase.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

EsteestudofoiparcialmentefinanciadopeloConselho Naci-onalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e pela bolsa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Medicina Molecular (INCT-MM, Fapemig/CBB-APQ-00075-09eCNPq/573646/2008-2).

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Tabela 1 Dados clínicos, laboratoriais, nutricionais e antropométricos de crianc ¸as diagnosticadas com colestase neonatal em geral e divididas de acordo com a presenc ¸a de cirrose
Tabela 2 Dados clínicos, laboratoriais, nutricionais e antropométricos de crianc ¸as diagnosticadas com colestase neonatal em geral e divididas de acordo com a presenc ¸a de icterícia
Tabela 3 Classificac ¸ão nutricional com base nos índices antropométricos de todo o grupo de pacientes e estratificado de acordo com a presenc ¸a de cirrose
Tabela 4 Classificac ¸ão nutricional com base nos índices antropométricos de todo o grupo de pacientes e estratificada de acordo com a presenc ¸a de icterícia

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