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Contrabando, ilegalidade e medidas políticas no Rio de Janeiro do século XVIII.

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Academic year: 2017

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RESUMO

O presente artigo estuda o contrabando no século XVIII, em especial em relação ao Rio de Janeiro e ao Atlântico Sul. Nes-te artigo discuto não apenas a mecânica do contrabando e os participantes deste comércio ilegal, mas os vários fatores que ocasionaram as medidas portuguesas, metropolitanas e coloniais para impedir o comércio clandestino. Estudo particu-larmente como tais medidas representa-ram um compromisso entre diferentes interesses, tais como: o papel do monar-ca, a integridade ou a maleabilidade da autoridade real, a aplicação dessa legis-lação e os tipos de penalidades impostas aos infratores, trazendo questões sobre o que constituíam ações legais ou ilegais, assim como questões mais amplas rela-tivas à ética e à moralidade pública no Brasil colônia.

Palavras-chave: contrabando; mentali-dades; mercantilismo.

ABSTRACT

This article focuses on contraband in the eighteenth century, with special referen-ce to Rio de Janeiro and the South Atlan-tic. It discusses not merely the mecha-nics of contraband and the participants in this illegal trade, but the many factors that contributed to Portuguese metro-politan and colonial measures to curb clandestine trade. I am particularly in-trigued by the degree to which such mea-sures represented a compromise between different interests. The role of the mo-narch, the integrity or malleability of ro-yal authority, the latitude in enforcement of such legislation and the range of pe-nalties imposed on infractors raise ques-tions as to what constituted legal or ille-gal actions, as well as broader issues of ethics and public morality in colonial Brazil.

Keywords: contraband trade; mentali-ties; mercantilism.

p o lít icas n o

Rio d e

Jan eir o

d o sécu lo XVIII

Ernst Pijning

Minot State University, North Dakota, U.S.A.1

Tradução de Cristina Meneguello.

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Histórias sobre contrabandistas capturam de forma vívida a imaginação. Evocam imagens de heróis como Robin Hood, de assassinos como El Capone ou de degradados como os piratas, cuja existência é sintoma de uma econo-mia ou administração pouco desenvolvidas. Este artigo devolve os contraban-distas a seu lugar de direito no mundo lusófono do século XVIII, ou seja, co-mo empreendedores que pertenciam ao sistema, com boas conexões com as elites governantes. Desse modo, analisar o contrabando torna-se um instru-mento chave para estudar a sociedade colonial brasileira. Não apenas o estu-do estu-do contrabanestu-do fornece uma possibilidade para se entender o funciona-mento do mercantilismo, do sistema jurídico e da ética pública e privada no mundo luso-brasileiro, como também possui implicações amplas para nossa compreensão dos valores e do comportamento coletivo no Atlântico colonial.

Dentre todas as colônias portuguesas, o controle metropolitano era mais forte no Rio de Janeiro, cujo porto servia como um centro político, adminis-trativo e militar para o Atlântico Sul. Havia uma constante troca de ouro, dia-mantes e outros produtos entre o Rio de Janeiro e os distritos mineiros. Um dos poucos portos de mar aberto, o Rio atraía muitos estrangeiros navegan-do para os Mares navegan-do Sul ou para o oceano Índico, era a porta de entrada para o tráfico de escravos com a África e para a cabotagem com o rio da Prata. O Rio de Janeiro permanecia em contato constante e direto com Lisboa, possi-bilitado pelas infalíveis frotas anuais. Quando se tornou sede do vice-reinado em 1763, o Rio já era um grande centro administrativo da região sul e da re-gião das minas sob Gomes Freire de Andrade (1733-1762).

Talvez devido a seu caráter ilusivo, o contrabando, de modo geral, não foi profundamente estudado. Além disso, o tema sofreu preconceitos de or-dem moral e econômica. Allan Christolow, um historiador britânico da pri-meira metade do século XX, é um exemplo nítido desse tipo de historiogra-fia. Ele produziu uma história político-econômica do comércio ilegal das colônias portuguesas e espanholas, admitindo que o comércio ilegal era uma das dimensões do mercantilismo.2Christolow afirmou que a Grã-Bretanha

possuía uma economia superior à de Portugal e que, portanto, o Estado por-tuguês não tinha os meios para impedir que os ingleses fizessem contraban-do. Para essas afirmações, o historiador apoiava-se nas elites diplomáticas e políticas do século XVIII, que legitimaram e estimularam o contrabando com os mesmos argumentos. Porém, o contrabando estava presente em toda a Eu-ropa e nas colônias européias, mesmo na Grã-Bretanha e nas colônias britâ-nicas na América.

Nas décadas de 1960 e 1970, argumentos como os de Christolow foram adotados e reconceitualizados por historiadores partidários da teoria da de-pendência, como Sandro Sideri e especialmente Fernando Novais. Portugal

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era visto como econômica, militar e politicamente subordinado à Inglaterra, situação formalizada pelo Tratado de Methuens. Assim, segundo essa versão, o rei português explorava o Brasil mas não conseguia lucrar com isso, já que Portugal era roubado pela Grã-Bretanha. O contrabando, de acordo com Fer-nando Novais, não estava em contradição com o sistema de exploração, sen-do sintoma e parte integral sen-do munsen-do colonial lusófono. A própria existên-cia do comércio ilegal demonstrava ao mesmo tempo a força, a fraqueza e a flexibilidade inerentes ao sistema colonial.

A partir da década de 1980 os historiadores afastaram-se desse conceito rígido de exploração da periferia pelo centro, buscando uma análise mais cui-dadosa do desenvolvimento autônomo da colônia, ou da negociação, resis-tência e acomodação existentes entre os interesses metropolitanos e os colo-niais. Se o trabalho de Novais foi inovador ao compreender o comércio e a administração coloniais em seus aspectos mais intrincados e flexíveis, uma nova geração de historiadores compreendeu as mesmas relações de forma me-nos antagônica.

Um modelo para os estudos de contrabando é o proposto pelo historia-dor argentino Zacarias Moutoukias. Este historiahistoria-dor, que atua na França, es-tuda o comércio ilegal na Buenos Aires do século XVII como parte indissociá-vel da sociedade colonial, na qual grupos com diferentes interesses cooperavam e competiam entre si, estabelecendo redes a partir de sua participação dentro de atividades ilegais. Com base nos argumentos de Moutoukias, defendo que o contrabando foi incorporado pela organização jurídica, econômica e social do império, que afirmava e não contradizia a autoridade real. Assim como No-vais e Moutoukias, compreendo o contrabando como algo inerente à econo-mia do Atlântico pré-moderno, atuante em todos os aspectos da sociedade lu-so-brasileira, assim como em qualquer outra parte da Europa, África e das Américas. Qual foi, então, o significado do comércio ilegal?

Se o contrabando era um fenômeno aceito e onipresente, como explicar o fato de que algumas pessoas eram de fato processadas e condenadas? Para responder a tal questão, é necessário distinguir entre dois tipos de contraban-do: o que era tolerado pelas autoridades e o que estava sujeito a uma conde-nação universal. O comércio ilegal tolerado era um comércio controlado, per-mitido pelas mesmas pessoas cujas funções oficiais pressupunham exatamente combatê-lo. Em outras palavras: era mais importante quem praticava o co-mércio ilegal e não quanto ele era praticado, ou seja, a qualidade vinha antes que a quantidade. Ao analisar por que algumas pessoas eram perseguidas e outras não, procuro demonstrar onde reside a fronteira entre a tolerância e a condenação, indicando que tais limites eram muito mais definidos pelo sta-tus dos envolvidos do que por questões éticas ou morais. Assim sendo, o que

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determinava o status, coletiva ou individualmente? O status pode ser exami-nado em três diferentes níveis: em primeiro lugar, o internacional, isto é, a negociação realizada em uma esfera de Estado visando a envolver-se em ati-vidades ilegais; em segundo lugar, os meios metropolitanos para influenciar o fluxo do comércio ilegal e, por fim, o interesse regional em colônias e na formação de alianças para perseguir e regulamentar o comércio ilegal.

Diplomatas e oficiais portugueses preocupavam-se muito com a econo-mia política do contrabando. Seus despachos e diários são uma chave para se entender os pensamentos dos contemporâneos a respeito do comércio ilegal, especialmente quanto ao privilegiado porto do Rio de Janeiro. Os diplomatas estrangeiros exploravam o que percebiam ser a posição relativamente fraca que Portugal sustentava em relação à Europa, já que o menor país ibérico era militar e economicamente dependente de todas as outras nações para sua so-brevivência. Portugal era constantamente ameaçado de ocupação pela vizi-nha Espavizi-nha, e importava produtos básicos — como alimentos e têxteis — para atender à demanda das colônias.

Essa posição precária possibilitou que os diplomatas estrangeiros fizes-sem negociações para que suas nações ingressasfizes-sem no comércio ilegal.3Em

troca de auxílio militar e econômico, Portugal foi forçado a tolerar a incidên-cia de comércio ilegal por parte de estrangeiros. Este fato levanta a questão: o que significava a legalidade ou a ilegalidade no comércio?

O comércio ilegal possuía duas faces: atividades comerciais, que eram completamente proibidas, e a evasão de impostos pagos sobre produtos. As duas maiores regras para o comércio dentro do império português eram de que todo o comércio de e para as colônias portuguesas, especialmente o Bra-sil, deveria passar por Portugal, e que todas as exportações de ouro de Portu-gal para nações estrangeiras eram proibidas por lei. Essas exportações de ou-ro eram uma parte essencial da economia portuguesa, pois o ouou-ro equilibrava a balança comercial de Portugal em relação à maior parte dos países europeus e, assim, as autoridades portuguesas procuravam impedir o comércio direto com o Brasil a todo custo. Entretanto, os mercadores privados de nações que apoiavam Portugal, como Inglaterra e Holanda, gozavam de maiores privilé-gios tanto em Portugal quanto nas ilhas do Atlântico. Tais priviléprivilé-gios lhes pro-porcionavam maior facilidade para ingressar em atividades legais e ilegais por intermédio de mercadores portugueses. Por exemplo, mercadores de nações estrangeiras eram julgados por seus próprios magistrados, a quem manti-nham por meio de um salário. As nações assim privilegiadas poderiam obter descontos na alfândega e possuíam liberdade de credo. Já os mercadores fran-ceses tinham muitos problemas, visto sua nação estar envolvida em várias guerras contra Portugal.

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Na regulamentação do comércio ilegal, Portugal concedera diversos pri-vilégios a outras nações. Uma dessa concessões previa que um paquete pode-ria sair de Falmouth (Grã-Bretanha) rumo a Lisboa e vice-versa, isento de ser revistado. Na prática, isto permitia o transporte de ouro para a Inglaterra. As nações que militarmente apoiavam Portugal e que conseqüentemente eram favorecidas — como Inglaterra e Holanda — e possuíam os privilégios mais extensivos do que, como mencionado, a França. Em outras palavras, essas na-ções exigiam o direito de atuar no comércio ilegal em Portugal de e para suas colônias em troca da proteção militar que proporcionavam. Além disso, au-tores estrangeiros afirmavam que a pretensa superioridade moral de suas na-ções sobre um país “atrasado” como Portugal era tamanha que legitimava ações declaradamente ilegais ou práticas comerciais questionáveis. Alegações de “indolência” não eram incomuns, como a do viajante inglês Barrow relati-va à população do Rio de Janeiro em 1801:4

Eles são muito indolentes, muito invejosos e supersticiosos. O dia é dividido en-tre o sono e a cerimônia, o que não possibilita os prazeres do convívio social. Na verdade, as mentes da massa do povo não são suficientemente cultivadas para que se sinta apreço por eles; pois é verdade, como um grande moralista obser-vou, que “sem inteligência o homem não é um ser social, é apenas gregário.

Estas acusações de “indolência” eram extremamente importantes, por-que forneciam aos britânicos a legitimação para conduzir atividades conside-radas ilegais segundo as leis daquelas nações “atrasadas”.

As disputas comerciais existentes na Europa eram transplantadas ao tea-tro do Novo Mundo. Com o objetivo de ganhar contea-trole sobre as atividades comerciais legais e ilegais, as autoridades brasileiras confiscaram cerca de vin-te naus estrangeiras por realizarem comércio direto com a América portu-guesa.5Em certos casos, essas naus eram libertadas após vários anos de ações

legais. Em outras circunstâncias, as confiscações eram objeto de negociação no campo diplomático, como no caso do navio holandês Dom Carlos, con-fiscado no Rio de Janeiro em 1725. Embora a Casa da Suplicação em Lisboa tivesse declarado que o confisco era legal, o rei permitiu a libertação da em-barcação por meio do perdão real. Porém, o perdão trazia importantes restri-ções, pois os Estados holandeses deveriam primeiro fazer oferecer compensa-ções por todos os navios portugueses que haviam sido confiscados na costa africana. Como os choques entre os governos português e holandês nunca fo-ram resolvidos, a questão permaneceu aberta pelo restante do século. Como no caso do Dom Carlos, esses confiscos ocorreram mais freqüentemente du-rante períodos de disputas entre Portugal e nações estrangeiras. Sob

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ções falsas ou verdadeiras, muitas naus estrangeiras navegavam rumo aos por-tos brasileiros. Mesmo visitantes conhecidos, como o capitão James Cook e sir Joseph Banks, dedicaram-se ao comércio ilegal durante sua estada em por-tos brasileiros.6Geralmente os mestres dos navios estrangeiros seguiam a

prá-tica de permitir que as autoridades portuárias locais regulamentassem suas atividades, por vezes contra a política oficial portuguesa. Quando os mestres dos navios não aceitavam esses costumes, oficiais “zelosos” viam-se “obriga-dos” a aplicar a legislação anticontrabando, e os navios poderiam enfrentar sérios problemas.

Embora as autoridades portuguesas protestassem contra o comércio ile-gal em seu território, incentivavam as transações comerciais ilegais entre Por-tugal e a América espanhola. O comércio com os territórios hispânicos atra-vés da Colônia do Sacramento era considerado positivo, pois trazia prata. Além disso, por meio de uma ocupação “virtual” e econômica, tanto os legis-ladores portugueses quanto os espanhóis buscavam obter a posse das terras disputadas. Em outras palavras, os portugueses e outros homens de Estado viam o contrabando com bons olhos desde que este atendesse aos interesses econômicos e políticos de sua terra natal.7

A administração colonial teve papel decisivo na regulação do comércio ilegal. A administração do império português era caracterizada por um alto grau de centralização, especialmente eficiente em cidades portuárias como o Rio de Janeiro. Na prática, a política das Câmaras Metropolitanas dominava as regulações econômicas. A Coroa mantinha sua administração sob controle manipulando sua estrutura com uma série de fiscalizações e balanços, para que os administradores controlassem uns aos outros.8Tais fiscalizações

vigo-ravam tanto no nível das hierarquias administrativas quanto no dos oficiais individuais. O deslocamento da jurisdição era uma estratégia adotada pela Coroa. Os administradores eram de origens nobres (ou menos nobres), al-guns haviam nascido em Portugal e outros eram nativos do Brasil. Essas duas circunstâncias, riqueza e nascimento, eram exploradas e manipuladas pela Co-roa. Por exemplo, os nascidos no Brasil poderiam herdar seus cargos, enquan-to os portugueses eram escolhidos pelo rei; outros ainda poderiam ganhar e vender cargos graças a serviços prestados, por exemplo, no plano militar.

Não surpreende que muitos conflitos tenham surgido entre os adminis-tradores. A jurisdição concedida pelo rei ao administrador significava que parte do comércio ilegal estaria sob seu controle. O rei era o único árbitro dos conflitos existentes, pois as jurisdições eram confusas e sobrepostas; e o rei punha essa política em ação por meio da legislação e de decretos, cartas e pa-tentes reais. O arbítrio real era essencial para que se determinasse o alcance da jurisdição de um indivíduo ou de um órgão do governo. Ao alterar essas

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jurisdições, o rei poderia manipular aqueles que poderiam exercer controle legítimo, e assim participar e se beneficiar de sua própria fatia do comércio ilegal. Portanto pode-se interpretar que o papel da legislação era não apenas decretar punições para quando se infringia a lei, mas também confirmar a autoridade real. Leis repetitivas, ou leis que não eram aplicadas não significa-vam — de acordo com essa visão — uma fragilidade, mas sim a arbitrarieda-de e a dinâmica do poarbitrarieda-der bruto controlado pelo rei como única fonte arbitrarieda-de legi-timação e de autoridade absoluta.

Ao longo do século XVIII, diferentes políticas reais levaram a várias re-formas na administração carioca e em sua jurisdição sobre o comércio legal e ilegal. Vários setores da administração controlavam diferentes aspectos das atividades comerciais. Por exemplo, quando um navio estrangeiro se aproxi-mava da baía de Guanabara, um grupo ia a bordo levando um juiz apontado pela Coroa, um intérprete, um médico, dois oficiais militares de alto escalão e dois delegados das autoridades portuárias. Após o desembarque, o capitão deveria visitar o governador ou o vice-rei, enquanto a nau era vigiada por sol-dados indicados por oficiais da alfândega. Após um interrogatório completo, esses oficiais e soldados aproveitavam a ocasião para se impor como interme-diários em quaisquer atividades comerciais. A autoridade local sobre as ativi-dades comerciais estava em seu auge no início do século XVIII, quando a Câ-mara Municipal controlava a grande parte dos impostos.9Em 1733, após as

disputas entre o governador Luís Vahia Monteiro e os membros da Câmara terem atingido seu ápice, a Câmara Municipal perdeu grande parte de seu po-der sobre a alfândega. O provedor da fazenda e o juiz ouvidor da alfândega tornaram-se figuras chave na administração do porto. No Rio de Janeiro, eles tanto compravam quanto herdavam seus cargos, e eram nativos do Brasil. A partir de 1753, sua posição foi cada vez mais desafiada pelo estabelecimento recente da Relação do Rio de Janeiro. Os juízes da Suprema Corte começa-ram a infringir as jurisdições do provedor da fazenda e do juiz ouvidor da al-fândega, até tomá-las em suas mãos respectivamente em 1769 e 1786. Como os juízes superiores eram em sua maioria nascidos em Portugal, e indicados pelo rei para um mandato fixo de seis anos, a regulação das práticas comer-ciais tornou-se menos local. Ainda assim, esse sistema também se adaptou, pois os juízes da Suprema Corte podiam desposar brasileiras, e também cres-ceu o número de oficiais nascidos no Brasil.

A sociedade colonial era fortemente estratificada. Andando pelas ruas do Rio de Janeiro, era possível distinguir diretamente o status das pessoas por sua aparência e trajes.10Nos desfiles, datas religiosas e festividades públicas,

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em ocasiões públicas e privadas e mesmo na morte, os códigos de vestimenta indicavam esse status. Todos os habitantes — de escravos africanos até o vi-ce-rei — procuravam indicar sua posição social tornando-se membros de ir-mandades, ordens-terceiras, da Santa Casa da Misericórdia, ou pelo trabalho em qualquer órgão público. Era esperado que os habitantes do Rio de Janeiro se vestissem e se comportassem de maneira adequada à sua posição (qualida-de), pois esse sistema de desigualdade estava institucionalizado pela lei e pelo costume.

As atividades econômicas eram tão estratificadas quanto os desfiles. O comércio não estava aberto a todos, pois muitos setores da economia eram monopolizados. Essas áreas incluíam o monopólio do sal, da caça à baleia, da pesca costeira, da importação de vinho e da exportação de madeira e fumo brasileiros. As atividades econômicas eram tão restritas quanto as sociais: as pessoas poderiam tomar parte nelas segundo suas origens sociais e culturais. Como Mary Karasch e Luciano Figueiredo demonstraram, profissões como as de vendedores de certos produtos baseavam-se em gênero e etnias especí-ficos.11

O espaço urbano era importante na determinação de quem regulava quais partes do comércio. O governador, os militares, os oficiais da alfândega e os conselheiros municipais possuíam jurisdição sobre diferentes áreas, designa-das segundo o comércio realizado. A área mais disputada era o cais, sobre o qual todos os quatro grupos buscavam controle. Naquele espaço, ambulan-tes, mercadores, pescadores, soldados, marinheiros de naus costeiras, mari-nheiros estrangeiros e oficiais buscavam sua parcela na economia ilegal. O controle exercido por um administrador sobre esse ambiente podia ser facil-mente convertido em uma renda extra. Por exemplo, os pescadores que che-gavam às praias do Rio de Janeiro com o fruto de sua pesca deveriam pagar uma décima parte a quem os contratava, cobrança esta que cabia à guarda lo-cal. Em 1733 surgiu uma queixa de que esses guardas estariam obrigando os pescadores a vender sua pesca a eles, que então agiam como intermediários livres de impostos.12Mas nenhuma autoridade possuía poder ilimitado, pois

o excesso de controle e abuso de poder por parte dos oficiais levavam a um crescimento dos preços e das queixas. Ou a situação tornava-se uma espécie de modus vivendi, um código não escrito que determinava o que as pessoas podiam ou deviam fazer de acordo com seu status, ou em raras ocasiões hou-ve murmuração entre a população, ou, ainda, ela se rebelava. Um excesso de queixas poderia levar a graves conseqüências para o administrador envolvi-do. Ainda assim, apenas em ocasiões muito raras esse administrador era pro-cessado até o fim.

As fronteiras da tolerância para com o comércio ilegal dependiam da

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sição dos envolvidos. Os de maior status eram os mercadores que enviavam grande quantidade de produtos em suas embarcações, administradores im-portantes, clérigos e oficiais militares. Estes dificilmente eram processados e, se o fossem, raramente o processo corria até seu final. A punição, quando apli-cada, indicava que a pessoa havia não apenas infringido a lei mas, igualmen-te, cruzado a linha que determinava o que era ou não um comportamento “aceitável”.

A hierarquia existente no comércio era reproduzida pelos processos le-gais. Segundo a lei, diferentes penas eram aplicáveis a nobres, clérigos ou ho-mens comuns, e ter posses e boas conexões determinava o grau de punição. Entre essas gradações, era possível conseguir uma prisão mais confortável ou mesmo uma prisão domiciliar, obter a opinião de médicos atestando o im-pacto negativo da prisão para a saúde do acusado e obter, até mesmo, a pos-sibilidade do perdão real.

Segundo Foucault, o significado da punição alterou-se entre o início e o final da Era Moderna. O aprisionamento existia, mas colocar alguém na ca-deia não era considerado uma punição, e sim uma ação preventiva com vis-tas a manter a pessoa fora da sociedade. Entretanto, o processo de encarcera-mento era em si uma punição, que consumia tempo e dinheiro.13A resposta a

petições enviadas ao rei em Portugal poderia, com sorte, ocorrer no prazo de um ano, mas usualmente essas petições terminavam em alguma instituição burocrática como o Conselho Ultramarino e poderiam esperar anos, ou mes-mo décadas, até receberem uma resposta. Após a petição, a Câmara poderia pedir por um parecer no Brasil, o que demorava mais um ano; e se o Conse-lho Ultramarino não chegasse a um acordo, uma segunda (ou terceira) opi-nião por parte de outros administradores em Portugal ou no exterior era so-licitada. Todas essas petições custavam tempo e dinheiro e pessoas menos influentes poderiam vir a morrer na prisão. Por exemplo, o vice-rei veio a sa-ber em 1779 que um soldado estivera encarcerado por 27 anos, embora tives-se sido condenado a apenas um exílio de quatro anos em Santa Catarina. A falta de condições financeiras do prisioneiro impediu sua libertação.14

Por outro lado, dificilmente os mais poderosos e bem relacionados eram aprisionados, ou mesmo processados. Um caso notável foi o de José de Tor-res, um comerciante de Salvador que estabelecera comércio ilegal com os ho-landeses na costa oeste da África. Mesmo tendo o astuto comerciante sido de-nunciado várias vezes, e mesmo havendo claras evidências de suas atividades de contrabando, a Coroa sempre conseguiu a liberdade para ele. Torres rece-beu tal tratamento devido a serviços prestados à Coroa: ele havia construído com sucesso uma fortaleza no oeste da África, o que lhe deu uma espécie de passe livre. Outro caso semelhante foi o de Manoel Nunes Viana, nas Minas

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Gerais das primeiras décadas do século XVIII. Dada a ausência de qualquer controle metropolitano, o rei deu a Viana o cargo de capitão-mor, mesmo ciente de que ele se dedicava a vários atos passíveis de punição. O fato de que Viana traria a autoridade real ao sertão era mais importante do que a puni-ção a seus crimes, ou seja, os serviços prestados por Torres e Viana eram mais importantes que suas atividades ilegais.15Em outras ocasiões, a Coroa não

ti-nha condições para punir oficiais muito bem relacionados. Um exemplo ex-tremo foi o de dom Lourenço de Almeida, que acumulara uma fortuna len-dária após seus cargos como governador de Pernambuco e de Minas Gerais. Suas fortes ligações com a Corte por meio de laços de matrimônio e cliente-lismo impediam que quaisquer ações, legais ou não, fossem tomadas contra ele. Cerca de sessenta anos mais tarde, quando o vice-rei conde de Resende retornou para casa após seu mandato no Rio de Janeiro, as denúncias contra seu comportamento não causaram surpresa. O chanceler da Suprema Corte observou sutilmente que uma ação urgente contra o comércio ilegal consisti-ria em obedecer a lei de 1612 risca, vale dizer, que um governador não pode-ria favorecer os filhos (como o fizera Resende) com sua posição no governo.16

Mas o apreço do príncipe regente não seria abalado por denúncias na colô-nia, e Resende obteve até mesmo uma licença especial para que sua bagagem não fosse inspecionada quando de sua chegada a Lisboa.17Esse tratamento

preferencial chamava a atenção da população local, e até mesmo um obser-vador estrangeiro como Barrow não se furtou a fazer observações sobre o cor-rupto vice-reinado: o vice-rei lhe parecia um grande sovina cujo único obje-tivo era acumular uma fortuna principesca.18

Seria incorreto supor que todos aqueles dotados de poder estavam aci-ma da lei. Felisberto Caldeira Brant, o famoso contratador de diaaci-mantes que se envolveu em inumeráveis negócios ilegais, levou suas atividades a tal pon-to que nem mesmo suas relações pessoais e sua fortuna foram suficientes pa-ra protegê-lo. Bpa-rant foi aprisionado e enviado de forma secreta papa-ra Lisboa, onde veio a falecer na prisão do Limoeiro.19Se Brant faleceu à espera de um

processo, criminosos mais poderosos que sobreviveram ao processo criminal tiveram mais sorte. Um exemplo disto ocorreu com o famoso ourives Fran-cisco Xavier Telles, que confessou sob interrogatório praticar o contrabando de ouro e diamantes. Neste caso, porém, o sistema dobrou-se aos poderosos, pois mesmo com provas cabais o ourives obteve em Portugal o perdão real e a liberdade.

Controlar o trafico ilegal era diferente de participar diretamente de ati-vidades de contrabando. A lei proibia governadores e altos oficiais de se dedi-carem a atividades comerciais. Entretanto, como não raro vice-reis e gover-nadores eram membros de uma nobreza portuguesa pobre, esperava-se que

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enriquecessem em sua estada no Brasil.20Ao longo do século XVIII, o estigma

negativo das atividades comerciais perdeu força, pois era possível até conse-guir o título de nobreza por meio do comércio. Para conseconse-guir ao menos uma aparência de decência, governadores com títulos de nobreza realizavam suas transações financeiras com o auxílio de intermediários. Possuir “ligações pe-rigosas”, como ocorria com ricas potestades como dom Lourenço de Almei-da, era algo comum para os nobres. Suas ações originaram muitos versos sa-tíricos por parte de seu conterrâneos letrados.21Mas como “justiça poética”,

até mesmo os poetas envolviam-se com atividades ilegais. Gonzaga, o ilustre autor e ouvidor da Inconfidência Mineira, autor das satíricas Cartas Chile-nas, possuía fortes ligações com a elite mineira e muitas vezes impediu que seus parentes fossem processados por contrabando.

A idéia de que o comércio ilegal era imoral e errado era vista com per-plexidade. Se o comércio ilegal era por vezes estimulado pela Coroa portu-guesa, como no caso do comércio com o rio da Prata, como poderia ser con-siderado imoral? Para responder a tal questão, é essencial retornar a outra questão básica: como o contrabando era definido?

O dicionário Oxford definia “contrabando” como “atividades ilegais con-trárias à lei ou a proclamações”, termo originado no latim tardio, e como “qual-quer coisa proibida de ser exportada ou importada”. Esta definição neutra tor-na-se mais tendenciosa quando se lê que “(...) mas a forma atual de contrabando parece provir diretamente do tráfico de possessões da Espanha em cerca de 1600”.22Nos exemplos utilizados pelo dicionário, torna-se óbvio

que, dadas as circunstâncias, um contrabandista deixa de seu um herói e pas-sa a ser um vilão. Se durante a Revolução Americana um contrabandista era um “verdadeiro filho de Massachusetts”, no final do século XIX um autor ir-manou os contrabandistas a “vagabundos e ciganos”. Tais definições demons-tram que duas questões estão em jogo: quem estava envolvido e qual o desti-no do contrabando. O contrabando possui uma codesti-notação negativa dentro do próprio país, como por exemplo a Inglaterra — quando é perpetrado pe-los escalões mais baixos da sociedade. No entanto, no caso das colônias britâ-nicas na América, os colonos em busca da independência consideravam o co-mércio ilegal como “patriótico”. Contrabandear para a América espanhola até mesmo originou a palavra, como se o ato do contrabando fosse algo próprio apenas daquelas regiões.

Autores portugueses e brasileiros também marginalizaram os contraban-distas. Os vice-reis eram julgados com rigor e condenados. Segundo o conde de Resende, ele próprio acusado de atividades ilegais, os contrabandistas eram “pessoas perversas” que colocavam seus próprios interesses acima dos do Es-tado.23Luís de Vasconcellos e Souza chamou os contrabandistas do sul de “

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divíduos vagos e dispersos, que vivem segundo a lei da natureza, sem disciplina e sem religião”.24Em outras palavras, pessoas fora do controle do governo e

da igreja e, portanto, imorais. O marquês de Lavradio, predecessor de Vas-concellos e Souza, acreditava que a instrução seria uma solução para o pro-blema. Em sua opinião, “esta qualidade de gente que são a peste dos Estados, não estando eles acostumados senão a huma relaxação a mais escandaloza, bem consedero que armará contra mim o espirito destas gentes que vivião sem conhe-cimento, nem respeito as Leys”.25Assim, de acordo com o honesto Lavradio,

também os que deveriam aplicar a lei eram culpados por não ensinar o cami-nho correto. Esse tema era recorrente nos escritos pessoais e oficiais de La-vradio, pois ele objetivava diferenciar-se de seus predecessores para conse-guir, mais tarde, favores reais.

O discurso oficial da legislação portuguesa destacava especialmente os comissários volantes como agentes de atividades ilegais, pois eram contrata-dos pelos mercadores britânicos em Lisboa para realizar comércio no Brasil. Considerados como “forasteiros” dentro do comércio normal, eram conde-nados nos mais duros termos. Para servir de exemplo para os estrangeiros que apoiavam esses comissários, uma lei de 1757 condenava esses contrabandis-tas, que traziam tantos danos ao comerciante honesto, “à abjeção e desprezo de todas as nações civilizadas”.26

Tanto a legislação oficial quanto as cartas oficiais dos vice-reis ao secre-tário de Estado descreviam os contrabandistas como pessoas de baixa estirpe, oriundos dos piores setores da sociedade. Os acusados por esse crime não eram o oficial venal ou o mercador distante, mas os forasteiros. Eles deveriam ser processados, pois ultrapassavam sua posição na sociedade. Essa, a visão oficial de comércio ilegal. Entretanto, os homens da colônia revidavam com sátiras e mesmo com relatos publicados sobre a economia e a sociedade da América portuguesa. Um dos relatos mais neutros sobre a economia brasilei-ra colonial foi o do jesuíta Antonil, publicado em 1711. Antonil defendia o Estado e fazia várias observações sobre impostos e ilegalidade. Em um capí-tulo, Antonil defendeu, utilizando autores seculares e religiosos, o direito de o rei de coletar o quinto, argumentando que o solo era patrimônio do rei e, portanto, cabia ao rei decidir quem trabalhava nele; em troca, os mineiros pa-gavam o quinto para financiar os gastos da República e a manutenção da re-ligião.27Assim, ao rei era dado o poder de punir aqueles que rompiam esse

contrato.

Para Antonil, os contrabandistas eram pequenos mercadores que cor-riam o risco de serem apanhados por duvidosos administradores. Em uma descrição acerca do fumo, o padre jesuíta afirmava que muitas famílias eram arruinadas quando o pater familiasera apanhado praticando contrabando,

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sendo a pena de cinco anos de exílio para Angola alta demais a se pagar para os pequenos lucros conseguidos com o comércio ilegal. O contrabandista po-deria ser inventivo e engenhoso — muitos escondiam o fumo nos lugares mais inusitados —, mas os riscos eram muito altos e o administrador era “dos mes-mos ministros que como Argos de cem olhos vigiam, quando não são juntamen-te Briarêos de cem mãos para receber”.28

Sendo um padre, Antonil silenciava de uma forma incomum sobre os as-pectos morais do comércio ilegal. Neste sentido, os contrabandistas não eram aqueles párias da sociedade como os vice-reis e a legislação defendiam, mas sim pais de família aos que se deveria prevenir sobre o preço a pagar caso fos-sem apanhados em suas atividades. Quanto aos mineiros, que contestavam os direitos da Coroa de coletar impostos depois que o ouro havia sido extraí-do com tanto esforço, Antonil rapidamente afirmava que a Igreja estava extraí-do lado do rei. Entretanto, a venalidade dos oficiais, seculares ou não, em nada auxiliava a afirmar os direitos reais.

A condenação moral direta aos contrabandistas era rara. A legislação por-tuguesa chamava o comércio ilegal de “pernicioso”, não porque fosse imoral, mas porque o contrabandista roubava as riquezas do rei ou fraudava os bens do povo, ao mesmo tempo em que prejudicava o bom andamento do comér-cio honesto. Mas se o contrabando não prejudicasse o tesouro real nem fosse complementar a atividades comerciais normais — como no comércio com Buenos Aires —, então era tolerado e até mesmo estimulado. Em outras pa-lavras, por vezes quebrar a lei era visto como muito positivo.

A condenação moral não constava nem do discurso oficial nem dos es-critos religiosos. Apenas no âmbito não-oficial, de forma encoberta, tais opi-niões eram proferidas. Uma importante obra marcada pela condenação mo-ral era Arte de Furtar. Tais questões eram tão sensíveis que tanto o autor quanto a data de publicação de Arte de Furtartiveram que ser omitidos para que o li-vro fosse impresso. Escrito originalmente em meados do século XVII, publi-cado apenas em 1742 (embora se alegasse que o fora em 1652), a obra trazia a falsa autoria do célebre padre e orador do século XVII, Antônio Vieira. Den-tro da velha tradição de O Soldado Prático,de Diogo de Couto, que lidava com a venalidade da Índia portuguesa do século XVII, o autor de Arte de Furtar expõe as maneiras pelas quais o povo podia roubar o tesouro real.29Afirma

que ladrões podiam ser encontrados em toda a sociedade, mas, diferentemen-te do que se dizia na legislação real e nos relatórios dos vice-reis, esses ladrões não estavam apenas entre os párias da sociedade. Pelo contrário, a obra afir-ma que o rei espanhol era um ladrão, assim como os membros da alta socie-dade, pois quanto mais alto se sobe, mais se pode roubar. O livro termina com uma lição moralista e religiosa para os poderosos: você pode roubar o que

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quiser, obter todos os títulos imagináveis, mas morrerá tão nu quanto nas-ceu. Os pecadores vão para o inferno, e a fortuna deixada para as massas após a morte não impedirá esse fato.

Ao lermos o discurso não-oficial sobre a ilegalidade, podemos inferir que os homens da colônia encaravam a ambivalência entre crime e contrabando com uma dose de humor. As sátiras eram a arma mais poderosa contra os pe-cados da administração. Como se pode imaginar, não muitas foram publica-das, principalmente no século XVIII. As obras restantes são atribuídas a Gre-gório de Matos e ao poeta inconfidente Tomas António Gonzaga, que lidou com a sociedade viciada indo do comportamento sexual condenável à cor-rupção em massa.30Tais poemas satíricos vieram à luz apesar do controle

ofi-cial, e eram escritos pelos próprios oficiais. Gonzaga era ouvidor em Ouro Preto, de Matos um desembargador do Tribunal Eclesiástico do Brasil, e seus leitores provavelmente eram da mesma estatura social.

Dentro de um estilo pessoal, Gonzaga e de Matos podiam criticar a cor-rupção e o contrabando, especialmente de seus inimigos. Seus poemas nos lembram das muitas denúncias enviadas por oficiais contra seus colegas, re-sistindo não tanto contra o rei português ou o sistema colonial, mas contra seus próprios rivais.

O contrabando permanece um fenômeno ambivalente. O fracasso em condenar o comércio ilegal como algo imoral nas fontes oficiais e legislativas e sua ampla aceitação dentro da sociedade brasileira fizeram do contrabando um crime ilusório. O contrabando era tolerado quando praticado por si pró-prio, e condenável quando praticado pelo outro. Tanto o comércio legal quan-to o ilegal eram desiguais e hierárquicos, pois ocorriam em um mercado e em uma sociedade não-livres. Praticar contrabando era — e permanece sendo — parte de nossa sociedade, seja no Brasil do século XVIII, na Holanda ou nos Estados Unidos, hoje. Sua relevância reside não na existência do comér-cio ilegal em si, mas no fato de que podia ser regulado, tanto pela sociedade quanto por seus representantes. O aumento no número de confiscos e denún-cias do fim do século XVIII e início do XIX demonstraram a perda desse con-trole e a necessidade de uma reforma profunda na sociedade colonial.

NOTAS

1Este projeto de pesquisa foi financiado pela Fundação Luso-Americana para o

desenvolvimen-to (Lisboa, Portugal), Prins Bernhard/Reiman de Bas Fonds (Amsterdam/The Netherlands), The John Carter Brown Library (Providence, Rhode Island, U.S.A.), e The John Hopkins Uni-versity (Baltimore, Maryland, U.S.A.).

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and Lisbon to Spanish America and Brazil, 1759-1783”. In Hispanic American Historical Review

[HAHR],1947, 27:1, pp. 2-29; para uma discussão historiográfica, vide: KAGAN, Richard L.,

“Prescott’s Paradigm: American Historical Scholarship and the Decline of Spain”. In American

Historical Review,101, 1996, pp. 423-446; SIDERI, Sandro. Trade and Power. Informal

Colonia-lism in Anglo-Portuguese Relations. Rotterdam; Rotterdam University Press, 1970; NOVAIS,

Fer-nando A. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistem a Colonial (1777-1808).4ª ed., São Paulo:

Editora Hucitec, 1986; FRAGOSO, João Luís Ribeiro. Homens de Grossa Aventura: Acumulação e

Hierarquia na Praça Mercantil do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1992;

FRA-GOSO, João & FLORENTINO, Manolo. O Arcaísmo como Projeto. Mercado Atlântico, Sociedade

Agrária, e Elite Mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790 - c.1830. 2ª ed., Rio de Janeiro: Sete Letras,

1993; BICALHO, Maria Fernanda Baptista. A Cidade e o Império: o Rio de Janeiro na Dinâmica

Colonial Portuguesa. Séculos XVII e XVIII. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, 1997;

FIGUEIREDO, Luciano.O Avesso da Memória. Cotidiano e Trabalho da Mulher em Minas

Ge-rais no Século XVIII.Rio de Janeiro: José Olympio, 1993; FURTADO, Júnia Ferreira. O Livro da

Capa Verde. O Regim ento Diam antino de 1771 e a Vida no Distrito Diam antino no Período da

Real Extração. São Paulo: Annablume, 1996; ROMEIRO, Adriana. “Confissões de um Falsário:

as Relações Perigosas de um Governador nas Minas. In História: Fronteiras. XX Simpósio Na-cional da ANPUH, São Paulo: ANPUH, 1999, vol. 1, pp. 321-337; MOUTOUKIAS, Zacarias. “Power, Corruption, and Commerce: The Making of the Local Administrative Structure in Se-venteenth Century Buenos Aires”. In HAHR, 1988, 68:4, pp. 771-801; Contrabando y Control

Colonial, Buenos Aires y el Espacio Peruano en el Siglo XVII. Buenos Aires: Bibliotecas

Universi-tárias, 1988; “Una forma de Oposición: el Contrabando”. In GANCI, Massimo & ROMANO, Ruggiero. (org.). Governare il Mondo. L’Imperio Spagnolo dal XV al XIX Secolo. Palermo: Società Siciliana per la Storia Patrial, 1991, pp. 333-368; “Reseaux Personelles et Autorité Coloniale: les Négociants de Buenos Aires au XVIIIe siècle”. In Annales E.S.C.1992, 4/5: pp. 889-914.

3PIJNING, Ernst. “Passive Resistance: Portuguese Diplomacy of Contraband Trade during king

John V’s Reign (1706-1750)”. Arquipélago - História20 série, II (1997), pp. 171-191; sobre os problemas da França nas ilhas do Atlântico, vide: Despacho do cônsul francês em Fayal, Mr. de Harrangue, 29 março, 1724, Archives Nationalles (Paris)[ANP], Affaires Étrangères [AE], B/I/487, fl.41r-44v, LABOURDETTE, Jean-François. La Nation Française a Lisbonne de 1669 à 1790 entre

Colbertisme et Liberalisme. Paris, Fondation Gulbenkian, 1988, pp. 153-158.

4“They are very indolent, very jealous of each other, and very superstitious. The day is divided

between sleep and ceremony, and mutual distrust is but ill suited for the pleasures of social in-tercourse. In fact, the minds of the mass of the people are not sufficiently cultivated to feel any relish for them; for it is a certain truth, as a great moralist has observed, that “without intelli-gence man is not social, he is only gregarious”. BARROW, John. A Voyage to Cochinchina in the

Years 1792 and 1793(London: printed for T. Cadell and W. Davis, 1806) 97.

5As fontes para essas afirmações constam da correspondência diplomática dos embaixadores

francês e britânico e o representante do governo holandês, encontradas em diferentes arquivos: Archives Nationalles Paris [ANP], Public Record Office, Algemeen Rijksarchief, e Ministério de Negócios Estrangeiros [M.N.E.] no Arquivo Nacional da Torre do Tombo [ANTT], assim como em papéis avulsos [p.a.] do Rio de Janeiro no Arquivo Histórico Ultramarino [AHU] e na Se-ção Colonial [S.C.] do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro [ANRJ]. O número é extremamente

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baixo. A título de exemplo: em Cartagena de las Indias e arredores, nada menos que 413 embar-cações foram confiscadas no período entre 1715 e1761. Vide: GRAHN, Lance. The Political

Eco-nomy of Smuggling. Regional informal Economies in Early Bourbon New Granada. Boulder,

Wes-tview Press, 1997, appendix 1.3; Dom Luís da Cunha, Instrucções Inéditas de Dom Luís da Cunha

a Marco António de Azevedo Coutinho.AZEVEDO, Pedro de. (org.). Coimbra: Imprensa da

Uni-versidade, 1929, p. 152, Representação do representante do governo holandês em Lisboa, Smis-saert, para a rainha, 25 março, 1782, ANTT, M.N.E., Arquivo Central, caixa 507; os historiado-res holandeses tendem a subestimar o papel dos traficantes luso-brasileiros de escravos na Costa da Mina: HEIJER, Henk den. Goud, Ivoor en Slaven, Scheepvaart en Handel van de Tweede W

es-tindische Compagnie op Afrika, 1674-1740. Zutphen: Walburg Pres, 1997, pp. 193-204.

6

ALDEN, Dauril. Royal Government in Colonial Brazil. W ith a Special Reference to the

Adminis-tration of the Marquis of Lavradio, Viceroy, 1769-1779. Berkeley: University of California Press,

1968, pp. 403-417; BANKS, Joseph. The Endeavour Journal of Joseph Banks 1768-1771. BEAGLE-HOLE, J.C. (org.). Sydney: Halstead Press, 1962, 1:190.

7ALDEN. Royal Government. pp. 67-68; Despacho de Alexandre de Gusmão para o governador

de Sacramento, Luís Garcia Bivar, January 20, 1749. In CORTESÃO, Jaime. Alexandre de

Gus-m ão e o Tratado de Madrid.Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, 1953, 2:1, pp.

288-290; CAMPBELL, Donald. “Reflexoens imparciaes sobre o trafico de escravatura entre as Colonias de Portugal e Hespanha”.30 abril, 1802, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 199, doc. 6. 8Clarence Haring também contribuiu para a compreensão da administração metropolitana e

colonial. Sobre o império espanhol, tais relações são mais bem descritas em: The Spanish

Empi-re in America. 1ª ed., 1947; reprint: San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, 1985. Considero uma

“armadilha weberiana” achar que a única causa de corrupção e venalidade seja a noção de que os administradores julgavam seus cargos como de posse privada; WEHLING, Arno e Maria Jo-sé. “O Funcionário Colonial entre a Sociedade e o Rei,” In DEL PRIORE, Mary. (org.). Revisão

do Paraíso. Os Brasileiros e o Estado em 500 Anos de História. Rio de Janeiro, Editora Campus,

2000, pp. 144-145.

9BICALHO, Maria Fernanda Baptista. “As Representações da Câmara do Rio de Janeiro ao

Mo-narca e as Demonstrações de Lealdade dos Súditos Coloniais, Séculos XVII e XVIII”. In VIEIRA, (org.), O Município no Mundo Português,pp. 527-531, ALDEN, Royal Government, pp. 309-310; Alvará 3 março, 1770, AHU, Rio de Janeiro p.a., caixa 94, doc. 11, Portaria Luís de Vasconcellos e Souza, 17 fevereiro, 1786, Arquivo Nacional Rio de Janeiro, Seção Colonial, caixa 496, pacote 3. Num primeiro momento, os pedidos para que juízes da Suprema Corte se casassem com habitan-tes locais foram abertamente negados: representação Mathias Pinheiro da Silveira para o rei, ana-lisada em 13 janeiro, 1754, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 55, doc. 7. Mais tarde esses casamentos foram permitidos sem que se ao menos fosse apresentado o nome da futura esposa: representação Joaquim de Amorim Castro para o príncipe regente, analisada em 16 julho, 1805, AHU, Rio de Ja-neiro, p.a., caixa 222, doc. 42. Para um estudo aprofundado sobre a importância da “mestiçagem” na Suprema Corte de Justiça de Salvador, vide: SCHWARTZ, Stuart B. Sovereignty and Authority

in Colonial Brazil, the High Court in Bahia and its Judges, 1609-1751. Berkeley: University of

Cali-fornia Press, 1973. Entre 1752 e 1808, cerca de 15% dos juízes da Suprema Corte eram de nasci-dos nas colônias. WEHLING and WEHLING. “O Funcionário Colonial”. p.158.

(17)

des do Rio de Janeiro e de Salvador (Século XVIII)”. In SILVA, Maria Beatriz Nizza da. (org.).

Brasil Colonização e Escravidão.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, pp. 178-191.

11KARASCH, Mary. “Suppliers, Sellers, Servants, and Slaves”. In HOBERMAN, Louisa Schell

and SOCOLOW, Susan Migden. Cities & Society in Colonial Latin America. Albuquerque:

Uni-versity of New Mexico Press, 1986, pp. 268-271; FIGUEIREDO, Luciano. Avesso da Mem ória. pp. 43-71.

12.Requerimento de pescador ao governador, 18 julho, 1731, despacho do governador Luís Vahia

Monteiro, mesma data, ANRJ, S.C., cód. 87, fl. 158r. Fernanda Bicalho demonstrou que as dis-putas jurídicas aconteciam não somente sobre questões comerciais mas também de defesa. Para as políticas do espaço urbano no Rio de Janeiro, vide: BICALHO, Maria Fernanda Baptista. A

Cidade e o Império: o Rio de Janeiro na Dinâmica Colonial Portuguesa, Séculos XVII e XVIII.Tese

de doutorado, Universidade de São Paulo, 1997, pp. 388-437, e seu “O Urbanismo Colonial e os Símbolos do Poder: o exemplo do Rio de Janeiro nos Séculos XVII e XVIII”. In Estudos

Ibero-Americanos. PUC/RS, vol. 24, nº 1, June, 1998, pp. 31-57.

13. FOUCAULT, Michel. Surveiller et Punir, Naissance de la Prison. 1ª ed., 1975; reimpresso

Saint-Amand, Bussière Camedans Imprimeries, 2000, pp. 267-273; HESPANHA, História de Portugal. Vol. 4, p. 246; SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do Ouro. A Pobreza Mineira no Século

XVIII. 3ª ed., Rio de Janeiro: Graal, 1990, pp. 116-129; SILVEIRA, Marco António. O Universo

do Indistinto. Estado e Sociedade nas Minas Setecentistas (1735-1808). São Paulo: Hucitec, 1997,

pp. 154-161.

14Parecer de Luís de Vasconcellos e Souza para Martinho de Mello e Castro, 23 setembro, 1779,

AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 120, doc. 69; VERGER, Pierre. Flux et Reflux de la Traite des

Nè-gres entre le Golfe de Bénin et Bahia de Todos os Santos du Dix-Setième au Dix-Neuvième Siècle.

Paris and The Hague, Mouton, 1968, pp. 72-78.

15RUSSEL-WOOD, A.J.R. & VIANA, Manuel Nunes. Paragon or Parasite or Empire? The Ameri-cas.Vol. 37, p. 4, April 1981, pp. 479-498; sobre d. Lourenço de Almeida, veja: ROMEIRO,

Con-fissões de um Falsário. pp. 329-330, Despacho De Montagnac ao secretário de Estado da França,

14 de abril de 1733, ANP, AE, B/I/666, fl.24r-249r e visconde de Santarém, Quadro Elem entar das Relações Politicas e Diplomáticas de Portugal com as diversas Potencias do Mondo desde o

Prin-cípio da Monarchia até aos nosso Dias.Lisboa: Académia das Sciencias, 1842-1860, 5, cclxvii,

fonte 33; sobre o conde de Resende, veja: Carta anônima para conde de Resende, Biblioteca Na-cional do Rio de Janeiro [BNRJ], ms. 11,2,2.

16Memorando de Luís Beltrão de Gouvea d’Almeida para o secretário de Estado visconde de

Anadia, 16 abril, 1802, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 196, doc. 40.

17Despacho de Pedro de Sante da Silva para o secretário de Estado, 7 julho, 1802, AHU, Rio de

Janeiro, p.a., caixa 201, doc.5.

18BARROW,

A Voyage to Cochinchina. p. 97.

19.FURTADO, Júnia Ferreira. “O Labirinto da Fortuna: ou os Revezes na Trajetória de um

Con-tratador de Diamantes. In História: Fronteiras. São Paulo: XX Simpósio Nacional da ANPUH,

1999, pp. 309-320; “Autos de Sequestros e perguntas sobre o ouro e brilhantes pertencentes a indivíduos do Rio de Janeiro”, ANTT, Intendência Geral da Polícia, maço 601; Requerimento de Francisco Xavier Telles para o rei, analisado em 15 fevereiro, 1777, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 111, doc. 25; Alvará 29 agosto, 1720, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 13. doc.28.

(18)

20MONTEIRO, Nuno Gonçalo. “O Endividamento Aristocrático (1750-1832): Alguns

Aspec-tos”, Análise Social, pp. 116-117, 1992, pp. 263-283. No que se refere a Lavradio, Monteiro

argu-menta que os poucos nobres que fizeram fortuna no Brasil eram exceções à regra, e que esses nobres encaravam seus serviços no exterior como um sacrifício: O Crespúsculo dos Grandes. A

Casa e o Patrimônio da Aristocracia em Portugal (1750-1832). Lisboa: Imprensa Nacional Casa

da Moeda, [1996], pp. 536-540; MONTEIRO, Nuno. “Poder Senhorial, Estatuto Nobiliárquico e Aristocracia”. In HESPANHA, História de Portugal, vol. 4, p. 336.

21ROMEIRO. “Confissões de um Falsário”, p. 330; GONÇALVES, Adelto.

Gonzaga, um Poeta do

Iluminismo.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, pp. 205-206.

22(...) “unlawful dealing against law or proclamation”, “anything prohibited to be imported or

exported”, “but the actual form in contra- appears to have come directly from the contraband traffic with the Spanish possessions c. 1600”, “bold and true son of Massachussetts”, “idlers and gypsies”. MURRAY, James A.H. et al(orgs.), The Oxford English Dictionary. being a Corrected Reissue with an Introduction, Supplement, and Biography of a New English Dictionary on

Histori-cal Principles Founded Mainly on the Materials Collected by the PhilologiHistori-cal Society. Oxford:

Cla-rendon Press, 1933, 3, pp. 833-834.

23Despacho do conde de Resende para dom Rodrigo de Souza Coutinho, secretário de Estado,

12 dezembro, 1798, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 175, doc. 87.

24Despacho de Luís de Vasconcellos e Souza para Martinho de Mello e Castro, secretário do

Es-tado, 2 outubro, 1784, BNRJ, ms. 4,4,6, fl. 216v.

25Despacho do marquês de Lavradio para Martinho de Mello e Castro, 11 setembro, 1770, AHU,

Rio de Janeiro, p.a. caixa 97, doc. 57.

26WALPOLE, “Observations on the answer”, 26 maio, 1769, British Library, Additional

Manus-cripts 9252, fl. 57v-58v; Alvará 14 novembro, 1757, Collecção das Leis, Decretos e Alvarás. Lisboa: Officina de António Rodrigues Galhardo, 1797, vol. 1.

27ANTONIL, André João.

Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas. Texte de

l’édi-tion de 1711, traducl’édi-tion française et commentaire critique. MANSUY, Andreé. (org.). Paris: Institute des Hautes Études de l’Amérique Latine, 1968, pp. 394-416.

28ANTONIL, André João. op. cit., p. 338; Despacho de Gomes Freire de Andrade para o rei, 24

junho, 1754, AHU, Rio de Janeiro, papéis avulsos catalogados, Castro e Almeida, 16.214; Me-morando de Pina Manique, superintendente de contrabando em Lisboa, 6 outubro, 1784, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 134, doc. 32A, Despacho de Donald Campbell, almirante da frota do Brasil e da Guarda Costeira para dom Rodrigo de Souza Coutinho, 7 abril, 1801, AHU, Rio de Janeiro, p.a., caixa 191, doc. 84; BISMUT, Roger. (org.). Arte de Furtar.Lisboa: Imprensa

Nacio-nal Casa da Moeda 1991, pp. 13-37.

29COUTO, Diogo do. O Soldado Prático. LAPA, M. Rodrigues. (org.), 3ª ed., Lisboa: Livraria Sá

da Costa, 1980; Arte de Furtar, capítulos 2 e 16; Arte de Furtar, pp. 371-377.

30. GONZAGA, Tomas Antônio. Cartas Chilenas.FURTADO, Joaci Pereira. (org.). São Paulo:

Companhia de Letras, 1995; MATOS, Gregório de. Obra Poética. AMADO, James & ARAÚJO,

Emanuel. (orgs.), 2 vols., 3ª ed.; Rio de Janeiro: Editora Record, 1992.

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