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O teatro como instrumento de sensibilização ambiental: uma experiência de produção teatral da peça "Na floresta"

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE  CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA 

PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA   

     

Marcio Esdras de Godoy 

 

             

O Teatro como instrumento de sensibilização ambiental: uma 

experiência de produção teatral da peça “Na Floresta” 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo 

2014 

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  2 

 

 

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE  CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA  PROGRAMA DE PÓS‐GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA 

 

 

 

 

 

O Teatro como instrumento de sensibilização ambiental: uma 

experiência de produção teatral da peça “Na Floresta” 

 

 

Marcio Esdras de Godoy 

 

 

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Marcio Esdras de Godoy 

 

 

O Teatro como instrumento de sensibilização ambiental: uma 

experiência de produção teatral da peça “Na Floresta” 

 

 

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  5 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta pesquisa recebeu apoio financeiro 

da  Bolsa  Mérito  MackPesquisa  do 

Fundo  Mackenzie  de  Pesquisa,  do 

Instituto Presbiteriano Mackenzie 

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  6 

AGRADEÇO 

Primeiramente  a  Deus  por  permitir  que  eu  realizasse  esta  dissertação  de  mestrado  e  realização de um dos meus sonhos. 

 

À  minha  orientadora  Profª.  Drª.  Petra  Sanchez  Sanchez,  pela  orientação  paciente  e  ensinamentos e por acreditar neste projeto desde o começo, até mesmo quando eu não  acreditava. Obrigado! 

 

As  professoras  doutoras  Eliana  Zaroni  Lindenberg  e  Maria  Inês  Z.  Sato  pelas  importantes contribuições por ocasião do exame de qualificação. 

 

À  minha  esposa  Renata,  que  esteve  sempre  ao  meu  lado  ao  longo  desse  processo.  Obrigado e te amo. A minha filha Manuela: Filha é para você e por você. 

 

Ao  meu  pai  Jair  e  Neuza  minha  mãe,  por  me  guiar  no  caminho  correto  e  por  sempre  incentivar meus estudos. Obrigado pelas orações.    Ao meu sogro Vanderlei e minha sogra Nilma, por todo apoio.    Aos meus amigos que, de longe ou de perto, sempre estiveram ao meu lado, permitindo  que eu nunca desistisse.   

A  toda  equipe  da  peça  teatral  “Na  Floresta”  pelo  apoio  e  entusiasmo.  Quem  diria  que  esse projeto teria proporções dessa magnitude. Agradeço ao meu irmão e artista Marcos  Godoy por estar perto sempre que foi preciso, com seu talento especial. 

 

Os meus sinceros agradecimentos à Coordenação do Fundo de Pesquisa Mackpesquisa  do  Instituto  Presbiteriano  Mackenzie,  pela  Bolsa  concedida  e  pela  oportunidade  do  desenvolvimento desta pesquisa. 

 

 

 

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RESUMO 

 

Essa pesquisa de caráter interdisciplinar que unifica arte e educação ambiental, buscou,  por meio da arte teatral, analisar como se desenvolveu a peça intitulada “Na Floresta”,  iniciada no ano de 2010. Buscou ainda abordar o desenvolvimento da produção teatral,  desde  a  escolha  da  equipe,  atores  e  produtores.  Também  explorou  um  aspecto  pedagógico  na  maneira  de  fazer  e  ensinar  teatro,  desde  a  dramaturgia,  roteirização  e  preparação  de  atores.  No  processo  de  desenvolvimento  cenográfico  destaca‐se  a  utilização  de  materiais  e  resíduos  sólidos  recicláveis  na  construção  dos  cenários.  Da  mesma  forma,  investigou‐se  as  percepções  dos  integrantes  comprometidos  com  o  projeto solidário com relação às questões ambientais. São apresentados novos recursos  de  interatividade  do  design  de  interação  de  espaços,  bem  como  a  importância  desempenhada pela equipe de envolvidos na peça teatral no que diz respeito à realidade  ambiental na Amazônia. Os resultados mostram a importância do teatro como recurso  educativo, na sensibilização ambiental, na formação profissional e no compartilhamento  de experiências em grupo; principalmente no processo de desenvolvimento das crianças  e adultos, possibilitando a inclusão social de comunidades marginalizadas por meio da  reflexão sobre os problemas ambientais do seu cotidiano.    

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  9 

ABSTRACT 

 

This  interdisciplinary  research  that  unifies  art  and  environmental  education,  sought,  through the art of theater, analyze how it developed the piece entitled "In The Forest",  which  began  in  2010.  He  sought  also  address  the  development  of  theater  production,  from  choosing  team,  actors  and  producers.  Also  explored  a  pedagogical  aspect  in  the  way of doing and teaching theater, from playwriting, screenwriting and preparation of  actors. In the scenic development process highlights the use of recyclable materials and  solid waste in the construction of scenery. Similarly, we investigated the perceptions of  members committed to the solidarity project with environmental issues. Presents new  opportunities for interaction design of interactive resources, and the importance played  by the team involved in play with regard to the environmental situation in the Amazon.  The results show the importance of theater as an educational resource, environmental  awareness,  vocational  training  and  sharing  group  in  experiments;  mainly  in  the  development  process  of  children  and  adults,  enabling  the  social  inclusion  of  marginalized  communities  through  reflection  on  the  environmental  problems  of  their  daily lives. 

 

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  10  LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 ‐ Oca construída com anéis de papelão (Artista Nido Campolongo) ...21 

Figura 2 ‐ Interior da oca feita com anéis de papelão. Espaço para palestras …..……...22 

Figura 3 ‐ Modelo de teatro elizabetano na época do Renascimento ………...32 

Figura 4 ‐ Modelo de teatro no século XVIII. Teatro de Ópera ………..………...33 

Figura 5 ‐ Teatro Amazonas inaugurado em 1896 ………...………...34 

Figura 6 ‐ Ilustração representativa do estilo melodramático ………..………..35 

Figura 7 ‐ Marcel Marceau em ação. Pantomima ...36 

Figura 8 ‐ Teatro Alla Scala de Milão ...37 

Figura 9 ‐ Clássico Teatro de Arena nos Estados Unidos ...38 

Figura 10 ‐ Globe Theatre (1600). Teatro elizabetano ...39 

Figura 11 ‐ Teatro elizabetano vista detalhada em corte ...39 

Figura 12 ‐ Réplica do Teatro elizabetano ...39 

Figura 13 ‐ Teatro de rua da Baixa Idade Média ...41 

Figura 14 ‐ Teatro de rua nos dias de hoje ...41 

 Figura 15 ‐ Evolução dos aparelhos de iluminação ...45 

Figura 16 ‐ Estudo de iluminação. Musical Sweeney Todd ...46 

Figura 17 ‐ Criação da “anêmona‐plástica” convertida em pufes ...50 

Figura 18 ‐ Crianças descansando no pufe e apreciando a exposição ...50 

Figura 19 ‐ Construção da baleia jubarte ...51 

Figura 20 ‐ Processo final de construção da baleia jubarte ...51 

Figura 21 ‐ Foto da instalação pronta ...52 

Figura 22 ‐ Exemplo de rubrica. Roteiro do espetáculo Alice ‐O Musical ...55 

Figura 23 ‐ Cenógrafo J.C. Serroni. Um dos mais premiados do Brasil ...58 

Figura 24 ‐ Figurinos do espetáculo Alice ‐O Musical, criado pelo figurinista Jota ...60 

Figura 25 ‐ Vestido confeccionado com páginas de história em quadrinho ...61 

(11)

  11  Figura 27 ‐ Foto da peça “The Trojan Women”. Figurinos desenvolvidos 

   com material reciclado ………...………...62 

  Figura 28 ‐ Exemplo de design de iluminação criado por Marconi Araújo.    Musical In Concert ....63 

  Figura 29 ‐ Capa do livro infantil “A Festa na Floresta” ...66 

Figura 30 ‐ Priscila Muniz. Produção ...69 

Figura 31 ‐ Foto da equipe de apoio e montagem de cenário     do espetáculo “Na Floresta”...70 

(12)

  12 

Figura 51 ‐ Foto da maquete ‐ vista frontal geral ...95 

Figura 52 ‐ Imagens da maquete ‐ vista do praticável e estudo  de iluminação com letreiro móvel ...96 

  Figura 53 ‐ Foto do início das montagens. Colocação dos painéis antigos ...97 

Figura 54 ‐ Composição de fotográfica do processo de montagem do cenário ...98 

Figura 55 ‐ Composição fotográfica da montagem do painel luminoso  e processo de montagem do praticável e  do cenário em andamento ...99 

  Figura 56 ‐ Iluminação usada no teatro ...100 

Figura 57 – Composição fotográfica do acabamento e afinação do cenário ...100 

Figura 58 ‐ Foto do cenário final. Vista geral ...102 

Figura 59 ‐ Foto do desenho do painel central final ...103 

Figura 60 ‐ Foto da lateral esquerda do cenário ...104 

Figura 61 ‐ Foto da lateral direita do cenário ...104 

Figura 62 ‐ Preparação dos atores ...105 

Figura 63 ‐ Foto da cena com o letreiro ao fundo e foco com “canhão seguidor ...105 

Figura 64 ‐ Foto oficial dos personagens e cenário ...106 

Figura 65 ‐ Composição de fotos da apresentação ...106 

Figura 66 ‐ Elenco com espectadores, interação após o espetáculo ...107 

Figura 67 ‐ Cachoeira em Brotas. Contato do grupo com a natureza ...109 

Figura 68 ‐ Montagem do cenário no palco e estruturação do espaço ...110 

Figura 69 ‐ Modelos de palcos do estilo arena: circular, ovalado e semicircular ...111 

Figura 70 ‐ Reconhecimento do espaço pelos atores ...112 

Figura 71 ‐ Equipe recolhendo folhas na praça ...112 

Figura 72 ‐ Montagem finalizada ...113 

Figura 73 ‐ Ajustes finais ...113 

Figura 74 ‐ Preparação dos músicos e dos atores atrás do palco ...114 

(13)

  13 

Figura 76 ‐ Cena Dona Coruja. Plateia lotada ...115 

Figura 77 ‐ Personagem Sapo Cururu interagindo com o público ...116 

Figura 78 ‐ Personagens em cena ...116 

Figura 79 ‐ Sala onde esta guardado todo o material da produção “Na Floresta” ...117   

 

 

(14)

  14 

SUMÁRIO: 

 

1. INTRODUÇÃO

 ...17 

1.1

 

Justificativa 

...22 

1.3 Hipótese 

...24 

 1.4 Objetivo geral 

...24

 

 1.5 Objetivo específico ...

25 

 1.5 Metodologia 

...25 

 

2. O TEATRO: UM INSTRUMENTO TRANSFORMADOR

 ...28 

2.1 A Evolução dramatúrgica do teatro ...

31

 

2.2 Teatro como espaço físico 

...37 

2.3 Sobre cenografia 

...42 

2.4 Princípios básicos para montagem cenográfica 

...43 

2.5 Iluminação teatral 

...44 

2.6 Sonoplastia 

...46 

2.7 Teatro e educação ambiental 

...47 

2.8 Cenografia criada com reaproveitamento  de materiais reciclados 

...49 

 

 

3. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA PEÇA TEATRAL 

...53 

3.1 O Roteiro de teatro 

...53 

3.1.1 Os atos

 ...54 

3.1.2 As rubricas

 ...54 

3.2 Definindo funções

 ...56 

3.2.1 O diretor

 ...56 

3.2.2 O cenógrafo

 ...57 

3.2.3 O sonoplasta

 ...58 

3.2.4 O figurinista

 ...59 

(15)

  15 

3.2.6 Executor de montagem de palco

 ...64 

3.2.7 Definindo os papéis dos atores

 ...64 

 

4. A PEÇA TEATRAL NA FLORESTA

 ...65 

4.1 Concepção

 ...65 

4.2 Planejamento de trabalho

 ...66 

4.2.1 Escolhendo os atores

 ...67 

4.2.2 Primeira reunião

 ...67 

4.2.3 Leitura de mesa

 ...68 

4.2.4 Ensaio de palco

 ...68 

4.2.5 Respeito ao diretor

 ...68 

4.2.6 Personalização de desempenho

 ...68 

4.3 Escolha da equipe

 ...69 

4.4 Escolha e preparação dos atores

 ...72 

4.4.1 Jogos e exercícios teatrais

 ...73 

4.4.2 O aprender a viver juntos

 ...73 

4.5 Proposta de trabalho

 ...74 

4.6 Roteiro do espetáculo

 ...75 

4.7 Sobre os materiais recicláveis utilizados

 ...82 

4.8 Desenvolvimento da cenografia

 ...83 

4.8.1 Esboço preliminar

 ...83 

4.8.2 Anteprojeto cenográfico

 ...87 

4.8.3 Conceito artístico

 ...88 

4.8.4 Desenhos finais

 ...92 

4.8.5 Maquete

 ...94 

4.8.6 Montagem

 ...96 

4.8.7 Acabamento e afinação do cenário

 ...99 

4.9 “Na Floresta” em Brotas – SP ...

108

 

(16)

  16   

6. CONSIDERAÇÕES GERAIS...

133

 

  7. REFERÊNCIAS ...

136 

  8. APÊNDICES ...

143 

8.1 Roteiro de entrevistas dos participantes ...

143 

8.2 Roteiro de entrevistas dos espectadores ...

144 

 

9. ANEXOS ...

145 

9.1 Anexo A ‐ Termo de consentimento livre e esclarecido ...

145 

9.2 Anexo B ‐ Pontos de coleta de lixo reciclado em São Paulo ...

146 

9.3 Anexo C ‐ Autorização cenógrafo José Carlos Serroni ...

148 

  10. GLOSSÁRIO ...

149 

 

(17)

  17 

1. INTRODUÇÃO 

A falta de interesse e motivação dos alunos no meio escolar, dentre outros fatores,  parece ser uma das principais causas que afetam o processo de ensino/aprendizagem no  contexto educacional a nível nacional.  O conceito de educação que predomina, salvo algumas exceções, está atrelado tão  somente ao processo de transmissão de conhecimentos teóricos, sejam eles de qualquer  natureza. 

Manter  o  aluno  motivado  é  um  desafio  a  vencer,  pois  a  ausência  de  interesse  prejudica o envolvimento dos alunos com o processo de aprender. Entretanto, o aluno  motivado procura sempre adquirir novos conhecimentos e aproveitar as oportunidades,  com  entusiasmo  de  modo  a  revelar  sua  disposição  para  outros  desafios  imediatos  e  muitas outros no futuro. 

Atualmente as características do ensino formal está atrelado aos limites físicos de  uma  sala  de  aula  ou  instituição  escolar,  sob  um  regime  rígido  de  horários  a  serem  cumpridos pelos professores e alunos. 

O seu rendimento escolar não se limita unicamente à aquisição de conceitos que  devem  ser  decorados,  e  não  se  limita  também  a  certos  atributos  pessoais,  como  inteligência, contexto familiar e condição socioeconômica. 

Partindo  dessa  realidade  o  enfoque  educativo  em  que  se  baseia  esta  pesquisa  é  apresentada  por  Vygotsky  (2008),  quando  menciona  que  o  processo  de  aprendizagem  permite  a  aquisição  de  competências  que  podem,  consequentemente,  modificar  seu  comportamento quando a realidade assim exigir. 

Com esse entendimento a mudança de atitude, também poderá ser alcançada pela  experiência  que  resulta  de  novos  conhecimentos  pela  capacidade  de  observações  desenvolvidas pela prática motivada constantemente. 

Ainda segundo Vygotsky (2008), o pensamento propriamente dito é produto de  motivação,  o  qual,  por  sua  vez  depende  dos  desejos  das  necessidades  e  dos  interesses  inerentes a cada sujeito. 

Assim sendo, a escola deveria concentrar seus esforços em descobrir diferentes  estratégias  para  motivar  os  alunos,  no  sentido  de  estimular  cada  vez  mais  o  interesse  dos alunos. Se tida como meta essencial no processo de ensinar e aprender a motivação  daria uma grande contribuição. 

(18)

  18  inclusive  de  natureza  ambiental  que  nos  afligem.  Um  país  que  valoriza  a  educação,  construirá uma sociedade em condições de superar os inúmeros problemas, como  por  exemplo:  a  fome,  a  desigualdade  e  a  injustiça.  Nessa  perspectiva  fica  muito  mais  fácil  preservar o meio ambiente e a qualidade de vida dos seus seres vivos. 

Ao  lado  da  transmissão  de  conhecimentos,  ou,  a  partir  deles,  os  educadores  devem  ajudar  a  alargar  os  horizontes  dos  alunos,  com  relação  aos  direitos  e  deveres,  cidadania, respeito ao próximo e convivência em sociedade e principalmente o respeito  aos  recursos  do  meio  ambiente  natural  e  meio  ambiente  artificial,  representado  pelo  meio ambiente urbano. 

Nesse  contexto,  é  imprescindível  incluir  o  teatro  na  educação  ambiental  a  nível  formal e não formal, como importante recurso de educação. 

O  teatro  é  um  espaço  no  campo  das  artes  que  permite  trabalhar  a  motivação  através de diferentes habilidades intelectuais e sociais nos indivíduos. O teatro consegue  envolver as pessoas de forma ativa, seja na atuação do espetáculo em si, seja nas mais  diversas  e  complexas  áreas  de  sua  produção,  tema  a  ser  retomado  ainda  nessa  introdução. 

Por  ser  realizado  fora  dos  rígidos  sistemas  físico‐cronológicos  da  educação  formal, o teatro apresenta‐se como mais motivador, mesmo porque é lúdico e o lúdico é  mais  atrativo  para  as  crianças  e  alunos,  e  estimular  o  interesse  para  a  aquisição  de  conhecimentos. 

A  sociedade  tem  presenciado  o  aumento  da  preocupação  com  as  questões  do  meio  ambiente,  principalmente  com  relação  ao  consumo  irracional  dos  recursos  naturais e as mudanças climáticas. A esse respeito, nas palavras de Castro (2003): 

 

Essa  crise,  em  decorrência  do  caráter  generalizado  dos  desequilíbrios  ambientais, é de tal ordem que não poucos sugerem que a biosfera como  um todo esteja ameaçada. Contrariamente ao passado, quando as crises  ambientais  eram  geralmente  sucedidas  pela  revitalização  do  ambiente  natural,  a  atual  não  sugere  nenhuma  recuperação  posterior  ao  esgotamento  dos  ciclos  biológicos  dos  ecossistemas  (CASTRO,  2003,  p.  13). 

 

Edgar Morin (2007) é ainda mais contundente e diz:   

(19)

  19  Estamos  frente  a  inúmeros  desafios,  dentre  os  quais  destacamos  a  ética  nas  relações humanas, também comentada por Morin em “O método 6” (2007): 

 

O  individualismo  da  nossa  civilização,  não  é  tanto  uma  vitória  do  egoísmo  sobre o civismo ou do privado sobre o público, mas o resultado  do  processo  histórico  da  emancipação  da  massa  que  instala,  para  o  melhor  e  o  pior,  a  responsabilidade  dos  nossos  atos  em  nós  mesmos  (MORIN, 2007, p. 91). 

 

O resgate da ética, tendo o compromisso social como um de seus componentes,  pode  colaborar  para  minimizar  os  graves  problemas  ambientais,  de  maneira  a  conscientizar  a  sociedade  contemporânea.  Essa  consciência  crítica  pode  provocar  mudanças comportamentais e de atitudes em relação à importância de preservar o meio  ambiente para as gerações futuras.  

Nas  várias  conferências  que  ocorreram,  procurando  encontrar  soluções  para  os  problemas  ambientais  e  garantir  a  qualidade  de  vida  e  do  meio  ambiente,  as  ações  educativas,  passaram  a  ser  consideradas  imprescindíveis,  enfatizando  assim  a  importância da educação Ambiental. 

A esse respeito a UNESCO (2005) estabeleceu para o período de 2005 a 2014 a  Década  da  Educação  para  o  Desenvolvimento  Sustentável,  cabendo  a  ela  o  papel  de  promover  programas,  ações,  metas  e  diretrizes  no  campo  educacional,  integrando  princípios,  valores  e  práticas.  O  programa  incentiva  que  sejam  utilizadas  diferentes  linguagens  na  abordagem  das  questões  ambientais,  entre  elas,  a  arte,  como  vemos  no  excerto a seguir: 

 

A  educação  para  o  desenvolvimento  sustentável  deve  compartilhar  as  características de qualquer experiência de aprendizagem de qualidade,  com os critérios adicionais de que o processo de aprendizagem/ ensino  deve  servir  de  modelo  para  os  valores  do  próprio  desenvolvimento  sustentável (UNESCO, 2005, p. 46).  

 

(20)

  20  papel  da  social  dos  docentes  para  a  construção  de  um  projeto  de  cidadania  (BRASIL/MEC, 1999). 

As diretrizes curriculares nacionais apontam ainda como a educação ambiental se  insere  nas  amplas  áreas  de  atuação,  como,  Comunicação,  Artes,  Design  e  Produção  Cultural.  No  item  III.2  art.  C.1.  da  Educação  Profissional  de  Nível  Médio  (Diretrizes  Gerais) pode‐se ler: 

 

Informação, Comunicação, Artes, Design e Produção Cultural 

1.  Formação  para  o  reconhecimento  da  diversidade  biológica,  cultural,  geracional, de gênero e orientação sexual nos espaços e projetos de arte  e comunicação. 

2. Reflexão sobre a dimensão estética do meio ambiente; 

3.  Estudo  sobre  o  meio  ambiente  cultural  e  seus  diversos  patrimônios  (histórico,  artístico,  turístico,  paisagístico,  arqueológico,  científico  e  paleontológico), com foco para o patrimônio ecológico e para a proteção  da biodiversidade. 

4. Inserção de estudos sobre a sustentabilidade ambiental dos produtos,  serviços  e  ambientes,  sobre  gestão  e  análise  de  impactos  ambientais,  certificações  ambientais,  economia  verde,  sistemas  de  tratamento,   controle  e  disposição  final  de  resíduos,  recursos  energéticos  e  outros  temas socioambientais relacionados às atividades. 

5.  Respeito  às  características  dos  biomas,  paisagens  e  culturas  na  elaboração de projetos. (BRASIL/MEC, 1999, p.19) 

 

Uma  das  possibilidades  apontadas  nesse  documento  que  pode  ajudar  na  conscientização das pessoas sobre a importância da questão ambiental é o teatro, com  esse entendimento, sem duvida, o teatro na educação ambiental pode ser utilizado como  importante recurso pedagógico, que efetivamente irá contribuir para que os indivíduos  possam adquirir conhecimentos sobre as questões ambientais. 

As  duas  problemáticas  apresentadas  –  a  questão  da  motivação  e  a  questão  da  conscientização ambiental – se cruzam e se encontram no cerne do presente trabalho. É  no  teatro  que  se  depara  com  a  proposta  pedagógica,  de  inclusão  social  e  sustentabilidade  do  meio  ambiente,  realizada  e  estudada  na  presente  pesquisa.  Enquanto forma prática e lúdica de manifestação artística, ele já foi apontado como uma  estratégia de ensino que pode trazer um dinamismo, além das diversas habilidades, que  podem  ser  trabalhadas  no  indivíduo  que  o  pratica.  O  teatro  educativo  tem  essa  finalidade:  favorecer  o  aprendizado  de  crianças,  adolescentes  e  adultos  através  de  um  processo  de  socialização  que  contribui  para  a  formação  de  sua  personalidade  e  ao  mesmo tempo, comprometimento com a preservação do meio ambiente. 

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  23  importante  papel  socioeducativo  através  de  diversas  linguagens,  que  envolvem  as  criações  de  personagens,  as  situações,  lugares  e  tempos  diferentes.  Durante  minha  caminhada  profissional  com  o  teatro,  tenho  trabalhado  com  projetos  que  visam  a  valorização do sujeito, sempre colaborando com uma linguagem expressiva voltada para  a conscientização ambiental. 

O  poder  do  teatro  no  campo  ambiental  consiste  em  empregar  recursos  que  estimulem a imaginação e a criatividade, buscando simplificar idéias e, assim, explicitar  certos conceitos tratados por especialistas. Como se sabe, muitas vezes, não são fáceis de  serem  entendidos  pela  maioria  das  pessoas,  sejam  elas  escolarizadas,  alfabetizadas  ou  não. 

Muitas  são  as  vantagens  em  se  utilizar  o  teatro  como  um  instrumento  na  educação  em  geral,  entretanto,  elas  são  maiores  quando  se  trata  da  sensibilização  ambiental. Uma delas é o exercício metodológico lúdico, por apresentar a possibilidade  de atores e espectadores compartilharem sentimentos, expressando suas emoções como  choro,  riso,  expressões  faciais,  entre  outros.  Assim  seria  outra  maneira  de  divulgar  o  mesmo  discurso  que  seria  utilizado  em  uma  aula  expositiva  tradicional  e,  assim,  possibilitar a criação de novas estratégias de educar. Os jogos teatrais são facilitadores  da aprendizagem, como afirma o reconhecido teatrólogo Augusto Boal: 

 

Esta  é  a  forma  mais  natural  de  aprendizagem  e  a  mais  arcaica,  pois  a  criança  aprende  a  viver  por  meio  do  teatro,  brincando,  interpretando  personagens.  Os  jogos  teatrais  sintetizam  as  antitéticas  disciplina  e  liberdade  todo  jogo  tem  regras  claras  que  devem  ser  obedecidas;  mas,  mesmo obedecendo a regras, a invenção é livre, a criação necessária, e a  inteligência pode e deve ser exercida (BOAL, 2003, p. 166). 

 

O teatro também tem a vantagem ser adaptável a diferentes espaços, já que não  há  a  obrigatoriedade  de  um  espetáculo  ser  exibido  em  um  palco  convencional.  Sendo  assim,  basta  teatralizar  uma  idéia  que  configure  uma  história  geradora  de  interesse,  para ganhar a atenção do espectador. No caso da educação ambiental, motivos não nos  faltam;  existem  problemas  ambientais  que  levantam  as  mais  diversas  preocupações.  Nesse  sentido,  é  relativamente  fácil  montar  espetáculos  teatrais  com  base  na  temática  ambiental. 

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A arte teatral vem sendo um instrumento eficaz nas diversas intenções  da  sensibilização  ambiental  em  decorrência  do  uso  dos  jogos  e  brincadeiras que podem ser introduzidos com ela e, na atividade lúdica,  o que importa não é apenas o produto da atividade, mas a própria ação,  o momento vivido (ABÍLIO, 2008, p. 344).    A linguagem teatral representa um papel muito importante no desenvolvimento  humano e social e pode contribuir e acelerar a conscientização e a mudança de hábitos  individuais  para  uma  sociedade  mais  sustentável  e  ao  mesmo  tempo  colaborar  na  formação  de  educadores  ambientais,  na  perspectiva  de  proteger  os  ecossistemas  e  o  meio ambiente planetário. 

 

1.2 Hipótese 

No âmbito das políticas públicas voltadas para a educação ambiental, o Ministério  da  Cultura,  o  Ministério  do  Meio  Ambiente  e  a  UNESCO  têm  publicado  documentos  promovendo ações e incentivando mudanças no ensino formal e não formal em vários  campos e linguagens, visando o desenvolvimento de programas de educação ambiental. 

Sendo assim, a hipótese que se apresenta é que o teatro, pode ser considerado um  recurso educacional em condições de propiciar a construção do conhecimento sobre as  questões  relativas  do  meio  ambiente;  recurso  capaz  de  colaborar  no  processo  de  ensino/aprendizagem  expressando  uma  forma  lúdica  potencialmente  colaboradora  na  sensibilização  dos  problemas  ambientais  do  cotidiano  e  possibilitando  o  exercício  da  cidadania. 

 

1.3 Objetivo geral 

Partindo  dos  pressupostos  citados,  a  presente  pesquisa  tem  a  finalidade  de  apresentar  e  analisar  como  se  implementou  e  se  desenvolveu  o  projeto  da  peça  intitulada “Na Floresta”, no sentido de esclarecer como se deu o processo de criação da  peça musical e acompanhar como ocorreu sua evolução, no sentido de obter respostas  para  incentivar  a  utilização  do  teatro,  como  estratégia  pedagógica  na  educação  ambiental, e na inclusão social de sensibilização de crianças, jovens e adultos na questão  ambiental. 

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1.4 Objetivos específicos 

Analisar o envolvimento dos integrantes que participaram da peça “Na Floresta”  e  refletir  sobre  a  viabilidade  de  se  criar  um  cenário  lúdico  e  itinerante  com  materiais  reciclados e recicláveis com recursos de interação e design. 

Contribuir para a formação dos participantes, de modo a fomentar a construção  de uma cidadania criativa e solidária e promover vivências artísticas.

 

 

1.5  Metodologia 

Pela  característica  do  estudo,  optou‐se  pela  pesquisa  qualitativa,  de  caráter  exploratório e participante do tipo estudo de caso. 

Segundo Minayo, a abordagem qualitativa é compreendida como:   

[..] com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela  trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações, crenças,  valores  e  atitudes,  o  que  corresponde  a  um  espaço  mais  profundo  das  relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à  operacionalização de variáveis (MINAYO, 2005, p. 21). 

 

A pesquisa qualitativa nos permite ter uma relação dinâmica entre o mundo real  e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do  sujeito  que  não  pode  ser  traduzida  em  números.  Por  essa  razão  a  interpretação  dos  fenômenos e a atribuição de significados são básicas neste processo de pesquisa. 

Com  a  atenção  também  voltada  para  um  conhecimento  da  atual  realidade,  procurou‐se  constituir  uma  interação,  um  vínculo  entre  pesquisador,  integrantes  e  público para a situação explorada e os problemas que foram vivenciados.  

Sobre este tipo de pesquisa exploratória Gil escreve:   

Este  tipo  de  pesquisa  tem  como  objetivo  proporcionar  maior  familiaridade com o problema, com vistas a torná‐lo mais explicito ou a  construir  hipóteses.  A  grande  maioria  dessas  pesquisas  envolve:  levantamento  bibliográfico,  entrevistas  com  pessoas  que  tiveram  experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos  que estimulem a compreensão (GIL. 2007, p. 43). 

 

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  26  questionário  para  entrevistar  os  integrantes  do  elenco  e  à  equipe  de  produção  e  expectadores, totalizando trinta e um componentes. 

Cumpre destacar que, de acordo com Lakatos e Marconi (2007), “ O questionário  é um instrumento de coleta de dados que atinge um número significativo de indivíduos”.  Com  ele  se  obtém  respostas  sem  a  interferência  do  pesquisador  e  a  garantia  do  anonimato do participante 

Essas entrevistas buscaram caracterizar uma forma simplificada do entrevistado,  definindo sua participação e ligação com a peça teatral “Na Floresta”. Assim, conseguiu‐ se  esmiuçar  cada  experiência  vivida  durante  todo  o  processo.  Foi  utilizado  o  questionário para entrevistar os integrantes do elenco e à equipe de produção, no total,  foram alcançados oito participantes. Algumas questões são diferenciadas, direcionadas  para  os  dois  tipos  de  publico‐alvo  (APÊNDICE  A  e  APÊNDICE  B).  Por  evidente,  as  entrevistas  respeitaram  o  anonimato  dos  indivíduos.  Todas  elas  foram  respondidas  manuscritamente.  Como  praxe  acadêmica,  assinaram  o  Termo  de  Consentimento  e  Esclarecimento  (ANEXO  A)  do  Comitê  de  Ética  em  Pesquisa  da  Universidade  Presbiteriana Mackenzie. 

Foram  selecionados  espectadores  de  faixas  etárias  variadas:  crianças  em  idade  escolar, adolescentes, jovens e adultos. Eles foram escolhidos das comunidades onde a  peça  foi  apresentada,  respectivamente  nos  bairros  de  Vila  Brasilândia  e  Jardim  Japão,  zona norte da cidade de São Paulo. 

Após  a  aplicação  e  devolução  dos  questionários,  foi  realizado  o  tratamento  dos  dados  e  análises  das  respostas,  os  quais  foram  classificados  em  categorias,  valendo‐se  dos pressupostos de Bardin (1979) que define a análise de conteúdo como: 

 

Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por  procedimentos  sistemáticos  e  objetivos  de  descrição  do  conteúdo  das  mensagens,  indicadores  (quantitativas  ou  não)  que  permitam  a  inferência  de  conhecimentos  relativos  às  condições  de  produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 1979, p. 42). 

 

Para a concepção da cenografia da peça, a metodologia de projeto baseou‐se no  processo utilizado pelo cenógrafo José Carlos Serroni. A partir do acompanhamento do  desenvolvimento do projeto do musical “O médico e o monstro”, verificaram‐se as formas  e  os  métodos  de  trabalho  utilizado  pelo  mesmo  cenógrafo.  Além  da  metodologia,  esse  processo foi tomado como referencial prático. 

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  27  expectador com relação ao tema dos resíduos sólidos (lixo), colaborando, assim, com as  diretrizes  da  nova  política  nacional  de  resíduos  sólidos,  bem  como  pode  contribuir  e  ampliar  a  participação  dos  sujeitos  envolvidos  em  direção  a  nova  forma  de  pensar  o  meio ambiente. 

Esta  dissertação  foi  estruturada  em  cinco  partes,  sendo  a  primeira  delas  esta  introdução, hipótese, objetivos e metodologia. 

A segunda parte, intitulada “O teatro: um meio transformador” apresenta breve  relato da ação teatral e sua arte. É também mostrada a evolução dramatúrgica do teatro  e, do mesmo modo a sua evolução técnica. Ainda aborda o teatro e a educação ambiental  e referências cenográficas criadas a partir de materiais recicláveis e reciclados. 

A  terceira  parte,  intitulada  “Princípios  básicos  para  o  desenvolvimento  de  uma  peça teatral”, traz o passo a passo do fazer teatral, desde a criação de um roteiro, até a  confecção de um cenário, design de luz e seleção de atores. Uma forma de incentivo para  se fazer teatro. 

A  quarta  parte,  “A  peça  teatral Na  Floresta”  descreve  toda  a  trajetória  de  sua  concepção  até  a  apresentação.  Mostra  o  planejamento  do  trabalho,  jogos  teatrais,  ensaios, desenvolvimento da cenografia, a participação dos indivíduos no processo. 

A quinta parte, intitulada “A sensibilização ambiental”, registra uma análise das  entrevistas realizadas com os participantes e espectadores da peça. 

Por fim, as considerações gerais acerca da pesquisa realizada. 

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2. O TEATRO: UM INSTRUMENTO TRANSFORMADOR  

Realizar uma pesquisa sobre teatro pode tornar‐se algo complexo em função da  sua longevidade, com efeito, essa antiga atividade artística nos levaria a voltar a séculos  e trazer discussões de diversos tipos. Neste capítulo, optou‐se por apresentar elementos  que dialogam com nosso objeto de estudo, propondo um histórico da evolução do teatro  e de seus componentes, conceituando cada item, segundo especialistas da área. 

Do  ponto  de  vista  do  entendimento  comum,  o  teatro  é  conhecido  por  proporcionar um amplo conhecimento e ainda expandir a compreensão humana através  de  diversos  contextos  e  linguagens,  tanto  textuais  como  visuais.  Ele  gera  sentimentos  distintos e nos leva a uma valorização, não apenas do espetáculo em si, mas também do  sujeito que dele participa. Ao vivenciarmos o teatro, pode‐se vê‐lo como uma forma de  reconhecimento comunicativo e interativo, que a um só tempo transmite e educa. 

O teatro é um bem comum e, por isso mesmo, todos devem ter acesso, igualmente.  Ele  se  enquadra  dentro  da  arte,  sendo  um  espaço  de  cultura  pertencente  a  toda  a  humanidade.  É  um  local  onde  cada  ação  exige  uma  reação,  uma  troca.  Além  de  todo  o  crescimento  intelectual  e  pessoal  que  concede  às  pessoas,  ele  é  uma  forma  de  comunicação, de onde nascem diversos tipos de sentimentos e expectativas, usando uma  linguagem inteligível que permite expor o tema em diferentes ambientes. Entretanto, é  certamente um grande desafio fazer com que o teatro permeie os meios educacionais de  algumas  instituições  de  ensino  público  enquanto  um  elemento  transformador  dos  indivíduos que nele agem e interpretam. 

Como atividade artística, o teatro promove o desenvolvimento da imaginação, da  interação social e da ação dos próprios sujeitos. O uso da linguagem teatral estimula o  potencial de criação do indivíduo. É o que explica Marcia Polacchini de Oliveira (2013)  na coletânea Crisálida, o libertar da imaginação criadora.  

Trabalhando  com  teatro  há  quatorze  anos,  tenho  notado  cada  vez  mais  as  contribuições que ele proporciona ao ser humano, contribuições essas que transcendem  as configurações do movimento cênico e se estendem em relação à vida, à plateia e ao  palco.  A  grande  relevância  que  o  teatro  pode  exercer  na  educação  transcorre  do  seu  poder de transformar diversão em conhecimento. Mais especificamente neste trabalho,  será visto que estudar mais profundamente esse tema pode evidenciar a realidade atual  da questão socioambiental e sinalizar para ajuda de que ela necessita. 

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  29  indivíduo  possa  conhecer‐se  melhor.  Amplia  a  visão,  e  permite  que  o  ser  humano  observe as diferentes culturas, uma vez que trabalha de modo cooperativo na produção  da arte, amplia a capacidade de dialogar e ainda desperta interesse em compreender. 

Pode‐se  dizer  que  existem  diversas  formas  de  se  apresentar  um  conteúdo  conceitual e  que é justamente através delas que conseguimos vislumbrar esse conteúdo.  No presente estudo, a forma é o teatro e o seu conteúdo, a educação ambiental. 

Segundo  Touso  (2000),  a  arte  tem  se  constituído  uma  forte  aliada  na  luta  pelo  cuidado  com  a  nossa  casa  comum,  o  planeta  Terra.  Na  verdade  tem  feito  parte  da  humanidade há, pelo menos, 40 mil anos. Hoje, a arte se manifesta de diferentes modos:  em muros, em paredes, em outdoors; ou então em ambientes fechados e sagrados: igreja,  museus,  galerias  e  residências  (TOUSO,  2000).  Ela  é,  portanto,  parte  da  história  da  espécie humana na Terra, visto que é inerente a TODOS os homens, sem distinção, e não  a apenas alguns “eleitos” (BOAL, 2005). 

A necessidade de se expressar das mais diversas maneiras faz do homem um ser  artístico que usa do seu potencial criativo para expor os seus sentimentos ou para deixar  transparecer uma realidade ‐ que ainda não encontrou palavras para ser descrita ‐ por  meio  da  pintura,  do  desenho,  da  escultura  etc.  (GOLDBERG,  2006).  A  arte  é,  pois,  o  instrumento  materializador  dessa  necessidade  inseparável  da  própria  sobrevivência  humana. Ainda segundo Boal (2003), qualquer arte é sempre um conjunto de sistemas  sensoriais que permite aos seres humanos, e só a eles, fazer representações do real. E  nas palavras de Tolstoi: 

 

A  arte  não  é,  como  dizem  os  metafísicos,  manifestação  de  uma  ideia  misteriosa, ou beleza, ou Deus; não é, como os esteto‐fisiologistas dizem,  uma forma de brincar em que o homem libera um excedente de energia  estocada;  não  é  a  manifestação  de  emoções  por  meio  de  sinais  exteriores; não é a produção de objetos agradáveis; não é, acima de tudo,  o  prazer;  é,  sim,  um  meio  de  intercâmbio  humano,  necessário  para  a  vida  e  para  o  movimento  em  direção  ao  bem  de  cada  homem  e  da  humanidade, unindo‐os em um mesmo sentimento (TOLSTOI, 2002, p.  76). 

 

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  30  fundamental  entre  o  teatro  e  as  outras  formas  de  arte  é  a  presença  de  um  grupo  de  espectadores. 

O  teatro  foi  o  único  instrumento  de  prazer  intelectual  das  multidões  por  cinco  séculos,  uma  vez  que  entre  os  séculos  IX  e  XV  a  Igreja  Católica  dominava  o  sistema  educacional (BOAL, 2003). Influenciada por Platão (428 a.C. – 348 a.C.), que dizia que o  teatro poderia trazer à tona instintos transgressores, a Igreja proibia a apresentação de  espetáculos em seus domínios, embora acontecessem às escondidas, por muitos séculos. 

Mais tarde, Tomás de Aquino (1225 – 1274), induzido por Aristóteles (384 a.C. –  322 a.C.), recomendou que se utilizasse o teatro para formar o caráter dos fiéis, já que  estes  eliminariam  os  sentimentos  impuros  através  do  processo  catártico,  purgando  as  emoções. (COURTNEY, 2010). É somente na segunda metade do século XIX que o teatro  começou a ter uma participação mais efetiva na educação. O mesmo autor afirma: 

 

Além  do  mais,  o  próprio  teatro  foi  um  importante  instrumento  educacional  na  medida  em  que  disseminava  o  conhecimento  e  representava,  para  o  povo,  o  único  prazer  literário  disponível.  Os  dramaturgos  eram  considerados  pelos  professores  tão  relevantes  quanto Homero, e eram recitados de maneira semelhante. O teatro, em  todos  os  seus  aspectos,  foi  a  maior  força  unificadora  e  educacional  do  mundo ático (COURTNEY, 2010, p. 5). 

 

No caso da relação entre teatro e educação no Brasil, os sacerdotes católicos, em  especial  os  jesuítas,  aproveitavam  os  espetáculos  teatrais  para,  em  um  processo  educacional,  conquistar  os  indígenas  e  catequizá‐los.  Também  Paulo  Freire  já  tecia  comentários no seu livro clássico A Pedagogia do Oprimido sobre os resultados positivos  empregados em sua técnica pedagógica com as dramatizações (FREIRE, 1998). 

Os Parâmetros  Curriculares  Nacionais  de  Arte  (PCN‐Arte)  apontam  que  o  teatro  pode estar aberto a todos e em todos os sentidos, seja como aprendizado, seja como arte  e  cultura.  Além  de  levar  ao  indivíduo  o  acesso  a  textos  dramáticos  e  espetáculos,  ele  poderá conhecer também a história do teatro e todo o seu percurso estético, 

 

Levar para o aluno textos dramáticos e fatos da evolução do teatro são  importantes para que ele adquira uma visão histórica e contextualizada  em  que  possa  referenciar  o  seu  próprio  prazer.  É  preciso  estar  consciente  da  qualidade  estética  e  cultural  da  sua  ação  no  teatro.  Os  textos devem ser lidos ou recontados para os alunos como estimulo na  criação de situações e palavras (BRASIL/MEC, 2000, p. 86). 

 

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  31  essencial do mercado da cultura. Há cursos universitários para o estudo do fazer teatral.  Sabe‐se, porém, que essa ainda é uma realidade distante das classes menos favorecidas,  como foi possível constatar em nossa pesquisa. Como recurso pedagógico, o espetáculo  teatral se mostra extremamente conveniente para as comunidades mais carentes.  

 

2.1 A evolução dramatúrgica do teatro 

O  teatro  é  uma  arte  que  está  em  constante  evolução  e  permanentemente  se  redescobrindo. O processo dramatúrgico teatral possui uma evolução que é distinta em  cada  uma  de  suas  etapas.  Essa  evolução  foi  conceituada  por  Rubem  Queiroz  Cobra  (2006),  em  três  estilos  de  dramaturgia:  dramaturgia  da  retórica,  dramaturgia  da  conversação  e  dramaturgia  da  ilusão  de  realidade,  estilos  esses  que  aconteceram  em  épocas  distintas  e  longínquas  umas  das  outras,  caracterizando,  assim,  cada  período  e  marcadas por grandes nomes do teatro. Assim, nas lições de Cobra: 

 

1.  A  dramaturgia  retórica:  vem  da  antiguidade  até  ao  Renascimento,  do período grego até à época de Shakespeare ao tempo de Isabel I. Nessa  fase  a  expressão  teatral  recorria  ao  poder  da  retórica  e  da  poesia,  apresentava‐se  sobre  plataformas  a  céu  aberto,  lidava  com  discursos  e  palavras  impressionantes;  os  atores  vestiam  roupas  suntuosas,  e  desfilavam  em  procissão  através  do  palco.  O  Drama  da  Retórica  era  consequência  das  condições  físicas  do  palco  elisabetano.  Não  havia  cenários pintados ou montados, e o contexto em que a história acontecia  era  sugerido  no  drama  por  meio  de  monólogos,  passagens  poéticas,  descrevendo a luz do luar, ou a floresta, o mar, as montanhas, conforme  necessário  para  ambientar  a  história.  Duas  velas  e  a  imagem  de  um  santo  sobre  uma  mesa  era  bastante  para  representar  um  templo.  A  magnificência, mais que propriedade da indumentária, era buscada pelo  ator de plataforma na dramaturgia da retórica (COBRA, 2006). 

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  40  Nesses  teatros,  “durante  séculos,  o  palco  foi  uma  máquina  de  criar  ilusões,  enganos,  uma  realidade  ideal  para  afastar  o  ser  humano  dos  mal‐entendidos  que  ele  inventava para si mesmo” (DEL NERO, 2008). 

Existem  outros  tipos  de  lugar  teatral  além  dos  citados  acima,  dentre  os  quais  importa  destacar  um  que  faz  parte  de  nossa  cultura  brasileira  e  mostra  toda  a  nossa  diversidade: o teatro de rua. Já na Idade Média, o lugar teatral eram as praças, pois não  se  construíam  edifícios  teatrais;  assim,  as  apresentações  eram  o  acontecimento  da  cidade de que todos participavam (MANTOVANI, 1989). 

Podemos definir teatro de rua como “teatro que se produz em locais exteriores às  construções  tradicionais:  rua,  praça,  mercado,  metrô,  universidade,  etc.”  (PAVIS,  1999,  p.385).  Ele  ocupa  áreas  abertas,  fazendo  delas  seu  espaço  cênico,  permitindo,  assim,  a  interação total com o público. 

O  teatro  de  rua  vem  ao  encontro  de  uma  realidade  pela  a  oportunidade  de  apresentar  um  espetáculo  teatral  que  costuma  ser  privilegio  de  apenas  uma  pequena  parte  da  sociedade.  Este  é  justamente  um  dos  motivos  que  valorizam  o  teatro  de  rua:  levar o teatro às pessoas que não tem acesso ao fazer teatral convencional. 

Muitas  vezes,  o  teatro  de  rua  acaba  sendo  mal  compreendido,  visto  que  as  pessoas,  até  aquelas  que  nunca  foram  ao  teatro,  têm  em  mente  uma  representação  de  teatro em palco nos moldes do teatro italiano; veem, então, o teatro de rua como como  uma  forma  de  agitação  social,  e  acabam  menosprezando‐o,  o  que  ofusca  sua  missão  e  grandeza. 

Pensar  propostas  que  se  valem  do  teatro  de  rua  significa  uma  maneira  de  descentralizar o teatro, de levá‐lo às mais distintas pessoas e lugares, de democratizar a  cultura e a arte teatral, colocando o ator em contato direto com o público. 

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2.3 Sobre cenografia 

A  palavra  cenografia  tem  origem  grega  e  deriva  de skenographia. Skene= tenda,  que era onde os atores trocavam de roupas; e graphia= desenho, ou seja, eram desenhos  pintados  na  parte  da  frente  das  tendas,  onde  se  trocavam  os  figurinos  dos  atores  (MANTOVANI, 1989). 

Para os gregos antigos, a cenografia era a arte de enfeitar o teatro e de arranjar a  pintura  que  resultava  dessa  técnica.  No  Renascimento,  a  cenografia  consistia  em  desenhar  e  pintar  uma  tela  de  fundo  em  perspectiva.  Já  nos  tempos  modernos,  cenografia passa a ser vista como ciência e arte de organizar o palco e o espaço teatral  (MANTOVANI, 1989). Assim, a cenografia se estabelece cada vez mais como um lugar de  participação no espaço cênico, ultrapassando a noção de ornamentação e de embalagem  que ainda se vincula, muitas vezes, à concepção antiquada do teatro como decoração.  A cenografia se configura no espaço tridimensional, ao qual seria preciso também  adicionar a dimensão temporal; não deve ser compreendida apenas uma arte pictórica  em  tela  pintada,  como  se  deu  até  a  época  do  naturalismo.  A  cena  teatral  não  pode  ser  considerada  somente  como  a  consolidação  de  problemáticas  indicações  cênicas.  Ela  recusa‐se a exercer o papel de “simples figurante” com relação a um texto preexistente e  categórico. 

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  43  Pode‐se  afirmar  que  a  cenografia  completa  o  espaço  que  os  atores,  bailarinos,  cantores e outros artistas utilizam para expor outra vida. Nesse sentido, o espaço cênico  deve  envolver  os  artistas,  deixando‐os  confortáveis  naquele  espaço  para  que  possam  estar  concentrados  em  seu  trabalho;  deve  proporcionar  ao  mesmo  tempo  uma  comunicação com o público, sendo um elo entre o palco e a plateia.  

 

 A  cenografia  depende  muito  do  ponto  de  vista  de  cada  cenógrafo,  da  formação, do campo em que atua. Ao pé da letra cenografia é a “grafia da  cena”,  o  desenho  da  cena,  é  como  você  traduz  num  desenho  plástico  tridimensional um determinado espaço para atender uma determinada  ação.  É  um  projeto  gráfico,  plástico,  ela  (cenografia)  é  muito  clima,  é  muito  atmosfera,  ela  é  aquilo  que,  de  certa  forma,  as  vezes,  até  subliminarmente,  cria  para  o  espectador  certos  momentos,  certos  espaços que nem estão ali (SERRONI, 1999, p. 32). 

 

Uma boa cenografia fala por si só. Ao se abrirem as cortinas de uma apresentação  teatral,  a  plateia  pode  sentir  algo  diferente  de  imediato,  uma  vez  que  a  cenografia  antecipa  a  ação  ou  prepara  para  ela.  Surgem  vários  sentimentos,  como,  por  exemplo,  anseio ou medo, coisas que o espaço, o cenário, a iluminação e a ação podem despertar. 

 

2.4 Princípios básicos para montagem cenográfica 

A montagem de um projeto cenográfico requer do profissional a compreensão e o  uso de procedimentos específicos nas praticas cênicas do espetáculo e da performance;  supõe  também  a  consciência  de  equipe  e  a  experiência  pessoal  do  processo  da  investigação prática. O planejamento adequado de um espetáculo parte da habilidade e  competência  do  profissional  cênico  em  identificar  os  elementos  preliminares  necessários, relacionando‐os na geração de uma proposta de composição cênica. 

Mesmo  em  um  projeto  teatral  educativo,  que  não  requer  altos  custos  com  cenografia,  é  necessário  que  se  tenha  um  profissional  da  área,  habilitado  para  acompanhar e direcionar o projeto, entender e compreender o texto em que se baseará o  trabalho cenográfico e cênico. A vantagem em trabalhar com teatro educacional está na  simplicidade  de  se  poder  recorrer  a  soluções  alternativas  e  criativas,  às  vezes  levando  em conta a escassez de recursos financeiros e tecnológicos. 

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  44  do meio em que vivem. O uso de lonas e papelões para a construção de uma cenário são  ótimas opções para a encenação e de fácil manuseio, como afirma Cobra (2006): 

Com a utilização de papelão podem ser improvisadas os abajures, rádios  antigos,  oratórios,  quadros  pendurados  na  parede  ou  em  um  painel,  colunas, etc. Uma viga pode ser imitada com papelão dobrado na forma  própria,  riscado  com  lápis‐cera  marrom  para  imitar  as  fibras  da  madeira, e pintado com verniz. Papel machê pintado de cinza pode ser  modelado  para  imitar  rochas  e  vasos  de  plantas  artificiais  (COBRA,  2006). 

2.5 Iluminação cênica teatral 

A iluminação cênica teatral é um artifício que começou a ser utilizado apenas no  século XVII, ganhando maior importância com a descoberta da eletricidade. No teatro, a  luz não serve apenas para demarcar ou indicar onde o ator deve atuar; ela é capaz de  dominar um espetáculo, proporcionando variações e ilusões impossíveis, às vezes de se  imaginar.    Ela  se  presta  a  delimitar  o  lugar  da  cena,  sim,  mas  não  só  isso;  também  se  encarrega de formar relações entre o ator, os objetos e os cenários. 

 

“A iluminação em si é um elemento que pode produzir efeitos ilimitados,  restaurando  a  liberdade...  Ela  se  torna  para  nós  encenadores  o  que  é  a  pallet  para  um  pintor...  O  ator  move‐se  no  desenho  das  sombras  das  luzes,  ele  é  mergulhado  no  ambiente  que  lhe  foi  destinado.  O  artista  compreende  facilmente  quão  grande  é  o  aperfeiçoamento  neste  contorno” (MORAN, 2007, p.7). 

 

 

Cabe à luz permitir que o espectador assista claramente o que está acontecendo  em cena; que se destaque algum ato em especifico ou que oculte personagens e cenários.  A  iluminação  pode  causar  ilusões  permitindo  que  formas  bidimensionais  se  tornem  tridimensional, encorpando e dando realismo a cenas; ou seja, com a iluminação, pode‐ se ganhar o público e tornar o espetáculo muito mais atraente com aspecto de verdade. 

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  47  perceber o ritmo que o texto possui para, então, corrigir falhas que possam provocar na  execução da peça teatral um ruído de comunicação –palavras de difícil pronúncia, frases  truncadas, pontuação indevida, entre outras.   

2.7 Teatro e educação ambiental  

Como  foi  colocado  anteriormente,  diante  da  evidência  da  crise  ambiental,  é  necessário    a  pesquisa  de  novas  formas  de  ensino  que  modifiquem  e  multipliquem  práticas  comportamentais  que  melhorem  a  relação  do  homem  com  o  meio  ambiente  (RUSS; ALMEIDA; SAVI, 2009; GOLDBERG, 2006). 

Um dos caminhos apontados para a educação é a inclusão de práticas de várias  formas de expressão artística no processo de aprendizagem. Araújo e Pasquarelli (2007)  afirmam que: 

 

As  artes  e  a  religiões  desenvolveram  caminhos  para  integrar  o  ser  humano  com  o  cosmos.  Cada  uma  delas  em  seu  contexto  cultural  e  histórico,  a  seu  modo.  Nosso  papel  talvez  seja  o  de  resgatar  e  re‐ significar esses conhecimentos para nos reencontrarmos com o mundo  e,  através  da  educação,  ajudarmos  outras  pessoas  a  se  reencontrarem  (ARAÚJO; PASQUARELLI 2007, p. 328). 

 

Como  visto,  sendo  a  linguagem  artística  natural  ao  desenvolvimento  do  ser  humano, arte e educação dialogam em uma estreita relação. Para Morais e Sato (2008), a  arte/educação e a educação ambiental, por terem muita semelhança, podem atuar juntas  na  transformação  do  homem.  Nesse  sentido,  podemos  conceber  o  desenvolvimento  da  expressão  artística  como  um  meio  de  diminuir  a  distância  entre  os  conhecimentos  científicos  e  o  cidadão  comum,  e  sensibilizar  o  educando  para  as  causas  ambientais  (GOLDBERG, 2006) . 

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A  perspectiva  ambiental  oferece  instrumentos  para  que  o  aluno  possa  compreender problemas que afetam sua vida, a de sua comunidade, a de  seu país e a do planeta.(...) Nesse sentido, as situações de ensino devem  se  organizar  de  forma  a  proporcionar  oportunidades  para  que  o  aluno  possa utilizar o conhecimento sobre Meio Ambiente para compreender  a  sua  realidade  e  atuar  sobre  ela.  O  exercício  da  participação  em  diferentes  instâncias  (desde  atividades  dentro  da  própria  escola,  até  movimentos  mais  amplos  referentes  a  problemas  da  comunidade)  é  também  fundamental  para  que  os  alunos  possam  contextualizar  o  que  foi aprendido (BRASIL/MEC, 2000, p. 48). 

 

É cada vez mais notória a necessidade de  mudanças de comportamento no agir  cotidiano no que se refere ao meio ambiente. Uma delas passa por um escopo social da  ação  sustentável;  ação  que  deve  ser  entendida  como  um  maior  domínio  sobre  os  recursos  naturais  que  devem  ser  usados  com  racionalidade  e  expressar  a  melhoria  da  qualidade  de  vida  do  presente  e,  ao  mesmo  tempo,  garantir  a  qualidade  de  vida  da  geração futura. 

Conforme  Vezzoli  e  Manzini  (2002):  “Na  verdade  nem  tudo  que  apresentar  alguma  melhoria  em  temas  ambientais  pode  ser  considerado  realmente  sustentável.”.  Devido à popularização da expressão desenvolvimento sustentável, constata‐se que, em  diversas  atividades  econômicas  contemporâneas,  tem‐se  buscado  o  status  do  sustentável  apenas  para,  de  certa  forma,  demonstrar  atitudes  condizentes  com  as  tendências de mercado; ou seja, a expressão tornou‐se uma estratégia de marketing para  render  mais  produtos.  Por  outro  lado,  porém,  há  empresas  que  realmente  propõem  e  promovem  a  questão  da  sustentabilidade  estritamente  vinculada  à  proteção  do  meio  ambiente. 

O  sentido  da    sustentabilidade  ambiental  deve  ser  entendido  como  a  resultante  de uma combinação de fatores a serem considerados: o social, o econômico. Sem esses  fatores,  não  existe  desenvolvimento  sustentável.  Manzini  e  Vezzoli  (2002)  define  sustentabilidade ambiental da seguinte forma: 

 

A  expressão  “sustentabilidade  ambiental”  refere‐se  às  condições  sistêmicas a partir das quais as atividades humanas, em escala mundial  ou em escala local, não perturbem os ciclos naturais além dos limites de  resiliência dos ecossistemas nos quais são baseados e, ao mesmo tempo,  não  empobrecem  o  capital  natural  que  será  herdado  pelas  gerações  futuras (MANZINI e Vezzoli, 2002, p.22). 

 

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  49  e  de  novas  condutas  pelo  caminho  da  sensibilização,  pelo  exercício  do  imaginário  do  indivíduo, de modo a intervir em benefício da sustentabilidade. Sem deixar de lado que o  teatro  também  pode  ser  pensado  como  uma  possibilidade  de  expressão  do  eu,  como  experiência  de  pensamento  independente  e  criativo  que  traz  contribuições  valiosas  à  educação escolar (Ribeiro, 2004). 

Destaca‐se,  enfim,  que  o  teatro  é  um  campo  aberto  a  diversas  investigações  e  articulações no campo da educação, uma vez que é também um conhecimento específico  do ensino de arte, previsto na Lei 9394/96 Diretrizes e Bases da Educação Nacional, art.  26, § 2º. Diz esse artigo que é um componente curricular obrigatório nos diversos níveis  da  educação  básica  (BRANDÃO,  2007).  Assim,  a  proposta  é  observar  e  analisar  as  possíveis contribuições da arte teatral no processo educativo especifico para o  campo  ambiental. 

 

2.8 Cenografia criada  com aproveitamento de materiais reciclados 

Com a proposta de despertar para a conscientização ambiental, apresenta‐se um  projeto que materializa de imediato essa ideia. Trata‐se de um exemplo dessa proposta  mediante a criação de uma intervenção feita pelo Estúdio Bijari onde alguns designers e  cenógrafos contribuíram através de formas lúdicas e criativas para a montagem de um  cenário. O tema da intervenção “Oceano Invadido” é uma instalação imersa no ambiente  marinho em estado de desintegração; mostra um dos mais predatórios tipos de agressão  ambiental  causada  pelos  seres  humanos:  a  poluição  ambiental  dos  oceanos  pelos  resíduos plásticos, cujos impactos de proporções globais se perpetuam por gerações, por  se tratar da não biodegradáveis. 

Era  uma  exposição  realizada  no  vão  octogonal  “Átrio  dos  Vitrais”,  da  Caixa  Cultural  Sé  de  São  Paulo  –  (SP).  Todos  os  objetos  que  compunham  a  decoração  do  ambiente foram os próprios matérias que causam a poluição dos oceanos: garrafas PET  e sacos plásticos. Foram também  criados pufes que retratavam as anêmonas‐plásticas,  onde os visitantes poderia descansar e apreciar a exposição, como mostram as figuras a  seguir. 

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3. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA PEÇA 

TEATRAL 

A  partir  dos  conceitos  e  evolução  do  teatro  já  apresentados,  serão  expostos  na  sequência, os princípios básicos para o desenvolvimento de uma peça teatral, princípios  estes  que  serviram  para  orientar  a  peça  “Na  Floresta”  e,  por  esse  motivo  foram   considerados e integrados ao objeto de nosso estudo.  Em toda prática artística, o desenvolvimento se dá a partir de motivações teóricas,  implícitas ou explícitas. Ao mesmo tempo, a teoria sem uma aplicação prática se torna  algo morto (ROUBINE, 1998). O teatro pode representar uma chance de observar várias  e diferentes particularidades que se estabelecem entre a teoria e a prática, seja para o  ator, seja para o público. 

Pensando  artisticamente,  o  ser  humano,  ao  construir  formas  artísticas,  pode  transformar  o  espaço.  Esse  espaço  se  caracteriza  por  uma  expressão  plástica,  cênica,  musical  ou  outra.  Por  meio  de  um  processo  artístico,  conseguimos  expandir  o  conhecimento e também aplicar de forma prática cada aspecto literal e teórico. 

Seguindo algumas diretrizes dadas por Cobra (2006), são expostas neste capítulo  alguns  aspectos  importantes  para  um  desenvolvimento  básico  e  inicial  de  uma  peça  teatral.  São  pontuações  que  ajudarão  o  leitor  a  poder  desbravar  o  mundo  teatral,  podendo, assim, criar desde um roteiro até, quem sabe, a execução final de uma peça de  teatro. 

 

3.1  O roteiro de teatro 

Para iniciar um projeto teatral, é preciso ter em mãos um texto teatral. Ele deve  estar  escrito  de  uma  forma  diferenciada  de  um  romance,  de  um  conto  ou  de  qualquer  outro tipo de texto. O texto teatral é chamado de roteiro. Para se escrever um roteiro, é  importante  conhecer  um  pouco  de  teatro.  Assistir  a  peças  teatrais  torna  o  processo  menos complicado, pois elas fornecerão uma bagagem e referencias, além de inspirações  para uma abertura da mente, para ideias acerca do quê criar e também do quê não criar.   

É necessário que a pessoa tenha assistido a um espetáculo teatral  pelo  menos  uma  vez,  e  que  leia  alguns  roteiros,  para  que  tenha  a  noção  completa do que é escrever uma peça, e sobretudo para compreender as  limitações a que o teatro está sujeito, se comparado a outros meios de  produção  artística  como  a  literatura  e  o  cinema,  e  também  o  potencial  dessa forma rica de expressão artística (COBRA, 2006). 

Imagem

Tabela  4  –  Contribuições  proporcionadas  pelos  exercícios  teatrais  aos  participantes.  Respostas  Participantes  Desinibir  P4, P7, P8  Construção do personagem  P1, P2, P3, P5, P6  Postura  P2  Voz  P2, P8  Exercício físico  P6, P7  Trabalho em gr

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