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Celulose em dietas para leitões recém-desmamados

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

CELULOSE EM DIETAS PARA LEITÕES

RECÉM-DESMAMADOS

Manuela Vantini Marujo

Zootecnista

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

CELULOSE EM DIETAS PARA LEITÕES

RECÉM-DESMAMADOS

Manuela Vantini Marujo

Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Thomaz

2013

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Marujo, Manuela Vantini

M389c Celulose em dietas para leitões recém-desmamados / Manuela Vantini Marujo. – – Jaboticabal, 2013

x, 65 f. : il. ; 28 cm

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2013

Orientadora: Maria Cristina Thomaz

Banca examinadora: Luciano Hauschild, Fabio Enrique Lemos Budiño

Bibliografia

1.Desmame. 2. Fibra dietética. 3. Leitões. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 636.4:636.086

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

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“ Mentes pequenas discutem pessoas, mentes medianas discutem eventos e

mentes grandes discutem ideias. ” Anna Eleanor Roosevelt

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Dedico

Aos meus pais Victor Miguel Marujo e Ana Paula Vantini Marujo, ao meu irmão João Marujo Neto e a minha avó Olga Vantini pelo exemplo, incentivo e amor incondicional; ao meu namorado Eddie Toshio Waraya pelo apoio e bons momentos; Amo vocês.

Ofereço

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AGRADECIMENTOS

À Deus por me acompanhar nesta caminhada, pela vida que tenho e por me dar forças para realizar meu trabalho.

À Professora Maria Cristina pela orientação, oportunidades e exemplo a ser seguido.

Aos professores que participaram das bancas de qualificação e defesa, Jane Maria Bertocco Ezequiel, Luciano Hauschild e Fabio Enrique Lemos Budiño pela colaboração com esta Dissertação.

À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/Unesp – Câmpus de Jaboticabal e ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia pela oportunidade de realização do curso.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP pelo auxílio à pesquisa concedido.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES pela bolsa de estudos concedida.

Aos funcionários do Setor de Suinocultura/FCAV-Unesp, Sr. Wilson e José pela ajuda e amizade.

Às Denises e ao Prof. João Santana do Laboratório de Imunoparasitologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP pela ajuda e ensinamentos.

Aos funcionários e ao Prof. Aureo do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp pela colaboração.

Aos membros e amigos do grupo de estudos e pesquisa SUINESP, Vivian Almeida, Everton Daniel, Marco Monteiro, Daniela Rodrigues, Fabricio Castelini, Maryane Oliveira e Ysenia Silva fundamentais para a realização deste trabalho.

Aos amigos que de alguma força me ajudaram e incentivaram nesse período Paula, Renan, Adriana, Talita, Anieli, Livia, Inaê, Erika, Diego, Victor e todos os demais.

À toda minha família e namorado, por me apoiarem e estarem sempre ao meu lado.

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SUMÁRIO

Página

Certificado da comissão de ética no uso de animais II

Resumo... III

Summary... IV

Capítulo I – Considerações Gerais 1

Introdução... 1

Revisão de literatura... 2

Referências... 9

Capítulo II – Desempenho, incidência de diarreia, tempo de trânsito gastrintestinal, imunidade e características morfofisiológicas e microbiológicas do trato gastrintestinal 15 Resumo... 15

Summary... 17

Introdução... 19

Materiais e Métodos... 20

Resultados e Discussão... 30

Conclusão... 46

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CELULOSE EM DIETAS PARA LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS

RESUMO - Dois experimentos foram conduzidos com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão de celulose purificada, como fonte de fibra insolúvel, na dieta de leitões recém-desmamados. No experimento I, o desempenho, a incidência de diarreia e o tempo de trânsito das dietas no trato gastrintestinal foram avaliados em 72 leitões desmamados aos 21 dias de idade. No experimento II, foram utilizados 32 leitões recém-desmamados para determinar o pH e a viscosidade da digesta no estômago, intestino delgado e ceco; a morfologia e a microbiologia intestinal; os pesos dos órgãos gastrintestinais, do fígado e do pâncreas, e a imunidade animal. Em ambos os experimentos, os tratamentos consistiram de uma dieta basal com adição de 0,0; 1,5; 3,0 ou 4,5% de celulose purificada. O delineamento em blocos completos casualizados foi utilizado em todos os experimentos para controlar variações no peso vivo inicial. Os abates foram realizados aos 35 e 50 dias de idade. O aumento no nível de celulose purificada resultou em efeito quadrático na conversão alimentar, no consumo diário de ração e na incidência de diarreia. Aos 35 dias de idade, o peso relativo do ceco, o pH do intestino delgado, a altura das vilosidades e a relação altura das vilosidades (AV)/profundidade das criptas (PC) do jejuno apresentaram efeito quadrático, enquanto a relação AV/PC do duodeno aumentou linearmente com o aumento do nível de inclusão de celulose purificada. Aos 50 dias de idade, o peso relativo do ceco e do cólon, a contagem de

Lactobacillus spp. na porção distal do intestino delgado e a morfologia intestinal do jejuno (AV, PC e relação AV/PC) apresentaram resposta quadrática, enquanto o peso relativo do pâncreas reduziu linearmente com o aumento no nível de celulose purificada. A imunidade dos animais e as viscosidades do conteúdo estomacal e da digesta do intestino delgado não foram afetadas pelos tratamentos. A inclusão de celulose purificada às dietas reduziu o tempo de trânsito gastrintestinal e os níveis entre 2,3 a 2,8% na dieta de leitões recém-desmamados proporcionaram os melhores resultados para os parâmetros de desempenho e maiores pesos do intestino grosso. Contribuições positivas para a saúde intestinal como vilosidades, incidência de diarreia e quantificação de Lactobacillus foram observadas com o acréscimo de celulose purificada na ração em níveis superiores a 3,0%.

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CELLULOSE IN DIETS FOR NEWLY WEANED PIGLETS

SUMMARY - Two experiments were conducted to evaluate the effects of purified cellulose inclusion in the diets of newly weaned piglets. In trial I, performance, incidence of diarrhea, and gastrointestinal transit time were evaluated from 72 pigs weaned at 21 days of age. In trial II, a total of 32 pigs newly weaned were used to determine pH and viscosity of gastric content, small intestine and cecal digesta, intestinal morphology and microbiology, gastrointestinal organs, liver and pancreas weights, and animal immunity. In both experiments, dietary treatments consisted of a basal diet with 0.0, 1.5, 3.0, or 4.5% of added purified cellulose. The randomized complete block design was used in all experiments to control for variations in initial body weight. The piglets were slaughtered at the age of 35 and 50 days. Increasing purified cellulose level resulted in a quadratic effect on feed conversion ratio, daily feed intake and incidence of diarrhea. At 35 days of age, relative cecum weight, small intestine pH, villous height and villous height (VH):crypt depth (CD) ratio in the jejunum showed a quadratic effect, whereas VH:CD ratio in the duodenum linearly increased with the increasing level of purified cellulose inclusion. At 50 days of age, relative cecum and colon weight, Lactobacillus spp. count in the distal portion of the small intestine, and intestinal morphology in the jejunum (VH, CD, and VH:CD ratio) had a quadratic response, whereas relative pancreas weight was linearly decreased with the increasing purified cellulose level. Animal immunity and viscosities of gastric content and small intestine digesta were not affected by dietary treatments. The inclusion of purified cellulose to the diets reduced the gastrointestinal transit time and levels between 2.3 to 2.8% in the diet of newly weaned piglets provided the best results for parameters of performance and higher weights of the large intestine. Positive contributions to intestinal health as villi, incidence of diarrhea and quantification of Lactobacillus were observed with the addition of purified cellulose in the diet at levels greater than 3.0%.

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CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS

INTRODUÇÃO

O desmame é um período estressante para os leitões, muitas vezes associado ao baixo consumo de alimento, pouco ou nenhum ganho de peso e marcado por mudanças na estrutura e na função do trato gastrintestinal (BOUDRY et al. 2004), que está em desenvolvimento. Isto, aliado à secreção insuficiente de enzimas digestivas e à inadequada produção de ácido clorídrico pelo estômago (CROMWELL, 1989), reduzem o aproveitamento dos nutrientes, fato que aumenta a susceptibilidade a infecções entéricas, resultando em altas taxas de morbidade e até mortalidade dos animais.

A manutenção da saúde intestinal de leitões é fundamental para melhorar o desempenho animal, para isso, os ingredientes da ração têm que ser bem escolhidos, ou seja, apresentarem boa qualidade e digestibilidade apropriada para os animais (PUPA, 2008), a fim de evitar distúrbios e estabelecer equilíbrio no trato digestório.

Diante da proibição Europeia do uso de antibióticos e quimioterápicos como promotores de crescimento nas dietas de leitões, a busca por novos ingredientes alimentares que contribuam para o funcionamento eficaz do trato gastrintestinal dos animais, favorecendo o bom desempenho, tornam-se imprescindíveis para a produção intensiva de suínos.

A adição de fontes de fibra em dietas fornecidas no período pós-desmame pode favorecer a saúde intestinal de leitões. Há evidências de que o aumento na fibra dietética insolúvel pode reforçar a microbiota comensal no intestino grosso (WILLIAMS et al. 2001), além de induzir reduções significativas nas contagens de bactérias coliformes e na incidência de diarreia (MATEOS et al. 2006).

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Assim, objetivou-se avaliar inclusões de celulose purificada sobre o desempenho, a incidência de diarreia, o tempo de trânsito gastrintestinal, a imunidade, as características morfofisiológicas e microbiológicas do trato gastrintestinal de leitões recém-desmamados.

REVISÃO DE LITERATURA

Desmame e características morfofisiológicas e microbiológicas do trato gastrintestinal de leitões

O desmame de suínos é marcado por mudanças nutricionais, sociais e ambientais. Para o leitão, o desmame significa a perda do grupo social estabelecido, do ambiente conhecido, da mãe e do leite, sua principal fonte de alimento. É caracterizado por um período de baixo consumo de alimento, morbidade e susceptibilidade a infecções entéricas; pois, o desenvolvimento funcional do trato gastrintestinal, que engloba o desenvolvimento dos enterócitos e mucosa, da microbiota e do sistema imunológico intestinal, está diretamente relacionado ao desempenho do animal (BANDEIRA et al. 2007).

A anorexia pós-desmame resulta em alterações na integridade intestinal e aparenta ser um dos mais importantes fatores etiológicos associados a distúrbios intestinais (MONTAGNE et al. 2007). Inicialmente afeta o metabolismo, o crescimento e a saúde dos animais, mas quando associada ao desmame, alterações histológicas e bioquímicas ocorrem no intestino delgado, tais como atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas, fato que diminui as capacidades digestiva e absortiva do órgão, de forma a favorecer as diarreias pós-desmame (HÖTZEL e MACHADO FILHO, 2004), além de diminuir o consumo voluntário e a capacidade de absorção dos nutrientes (NABUURS, 1995).

A baixa capacidade temporária dos leitões em acidificar o conteúdo gástrico, o acúmulo de alimentos não digeridos no intestino delgado e a fermentação da proteína no intestino grosso, são fatores envolvidos na proliferação de bactérias patogênicas, prejudiciais aos animais (LALLÈS et al. 2007).

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com a secreção de enzimas digestivas e ácidos, necessários à digestão. No entanto, no período pós-desmame, observa-se piora nos processos digestivos, o que proporciona às bactérias dos intestinos delgado e grosso meio rico em substratos, gerando desequilíbrio e favorecendo a proliferação de microrganismos patogênicos, que durante o processo de fermentação, quando aderidos à mucosa intestinal, liberam toxinas que a danificam (MOLLY, 2001).

A população de microrganismos no trato gastrintestinal dos suínos é muito grande e variável com o tempo, alterando-se à medida que o tamanho do trato aumenta e que as dietas e os substratos mudam (VAREL e YEN, 1997).

A ingestão adequada de ração, assim como a utilização de nutrientes específicos na alimentação dos leitões, pode colaborar na manutenção das capacidades de digestão e de absorção do epitélio intestinal (BUDIÑO et al. 2010), estabelecendo equilíbrio no trato digestório e prevenindo distúrbios em suas estrutura e função.

Estudos têm demonstrado que cereais alternativos e ingredientes fibrosos são fisiologicamente ativos e podem melhorar a saúde e o desempenho produtivo de leitões ao desmame, indo além do fornecimento de nutrientes biodisponíveis. Seus principais benefícios incluem modular as populações microbianas do trato digestório e influenciar o sistema imunológico (PETTIGREW, 2008).

Efeitos da fibra dietética nas dietas de leitões recém-desmamados

A fibra dietética é uma mistura complexa de carboidratos associados a outros componentes. É predominantemente encontrada na parede celular das plantas e consiste de polissacarídeos não amiláceos (PNA´s) e lignina, podendo estar associada, ainda, com proteínas, ácidos graxos e ceras (McDougall et al. 1996, citado por BACH KNUDSEN, 2001).

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tecidos que recobrem o endosperma no cereal (camada de aleurona, pericarpo/testa, cascas), da solubilidade destes polissacarídeos, de suas propriedades físico-químicas, da concentração na dieta, da espécie e idade animal (DIERICK et al. 1989; BACH KNUDSEN, 1997 e 2001; SOUFFRANT, 2001; WENK, 2001).

Os PNA’s podem ser classificados como solúveis e insolúveis, mas por não serem digeridos, mantêm dentro das células vegetais compostos ricos em energia, como carboidratos solúveis, lipídeos e proteínas (BEDFORD, 2000), que serão parcialmente degradados e aproveitados no ceco (LIU e BAIDOO, 1997). No entanto, o grau de fermentação depende, principalmente, da fonte de fibra dietética (VAREL e YEN, 1997).

Apesar de apresentar alguns fatores antinutricionais, observa-se que a fibra dietética possui propriedades benéficas para leitões recém-desmamados. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), resultantes da fermentação da fibra, além de reduzirem o pH intestinal, de modo a favorecer a proliferação de Lactobacillus e bifidobactérias, espécies benéficas aos animais, aumentam a produção de mucina (BUSTOS-FERNANDEZ et al. 1978; GASKINS, 2003). Sabe-se que a mucina atua como protetor importante contra microrganismos causadores de danos físicos e químicos no epitélio intestinal (MONTAGNE et al. 2003), reduzindo, assim, a incidência de úlceras gástricas e gastroenterite (LEE e CLOSE, 1987). A fibra dietética insolúvel modifica a motilidade gastrintestinal, o tempo de trânsito da digesta, influencia as taxas de secreções digestivas, aumenta a atividade das enzimas pancreáticas e a concentração de enzimas intestinais (CARNEIRO et al. 2008).

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YEN, 1997). O consumo de alimentos com elevados teores de PNA´s insolúveis pode levar ao aumento no tamanho dos órgãos gastrintestinais (KASS et al. 1980; JØRGENSEN et al. 1996).

O efeito da fibra dietética sobre o desenvolvimento da estrutura e anatomia do epitélio intestinal depende do tipo de fibra e da sua capacidade de aumentar a viscosidade da digesta. A presença de digesta altamente viscosa no lúmen intestinal aumenta a velocidade de perda celular, levando à atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas (MONTAGNE et al. 2003). Leitões alimentados com dietas contendo carboximetilcelulose, de baixa viscosidade, apresentaram melhora na morfologia do intestino delgado, com maior altura das vilosidades (McDONALD et al. 2001).

Os produtos finais da fermentação da fibra são os ácidos graxos de cadeia curta principalmente, acetato, propionato e butirato, água e gases (CO2, H2 e CH4), além de outros metabólitos como lactato, etanol e succinato, formados por diferentes tipos de bactérias. Com exceção do etanol, estes produtos não se acumulam em um intestino saudável, pois servem como substrato para alimentação cruzada de bactérias e são posteriormente convertidos em AGCC. Dentre os produtos da fermentação da fibra dietética, apenas os AGCC contribuem para o abastecimento energético do animal, especialmente para a produção de gordura. O butirato, como principal fonte de energia para as células epiteliais, melhora a saúde dos intestinos; o propionato é um eficiente substrato para a gliconeogênese e o acetato estimula a lipogênese (BINDELLE et al. 2008).

Os AGCC, que em meio ácido, são capazes de inibir o crescimento de alguns patógenos intestinais como Escherichia coli, Salmonella spp. e Clostridium spp, são quase completamente absorvidos pelo trato gastrintestinal. A absorção de AGCC estimula a de sódio, que provoca a reabsorção de água no cólon. Por conseguinte, a fibra alimentar na dieta mantem a fermentação no intestino grosso e reduz o potencial de ocorrência de diarreia (MOSENTHIN et al. 2001; JOHNSTON et al. 2003).

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microbiota quanto com a mucosa, influenciando diretamente a anatomia, a função e o desenvolvimento do trato gastrintestinal. O conhecimento da composição e da quantidade de AGCC produzidos no intestino a partir da fermentação da fibra, é essencial para o entendimento de alterações digestivas e microbiológicas, adicionalmente à sua influência sobre bactérias patogênicas e produção de mucina no intestino. Assim, a inclusão de fibras não lignificadas em dietas para leitões, pode reduzir a incidência e a duração de diarreias infecciosas, bem como favorecer a reidratação dos animais (MONTAGNE et al. 2003).

Apesar de nutrientes específicos serem conhecidos por sua importância no desenvolvimento e função do sistema imunológico, sabe-se pouco sobre o potencial de atuação das fibras dietéticas sobre o sistema imune e sua consequente melhora na saúde intestinal dos animais. Em decorrência disso, algumas hipóteses têm sido propostas e discutidas; uma delas é de que a fibra não é hidrolisada e nem absorvida na parte superior do trato gastrintestinal, tornando-se substrato seletivo para um número limitado de bactérias colonizadoras benéficas, que irão alterar a microbiota do intestino (SCHLEY e FIELD, 2002).

O intestino é o maior órgão imune do corpo. O tecido linfoide associado ao intestino representa mais de 50% das células imunes, 80% das células imunológicas secretoras e 25% da massa da mucosa. É composto por células que residem nas regiões de lâmina própria do intestino, intercaladas com os linfócitos intraepiteliais e com as células do tecido linfático organizado, como Placas de Peyer e linfonodos do mesentério. Há evidências de que as células imunes distribuídas de forma difusa no intestino são a primeira linha de defesa do sistema imunológico da mucosa (FIELD et al. 1999).

Estudos realizados com alguns tipos de fibra dietética, demonstraram aumento no número de linfócitos e leucócitos no sangue, e das imunoglobulinas, IgA e IgE no tecido linfoide associado ao intestino e mudanças nas concentrações de CD4 e CD8 nas Placas de Peyer, nos linfócitos intraepiteliais e nos linfonodos do mesentério (FIELD et al. 1999; SCHLEY e FIELD, 2002).

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A celulose é um polissacarídeo não amiláceo insolúvel em água, álcool ou ácidos diluídos (CHOCT, 2001). A fibra dietética insolúvel pode reforçar o desenvolvimento da função intestinal que, por sua vez, pode influenciar a motilidade e o tempo de trânsito da digesta (STANOGIAS e PEARCE, 1985). Alguns trabalhos têm demonstrado que sua inclusão, em dietas para leitões recém-desmamados, gera efeitos benéficos sobre a saúde intestinal dos animais.

PASCOAL et al. (2012) avaliando diferentes fontes de fibra para leitões recém-desmamados, concluíram que a inclusão de casca de soja, celulose purificada ou polpa cítrica às dietas, não afetou o desempenho produtivo e o tempo de trânsito das dietas no trato gastrintestinal. No entanto, a inclusão de 1,5% de celulose purificada promoveu efeitos benéficos no controle da diarreia e melhoria de alguns parâmetros imunológicos, como menor concentração de imunoglobulinas, em especial a IgA. Isto pode ser explicado devido à menor incidência de diarreia observada nos animais que consumiram tal dieta, visto que a produção de IgA é estimulada por alguma infecção entérica (SILVA et al. 2008).

HEDEMANN et al. (2006) avaliaram o efeito da fonte (pectina, solúvel e casca de cevada, insolúvel) e a concentração (7; 10,4; 14,7%) de fibra nas dietas de leitões desmamados sobre a morfologia intestinal, atividade enzimática e produção de mucina, e observaram que os animais que consumiram as dietas contendo pectina, apresentaram menores ganho de peso e consumo de ração, reduções nas alturas das vilosidades, profundidades das criptas e produção de mucina e maior número de vilosidades por milímetro quadrado. Já os animais alimentados com dietas contendo casca de cevada, apresentaram melhoria na morfologia intestinal, com maior altura das vilosidades e aumento da atividade enzimática. Concluíram, então, que a fibra insolúvel foi útil para otimizar a função do intestino.

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o que sugere que leitões alimentados com dietas ricas em fibras insolúveis podem ser melhor protegidos contra bactérias patogênicas.

MOLIST et al. (2009) estudaram a influência da inclusão de PNA´s insolúveis (farelo de trigo), solúveis (polpa de beterraba) nas dietas de leitões desmamados sobre as propriedades físico-químicas e composição da digesta, populações e atividade microbiana. Os animais alimentados com dieta contendo fibra insolúvel apresentaram maiores ganho de peso e consumo de ração, menor tempo de trânsito gastrintestinal e maior capacidade de retenção de água pela digesta. As dietas com fibras insolúvel e insolúvel+solúvel promoveram mudança benéfica na colonização por microrganismos, com maior produção de AGCC no intestino grosso, principalmente o ácido butírico, além de proporcionarem menores contagens de enterobactérias na digesta.

Isto foi anteriormente evidenciado por HÖGBERG e LINDBERG (2004), quando avaliaram a inclusão de cereais e seus subprodutos, em concentrações altas e baixas de PNA´s, nas dietas de leitões desmamados, e observaram que aquelas com altas concentrações promoveram maior ganho de peso nos animais. Além disso, estas dietas diminuíram o pH no ceco e cólon, aumentaram a produção de AGCC no estômago e íleo e as proporções dos ácidos butírico no íleo, ceco e cólon e do propiônico no íleo, alterando, ainda, a população microbiana intestinal positivamente.

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REFERÊNCIAS

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WENK, C. The role of dietary fibre in the digestive physiology of the pig. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 90, p. 21-33, 2001.

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CAPÍTULO II – CELULOSE EM DIETAS PARA LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS: DESEMPENHO, INCIDÊNCIA DE DIARREIA, TEMPO DE TRÂNSITO GASTRINTESTINAL, IMUNIDADE, CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS E MICROBIOLÓGICAS DO TRATO GASTRINTESTINAL

RESUMO – Foram realizados dois experimentos para avaliar os efeitos da inclusão de celulose purificada nas dietas de leitões recém-desmamados sobre o desempenho, o tempo de trânsito gastrintestinal, a incidência de diarreia e as características morfofisiológicas e microbiológicas do trato digestório. Em ambos os experimentos, os tratamentos consistiram de uma dieta basal com adição de 0,0; 1,5; 3,0 ou 4,5% de celulose purificada. No experimento I, 72 leitões desmamados aos 21 dias de idade, com peso médio inicial de 6,45 ± 1,84 kg, foram utilizados em um delineamento em blocos completos casualizados, com nove repetições por tratamento e dois animais por unidade experimental, para avaliar o desempenho, o tempo de trânsito gastrintestinal e a incidência de diarreia. No experimento II, a imunidade e as características morfofisiológicas e microbiológicas do trato digestório foram determinadas para 32 leitões machos castrados, com peso médio inicial de 6,68 ± 1,79 kg. Os abates foram realizados aos 35 e 50 dias de idade. O aumento no nível de celulose purificada resultou em efeito quadrático na conversão alimentar, no consumo diário de ração e na incidência de diarreia, com inclusões de 2,36 a 2,75% de fibra às dietas. Aos 35 dias de idade, o peso relativo do ceco, o pH do intestino delgado, a altura das vilosidades e a relação altura das vilosidades (AV)/profundidade das criptas (PC) do jejuno apresentaram efeito quadrático, com adições de 1,95 a 2,61% de fibra nas dietas, enquanto a relação AV/PC do duodeno aumentou linearmente com o aumento do nível de inclusão de celulose purificada. Aos 50 dias de idade, o peso relativo do ceco e do cólon, a contagem de

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reduziu o tempo de trânsito gastrintestinal e os níveis entre 2,3 a 2,8% na dieta de leitões recém-desmamados proporcionaram os melhores resultados para os parâmetros de desempenho e maiores pesos do intestino grosso. Contribuições positivas para a saúde intestinal como vilosidades, incidência de diarreia e quantificação de Lactobacillus foram observadas com o acréscimo de celulose purificada na ração em níveis superiores a 3,0%.

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CHAPTER II – CELLULOSE IN DIETS FOR NEWLY WEANED PIGLETS: PERFORMANCE, INCIDENCE OF DIARRHEA, GASTROINTESTINAL TRANSIT TIME, IMMUNITY, MORPHOPHYSIOLOGICAL AND MICROBIOLOGICAL CHARACTERISTICS OF THE GASTROINTESTINAL TRACT

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large intestine. Positive contributions to intestinal health as villi, incidence of diarrhea and quantification of Lactobacillus were observed with the addition of purified cellulose in the diet at levels greater than 3.0%.

(30)

INTRODUÇÃO

O período pós-desmame é considerado a fase mais crítica da vida do leitão, pois está associado a vários fatores estressantes, tais como perda do contato com a porca, mudança da dieta líquida (leite) para sólida (ração), formação de nova hierarquia social e mudança ambiental (instalações, temperatura ambiente). Nesse período de transição, pode-se observar consumo de ração reduzido, atrofia das vilosidades intestinais e reduzidas capacidades enzimática e absortiva do intestino, o que prejudica a digestão e a absorção de nutrientes (MOLIST et al. 2011). Além disso, a imaturidade do sistema digestório dos leitões e sua imunidade ativa pouco desenvolvida favorecem a multiplicação de bactérias patogênicas no intestino, as quais determinam a ocorrência de diarreias no período pós-desmame.

Dentre os ingredientes utilizados nas rações para suínos na fase inicial, a fibra tem merecido destaque. O efeito benéfico da utilização de fibra dietética na dieta de leitões ao desmame é baseado na melhoria do seu estado de saúde. De fato, a fibra dietética insolúvel pode melhorar a morfologia do intestino delgado (HANCZAKOWSKA et al. 2008), reduzir a incidência de diarreia dos animais (PASCOAL et al. 2012) e a contagem de enterobactérias (MOLIST et al. 2009).

A literatura é divergente sobre o tipo de polissacarídeo não amiláceo que protege contra doenças entéricas pós-desmame, mas prebióticos que estimulam bactérias benéficas, como Lactobacillus, podem ser considerados relevantes. Contrariamente, a fibra solúvel e viscosa predispõe a problemas entéricos pós-desmame, possivelmente porque os polissacarídeos solubilizados fornecem microambiente favorável para as bactérias patogênicas (BACH KNUDSEN et al. 2012), enquanto fontes de fibras ricas em fibra insolúvel reduzem a severidade de doenças entéricas pós-desmame (SMITH e HALLS, 1968), tornando pertinente, também, o estudo dos seus efeitos sobre as características morfofisiológicas do trato gastrintestinal.

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intestino, quando a fibra dietética foi ingerida, sugerindo assim, que este nutriente dietético modula a imunidade intestinal (SCHLEY e FIELD, 2002).

A vasta existência de produtos e coprodutos no Brasil, que podem ser avaliados nas dietas de leitões, com o intuito de utilizá-los como prebióticos ou ingredientes funcionais, visando identificar fatores que tornem seu uso eficiente sobre a manutenção da saúde intestinal, bem-estar e desempenho dos animais, tornaram necessárias as buscas por novas estratégias nutricionais, que visem não utilizar antibióticos ou outro aditivo promotor de crescimento.

Assim, objetivou-se avaliar inclusões de uma fonte de fibra insolúvel, a celulose purificada, sobre o desempenho, o tempo de trânsito gastrintestinal, a incidência de diarreia, a imunidade e as características morfofisiológicas e microbiológicas do trato gastrintestinal de leitões recém-desmamados.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp, Câmpus de Jaboticabal, sendo o primeiro para avaliar o desempenho, a incidência de diarreia e o tempo de trânsito gastrintestinal, e o segundo para avaliar o pH e a viscosidade da digesta, os pesos de órgãos, a imunidade, a morfologia e a microbiologia da mucosa intestinal.

Experimento I – Desempenho, incidência de diarreia e tempo de trânsito das dietas no trato gastrintestinal

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Os animais foram distribuídos em um delineamento em blocos completos casualizados, para controlar as diferenças no peso inicial, com quatro tratamentos, nove repetições por tratamento e dois animais por unidade experimental.

A partir dos 10 dias de idade, ainda na maternidade, os leitões receberam dieta composta principalmente por milho, farelo de soja, fonte de lactose e 0,5% de celulose purificada, com o objetivo de adaptação morfológica e microbiológica do intestino.

As dietas experimentais foram compostas, principalmente, por milho, farelo de soja e fonte de lactose e continham 0 (DC – dieta controle); 1,5 (1,5% CEL - celulose); 3,0 (3,0% CEL) e 4,5% (4,5% CEL) de celulose purificada (Celulose Microfina®).

As dietas experimentais (Tabelas 1, 2 e 3) foram formuladas, de acordo com ROSTAGNO et al. (2011), de modo a atender as exigências nutricionais mínimas dos animais, nas seguintes fases: I – dos 21 aos 35 dias, II - dos 36 aos 50 dias e III – dos 51 aos 63 dias de idade e a elas não foram adicionados antibióticos ou qualquer promotor de crescimento.

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Tabela 1. Composições centesimal, química e energética das dietas experimentais utilizadas na fase I - dos 21 aos 35 dias de idade dos leitões.

Ingredientes, % DC 1,5% CEL 3,0% CEL Dietas experimentais1 4,5% CEL

Milho moído 45,94 43,62 42,12 38,92

Farelo de soja 20,09 19,43 19,27 13,23

Produto lácteo2 20,00 20,00 20,00 20,00

Óleo de soja 0,64 1,68 2,69 2,80

Isolado proteico de soja 5,80 6,15 6,32 9,00

Açúcar 3,00 3,10 2,22 7,00

Celulose purificada - 1,50 3,00 4,50

Fosfato bicálcico 2,04 2,04 2,01 2,08

Calcário calcítico 0,59 0,59 0,54 0,57

L-Lisina.HCl, 78,4% 0,58 0,58 0,58 0,59

DL-Metionina, 99% 0,13 0,13 0,13 0,14

L-Treonina, 98% 0,24 0,24 0,24 0,28

L-Triptofano, 99% 0,03 0,03 0,03 0,03

Sal comum 0,40 0,39 0,33 0,34

Antioxidante 0,02 0,02 0,02 0,02

Suplemento mineral3 0,10 0,10 0,10 0,10

Suplemento vitamínico4 0,40 0,40 0,40 0,40

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Valores calculados

Energia metabolizável, kcal/kg 3400 3400 3400 3400

Proteína bruta5, % 21,00 21,00 21,00 20,40

Fibra insolúvel6, % 10,16 11,34 12,59 13,85

Fibra solúvel6, % 1,89 1,76 1,65 1,57

Cálcio5, % 0,88 0,88 0,86 0,87

Fósforo disponível5, % 0,53 0,53 0,53 0,54

Lactose, % 14,00 14,00 14,00 14,00

Lisina digestível5, % 1,45 1,45 1,45 1,45

Metionina digestível5, % 0,41 0,41 0,41 0,41

Treonina digestível5, % 0,91 0,91 0,91 0,91

Triptofano digestível5, % 0,26 0,26 0,26 0,26

1

DC - dieta controle; 1,5% CEL - dieta contendo 1,5% de celulose purificada; 3,0% CEL - dieta contendo 3,0% de celulose purificada e 4,5% CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada; 2Nuklospray K21-70% Lactose; Suplementos 3mineral e 4vitamínico - Agroceres® - não continha qualquer tipo de promotor de crescimento. Níveis de garantia por kg de ração: Vit. A – 1.066.681,6 U.I.; Vit. D3 – 400.000 U.I.; Vit. E – 4.000 UI; Vit. K – 1.066,68 mg; Vit B2 – 800 mg; Vit. B12 – 4.400 g; Ácido pantotênico – 2.800 mg; Niacina – 5,2 g; Colina – 48 g; Iodo – 141,68 mg; Selênio – 30 µg; Manganês – 4,002 g; Zinco – 7,497 g; Cobre – 1,5 g; Ferro – 2,493 g;

5

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Tabela 2. Composições centesimal, química e energética das dietas experimentais utilizadas na fase II - dos 36 aos 50 dias de idade dos leitões.

Ingredientes, % DC 1,5%CEL Dietas experimentais3,0%CEL 1 4,5%CEL

Milho moído 49,83 47,10 43,46 40,61

Farelo de soja 22,67 23,21 25,55 19,27

Produto lácteo2 14,00 14,00 14,00 14,00

Óleo de soja 1,16 2,06 3,00 3,00

Isolado proteico de soja 5,00 5,00 4,16 7,66

Açúcar 3,00 3,00 3,00 7,00

Celulose purificada - 1,50 3,00 4,50

Fosfato bicálcico 1,55 1,55 1,56 1,58

Calcário calcítico 1,00 0,80 0,72 0,72

L-Lisina.HCl, 78,4% 0,49 0,48 0,46 0,49

DL-Metionina, 99% 0,09 0,09 0,09 0,11

L-Treonina, 98% 0,18 0,18 0,18 0,20

L-Triptofano, 99% 0,01 0,01 0,01 0,02

Sal comum 0,50 0,50 0,29 0,32

Antioxidante 0,02 0,02 0,02 0,02

Suplemento mineral3 0,10 0,10 0,10 0,10

Suplemento vitamínico4 0,40 0,40 0,40 0,40

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Valores calculados

Energia metabolizável, kcal/kg 3375 3375 3375 3363

Proteína bruta5, % 21,00 21,00 21,00 21,00

Fibra insolúvel6, % 10,96 12,33 13,68 14,94

Fibra solúvel6, % 2,02 1,93 1,82 1,71

Cálcio5, % 0,93 0,85 0,83 0,83

Fósforo disponível5, % 0,45 0,45 0,45 0,45

Lactose, % 9,80 9,80 9,80 9,80

Lisina digestível5, % 1,33 1,33 1,33 1,33

Metionina digestível5, % 0,37 0,37 0,37 0,37

Treonina digestível5, % 0,84 0,84 0,84 0,84

Triptofano digestível5, % 0,24 0,23 0,24 0,24

1

DC - dieta controle; 1,5% CEL - dieta contendo 1,5% de celulose purificada; 3,0% CEL - dieta contendo 3,0% de celulose purificada e 4,5% CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada; 2Nuklospray K21-70% Lactose; Suplementos 3mineral e 4vitamínico - Agroceres® - não continha qualquer tipo de promotor de crescimento. Níveis de garantia por kg de ração: Vit. A – 1.066.681,6 U.I.; Vit. D3 – 400.000 U.I.; Vit. E – 4.000 UI; Vit. K – 1.066,68 mg; Vit B2 – 800 mg; Vit. B12 – 4.400 g; Ácido pantotênico – 2.800 mg; Niacina – 5,2 g; Colina – 48 g; Iodo – 141,68 mg; Selênio – 30 µg; Manganês – 4,002 g; Zinco – 7,497 g; Cobre – 1,5 g; Ferro – 2,493 g;

5

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Tabela 3. Composições centesimal, química e energética das dietas experimentais utilizadas na fase III - dos 51 aos 63 dias de idade dos leitões.

Ingredientes, % DC 1,5%CEL Dietas experimentais3,0%CEL 1 4,5%CEL

Milho moído 67,90 65,38 62,84 68,09

Farelo de soja 26,43 26,00 25,57 11,74

Óleo de soja 0,80 1,78 2,76 3,00

Isolado proteico de soja 1,17 1,64 2,12 8,67

Celulose purificada - 1,50 3,00 4,50

Fosfato bicálcico 1,58 1,59 1,60 1,65

Calcário calcítico 0,57 0,57 0,56 0,59

L-Lisina.HCl, 78,4% 0,41 0,40 0,40 0,51

DL-Metionina, 99% 0,05 0,05 0,05 0,07

L-Treonina, 98% 0,13 0,13 0,13 0,18

L-Triptofano, 99% - - - 0,03

Sal comum 0,44 0,44 0,45 0,45

Antioxidante 0,02 0,02 0,02 0,02

Suplemento mineral2 0,10 0,10 0,10 0,10

Suplemento vitamínico3 0,40 0,40 0,40 0,40

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Valores calculados

Energia metabolizável, kcal/kg 3230 3230 3230 3230

Proteína bruta4, % 19,24 19,24 19,24 19,24

Fibra insolúvel5, % 11,83 13,17 14,49 15,85

Fibra solúvel5, % 2,22 2,11 2,03 1,86

Cálcio4, % 0,77 0,77 0,77 0,77

Fósforo disponível4, % 0,38 0,38 0,38 0,38

Lisina digestível4, % 1,10 1,10 1,10 1,10

Metionina digestível4, % 0,31 0,31 0,31 0,31

Treonina digestível4, % 0,69 0,69 0,69 0,69

Triptofano digestível4, % 0,20 0,20 0,20 0,20

1DC - dieta controle; 1,5% CEL - dieta contendo 1,5% ‘de celulose purificada; 3,0% CEL - dieta contendo 3,0%

de celulose purificada e 4,5% CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada; Suplementos 2mineral e

3vitamínico - Agroceres® - não continha qualquer tipo de promotor de crescimento. Níveis de garantia por kg de

ração: Vit. A – 1.066.681,6 U.I.; Vit. D3 – 400.000 U.I.; Vit. E – 4.000 UI; Vit. K – 1.066,68 mg; Vit B2 – 800 mg; Vit. B12 – 4.400 g; Ácido pantotênico – 2.800 mg; Niacina – 5,2 g; Colina – 48 g; Iodo – 141,68 mg; Selênio – 30 µg; Manganês – 4,002 g; Zinco – 7,497 g; Cobre – 1,5 g; Ferro – 2,493 g; 4Valores nutricionais dos ingredientes, propostos por ROSTAGNO et al. (2011); 5Valores obtidos por meio de análises laboratoriais.

Desempenho

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Incidência de diarreia

Com o objetivo de verificar a influência das dietas experimentais sobre a incidência de diarreia, foi realizado o levantamento dos escores fecais dos leitões, nos primeiros 21 dias do período experimental. Duas vezes ao dia, foi verificada a consistência das fezes, mediante análise visual, de acordo com os seguintes escores: 1 - fezes normais, 2 - fezes pastosas e 3 - fezes aquosas. Os escores 1 e 2 foram considerados fezes não diarreicas e o 3 diarreicas. Estas identificações foram realizadas sempre pelo mesmo observador.

Tempo de trânsito das dietas no trato gastrintestinal

Na fase III, dos 50 aos 63 dias de idade, foi determinado o tempo de trânsito das dietas, realizado medindo-se o tempo gasto entre a ingestão do alimento marcado com óxido férrico, e o aparecimento das primeiras fezes com a coloração característica do marcador. Para isso, no dia da determinação do tempo de trânsito, os animais foram alimentados com a mesma quantidade (0,500 kg) de dieta marcada e em seguida, quando não havia sobra, foi oferecida mais ração sem o marcador e à vontade.

Análises estatísticas

As pressuposições para a análise de variância foram verificadas com o uso do teste de Cramer-von Mises para a normalidade dos erros. Em seguida, realizou-se a análise de variância e quando o teste F foi significativo ao nível de 5% de probabilidade, os graus de liberdade do fator nível de celulose purificada foram desdobrados em componentes linear, quadrático e cúbico. As análises foram realizadas pelo pacote PROC GLM (General Linear Models) do programa estatístico SAS modelo 9.2.

(37)

Foram utilizados 32 leitões, machos castrados, desmamados aos 21 dias de idade, com peso médio inicial de 6,68 ± 1,79 kg, que foram alojados em baias de 2,55 m2 cada, equipadas com bebedouros tipo chupeta, comedouros semiautomáticos e fonte de calor nos primeiros 20 dias do período experimental. No decorrer do ensaio foram realizados dois abates, sendo um aos 35 dias e outro aos 50 dias de idade, quando encerrou-se o período experimental.

Os animais foram distribuídos em um delineamento em blocos completos casualizados, para controlar as diferenças no peso inicial, com quatro tratamentos, oito repetições por tratamento e um animal por unidade experimental.

Assim como no experimento I, a partir dos 10 dias de idade, ainda na maternidade, os leitões receberam dieta composta principalmente por milho, farelo de soja, fonte de lactose e 0,5% de celulose purificada, com o objetivo de adaptação morfológica e microbiológica do intestino.

As dietas experimentais foram as mesmas utilizadas no experimento I (Tabelas 1 e 2) e formuladas de modo a atender as exigências nutricionais mínimas dos animais, de acordo com ROSTAGNO et al. (2011), nas seguintes fases: I – dos 21 aos 35 dias e II - dos 36 aos 50 dias de idade e a elas não foram adicionados antibióticos ou qualquer promotor de crescimento.

Abate dos Animais

Foram abatidos quatro animais por tratamento, aos 35 e aos 50 dias de idade. Os leitões selecionados para o abate foram determinados de acordo com os pesos médios dos blocos em que estavam distribuídos. No momento do abate, os animais foram insensibilizados por choque elétrico, seguido por sangria. Logo após a sangria, foram avaliadas as seguintes variáveis:

Pesos dos órgãos do sistema digestório

(38)

pH e viscosidade

Imediatamente após o abate, foram retirados os conteúdos do estômago, intestino delgado e ceco, colocados separadamente em recipientes plásticos para determinação do pH, com auxílio de um peagômetro digital, que foi inserido nas referidas amostras. A mesma amostra de cada segmento foi homogeneizada, diluída com água destilada na proporção de 1:1 e centrifugada a 12000 x g por 8 minutos, sendo o sobrenadante utilizado para determinar a viscosidade em mPa.s, com o uso de um viscosímetro digital.

Imunidade

A imunidade dos animais foi avaliada nas Placas de Peyer (massas de linfócitos) localizadas na mucosa do íleo por meio de citometria de fluxo (Flow Cytomettry BD-Facscalibur, com laser de argônio a 488 nm, de 15 mW).

Após o abate e a retirada dos órgãos, uma porção do íleo de cada animal foi coletada, armazenada em 4 mL de meio de cultura incompleto (RPMI) e mantida sob refrigeração. No Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp, Câmpus de Jaboticabal, a porção do íleo colhida foi cortada em pedaços menores e macerada em uma peneira, sendo o conteúdo lavado com RPMI e despejado em tubo tipo falcon. Os tubos foram centrifugados a 252 x g por 10 minutos e o sobrenadante descartado. As células sedimentadas no fundo dos tubos foram resuspendidas em 1 mL de RPMI e contadas em câmara de Neubauer.

Foram utilizados cinco tubos por amostra e em cada tubo foram adicionados 100 L de suspensão celular a 1x106/mL e 2 L dos respectivos reagentes:

suspensão celular sem reagentes no tubo 1; controle negativo IgG2b: RPE (MCA691) no tubo 2; controle negativo IgG2a: RPE (MCA929) no tubo 3; anticorpos monoclonais (marcadores de superfície) suíno anti-CD4+ e anti-CD5+ (MCA1749PE e MCA2307F) no tubo 4; anticorpos monoclonais suíno anti-CD8+ e anti-CD5+ (MCA1223PE e MCA2307F) no tubo 5.

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centrifugados por 10 minutos e o sobrenadante descartado. Os conteúdos dos tubos foram resuspendidos em 100 µL de PBS formol (2%) e mantidos sob-refrigeração, na ausência de luz, até as amostras serem submetidas à análise no citofluorômetro (FACS Calibur, Becton Dickinson) para identificação e contagem das subpopulações linfocitárias, no Laboratório de Imunoparasitologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP.

Os valores das subpopulações linfocitárias foram obtidos com base nas porcentagens da citometria.

Estrutura e ultraestrutura do intestino delgado

No estudo da estrutura do intestino delgado, foram colhidas amostras (± 3 cm) do duodeno e porção média do jejuno, que foram abertas pela borda mesentérica, fixadas, com grampos, em papelão e acondicionadas em líquido fixador de Bouin. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Histologia do Departamento de Patologia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp, Câmpus de Jaboticabal, para confecção das lâminas. As análises morfométricas do epitélio intestinal por microscopia de luz foram realizadas no Laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-Unesp, Câmpus de Jaboticabal,

Para confecção das lâminas, as amostras permaneceram em solução de Bouin por 24 horas. Após este período, foram lavadas em água corrente e álcool etílico 70% para retirada do fixador. Posteriormente, as amostras foram desidratadas em séries crescentes de alcoóis, 70 a 100%, diafanizadas em xilol e incluídas em parafina. A microtomia das mesmas foi feita à espessura de 5 µm, sendo feitos de 12 a 14 cortes semisseriados para cada segmento de cada animal. A coloração dos cortes foi realizada com hematoxilina-eosina e os destinados à contagem de células caliciformes, pela técnica do ácido periódico de Schiff-PAS e Alcian Blue em pH 2,5 (TOLOSA et al. 2003).

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4.1., com aumento de 10 vezes, para avaliar a altura das vilosidades (AV) e a profundidade das criptas (PC), sendo realizadas 24 leituras por amostra para cada parâmetro. De posse dos resultados de AV e PC, calculou-se a relação AV/PC. Para avaliar o número de células caliciformes (CC), foram realizadas 15 contagens por amostra, sendo realizada uma contagem por vilosidade e o valor obtido foi expresso em número de CC por vilosidade.

Para as análises da ultraestrutura do intestino delgado, amostras (± 1 cm) do duodeno e porção média do jejuno, também foram colhidas e imediatamente lavadas em solução tampão fosfato (0,1M e pH 7,4), fixadas em glutaraldeído e encaminhadas ao Laboratório de Microscopia Eletrônica da Faculdade de Ciências Agrárias Veterinárias-Unesp, Câmpus de Jaboticabal, onde foram lavadas com tampão fosfato várias vezes. Em seguida, foram desidratadas em série crescente de etanol, iniciando-se em 30%, passando por 50%, 70%, 80%, 95%, e finalmente 100%, sendo que no último foram realizados três banhos. As amostras foram secas em secador de ponto crítico usando CO2, montadas, metalizadas com ouro paládio,

observadas e elétron-micrografadas em microscópio eletrônico de varredura modelo JEOL, JSM, operado em 15kV. Foram realizadas elétron-micrografias de cinco áreas de cada amostra, para estimar a densidade de vilosidades (número de vilosidades/cm2).

Análises microbiológicas

Amostras do conteúdo da porção final do intestino delgado (50 cm da junção do íleo com o ceco) foram colhidas para avaliação da microbiologia intestinal. Após o término das colheitas, as amostras foram encaminhadas, sob-refrigeração, ao Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos em Campinas-SP.

Nas referidas amostras foi identificada e quantificada, em unidade formadora de colônia (UFC/g), a população dos microrganismos dos gêneros Lactobacillus

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compuseram as unidades amostrais. Nestes foram adicionados 225 mL de solução de pré-enriquecimento (água peptonada tamponada a 1%), homogeneizados por 2 minutos e incubados a temperatura de 37 ± 1ºC por 18-24h, em estufa bacteriológica, para posterior identificação da população de microrganismos. A identificação de Salmonela spp. foi realizada por meio da técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional.

Análises estatísticas

As pressuposições para a análise de variância foram verificadas, com o uso do teste de Cramer-von Mises para a normalidade dos erros. Em seguida, realizou-se a análirealizou-se de variância e quando o teste F foi significativo ao nível de 5% de probabilidade, os graus de liberdade do fator nível de celulose purificada foram desdobrados em componentes linear, quadrático e cúbico. As análises foram realizadas pelo pacote PROC GLM (General Linear Models) do programa estatístico SAS modelo 9.2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Tabela 4. Valores médios e coeficientes de variação (CV) do peso vivo (PV), consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão alimentar (CA) e tempo de trânsito gastrintestinal (TTGI) de leitões recém-desmamados em função de inclusões de celulose purificada às dietas.

Variáveis DC 1,5%CEL 3,0%CEL 4,5%CEL Dietas Experimentais1 CV(%) Regressão P PV inicial, kg 6,13 6,13 6,12 6,10 16,19 - 0,9997

Período 1

PV, kg 8,99 8,79 9,15 8,73 14,46 - 0,8936

CDR, kg 0,26 0,17 0,22 0,22 34,72 - 0,1024

GDP, kg 0,20 0,18 0,22 0,19 20,96 - 0,4294

CA 1,31 0,99 1,01 1,13 25,90 Quadrática 0,0150

Período 2

PV, kg 14,26 14,63 14,11 14,61 13,39 - 0,9180

CDR, kg 0,47 0,39 0,41 0,50 12,51 Quadrática 0,0001

GDP, kg 0,30 0,30 0,28 0,30 17,64 - 0,8705

CA 1,56 1,16 1,49 1,68 14,82 Cúbica 0,0001

Período 3

PV, kg 22,11 22,88 22,45 22,77 9,69 - 0,8771

CDR, kg 0,61 0,61 0,58 0,67 17,05 - 0,1851

GDP, kg 0,38 0,42 0,39 0,40 13,34 - 0,5531

CA 1,49 1,54 1,59 1,64 11,23 - 0,0653

TTGI (min) 332,89 255,25 279,18 198,89 26,37 Linear 0,0007

Período 1: 21-35 dias de idade; Período 2: 21-50 dias de idade; Período 3: 21-63 dias de idade. 1DC - dieta

controle; 1,5% CEL - dieta contendo 1,5% de celulose purificada; 3,0% CEL - dieta contendo 3,0% de celulose purificada e 4,5% CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada.

No período 1, não houve influência (P>0,05)da inclusão de diferentes níveis de celulose purificada sobre o peso vivo dos animais, o consumo diário de ração e o ganho diário de peso, porém, houve efeito quadrático para conversão alimentar (Y = 0,11X2-0,606X+1,81 e R2 = 0,94), sendo o menor valor estimado (0,98) com a adição de 2,75% de celulose purificada às dietas (Tabela 4). HEDEMANN et al. (2006) avaliando fontes de fibra (pectina e casca de cevada) em dietas para leitões desmamados, observaram melhor desempenho dos animais que consumiram rações com fonte de fibra insolúvel, o que concordou, parcialmente, com os resultados observados no presente experimento.

O peso vivo e o ganho diário de peso não foram afetados (P>0,05) pelas dietas experimentais no período 2, enquanto para a conversão alimentar observou-se efeito cúbico. Porém, o aumento dos níveis de inclusão de celuloobservou-se purificada na dieta de leitões recém-desmamados ocasionou efeito quadrático (Y = 0,043X2

-0,203X+0,631 e R2 = 0,98) no consumo diário de ração, com menor valor estimado

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resultados verificados no presente estudo, observou-se que o consumo diário de ração foi aquém daqueles geralmente encontrados na literatura científica(FREIRE et al. 2000; MATEOS et al. 2006; PASCOAL, 2009). Le DIVIDICH e HERPIN (1994) também notaram baixo consumo voluntário até o final da segunda semana após o desmame, período no qual o consumo de energia deve atingir o mesmo nível da fase pré-desmame.

No período 3, as variáveis analisadas não foram influenciadas (P>0,05) pela adição de celulose purificada às dietas. Estes resultados concordaram com os obtidos anteriormente por GILL et al. (2000), que trabalharam com diferentes fontes de fibra (farelo de trigo, cevada e polpa de beterraba); por HANCZAKOWSKA et al. (2008), que avaliaram as inclusões de 0,5; 1,5 e 2,0% de celulose purificada e com os de PASCOAL (2009) que estudou diferentes fontes de fibra (casca de soja, polpa cítrica e celulose purificada) para leitões recém-desmamados e não observaram efeitos das dietas sobre as variáveis de desempenho.

Todavia, HÖGBERG e LINDBERG (2004) ao avaliarem concentrações (89 e 162 g) de fibra insolúvel em dietas para leitões, observaram incrementos no ganho de peso dos animais que receberam dietas com maior nível de fibra, sugerindo que este acréscimo estivesse em função do aumento dos pesos dos órgãos internos, conforme observado por KASS et al. (1980); JØRGENSEN et al. (1996) e McDONALD et al. (1999).

O tempo de trânsito das dietas no trato gastrintestinal foi reduzido de maneira linear (Y = -36,131X+363,04 e R2 = 0,75) com o aumento das inclusões de celulose

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mecânicos de distensão, causados pela presença de resíduos volumosos, principalmente no cólon (MONTAGNE et al. 2003).

Para incidência de diarreia (Tabela 5), houve efeito quadrático (Y=-2,12X2+10,162X+2,28 e R2 = 0,79) na porcentagem de escore 3, com o maior valor estimado (14,46%) com a inclusão 2,39% de celulose purificada às dietas.

Tabela 5. Escores fecais e coeficientes de variação (CV) em leitões recém-desmamados em função de inclusões de celulose purificada às dietas.

Escore1 Dietas Experimentais2 %

Escore CV(%) Regressão P

DC 1,5%CEL 3,0%CEL 4,5%CEL

1 555 506 510 544 73,44 - - -

2 87 122 101 95 14,06 - - -

3 78 92 109 81 12,50 - - -

TOTAL 720 720 720 720 100 - - -

% escore 3* 10,79 12,71 15,09 8,49 - 69,62% Quadrática 0,0334

1

Escores: 1 - Fezes normais; 2 – Fezes pastosas e 3 – Fezes aquosas. 2DC - dieta controle; 1,5%CEL - dieta contendo 1,5% de celulose purificada; 3,0%CEL - dieta contendo 3,0% de celulose purificada e 4,5%CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada; *Porcentagem de fezes diarreicas.

MATEOS et al. (2006) avaliando dietas contendo farelo de arroz ou milho, com ou sem a inclusão de casca de aveia, rica em fibra insolúvel e altamente lignificada, relataram alta incidência de fezes diarreicas em leitões, independentemente do tratamento estudado, porém, observaram tendência de redução quando o maior nível da fibra (40 g) foi adicionado à dieta.

Neste mesmo sentido, HANCZAKOWSKA et al. (2008) avaliando níveis de inclusão (0,5; 1,5 e 2,0%) de celulose purificada nas dietas de leitões desmamados aos 35 dias de idade, observaram menor incidência de fezes diarreicas nos animais alimentados com dieta contendo o maior nível de fibra, assim como no presente estudo.

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Experimento II – Características morfofisiológicas e microbiológicas do trato gastrintestinal

Tabela 6. Valores médios e coeficientes de variação (CV) para altura das vilosidades (AV), profundidade das criptas (PC), relação altura das vilosidades e profundidade das criptas (AV/PC), número de células caliciformes (CC) e densidade de vilosidades (DV), no duodeno e jejuno de leitões abatidos aos 35 e 50 dias de idade, em função de inclusões de celulose purificada às dietas.

Variáveis DC 1,5%CEL 3,0%CEL 4,5%CEL Dietas Experimentais1 CV(%) Regressão P

35 dias Duodeno

AV, µm 344,84 318,02 330,00 375,75 10,04 - 0,1528

PC, µm 328,99 291,70 317,30 296,34 8,34 - 0,1892

AV/PC 1,05 1,09 1,04 1,27 7,88 Linear 0,0112

CC 20,62 20,79 20,80 20,55 3,83 - 0,7342

DV, cm2 4438,00 4770,99 4959,05 6085,93 35,33 - 0,6045

Jejuno

AV, µm 311,99 293,35 318,78 339,12 3,65 Quadrática 0,0055

PC, µm 271,48 278,39 292,86 282,32 8,91 - 0,6838

AV/PC 1,21 1,06 1,05 1,21 8,44 Quadrática 0,0066

CC 20,53 20,43 20,50 20,40 3,26 - 0,8783

DV, cm2 5189,76 4548,13 6973,88 7340,43 36,55 - 0,3201

50 dias Duodeno

AV, µm 318,99 366,13 312,27 359,27 7,64 Cúbica 0,0259

PC, µm 299,64 331,74 313,85 317,95 11,31 - 0,6592

AV/PC 1,08 1,12 1,00 1,14 15,37 - 0,6584

CC 20,80 20,90 20,85 20,90 3,08 - 0,9072

DV, cm2 5593,11 4134,72 4382,80 4995,09 39,33 - 0,8194

Jejuno

AV, µm 339,88 332,06 308,80 380,79 8,55 Quadrática 0,0179

PC, µm 306,41 325,89 295,26 270,64 6,64 Quadrática 0,0466

AV/PC 1,12 1,02 1,05 1,42 13,71 Quadrática 0,0122

CC 20,47 20,43 20,42 20,75 3,49 - 0,3979

DV, cm2 6341,71 6192,86 7330,28 8742,16 28,75 - 0,3183

1

DC - dieta controle; 1,5% CEL - dieta contendo 1,5% de celulose purificada; 3,0% CEL - dieta contendo 3,0% de celulose purificada e 4,5% CEL - dieta contendo 4,5% de celulose purificada.

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No jejuno dos leitões abatidos nesta idade, a elevação nos níveis de celulose purificada nas dietas, promoveu efeito quadrático (Y = 9,75X2-38,051X+337,84 e R2=

0,81) na altura das vilosidades e na relação AV/PC (Y = 0,079X2-0,393X+1,53 e R2= 0,98) do jejuno, sendo os menores valores estimados (300,71 µm e 1,04, respectivamente) com as adições de 1,95% e 2,49% de celulose purificada, respectivamente. A profundidade das criptas, o número de células caliciformes e a densidade de vilosidades não foram afetados (P>0,05) pelas inclusões de celulose purificada às dietas.

No abate realizado aos 50 dias de idade, o aumento no nível de inclusão de celulose purificada nas dietas, promoveu efeito quadrático (Y = 19,953X2 -89,82X+415,28 e R2 = 0,79) na altura das vilosidades, na relação AV/PC (Y = 0,116X2-0,49X+1,51 e R2 = 0,96) e na profundidade das criptas (Y = -11,026X2+41,339X+278,90 e R2 = 0,88) do jejuno, sendo os menores e o maior valor estimado (314,20 µm; 0,99 e 317,73 µm, respectivamente) com as adições de 2,25%; 2,11% e 1,88% de celulose, respectivamente. O número de células caliciformes e a densidade de vilosidades não foram influenciados (P>0,05) pelas adições de celulose nas dietas. No duodeno, os níveis de celulose purificada não afetaram (P>0,05) as variáveis estudadas.

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