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Caracterização dos sistemas de produção de leite bovino na microrregião Seridó do estado do Rio Grande do Norte

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE

LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

JOSÉ GERALDO BEZERRA GALVÃO JÚNIOR

(2)

JOSÉ GERALDO BEZERRA GALVÃO JÚNIOR

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE

LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Orientador: Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel

Co-Orientador: Profª Dra. Madga Maria Guilhermino

MACAÌBA/RN – BRASIL ABRIL/2012

(3)

COMITÊ DE ORIENTAÇÃO

Adriano Henrique do Nascimento Rangel, Dr. Sc.

Orientador

Magda Maria Guilhermino, Dr. Sc.

Co-orientador

Josimar Torres Gomes, Dr. Sc.

Co-orientador

Catalogação da publicação na fonte

Biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN

Câmpus Nova Cruz

G182c GALVÃO JÚNIOR, José Geraldo Bezerra.

Caracterização dos sistemas de produção de leite bovino na microrregião Seridó do estado do Rio Grande do Norte. / Jose Geraldo Bezerra Galvão Júnior. – Macaíba, 2012.

78f.

Orientador: Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel Dissertação (Dissertação em Ciências Agrárias). – Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Macaíba, 2012.

1. Laticínios – Dissertação. 2. Produção de leite – Dissertação. 3. Produtos de animais - Dissertação. I. RANGEL, Adriano Henrique do Nascimento. II. GUILHERMINO, Madga Maria III.Título.

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CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

por

JOSÉ GERALDO BEZERRA GALVÃO JÚNIOR

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL (PPGPA), UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE COMO REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE ABRIL, 2012

© JOSÉ GERALDO BEZERRA GALVÃO JÚNIOR TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O autor aqui designado concede ao curso de Pós-Graduação em Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos

termos da Lei.

Assinatura do Autor:______________________________________________________

APROVADA POR:______________________________________________________

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Henrique Rocha de Medeiros

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Luciano Patto Novaes

______________________________________________________________________

(5)

JOSÉ GERALDO BEZERRA GALVÃO JÚNIOR

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

APROVADA EM: 27/04/2012

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________ Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel (UFRN)

Presidente (Orientador)

__________________________________________ Prof. Dr. Henrique Rocha de Medeiros (UFRN)

Examinador

___________________________________________ Prof. Dr. Luciano Patto Novaes (UFRN)

Examinador

___________________________________________ Sérgio Marques Júnior (UFRN)

Examinador (Membro externo)

(6)
(7)

É triste pensar que a natureza fala e

que o gênero humano não a ouve

.

(8)

AGRADECIMENTOS

À minha mãe Maria Francisca, por sua dedicação estando sempre ao meu lado na minha vida e na minha carreira, amando, torcendo, cuidando e incentivando. Por ter sempre acreditado em mim;

Ao meu pai, José Geraldo, por ter participado deste trabalho, na condição de guia rural, informando a localização das propriedades selecionadas para o desenvolvimento da pesquisa;

Às minhas irmãs Ana Amélia e Elvira Cristina por estarem sempre ao meu lado me ajudando e apoiando, em todos os momentos;

À Ana Tereza Vasconcellos, por está fazendo parte de minha vida, contribuindo com sua amizade, amor e atenção, ajudando sempre em qualquer dificuldade;

Aos orientadores Magda Maria Guilhermino e Adriano Henrique do Nascimento Rangel, pelas discussões propostas, pela animação e pelos apertos para que pudéssemos cumprir nossas metas;

Aos professores que lecionaram e contribuíram na nossa formação, no decorrer dos semestres letivos, especialmente: Adriano Rangel, Aurino Simplício, Gualter Guenther, Janete Gouveia, Elizângela Cunha, Francisco das Chagas (Titico), Gelson Difante, Magda Guilhermino, Marcone Costa, Luciano Patto, Henrique Rocha, Lílian Giotto e Emerson Aguiar;

Aos colegas do IFRN – Campus Currais Novos que contribuíram plenamente para que eu pudesse alcançar mais este mérito, agradecimento especial a Rady Dias, André Amaral, Paulo Gustavo, Danilo Cortez e Fernando Antônio, Leonardo Marciano e Ronaldo Falcão. Em nome destes, estendo meus agradecimentos aos demais;

(9)

Aos servidores e colaboradores da Coordenação do Programa de Pós-graduação, especialmente: Elenice e Ivana;

Aos colegas das turmas 2009 e 2011: Aline Portela, Manoel Neto, Samara Suenya, Virgínia Barbosa, Miguel Ângelo, Eduardo César, Alberto Luiz, Carla Lailane, Dyego Leite, Igor Aureliano, Iralice Medeiros, José André, Joyce Uchoa, Juliana Justino, Kacia Beatriz, Karin Kurkjian, Lívia Correia, Mayara Leilane, pelos momentos que pudemos compartilhar nossas ideias, principalmente nas disciplinas de Seminários I e II;

À Aldilene Dantas (estatística) pela contribuição oferecida, muito obrigado;

(10)

LISTA DE TABELAS

Pág.

TABELA 01: Produção mundial de leite de diferentes espécies de animais -

2010/2011... 18

TABELA 02: Produção mundial de leite de vaca – 1990/2010... 19

TABELA 03: Produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal no Brasil – 1980/ 2010 ... 20

TABELA 04: Condições de uso da terra ... 34

TABELA 05: Área total das propriedades ... 34

TABELA 06: Número total de animais do rebanho bovino, número de vacas do

rebanho e número de vacas em lactação ... 36

TABELA 07: Resultados zootécnicos dos rebanhos ... 37

TABELA 08: Destino do leite produzido ... 38

TABELA 09: Agrupamento dos estabelecimentos da amostra conforme o seu índice de desenvolvimento rural – IDR ... 51

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Pág.

GRÁFICO 01: Importações e Exportações de produtos lácteos pelo Brasil, 2003/2011 ... 21

GRÁFICO 02: Evolução da produção de leite na Região Nordeste, 1990/2010 . 23

GRÁFICO 03: Produção de leite bovino (Mil litros) e números de vacas ordenhadas no Estado do Rio Grande do Norte, 1974/2010 ... 24

GRÁFICO 04: Situação de acesso à assistência técnica rural ... 39

GRÁFICO 05: Distribuição dos entrevistados quanto ao nível de escolaridade . 40

GRÁFICO 06: Estabelecimentos que representam a classe 01 de acordo com o seu IDR ... 52

GRÁFICO 07: Estabelecimentos que representam a classe 02 de acordo com o seu IDR ... 53

GRÁFICO 08: Estabelecimentos que representam a classe 03 de acordo com o seu IDR ... 55

(12)

APÊNDICE

Pág.

APÊNDICE 01: Modelo de questionário aplicado na pesquisa ... 60

APÊNDICE 02: Comprovante de envio de artigo para revista 63 APÊNDICE 03: Artigo enviado para publicação ... 64

APÊNDICE 04: Gado bovino em pastagem nativa ... 78

APÊNDICE 05: Xique-xique – alternativa alimentar no período da seca ... 78

APÊNDICE 06: Capineira de capim elefante ... 78

APÊNDICE 07: Queimadas e solo exposto à erosão ... 78

APÊNDICE 08: Alimento volumoso passando do ponto ideal de corte ... 78

(13)

CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Galvão Júnior, José Geraldo Bezerra. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NA MICRORREGIÃO SERIDÓ DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. 2012. 78f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal: Sistemas de Produção Sustentável no Semiárido) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2012.

RESUMO: Objetivou-se contribuir com uma leitura das características e diversidades dos sistemas de produção de leite bovino na microrregião Seridó do Estado do Rio Grande do Norte, discutir os aspectos sociais, econômicos, zootécnicos e ambientais relacionados com a atividade primária da produção de leite. Foram selecionados, aleatoriamente, 28 estabelecimentos agropecuários que desempenhavam a atividade da bovinocultura leiteira com posterior aplicação de questionário estruturado nos meses de setembro e outubro de 2011. Os dados foram analisados com aplicação de medidas de análise descritiva e determinação do índice de desenvolvimento rural (IDR). Os resultados demonstraram que 53,57% dos entrevistados eram proprietários da terra, a mediana da área das propriedades correspondeu a 135 hectares, a mediana do número de animais no rebanho bovino foi de 51 cabeças, com número mínimo de 11 e máximo de 350 cabeças nos estabelecimentos da amostra, 85,72% dos estabelecimentos tinham até 23 vacas em lactação, 100% realizavam ordenha manual com bezerro ao pé, produtividade média de 3,91 litros de leite/vaca/dia, 92,86% dos entrevistados não produziam silagem e/ou fenação, 64,29% não tinham acesso à assistência técnica, a idade média dos entrevistados foi 51±10,85 anos de idade, 78,57% tinham apenas ensino fundamental incompleto. A média geral do IDR calculado da amostra em análise correspondeu a 0,43±0,11 numa escala de 0 a 1. Os estabelecimentos foram agrupados em 04 classes, baseando-se no seu IDR. O IDR médio em cada dimensão foi 0,43, 0,55 e 0,34, respectivamente para econômico/zootécnico, social e ambiental. A determinação do índice de desenvolvimento rural - IDR encontrado para a amostra conseguiu agregar os estabelecimentos hierarquicamente. Conclui-se que é necessária à inclusão de melhores práticas de manejo do rebanho, escrituração zootécnica, assistência técnica e reorganização fundiária e práticas de preservação ambiental.

(14)

Galvão Júnior, José Geraldo Bezerra. CHARACTERIZATION OF THE PRODUCTION SYSTEMS OF BOVINE MILK IN THE MICROREGION SERIDÓ THE STATE OF RIO GRANDE DO NORTE. 2012. 78f. Master Science Degree in Animal Science: Sustainable Production Systems in Semiarid. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2012.

ABSTRACT: The objective was to contribute to a reading of the characteristics and diversity of production systems from bovine milk in the microregion Seridó of Rio Grande do Norte, discuss the social, economic, environmental and husbandry-related primary activity of milk production. We randomly selected 28 agricultural establishments that performed the activity of dairy bovine culture with subsequent application of a structured questionnaire during September and October 2011.Data were analyzed with application of measures of descriptive analysis and determination of the index rural development (IRD). The results showed that 53.57% of the interviewees were owners of the land, the median area of the properties amounted to 135 hectares, the median number of animals in the herd was 51 head, with minimum 11 and maximum of 350 heads establishments in the sample, 85.72% of establishments had maximum 23 cows in lactation, 100% performed manual milking with suckling calves, average productivity of 3.91 liters / cow / day, 92.86% of the interviewees did not produce silage and / or hay, 64.29% had no access to technical assistance, the average age of interviewees was 51 ± 10.85 years, 78.57% had only elementary education. The average of the IRD computed in the test sample amounted to 0.43 ± 0.11 on a scale 0-1.The sites were grouped into 04 classes, based on your IRD. The average IRD in each dimension was 0.43, 0.55 and 0.34, respectively for economic / husbandry, social and environmental. The determination of the rate of rural development - IDR found for the sample could add establishments hierarchically. It is necessary that the inclusion of best practices in herd management, bookkeeping zootechnical, technical assistance and reorganization practices in land and environmental preservation.

(15)

SUMÁRIO

1. REFERENCIAL TEÓRICO... 17

1.1. PRODUÇÃO E CONSUMO DE LEITE NO MUNDO ... 18

1.2. PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL ... 19

1.3. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS NORDESTINOS DE PRODUÇÃO DE LEITE... 21

1.4. O SEMIÁRIDO POTIGUAR E SEUS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE ... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 26

2. PERFIL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NO SEMIÁRIDO NORDESTINO ... 29

2.1. INTRODUÇÃO ... 30

2.2. MATERIAL E MÉTODOS ... 31

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 31

2.2.2. AMOSTRAGEM... 32

2.2.3. COLETA DOS DADOS... 33

2.2.4. ANÁLISE DOS DADOS... 33

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 33

2.3.1. CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES... 33

2.3.2. CARACTERÍSTICAS DO REBANHO E DO MANEJO ADOTADO... 35

2.3.3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS... 40

2.4. CONCLUSÃO... 41

REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS... 43

3. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA BOVINOCULTURA LEITEIRA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO... 45

3.1. INTRODUÇÃO... 46

3.2. MATERIAL E MÉTODOS... 47

3.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO... 47

3.2.2. AMOSTRAGEM... 48

3.2.3. COLETA DOS DADOS... 48

3.2.4. ANÁLISE DOS DADOS... 49

VARIÁVEIS ZOOTÉCNICAS E ECONÔMICAS... 49

VARIÁVEIS SOCIAIS... 50

VARIÁVEIS AMBIENTAIS... 50

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 51

(16)

3.3.2. CLASSE 02... 53

3.3.3. CLASSE 03... 54

3.3.4 CLASSE 04... 55

3.4. CONCLUSÃO... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 59

(17)

17 1. REFERENCIAL TEÓRICO

A pecuária leiteira é uma atividade de grande importância para o desenvolvimento econômico de diversas regiões brasileiras além de permitir a fixação do homem no campo, reduzindo as pressões sociais nas áreas urbanas e de contribuir para minimização do desemprego e da exclusão social (MILINSKI, et al., 2008).

A grande maioria do leite produzido no Brasil é proveniente de sistemas que exploram vacas não especializadas, mantidas em pastagens tropicais mal manejadas, ocorrendo severa restrição nutricional destes animais no período da seca. A suplementação com concentrados é muitas vezes feita de forma inadequada, tanto em termos quantitativos como qualitativos. O resultado é a pequena escala de produção, índices zootécnicos medianos e a baixa rentabilidade do setor (MARTINEZ, 2011).

As atividades agrícolas conduzidas com fins lucrativos devem ser contabilizadas para periódicas análises do desempenho econômico e técnico. Entretanto, poucas são as propriedades rurais de pequeno e médio porte que contabilizam suas atividades para posterior análise econômica, e, por isto, não conhecem seus custos de produção de leite, especialmente os custos fixos. Assim, a inexistência de fontes de informações confiáveis levam os produtores à tomada de decisão condicionada à sua experiência, à tradição, ao potencial da região, à falta de outras opções e à disponibilidade de recursos financeiros e de mão-de-obra. Quando a rentabilidade é baixa, o produtor percebe, mas tem dificuldade em quantificar e identificar os pontos de estrangulamento do processo produtivo (OLIVEIRA et al., 2001).

Com base no exposto, objetivou-se com este trabalho contribuir com uma leitura das características e diversidades dos sistemas de produção de leite bovino na microrregião Seridó do Estado do Rio Grande do Norte, com o intuito de visualizar suas limitações e potencialidades.

Os objetivos específicos foram:

1) Discutir os aspectos sociais, econômicos, zootécnicos e ambientais relacionados com a atividade primária da produção de leite bovino no Seridó Potiguar;

2) Propor estratégias que possam contribuir para melhorias da pecuária leiteira na região em estudo.

(18)

18 bovino em um município na região Semiárida Potiguar e o terceiro relacionado à determinação de um índice de desenvolvimento rural das propriedades estudadas, baseado nos aspectos sociais, econômicos, zootécnicos e ambientais.

1.1. PRODUÇÃO E CONSUMO DE LEITE NO MUNDO

De acordo Heiden (2011), conforme os dados da FAO, relativos a junho de 2011, estima-se que nos últimos quatro anos, a produção mundial de leite de vaca, búfala, cabra, ovelha e camela cresceram, em média, 1,7% ao ano, apresentando crescimento menor nos países desenvolvidos e maior nos países em desenvolvimento, de 0,7% e 2,8% ao ano, respectivamente. As Tabelas 01 e 02 representam, respectivamente, a produção mundial de leite de diferentes espécies animais 2010/2011 e a produção mundial de leite de vaca no período de 1990 – 2010.

Os mercados emergentes são responsáveis por cerca de 96% do aumento mundial do consumo. Os principais líderes do crescimento da indústria mundial de produtos lácteos

– 95,8% nos últimos quatro anos – são os mercados emergentes, como a Índia, Paquistão, China e Oriente Médio. Estes mercados estão vivendo hoje um crescimento acelerado do consumo de leite e outros produtos lácteos líquidos por conta do crescimento da população, aumento da renda familiar, novos hábitos alimentares e maior conscientização e oferta de produtos lácteos (PASCOWITCH, 2009).

Tabela 01: Produção mundial de leite de diferentes espécies de animais - 2010/2011

Espécie

Volume de produção

(toneladas) % do total

2010 2011*

T O T A L 720.980.007 735.505.664

Vaca 599.615.097 610.247.100 82,9

Búfala 92.514.917 95.439.057 13

Cabra 16.646.618 17.231.269 2,3

Ovelha 10.025.106 10.333.863 1,4

Camela 2.178.269 2.354.133 0,3

* 2011 – Estimativa Fonte: FAO/Faostat

(19)

19 Tabela 02: Produção mundial de leite de vaca – 1990/2010.

Ano Volume produzido

(toneladas) Diferença %

1990 479.063.355

1995 464.338.770 -3,1

2000 490.168.848 5,6

2005 544.060.813 11

2006 560.081.348 2,9

2007 572.646.452 2,2

2008 583.135.236 1,8

2009 586.239.893 5,3

2010 599.615.097 2,3

Fonte: FAO/Faostat

Elaboração: Embrapa Gado de Leite Atualização: janeiro/2012

1.2. PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL

A cadeia produtiva do leite no Brasil é reconhecidamente uma das mais importantes, principalmente no que se refere à geração de renda e empregos. Com proporções continentais e grandes diferenças climáticas, de solo e pastagens, o Brasil apresenta diferenças pronunciadas quanto aos sistemas de produção, com regiões e propriedades altamente tecnificadas, até sistemas rudimentares, que, apesar da baixa escala, podem viabilizar a subsistência de milhares de famílias (VALLEÉ, 2008).

Complementando Yamaguchi et. al (2006), relatam que o Brasil apresenta cadeia produtiva do leite distribuída por todo o país, com expressiva heterogeneidade durante o processo de produção. Produtores mais especializados se concentram em bacias leiteiras tradicionais como as dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná. Inúmeros pequenos produtores de leite estão distribuídos por todo o território nacional e muitas famílias dependem exclusivamente dessa atividade. A região Nordeste, conforme dados do Censo Agropecuário (IBGE, 2006), os principais estados produtores são Bahia, Pernambuco e Ceará.

(20)

20 (COSTA, 2006). A Tabela 03 destaca a evolução da atividade leiteira no Brasil de 1980 –

2010.

Em estudos desenvolvidos pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada –

CEPEA (2012), considerando-se a produção brasileira de leite próxima a 31 bilhões de litros em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2010), uma queda de 2,2% do índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) entre 2010 e 2011 e um volume exportado de 123 milhões de litros de leite, tem-se que as importações representaram cerca de 4% da oferta nacional de leite no ano passado.

Tabela 03: Produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal no Brasil – 1980/ 2010*.

Ano Volume produzido

Mil litros Vacas ordenhadas Cabeças (litro/vaca/ano) Produtividade

1980 11.162 16.513 676

1990 14.484 19.073 759

2000 19.767 17.885 1.105

2010 30.715 22.925 1.340

*2011 32.296 23.508 1.374

Fonte: IBGE/Pesquisa da Pecuária Nacional Elaboração: Embrapa Gado de Leite (Adaptado). Atualização: fevereiro/2012

* 2011 Estimativa

As exportações em equivalente leite representaram apenas 0,4% do total produzido no país, considerando-se a queda do ICAP-Leite/CEPEA em 2011. Este cenário foi ocasionado basicamente pela forte valorização do Real frente ao Dólar, que acabou deixando o produto nacional mais caro frente aos demais países produtores, reduzindo a competitividade brasileira (CEPEA, 2012). O Gráfico 01 representa as relações entre importação e exportações de produtos lácteos no Brasil no período de 2003 a 2011.

(21)

21 Gráfico 01: Importações e Exportações de produtos lácteos pelo Brasil, 2003/2011.

Apesar do leve aumento de preços em fevereiro, a margem bruta do produtor de leite reduziu neste início de 2012, com o encarecimento da alimentação concentrada e da mão de obra. Devido aos reajustes de insumos com milho e farelo de soja, a dieta concentrada teve aumento de 11% na média dos estados de RS, SC, PR, SP, MG e GO entre dezembro e janeiro. Além disso, o aumento do salário mínimo de 14% a partir de janeiro pesou nos custos do pecuarista leiteiro, tendo em vista que na maioria das vezes o pagamento de funcionários é indexado ao salário mínimo (CEPEA, 2012). Estas variações de matéria-prima alimentar nos grandes centros de produção também afetaram a realidade econômica dos sistemas de produção animal no semiárido em função da dependência destes insumos na suplementação alimentar dos rebanhos nordestinos.

1.3. CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS NORDESTINOS DE PRODUÇÃO DE LEITE

(22)

22 Conforme defendido por Carvalho Filho, et. al (2002), a irregularidade, no tempo e no espaço, do regime pluviométrico da região, somada à excessiva fragmentação fundiária, aos limitados recursos naturais e de capital, reflete-se no baixo e oscilante desempenho dos agroecossistemas assentados na produção de leite, configurando frequentes crises socioeconômicas de ciclos plurianuais.

Na região semiárida brasileira a pecuária enfrenta o desafio do ambiente: secas periódicas, irregularidades pluviométricas, escassez de alimentos, limitando uma exploração em melhores condições da atividade leiteira, uma vez que esta exige produção e oferta regulares de alimentos de qualidade. O alto custo dos concentrados comerciais no mercado nordestino tem sido apontado como um dos fatores limitantes à viabilidade econômica das explorações leiteiras regionais (LIMA et al., 2011). Além disso, a ausência de planejamento na produção de volumosos para alimentação dos ruminantes contribui nas variações dos resultados econômicos e zootécnicos destes sistemas de produção instalados na região.

A região semiárida do Nordeste brasileiro tem a vegetação Caatinga como o principal suporte forrageiro dos rebanhos. Em épocas de secas prolongadas, em determinadas áreas como a mesorregião Central potiguar, as cactáceas nativas, particularmente o xiquexique [Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Byl ex Rowl.] e o mandacaru (Cereus jamacaru DC.) ao lado de outras opções alimentares, têm sido utilizadas como recursos forrageiros estratégicos na composição das dietas dos ruminantes. Essas plantas habitam em condições edafoclimáticas caracterizadas por elevadas temperaturas, precipitações pluviométricas irregulares, baixa e média fertilidade natural do solo (SILVA et al., 2010).

(23)

23 Assim como em outras regiões e no Brasil em geral, coexistem dois tipos de mercado de lácteos, ambos de grande expressão econômica, conhecidos como formal e informal em que, no primeiro, (possivelmente majoritário na região semiárida), o leite e seus derivados não sofrem praticamente qualquer tipo de fiscalização sanitária ou tributária por parte do governo (CARVALHO FILHO, et al., 2002). Ainda existe grande número de queijarias que absorvem a produção de leite de determinadas regiões destinando-o à produção de derivados como queijo de coalho, queijo de manteiga, manteiga e nata, sem passarem pelo acompanhamento de inspeções sanitárias e atuando na informalidade, mas que ainda representam a manutenção de várias famílias envolvidas na cadeia produtiva.

Gráfico 02: Evolução da produção de leite na Região Nordeste, 1990/2010.

Fonte: IBGE / Pesquisa da Pecuária Municipal Elaboração: Embrapa Gado de Leite

2011* Estimativa

1.4. O SEMIÁRIDO POTIGUAR E SEUS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE

(24)

24 A vegetação predominante é a Caatinga hiperxerófila arbustiva e subdesértica do Seridó, vegetação seca com arbustos e árvores baixas ralas de xerofilismo acentuado. Há abundância de cactáceas espinhentas, como o xique-xique, cardeiro, jureminha, macambira, coroa de frade e plantas de baixo porte, a exemplo da jurema branca, jurema preta, marmeleiro, pereiro, velame, catingueira, mofumbo, angico, imburana, juazeiro, aroeira, faveleira e quixabeira (AZEVEDO, 2005).

O Estado do Rio Grande do Norte conta, atualmente, com um rebanho efetivo de aproximadamente 1.640.000 animais distribuídos entre bovinos, caprinos e ovinos. Esses animais estão localizados em mais de 70.000 estabelecimentos rurais, onde predominam as pequenas propriedades. Mais de 60% desses animais possuem aptidão leiteira, ramo da pecuária que vem se constituindo em um dos subsetores da agropecuária que mais se desenvolve no estado, sobretudo pela agricultura familiar, que atualmente responde por mais de 50% da produção de leite do Estado (CONAB, 2008).

Segundo dados do IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal 2010, o Brasil possui aproximadamente 210 milhões de cabeças de bovinos e a região Nordeste detêm 13,7% desse rebanho. O rebanho bovino do RN corresponde a 0,5 e 3,7%, respectivamente, do rebanho brasileiro e da região Nordeste. A produção de leite no estado em 2010 correspondeu aproximadamente a 229 milhões de litros, equivalente a 0,75% da produção nacional, com um total de 258 mil vacas ordenhadas, nos dando uma média de produtividade/animal/ano correspondente a 890 litros. Podemos observar no Gráfico 03 a evolução da produtividade de leite no Estado do Rio Grande do Norte de 1974 a 2010.

Gráfico 03: Produção de leite bovino (Mil litros) e números de vacas ordenhadas no Estado do Rio Grande do Norte, 1974/2010.

(25)

25 É com base na produção leiteira que a maioria da população rural do Seridó subsiste, assim como boa parte da urbana. O volume de produção gerado, assim como a renda circulante, e o número de agentes envolvidos na atividade evidenciam a importância econômica, social, cultura e até política da mesma (AZEVEDO, 2005).

O debate sobre políticas para ampliação de mercados para o leite no RN tem como um dos seus pontos de destaque os mercados institucionais gerados pelas políticas públicas de segurança alimentar e nutricional do governo do estado e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), que tem no leite um dos seus principais produtos por ser um alimento de alto valor nutricional. O Rio Grande do Norte é pioneiro na implantação de políticas de segurança alimentar, pelo estímulo ao consumo de leite. Há 20 anos, criou o Programa do Leite, sendo inclusive referência nacional na política para redução da insegurança alimentar, estruturante e de grande alcance, por promover também o desenvolvimento do setor leiteiro do Estado (EMATER/RN, 2010).

2- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando resultados positivos quando tratamos sobre a cadeia produtiva da bovinocultura de leite. Porém, os números ainda não são satisfatórios quando observamos o potencial desta atividade produtiva no país. As discussões quanto à heterogeneidade dos sistemas, nível organizacional, agentes envolvidos, condições sociais e trabalhistas, qualidade de vida no meio rural, dentre outros, direcionam-nos a buscar formas e estratégias que possam contribuir para uma reflexão do caminho a ser trilhado para o alcance de um “status” produtivo adequado.

No semiárido nordestino esses fatores tornam-se potencializados quando os relacionamos com as condições ambientais instaladas na região, principalmente quanto à distribuição das chuvas e sua regularidade, pressão sobre a vegetação da Caatinga e degradação dos solos. Este cenário contribui efetivamente nos baixos índices produtivos e econômicos que não atendem às necessidades do sistema produtivo.

(26)

26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(29)

29 2. PERFIL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NO SERIDÓ POTIGUAR.

RESUMO: Objetivou-se neste estudo caracterizar os sistemas de produção de leite bovino instalados na região Semiárida Potiguar, baseado nos aspectos sociais, econômicos e zootécnicos, visando contribuir na manutenção e aprimoramento da atividade leiteira na região. Foram selecionados, aleatoriamente, 28 estabelecimentos agropecuários que desempenhavam a atividade da bovinocultura leiteira com posterior aplicação de questionário estruturado nos meses de setembro e outubro de 2011 e os dados analisados com aplicação de medidas de análise descritiva. Os resultados demonstraram que 53,57% dos entrevistados eram proprietários da terra, a mediana da área das propriedades correspondeu a 135 hectares, a mediana do número de animais no rebanho bovino foi de 51 cabeças, com número mínimo de 11 e máximo de 350 cabeças nos estabelecimentos da amostra, 85,72% dos estabelecimentos tinham até 23 vacas em lactação, todos aplicavam a técnica de ordenha manual com bezerro ao pé, com produtividade média de 3,91 litros de leite/vaca/dia, 92,86% dos entrevistados não produziam silagem e/ou fenação, 64,29% não tem acesso à assistência técnica, a idade média dos entrevistados foi 51±10,85 anos de idade, 78,57% tinham apenas ensino fundamental incompleto, 96,43%, 100% e 85,71% dos estabelecimentos tinha água encanada, energia elétrica e cisternas instalados, respectivamente. Conclui-se que é necessária à inclusão de melhores práticas de manejo do rebanho, escrituração zootécnica, assistência técnica e reorganização fundiária.

PALAVRAS-CHAVE: bovinocultura, Caatinga, escrituração, Nordeste, rebanho.

ABSTRACT: The objective of this study was to characterize the production systems of bovine milk installed in the semiarid Potiguar region, based on social, economic and husbandry order to contribute to the maintenance and improvement of dairy farming in the region. We randomly selected 28 agricultural establishments that performed the activity of dairy bovine culture with subsequent application of a structured questionnaire during September and October 2011 and the data analyzed with application of measures of descriptive analysis. The results showed that 53.57% of the interviewees were owners of the land, the median area of the properties amounted to 135 hectares, the median number of animals in the herd was 51 head, with minimum 11 and maximum of 350 heads establishments in the sample, 85.72% of establishments had a maximum of 23 cows in lactation, all applied the technique of hand milking with suckling calves, with an average productivity of 3.91 liters / cow / day, 92.86% of interviewees did not produce silage and / or hay, 64.29% have no access to technical assistance, the average age of interviewees was 51 ± 10.85 years old, 78.57% had only primary education, 96.43% , 100% and 85.71% of establishments had running water, electricity, and cisterns installed, respectively. It is necessary that the inclusion of best practices in herd management, bookkeeping zootechnical, technical assistance and land reorganization.

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30 2.1. INTRODUÇÃO

A atividade da bovinocultura leiteira desenvolvida no Semiárido nordestino, na sua grande maioria, é composta por estabelecimentos familiares, com baixo nível de inovação tecnológica e sazonalidade da produção, em função dos períodos chuvoso e seco ao longo do ano.

O regime de criação animal predominante são o extensivo e o semi-intensivo, no qual os animais utilizam a vegetação nativa do bioma Caatinga para sua mantença e produção. No sistema extensivo é baixo o investimento em instalações, tendo o suporte alimentar baseado em pastos nativos e suplementação concentrada e mineral, quando existente, nem sempre é adequada, além de baixo controle reprodutivo e sanitário o que conduz à baixa produtividade de leite por animal. No sistema semi-intensivo os animais sofrem maior controle pelo criador, normalmente, sendo fornecida suplementação volumosa e concentrada no cocho, comumente utilizada no período seco ou durante todo o ano, os animais passam parte do dia estabulados, existe uma preocupação na melhoria do suporte forrageiro com a implantação de áreas para produção de volumosos sob irrigação e enriquecimento dos pastos nativos, há melhor controle sobre os aspectos sanitário e reprodutivo e, nestas condições, os índices produtivos são melhores em relação ao sistema extensivo.

(31)

31 falta de práticas conservacionistas do seu uso, ofertando condições para a aceleração do processo erosivo sobre o solo.

A contaminação das fontes de água (açudes, barragens, poços, rios, etc.) com lixo, efluentes líquidos e sólidos (humano e animal), agrotóxicos e adubos químicos está se tornando cada vez mais comum tanto no meio rural quanto urbano, não se constatando uma preocupação pela população no uso e conservação deste recurso fundamental e valioso. A taxa de lotação animal nos pastos nativos acima da recomendação contribui, ainda mais, no processo de esgotamento dos recursos forrageiros, afetando diretamente a rentabilidade produtiva do sistema. A otimização do uso dos recursos para o alcance de níveis satisfatórios de produção precisam ser fundamentados, evitando-se a maximização do uso e esgotamento dos recursos naturais disponíveis ao setor produtivo.

Analisando-se as condições sociais e econômicas dos envolvidos com o setor produtivo da bovinocultura, é necessária uma análise e reflexão sobre que realidade estas pessoas vivem, principalmente, em relação aos fatores sociais, trabalhistas, saúde e educação. O desenvolvimento de pesquisas voltadas ao conhecimento da estrutura e da distribuição espacial da pecuária leiteira no Brasil é de grande relevância para definição de políticas de infraestrutura, transporte, logística, análise de viabilidade de projetos de desenvolvimento regional e setorial e de programas de colonização e assentamento. É também importante para o estabelecimento de estratégias em vigilância sanitária, rastreabilidade, avaliação de risco geográfico de doenças e estudos de dinâmica do setor agropecuário (ZOCCAL, et al. 2006).

O estudo da caracterização do perfil dos sistemas de produção de leite bovino na Região Seridó do RN passa pela investigação das inter-relações entre os elementos discutidos acima. Diante disso, este estudo objetivou caracterizar os sistemas de produção de leite bovino instalados na região Semiárida Potiguar, baseado nos aspectos sociais, econômicos e zootécnicos visando contribuir na manutenção e aprimoramento da atividade leiteira no município.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1. Caracterização da área de estudo

(32)

32 Censo Demográfico – 2010, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE, o município possui uma área territorial de 608,57 km², com densidade demográfica de 18,13 habitantes/km² e população total de 11.035 habitantes, sendo que apenas 19,3% dos indivíduos são residentes no meio rural, que corresponde a 2.129 habitantes.

A sede do município tem uma altitude média de 270m e apresenta coordenadas

06°26’9,6” de latitude sul e 36°38’20,4” de longitude oeste, distando da capital cerca de

219 km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através das rodovias pavimentadas BR-226 e BR-427 (Beltrão et al., 2005).

No último Censo Agropecuário (IBGE, 2006), o setor rural era composto por 363 estabelecimentos agropecuários, com área média de 143,1 hectares (ha), sob diferentes sistemas de uso e produção, sendo identificado que 63% (229) dos estabelecimentos produziram leite. O efetivo de rebanho bovino correspondia a 15.247 cabeças, sendo ordenhadas 3.802 vacas com produção de 4.182.000 litros/leite/ano.

2.2.2. Amostragem

A amostra contemplou 28 propriedades rurais que desempenhavam a atividade da bovinocultura leiteira. Para a seleção das propriedades tomou-se por base um cadastro existente no Escritório Local do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte – EMATER/RN, em que as propriedades foram selecionadas aleatoriamente buscando-se abranger às quatro regiões do município (norte, sul, leste e oeste).

2.2.3. Coleta dos dados

(33)

33 práticas de manejo sanitário e disponibilidade de energia elétrica para produção. Na dimensão social foram aplicados os seguintes questionamentos: participação em cursos voltados para a atividade, escolaridade do entrevistado, idade do entrevistado, proximidade de unidade escolar na comunidade, tempo que desenvolve a atividade, disponibilidade de água encanada na moradia, unidade de atendimento à saúde na comunidade, associativismo, disponibilidade de cisterna para água de consumo humano e realização de tratamento na água de consumo humano. Na dimensão econômica foram indagadas as seguintes questões: área total da propriedade, condição no uso da terra, obtenção de renda em outras atividades, destinação do leite produzido, preço de comercialização do leite.

O questionário foi aplicado por um único entrevistador, buscando-se minimizar os efeitos da aplicação sobre a resposta do entrevistado, tendo a mesma sequência dos questionamentos em todas as entrevistas.

2.2.4. Análise dos dados

Os dados obtidos nas entrevistas foram organizados em planilha eletrônica do Microsoft Office Excel 2010, tendo sido obtidas variáveis dos tipos qualitativas e quantitativas, cabendo sempre que necessárias transformações para análise utilizando-se a estatística descritiva: média aritmética, desvio-padrão, mediana, porcentagem e valores mínimo e máximo.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.3.1. Características das propriedades

(34)

34 que eles também contribuíram na aquisição ou ampliação desse patrimônio, quando trabalhavam com os pais.

Ainda neste aspecto, outro fator deve ser analisado quando observadas as outras

formas de uso da terra, em que “o morador”, representa 46,15% (06) dos entrevistados. Este formato de uso da terra caracteriza-se, geralmente, quando o proprietário da terra não reside no estabelecimento e tem sua renda principal advinda de outra atividade. Para que a propriedade não fique improdutiva ela é disponibiliza ao morador que passa a residir na propriedade e retirar o seu sustento e de sua família das atividades lá desenvolvidas ou recebe algum pagamento pelos serviços prestados. Em contrapartida, o proprietário passa a ser recompensado pelo morador com algum benefício da produção, como por exemplo, o manejo do seu rebanho, além da manutenção do seu patrimônio, a terra.

Tabela 04: Condições de uso da terra.

Proprietário 15 53,57%

Herança 08 53,33%

Compra 05 33,33%

Assentamento 02 13,33%

Outras formas de uso 13 46,43%

Morador 06 46,15%

Parceiro 03 23,08%

Cedida 03 23,08%

Arrendamento 01 7,69%

Na Tabela 05 verifica-se a distribuição das unidades de produção de leite quanto ao aspecto da sua área total. Quando questionados quanto ao tamanho da área da propriedade alguns entrevistados não tiveram conhecimento para informá-la, correspondendo a 25%

(07) da amostra, outros tinham a informação apenas das medidas em “braças”, unidade de

medida linear que equivale a 2,20 metros.

Tabela 05: Área total das propriedades

Tamanho da propriedade (hectares) FREQ. %

Até 50 05 17,86

De 51 a 100 04 14,29

De 101 a 200 06 21,43

Acima de 200 06 21,43

Não informada 07 25,00

(35)

35 O conhecimento da área e características da propriedade rural é indispensável ao seu planejamento, sendo norteador na determinação do tipo de exploração e na capacidade de suporte para o rebanho, principalmente, quando se tem como suporte forrageiro a vegetação nativa. Outro aspecto que deve ser observado é a preservação obrigatória da reserva legal, sendo para o bioma Caatinga correspondente a, pelo ao menos, 20% da área total da propriedade. Nas entrevistas, apenas em um sistema de produção foi informado que havia a delimitação respeitada, o que nos conduz a repensar os meios de conscientização e atuação prática para melhorias destes sistemas neste quesito.

As propriedades com área conhecida representaram 75% (21) da amostra, sendo 32,15% (9) com área até 100 ha e 42,86% (12) acima de 100 ha. As dimensões dos empreendimentos foram 12 e 1200 ha para o menor e maior, respectivamente, e mediana da área das propriedades com área conhecida equivalente a 135 hectares.

2.3.2. Características do rebanho e do manejo adotado

Os rebanhos identificados durante a pesquisa correspondem a animais mestiços sem padrão racial definido (SRD) proporcionado pelos sucessivos acasalamentos ao longo do tempo entre diferentes raças. O número de bovinos no rebanho variou de 11 até 350 cabeças para o menor e maior rebanho, respectivamente, e mediana de 51 cabeças. A Tabela 06 destaca as informações de tamanho do rebanho bovino, número de vacas do rebanho e número de vacas em lactação. Partindo da informação do número total de animais do rebanho foi identificado que a soma das classes 01 e 02 com representatividade até 60 cabeças, representa 67,85% (19) dos rebanhos da amostra e a classe 05 equivale a 14,29% (4) dos rebanhos acima de 120 cabeças. A identificação do rebanho total da propriedade é um dado fundamental, pois com ele é possível executar o planejamento geral da propriedade em todos os aspectos, sendo mais especificamente relacionado com o manejo sanitário, alimentar, reprodutivo, área, infraestrutura, mão-de-obra e insumos em geral para a produção.

(36)

36 71,43% (19) das propriedades estudadas que compreendem o número de até 27 vacas no rebanho.

Tabela 06: Número total de animais do rebanho bovino, número de vacas do rebanho e número de vacas em lactação.

Número total de animais do rebanho bovino

CLASSES CABEÇAS FREQ. %

01 11 a 30 10 35,71

02 31 a 60 09 32,14

03 61 a 90 04 14,29

04 91 a 120 01 3,57

05 Acima de 120 04 14,29

Total 28 100,00

Número total de vacas do rebanho

CLASSES CABEÇAS FREQ. %

06 4 a 15 13 46,43

07 16 a 27 07 25,00

08 28 a 39 04 14,29

09 40 a 51 02 7,14

10 52 a 63 01 3,57

11 64 a 73 01 3,57

Total 28 100,00

Número de vacas em lactação

CLASSES CABEÇAS FREQ. %

12 2 a 12 18 64,29

13 13 a 23 06 21,43

14 24 a 34 02 7,14

15 35 a 45 02 7,14

Total 28 100,00

Para o número de vacas em lactação obteve-se o valor mínimo de 02 e máximo 42 vacas em lactação. As classes 12 e 13 representam o percentual de 85,72% (24) das propriedades em estudo, refletindo rebanhos com até 23 animais em lactação.

(37)

37 produtor visualiza claramente o interesse a produção de leite, tendo as crias como um co-produto da atividade. Nesta realidade, cabe a cada co-produtor definir, de acordo com sua análise, qual o tipo de manejo a ser mantido na sua atividade produtiva.

Os dados de produção de leite dos rebanhos coletados na pesquisa estão apresentados na Tabela 07. Nela, destacou-se, principalmente, a informação da média de produção diária por vaca que foi de 3,91 L/vaca/dia, considerando-se uma lactação de 300 dias e o intervalo de partos de 01 ano, a produção média seria de 1173 litros/vaca/ano, resultado inferior ao publicado por Zoccal (2012), com resultados de 1340 litros/vaca/ano em 2010 e 1374 litros/vaca/ano estimados para 2011, referentes à produção média nacional. Estudos desenvolvidos por Zoccal (2008), relacionados à cadeia produtiva do leite no estado do Ceará apresentam resultados semelhantes, tendo nos rebanhos com produção de até 50 litros/dia a produtividade de 3,5 litros de leite por vaca em lactação por dia.

Tabela 07: Resultados zootécnicos dos rebanhos.

Variáveis Média Desvio Padrão

Número de vacas do rebanho – cabeça 22,89 16,59

Número de vacas em lactação – cabeça 13,36 10,10

Produção de leite diária – litro/dia 52,21 44,21

Preço do litro de leite vendido – R$/litro 0,81 0,05

Média de produção por vaca – litro/dia 3,91 -

O percentual de vacas em lactação em relação ao número total de animais do rebanho, como também em relação ao número de vacas do rebanho são parâmetros para definir a eficiência reprodutiva e produtiva na produção de leite. De acordo com recomendações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, o número de vacas em lactação deve ser, no mínimo, 40% do número total de animais do rebanho e 75% do número total de vacas. Neste estudo o percentual médio de vacas em lactação representou 18,71% em relação ao número total de animais do rebanho e 58,37% em relação ao número total de vacas do rebanho, ambos abaixo da recomendação citada. Ainda segundo Faria (2007), o índice de vacas em lactação em relação ao número de animais do rebanho, quando bem conduzidos, deveria ser entre 50 e 55% e o percentual de vacas em lactação em relação ao total de vacas do rebanho de 80 a 85%, índices que se distanciam mais ainda dos identificados na amostra.

(38)

38 recomendados. A situação apresentada pode estar relacionada às dificuldades enfrentadas pelos criadores nos aspectos dos manejos alimentar, sanitário e reprodutivo o que acarreta desequilíbrios na evolução do rebanho.

O sistema de criação adotado em todas as propriedades avaliadas foi do tipo semi-intensivo, tendo a vegetação nativa como suporte forrageiro, principalmente, no período chuvoso do ano, quando há maior disponibilidade de alimento e, no período seco (estiagem), o principal volumoso utilizado é o capim elefante (Penissettum purpureum) fornecido no cocho. Ainda com relação ao manejo alimentar foi constatado que 60,71% (17) dos entrevistados já haviam participado de alguma atividade relativa à conservação de forragens na forma de feno e silagem. Porém, quando indagados sobre a prática destas técnicas como estratégia alimentar para sustentação do rebanho 92,86% (26) informaram não executá-las na propriedade.

O destino da produção de leite está representado na Tabela 08. Nela observa-se um papel muito forte do agente intermediário da venda do leite (atravessador), que correspondeu a 67,86% (19) dos estabelecimentos e 70,93% do volume de leite produzido adquirido por este segmento do mercado. Segundo Durr & Costa (2008) os atravessadores são definidos como todos os pequenos comerciantes no interior dos municípios que compram produtos dos agricultores e/ou que vendem para o consumidor local. O resultado deste formato de coleta apresenta resultados positivos, no caso do leite, quando este é destinado aos estabelecimentos com registro de inspeção sanitária, podendo garantir melhores condições de higiene no processamento do produto. Porém, isto só é possível quando o transporte é realizado dentro das condições ideais de higiene e temperatura.

Tabela 08: Destino do leite produzido.

Destino da produção de leite Freq % produzido % do leite

Queijeira 04 14,29 19,50

Laticínio 02 7,14 7,93

Atravessador 19 67,86 70,93

Consumo próprio 03 10,71 1,64

Total 28 100,00 100,00

(39)

39 intermediário (atravessador) pode até alcançar melhor rentabilidade na sua atividade do que o produtor de leite. A coleta de leite em maior escala para abastecimento de

“queijeiras” que não possuem os padrões mínimos de higiene também pode ser

considerado um fator impactante para este segmento da cadeia. Ainda com relação ao destino da produção de leite foi observado que 10,71% (03) produtores tinham a produção de leite voltada para o consumo pela família, que equivalia a apenas 1,64% do volume de leite produzido.

A assistência técnica rural é indefinidamente um componente de extrema importância para o desenvolvimento da atividade agropecuária em geral, sendo caracterizado como um agente de transformação da realidade do campo. Neste estudo, como observado no Gráfico 04, os resultados quanto ao acesso direto à assistência técnica foi desanimador, tendo 64,29% (18) dos entrevistados informado não receber qualquer acompanhamento técnico, seja ele particular ou público. Resultado semelhante foi apresentado pelo Sebrae/GO (2010), em estudo desenvolvido junto à 540 propriedades rurais nas regiões oeste e noroeste de Goiás identificou que 70% das propriedades não tem acesso à consultoria e assistência técnica. Lima et al. (2011), em avaliação a um projeto de assistência técnica em Quixeramobim/CE, constataram que a falta de recursos financeiros, técnicos despreparados e descontinuidade na assistência técnica foram fatores que tiveram efeitos negativos sobre os resultados produtivos e na acreditação da assistência por parte dos produtores.

(40)

40 Sendo o Brasil um país eminentemente agrícola e desejando despontar dentre os maiores produtores mundiais no agronegócio, torna-se necessário o investimento na disponibilização de assistência técnica em quantidade e qualidade adequadas para atender a este público, que se encontra esquecido na sua simples realidade produtiva, sem aplicação das novas ferramentas tecnológicas disponíveis que possam proporcionar-lhes melhores respostas produtivas e econômicas.

Os resultados alcançados junto aos produtores com relação à escrituração zootécnica do rebanho demonstraram que apenas 46,43% (13) realizam anotações, mesmo assim com deficiências, dando ênfase principalmente às vacinações preventivas contra febre aftosa e raiva, impulsionadas, principalmente, pela obrigatoriedade na sua execução. Conforme destaca Lima et. al (2011), as propriedades rurais no Nordeste, independente de tamanho ou nível de conhecimento do proprietário, geralmente apresentam dificuldades na implementação das recomendações técnicas desenvolvidas para o setor o que afeta resultados zootécnicos e econômicos mais satisfatórios nestes estabelecimentos.

2.3.3. Características sociais

Partindo para a análise das características relacionadas ao fator humano envolvido na atividade produtiva do leite, apresenta-se no Gráfico 05 a distribuição referente ao nível de escolaridade dos entrevistados na pesquisa. Observou-se o predomínio de entrevistados com ensino fundamental incompleto, correspondente a 78,57% da amostra.

(41)

41 Associando-se o fator escolaridade à idade dos entrevistados, que apresentou média de 51±10,85 anos de idade, podemos tecer à conclusão de que o acesso e permanência em relação à educação pelo homem do campo no período anterior aos anos 70 eram precários. Resultados semelhantes foram obtidos por Gomes (2011) estudando sistemas de produção de leite bovino no Cariri paraibano, em que 84% dos representantes da amostra possuíam apenas ensino fundamental e/ou médio.

Analisando os resultados do Censo Demográfico 2010, foi destacado por Brasil (2011) que em 2010, 9,6% da população brasileira com 15 anos ou mais não era alfabetizada. A taxa de analfabetismo era maior nas faixas de idade mais elevadas – a população com 60 anos ou mais concentrava o maior percentual de analfabetos (26,5%), seguida pela faixa etária entre 50 e 59 anos (13,8%). Nas faixas mais jovens, este percentual caiu para 2,2% entre 15 e 19 anos e para 3,4% para a população entre 20 a 29 anos. Isso demonstra que a dificuldade de acesso à escola antes encontrada, de alguma forma vem diminuindo nos últimos anos.

A infraestrutura que possa contribuir para o bem estar social e qualidade de vida no meio rural obtidos no estudo demonstrou resultados bastante positivos, tendo 96,43% (27), 100% (28) e 85,71% (24) dos estabelecimentos, respectivamente, com água encanada, energia elétrica e cisternas instaladas. Os fatores que contribuíram significativamente para a melhoria destes índices foi o desenvolvimento de programas governamentais para melhoria das condições de moradia e redução da pobreza rural, como o Programa de Desenvolvimento Solidário (PDS), Luz para Todos e Um Milhão de Cisternas (P1MC). De acordo com informativo do Ministério de Minas e Energia – MME (2012), de 2003 até janeiro de 2012 já foram beneficiadas 2,9 milhões de famílias no meio rural com acesso à energia elétrica, sendo 1,4 milhão na região Nordeste.

2.4. CONCLUSÃO

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43 REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. Destaques: Secretaria de Comunicação, ano 4, nº 1, jan./jul. 2011. Brasília: SECOM, 2011. v. : il. –

Quadrimestral.

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SEBRAE/GO – Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas de Goiás. Relatório de pesquisa do projeto arranjo produtivo lácteo: bacia leiteira oeste goiano. Goiânia: SEBRAE, 2010.

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<http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/estatisticas/producao/tabela0232.php>. Acesso em: 10 mar. 2012.

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45 3. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA BOVINOCULTURA LEITEIRA NA REGIÃO SERIDÓ DO RIO GRANDE DO NORTE

RESUMO: A maioria dos estudos desenvolvidos com o intuito de avaliar a rentabilidade das atividades agropecuárias levam em consideração apenas análises econômicas e índices produtivos, esquecendo-se de avaliar os aspectos sociais e ambientais que envolvem a atividade. O objetivo deste estudo foi desenvolver um índice que defina integral e instantaneamente o nível de desenvolvimento dos sistemas de produção de leite bovino na região semiárida do Nordeste brasileiro, baseado nas dimensões econômico/zootécnica, social e ambiental, que possam contribuir para o desenvolvimento de estratégias direcionadas ao fortalecimento destes sistemas produtivos. Foram selecionados, aleatoriamente, 28 estabelecimentos agropecuários que desempenhavam a atividade da bovinocultura leiteira com posterior aplicação de questionário estruturado nos meses de setembro e outubro de 2011. A determinação do Índice de Desenvolvimento Rural – IDR foi determinado pela média aritmética do índice médio de cada propriedade nas três dimensões estudadas. A média geral do IDR calculado da amostra em análise correspondeu a 0,43±0,11 numa escala de 0 a 1. Para melhor análise dos índices, os estabelecimentos foram agrupados em 04 classes, baseando-se no seu IDR. O IDR médio em cada dimensão foi 0,43, 0,55 e 0,34, respectivamente para econômico/zootécnico, social e ambiental. A determinação do índice de desenvolvimento rural - IDR encontrado para a amostra conseguiu agregar os estabelecimentos hierarquicamente, de forma que seja possível o desenvolvimento de ações vinculadas aos indicadores que apresentaram os piores índices.

PALAVRAS-CHAVE: hierarquização, ambiental, social, dimensão.

ABSTRACT: Most studies with the aim of evaluating the profitability of agricultural activities take into account only economic analysis and productive indexes, neglecting to assess the social and environmental aspects that involve the activity. The objective of this study was to develop an index that set fully and instantly the level of development of production systems from bovine milk in the semiarid region, of the Brazilian Northeast based on the economic dimensions / zootechnical, social and environmental, that may contribute to the development of strategies directed to the strengthening of productive systems. We randomly selected 28 agricultural establishments that performed the activity of dairy bovine culture with subsequent application of a structured questionnaire during September and October 2011. The determination of the Index Rural Development - IDR was determined by the arithmetic average of each property in the three dimensions studied. The average computed in the IDR of test sample amounted to 0.43 ± 0.11 on a scale 0-1. For better analysis of the indices, the sites were grouped into 04 classes, based on your IDR. The average IDR in each dimension was 0.43, 0.55 and 0.34, respectively for economic / husbandry, social and environmental. The determination of the rate of rural development - IDR found for the sample could add establishments hierarchically, so that it is possible the development of actions linked to the indicators that showed the worst rates.

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46 3.1. INTRODUÇÃO

Um grande aumento na demanda de produção animal é esperado nas próximas décadas, estando este atrelado ao aumento da população mundial e seus níveis de consumo. A segurança alimentar e a disponibilidade da água serão outras prioridades para a humanidade no século 21. No mesmo período, o mundo irá experimentar uma mudança nas condições climáticas que causará mudanças no clima local, que terá um impacto sobre a agricultura local e global.

Numa perspectiva geral, as áreas semiáridas são caracterizadas pelo desequilíbrio entre oferta e demanda de recursos naturais, frente às necessidades básicas das populações que nelas habitam. De forma específica, essas porções territoriais apresentam feições variadas, submetidas a condições particulares de clima, solo, vegetação, relações sociais de produção e, em consequência, a distintos modos de vida (BRASIL, 2004).

As consequências do modelo extrativista predatório se fazem sentir principalmente nos recursos naturais renováveis da Caatinga. Assim, já se observa perdas irrecuperáveis da diversidade florística e faunística, aceleração do processo de erosão e declínio da fertilidade do solo e da qualidade da água pela sedimentação. No que tange à vegetação, pode-se afirmar que acima de 80% da Caatinga são sucessionais, cerca de 40% são mantidos em estado pioneiro de sucessão secundária e a desertificação já se faz presente em, aproximadamente, 15% da área (DRUMOND et al., 2000). Tal situação pode ter sido ocasionada pela atividade humano, tais como desmatamento de áreas para uso de lenha e para plantio de culturas anuais e superlotação das áreas com a criação animal.

O semiárido nordestino é caracterizado pela ocorrência de diversas variáveis que se associam à desertificação, dentre as quais se destacam: os baixos índices pluviométricos, a irregularidade das precipitações no tempo e no espaço; a ocorrência de ventos quentes e secos; a intermitência sazonal das drenagens; a forte incidência de radiação solar; a baixa capacidade de retenção de água; a antiga e intensa ocupação da terra; a utilização de técnicas rudimentares de uso do solo. (OLIVEIRA-GALVÃO et al., 2003).

Imagem

Tabela 01: Produção mundial de leite de diferentes espécies de animais - 2010/2011  Espécie  Volume de produção (toneladas)  % do total  2010  2011*  T O T A L  720.980.007  735.505.664     Vaca  599.615.097  610.247.100  82,9  Búfala  92.514.917  95.439.0
Tabela 03: Produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal no Brasil  – 1980/ 2010*
Gráfico 02: Evolução da produção de leite na Região Nordeste, 1990/2010.
Gráfico 03: Produção de leite bovino (Mil litros) e números de vacas ordenhadas no Estado do Rio  Grande do Norte, 1974/2010
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