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A concepção de envelhecimento de policiais militares associada às suas metas pessoais : um estudo de caso, no município de Alvorada, Rio Grande do Sul

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Academic year: 2017

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA

Pedro Joel Silva da Silva

A CONCEPÇAO DE ENVELHECIMENTO DE POLICIAIS MILITARES ASSOCIADA ÀS SUAS METAS PESSOAIS: UM ESTUDO DE CASO, NO MUNICÍPIO DE

ALVORADA, RIO GRANDE DO SUL

Porto Alegre

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Pedro Joel Silva da Silva

A CONCEPÇAO DE ENVELHECIMENTO DE POLICIAIS MILITARES ASSOCIADA ÀS SUAS METAS PESSOAIS: UM ESTUDO DE CASO, NO MUNICÍPIO DE

ALVORADA, RIO GRANDE DO SUL

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor, pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Attílio de Carli.

Porto Alegre

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP )

S586c Silva, Pedro Joel Silva da

A Concepção de envelhecimento de policiais militares associada as suas metas pessoais : um estudo de caso, no município de Alvorada, Rio Grande do Sul / Pedro Joel Silva da Silva. – Porto Alegre, 2008.

106 f.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica, PUCRS.

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Attílio de Carli

1. Policiais Militares – Envelhecimento. 2. Aposentadoria. 3. Qualidade de Vida. 4. Gerontologia. I. Carli, Geraldo Atílio de. II. Título.

CDD 618.97

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Pedro Joel Silva da Silva

A CONCEPÇÃO DE ENVELHECIMENTO ASSOCIADA ÀS METAS

PESSOAIS DOS POLICIAIS MILITARES: UM ESTUDO DE CASO

NO MUNICÍPIO DE ALVORADA, RIO GRANDE DO SUL

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor, pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Banca Examinadora:

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Attilio De Carli PUCRS - IGG

Prof. Dr. Manoel Roberto Maciel Trindade UFRGS- Faculdade de Medicina

Prof. Dr. Leda Lísia Franciosi Portal PUCRS – FACED

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AGRADECIMENTOS

Aos Gestores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na pessoa do Dr Newton Luiz Terra, pela bolsa de estudo, viabilizando concluir este curso.

Ao Prof. Dr Rodolfo Herberto Schneider, Coordenador do Instituto de Geriatria e Gerontologia, agradeço pelo incentivo e sabedoria que sempre dedicou aos seus alunos.

Ao Prof. Dr. Geraldo Attlio de Carli, pela compreensão e por ter aceitado orientar o meu trabalho e concluí-lo com a qualidade necessária.

Aos Brigadianos e a minha família, que partilharam comigo esta conquista pessoal.

Aos professores do Curso de Doutorado em Gerontologia Biomédica, das Faculdades de Educação e de Comunicação Social da PUCRS, pelos ensinamentos socializados e pelo estímulo para continuar sempre, mesmo diante do inesperado.

Aos integrantes do Instituto de Pesquisa da Brigada Militar, em especial ao Sd João Osório Bitencourt, funcionários Civis Sérgio Ferreira e Maire Loss, que sempre estimularam e apoiaram o aperfeiçoamento dos brigadianos.

Aos policiais militares do 24º BPM participantes da pesquisa, pela contribuição, pelo apoio, carinho e dedicação, confiando e agindo espontaneamente durante a pesquisa de campo.

A todos os colegas de curso, pelo incentivo e apoio diante das dificuldades, em especial, a Doutoranda Tatiana Quarti Irigaray, pela amizade, pelo cuidado e pelo tempo dedicado a leitura e sugestões diante dos primeiros apontamentos deste estudo.

A psicóloga Deise Nicola, pelo incentivo e o apoio disponibilizado durante o curso, sem os quais a esta caminhada seria bem mais difícil.

A Nair Mônica Ribascik, Angela Aita Franquelli, Paulo Cesar Escouto Rodrigues e Cletiane Dias Rodrigues, integrantes da Secretaria do Instituto de Geriatria e Gerontologia, que não mediram esforços em atender com qualidade e eficiência.

(6)

HOMENAGEM ESPECIAL PROFª. DRª. VALDEMARINA BIDONE DE AZEVEDO E SOUZA (IN MEMORIAN)

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundos,

mas com tamanha intensidade que se petrifica,

e nenhuma força jamais o resgata!

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LISTA DE ABREVIATURAS

BM - Brigada Militar.

CFO – Curso de Formação de Oficiais de Polícia Militar.

CIM – Centro de Instrução Militar.

DOE – Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul.

EUA – Estados Unidos da América.

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

MAPEX- Questionário para levantamento de metas motivacionais

MCN – Matriz Curricular Nacional.

MEC- Ministério da Educação e Cultura.

MJ – Ministério da Justiça.

OPM – Organização Policial Militar.

PM – Policial Militar.

PROMA – Programa de Matérias.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……….. 15

1 JUSTIFICATIVA E INTENÇÃO DO ESTUDO... 18

1.1 JUSTIFICATIVA……… 18

1.2 QUESTÕES DE PESQUISA 20 1.3 OBJETIVOS……….. 21

1.3.1 Objetivo Geral……… 21

1.3.2 Objetivos Específicos……….. 21

2 REVISÃO DA LITERATURA……….. 22

2.1 CONCEPÇÃO DE ENVELHECIMENTO……….. 22

2.2 EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO NA BRIGADA MILITAR: O CONTEXTO HISTÓRICO………... 28

2.3 TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA: RECOMEÇO OU FIM DA VIDA?. 32 2.4 METAS MOTIVACIONAIS……….. 37

3 METODOLOGIA………... 44

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO……….. 44

3.2 CARACTERIZAÇAO DA POPULAÇÃO E DA AMOSTRA……….. 46

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ... 51

(9)

3.6 ANÁLISE TEXTUAL QUALITATIVA: PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS ... 52

3.6.1 A prática da unitarização………. 52

3.6.2 O processo de categorização………. 53

3.6.3 Prioridades das categorias……….. 54

3.6.4 Produção de argumentos em torno das categorias……… 54

3.6.5 Comunicação: construção de metatextos………... 55

3.6.6 Procedimentos adotados na análise textual qualitativa………. 55

3.7 QUADRO DE ANÁLISE……….. 56

4 A CONCEPÇAO DE ENVELHECIMENTO E METAS MOTIVACIONAIS DOS POLICIAIS MILITARES……….. 57

4.1 CONCEPÇÃO DE ENVELHECIMENTO DOS POLICIAIS MILITARES…… 57

4.2 METAS MOTIVACIONAIS DOS POLICIAIS MILITARES RELACIONADAS AO ENVELHECIMENTO……….. 68

4.3 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES ENFRENTADAS PELOS POLICIAIS MILITARES PARA ENVELHECEREM COM SAÚDE……...…. 85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.………....………. 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS... 98

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro Nº. 1: Motivação e sua importância para aprender... 37 Quadro Nº. 2: Efetivo do 24 BPM - Alvorada, por círculos, postos, graduações. 49 Quadro Nº. 3: Descrição da concepção de envelhecimento pelos PMs

pesquisados... 58 Quadro Nº. 4: Descrição do PM idoso pelos próprios Policiais Militares... 62 Quadro Nº 5 Descrição das metas motivacionais dos PMs relacionadas ao

envelhecimento... 68 Quadro Nº 6 Descrição das considerações dos PM sobre o envelhecimento.... 70 Quadro Nº 7 Descrição das necessidades para os PMs envelhecerem

saudáveis... 71

Quadro Nº 8 Descrição da preparação dos PMs para o

envelhecimento...

74

Quadro Nº 9 Caracterização da concepção de envelhecimento e das metas motivacionais dos PMs... 78

Quadro Nº 10 Descrição das dificuldades que os PMs enfrentam para envelhecer com saúde... 85 Quadro Nº 11 Descrição das principais limitações para o envelhecimento

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura Nº. 1: Figura de análise... 56 Figura Nº. 2: Caracterização da concepção de envelhecimento dos policiais

militares ... 59 Figura Nº. 3: Concepção de envelhecimento dos policiais militares... 66 Figura Nº. 4: Caracterização das metas Motivacionais dos Policiais Militares.. 79 Figura Nº. 5: Concepção de envelhecimento e caracterização das metas

(12)

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia Nº. 1: Vista da Av. Getúlio Vargas, centro de Alvorada, RS... 47 Fotografia Nº. 2: Frente do Quartel do 24º Batalhão de Polícia Militar... 48 Fotografia Nº. 3: Oficiais do 24º BPM em reunião - abril de 2007... 50 Fotografia Nº. 4: Policiais Militares do 24º BPM exercendo a fiscalização de

(13)

RESUMO

Introdução: O estudo da concepção de envelhecimento de policiais militares da ativa e da reserva remunerada, associada às suas metas motivacionais, destaca a necessidade de conhecer-se e ter como referência seu perfil motivacional em processo de envelhecimento para compreender-se e conseguir melhores resultados com a educação gerontológica e o comprometimento com uma melhor qualidade de vida. Objetivos: Caracterizar a realidade dos Policiais Militares, em relação à preparação para a aposentadoria e ao envelhecimento, visando a contribuir para a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, quando esses profissionais estiverem na reserva. Também analisou as metas motivacionais dos policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar da Brigada Militar e possíveis relações com a sua concepção de envelhecimento; identificou as principais limitações e implicações para o envelhecimento saudável que permeiam o contexto institucional dos pesquisados. Ainda, propôs-se a identificar pontos de referência, que pudessem auxiliar na reflexão sobre Políticas Públicas promotoras de uma formação policial de qualidade, associada à busca de longevidade sadia e produtiva. Método: Os procedimentos metodológicos e a análise dos dados foram desenvolvidas numa abordagem qualitativa descritiva, mediante a análise textual qualitativa proposta por Moraes. A relação entre leitura e significação se efetivou através da modalidade de estudo de caso. O estudo foi desenvolvido com 11 policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar de Alvorada, Rio Grande do Sul, no período de agosto de 2006 a agosto de 2007, com oficiais e praças, ativos e inativos convocados voluntários, distribuídos em postos e graduações. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista, composta por dez questões abertas, que investigavam sobre a concepção de envelhecimento dos policiais militares e suas motivacionais. Resultados: A concepção dos policiais militares sobre o envelhecimento ocorre a partir de aspectos tanto biológicos quanto sociais e culturais que permeiam o contexto profissional, não contemplando o policial militar quando idoso. As metas motivacionais dos policiais militares envolvem maior tempo de convivência com a família e atividades de lazer, participação social e cuidados com a saúde. Conclusões: As limitações para o envelhecimento saudável dos policiais militares são decorrentes dos baixos salários, da ausência de planejamento familiar e de preparação para viver com saúde a aposentadoria e o próprio envelhecimento. Constatou-se que o trabalho desenvolvido pelo policial militar e suas condições financeiras influenciam diretamente as suas crenças, valores e, principalmente, a sua forma de pensar e viver a própria velhice e a aposentadoria.

(14)

ABSTRACT

Introduction: The study of the idea of aging by military policemen, associated with their personal goals, stresses the need to know and to refer to the motivational profile of Military Policemen in the process of aging so as to understand and get better results with gerontological education and the commitment to a better quality of life. Objectives: Characterizing the Military Policemen reality, in relation to the preparation for retirement and aging, so as to contribute to the improvement of individual and colective quality of life, when those professionals are on reserve. The personal goals of the military policemen of the 24th Military Police Regiment of the Military Brigade were also analysed as well as possible relationships with their idea of aging. The study also identified the main limitations and implications for a healthy aging that are part of the institutional context of those who were investigated. Besides, it was also proposed to identify reference points which could help to consider Public Policies which promote a qualified police education, associated with the search of a healthy and productive longevity. Method: The methodological procedures and the data analysis were developed in a descriptive qualitative approach, through the qualitative textual analysis proposed by Moraes. The relationship between reading and significance was done through the case study modality. The study was carried out with 11 military policemen of the 24th Military Police Regiment of Alvorada, Rio Grande do Sul, in the period of August 2006 to August 2007, with officials and soldiers, active and retired, summoned volunteers, distributed in positions and ranks. Data collection was carried out through an interview including ten open questions which investigated the idea of aging and personal goals of the military policemen. Results: The data analysis has shown that the perception of the military policemen over aging occurs in biological and social and cultural aspects which are part of the professional context, not considering the military policeman when old. The personal goals of the military policemen involve living a longer time with the family, leisure activities, social participation and health care. Conclusions: That the limitations on a healthy aging concerning the military policemen are due to low salaries, lack of family planning and preparation for a healthy life, retirement and aging itself. It was found that the work done by the military policeman and his financial conditions directly influence his beliefs, values and, mainly, his way of thinking and live his own old age and retirement.

(15)

INTRODUÇÃO

As transformações sociais, que ocorrem no mundo contemporâneo, trazem prejuízos à saúde coletiva da população e, em particular, para determinadas profissões. A competição, a conquista do sucesso, a dominação do outro, o individualismo, o lucro, o consumismo e a necessidade de produzir cada vez mais causam tensão e estresse e, em algumas profissões, entre as quais a dos Policiais Militares Estaduais, incidem fortemente, influenciando diretamente na qualidade de vida e no envelhecimento dessas pessoas.

É preciso considerar que as relações de trabalho dos policiais militares são estabelecidas diretamente com os membros da comunidade e que são esses policiais os primeiros a depararem-se com os conflitos sociais cotidianos. Outro fator que precisa ser ressaltado é o fato de que os policiais também são cidadãos e merecem cuidados e atendimentos adequados diante das pressões sofridas ao longo dos anos de serviço.

O trabalho policial militar caracteriza-se pela exposição do profissional a pressões de ordem psicológica, institucional, social e política, estando freqüentemente exposto à intempérie, desempenhando funções que envolvem momentos de agressividade e tensão, que exigem permanente equilíbrio, levando-os ao cansaço e ao desgaste físico e mental.

(16)

maior ou menor proporção, afetam todo trabalhador nestas ocasiões, tais como depressão, angústia, isolamento, sentimento de inutilidade, entre outros.

Nesse contexto laboral, este trabalho objetiva caracterizar a concepção de envelhecimento dos policiais militares da ativa e da reserva remunerada da Brigada Militar e identificar quais são as suas metas pessoais e as suas relações com esse processo, apresentando como uma referência para a reflexão crítica sobre essa realidade e para a implantação de medidas institucionais voltadas para a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, quando esses profissionais estiverem na reserva.

Embasado em pesquisadores que defendem uma concepção de envelhecimento que envolve todo o complexo contexto humano, suas múltiplas e complexas relações biológica, cultural, social, individual e coletiva, as interações do indivíduo com seus semelhantes e com a sociedade, esta tese se organiza em cinco capítulos, estruturados da seguinte forma:

a) No primeiro capítulo, é apresentada a justificativa do trabalho, partindo da análise do aumento da longevidade da população brasileira, especialmente dos policiais militares, submetidos à permanente tensão dos conseqüentes danos a sua saúde, requerendo preparação para o envelhecimento saudável por ocasião da aposentadoria. Neste capitulo, apresentar-se-ão o problema de pesquisa, a tese, os objetivos e as questões de pesquisa que orientaram o trabalho.

b) O segundo capítulo apresenta a revisão da literatura, que constituiu o corpo teórico sobre teorias e a concepção de envelhecimento, a partir de estudos de Jeckel-Neto, Cruz, Néri, Bosi, Santos e outros. Aborda a evolução da formação na Brigada Militar e suas implicações, nos valores profissionais e na relação com o corpo e com a profissão, considerando dispositivos legais e históricos pertinentes (Constituição Federal, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira). Encerra com as considerações sobre metas motivacionais, a partir das idéias de Huertas e Alonso Tapia, principalmente.

(17)

d) O quarto capítulo apresenta os resultados sobre os dados coletados com os policiais militares participantes da pesquisa, a análise e a discussão teórica dos resultados, a partir do corpo teórico elaborado.

e) No quinto capítulo, apresentam-se as idéias conclusivas referentes aos objetivos e às questões de pesquisa, bem como propostas para futuras pesquisas, que poderão ampliar o conhecimento sobre os resultados encontrados.

(18)

1 JUSTIFICATIVA E INTENÇÕES DO ESTUDO

1.1 JUSTIFICATIVA

No Brasil, o envelhecimento da população está relacionado ao aumento da expectativa de vida média, provavelmente, ocasionada pelo avanço tecnológico e científico, pela melhoria nas políticas públicas relativas às condições médico-sanitárias e pela divulgação sobre a necessidade de melhoria do nível de vida da população1. Em decorrência da longevidade do povo brasileiro, fazem-se necessárias a expansão dos serviços previdenciários e de saúde e a educação gerontológica, para atender à sociedade, influenciando nas condições indispensáveis para o indivíduo viver com qualidade e com dignidade.

Estudos realizados por Pereira, Curioni e Veras indicam que o Brasil é um país com crescente transição demográfica. Nos próximos 20 anos, a população idosa no mundo chegará a 30 milhões. Esses dados significam que, aproximadamente, 13 % da população total brasileira será de idosos1.

A partir da Constituição Federal de 1988, foram criados no Brasil vários documentos normativos voltados para o atendimento ao idoso. Entretanto, as ações são fragmentadas e não alcançam um número significativo de pessoas, predominando uma visão reducionista e descontextualizada sobre o tema, que não contempla uma visão do macroambiente em que as pessoas estão inseridas suas relações e interações cotidianas. Distantes desse sentido, as estratégias educacionais voltadas para o envelhecimento saudável têm-se mostrado quase inoperantes como movimento de saúde e reinserção social no mundo contemporâneo.

O envelhecimento é um fenômeno que inclui alterações das características biológicas do organismo vivo ao longo do tempo, podendo apresentar reflexos no comportamento, na habilidade intelectual, nas emoções, na capacidade física2, na motivação e nas metas motivacionais.

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comprometimento/engajamento das pessoas com sua própria aprendizagem/qualidade de vida. Nessa direção, destacam-se, no presente estudo, os profissionais da área da Segurança Pública pertencentes à Polícia Militar, uma vez que, hoje, no Rio Grande do Sul, quase a metade doe efetivo está composto por servidores com mais de 35 anos (48,92%). Em média, em 10 anos, esses servidores aponsertar-se-ão ao completarem 30 anos de serviço, com aproximadamente 50 anos de idade, em virtude de terem ingressado na Corporação ainda jovens, razão pela qual se justifica a escolha dessa faixa etária.

As atividades profissionais do policial militar, ao longo do seu tempo de serviço, são caracterizadas por uma série de pressões de ordem psicológica, decorrentes da permanente situação de pressão social e institucional, exposição à intempéries e às constantes intervenções que têm de fazer no exercício de suas funções, muitas delas envolvendo momentos de agressividade, que exigem permanente equilíbrio, o que acaba levando a um desgaste, ou seja, a uma troca de energia, fazendo-o ver e sentir fatos que ficam excluídos do cotidiano da maioria da sociedade, específicos de uma profissão complexa. 4

É sabido que, na realidade brasileira, os aposentados são culturalmente entendidos como improdutivos, com altos encargos sociais e essa classe profissional apresenta um alto percentual de alcoolismo. 5

Destaca-se também o fato de que o Estado do Rio Grande do Sul conta, hoje, com policiais militares aposentados que retornaram às atividades funcionais e poderão permanecer no serviço até os 65 anos, em razão das demandas da sociedade, da redução dos recursos humanos na Corporação e da contenção das despesas públicas. Os policiais militares convocados estão atuando em escolas, fóruns, atividades administrativas, em quartéis e demais órgãos públicos.

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é o tempo de preocupar-se com o envelhecimento. Essa preocupação é necessária durante toda a vida. Como, possivelmente, os profissionais com mais de 35 anos, os convocados que retornaram às atividades funcionais e os demais aposentados já perderam tempo para preparar-se para o envelhecimento, justifica-se a necessidade de iniciativas com potencial para revelar a importância da Gerontologia nesse campo de trabalho.

A partir dessa problemática, a presente proposta tem como PROBLEMA DE

PESQUISA a seguinte questão: “Como se caracteriza a concepção de

envelhecimento dos policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar da Brigada Militar, sediado em Alvorada, e quais são as suas metas motivacionais em relação ao seu envelhecimento?”

Durante o desenvolvimento da pesquisa, buscar-se-á a confirmação da TESE: Os policiais militares, que trabalham no Policiamento Ostensivo da Brigada Militar, sediados em Alvorada, têm uma concepção de envelhecimento em que predomina a dimensão biológica, e suas metas motivacionais estão associadas ao lazer e ao trabalho complementar, que busca suprir as dificuldades financeiras advindas da baixa remuneração da aposentadoria.

1.2 QUESTÕES DE PESQUISA (QP):

QP 1 – Qual a concepção de envelhecimento dos policiais militares do 24º Batalhão de Policia Brigada Militar?

QP 2 – Como se caracterizam as metas motivacionais dos policiais militares investigados e as possíveis relações com a concepção de envelhecimento?

QP 3 – Quais as principais dificuldades e implicações para o envelhecimento saudável na concepção dos policiais militares que trabalham em Alvorada, RS?

QP 4 – A concepção de envelhecimento dos policiais militares participantes da pesquisa apresenta coerência com suas metas motivacionais?

As questões da entrevista foram as seguintes: 1- Como o senhor define envelhecimento?

2- Quais os principais benefícios que o envelhecimento pode trazer para os policiais militares?

(21)

4- Quais as principais limitações para o envelhecimento saudável dos Policiais Militares?

5- Quais são suas metas motivacionais com relação ao seu envelhecimento?

6- Como o senhor se prepara para esta fase da vida? 7- Como o senhor descreve o policial militar idoso hoje?

8- Quais as principais limitações dos Policiais Militares quando envelhecidos?

9- O que o senhor considera necessário para que os Policiais Militares envelheçam saudáveis?

10- O senhor gostaria de dizer algo sobre a “Concepção de envelhecimento e as metas motivacionais dos Policiais Militares gaúchos?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Caracterizar a realidade dos policiais militares, em relação à preparação para a aposentadoria e ao envelhecimento, visando a contribuir para a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, quando esses profissionais estiverem na reserva.

1.3.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar a concepção de envelhecimento de policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar da Brigada Militar, sediado em Alvorada;

- Analisar as metas motivacionais dos policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar da Brigada Militar, sediado em Alvorada, e possíveis relações com a concepção de envelhecimento;

- Identificar as principais dificuldades e implicações para o envelhecimento saudável dos policiais militares, que permeiam o contexto institucional;

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CONCEPÇÃO DE ENVELHECIMENTO

Os estudos na área do envelhecimento humano são recentes. O termo Gerontologia, cunhado por Élie Metchnikoff, em 1903, significa o estudo do processo de envelhecimento de todas as coisas vivas, envolvendo aspectos biológicos, sociológicos, psicológicos e educacionais entre outros. 6

Na dimensão biológica, o envelhecimento é compreendido como um fenômeno biológico típico de uma grande quantidade de formas de vida, expressando-se de variadas formas conforme o grupo, a espécie ao longo de determinado período.

Jeckel-Neto define envelhecimento como o conjunto de alterações nas características biológicas de um ser vivo, que acontecem com o passar do tempo. Envelhecimento não é a mera passagem de tempo, é manifestação de eventos biológicos que ocorrem ao longo de um período. 7

Para Cruz, é um processo contínuo, que se inicia com a formação de uma célula (zigoto), a partir da fusão dos gametas, e vai até a morte do organismo formado8, enquanto, para Neri, o envelhecimento biológico compreende os processos de transformação do organismo que aparecem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. 8

Os conceitos apresentados contemplam a pessoa na sua totalidade e mostram que não há neutralidade na concepção do processo de envelhecimento. Trata-se de um processo natural, de base biológica, irreversível, mutante e aberto, que sofre alterações do ambiente. Portanto, o envelhecimento humano é um fenômeno complexo, provocado por múltiplos fatores, que não se submete a uma relação linear. Embora se percebam na espécie padrões de envelhecimento, não se pode medi-los.

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podem-se acumular e tornar padrão do ser humano, modificando-se em tempos determinados, como mostram estudos em países industrializados.

Em países, como Suécia, Inglaterra, País de Gales e França, onde as populações já atingiram elevado nível de bem-estar, a expectativa de vida de homens e mulheres aumentou muito pouco nos últimos 130 anos9. O que cresceu, observa Neri9, foi o número de pessoas vivas entre os 80 e 100 anos, o que significa que a qualidade de vida dos idosos melhorou, mas não necessariamente a longevidade da espécie.

Embora o controle da vida humana permaneça um mistério científico e exista um limite genético-biológico para a expectativa de vida por ocasião do nascimento, os estudos demonstram que o aumento da longevidade é influenciado pelo avanço das ciências biomédica e social, industrialização, melhorias na saúde, no saneamento, o uso de vacinas, controle de doenças e emprego de antibióticos. O desafio atual, entretanto, “vai muito além do evitar ou atrasar doenças”, mas pressupõe comprometimento, atitude positiva e o “engajamento pleno do ser idoso na vida (2003, p. 34)”10.

Estudos sobre o envelhecimento e o prolongamento da vida normalmente são relacionados ao tempo de vida, raramente, é referenciada à qualidade de vida e ao prazer de viver. Essa relação envolve o desejo da pessoa envelhecida e pressupõe que tais objetivos façam parte de suas metas motivacionais, embasem e impulsionem atitudes pessoais capazes de mudar o quadro costumeiramente descrito, para este período da vida humana: desvalorização social, doenças, solidão, inatividade, decrepitude do corpo e da mente, etc, infelizmente, ainda, são concepções associados ao envelhecimento.

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variabilidade individual, dos objetivos e desejos, crenças, valores, diferenças genéticas e de vivências em ambientes diferentes de cada uma delas.

A expectativa de vida é, também, por vezes, confundida com longevidade humana. A longevidade é estudada, através da espécie, no avanço das etapas anteriores, que conduzem a mais tempo de vida na velhice e ao aumento da expectativa de vida, mas não é fundamentada em estudos sobre pessoas ou grupos. As explicações sobre o aumento e o controle da longevidade estão surgindo por meio de uma visão sistêmica, através de “teorias de rede”, em que contribuições de várias áreas do conhecimento são consideradas juntas, permitindo a interação e o sinergismo entre diferentesprocessos11, potencializando o progresso em solucionar a complexidade subjacente aos mecanismos de envelhecimento.

A expectativa de vida tem como parâmetro de partida, o nascimento e, por fim, a morte. O aumento da expectativa de vida, conforme exposto, deve-se, principalmente, ao declínio da mortalidade infantil e à diminuição de mortes de adultos por doenças infecciosas na modernidade, e não ao progresso genético da espécie.

O aumento da expectativa de vida intensificou os estudos relativos à natureza do processo de envelhecimento e à longevidade. Há um grande interesse em entender os fatores que controlam a longevidade humana, por diversos motivos, especialmente, aqueles relacionados à saúde e à previdência. Nas pesquisas de Kirkwood11, o foco da investigação dá-se no prolongamento do tempo de vida, com pouca ênfase na motivação da pessoa envelhecida.

As classificações de teorias do envelhecimento são diferentes. Jeckel-Neto e Cunha utilizam a sistematização de Arking para apresentar os fundamentos das teorias que procuram explicar o fenômeno do envelhecimento biológico12, sucintamente apresentados a seguir.

(25)

As teorias do desenvolvimento descrevem e explicam as mudanças comportamentais, que acontecem ao longo do tempo, e caracterizam as diferenças existentes entre indivíduos e grupos, com relação a como e por que se desenvolvem e sobre como e por que envelhecem desta ou daquela maneira. 12.

Os paradigmas teóricos nessa dimensão são construções intelectuais sobre a natureza geral das mudanças evolutivas, que ocorrem em determinado período da vida, ou durante a vida em sua extensão6. Para Lerner, esses paradigmas são conhecidos, como de mudança ordenada, contextualista e dialético. Para os teóricos, que defendem o primeiro, o desenvolvimento é concebido tendo como referência estágios discretos e tem como pressuposto a existência de tendências de crescimento, estabilidade e declínio 13.

Outro grupo de teóricos entende que o desenvolvimento é um processo contínuo de mudanças, ocorridas por pontos de transição de natureza psicossocial, e que originam alterações em papéis, status, autoconceito e no próprio senso de pertencimento a um grupo etário ou geração.

Um terceiro paradigma produz uma visão de desenvolvimento, como um produto da influência interativa de determinantes normativos da idade cronológica (biológicos e associados ao processo de socialização a que todos os membros de uma sociedade estão sujeitos), de determinantes normativos históricos (decorrentes da passagem de tempo socioistórico) e de determinantes não-normativos (sem uma época previsível de ocorrência). Os paradigmas referidos fundamentam diferentes formulações teóricas no processo de envelhecimento ao longo de toda a vida7.

Em relação ao envolvimento social e à preocupação consigo mesmo, segundo a Teoria do Desencargo, o envelhecimento se apresenta como uma redução gradual, enquanto, na Teoria da Atividade, quanto mais ativa as pessoas permanecem, melhor envelhecem 13.

Para Papalia, a Teoria do Desencargo é uma das primeiras teorias, que influenciaram a área da Gerontologia, considerando que declínios no funcionamento físico e na consciência da aproximação da morte resultam no afastamento inevitável dos papéis sociais, pela introspecção e o apaziguamento das emoções13.

(26)

Para Nery,2 “o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência (2001, p.27) .

O processo de envelhecimento e as causas da longevidade, nas pessoas, não se restringem somente a aspectos biológicos, mas, também, genéticos, sociais, individuais e outros, relacionados ao ambiente. Artigos, publicados na Science & Society, abordam implicações e procedimentos correlacionados ao aumento da longevidade humana, envolvendo questões de ordem econômica e ética14, aspectos culturais do tempo de vida das pessoas e decorrências da prevenção “científica” do envelhecimento3.

Os resultados dos trabalhos científicos, realizados nos últimos anos na Biologia, Medicina e ciências comportamentais, apresentam coerência no que se refere às causas do prolongamento do tempo de nossa vida, embora haja carência de estudos abordando a motivação do idoso para o envelhecimento bem -sucedido.

Os estudos mais recentes sobre o desenvolvimento humano consolidam três idéias fundamentais: “O desenvolvimento é um processo finito; desenvolvimento e envelhecimento são processos concorrentes, e ambos são afetados por uma complexa combinação de variáveis, operando ao longo de toda a vida9 (2001, p 28). Essas conclusões corroboram o entendimento de que se trata de um fenômeno que inclui alterações das características biológicas do organismo vivo ao longo do tempo e também mudanças, as quais “são progressivas e ocorrem de maneira previsível, como resultado da interação entre determinantes biológicos e ambientais2” ( 2001, p. 27). O controle do tempo de vida de uma pessoa, portanto, não depende exclusivamente de sua carga genética ou das características da espécie, embora esses fatores influenciem diretamente no seu modo de ser, viver e envelhecer.

A compreensão do processo de envelhecimento é importante, para que essa fase da vida evolutiva se desenvolva naturalmente e não se reduza ao entendimento preconceituoso de que se trata da fase final da vida, desvalorização social, isolamento e inatividade.

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Bosi16 considera que a velhice tem sido construída na sociedade industrial de maneira maléfica, criando a idéia de inutilidade, discriminando seus conselhos e limitando sua capacidade de decisão. Para Minayo17, cada segmento social tem uma construção social diferenciada sobre saúde e doença. Portanto, o pensamento elaborado pelos idosos sobre como se sentem diante da velhice e da doença pode variar conforme seu grupo social.

Para Debert18, a concepção de envelhecimento é uma definição social e se estende a todas as dimensões da sua vida, envolvendo a família, o trabalho e o sistema educativo, etc. Santos19 considera que as pessoas têm conceito variável de envelhecimento, que é afetado por componentes da personalidade e por conceitos sociais e familiares.

Diante da revisão bibliográfica realizada, constata-se que o conceito de envelhecimento envolve todo o complexo contexto humano, sua relação com seus semelhantes e com a sociedade.

A relação da pessoa-indivíduo dispõe da capacidade de auto-eco-organização e auto-eco-regeneração a partir de trocas e comunicações individuais, constituindo uma unidade complexa dotada de qualidades emergentes da sociedade, as quais retroage sobre os indivíduos pela cultura, modificando-o e modificando-se, alcançando dimensão planetária.20

A cultura é constituída de práticas, saberes, regras e de crenças, normas, interdições e valores: trata-se de um capital de memória e de organização que dispõe de uma linguagem própria e diversificada que permite a rememoração, comunicação e transmissão deste capital de indivíduo para indivíduo e de geração para geração.2 Nesse sentido, amplia-se e ganha relevância o desenvolvimento do conhecimento, do ensino e de uma cultura gerontológica.

Dessa forma, para ter-se uma sociedade para todas as idades, é preciso que ocorra uma construção de meios que auxiliem na ruptura com preconceitos, a partir da reflexão crítica de práticas sociais discriminatórias, que excluem um grupo particular fundamentado sobre características arbitrárias, como a idade e condições físicas, por exemplo.

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comportamento discriminatórios8 na sociedade em geral e nas Polícias Militares, em particular.

A cultura das instituições, incluindo as Policiais Militares, contém em si um saber coletivo, acumulado na memória social. A cultura proporciona os conhecimentos que a regenera e transforma as pessoas, as relações e as práticas sociais, condicionada e dependente, simultaneamente, pelas psicossocioculturais. Portanto, é pela via do conhecimento que se produz a cultura e se melhora a qualidade de vida das pessoas.

2.2 EVOLUÇÃO DA FORMAÇÃO NA BRIGADA MILITAR: O CONTEXTO HISTÓRICO

A história da Brigada Militar se confunde com a história do Rio Grande do Sul. Em 1737, a província gaúcha se tornou o ponto de concentração do Exército Português devido aos ataques inimigos, razão pela qual o Estado necessitava mais do que as outras Províncias, de Força Militar que defendesse o seu território. Essa necessidade de tropa para a guerra motivou a criação da Força Pública, a qual participou, ativamente, de lutas externas e internas, como a Guerra do Paraguai em 1865 (Paraguai) e a Batalha de Buri em 1924 (São Paulo).

Em 1892, durante a República Velha, a Corporação começou a preocupar-se em incutir em seus integrantes uma nova mentalidade por meio do preparo intelectual e técnico, recolhendo os seus quadros aos quartéis. A primeira atividade de ensino da Corporação foi marcada pelo surgimento, em cada Unidade de Tropa, das “Escolas Regimentais”, que desenvolviam cursos de alfabetização, cujas aulas eram ministradas pelos oficiais das unidades, compreendendo dois grupos: escola de primeiro grau ou escola de praças, e escola de segundo grau ou escola de graduados.

A constante preocupação com a instrução da tropa levou à realização de manobras constantes, bem como incentivou o setor de preparação física, iniciando desses feitos as escolas de esgrima e ginástica e aquisição de uma gleba de terras na região conhecida por Chácara das Bananeiras (hoje, bairro Partenon, Porto Alegre, RS), onde se estabeleceram as instituições de ensino da Brigada Militar.

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amor à verdade e à obediência. Os homens eram recrutados e integrados aos contingentes. Não havia preocupação com o envelhecimento ou com os interesses da tropa.

O Decreto nº. 88.777, de 30 de setembro de 1983, conhecido como R-200, estabeleceu uma estrutura de ensino totalmente dependente de diretrizes do Exército, pois, apesar de constar nesse regulamento que a formação, especialização e aperfeiçoamento técnico-profissional dos policiais militares deveriam estar voltados para a Segurança Pública, o órgão orientador, coordenador e controlador, não entendia de tais assuntos. As diretrizes, expedidas pelo Exército, traduziam a situação política da época e destinavam-se a preparar as polícias militares, para representar o braço armado do regime militar, preservando a Força Terrestre – que se autodenominava reserva moral do país – das diversas manifestações urbanas.

Em 1997, é instituído pela Lei nº. 10.990, de 18 de agosto, o Estatuto dos Servidores Militares da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, e no seu art. 46, inc. XV, define como direito do Policial Militar “a saúde, higiene e segurança no trabalho”, incluindo não somente o período de tempo em que o servidor estiver na ativa, mas também quando estiver aposentado.

Em 1998, foram alteradas as bases curriculares dos cursos e dos treinamentos dos profissionais da área da Segurança Pública objetivando o ensino profissional. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional21 (LDB), Lei n.o 9394/96, que objetiva o desenvolvimento integral da pessoa, admite a equivalência de estudos do ensino militar ao regular, desde que as normas fixadas pelos sistemas de ensino estejam de acordo com aquela.

Sabiamente, a LDB prevê que o ensino militar seja regulamentado em lei específica, pois essa modalidade de formação profissional tem características endógenas, que lhe conferem identidade muito particular.

A polícia deve atender às exigências do público, no que se refere ao atendimento e à proteção, mas, ao mesmo tempo, deve resistir, quando essas exigências tendem a violar os direitos individuais e coletivos, garantido pela Constituição Federal do país.

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O treinamento procura dar aos policiais as ferramentas intelectuais e práticas para que eles possam tomar decisões corretas e equilibradas. O treinamento prático representa a continuidade da transição do recruta do ambiente civil para uma nova cultura da polícia. Por outro lado, não se observam o ensino e o treinamento dos policiais militares para o envelhecimento saudável e produtivo, bem como a preparação para a reinserção na vida social.

Para Marinen22, o treinamento prático cobre a natureza geral das habilidades de policiamento, ensina o que fazer em situações específicas e apresenta aos novos policiais os aspectos específicos do departamento e seu ambiente: a composição da cidade e as características do bairro.

Diante dos novos desafios para o desempenho das suas atribuições constitucionais, do aumento dos índices de violência e do apelo da população pelos seus direitos, houve preocupação dos Governos Federal e Estadual com a formação de profissionais na área de segurança do cidadão, o que resultou na elaboração da recente proposta da Matriz Curricular Nacional pelo Ministério da Justiça em 200423.

Ao longo dos anos, a Brigada Militar acompanhou as transformações, ocorridas na sociedade, reformulando currículos e aperfeiçoando os recursos humanos. Notadamente, a partir de outubro de 1988, em decorrência da promulgação da Constituição Cidadã,24 a sociedade passou a vivenciar uma nova concepção de segurança pública no Brasil. Essa nova concepção, prevista no art. 144 da Carta Magna Nacional, “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos” que está na base da mudança, traz em seus pressupostos que a segurança é um direito do cidadão e um dever do Estado.

O novo cenário político propõe que a atuação policial se estabeleça em um intenso relacionamento social, presente, efetivo e, ao atuar, eficaz, deixando de ser uma organização isolada e separada da comunidade para ser integrada e participativa. Nesse contexto, a produção de conhecimentos, relacionados às metas motivacionais dos policiais militares, apresenta-se como importante para a valorização profissional e a preservação da memória cultural da Instituição Brigada Militar e da sociedade.

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O planejamento das atividades de ensino deve buscar a revisão das práticas, a reflexão sobre o ofício de polícia, a discussão participativa e a antecipação da prática. Para transformar o presente, é preciso desenvolver a aptidão natural do espírito humano, propiciando condições para estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo, enquanto estudos sobre metas motivacionais podem contribuir para o envelhecimento saudável.

A partir da década de 80, o ensino do policial militar começou a conviver com pensamentos diversos do positivismo lógico, como o de Morin 19, afirmando que o ser humano é, ao mesmo tempo, físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. Entretanto, esse interesse deve prevalecer por ocasião do seu envelhecimento, como policial militar-cidadão, com direitos e deveres, entre eles, o de proteger e ser protegido, de assistir e ser assistido, especialmente, quando envelhecido.

A educação deve conduzir à “antropo-ética”25, levando em conta o caráter da condição humana, que é, ao mesmo tempo, ser indivíduo-sujeito-espécie. Nessa concepção, os indivíduos são mais do que produtos do processo de reprodução da espécie humana, mas produtores do próprio processo cultural que retroage sobre os indivíduos.

Portanto, a existência mútua indivíduo/sociedade, pressupõe ajuda mútua, desenvolvendo e regulando-se, mutuamente, envolvendo o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, participações comunitárias, requerendo a substituição dos embates físicos pelos conflito de idéias26, oriundas da vontade do povo, mediante eleições de governos democráticos, que têm a responsabilidade de prestar contas das promessas, de suas propostas para a segurança e melhoria da qualidade de vida das pessoas.

A formação tem como objetivo um perfil profissional delineado a partir de algumas perguntas, visando a possibilitar uma reflexão:

- Como devem ser esses profissionais?

- Que papel se espera que eles desempenhem? - Como é a sociedade em que irão atuar?

- Que competências deverão ter ao final de sua formação?

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que são exigidas no processo educacional, ou seja, as expectativas da atuação do profissional em relação às atividades a serem desenvolvidas na função que ocupará e frente às demandas sociais, possibilitando a reflexão dos conteúdos conceituais, procedimentos e atitudes que deverão estar presentes26 nesse processo, mediante vínculo com o currículo e, conseqüentemente, com as atividades de ensino e de aprendizagem.

Assim sendo, a formação policial militar conduz à preparação e à responsabilidade para o atendimento às demandas da sociedade, não criando uma cultura1 em que a preparação envolva também se perceber como pessoa que precisa refletir sobre a sua própria condição e metas para o futuro.

A mudança, na formação policial militar, torna-se necessária para a implementação de uma filosofia centrada na concepção de profissional como cidadão, considerando suas necessidades de variada natureza, incluindo as referentes a uma educação gerontológica e metas motivacionais, preparando a passagem para a reserva.

2.3 TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA: RECOMEÇO OU FIM DA VIDA?

O estudo mais conhecido, desenvolvido na Brigada Militar sobre a implementação de ações institucionais, voltadas para a preparação dos policiais para a reserva, aborda o aproveitamento profissional e o acompanhamento biopsicossocial dos servidores da milícia gaúcha, visado a garantir uma melhor qualidade de vida 27.

Os objetivos do referido estudo monográfico do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, realizado na Academia de Polícia Militar de Porto Alegre, foram identificar, na estrutura da Brigada Militar, ações voltadas à preparação, aproveitamento e acompanhamento do policial militar na reserva; conhecer a realidade e as percepções pessoais desse servidor acerca do assunto; e, por fim, identificar a necessidade ou não de programas voltados para a qualidade de vida dos integrantes da Corporação27. Participaram da investigação Diretores e Comandantes de Organizações Policiais militares, o Presidente da Associação de Policiais Militares da Brigada Militar na condição de pré-reserva e reserva e Comandantes de Policiais Militares de outros Estados do Brasil, totalizando 106 pessoas. As variáveis

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estudadas foram as seguintes: condições socioculturais, econômicas e previdenciária; percepção pessoal, para continuar no serviço ativo; relações funcionais e familiares; sentimentos, projetos de vida, expectativas e nível de informação sobre a reserva; percepção do significado do trabalho e da aposentadoria; e a idade média com que vem ocorrendo à transferência.

Os resultados obtidos por Cougo et al27, embora já existindo, na época, Políticas Nacional e Estadual voltadas aos idosos, mostraram que não existiam medidas organizadas por parte da Brigada Militar no sentido de preparar o seu servidor para a reserva, de buscar o seu aproveitamento em termos mais abrangentes na própria Corporação, ou, por fim, uma assistência mais efetiva que possibilitasse o acompanhamento biopsicosocial na inatividade.

A partir dos dados obtidos nesse estudo, os autores concluíram que os policiais militares, quando na reserva, não devem significar “inutilidade social” ou “abandono à própria sorte”27, que precisam ser implementadas medidas organizadas, por parte da Corporação, no sentido de preparar os policiais militares para a reserva, de buscar aproveitamento em termos mais abrangentes na própria Instituição, incluindo assistência mais efetiva, uma vez que a situação constatada era de abandono.

As condições culturais, econômicas, sociais e previdenciárias pesquisadas evidenciaram um nível cultural baixo em razão de a grande maioria dos participantes do estudo serem praças, com ingresso nas Instituições Policiais Militares, quando não havia restrição quanto à escolaridade; dessas condições advém uma maior necessidade de esclarecimentos acerca de certos aspectos que a freqüência aos bancos escolares poderia melhorar o entendimento27.

A maior preocupação material dos policiais pesquisados traduziu-se na falta de moradia, pela segurança familiar que representa, permitindo inferir que há uma preparação para enfrentar a velhice com um teto. 27

No aspecto social, os pesquisadores verificaram que a maioria dos policiais militares procuram vincular-se a algum tipo de agremiação, demonstrando a necessidade de buscar formas de lazer, facilitados pela existência de clubes em todos os círculos hierárquicos.

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servidor para a reserva, pareceu estar vinculada às dificuldades financeiras que enfrenta, quando aposentado.

Por ocasião da saída do serviço ativo, segundo os autores citados, o policial militar se sente magoado e relegado a planos secundários em face do tratamento que lhe é dispensado pela Instituição, enquanto, na família, não há problemas quanto ao retorno do servidor ao lar, sentindo-se bem relacionado e acolhido27.

Os sentimentos, as expectativas, as dificuldades e o nível de informação sobre a reserva foram descritos pelos policiais militares participantes da pesquisa, como de preocupação com o futuro, quando alguns projetos se mostram inviáveis por falta de recursos financeiros, frustrando os servidores pela impossibilidade de alcançar seus objetivos.

Os dados coletados mostraram que o nível de informações orientadas para o envelhecimento do policial militar era precário, especialmente sobre os problemas nessa nova etapa da vida, necessitando a participação de profissionais da área biopsicosocial.

O trabalho é percebido e interpretado pelos policiais militares, como a razão da existência do homem, sem o qual dificilmente se sentiriam realizados. Portanto, os estudos de Cougo indicam que a interrupção do trabalho é motivo de angústia e sucinta o sentimento de que está desempregado e é incapaz de produzir, dando sentido e significado para o sentimento de inutilidade social dos policiais militares quando passam para a reserva27.

Os pesquisadores concluíram que a idade média de transferência para a reserva dos servidores policiais militares, em diversos níveis hierárquicos, ocorre, prematuramente, quando se encontram em pleno potencial físico, cultural e psicológico, razão pela qual, devido à experiência e ao conhecimento na área de segurança, são aproveitados em empresas privadas, seja na gerência seja em nível de execução27.

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menor proporção, afetam todo trabalhador nessa ocasião, tais como depressão, angústia, isolamento, entre outros27.

As sugestões, com vista à preparação dos policiais militares para a reserva, com aproveitamento profissional e acompanhamento biopsicossocial, envolvem a criação de Conselhos, clubes e entidades assistenciais; criação de um programa de preparação para a inatividade; recadastramento dos inativos; formação de grupos de inativos idosos; desenvolvimento de atividades sociais, esportivas, de lazer, com maior freqüência; criação de programas habitacional e de acompanhamento biopsicossocial e afastamento gradual dos policiais militares das atividades funcionais nos últimos seis meses, que antecedem a sua transferência para a reserva27.

Do exposto, embora bem-intencionadas, percebe-se que as ações propostas estão voltadas para o externo, sem indicativos de consonância com o desejo dos policiais militares como seres de aspirações, sentimentos, valores e vontade de serem úteis e reconhecidos quando estão deixando o serviço ativo. Nesses encaminhamentos, não são consideradas as metas motivacionais dos homens mais envelhecidos, os seus anseios, possibilidades de envelhecer em atividade, transparecendo contorno assistencialista e de dependência até o final da vida.

A partir de trabalho realizado por Bürger 28, enfocando a questão do policial militar quando na reserva, verificou-seque o inativo sente uma grande necessidade de ser preparado para enfrentar problemas decorrentes do envelhecimento, que, na maioria das vezes, vem a culminar com o fim de suas atividade militares, ressaltando que o PM não possui as mesmas atitudes e necessidades do cidadão civil, quando se vê frente à aposentadoria, pois ele age com naturalidade, sentindo condições de exercer as suas atividades funcionais anteriores, manter seu negócio, garantindo seu padrão de vida. Esse estudo aponta a dificuldade de convívio com os colegas por parte dos inativos, sentimento de desvalorização por parte dos companheiros da ativa, dificuldade de adaptação ao mundo civil, dificuldade de competir no mercado de trabalho, indiferença de sentimentos entre oficiais e praças.

Iponema 29 observa que a passagem para a reserva não significa inércia total, que a preparação deve escolher atividades que melhor convenha e cative os interesses dos milicianos.

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e 65 anos de vida aproximadamente, quando afloram situações de crise existencial, o que sugere enfrentamento do indivíduo com ele mesmo, com sua família, seu trabalho e a sociedade em que vive. É, neste período, que surge a preocupação com a aposentadoria ou quando a reserva se aproxima. Embora seja um direito ou benefício, na prática, determina uma mudança na vida da pessoa naquilo que ela mais considera, que é o seu trabalho, sendo essa uma das inadaptações mais marcantes que o envelhecimento e a aposentadoria acarretam em vida das pessoas: a interrupção do trabalho com a perda do seu papel profissional.

A maioria dos autores consultados reconhece que a perda do papel profissional representa a origem de desajustes, variando entre indivíduos e grupos sociais. Salgado30 considera que a meia-idade é a fase, em que começa a aposentadoria, período que, longe de ser estável, é altamente conturbado, já que as mudanças biológicas, fisiológicas, afetivas e sociais são somente algumas das muitas que ocorrem, exigindo que a pessoa se readapte não só ao mundo social, mas também à imagem que tem de si própria.

Para este autor, a preparação para aposentadoria contribui para melhorar o nível de vida à medida que adapta o indivíduo frente às mudanças que irão ocorrer em sua vida em função da ruptura com as atividades profissionais, considerando ainda, que preparar para a aposentadoria também significa preparar uma comunidade para atender aos seus aposentados – e uma instituição-, em especial, quanto ao seu aproveitamento em determinadas tarefas, considerando a importância da atividade na saúde e na qualidade de vida nesta fase da vida.

2.4 METAS MOTIVACIONAIS

(37)

Pedagogos, psicólogos e estudiosos, ligados à Educação são uníssonos, ao afirmar a importância da motivação para aprender.

Estudos de Mosquera31 mostram a importância da motivação, para aprender ao longo dos últimos anos. O quadro a seguir apresenta entendimentos diversos sobre a motivação e suas relações contextuais ao longo dos últimos séculos.

Quadro Nº 01 - Motivação e sua Importância para o Aprender (Elaborado pelo Pesquisador a partir de MOSQUERA, Juan José Mouríño. Psicodinâmica do Aprender. Porto Alegre: editora Sulina. 1975. p. 164-176.

AUTOR ENTENDIMENTO

William James (1890)

- Acredita que o instinto constituía a base do comportamento, dando pouca importância às forças motivadoras.

- Reconhecia somente processos mentais perceptíveis.

Dewey - Considera a motivação subordinada à resolução de problemas e atribuía grande valor e importância à obtenção de objetivos e à previsão de aspectos finalísticos do comportamento.

Thorndik (1906)

- Reconhece o interesse como força motivadora.

- A aquisição de conhecimentos e a formação de hábitos apropriados de pensamento e de ação dependem do interesse que nos motiva.

Freud - Concebeu a idéia de impulso como força motivadora interior dinâmica.

C o rr el l ( 19 70 )

- Afirma que a motivação faz parte da personalidade individual e está intimamente unida à capacidade e ao interesses do indivíduo.

- Conceitua motivação como um estado consistente de sentir-se impulsionado, onde se manifestam os motivos que têm por objetivo a redução de uma tensão causada pela necessidade. Nesse sentido, a aprendizagem pode-se tornar mais eficaz porque está intimamente relacionada com aquilo que se quer em determinado momento.

- O ser humano não é absolutamente livre de motivação, à medida que alcança uma meta ou fracassa, surgem outros motivos.

T h u rs to n e

- Afirma que devem ser considerados sete fatores no estudo da motivação: compreensão verbal, fluência verbal, facilidade de operações matemáticas, capacidade espacial, memória, capacidade perceptual e raciocínio.

- De acordo com a visão de mundo do indivíduo, ele elabora suas normas, critérios e concepções, estando seu interesse relacionado com a intensidade com que se manifesta determinado comportamento, que está relacionado com a capacidade do indivíduo e os estímulos que recebe do ambiente.

M o d el o d e M u rr ay ( 19 38

) - Considera a personalidade na sua estrutura interna, formada por forças dinâmicas que possibilitam o comportamento humano, numa determinada cultura, do nascimento a sua morte.

- Acredita que o comportamento humano é determinado pelo conflito resultando choque entre suas necessidades e a própria sociedade.

- A necessidade é uma entidade que organiza a percepção, a intelecção, a consecução e a ação, para transformar em certo sentido em uma situação atual satisfatória.

M

o

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el

o de

M

as

lo

w - Ressalta a idéia de auto-realização, que está inerente à segurança física e psíquica. - A motivação tem origem quando o indivíduo está procurando satisfazer suas necessidades básicas e procurando, ao mesmo tempo, ampliar seu nível motivacional através das interações com outros indivíduos. Portanto, infere-se que a aprendizagem humana decorre das relações interpessoais.

M o d el o d e M cC le lla n

(38)

A partir dos trabalhos, enunciados e das conclusões do autor, observam-se evidências de que a motivação está relacionada à satisfação das necessidades humanas, à melhoria do rendimento pessoal, ao aprendizado, à autonomia, ao prazer e à liberdade e ao domínio do homem sobre si e sobre o meio ambiente.

A motivação, entendida como “um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo32 (1999, p. 77)”, embora não seja um fator de controle do tempo de nossa vida, pode influenciar na compreensão do ser que envelhece na sua interação com o meio em que vive. Tais varáveis incrementam a aquisição de competências, de autonomia e responsabilidade pessoal, percepção de interdependência positiva, trabalho cooperativo, aspectos importantes, quando a discussão envolve o cuidado humano no processo de envelhecimento, justificando a necessidade de aprofundamento do conhecimento sobre a interação saúde, condições e qualidade de vida28.

Huertas 33 afirma que a motivação deve ser entendida como um processo de ativação e orientação da ação e que o processo motivacional para a aprendizagem é caracterizado pelo direcionamento a uma ou mais metas preliminarmente definidas, decorrente de um planejamento já estruturado. O indivíduo age, através de uma percepção relativa dos estímulos, o que o leva a optar a atender a alguns estímulos e a outros não, para alcançar ao objetivo pretendido. No mesmo sentido, Alonso Tapia32, afirma que a motivação depende do significado que o trabalho realizado tem para o indivíduo, como é percebido no contexto e se está relacionado aos objetivos da aprendizagem. Portanto, para esses autores, somente querer e crer não é suficiente para desenvolver uma ação, pois condicionantes físicos e sociais relacionados ao entorno influenciam, razão pela qual se faz necessário saber usar esses saberes.

A motivação não ocorre no vazio, depende da “auto-autorização”, do interesse (motivação) interno, estimulado pelo ambiente organizacional que pode interferir, reforçar ou anular os padrões motivacionais, conforme afirma o Dr. Juan Carlos Torre na apresentação do trabalho de Alonso Tapia32.

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A motivação, ligada ao mundo profissional, faz parte de um campo de estudo, que carece de investigação empírica rigorosa na realidade brasileira. Atualmente, organizações justificam os resultados alcançados, reclamando da falta de motivação. Entretanto, é sabido que a gênese e o desenvolvimento da motivação estão relacionados com o processo motivacional humano, construído com as outras pessoas com quem atua, ocorrendo uma perpétua reconstrução. 34

Os padrões motivacionais do indivíduo são construídos e delimitados pelo processo de socialização ao qual é submetido, iniciado na família. Os pais transmitem valores, metas e objetivos aos filhos por meio de conversas cotidianas, estórias e relatos de vida, que definem a estrutura intencional e motivacional34, ensinando-lhes esquemas motivacionais básicos e bases de conhecimentos disponíveis para serem ampliados em futuras e diferentes situações.

A educação e a profissionalização policial militar exercem a função de interiorização desses valores de acordo com os objetivos e as necessidades da sociedade, razão pela qual viver em sociedade pressupõe a consciência do significado desses fundamentos, para que haja progresso pessoal, sucesso no trabalho, construção e efetivação da cidadania.

As pessoas agem segundo suas diferentes metas. Os estudos de Alonso Tapia 36 demonstram que, para alguns, o mais importante é “aprender algo que faça sentido”, enquanto outros “buscam evitar sair-se mal diante dos outros”. Para aqueles, que querem aprender algo significativo, o mais importante é descobrir sentidos para as palavras, conhecer as habilidades, desenvolvê-las e compreender uma tarefa que traga satisfação e dominá-la. As pessoas, que buscam preservar suas imagens, esforçam-se para aprender e evitam não saber responder a eventuais perguntas que lhes sejam feitas; a meta é não ter problemas no trabalho. O trabalhar, nesse caso, está relacionado a “algo externo”, é um “meio para atingir um fim”.

Alonso Tapia e Monteiro3 afirmam que a ocorrência de metas está relacionada ao trabalhar para obter um resultado, associando o rendimento ao objetivo final desejado, como se ver como vitorioso, ter desejo de aprender novas coisas e de fazê-las bem-feitas.

(40)

comparação social, enquanto os com mais experiências de fracasso padecem, aceitando metas carregadas de terror e dúvidas sobre a sua capacidade. 35

Papalia, Olds e Feldman,13 com base em estudos de Baltes e colaboradores, afirmam que o envelhecimento bem-sucedido depende do estabelecimento de metas, para orientar o desenvolvimento e os recursos que tornem essas metas potencialmente realizáveis. Embora isso ocorra durante toda a vida, é na idade avançada que mais se manifesta mediante a otimização seletiva com compensação.

Evidencia-se o relacionamento entre a concepção de envelhecimento e as metas motivacionais que ativam a conduta humana na busca do objetivo de uma vida saudável. Portanto, somente querer engajar-se socialmente e crer em uma vida com qualidade não é suficiente para desenvolver uma ação, pois condicionantes físicos e sociais relacionados ao entorno influenciam, razão pela qual se faz necessário que o individuo saiba usar conhecimentos e a experiência cultural.

Estudos de Erickson, analisando as implicações da resolução de conflito entre a integridade e o desespero na velhice, constata que pode emergir sabedoria, dependendo das oportunidades socioculturais9.

O estudo das metas motivacionais dos policiais militares, associadas à concepção de envelhecimento e de conhecimentos, apresenta-se como importante ponto de reflexão para estabelecer-se uma educação gerontológica capaz de ensinar cuidados à população e estimular o prazer de viver a partir de fundamentos científicos capazes de promover mudanças de comportamentos individuais e sustentar políticas públicas promotoras de uma longevidade ativa e sadia.

A socialização do conhecimento científico sobre envelhecimento e longevidade sadia não se apresenta como tarefa fácil diante dos preconceitos e estereótipos, existentes com relação às pessoas envelhecidas, mas sim o aprendizado e a incorporação do conhecimento, produzido o desejo nas pessoas de querer viver mais tempo e melhor.

Os conhecimentos sobre envelhecimento e longevidade, com qualidade de vida, envolvem a busca pelo prazer de viver bem, ampliar o alcance da ciência e a conseqüente eficácia social de seus produtos à medida que a evolução científica esteja ao alcance de todos os membros da população, de forma igualitária e justa.

Imagem

Figura n.o  1 – Figura de análise  Fonte: Elaborado pelo pesquisador.
Figura 2 – Caracterização da concepção de envelhecimento dos policiais militares  Fonte: Elaborado pelo pesquisador
Figura 3 – Concepção de envelhecimento dos Policiais Militares  Fonte: Elaborado pelo pesquisador
Figura 4 - Caracterização das metas Motivacionais dos Policiais Militares  Fonte: Elaborado pelo pesquisador
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