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Precariedade urbana na metrópole: União de Vila Nova em São Paulo

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Lígia Alves de Oliveira

Precariedade Urbana na Metrópole: União de Vila Nova em São Paulo.

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Lígia Alves de Oliveira

Precariedade Urbana na Metrópole: União de Vila Nova em São Paulo.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Isabel Villac

São Paulo 2012

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O48p Oliveira, Lígia Alves de

Precariedade urbana na metrópole: Uniăo de Vila Nova em Săo Paulo. / Lígia Alves de Oliveira – 2012.

148 f. : il. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

Bibliografia: f. 120-128.

1. Urbanismo. 2. Planos Integrados (urbanismo). 3. União de Vila Nova (SP). I. Título.

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BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Maria Isabel Villac - Orientador

Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Luiz Guilherme Rivera de Castro

Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dra. Valentina Denizo

Instituição: Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a profª.Maria Isabel Villac, pela orientação, sua competência, diretrizes seguras, paciência, constante acompanhamento e incentivo me fez concluir esta empreitada.

Ao profº. Luiz Guilherme R. Castro pela atenção dedicada às minhas dúvidas, incertezas, pelo incentivo ao longo desta jornada.

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Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares, é o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.

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RESUMO

A precariedade urbana aqui é entendida como uma condição frágil na cidade, ou seja, mesmo inserida no tecido urbano o acesso às infraestruturas básicas não são garantidos. Ao longo deste trabalho procuramos levantar itens que colaboram com a formação e perpetuação da precariedade de uma determinada área, através de levantamentos históricos, pesquisa de campo, levantamento de dados secundários, e acompanhamento da execução de Plano de Urbanização de União de Vila Nova, traçando comentários sobre a intervenção realizada e sobre a importância de planos integrados.

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ABSTRACT

The urban precariousness is here understood as a fragile condition in the city, even though inserted into urban fabric the basic infrastructure isn‟t something that can be guaranteed. Throughout this work we try to determine items that contribute to the formation and perpetuation of the precariousness of a given area through historical surveys, field research, secondary data collection and monitoring the implementation of Urbanization Plan of União de Vila Nova, tracing comments on the intervention performed and on the importance of integrated urban plans.

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SUMÁRIO

Dedicatória

Agradecimentos

Resumo

Abstract

Sumário

Introdução...03

Cap.01 -Pre ca riedade Urbana ... 07

Cap.02-O Processo... 1 8

02.01- Contexto histórico – o sitio, da retificação ao parque ecológico do rio Tietê... 18

0 2 . 0 1 - C o n t e x t o h i s t ó r i c o – a r r e d o r e s – S ã o M i g u e l P a u l i s t a . . . 3 0

0 2 . 0 2 - D a c r i s e p o l í t i c a à s i n v a s õ e s . . . 3 5

Ca p .0 3 -A Ca ra cte riza çã o d a p re ca rie d a d e u rba n a n a á re a d e e stu do ... 5 1

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Cap .04 -O Pro je to... ... 7 8

04.01-Propostas... 90

Considerações Finais... 11 9

Bibliografia... 1 23

Apêndices... 1 31

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Introdução

As cidades convivem com o precariedade o tempo todo, esteja ele presente no espaço público, nas relações sociais desenvolvidas em meio aos processos, ou mesmo em uma expansão urbana desprovida de infraestrutura. Neste trabalho exploraremos a precariedade urbana e sua relação com as estratégias e ações empregadas pelo poder público.

A presente dissertação foi desenvolvida com o intuito de compreender a continua repetição do “cenário” urbano que pode ser visualizado dos trens metropolitanos que rumam para leste da capital. Assim ingressamos em uma jornada que buscou no território a possibilidade de marca desse processo urbano precário. Segundo Moacir Gadotti, «o conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça do futuro»(2000.p.3). Assim sendo, entendemos que a compreensão dos processos permite o desenvolvimento de Planos que possam trabalhar com perspectivas atuais, e «apesar de tudo, apontar algum caminho para o futuro. A perplexidade e a crise de paradigmas1 não podem se constituir num álibi para o imobilismo» (GADOTTI, 2000.p.3).

O território escolhido como objeto de estudos, União de Vila Nova, se localiza no extremo leste da capital paulista, foi urbanizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo. Esse bairro localizado em uma fronteira urbana, limite dos municípios de São Paulo e Guarulhos, possui a mais baixa classificação nos Índices de Desenvolvimento Humano – IDH, do município de São Paulo do ano 2000.

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O estudo deste caso se justifica pela capacidade que dispõe em evidenciar tanto os arranjos que levam à produção de ocupações precárias, quanto as ações colocadas em prática pelo Estado com o intuito de dar resposta à urbanização precária, não só através de projetos de caráter urbanístico e arquitetônico, mas também por meio de programas e políticas sociais.

Frente ao processo e às respostas dadas pelo Poder Público foi possível equacionar alguns pontos críticos e, a partir dessa perspectiva, apontar possibilidades, que vêem a campo abrir a discussão para alternativas.

A divisão do trabalho em cinco capítulos se deu em função da metodologia aplicada. Com a finalidade de relacionar os conceitos “precariedade urbana e plano de urbanização”, o primeiro capítulo apresenta recortes conceituais que têm origem na literatura especializada, a fim de delimitar os termos trabalhados.

O segundo capítulo trata de antecedentes históricos, territoriais, econômicos que vieram a possibilitar o assentamento irregular em União de Vila Nova, seguido pela descrição do local em diferentes tempos com base em dados secundários, levantamento iconográfico e dados documentais.

O terceiro capítulo busca caracterizar os conceitos de “precariedade urbana” na área de estudo por intermédio de dados de fontes secundárias associados a registros jornalísticos, fotográficos e também por observação direta ao longo de visitas a área.

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E, por fim, nossas considerações finais, que apontam o Estado como agente fundamental na transformação do território e ao mesmo tempo como colaborador na perpetuação das condições frágeis da população.

O presente trabalho tem como finalidade contribuir para o desenvolvimento das políticas públicas através de uma análise que pode parecer restrita em função de suas particularidades, mas extrapolam os limites do território quando são percebidas que as necessidades envolvidas são recorrentes nas cidades. A necessidade de dar respostas próprias, singulares, deve ser vista como uma estratégia de integração do tecido urbano, pois este é desigual e cabe ao poder público trazer a equidade2 ao território. Pretende-se que

o trabalho aqui apresentado contribua para a superação de processos nocivos e contribua para o desenvolvimento urbano integrado, participativo e democrático.

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Cap.1 Precariedade Urbana

Fig. 01: União de Vila Nova Fonte: Acervo Pessoal, 2009

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então a precariedade urbana como uma condição não estável ou segura, na cidade.

De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), para classificar um território como precário devemos verificar um conjunto de itens relacionados com as condições habitacionais nomeados “critérios de insatisfação” pelo método NBI (Necessidades Básicas Insatisfeitas), os critérios são:

Qualidade da habitação: habitação com piso de terra (áreas urbanas e rurais). Serviço de abastecimento de água: sem acesso seguro a rede de água. Sistema de esgoto: qualquer exceto o inodoro conectado ao sistema urbano. Eletricidade: não dispor de eletricidade, seja público ou privado.

Superlotação: três ou mais pessoas por dormitório (JORDÁN e MARTINEZ, 2009).

Os itens explorados neste trabalho seguem os critérios de insatisfação NBI definido pela Cepal, além de levar em consideração as ditas “condições deficitárias” 3, também é comum que para que se considere uma favela se agregue a “condição de agrupamento de habitações precárias”, a localização em “zona de risco” e a “ausência do poder público” 4. Assim a favela se identifica como um assentamento humano

composto por um conjunto de habitações precárias (ONU apud JORDÁN e MARTINEZ, 2009).

[...] para que uma habitação cumpra o nível mínimo de habitabilidade ela deve oferecer proteção contra os fatores ambientais, isolamento do ambiente natural, privacidade e comodidade para que as atividades biológicas e sociais sejam possíveis – isolamento do meio social – sem gerar sentimentos de privação relativa em seus habitantes (CEPAL/ PNUD, 1989, tradução nossa) .

3 Condições deficitárias segundo a ONU: a. Acesso inadequado a água potável; b. Acesso inadequado ao saneamento e rede de esgotos; c. Má qualidade estrutural (sem edificação sólida); d. Superlotação.

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Mark Gottdiener (1993), em seu texto “A Produção Social do Espaço Urbano” afirma que o espaço é uma construção social em todas as suas dimensões e não um fenômeno natural. É, portanto, passível de transformação.

Tendo em vista que o espaço urbano é uma construção social, ao sugerirmos um estudo acerca de uma condição urbana precária, insegura, entendemos que não devemos nos restringir à análise do acesso à infraestrutura básica. Adicionamos então, itens vinculados à vulnerabilidade social5 (grifo nosso), ou seja, o

acesso ao lazer, à cultura, a saúde, a educação, ao trabalho e ao transporte (ABRAMOVAY, 2002; Harvey, 1980 e KOWARICK, 2009).

Para que seja possível construir um panorama geral da precariedade urbana sobre União de Vila Nova, é necessário avaliar mais do que questões físicas, como acesso a água, saneamento, energia elétrica, superlotação e qualidade da habitação6 explorados através dos métodos NBI e NHI7, Necessidades

Habitacionais Insatisfeitas (JORDÁN e MARTINEZ, 2009); devemos considerar a provisão de serviços públicos como transporte, educação, coleta de lixo, assistência social, «entre outros componentes que caracterizam os direitos sociais básicos da cidadania» (KOWARICK, 2009.p.79). A existência ou a inexistência destes demonstram como o poder público se faz presente, tornando mais evidentes as condições

5 O emprego do termo Vulnerabilidade Social se deu, apenas pelo fato de permitir uma associação direta com as questões avaliadas por este universo. Aqui não analisaremos profundamente estes itens, eles servirão como base para melhor compreensão da situação instituída.

6 A “qualidade” diz respeito à habitabilidade, ou seja, «proteção contra os fatores ambientais (luz, temperatura e umidade),

isolamento do ambiente natural (flora e fauna), privacidade e comodidade para que as atividades biológicas e sociais» (Cepal/ Pnud, 1989, tradução livre).

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urbanas às quais uma determinada população está sujeita.

O Ministério das Cidades, órgão do governo federal, utiliza o termo precariedade em suas politicas habitacionais e em suas publicações, no entanto o emprego no presente trabalho se faz de modo diferente. O Ministério subdivide a precariedade em urbana, social, habitacional, entre outras, e entende a precariedade urbana como a ausência de infraestrutura; já a precariedade habitacional como habitação em favelas, cortiços, conjuntos habitacionais públicos deteriorados, considera também o tipo de ocupação se em loteamentos clandestinos e/ou irregulares, e o padrão construtivo das construções; e a precariedade socioeconômica ou social determinada através de dados como escolaridade, renda familiar. Neste trabalho utilizamos o termo precariedade urbana em um sentido mais amplo, onde, as questões sociais, habitacionais, ambientais e de infraestrutura estão contidas(CEM/CEBRAP, 2007).

As perspectivas de equidade ou de justa distribuição de renda em um sistema urbano através de

um processo político naturalmente emergente (particularmente aquele que está baseado numa

filosofia do interesse individual) são certamente precárias. A possibilidade de que um sistema social possa reconhecer esse fato e ajustar-se para combater essa tendência natural está, creio eu, correlacionada ao grau de êxito do sistema social em evitar os problemas estruturais e as tensões

sociais profundas, conseqüentes do processo da maciça urbanização (Harvey, 1980. p.65, grifo

nosso).

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culmine em determinado resultado. A não existência dessas formulações precisas se dá em função de algumas características do «espaço social, que é complexo, não homogêneo, talvez descontínuo e quase certamente diferente do espaço físico no qual o engenheiro e o planejador atuam tipicamente» (HARVEY, 1980, p. 25).

Como trabalhar com grupos de indivíduos que não têm uma consciência de pertencimento a sistemas de interesse coletivo (ASCHER, 2010)? O grande desafio dos projetos urbanos é justamente atuar de forma sócio-espacial de modo a alavancar um processo de transformações que propiciem a existência de uma comunidade.

Para desencadear este processo de transformações deve-se considerar, minimamente, alguns aspectos:

Exclusão: Diante da abrangência do termo, faz-se necessária aqui uma delimitação do termo

exclusão, propomos, então o que Martins afirma no trecho abaixo:

[...] não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais, políticos e

econômicos excludentes; existe o conflito pelo inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua

esperança, sua força reivindicativa e sua reivindicação corrosiva. Essas reações, porque não se trata estritamente de exclusão, não se dão fora dos sistemas econômicos e dos sistemas de poder. Elas constituem o imponderável de tais sistemas, fazem parte deles ainda que os negando. (MARTINS, 1997. p. 14, grifos do original)

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Esse processo que chamamos exclusão não cria mais os pobres que conhecíamos até outro dia. Ele cria

uma sociedade paralela que é includente até certo ponto de vista econômico e excludente do ponto

de vista social, moral e até político (MARTINS, 1997, p.25, grifo nosso).

Desse modo o valor do homem seria então estipulado pelo mercado, assim como os de bens de consumo e moradia (VILLAÇA, 1986).

Cada homem vale pelo lugar onde está; o seu valor como produtor, consumidor, cidadão depende

de sua localização no território. Seu valor vai mudando incessantemente, para melhor ou para pior em

função das diferenças de acessibilidade (tempo, frequência, preço) independentes da sua própria

condição, [...] a possibilidade de ser mais ou menos cidadão depende, em larga proporção, do

ponto do território onde se está (SANTOS, 1987 apud VILLAÇA, 1998, p.81, grifo nosso).

A fim de intensificar o ritmo produtivo, a baixo custo, se superexplora a força de trabalho com aumentos de jornada, constantes reduções salariais, além da flexibilização e externalização da produção fabril e de serviços, do incremento de mão de obra autônoma, trabalho domiciliar, da vasta desqualificação de mão de obra e retração do emprego regular e formal (KOWARICK, 2009).

Das desigualdades territoriais: a cidade ilegal

As desigualdades na distribuição espacial das atividades produtivas e de renda, mais do que heranças coloniais, fazem parte da própria acumulação capitalista, além de particularmente constituírem instrumentos auxiliares para o controle do desenvolvimento de forças produtivas internas como forma de manutenção da classe dominante (SCHIFFER, 1999, p.101).

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periferia, isso é, para lugares onde a terra é mais barata. Essa opção só tem sentido, se admitirmos que o centro da cidade é um ponto de concentração tanto de oportunidades de emprego, quanto das de negócios (GOTTDIENER, 1993, p.52).

Ao reunir as idéias presentes em Schiffer e Gottdiener, podemos afirmar que as desigualdades sócio-espaciais também são demonstrações de poder por parte das classes dominantes, sendo o centro da cidade (em São Paulo, região centro-sudeste8) o ponto de maior concentração de empregos e negócios. Lima Barreto afirma a existência de uma « cisão das cidades em duas de um lado, a legal, equipada e moderna, e, do outro, a clandestina miserável e atrasada » (apud SCHIFFER, 1999, p. 232).

A condição de irregularidade não se refere a uma configuração espacial, mas múltiplas. [...] A conseqüência inevitável da posição extralegal é a idéia de que os assentamentos irregulares são provisórios e que um dia irão desaparecer de onde estão. A posição de provisoriedade funciona como justificativa para o não investimento público, o que acaba reforçando a precariedade urbanística e,

sobretudo, acentuando as diferenças em relação ao setor da cidade onde houve investimento. [...]

A partir principalmente de 1980, governos municipais e estaduais acabaram por estender às favelas mais organizadas redes de serviço e infraestrutura, adotando uma política tarifária diferenciada em relação ao pagamento desses serviços (ROLNIK, 1997, p.182 -183, grifo nosso).

No caso de São Paulo, município e metrópole, a condição de ilegalidade passa a ser um problema quando apresentam informações como «o aumento populacional se concentra nas áreas limítrofes do município que, entre 1991 e 2000, tiveram um incremento demográfico nada desprezível de 23% [...]» e que o principal destino dessa população são loteamentos clandestinos e favelas (KOWARICK, 2009, p.278).

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Ao se levar em consideração os 21 municípios mais populosos da grande São Paulo, as zonas consideradas “fronteiras urbanas” destas regiões cresceram em média a uma explosiva taxa de 6,3% ao ano. (KOWARICK, 2009, p. 278 -279)

Em contrapartida, o município de São Paulo cresce a taxas de 1,6 % ao ano, já nas “fronteiras urbanas” 9 a cidade continua «a apresentar estrutura urbana precária, problemas fundiários, conflitos ambientais como ocupações de florestas e mananciais» (MARQUES e TORRES, 2005, p. 101 -102).

O papel do planejamento urbano e do planejador: Competem ao Poder Público, através do

planejamento urbano, a provisão de infraestrutura e a regulação do solo. A provisão de infraestrutura, como por exemplo, a implantação de base viária ou rede de esgotos, atribui valor ao espaço urbano (DEÁK, 1985). Para fazer a regulação do uso do solo, o Estado se vale de instrumentos urbanísticos, conjunto de regras e diretrizes legais que legitimam o poder do Estado para interferir em processos urbanos especialmente na produção do espaço, através de leis de zoneamento, planos diretores, incentivos fiscais, normas edilícias e construtivas, etc; que vem a regular e direcionar o uso dado às localizações constituídas (FERREIRA, 2005).

Um dos instrumentos urbanísticos da cidade é a delimitação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), que segundo o Plano Diretor da Cidade de São Paulo10 (2002):

(...) são porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação urbanística, à regularização fundiária e produção de habitações de interesse social - HIS ou do mercado popular - HMP, (...) incluindo

9«Tipo particular de periferia que apresenta altíssimas taxas de crescimento demográfico e precariedade no acesso a serviços

públicos» (MARQUES e TORRES, 2005, p. 103).

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a recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local (PDE, art.171.2002. Não paginado).

Este instrumento privilegia áreas de urbanização precária através da distribuição de equipamentos e serviços sociais de acordo com prioridades definidas por demandas regionais, prevendo também instrumentos de relativos à regularização fundiária e possíveis concessões para fim de moradia local (PDE, 2002). Nele são previstas intervenções físicas como:

(...) projetos e as intervenções urbanísticas necessárias à recuperação física da área, incluindo, de acordo com as características locais, sistema de abastecimento de água e coleta de esgotos, drenagem de águas pluviais, coleta regular de resíduos sólidos, iluminação pública, adequação dos sistemas de circulação de veículos e pedestres, eliminação de situações de risco, estabilização de taludes e de margens de córregos, tratamento adequado das áreas verdes públicas, instalação de equipamentos sociais e os usos complementares ao habitacional (PDE, art.171.2002. Não paginado).

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empoderamento11 das pessoas que o habitam.

Isto posto, os investimentos públicos em infraestrutura e políticas sociais de forma associada são entendidos como medidas de superação da pobreza e da precariedade urbana (JORDÁN, 2009). A promoção desses investimentos de forma integrada é entendida como promissora no cenário mundial por possibilitar a formação de capital humano.

(...) do mesmo modo que o comportamento de uma empresa é determinado pela natureza e localização de sua planta física ou "capital", o do indivíduo é determinado pelo seu "capital humano”. Habilidades atuais, experiência, qualificações e conexões sociais constituem o capital humano economicamente relevante do indivíduo e determinam suas opções de atividade econômica. Estas são, elas mesmas, consequência do comportamento anterior. Conseguir um emprego, passar numa prova, dá acesso a um leque de oportunidades e o comportamento prévio é consequência de detenção de capital econômico (um emprego anterior) ou social (ex. rede pessoal de amigos e conhecidos), cultural (informações culturais absorvidas ao longo da vida) ou ainda educacional, adquirido pela escolaridade aqui o termo "capital" não é mais uma metáfora, enquanto o capital perde valor com o uso, o "capital humano" ganha; além disso, o investimento em "capital humano" pode ocorrer de forma simultânea com o consumo e mesmo com o consumo agradável (GERSCHUNY apud PAIVA, 2001. p.188).

A intervenção permite que o Estado faça um investimento direcionado não apenas em infraestrutura básica e rede de serviços públicos necessários, mas também possibilita investimentos massivos em educação de todos os níveis, a fim de formar mão de obra qualificada que possa atender às demandas econômicas do país.

11 Expressão proveniente da língua inglesa empowerment, verifica-se no dicionário Merriam Webster a seguinte definição: «to

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Cap.2 - O Processo

Com o intuito de situar a ocupação da área objeto deste estudo no contexto histórico e geográfico da região, apresentamos nesse capítulo primeiramente o rio Tietê e o encaminhamento de suas obras de retificação e estratégias que vieram a propiciar a existência da terra disponível para ocupação nos anos 80 do século XX. Apresentamos de forma breve a história de São Miguel Paulista, bairro vizinho a União de Vila Nova, referência no acesso a serviços públicos, comerciais e serviços. Em sequência, abordamos o contexto político que gerou organização necessária por parte da sociedade para explosão das invasões de 1987, após o momento da ocupação. Por fim, nos concentramos na área de estudo escolhida.

2.01 - Contexto histórico – o sitio, da retificação ao parque ecológico do rio Tietê

Fig.02: Tietê – trecho Osasco X Barragem da Penha – conformação original. Fonte: SILVA, 1950.

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planície aluvial, a retificação no trecho urbano decorreu da necessidade de urbanização do extenso trecho da várzea do rio que cruzava a cidade de São Paulo, as várzeas inundadas por curtos períodos do ano eram vistas como terrenos muito aproveitáveis para edificação (SILVA, 1950 e CLÁUDIO, 2007).

Estudos datados de 1866, já demonstravam esse interesse nas várzeas dos rios Tamanduateí e Tietê. Com as epidemias de febre amarela em 1894 foram iniciados os trabalhos de retificação e saneamento dos rios, porém paralisados três anos depois (SILVA, 1950).

O engenheiro Francisco Saturnino R. de Brito, convidado em 1923 a proceder estudos para canalização e retificação do Tietê, formou a Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê com o intuito de elaborar uma proposta de urbanização do leito maior do rio Tietê, no trecho que cruza a capital (SILVA, 1950).

A empresa Light & Power Co. Ltd. desenvolveu um projeto para geração de energia em Cubatão, alterando o curso do rio Pinheiros e dirigindo suas águas para os reservatórios Guarapiranga e Billings para então serem lançadas para baixada Santista, ou seja, um recalque de 30 metros que culmina em uma queda de 700 metros.

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Fig.03: Tietê – Plano proposto por Saturnino de Brito. Fonte: SILVA, 1950.

O Plano proposto por Saturnino de Brito (1926) buscava um Tietê navegável, com várzeas sendo aproveitadas para lazer, práticas esportivas e um rio com seu regime de águas regularizadas por intermédio das barragens propostas, o que permitia uma integração com o projeto de geração de energia já proposto pela Light & Power Co. Ltd. (SILVA, 1950).

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Nesse mesmo ano, o engenheiro Francisco Prestes Maia foi convidado pela Prefeitura para elaborar um Plano de Avenidas para o Município. Ulhôa Cintra aproveitou a oportunidade para convidá-lo a refazer os planos de retificação do Tietê com base nos materiais organizados até então, visto que a avenida idealizada junto ao rio teria grande importância e deveria fazer parte do plano de avenidas (SILVA, 1950).

Fig.04: Tietê – Enchente de 1929. Fonte: SILVA, 1950.

A Proposta apresentada por Prestes Maia teve por base o Plano de Saturnino de Brito, com as seguintes alterações: a redução da secção do canal e das avenidas marginais com o intuito de reduzir desapropriações; lagos e bosques foram suprimidos, a fim de obter terrenos suficientes ao aterramento das várzeas; desenhos das pontes (SILVA, 1950).

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suprimida a barragem na ponte das Bandeiras para se adotar uma declividade de 0,00015 [sic]12 de Osasco

até Guarulhos. A Comissão já se organizava para iniciar as obras quando o “crack” financeiro de 1929, que concorreu para o movimento revolucionário de 1930, levou a suspensão dos trabalhos da Comissão que só vieram a ser reestabelecidos sete anos depois e entregues ao engenheiro Ulhôa Cintra, que logo deu inicio às obras de retificação (SILVA, 1950).

Fig.05: Esquema altimétrico do Rio Tietê. Fonte: SPGOV,2005.

Em 1941 foi concluída a retificação da ponte velha de Osasco até a desembocadura do rio Cabuçu de Cima (divisa com Guarulhos). Com a rápida urbanização dos municípios que compõem a Grande São Paulo os «benefícios da retificação foram anulados e as enchentes passaram a ser mais frequentes»(RAE, 1989.p.8). Viu-se a necessidade da criação de um órgão que gerisse os recursos hídricos do Estado, buscando também «equacionar os problemas referentes a enchentes, em 1951 foi criado o DAEE– Departamento de Águas e Energia Elétrica»(RAE,1989.p.9) Nove anos após a sua criação, o DAEE iniciou

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um trabalho «denominado Desenvolvimento Global dos Recursos Hídricos das Bacias do Alto Tietê e Cubatão - Plano Hibrace»(RAE, 1989.p.9). A princípio o plano previa: «a retificação do rio de Osasco a Barragem Edgar de Souza, a construção de barragens regularizadoras e a retificação a montante do rio Cabuçu de Cima» (RAE, 1989.p.10).

Fig.06: Tietê – trecho Osasco X Barragem da Penha Fonte: SPGOV, 2005

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necessidade de preservação do meio ambiente» e passou a estudar a implantação de um parque ecológico (RAE, 1989.p.10).

[...] a preservação da várzea, [...] é de fundamental importância na atenuação dos picos de enchentes. Nesse sentido, sua ocupação deve dar-se sob cuidadosos critérios, evitando-se a redução na sua capacidade de absorção das cheias e impedindo a ocorrência de danos sociais e econômicos àqueles que porventura venham ali se instalar (RAE, 1989. p.7).

Como sequência da retificação e canalização do rio Tietê em seu trecho urbano, que se estende da Penha a Osasco, surgiu a necessidade da construção de uma Barragem na altura da Penha no ano de 1975 e estes planos traziam consigo a possibilidade de criação de um grande parque urbano. Em 1976, os projetos arquitetônico e paisagístico foram confiados ao arquiteto Ruy Ohtake e à Promon os estudos hidrológicos e hidráulicos que definiriam critérios básicos para a retificação necessária à implantação da Barragem. O estudo definiu um trecho de aproximadamente 13 km de extensão, da Penha, próximo à Ponte Grande de Guarulhos até a Nitroquímica em São Miguel Paulista (RAE, 1989).

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Fig.07: Meandros do Rio Tietê montagem elaborada com base em ortofotos de 1958.

Imagem elaborada com base em ortofotos de 1958 ( GeoPortal ) e referências de curvas de nível, rio, lagoas e linha férrea extraídos do Gegran 74 ( Emplasa )

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O solo da região é sedimentar apresentando «camadas argilosas intercaladas por lentes de areia», cujo perfil litológico costuma atingir 100m, podendo se estender por mais de 250m de profundidade (SPGOV, 2005. p.52), este solo não apresenta grandes percentuais de infiltração, muito pelo contrário em geral se encontra encharcado devido suas baixas cotas e lençóis freáticos altos. Este solo típico compõe as planícies aluviais, dos principais rios da bacia hidrográfica do Alto Tietê.

Fig.08: Perfil litológico do terreno. Fonte: Daee, 2005.p.53.

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alagadas; com a urbanização das margens as águas não encontram o seu caminho natural, causando o que conhecemos por enchentes.

O projeto proposto em 1976 trabalhava com usos considerados coerentes para área de várzea, com ocupações que permitiriam o extravasamento do rio durante suas cheias, prevendo área de recreação, lazer e atividades esportivas (RAE, 1989). Na figura 10 a área demarcada em verde corresponde à dimensão pretendida pelo projeto de 1976 do Parque Ecológico Tietê. A Barragem da Penha foi entregue em 1979.

Fig.09: Esquema de implantação

Fonte: Daee - Revista "Água e Energia Elétrica - Nº 16 - pág. 7 - Ano de 1989.

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inaugurado em 1982, sem ter sido concluído. Em 1983, a implantação do projeto se viu comprometida pela falta de recursos para dar sequência a desapropriações e construção dos equipamentos arquitetônicos previstos (AE, 1989).

Fig.10: Área de Proteção Ambiental - APA Várzea do Tietê. Fonte: EMPLASA.

No ano de 1986, a Emplasa13 (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A.) em conjunto

com o DAEE14 (Departamento de Águas e Energia Elétrica) elaboraram um Projeto de Lei que propunha uma

legislação especial para a preservação das várzeas, além de disciplinar o uso e ocupação do solo, o qual

13 Criada em 1975, a Emplasa teve sua a razão social alterada em uma Assembléia Geral Ordinária, realizada em 20 de abril de 2001. A Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S.A. – EMPLASA passou a ser conhecida desde então como Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. – EMPLASA.

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resgatava a proposta de implantação do Parque Ecológico de 1977, porém não previa desapropriações, razão que levou a paralisação do projeto em 1983. A proposta implementava diretrizes de planejamento de uso e ocupação de solo para 40 Km a montante da Barragem da Penha, trazia também um modelo para o zoneamento no uso das margens (FSP, 29 de junho de 1986 – p. A.22).

Fig.11: Proposta Emplasa e Daee.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo 29.06.1986

O Zoneamento proposto dividia a ocupação em três grupos:

1. Cinturão Meândrico: usos urbanos e industriais proibidos, preservação da vegetação local e futura criação de espaços de lazer;

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Em 6 de Fevereiro de 1987, através da lei 5.598, foi estabelecida a APA, Área de Proteção Ambiental (trecho compreendido na figura 11). A Lei pretendia proteger a área regulamentada de impactos ambientais, desmatamentos, erosão, usos industriais danosos e da urbanização (SPGOV, 1987). Ou seja, a lei pretendia resguardar o leito maior do rio de atividades e usos que já haviam sido impostos anteriormente, tais como durante o primeiro terço do século XX, época em que as Prefeituras depositavam lixo urbano em lagoas e crateras, formadas pela extração de areia, usando-as como aterros sanitários (RAE, 1989); ou atividades industriais, como as da Companhia Nitro Química, inaugurada em 1935, que produzia ácido sulfúrico, sulfato de sódio entre outros produtos e utilizou o Tietê para despejar seus resíduos até a década de 70 quando iniciou o controle na emissão de poluentes líquidos e atmosféricos (VOTORANTIM, 2007).

O leito do Tietê foi desviado a princípio para seguir o projeto do Parque Ecológico, mas com a descontinuação do plano em 1983, se tornou ponto estratégico para a deposição e retirada de material de desassoreamento oriundo de dragagens do rio, sendo usado como caixa de bota-fora até 1993 (GIUDICE, 1999).

2.02 - Contexto histórico – arredores - São Miguel Paulista

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Fig.12: Capela de São Miguel Arcanjo. Fonte: Acervo Pessoal, 2009

São Miguel atingiu a plenitude de vila no século XVIII, prosperando economicamente ao longo de todo esse século, graças às suas atividades agrícolas. Durante o século seguinte, sofreu grande declínio em função da queda de produtividade do solo, estagnou-se em todos os aspectos, perdendo a importância de outros tempos e assumindo aspecto de arraial. Nesse período foi dependente da freguesia da Penha (LANGENBUCH,1971).

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prosperidade econômica à cidade. Neste mesmo período, surgem as primeiras indústrias que proporcionam uma expansão à cidade incorporando os bairros mais próximos e repercutindo até nos mais distantes.

A principal atividade do bairro no século XX era a indústria cerâmica e as olarias. São Miguel fornecia tijolos, pedregulho e areia extraída das margens do Tietê para a cidade que se erguia. A produção era escoada pelo rio que possibilitava o transporte de carga, mas não o humano. Com a chegada de trabalhadores para as olarias, o deslocamento Centro de São Paulo – São Miguel teve sua demanda aumentada. Esse deslocamento se dava em função da inexistência de um centro comercial suficientemente desenvolvido para atender às necessidades dessa população. Em função dessa demanda, um centro comercial começou a se formar nos arredores da antiga Capela, tendo em vista que o caminho para cidade (PMSP) era muito difícil e efetuado pela estrada de ferro, apanhando o trem em uma das estações mais próximas (Itaquera ou Lajeado), ou, outra possibilidade, que era seguir a cavalo pelo caminho da Penha e completar o trajeto em bondes elétricos (LANGENBUCH, 1971).

Na década de 1920, a Estrada São Paulo – Rio de Janeiro foi inaugurada e cortava o bairro que passou a fazer parte do circuito comercial interestadual. Primeira rodovia a ligar os dois Estados, e única, até a inauguração da Rodovia Presidente Dutra em 1950, esta via também tornou possível a inauguração da linha de ônibus que conduzia à Penha, amenizando assim a situação do transporte de pessoas. Em seguida foi construída a variante da Estrada de Ferro Central do Brasil e a estação São Miguel (1934) no centro histórico do bairro, suprindo as deficiências do transporte remanescente do serviço de ônibus (LANGENBUCH,1971).

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do centro da cidade (PMSP), próxima à estação ferroviária, em uma área de aproximadamente 503.000 m². A Companhia teve como determinantes para a escolha do sítio a facilidade de transporte oferecida pela variante da ferrovia Central do Brasil, bem como o preço da terra e a proximidade do Rio Tietê e do Córrego Itaquera, que garantiam o escoadouro dos detritos resultantes do processo produtivo (PMSP, 2004). A Nitro-Química mudou a fisionomia rural do bairro, que recebeu arruamento em todas as direções; as chácaras e matagais cederam lugar a vilas operárias. Em 1940 a companhia empregava cerca de 2.700 funcionários, ou seja, cerca de um terço da população do distrito, que contava com 7.600 habitantes no período e, oito anos mais tarde, já empregava 4.000 funcionários. São Miguel começava a se expandir em direção ao centro (LANGENBUCH,1971).

A partir da década de 1940, a chegada de indústrias de grande porte como a Indústria Celosul (Papel e celulose) pertencente ao Grupo Matarazzo, em conjunto com a Nitro-Química, pertencente ao grupo Votorantim promovem um crescimento econômico e populacional vertiginoso no local. As redes comerciais e industriais expandiram-se desde então (LANGENBUCH,1971).

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Na história da cidade de São Paulo, entre o final do séc.XIX e início do séc.XX, uma segregação social, opondo centro e periferia, teve início:

Para leste, a expansão teria que vencer a ampla e inundável várzea do Carmo e ainda cruzar a estrada de ferro” tendo em vista que: “O Conjunto vale-ferrovia funciona então como barreira que define - tendo como referência o centro da cidade – o “lado de lá” (oposto ao centro) e o “lado de cá” (o lado onde está o centro). A barreira divide o espaço urbano em duas partes que têm custos e tempo de deslocamento ao centro diferenciados” (VILLAÇA, 1998- p. 193).

Esta barreira, citada por Villaça, faz da zona leste uma área mais afastada do centro com tempo de deslocamento diferenciado. Por apresentar certa desvantagem quanto à localização de seus terrenos o valor da terra é mais baixo, diante dessa realidade a população menos favorecida acaba se deslocando para esta em busca do sonho da casa própria.

A Vila de São Miguel, até meados do século XIX, poderia ser considerada uma cidade vizinha, pelos padrões da época, por ser uma região muito autônoma e possuir data de fundação própria.

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2.03 - Da Crise Econômica às Invasões à Leste

O Brasil vivia uma crise econômica que teve inicio anterior ao Regime Militar, e que foi agravada pelas políticas implementadas entre 1964 e1987. O Regime Militar que teve início em 1964, após o golpe, encontrou um alto déficit público, a inflação a 91% e para regulá-la os militares “indexaram” a economia, ou seja, foram lançadas correções mensais sobre bens de consumo e serviços (correção monetária) também diminuíram os salários dos setores públicos, arrocho salarial (VICENTINO, 1997 e FARIA, 1998).

Os militares promulgaram Atos Institucionais que tinham o intuito de legitimar e legalizar suas ações políticas, isto porque a Constituição de 1946, não permitiria a concentração dos poderes no executivo a ponto que este também legislasse, fechasse o Congresso, suprimisse direitos políticos e constitucionais como o habeas corpus, nem permitiria intervenções federais em estados e municípios (VICENTINO, 1997 e FARIA, 1998).

A dívida externa crescia em proporções alarmantes, a frase atribuída a Delfim Neto é representativa deste pensamento: “a dívida não foi feita para ser paga, mas para ser rolada”. A manutenção do arrocho salarial atingia vastos setores da população mais pobre, acentuando a desigualdade de distribuição de renda (VICENTINO, 1997 e FARIA, 1998).

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de dólares. A população saia às ruas pedindo o restabelecimento de eleições diretas para presidência, porém a campanha não foi capaz de sensibilizar a todos os deputados e senadores a votar a favor do restabelecimento das eleições diretas naquele ano resolveram caminhar para «uma “transição pacifica” para democracia» (FARIA, 1998.p.445).

José Sarney assumiu então para governar até 1989, «as tentativas de combate a inflação e de resolução da dívida externa eram sem dúvida, as maiores preocupações» (FARIA, 1998.p.445), ao longo de seu governo seguiram-se tentativas em lidar com a inflação. A primeira tentativa, o Plano Cruzado, lançado em março de 1986, deveria congelar os preços e salários por um ano, mas após quatro meses de vigência o Plano demonstrou fragilidade e a inflação voltou a subir, entretanto seguiu vigente até novembro quando o “II Plano Cruzado” foi lançado e liberou reajustes de bens e serviços, reajustes que chegaram a 100% em bebidas, 60% em combustíveis e os aluguéis também subiram vertiginosamente, em Recife novos aluguéis chegaram a aumentar 700% (VEJA, 1987).

[...] A vida comunitária (comportando assembléias gerais ou parciais) em nada impede as lutas de classes. Pelo contrário. Os violentos contrastes entre a riqueza e a pobreza, os conflitos entre os poderosos e oprimidos não impedem nem o apego à Cidade, [...] No contexto urbano, as lutas de

facções, de grupos, de classes, reforçam o sentimento de pertencer [...] (LEFEBVRE, 2001, p.13-14,

grifo nosso).

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Fig.13: Áreas Invadidas – situação em Abril 1987. Fonte: FSP 16.04.1987

No carnaval, diversos terrenos da zona leste do Município de São Paulo foram invadidos pelos chamados “sem-terra” 15, as áreas tomadas estavam localizadas em Itaim Paulista, São Miguel Paulista,

Guaianases, Ermelino Matarazzo e Itaquera. Ao longo dos meses subsequentes muitas desapropriações foram ordenadas e executadas, porém os sem-terra seguiam para novos terrenos ou, em certos casos como o do Jardim São Carlos, em São Miguel Paulista, retomavam o mesmo terreno após alguns dias da

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reintegração de posse, fazendo com que a disputa se arrastasse por meses (FSP, 1987- 31 de março, p. A18).

Todas as áreas invadidas pertencentes à Zona Leste do Município de São Paulo contavam com a mesma infraestrutura básica presente na região, ou seja, acesso aos serviços de água e luz, além de proximidade com unidades de ensino da rede pública (FSP, 1987- 16 de abril, p. A11). Em julho de 1987, o Governo do Estado de São Paulo, começa a negociar com o grupo de sem-terra. Alguns dos terrenos invadidos tiveram sua compra negociada e as famílias construíram suas casas em regime de mutirão, outras famílias aguardaram a construção de Conjuntos Habitacionais, com a promessa do Estado de construir 20.000 unidades no Município e 40.000 no interior do Estado (FSP, 1987- 30 de setembro, p. A14).

Tabela A - Unidades Habitacionais Entregues pelo Governo do Estado de São Paulo de 1987 a 1991

Denominação Ano Capital Interior RMSP Total

CDH criada em 28/03/84 1987 937 937

1988 2.119 2.687 146 4.952

CDHU criada em 28/03/89

1989 4.570 3.159 936 8.665

1990 11.398 896 12.294

1991 580 7900 1302 9782

Total 7.269 26.081 3.280 36.630

Fonte: Construção própria a partir dos dados de relatório da CDHU, disponível em:

<http://www.habitacao.sp.gov.br/aplicacoes/internauta/perfil/oferta/uh_gestao.pdf> Acessado em 05 de Maio de 2011.

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Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), órgão do Governo Municipal, detinha cerca de 400 mil inscritos em seu programa habitacional, desconsiderando o incremento representado pelo movimento sem-terra (FSP, 1988- 20 de dezembro, pag. C03). Com base nos dados é possível afirmar que a demanda habitacional era muito superior a capacidade de construção dos órgãos públicos na época.

Neste cenário de negociação, em agosto do mesmo ano, cerca de 250 famílias que se encontravam em áreas invadidas em Guaianases e São Miguel Paulista foram conduzidas a um terreno público em Ermelino Matarazzo onde viveriam provisoriamente, até que suas moradias definitivas estivessem prontas. O local escolhido pela Secretaria de Habitação contava com cerca dez mil metros quadrados e se localizava entre o Rio Tietê e a Avenida Assis Ribeiro (Antiga Estrada São Paulo – Rio), lá a Polícia Militar do Estado de São Paulo, a serviço da Defesa Civil, ergueu os barracos de lona que abrigariam as famílias por cinco dias, prazo dado para que as mesmas construíssem barracos de madeira onde viveriam até sua transferência (FSP, 1987- 30 de setembro, pag. A14).

O local fazia parte do Parque Ecológico Tietê, em trecho vizinho a Companhia Nitro Química, na ultima porção a montante16 do rio (no município de São Paulo) que teve o leito desviado.

Em Ermelino Matarazzo, após o reconhecimento do terreno os líderes do movimento dos sem-terra fizeram as seguintes colocações à reportagem local17:

[...] Não há condições de erguer casas por se tratar de um brejo junto ao Tietê, onde a gente atola na lama até os tornozelos (Elgito BoaVentura, 29.09.87 – FSP A.11).

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É uma várzea que foi aterrada com lixo, e não vai ser possível viver nem uma semana num lugar como esse (Amenaíde Rodrigues da Paz, 30.09.87 – FSP A.14).

As condições são desumanas, só há uma torneira pra todo mundo, as barracas não tem forração, as crianças ficarão sujeitas a doenças e na próxima chuva forte o lugar vai virar um lamaçal (Elgito BoaVentura, 30.09.87 – FSP A.14).

Representante da CDH18 (Companhia de Desenvolvimento Habitacional) em resposta:

Sabiam desde Julho que a precariedade seria grande. A companhia não pode fazer uma cozinha coletiva, não há possibilidade de conseguir melhorias importantes a não ser que eles próprios se

organizem para isso (Zenaide Machado de Oliveira – Coordenadora da Equipe de Remoções, 30.09.87

– FSP A.14, grifo nosso).

Até o final de 1987, o número de famílias conduzidas pelo Estado ao terreno em Ermelino Matarazzo chegou a 340 (DENIZO, 2007). O caráter provisório da ocupação foi se perdendo com o passar dos anos, com o aumento populacional e com a provisão possível de melhorias necessárias promovidas pelas próprias famílias.

Morar em uma favela em São Paulo em 1986, [...] representa miséria muito maior do que morar num cortiço em São Paulo em 1886. Não só aumentou o nível de miséria. Aumentou também o número de miseráveis (VILLAÇA, 1986).

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1991 – Instalação no Território

O Censo demográfico, realizado no ano de 1991, trazia algumas informações sobre a população da área em Ermelino Matarazzo, conhecido como União de Vila Nova e que em 1991 contava com uma população de 3.892 habitantes, ou 868 domicílios (IBGE). A renda per capita dessa população era a quarta menor do município, entre 454 outras UDH‟s, Unidade de Desenvolvimento Humano, era a 451ª estando em melhor situação que apenas outras 3 UDH‟s (ATLAS-PMSP, 2007).

Em União de Vila Nova, a mortalidade de crianças de até um ano de idade atingia 45% enquanto em áreas vizinhas como São Miguel Paulista girava em torno de 25% e em áreas mais centrais como a República 22%. O serviço de coleta de lixo não atendia 15% da área e 8% dos domicílios não possuíam instalação sanitária enquanto que em São Miguel apenas 0,19% se apresentava na mesma situação (ATLAS-PMSP, 2007).

A educação em União de Vila Nova pode ser vista como uma questão que merece atenção, a frequência escolar, bruta, nesse ano se encontrava pouco acima dos cinquenta por cento19 (ATLAS-PMSP, 2007).

Ao analisar a tabela B, percebemos um grande contingente de adolescentes e adultos analfabetos em União de Vila Nova e que mais de noventa por cento de sua população não concluiu o ensino fundamental.

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Tabela B - Anos dedicados a educação.

Percentuais de analfabetismo, de adultos com Ensino Fundamental incompleto e adultos com acesso a curso superior.

UDH

Percentual de pessoas com mais de 15 anos

analfabetas

Percentual de pessoas com mais de 25 anos

analfabetas

Percentual de pessoas de 25 anos

e mais com acesso ao curso superior

Percentual de pessoas de 25 anos ou mais com menos

de oito anos de estudo

Percentual de pessoas de 25 anos

ou mais freqüentando curso

superior União de Vila Nova/

Vila Nair 21,17 26,60 0,00 92,71 0,00

São Miguel Paulista 8,67 10,81 2,51 64,07 1,18

República 2,27 2,00 11,89 32,15 2,20

Marsilac 18,91 22,98 0,24 88,86 0,00

Jardim Marajoara 2,45 2,15 17,46 21,30 2,73

Fonte: ATLAS-PMSP, 2007

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1995 – Enchentes e Remoções

Fig.15: Jd. Helena áreas de Remoção referentes ao decreto nº 42.780, 1998, demarcadas em azul. Fonte:PMSP,2004.

No ano de 1995, uma grande enchente alagou o Pantanal (Jardim Helena) e deixou evidente o risco na ocupação da várzea do Tietê. A enchente avançou sobre as vilas Pantanal, São Martinho, Chácara Três Meninas, Cotovelo do Pantanal, Jardim Romano, Jardim Novo Horizonte e promoveu a criação da Comissão do Palácio do Governo, 1996 (GIUDICE, 1999).

[...] Coordenada pela Chefia de Gabinete da SGE e pela Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, envolvendo representantes do DAEE, CDHU, Secretaria do Meio Ambiente e Defesa Civil do Estado, e posteriormente também da SABESP e ELETROPAULO, face à enorme quantidade de ligações clandestinas de água e energia elétrica na área em questão(GIUDICE, 1999. Não paginado).

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cerca de 1.000 famílias, com prioridade para as residentes em áreas de maior risco» (GIUDICE, 1999. Não paginado).

No dia 26 de dezembro de 1997, via decreto nº 42.710, o Governo do Estado autorizou que a área de União de Vila Nova fosse dotada de infraestrutura básica compatíveis com as necessidades da população local (grifo nosso) e autorizou o uso da área apresentada em figura 16, pela CDHU para construção de unidades habitacionais e provisão de infraestrutura urbana, este decreto criou condições para outro de nº 42.780 de janeiro de 1998, que determinou a desapropriação por via amigável ou judicial, a área demarcada no decreto na figura 15. As áreas desapropriadas, após liberadas, teriam parques e equipamentos de lazer implantados, isto é, uso que garantisse a recuperação das várzeas na região do Jardim Helena.

Fig.16: áreas de Remoção referentes ao decreto nº 42.710, 1997. Fonte: CDHU, 2004

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União de Vila Nova, onde 700 unidades foram construídas sob regime de mutirão em setor não inundável, demarcado como área livre na figura 18 (GIUDICE, 1999).

Fig.17.

Fonte: CDHU, 2004

Após a enchente de 1995, as providências demoraram cerca de três anos para serem viabilizadas. Durante esse tempo, a população de ambas as áreas haviam aumentado relativamente por crescimento vegetativo, com novas invasões e negociações irregulares de lotes considerados públicos, pertencentes à APA criada através da lei nº 5.598 no ano de 198720. A área foi regulamentada através do decreto nº 42.837

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no ano de 1998, neste a área pertencente à União de Vila Nova deixou de fazer parte do cinturão meândrico. A demora por parte do poder público em estabelecer regras, viabilizar soluções, fiscalizar o território, organizar a população, deixou moradores a mercê de novas enchentes e de todos os riscos envolvidos nessa situação como, por exemplo, a propagação de doenças (leptospirose, leishmaniose, entre outras), além de se tornar conivente com novas invasões no momento em que fechou os olhos para a realidade dinâmica em que vivem.

2000 a 2005 - Início dos Investimentos Públicos na área

A CDHU elegeu as áreas que considerou adequadas à implantação de unidades habitacionais, área livre na figura 17, liberando o trecho mais a esquerda do terreno após o viaduto Santos Dumont, para a construção do Campus Leste da Universidade de São Paulo em 2003, trecho hachurado na figura 16, p.43.

Pareceres técnicos contratados pela CDHU em 2000 afirmaram que o terreno que corresponde ao bairro União de Vila Nova não apresenta impedimentos à ocupação urbana em virtude de ações antrópicas como a implantação das caixas de dragagem e pelos processos de urbanização (CDHU,2004), aterros feitos com entulho sobre os quais a população local construiu suas casas (OAS & CDHU, 2009), porém o parecer sobre acomodações e/ou transbordamentos do rio Tietê só dizia respeito a área reservada as unidades habitacionais a serem construídas, Jacuí A (CDHU,2004 e DENIZO, 2007-p.169).

A implantação de novos empreendimentos habitacionais em Vila Jacuí A não compromete as

condições de macrodrenagem da Região e está compatível com os demais planos e diretrizes

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No Censo 2000, é possível notar um novo incremento populacional, lembrando que em 1987 chegaram 340 famílias, em 1991 já existiam 868 domicílios ou 3.892 habitantes, e em 2000 havia 5.955 famílias ou uma população de 23.428 pessoas. Os resultados também trouxeram dados como a alta taxa de analfabetismo que atingia 9,83%, contrastando com a região vizinha Vila Jacuí que apresentou no mesmo período taxa de 0,70% e a constatação de que 60% dos jovens entre 18 e 24 anos não haviam completado o Ensino Fundamental, apresentando também a menor renda per capita do município R$ 135,04 (ATLAS-PMSP, 2007). Estes são alguns dos dados que concederam à União de Vila Nova o status de 3º maior assentamento precário da cidade de São Paulo detentor do pior IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, do Município 0,689 (ATLAS-PMSP, 2007, grifo nosso).

Tabela C - UDHs de São Paulo – renda/ freqüência escolar e taxa de alfabetização

UDH Renda per

Capita, 1991

Renda per Capita, 2000

Taxa bruta de freqüência à escola, 1991

Taxa bruta de freqüência à escola, 2000 Taxa de alfabetização, 1991 Taxa de alfabetização, 2000 União de Vila Nova/ Vila

Nair 162,07 135,04 53,12 74,60 78,83 85,90

São Miguel Paulista 374,75 441,19 71,62 85,91 91,33 94,55

República 1.293,46 1.459,86 84,26 94,87 97,74 98,93

Marsilac 225,99 146,46 74,96 71,62 81,09 88,03

Jardim Marajoara 1.374,75 2.002,12 84,58 112,04 97,55 99,16

Fonte: ATLAS-PMSP, 2007

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de reedição para desapropriação de áreas inundáveis do Jardim Helena e implantação de parques naquele local.

A situação da população nas vilas Pantanal São Martinho, Chácara Três Meninas, Cotovelo do Pantanal, Jd. Romano, Jd. Novo Horizonte, pertencentes ao Jardim Helena, seguia sem alteração, «as áreas desocupadas em 1998, já haviam sido re-invadidas e o plano de re-assentamento de 6.000 famílias previsto para quatro anos» não teve sequência (CDHU, 2004. p.9).

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Cap.3 - Caracterização da precariedade urbana na área de estudo

No ano de 1987, o Governo do Estado de São Paulo encaminhou trezentas e quarenta a União de Vila Nova21. Nesse terreno a polícia militar, a mesma que os conduziu a área, ergueu barracas de lona que

deveriam abrigá-los por cinco dias, prazo dado pelo Governo para que as famílias construíssem barracos de madeira. Como já mencionado à página 38, o local não dispunha de instalação sanitária, nem cozinha coletiva apenas uma única torneira. O terreno alagadiço entre a linha férrea e o rio Tietê apresentava poucos pontos de travessia segura, sendo um junto à estrada de Cumbica e outro cruzando a ferrovia junto ao centro de São Miguel Paulista. Através dessas travessias, os moradores tinham acesso aos equipamentos urbanos dispostos em São Miguel Paulista, eram escolas, postos de saúde, postos de emprego, centros comerciais, lazer, até mesmo os meios de transporte público só podiam ser encontrados atravessando a linha férrea.

A fim de analisar o território em uma escala menor, faremos uso do conceito de bairro de Henri Lefebvre que o entende como uma “unidade sociológica relativa” (1975), ou seja, «o bairro só pode ser pensado tendo-se em vista a cidade como totalidade, não é, pois, a base da vida urbana. Assim, o bairro só existe diante da cidade, não pode ser pensado dela desvinculado.» (LEFEBVRE, 1975 – apud RAMOS, 2001.p.11).

No caso de União de Vila Nova, a existência de um núcleo urbano próximo, conformado, foi fundamental para o acesso da população a serviços básicos. Em 1991, a população, segundo dados da Prefeitura do Município de São Paulo, havia se organizado de modo a garantir o fornecimento de água e luz

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para grande parte dos domicílios através de ligações clandestinas que colocavam as 868 famílias em risco. Mangueiras de material plástico conduziam água ilegalmente e por se encontrarem expostas costumavam estourar ou vazar, o que comprometia a qualidade da água; já as ligações elétricas irregulares sobrecarregavam transformadores, causando incêndios e explosões.

Tabela D - Provisão de Serviços Básicos UDHs de São Paulo - 1991

UDH

% de pessoas em domicílios

sem água encanada

% de pessoas em domicílios sem banheiro

e água encanada

% de pessoas em domicílios urbanos sem coleta de lixo

% de pessoas em domicílios sem energia elétrica % de domicílios sem água encanada % de domicílios sem instalação sanitária % de domicílios urbanos sem serviço de coleta de lixo União de Vila Nova/

Vila Nair 31,22 33,06 15,12 0 34,64 8,88 13,78

São Miguel Paulista 0,64 9,73 0,37 0,19 1,39 0,19 0,85

República 0,36 0,82 0,00 0,07 0,56 0,01 0,00

Marsilac 29,47 30,37 - 3,06 22,32 3,72 72,70

Jardim Marajoara 0,00 0,00 0,00 0,29 0,63 0,09 0,12

São Paulo 1,73 4,52 1,49 0,08 1,73 0,46 1,95

Fonte: ATLAS-PMSP, 2007

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que era trazido no balaio [...] » (D. Zilda da Silva, 28/12/2008 – FSP C.04).

Fig.18: Ligações Elétricas União de Vila Nova – 1998. Fonte: FSP,2008

Entre os anos de 1998 e 2000, a rede elétrica foi instalada pela Eletropaulo assim como os sistemas de água e esgoto pela SABESP. A provisão de água e luz trouxe a primeira escola, uma linha de ônibus que passou a deixar os moradores dentro do bairro e uma variedade de outros serviços como padarias, lan houses, pet shops, mercados e açougue.

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Tabela E - Instalações Sanitárias22

nº de domicílios Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário

Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário via rede geral

de esgoto ou pluvial

Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário

via fossa séptica

Área a urbanizar 4.873 100% 4.843 99,38% 1.180 24,22% 258 5,29%

Jacuí - A 482 100% 480 99,59% 313 64,94% 161 33,40%

União de Vl. Nova 5.355 100% 5.323 99,40% 1.493 27,88% 419 7,82%

RMSP 5.079.188 100% 4.979.385 98,04% 4.065.266 80,04% 308.352 6,07%

Os dados aqui relacionados são um recorte do censo demográfico do ano de 2000, os setores censitários relacionados são descridos no apêndice I desse volume.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Tabela F - Instalações Sanitárias II1

nº de domicílios

Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário e

esgotamento sanitário via vala

Domicílios particulares permanentes, com banheiro ou sanitário e esgotamento sanitário via

rio, lago ou mar

Domicílios particulares permanentes com banheiro ou sanitário e

esgotamento sanitário via outro escoadouro

Domicílios particulares permanentes sem

banheiro, nem sanitário

Área a urbanizar 4.873 100% 592 12,15% 2.167 44,47% 304 6,24% 31 0,64%

Jacuí - A 482 100% 0 0,00% 6 1,24% 0 0,00% 1 0,21%

União de Vl. Nova 5.355 100% 592 11,06% 2.173 40,58% 304 5,68% 32 0,60%

RMSP 5.079.188 100% 103.422 2,04% 215.322 4,24% 42.431 0,84% 15.381 0,30%

Os dados aqui relacionados são um recorte do censo demográfico do ano de 2000, os setores censitários relacionados são descridos no apêndice I desse volume.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

(66)

O acesso à água potável em 2000, já alcançava praticamente a totalidade dos domicílios por intermédio de mangueiras implantadas de forma superficial, pois grande parte da água servida ainda era desviada da rede da SABESP. Nesse período, no entanto, uma rede que garantiria a provisão de água pela rede pública de forma segura estava sendo implantada.

Tabela G - Abastecimento de Água1

nº de domicílios

Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água da rede geral

Domicílios particulares permanentes com

abastecimento de água da rede geral e canalização em pelo menos um cômodo

Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água da rede geral

e canalização só na propriedade ou

terreno

Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água de poço ou

nascente na propriedade

Área a urbanizar 4873 100% 4793 98,36% 4707 96,59% 86 1,76% 2 0,04%

Jacuí - A 482 100% 479 99,38% 479 99,38% 0 0,00% 2 0,41%

União de Vl. Nova 5355 100% 5272 98,45% 5186 96,84% 86 1,61% 4 0,07%

RMSP 5.079.188 100% 4.825.425 95,00% 4.768.254 93,88% 57.171 1,13% 122.868 2,42% Os dados aqui relacionados são um recorte do censo demográfico do ano de 2000, os setores censitários relacionados são descridos no apêndice I desse volume.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

(67)

Fig.19: Ligações Elétricas União de Vila Nova. Fonte: CULTURA, 2002

Tabela H - Provisão de Energia Elétrica - UDHs de São Paulo

UDH

% de pessoas que vivem em domicílios sem energia elétrica,

1991

% de pessoas que vivem em domicílios sem energia elétrica,

2000

União de Vila Nova/Vila Nair 0,00 1,20

São Miguel Paulista 0,19 0,08

República 0,07 0,00

Marsilac 3,06 0,85

Jardim Marajoara 0,29 0,00

São Paulo 0,08 0,09

(68)

De acordo com os dados disponibilizados pelo Censo de 2000, o serviço de coleta de lixo no bairro União de Vila Nova atendia noventa e sete por cento dos domicílios da área, ou seja, cerca de três por cento dos domicílios que lançavam seus detritos em rios, terrenos baldios ou logradouro. Este percentual era alto em relação à região metropolitana e, principalmente, em função da localização do bairro, junto ao parque Ecológico Tietê. O cuidado com a deposição de resíduos tanto sólidos como líquidos deve ser redobrado em função tanto do ponto de vista ambiental quanto das características que o solo apresenta (mencionadas no capítulo 2), pois este tipo de solo praticamente não absorve os detritos em função da sua composição natural, fazendo com que se mantenham na superfície do solo para serem levados por intermédio de águas de chuva a rios e córregos da região.

(69)

Tabela I - Coleta de Lixo em domicílios particulares1 - 2000

nº de domicílios Domicílios com lixo coletado por serviço de limpeza

Domicílios com lixo coletado em

caçamba de

serviço de

limpeza

Domicílios com lixo jogado em terreno baldio ou logradouro

Domicílios

com lixo

jogado em rio, lago ou mar

Domicílios com outro destino do lixo

Área a urbanizar1 4873 100% 4652 95,46% 74 1,52% 8 0,16% 17 0,35% 123 2,52%

Jacuí - A 2 482 100% 479 99,38% 2 0,41% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%

União de Vl. Nova3 5355 100% 5131 95,82% 76 1,42% 8 0,15% 17 0,32% 123 2,30%

RMSP 5.079.188 100% 4.773.158 93,97% 146.608 2,89% 21.340 0,42% 9.663 0,19% 5.959 0,12% Os dados aqui relacionados são um recorte do censo demográfico do ano de 2000, os setores censitários relacionados são descridos no apêndice I desse volume.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, um morador de União de Vila Nova atribuiu a queda da taxa de homicídios à instalação da iluminação pública, segundo o jornal, em consulta à fonte oficial (não citada) no ano de 2000 eram 56,4 homicídios por 100 mil habitantes e em 2007 13,7 homicídios por 100 mil habitantes (2008 – 28 de dezembro, p.C-4), a queda dos índices de homicídios e furtos do bairro acompanha os índices da região metropolitana da cidade de São Paulo, os homicídios dolosos obtiveram queda de 70% em comparação feita entre 1999 e 2008 e uma queda de 13,5% no número de roubos no mesmo período (SSP, 2008).

Imagem

Fig. 01: União de Vila Nova  Fonte: Acervo Pessoal, 2009
Tabela A - Unidades Habitacionais Entregues pelo Governo do Estado de São Paulo de 1987 a 1991
Tabela B - Anos dedicados a educação.
Tabela C - UDHs de São Paulo – renda/ freqüência escolar e taxa de alfabetização
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Referências

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