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A despenalização/descriminalização como estratégia dos movimentos feministas nas lutas pela legalização do aborto em Portugal e no Brasil

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Academic year: 2017

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SILVANA BELINE TAVARES

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COMISSÃO JULGADORA

TESE PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR

Presidente e Orientador(a): Prof.a Dr.a Lucila Scavone

2º Examinador(a):_______________________________________ 3º Examinador(a):_______________________________________ 4º Examinador(a):_______________________________________ 5º Examinador(a):_______________________________________

(4)

DADOS CURRICULARES

SILVANA BELINE TAVARES

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Direito ao nosso corpo

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Um dia sem querer, engravidei, a camisinha estourou, a pílula falhou Não cogitei, não quero ter, não estou pronta

Mamãe não quero ser Mas não entendo por que

O Estado diz, que o aborto não posso fazer Mas se o corpo é meu

Por que não posso decidir Por que não posso eu Uma amiga fui consultar Cytotec tenho que tomar Ela disse você vai sangrar

E no hospital seus pecados vai pagar

E todos sabem que com grana, se entra numa clínica bacana Hora marcada e anestesia

Em uma hora é o fim da agonia Já comecei a entender

O que ninguém nos vai dizer

O silêncio e hipocrisia, causa a minha hemorragia Se o homem engravidasse o aborto legal seria Mas não vou me intimidar

Os meus direitos vou lutar

Me juntar as mulheres, e com elas gritar: Direito ao nosso corpo, legalizar o aborto Legalizar o aborto

Ficha Técnica Letra:Camila Furchi

Música:Margot Ribas

Intérpretes:Camila Furchi, Margot Ribas, Marta Baião e Sonia Santos

1Música pela Legalização do aborto http://www.sof.org.br/marcha/?pagina=aMarcha

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RESUMO

A política feminista desfez a relação obrigatória entre sexualidade e reprodução, considerando a descriminalização/legalização do aborto, um marco fundamental na luta por direitos reprodutivos, direitos sexuais e por uma democracia plural, que seja vivenciada por homens e mulheres. Considerando-se que a luta por direitos sexuais e reprodutivos tem como um de seus focos o debate em torno da descriminalização do aborto, a problemática que norteou a pesquisa foi investigar como os movimentos feministas brasileiro e português construíram as estratégias para alcançarem a referida descriminalização. Buscou-se saber quais eram as relações de poder e dominação nos diferentes momentos da luta, e como se dá o processo de retro-alimentação entre os campos que concorrem para a manutenção e reorganização das desigualdades de gênero relativas a esta problemática. Para a construção do trabalho foi utilizada a categoria de gênero como referencial teórico e metodológico juntamente com os conceitos dehabituse campo elaborados por Pierre Boudieu.

Palavras-chave: Gênero, movimento feminista, aborto, Cidadania,habitus, campo.

Abstract

The feminism politics undo the relationship between sexuality and reproduction compulsory, considering the decriminalisation / legalization of abortion, a key milestone in the struggle for reproductive rights, sexual rights and a pluralistic democracy, which is experienced by men and women. Considering that the struggle for sexual and reproductive rights has as one of its focuses the debate on the decriminalisation of abortion, the issue that has guided the research was to investigate how the feminist movements Brazilian and Portuguese built the strategies to achieve the decriminalisation. The aim was to know what were the relations of power and domination in the various moments of the fight, and whether the process of retro-feeding among fields that contribute to the maintenance and reorganization of gender inequality on this issue. For the construction of the work was used as the reference category of gender theoretical and methodological together with the concepts ofhabitus and field prepared by Pierre Bourdieu.

(9)

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Sumário

I. ABORTO: CAMPOS, HABITUS E GÊNERO

II.BREVE PANORAMA DA SITUAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL E PORTUGAL

III.TRAJETÓRIA DE LUTA PELA DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO EM PORTUGAL

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V. BRASIL E PORTUGAL: UMA BREVE ABORDAGEM COMPARATIVA

VI. DIREITOS REPRODUTIVOS COMO DIREITOS HUMANOS

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Introdução

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(15)

15 relação às práticas abortivas. Além do mais, no Brasil, a campanha era pelo crescimento da população preferencialmente com brancos, emergentes da corrente imigratória vinda da Europa (Pedro, 2003, p. 30-2).

Fica evidente o quão forte foi a influência portuguesa na construção da sociedade brasileira, tanto na construção da lei que criminalizava o aborto, quanto dos dogmas religiosos, que dão manutenção à punibilidade das mulheres.

A escolha por trabalhar com os dois países, Brasil/Portugal, se deu pelo reconhecimento das influências ibéricas, tanto no campo religioso, como no campo jurídico, na sociedade brasileira; também nos chamou a atenção o fato de Portugal já ter tido um Referendo em 1998 e tudo indicava que teria outro em 2007, gerando nosso interesse pela questão, como de fato ocorreu.

Até 1984, vigorou em Portugal a lei do Código Penal de 1886, que não permitia que uma mulher abortasse, sendo punida com pena de 2 a 8 anos. A lei 6/84 alterou a anterior despenalizando o aborto por malformação fetal, em caso de estupro, e para salvar a vida da mulher grávida. Situação que não permitia o aborto por escolha da mulher, gerando o incorformismo nos movimentos feministas que buscaram a descriminalização, conseguindo-a em fevereiro de 2007.

(16)

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(18)

18 Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e com a IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995) fica instituído que os direitos sexuais e reprodutivos são essenciais para os direitos humanos. O aborto inseguro passa a ser reconhecido pela comunidade internacional como um grave problema de saúde pública, e faz recomendação aos governos que revisem as leis de caráter punitivo contra as mulheres que porventura passem pela vivência de um aborto ilegal, além de propiciar serviços de qualidade para tratar de complicações dele decorrente (Rocha, 2003).

A proibição legal do aborto está longe de conseguir a diminuição da morte de mulheres e muito menos de inibir sua prática, além do que, sua criminalização tira a autonomia das mulheres, sua liberdade individual, e, ainda demonstra, o quanto a democracia brasileira está permeada por valores religiosos que tentam impor seus dogmas aos indivíduos com maior prejuízo às mulheres.

O movimento feminista, inconformado, politizou-se e desfez a relação obrigatória entre sexualidade e reprodução, considerando a descriminalização/legalização do aborto; um marco fundamental na luta por direitos reprodutivos, direitos sexuais e por uma democracia plural, que seja vivenciada por homens e mulheres.

Assim, considerando-se que a luta por direitos sexuais e reprodutivos tem como um de seus focos o debate em torno da descriminalização do aborto, e o movimento feminista é o principal interlocutor na luta pela descriminalização, interessa-nos investigar:

Como se deu as estratégias utilizadas pelo movimento

(19)

19

Quais eram as relações de poder e dominação nos

diferentes momentos da luta, e como se dá o processo de retro-alimentação entre os campos que concorrem para a manutenção/reorganização das desigualdades de gênero relativas à problemática do aborto?

Numa sociedade altamente influenciada pelo campo

religioso e com extrema desigualdade tanto social como cultural, como propuseram o debate como formas de desestruturação do habituspara articulá-lo ao processo de mudanças geradoras de uma cidadania integral?

Para a elaboração desta pesquisa tem-se por objetivo investigar, nos diferentes contextos da trajetória de luta feminista brasileira e portuguesa, quais as estratégias de subversão da ordem de gênero empregadas relativamente a essa questão.

Assim, a categoria de gênero será utilizada como referencial teórico e metodológico para a construção do trabalho, pois esta abordagem faz uma ruptura com as concepções construídas a partir da biologia a respeito das diferenças entre homens e mulheres, além de ser de grande contribuição para a discussão das desigualdades e das relações de poder construídas socialmente a partir do habitus como predisposições estruturadas e estruturantes que alicerçam as relações sociais de dominação.

(20)

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(22)

22 e compreender a dinâmica dos atos e eventos, e, recolher as informações a partir da compreensão e sentido que os atores atribuem aos seus atos. Pôde-se, assim, acompanhar a discussão na Assembléia Legislativa em 19 de outubro de 2007 sobre se haveria ou não Referendo; participar de reuniões de planejamento do movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim; e, acompanhar os trabalhos de campanha e passeatas de ambos os lados, ou seja, dos defensores do Sim e do Não, na campanha do mencionado Referendo. Buscou-se uma interação constante, tanto nas situações espontâneas quanto formais, objetivando perceber os significados de diferentes atos (Chizzotti, 1998).

Para discutir as questões que estão sendo desenvolvidas, e que se entende serem pertinentes para esta pesquisa, dividiu-se o trabalho de investigação da seguinte maneira:

No primeiro capítulo, utilizou-se o conceito de relações de gênero como categoria de análise juntamente com os referenciais teóricos elaborados por Pierre Bourdieu ao postular a noção de habitus e campo como elementos necessários para discussão sobre as matrizes dominantes que dão manutenção à penalização jurídica e moral do aborto.

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23 No terceiro capítulo, a trajetória de luta pela despenalizacão8do aborto em Portugal foi evidenciada. A forte influência da Igreja Católica em Portugal com intervenções no ambito social e político fez com que a questão do aborto somente fosse discutida a partir de 25 de abril de 1974, quando houve a separação entre Estado e Igreja. Desde então, com o fim da ditadura salazariana, o movimento feminista tem trabalhado para alcançar uma mudança de mentalidade na sociedade portuguesa. Houve nesta trajetória uma mudança da lei em 1984 com alguns permissivos legais, um período de indiferença anterior ao Referendo de 1998, e por fim, o Referendo de 2007 no qual se alterou a lei despenalizando o aborto em Portugal.

No capítulo quatro, traçou-se a trajetória do Movimento feminista no Brasil a partir da década de 1970, momento em que o movimento começa a tomar corpo. Perpassou-se pelos anos rigorosos do regime militar até a década de 1980, pontuada como um marco histórico relativamente à luta pela descriminalização do aborto. Discutiu-se a partir da década de 1990 o feminismo manifestando-se através de Ongs até o momento atual. Ressaltou-se nesta trajetória tanto as estratégias para subverter a ordem elaborada pelas feministas, quanto as tentativas de impedir a possibilidade de descriminalização por parte dos campos jurídico e religioso.

No capítulo seguinte, foi elaborada uma breve abordagem comparativa, que levou-se a perceber-se alguns traços semelhantes e outros diferentes nos contextos de cada país mencionados nos capítulos anteriores. Foi discutida a questão do conceito descriminalização e

8 No capítulo que trataremos da questão do aborto em Portugal, utilizaremos o termo

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24 despenalização;as posições de cada movimento nas respectivas ditadura; dimensões geográficas; Referendo/Plebiscito e questões de ordem juridica; assim como fatos que ocorreram em cada um deles marcando o diferencial.

Como a questão do aborto é vista pelos movimentos feministas como uma problemática que fere tanto direitos individuais como de cidadania, o último capítulo privilegiou os direitos reprodutivos como Direitos Humanos e condição para a cidadania. Precisamente discutiu-se o direito ao próprio corpo e a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos como condição necessária para os direitos humanos das mulheres. Perpassou-se por uma discussão sobre a autonomia do corpo e a laicicidade do Estado como elementos necessários para que haja efetivamente democracia. Diante da situação do aborto na trajetória brasileira e portuguesa, pareceu-nos importante discutir a partir da proposta de Nancy Fraser de uma categoria bidimensional de gênero e justiça como uma estratégia possível para lutar contra o efeito da dominação simbólica construído pelohabitus, levando a uma possível (re)configuração da cidadania das mulheres.

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I. Aborto: campos, habitus e gênero

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37 forças, que em todas as relações sociais está embutida as relações de poder, entendidas como capital econômico, simbólico, cultural e social. Assim todo campo é um espaço de lutas pela apropriação do capital, que em cada circunstância mostra em determinada relação de força o seu objetivo. Para Bourdieu,

A estrutura do campo é um estado da relação de força entre os agentes ou as instituições envolvidas na luta ou, se se preferir, da distribuição do capital específico que, acumulado no decorrer das lutas anteriores, orienta as estratégias posteriores. Esta estrutura, que está no princípio das estratégias destinadas a transformá-la, está ela própria sempre em jogo: as lutas cujo lugar é o campo têm por parada em jogo o monopólio da violência legítima (autoridade específica) que é característica do campo considerado, quer dizer, em última análise, a conservação ou a subversão da estrutura da distribuição do capital específico. (Bourdieu, 2003, p. 120)

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(42)

42 instrumentos legais. Neste momento há uma retroalimentação pelos campos na medida em que um se beneficia do discurso do outro para a manutenção da ortodoxia de ambos.

O processo que legitima o poder no campo religioso assume características tipicamente jurídicas, visto pressupor três elementos essenciais do Direito Positivo: coação, sanção e garantia jurídica10 (Nader, 1998, p. 59-67), como elemento-chave para compreendermos o processo de formação e consolidação do poder pela coercibilidade que ameaça e inibe as mulheres, mantendo-as na condição de rés em potencial e juízas de si mesmas, na medida em que trabalham com a culpa e o remorso, nos casos de aborto provocado. A recíproca torna-se verdadeira, quando, no campo jurídico, argumentos religiosos são utilizados para a manutenção do campo. No caso do aborto, isto se torna quase que naturalizado, no momento em que conceitos como o de vida, alma e direitos do nascituro são invocados a partir de argumentos religiosos.

Importante salientar que o elemento psicológico coativo no campo religioso possui o instrumento da coercibilidade que, assim como no fenômeno jurídico, difere da coação por se tratar de uma reserva de força ou potencialidade do uso da força. A coercibilidade religiosa é aquele instrumento poderoso de intimidação e constrangimento psicológico que condiciona o fiel a uma conduta positiva ou negativa, visto estar obrigado a fazer ou não fazer, norteada por um sistema baseado em dogmas.

A partir da disciplina busca-se cumprir rigorosamente uma função de legitimação da dominação que contribui significativamente, no campo religioso, para a domesticação dos dominados e concretização das estratégias dohabitus.

10 É constituído pelo conjunto de normas elaboradas por uma determinada sociedade,

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II.Breve Panorama da Situação do Aborto no Brasil e

Portugal

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(48)

48 aborto inseguro como recurso para interromper milhões de gravidezes indesejadas.

Pesquisa sobre aborto realizada pelo Instituto Guttmacher com o apoio de pesquisadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostrou que quase a metade dos 41,6 milhões de abortos, que foram realizados em todo o mundo no ano de 2003, foram feitos de forma insegura, perfazendo um total de 19,7 milhões de abortos inseguros no mundo. Mais da metade deste número, 55% (mais de 10 milhões) ocorreram em países em desenvolvimento. Uma questão muito interessante que mostrou a pesquisa é que há a mesma probabilidade de uma mulher submeter-se a um aborto seja em países onde a prática é legal seja onde o aborto é crime; demonstrando assim que não são verdadeiras as afirmações de que a legalização estimula a prática. O estudo demonstra também que cerca de 13% da mortalidade materna em todo o mundo ocorre por conseqüência do aborto. Os abortos inseguros levam a óbito cerca de 70.000 mulheres a cada ano, sendo que cinco milhões ficam feridas de forma transitória ou permanente. Um dado alarmante é que cerca de 97% dos abortos inseguros sucederam em países pobres, e que, aproximadamente 90% das mulheres do mundo, farão um aborto entre os 15 e os 45 anos. A relação de abortos para cada mil mulheres caiu de 35, em 1995, para 29 em 2003.11

Embora a maioria dos casos seja praticada na clandestinidade e por isso a dificuldade de uma estimativa precisa sobre seu número, a tabela com dados mundiais sobre aborto, publicados pela revista Lancet, nos dá

11.A pesquisa foi publicada em edição especial da revista científica inglesa Lancet sobre

(49)

49 uma breve noção da situação do quadro mundial entre os anos de 1995 a 2003.

Situação do aborto no mundo12: 1995 a 2003

Números de abortos (milhões)

Taxa de abortos para

cada mil mulheres

1995 2003 1995 2003

Mundial 45-6 41-6 35 29

Países desenvolvidos

Excluindo Europa ocidental 10-03-8 6-63-5 3920 2619

Países em desenvolvimento

Excluindo china 35-524-9 35-026-4 3433 2930

Estimativas por região

África 5-0 5-6 33 29

Ásia 26-8 25-9 33 29

Europa 7-7 4-3 48 28

América latina e caribe 4-2 4-1 37 31

América do norte 1-5 1-5 22 21

Oceania 0-1 0-1 21 17

Fonte: Revista Lancet

Os países em que a legislação é rígida quanto à permissividade da prática, colocam na ilegalidade o aborto voluntário. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde, 1998), a falta de acesso a métodos contraceptivos, serviços de saúde e educação, colabora para a construção de um elevado número de abortos provocados, pois a interrupção da gestação passa a ser o último recurso a evitar uma gravidez que não pode ou não deve chegar ao fim.

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52

Situações em que o aborto é permitido em países da América Latina e Caribe15 Sub-regiões e países P/salvar a vida da mulher P/ preservar saúde da mulher P/ preservar saúde Mental Devido estupro/ incesto Por Anomalia fetal Razão econômica ou social Apedido da mulher Caribe Antígua e Barbuda

X - - -

-Bahamas X X X - - -

-Barbados X X X X X X

-Cuba X X X X X X X

Dominica X - - -

-Rep.Dominicana X - - -

-Granada X X X - - -

-Haiti X - - -

-Jamaica X X X - - -

-St. kitts e Nevis X X X - - -

-St. Lucia X X X - - -

-St. Vicent e

Grenadines X X X X X X

-Trinidad e

Tobago X X X - - -

-América Central

Belize X X X - X X

-Costa Rica X X X - - -

-El Salvador - - -

-Guatemala X - - -

-Honduras X - - -

-México X - - X - -

-Nicarágua X - - -

-Panamá X - X X - -

-América do Sul

Argentina X X X X - -

-Bolívia X X X X - -

-Brasil X - - X - -

-Chile - - -

-Colômbia X - - -

-Equador X X X X - -

-Guiana X X X X X X X

Paraguai X - - -

-Peru X X X - - -

-Suriname X - - -

-15

(53)

53

Uruguai X X X X - -

-Venezuela X - - -

-Fonte: (Rocha,2003, p.299)

Nesta região, 21% das mortes relacionadas à gravidez, ao parto e ao pós-parto têm como causa as conseqüências do aborto inseguro (OMS, 1998). Segundo Pimentel & Pandjiarjian (2002), nestes países onde a legislação criminaliza o aborto ou permite em alguns poucos casos, a taxa de abortos é dez vezes maior, se comparada aos países onde já houve a descriminalização e legalização.

Segundo Rocha (2003), a quase totalidade dos abortamentos da região realizam-se de maneira clandestina, oferecendo riscos para asaúde e a vida das mulheres, produzindo uma taxa elevada de mortalidade materna.

Nos países vizinhos do Brasil, a situação aparece também de forma preocupante. Na Argentina, o aborto clandestino aparece nas estatísticas como a primeira causa de morte materna, e com 800 mil abortos por ano. Trezentas organizações sociais e políticas fazem parte da Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, buscando ampliar os permissivos legais. Proibindo o aborto em todas as circunstâncias, o Chile enfrenta dificuldades com a política de saúde e principalmente na implantação de políticas para implementação de saúde reprodutiva. No Paraguai, não há serviços de atendimento, morrendo uma mulher por dia por aborto inseguro.

(54)

54 familiares, idade, riscos à saúde e malformação fetal. O aborto poderá ser feito fora do período permitido pelo projeto, nos casos de grave risco para a saúde da gestante ou de malformação fetal congênita. Agora o projeto seguirá para a Câmara dos Deputados com grandes chances de aprovação, pois uma pesquisa de opinião realizada recentemente, mostrou que 61% da população uruguaia concordam com a descriminalização do aborto. Para consolidar a lei, ainda depende de sua aprovação no plenário da Câmara e depois ser sancionada pelo presidente uruguaio. O problema que se terá ainda refere-se ao presidente Tabaré Vasquez que declarou que vetaria a proposta caso a lei viesse a ser aprovada. Caso isto aconteça, o veto pode ser suspenso pelos senadores e deputados se houver 3/5 de votos favoráveis.

Na Colômbia, há uma estimativa de que ocorrem 350 mil abortamentos clandestinos por ano, mas com um avanço a partir de 2005 com três permissivos legais: quando a gravidez representa risco à vida ou à saúde da mulher; em casos de estupro, e nos casos de malformação fetal incompatível com a vida extra-uterina.

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55 aborto, que era permitido na Nicarágua desde 1893 (artigo 165 do Código Penal).16

Em solidariedade às lideranças feministas da Nicarágua que estão sofrendo perseguição em sua luta pelos fundamentalistas daquele país, a Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos encaminhou carta de apoio, pois o Movimento de Mulheres sofre ataques gravíssimos dos conservadores sendo acusadas por acobertamento de delito por terem atendido uma jovem estuprada pelo padrasto. O documento, também foi encaminhado à Rede de Salud de Las Mujeres Latino-americanas y del Caribe.17

O movimento feminista vem se posicionando contra a criminalização do aborto na América Latina e Caribe apresentando propostas para sua descriminalização e legalização em diversos países onde o aborto é colocado por vários impedimentos sociais, gerando um empecilho ao direito individual da mulher e sua cidadania reprodutiva, causando uma problemática de saúde publica e desigualdade sexual.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os governos têm de avaliar o impacto dos abortos inseguros, reduzir a necessidade de abortar, proporcionar serviços de planejamento familiar alargados e de

16

O debate sobre o aborto foi um dos pontos mais acirrados e polêmicos na campanha eleitoral de 2006 na Nicarágua, impulsionado pela "Marcha pela Vida", em 6 de outubro, organizada pelo poder da Igreja Católica e de muitas evangélicas. O movimento feminista reagiu de forma contundente também, visando a impedir retrocessos. Daniel Ortega Saavedra converteu-se ao catolicismo e manifesta sua oposição ao aborto, em qualquer circunstância. E como neocatólico recebeu apoio financeiro e político do Vaticano, como demonstram as ações do cardeal Mighel Obando y Bravo - que pediu o voto dos católicos e compareceu aos atos de campanha de Ortega, em nome de Deus, para legislar sobre os corpos das mulheres HTTP://www.repem.org.uy/ acessado em 08 de outubro de 2007.

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60 aborto não é uma questão residual ou marginal, mas uma realidade que não pode ser ignorada19.

A despenalização do aborto começou a ser reivindicada por movimentos de mulheres, e tem sido, nas últimas três décadas, objeto de intensos debates públicos na sociedade portuguesa, demonstrando uma trajetória de luta até a despenalização, conseguida a partir do referendo de fevereiro de 2007. Assim, dentre os 27 países que compõem a União Européia, Portugal deixa de integrar o pequeno grupo em que o aborto é ilegal.

Atualmente, em relação ao discurso pelo direito ao aborto, novos atores sociais entram em cena contando com a participação de juristas, parlamentares e profissionais de saúde não sendo protagonizado apenas por feministas (Melo, 1997). Entretanto, mesmo assim, os maiores interlocutores a respeito do aborto têm sido marcados pelos embates religiosos, precisamente pela representação da Igreja Católica com condenação moral a qualquer tipo de aborto, por um lado; e por outro, o movimento feminista que defende o aborto como uma questão da mulher e deve ser descriminalizado e legalizado por constituir um problema de saúde pública e de foro íntimo. Cada um a seu modo, busca no campo jurídico a legalização de seus intentos, seja a penalização por parte da Igreja ou a descriminalização e legalização pelo movimento feminista.

Nos próximos capítulos, buscaremos conhecer como os movimentos feministas, português e brasileiro, construíram sua trajetória de luta pela descriminalização e legalização do aborto, tentando mapear as

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III. Trajetória de luta pela descriminalização do aborto

em Portugal

3.1. Percorrendo os caminhos da luta

O movimento feminista da primeira metade do século XX em Portugal não assume a contracepção e sexualidade como temas de debate, contudo o contexto político na primeira década do referido século, era favorável às ideias neo-malthusianas20 que surgiram em Portugal entre 1906 e 1913, e as quais proclamavam a emancipação da sexualidade relativamente à procriação e a produtos contraceptivos misturados com receitas caseiras para evitar a gravidez e que eram veiculados pelos jornais da época (Tavares, 2007, p.293). Organizações libertárias entendiam que as mulheres deviam evitar maternidades não desejadas para impedir o nascimento de crianças destinadas a morrer nos campos de batalha. Porém, nos anos 20, um movimento natalista composto por bispos e médicos católicos desenvolveu uma campanha contra o neo-malthusianismo, resultando em 1929, na proibição da venda dos contraceptivos que somente volta a ser comercializado em Portugal com a pílula anticoncepcional, apenas para fins terapêuticos em 1962 (Tavares, 2003).

Com o Estado Novo, a maternidade passa a ser exaltada juntamente com o cuidar da família, passando a ser a principal perspectiva de realização das mulheres. Além disso, o fechamento do país ao exterior fez com que os ecos dos movimentos sociais que ocorriam nos outros países nas décadas de 1960 e 1970 não chegassem até elas.

20 No século XVIII com a publicação de Ensaios sobre o Princípio da População,

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