368
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valiação da degr
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aliação da degr
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aliação da degr
aliação da degradação
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adação
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ambient
ambient
ambiental de parte do Seridó P
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aibano
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11111 Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.6, n.2, p.368-371, 2002Campina Grande, PB, DEAg/UFCG - http://www.agriambi.com.br
Humberto G. Candido2, Marx P. Barbosa3 & Miguel J. da Silva4
1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
da Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, PB, Campus II
2 Escola Agrotécnica Federal de Uberaba, MG. Fone: (34) 336-4844. E-mail gois@mednet.com.br (Foto) 3 DEAg/CCT/UFCG. Fone: (83) 333-2355. E-mail marx@lmrs-semarh.ufpb.br
4 DEAg/CCT/UFCG. Fone: (83) 333-2355. E-mail miguel@lmrs-semarh.ufpb.br
Resumo: Resumo: Resumo: Resumo:
Resumo: O Seridó Oriental Paraibano tem se caracterizado, nos últimos anos, por uma intensa degradação de suas terras agrícolas como resultado dos efeitos do evento ENOS, refletidos em prolongados períodos de seca. A pesquisa em questão tratou da avaliação da degradação ambiental da região, estudando-se 947,81km2 de seu território. Os parâmetros utilizados foram: vegetação,
topografia, solo/geologia, ecologia, mecanização, área agrícola, densidade populacional (inclusive a migração) e pecuarização, que definiram quatro níveis de degradação ambiental: baixo, moderado, grave e muito grave, confirmando a gravidade da ocorrência dos processos de degradação/ desertificação das terras, uma vez que 44,86% da área estudada foram classificados com o índice grave de degradação e 2,24% em muito grave. Com as áreas classificadas como muito grave, está relacionada à formação dos chamados “núcleos de desertificação”.
P P P P
Palaalaalaalaalavrvrvrvrvras-chaas-chavas-chaas-chaas-chavvve: ve: e: e: e: degradação ambiental, desertificação
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Abstr Abstr Abstr Abstr
Abstract: act: act: act: act: The eastern region of Seridó, Paraíba, has been characterized in the last years by an intense degradation of the agricultural lands due to the extensive drought periods, caused by ENSO. This paper deals with the evaluation of the environmental degradation of the area, a territory of about 947.81 km2. The parameters used to classify the degradation levels were vegetation,
topography, soil/geology, ecology, mechanization, agricultural area, population density (including the migration) and cattle raising, that defined four levels of environmental degradation: lower, moderate, serious and very serious. The analysis of these parameters confirmed the gravity of the occurrence of the degradation/desertification processes of the lands. For 44.86% of the studied area the degradation index was classified as serious and for 2.24% very serious. In the areas classified as very serious, the formation of the so called “desertification nucleus”, was observed.
K K K K
Keeeey wey wy wory wy worororords:ds:ds:ds:ds: environmental degradation, desertification
Protocolo 120 - 6/8/2001
INTRODUÇÃO
A Paraíba é o Estado brasileiro que possui o maior percentual de áreas com nível de desertificação muito grave (29%), afetando o dia-a-dia de uma população de mais de 653 mil pessoas. Pouco mais de 70% do território paraibano, onde residem 1,66 milhão de pessoas (52% do total da população) são afetados pelo problema. O sobrepastoreio, a alta densidade populacional registrada em várias localidades, os constantes desmatamentos e o manejo ambiental sem planejamento fazem com que grande parte das terras do Estado enfrente sérios
problemas de erosão e redução da fertilidade potencial dos solos (Monteiro, 1995).
Apesar da importância dos temas relacionados a deserti-ficação, as pesquisas ainda são muito limitadas, especialmente na Paraíba. Os trabalhos desenvolvidos a nível local são poucos, predominando aqueles de caráter geral, para toda a região Nordeste, sem se contar que apenas uma pequena quantidade desse material está disponível, mesmo em bibliotecas públicas (Rodrigues, 1997).
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Zonas Homólogas Peso Encontrado Indicadores Peso Dados
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 127 128 129 130 6 Muito rala 6
5 Rala 5 5 5 5 5 5 5
4 Aberta 4 4
3 Semidensa 3 3 3
2 Densa
Vegetação
1 Fechada 1
1 0 - 15 1 1 1 1 1 1
2 15 - 45 2 2 2 2 2 2 2 2
Topografia (% declive)
3 > 45
1 Terras boas
para plantar 1 1
2 Terras
regulares 2 2 2
Solo/Geologia
3 Terras
inadequadas 3 3 3 3 3 3 3 3 3
1 Baixo risco
de erosão 1 1
2 Médio risco
de erosão 2 2 2
Ecologia
3 Alto risco
de erosão 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
2 Sim 2 2 2 2 2 2 2
Mecanização
1 Não 1 1 1 1 1 1 1
1 < 50 % 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2
Área
Agrícola 2 > 50 % 2 2 2 2
1 < 20 hab/km2 1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 20 - 50 hab/km2 2 2 2 2 2
Densidade Populacional
3 > 50 hab/km2
2 Sim 2 2 2 2 2
Pecuarização
1 Não 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Somatório 20 17 17 17 17 20 13 12 20 17 18 15 17 15
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.368-371, 2002
Avaliação da degradação ambiental de parte do Seridó Paraibano
MATERIAL E MÉTODOS
Imagens de satélite do TM/Landsat-5 (bandas 3 e 4); mapas temáticos de Fernandes (1997) - solos, declividade, suscepti-bilidade à erosão, drenagem, uso da terra e aptidão agrícola; cartas topográficas da SUDENE na escala de 1:100.000; GPS e os softwares SGI-340 (versão 2.5E), SPRING 3.3 e CorelDRAW.8, foram os materiais utilizados nesta pesquisa.
A metodologia baseou-se nos trabalhos de Baumgratz et al. (1986); ITDG (1994) e Ferreira et al. (1997). Na avaliação da degradação ambiental foram utilizados os parâmetros vegetação, topografia, solo/geologia, ecologia, mecanização, área agrícola, densidade populacional e pecuarização e os dados extraídos das imagens TM, com apoio das cartas topográficas, dos mapas temáticos e dados de campo georreferenciados, resultando em 130 zonas homólogas de tonalidades de cinza, numeradas seqüencialmente (Figura 1). Na avaliação dos níveis de degradação ambiental para a sua classificação em baixo, moderado, grave e muito grave foram definidos pesos (Tabela 1) de acordo com a vulnerabilidade do terreno. Por exemplo, uma determinada área com uma vegetação fechada e uma declividade baixa (< 15%) é muito menos vulnerável a
81
Figura 1. Mapa das zonas homólogas
*Os resultados das zonas homólogas de 11 a 126 não foram apresentados para evitar que o documento se torne muito extenso; porém os procedimentos adotados para estas zonas são idênticos aos
demonstrados neste trabalho
Tabela 1. Avaliação da vulnerabilidade ambiental das zonas homólogas fotointerpretadas
370
Baixo
≤ 12 pontos
Moderado 13 – 16 pontos
Grave 17 – 19 pontos
Muito Grave
≥ 20 pontos
Z
onas
h
o
m
ó
lo
gas
8, 20, 42, 44, 55, 56
7, 11, 15, 21, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 36, 41, 43, 45,46, 47,48, 49, 50, 53, 54, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 66,71,72,73,74,79, 80, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 97, 98, 99, 100, 103, 104, 108 109, 110, 111, 113, 114, 115, 117, 119, 121, 123, 126, 127, 130
2, 3, 4, 5, 10, 12, 16, 17, 18, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 34, 35, 37, 39, 40, 51, 52, 57, 65, 67, 68, 69, 70, 75, 76, 77, 78, 81, 82, 93, 94, 95, 96, 101, 102, 105, 106, 107, 112, 116, 118, 120, 122, 124, 125
1, 6, 9, 13, 14, 38
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.368-371, 2002
H.G. Candido et al.
degradação dos solos, do que uma área com vegetação muito rala e uma declividade muito alta (> 45%).
A soma total dos pesos de cada indicador ou parâmetro, para cada uma das 130 zonas homólogas analisadas, foi de 24 pontos, sendo o máximo que se pode atingir por zona. Para
o nível de degradação baixo adotaram-se os valores ≤ 12. Para
o nível moderado, consideraram-se os valores situados no intervalo de 13 a 16. As zonas com peso de 17 a 19 pontos
foram classificadas como grave e as com peso ≥ 20, como
muito grave (Tabela 2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No mapa de degradação ambiental (Figura 2) está repre-sentada a distribuição espacial dos quatro níveis de degrada-ção definidos para a área de estudo.
Tabela 2. Classificação das zonas homólogas por níveis de degradação ambiental, conforme a amplitude dos pontos ou pesos encontrados
Pelo percentual de degradação da classe grave (prati-camente ocupando a metade da área de estudo) observa-se grande desgaste e um sério comprometimento das condições de sustentabilidade das terras.
Características principais das classes de degradação am-biental
Nível de degradação baixo:
- Geralmente apresenta relevo plano, suave ondulado a ondulado
- Solos dominantes: latossolos - Uso da terra: agricultura
- Vegetação: vegetação natural (em número não muito significativo devido ao uso intenso do solo na agricultura, apresentando-se na imagem de satélite e no campo em concentrações variando de fechada a muito rala).
Nível de degradação moderado:
- Geralmente apresenta relevo suave ondulado, ondulado a fortemente ondulado;
- Solos dominantes: regossolos e litólicos;
- Uso da terra: agricultura, pastoreio e extração de lenha; - Vegetação: pastagem nativa, palma forrageira, vegetação natural (caatinga semidensa a aberta).
Nível de degradação grave:
- Geralmente, apresenta relevo ondulado, fortemente ondulado e montanhoso
- Solos dominantes: litólicos - Uso da terra: pastoreio, mineração
- Vegetação: vegetação natural (caatinga aberta à rala), pastagem natural, palma forrageira.
Nível de degradação muito grave:
- Geralmente apresenta relevo fortemente ondulado a montanhoso
- Solos dominantes: litólicos - Uso da terra: pastoreio, mineração
- Vegetação: vegetação natural (caatinga muito rala).
As análises dos dados coletados em campo permitiram uma avaliação do quadro socioeconômico e ambiental, que indica alta deterioração das condições de vida, e denuncia as dificuldades severas das famílias em se manter, mostrando o Figura 2. Níveis de degradação ambiental
- 21,37km2
- 480,02km2
- 425,16km2
- 21,37km2
780 790 800
9300
9290
9280
9270
9260 Escala Original 1:100.000
Baixo - 21,37 km2
Moderado - 480,02 km2
Grave - 425,16 km2
Muito Grave - 21,37 km2
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R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.368-371, 2002
Avaliação da degradação ambiental de parte do Seridó Paraibano
completo abandono do homem do campo. Verificou-se que a mulher rural, embora ainda considerada socialmente inferior ao homem, vem assumindo funções que eram consideradas específicas ao homem. Neste contexto, o papel da mulher tem que ser valorizado e reavaliado. Assim, é de suma importância envolver a mulher rural nos programas ambientais conser-vacionistas, inclusive em atividades remunerativas, valorizando o seu trabalho e capacitá-la em atividades de criação e plantio, organizando-a em grupos de mulheres fortalecendo, assim, a solidariedade, a sua capacidade, o seu valor e o seu potencial.
CONCLUSÕES
1. A metodologia mostrou-se eficiente na realização dos estudos da degradação ambiental/desertificação, preenchendo uma lacuna deixada por boa parte dos trabalhos de aplicação das técnicas de sensoriamento remoto e SIG na análise da degradação ambiental, quando ela contempla os aspectos sociais, e as questões de gênero, enfocando o seu aspecto intermultidisciplinar.
2. O alto índice de degradação grave e muito grave chegando a quase 50% da área estudada, deve ser tomado como um alerta pelos tomadores de decisão, tanto na esfera estadual e federal, como na municipal, para que medidas mitigadoras urgentes sejam tomadas, prevenindo desta forma um desastre eminente para toda a região, que é a desertificação generalizada, pois
os resultados da pesquisa mostram que 2,28% (21,68 km2)
já são caracterizados pelo desenvolvimento dos núcleos de desertificação.
3. O poder público precisa definir urgentemente políticas públicas, visando ao desenvolvimento sustentável com a diminuição dos riscos, e que venham consolidar a participação da mulher rural nas atividades socioeconômicas e familiar.
LITERATURA CITADA
Baumgratz, S.S.; Boaventura, R.S. Erosão acelerada e deserti-ficação em Minas Gerais. In: Seminário sobre Desertideserti-ficação no Nordeste. 1986, Recife. Documento final. Brasília: SEMA, 1986. p. 84-110.
Fernandes, M. de F. Avaliação da aptidão agrícola das terras de parte do setor leste da bacia do Rio Seridó usando senso-riamento remoto e geoprocessamento. Campina Grande: 1997. 185p. Dissertação Mestrado
Ferreira, D.G, Rodrigues, V., Melo, H. P. Avaliação do quadro da desertificação no Nordeste do Brasil: diagnósticos e perspectivas. Teresina: UFPI/Núcleo DESERT, 1997. 22p. ITDG - Intermediate Technology Development Group.
Propu-esta metodológica para el analisis de vulnerabilidad en la
region San Martín, Peru.Lima, 1994. np.
Monteiro, M. Desertificação ameaça o nordeste brasileiro.
Revista Ecologia e Desenvolvimento, Rio de Janeiro, no 51,
p.15-19, mai. 1995.
Rodrigues, V. Pesquisa dos estudos e dados existentes sobre desertificação no Brasil. Brasília: Projeto BRA 93/036, 1997. 65p.
Vasconcelos Sobrinho, J. de. Metodologia para identificação
de processos de desertificação: manual de indicadores.