SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Avaliac¸ão
clínica
de
pacientes
submetidos
à
distrac¸ão
osteogênica
no
membro
inferior
em
hospital
universitário
夽
Francisco
Macruz
Baltazar
Sampaio,
Leilane
Passoni
Marc¸al,
Diogo
Gontijo
dos
Reis,
Adolfo
Watanabe
Kasuo,
Carlos
Eduardo
Cabral
Fraga
e
Frederico
Barra
de
Moraes
∗UniversidadeFederaldeGoiás,FaculdadedeMedicina,Goiânia,GO,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem17deoutubrode2015 Aceitoem26denovembrode2015 On-lineem30demaiode2016
Palavras-chave: Pseudoartrose
Osteogênesepordistrac¸ão TécnicadeIlizarov
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliarascaracterísticasclínicasdospacientessubmetidosàdistrac¸ãoosteogênica porfalhaósseaemhospitaluniversitário.
Métodos:Estudotransversal,retrospectivo,comamostradeconveniência,de2000a2012, das características clínicasdepacientestratados e submetidosà distrac¸ão osteogênica (transporteósseo)comusodefixadorexternocirculartipoIlizarov.Foramusadosos tes-tesdequi-quadrado,exatodeFishereUdeMann-Whitney,comníveldesignificânciade 5%(p<0,05).
Resultados: Foram33casos,28homens(84,8%).Aidademaisfrequentefoientre21e40anos. Amaioriadospacientes(57,6%)eradaregiãometropolitana.Osegmentomaisafetadofoi aperna(75,8%)eoladofoioesquerdo(66,7%).Acausamaisfrequentefoiapseudoartrose infectada(75,8%).Otipodetransporteósseofeitofoiprincipalmenteobifocal(75,8%dos casos).Amédiadeprocedimentospréviosemoutrainstituic¸ãofoide2,62cirurgias(desvio padrãode1,93)eadosfeitosapósoiníciodotratamentofoide1,89cirurgia(desviopadrãode 1,29).Otempodeusodefixadorexternofoide1,94ano(desviopadrãode1,34),commínimo deumanoemáximodeseis.Asquatrocomplicac¸õesmaisencontradasforaminfecc¸ãode basedepinos(57,6%doscasos),equino(30,3%),infecc¸ãoprofunda(24,2%)eencurtamento (21,2%).
Conclusão:Anecessidadededistrac¸ãoosteogênicaporfalhasósseasfoimaisfrequenteem adultosjovens,homens,naperna,comtransportebifocal,apósmúltiplascirurgiasprévias, commédiadeaproximadamentedoisanosdetratamentoecomváriascomplicac¸ões(as infecc¸õesforamasprincipais).
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽
TrabalhodesenvolvidonoDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldasClínicas,FaculdadedeMedicina,Universidade FederaldeGoiás,Goiânia,GO,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:fredericobarra@yahoo.com.br(F.B.Moraes).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.11.005
Clinical
evaluation
of
patients
submitted
to
osteogenic
distraction
in
the
lower
limb
at
a
university
hospital
Keywords: Pseudoarthrosis Osteogenesis,distraction Ilizarovtechnique
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluatetheclinicalcharacteristicsfrompatientssubmittedtoosteogenic distractiontocorrectbonegapatauniversityhospital.
Methods: Retrospectivetransversalstudy,withaconveniencesample,from2000to2012, evaluatingclinicalaspectsofpatientstreated,submittedtoosteogenicdistraction(bone transport)withIlizarov’sexternalfixationdevice.Thechi-squared,Fisher’s,andMann Whit-ney’sUtestswereusedwitha5%levelofsignificance(p<0.05).
Results: 33patientswerestudied,ofwhom28men(84.8%).Themorefrequentagewas from21to40years.Mostpatientswerefromthemetropolitanregionofthecapital(57.6%). The leg was the most affected limb (75.8%), and the left side was the most affected (66.7%).Themostcommoncausewasinfectedpseudoarthrosis(75.8%).Themostcommon bonetransportationtypewasbifocal(75.8%).Meanprevioussurgeryatothersinstitutions were2.62(1.93standarddeviation),andmeansurgeriesaftertreatmentwere1.89(1.29 standarddeviation).Ilizarov’sexternalfixationdevicewasusedfor1.94years(1.34mean deviation), fromone tosixyears. Themostcommon complicationswerepin infection (57.6%),equinus(30.3%),deepinfection(24.2%),andshortening(21.2%).
Conclusion: Osteogenicdistractionforbonegapsweremorefrequentinyoungadults,men, intheleg,withbifocaltransportation,afterseveralprevioussurgeries,treatedforamean oftwoyears,withmanycomplications(infectionswerethemostcommon).
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Traumatismosdoesqueletoapendicularporaltaenergia apre-sentam elevada prevalência de lesões ósseas graves, que podem complicar para retardo de consolidac¸ão, pseudoar-trose,infecc¸ão,consolidac¸ãoviciosaoufalhaóssea.Odesafio constituídopelotratamentodasperdasósseasteminstigado pesquisadoresnabuscadesoluc¸õesadequadasparaos dife-rentestiposdelesão.1
Entreasprincipaistécnicasusadasparareconstruc¸ãode perdaósseadiafisáriaencontram-seousodeenxertoósseo tradicional,atibializac¸ão da fíbula, atransposic¸ão deosso vascularizadoeotransporte ósseo(distrac¸ãoosteogênica).2
Essaúltimaédivididaem:1)encurtamentoisolado;2) encur-tamentoseguidodealongamentoimediatopordistrac¸ãono foco de pseudoartrose após curto período de compressão; 3)encurtamentoseguido dealongamentolongedofocode pseudoartrosepormeiodecorticotomia;4)transporteósseo segmentarverticaleprogressivoapóscorticotomia.
Osprimeirosrelatosdescritosdealongamentodemembros foramfeitosporCodvilla,3em1905,eousodefixadorexterno
paraproduziralongamentoósseoteve inícioem1913,com Ombredanne.4 Entretanto, essa técnica não ganhou ampla
aceitac¸ãoatéIlizarovidentificarosfatoresmecânicose fisi-ológicosqueregemaregenerac¸ãoósseaduranteadistrac¸ão osteogênica.IlizaroveLedyaev,5em1969,conseguiam
preen-cherafalhaósseaealongaromembroapósodesbridamento doossoinfectado e,aomesmotempo,corrigiras deformi-dades. Seu método era revolucionário para os padrões de tratamentosortopédicosdaépoca.1,6,7
Ilizarov preconiza essa técnica para corrigir os defei-tos ósseossecundários aanomalias congênitas, ressecc¸ões tumorais,perdaósseatraumáticaoucomoconsequênciado desbridamentoemosteomielitescomtecidoósseoinviável.8,9
Oobjetivodestetrabalhoéavaliarascaracterísticasclínicas dospacientessubmetidosàdistrac¸ãoosteogênica porfalha ósseaemumhospitaluniversitário.
Metodologia
Estudo transversal,retrospectivo,amostra deconveniência, de2000a2012,depacientestratados,submetidosàdistrac¸ão osteogênica(transporteósseo)comusodefixadorexterno cir-culartipoIlizarov.Apesquisateveautorizac¸ãodoComitêde ÉticadoHospitalUniversitário.
Osdadosforamcoletadosapartirdarevisãodeprontuários earmazenadosemumatabelaExcel2007.Aanálise estatís-ticafoifeitapeloprogramaSPSSparaWindows,versão16.0. Paraavaliarainfluênciadasvariáveisemrelac¸ãoaostiposde complicac¸õesforamusadosostestesdequi-quadrado,exato deFishereUMann-Whitney,comníveldesignificânciaem 5%(p<0,05).
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
41-60a 21-40a
10-20a > 60a
Figura1–Distribuic¸ãoconformefaixasetárias.
instituídootratamento,otempodeusodofixadorexternoe ascomplicac¸õesencontradasduranteotratamento.
As complicac¸ões foram especificadas em: infecc¸ão de base de pinos, infecc¸ão profunda, equino, flexo de joelho, limitac¸ãodeADM, desviodeeixo,refratura, amputac¸ãoou desarticulac¸ão,encurtamento,pinc¸amentode partesmoles eoutrasquaisquerquenãoascitadas.Essasforam agrupa-dasemcomplicac¸õesquenãonecessitaramdecirurgiapara suacorrec¸ão(grupo1),quenecessitaramdecirurgiaparasua correc¸ão(grupo2)easqueforamconsideradascomsequelas porinsucessodotratamento(grupo3).
Resultados
Foramestudados33casos,28homens(84,8%)ecinco mulhe-res(15,2%).Aidadefoiestratificadaemfaixas(fig.1),ogrupo maisfrequentefoide21a40anos.
Amaioriadospacientes(57,6%)eradaregião metropoli-tana,o restante proveniente principalmente dointerior de Goiás.O segmento maisafetado foi a perna isoladamente (75,8%)eoladoacometidooesquerdoemdoisterc¸osdoscasos (66,7%).
Ascausasquelevaramàopc¸ãopelométododetratamento foramestratificadasemcincosubgrupos(fig.2),amais fre-quentefoiapseudoartroseinfectada(75,8%doscasos).
Otipodetransporteósseo(fig.3)feitofoiprincipalmenteo bifocal(75,8%doscasos).
0 5 10 15 20 25
Doenç as c
ongê nitas
Pseudoartrose infectada
Pseudoartrose não-infectada
Osteomielite crônica Tumor
Figura2–Distribuic¸ãodoscasostratadosporcausa.
0 5 10 15 20 25
Bifocal Trifocal convergente
Trifocal de perseguição
Figura3–Tipodetransporteósseofeito.
Asvariáveisforamdistribuídaseorganizadasnatabela1. O número de cirurgiasprévias feitas easdemais feitas navigênciadotratamentopelométododetransporteósseo foramorganizadosnatabela2.Observa-sequeamédiade pro-cedimentospréviosemoutrasinstituic¸õesfoide2,62cirurgias (desviopadrãode1,93)eadosfeitosapósoiníciodo trata-mentofoide1,89cirurgia(desviopadrãode1,29).Otempode
Tabela1–Distribuic¸ãodasvariáveisdeacordocom aamostra
Fator N %
Idade
10-20a 5 15,2
21-40a 17 51,5
41-60a 9 27,3
>60a 2 6,1
Total 33 100,0
Procedência
Goiâniaeregião 19 57,6
InteriordeGoiás 12 36,4
Outroestado 2 6,1
Total 33 100,0
Sexo
Masculino 28 84,8
Feminino 5 15,2
Total 33 100,0
Topografia
Fêmur 6 18,2
Tíbia 25 75,8
Tíbiaefêmur 2 6,1
Total 33 100,0
Lado
Direito 11 33,3
Esquerdo 22 66,7
Total 33 100,0
Causas
Doenc¸ascongênitas 1 3,0
Tumor 2 6,1
Pseudoartoseinfectada 25 75,8
Pseudoartrosenãoinfectada 4 12,1
Osteomielitecrônica 1 3,0
Total 33 100,0
Tipodetransporte
Bifocal 25 75,8
Trifocalconvergente 6 18,2
Trifocaldeperseguic¸ão 2 6,1
Tabela2–Médiaedesviopadrãodonúmerodecirurgias emrelac¸ãoàamostra
Fator N Média DP Min Max
n◦decirurgiasprévias 29 2,62 1,93 1 10
n◦derevisões 28 1,89 1,29 1 6
Tabela3–Distribuic¸ãodascomplicac¸õesdeacordocom aamostra
Fator N %
Complicac¸ões
1.Infecc¸ãodepinos 19 57,6
2.Infecc¸ãoprofunda 8 24,2
3.Equino 10 30,3
4.Flexodejoelho 2 6,1
5.Limitac¸ãoADM 1 3,0
6.Desviodeeixo 6 18,2
7.Refratura 1 3,0
8.Amputac¸ãooudesarticulac¸ão 3 9,1
9.Encurtamento 7 21,2
10.Pinc¸amentodepartesmoles 2 6,1
11.Outras 5 15,2
usodefixadorexternofoide1,94ano(desviopadrãode1,34),
commínimodeumanoemáximodeseis.
Asquatrocomplicac¸õesmaisencontradasforaminfecc¸ão
de base de pinos (57,6% dos casos), equino (30,3%),
infecc¸ão profunda (24,2%) e encurtamento (21,2%). Houve
correlac¸ãopositivaentreascomplicac¸õeseonúmerode cirur-giasprévias(p=0,041)eaotempodeusodofixador(p=0,012) (fig.4). As complicac¸ões foram organizadas e comparadas nas tabelas 3-5, nas quais as complicac¸ões foram separa-dasemtrêsgrupos,foramretiradasasinfecc¸õessuperficiais empinos:grupo1,complicac¸õesmenores,semnecessidade denovacirurgiaparacorrec¸ão(exemplo:leveequino);grupo
Tabela4–Distribuic¸ãodascomplicac¸õesporgrupos deacordocomaamostra
Fator N %
Complicac¸ão1
Não 12 36,4
Sim 21 63,6
Total 33 100,0
Complicac¸ão2
Não 13 39,4
Sim 20 60,6
Total 33 100,0
Complicac¸ão3
Não 29 87,9
Sim 4 12,1
Total 33 100,0
2,complicac¸õesquenecessitaramdecirurgiaparacorrec¸ão (exemplo:desviodeeixoacentuados);egrupo3,complicac¸ões quenecessitaramdeamputac¸ão(exemplo:infecc¸ões profun-dasgraves).
Discussão
Distrac¸ão osteogênica ou calotase é uma técnica cirúrgica
amplamenteusadaemcirurgiaortopédicaparaotratamento
deváriascondic¸õespatológicas,comodiscrepânciado
com-primentodemembros,deformidadesósseasegrandesfalhas
ósseassecundáriasatrauma,infecc¸ãoouressecc¸ãode
tumo-res malignos, semelhantemente ao perfil encontrado em
nossoestudo.Oprincípiobásicodatécnicaéumprocessode regenerac¸ãoósseaapartirdadistrac¸ãogradualdeduas super-fíciesvascularizadas,queformaassimnovotecidoósseo.6
Onovoossoégeradonoespac¸oentreosdoissegmentos ósseosquesãodistraídosgradualeprogressivamente.Ataxa
Tabela5–Comparac¸ãodasvariáveisemrelac¸ãoaostiposdecomplicac¸ões
Complicac¸ões Complicac¸ão1 p Complicac¸ão2 p Complicac¸ão3 p
n % n % n %
Idade
10-20a 4 19,0 4 20,0 0 0,0
21-40a 10 47,6 11 55,0 3 75,0
41-60a 6 28,6 4 20,0 1 25,0
>60a 1 4,8 1 5,0 0 0,0
Total 21 100,0 0,815 20 100,0 0,575 4 100,0 0,691
Procedência
Goiâniaeregião 16 76,2 12 60,0 1 25,0
InteriordeGoiás 5 23,8 7 35,0 3 75,0
Outroestado 0 0,0 1 5,0 0 0,0
Total 21 100,0 0,009 20 100,0 0,918 4 100,0 0,225
Sexo
Masculino 19 90,5 16 80,0 3 75,0
Feminino 2 9,5 4 20,0 1 25,0
Total 21 100,0 0,328 20 100,0 0,625 4 100,0 0,500a
Topografia
Fêmur 4 19,0 3 15,0 2 50,0
Tíbia 15 71,4 16 80,0 2 50,0
Tíbia+fêmur 2 9,5 1 5,0 0 0,0
Total 21 100,0 0,520 20 100,0 0,780 4 100,0 0,201
Lado
Direito 8 38,1 7 35,0 1 25,0
Esquerdo 13 61,9 13 65,0 3 75,0
Total 21 100,0 0,703 20 100,0 1,000 4 100,0 1,000a
Causas
Doenc¸ascongênitas 1 4,8 1 5,0 0 0,0
Tumor 1 4,8 2 10,0 0 0,0
Pseudoartoseinfectada 15 71,4 13 65,0 3 75,0
Pseudoartrosenãoinfectada 3 14,3 3 15,0 1 25,0
Osteomielitecrônica 1 4,8 1 5,0 0 0,0
Total 21 100,0 0,796 20 100,0 0,445 4 100,0 0,882
Tipodetransporte
Bifocal 15 71,4 14 70,0 4 100,0
Trifocalconvergente 5 23,8 5 25,0 0 0,0
Trifocaldeperseguic¸ão 1 4,8 1 5,0 0 0,0
Total 21 100,0 0,520 20 100,0 0,446 4 100,0 0,483
Média Mediana p Média Mediana p Média Mediana p
N◦decirurgiasprévias 2,84 2,00 0,599 2,88 2,00 0,368 3,50 4,00 0,041b N◦decirurgiasderevisão 2,11 1,00 0,362 2,11 1,00 0,362 2,00 2,00 0,544b Tempodeuso 2,33 2,00 0,012 2,15 2,00 0,263 2,25 1,00 0,549b
Testequi-quadrado.
a TesteexatodeFisher. b TesteUdeMann-Whitney.
dedistrac¸ãopodevariardeacordocomosítiodedistrac¸ão, geralmenteépróximode1mm/dia.Adistrac¸ãopodeserfeita comumfixadorexterno,comoumfixadorcircularde Iliza-rovouumfixadormonoplanarlongitudinal,quepreencheo defeitointercalar,enquanto nolocalsubmetido àdistrac¸ão ocorreneoformac¸ãoóssea,conhecidacomoregeneradoósseo. Umadas limitac¸ões dessatécnica é olongo períodode tempo necessário para que o tecido ósseo recém-formado amadurec¸a, mineralize e, finalmente, consolide. Deve-se manter o fixador externo por um longo período, até a consolidac¸ão, o que pode gerar complicac¸ões cirúrgicas,
sociais e psicológicas.6,10–12 Nossos pacientes fizeram em
médiamaisdequatrocirurgiasatéotérminodotratamento, com uso de fixador dinâmico por dois anos e com diver-sascomplicac¸ões,aproximadamente90%delassemsequelas graves.Essemétodoeliminamuitasvezesanecessidadede cirurgiaspara coberturacutâneaeamputac¸ões,poisapele acompanhaoossotransportadoepermitetambémcorrec¸ão dedeformidadesósseas,dismetriasecuradeinfecc¸ão.
novatécnica denominadade osteossíntesede compressão--afastamento.Tecnicamente,otransporteósseoédedifícil execuc¸ãoeexigeacompanhamentocriteriosoduranteo cami-nhopercorridopeloosso.Muitasvezes,necessitadecirurgias adicionais para corrigir desvios no acoplamento dos frag-mentostransportadosoudecolocac¸ãodeenxertoósseopara aumentarocontatonessessítios.13–20Inúmerascomplicac¸ões
são descritas, incluindo alterac¸ões vasculares que podem resultaremamputac¸ão,semelhantementeaoque encontra-mosemnossaamostra.
Técnicasablativas, como a amputac¸ão do membro, em muitos casos, são a melhor opc¸ão para o tratamento de perdaóssea,umavezquealcanc¸amresultadosmaisrápidos emenosonerososaopacienteeaosistemadesaúde.Durante aescolhadotratamentodevem-seanalisar,alémdosfatores biológicos,osfatoressociaisepsicológicosdopaciente. Den-treosfatoresbiológicosconsideramosoaportesanguíneo,a func¸ãoarticularemusculareapresenc¸a,localizac¸ãoe gra-vidadedelesãonervosa.Reconstruc¸ãoestáindicadaapenas casopossapreverumbomprognósticofuncionaleopaciente apresenteboascondic¸õespsicossociais.1,5
Duranteadistrac¸ãoosteogênica,tantoo ossoquantoas partesmolessãoalongadoseissopodeajudarofechamento espontâneodaslesõesdetecidosmolessemanecessidadede cirurgiasplásticasdecoberturacutânea.Algunsautores con-sideramquearestaurac¸ãodoenvelopedepartesmolesdeve serfeitoantesounomomentodareconstruc¸ãoóssea.7Ouso
dofixadorexternodeIlizarovpossibilitaacorrec¸ão simultâ-neadapseudoartrose,dafalhaóssea,doencurtamentoedas deformidades angulares e favorece meio propício para resoluc¸ão do processo infeccioso, comprovou por inú-meras publicac¸ões ser superior a outros métodos de tratamento, o que também foi observado em nossos resultados.20–23
Conclusão
A necessidade de distrac¸ão osteogênica por falhas ósseas foimaisfrequenteemadultosjovens(21-40anos),homens, procedentesdacapital,nosossosdaperna,devidoà pseudoar-troseinfectada,apósmúltiplascirurgiasprévias.Otransporte maisfeitofoiobifocal,commédiadeaproximadamentedois anosde tratamento, ecom várias complicac¸ões,nas quais infecc¸õesforamasmaisfrequentes,permaneceuamaioria semsequelasgravesnofimdotratamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. RodriguesFL,MercadanteMT.Tratamentodafalhaóssea parcialpelotransporteósseoparietal.ActaOrtopBras. 2005;13(1):9–12.
2. RigalS,MerlozP,LeNenD,MathevonH,MasqueletAC.Bone transporttechniquesinposttraumaticbonedefects.Orthop TraumatolSurgRes.2012;98(1):103–8.
3.CodivillaA.Theclassic:onthemeansoflengthening,inthe lowerlimbs,themusclesandtissueswhichareshortened throughdeformity.ClinOrthopRelatRes.2008;466(12):2903–9.
4.OmbredanneL.Allongementd’unfemursurunmembretrop court.BullMemSocChirParis.1913;39:1177–80.
5.IlizarovGA,LedyaevVI.Thereplacementoflongtubularbone defectsbylengtheningdistractionosteotomyofoneofthe fragments.ClinOrthopRelatRes.1992;(280):7–10.
6.SailhanF.Bonelengthening(distractionosteogenesis): aliteraturereview.OsteoporosInt.2011;22(6):2011–5.
7.TuffiGJ,BongiovanniJC,MestrinerLA.Tratamentodas pseudartrosesinfectadasdatíbiacomfalhasósseaspelo métododeIlizarov,utilizandootransporteósseo.RevBras Ortop.2001;36(8):292–300.
8.PicadoCHF,PaccolaCAJ,AndradeFilhoEF.Correc¸ãodafalha ósseafemoraletibialpelométododotransporteósseode Ilizarov.ActaOrtopBras.2000;8(4):178–91.
9.IlizarovGA.Clinivalapplicationofthetension-stresseffect forlimblengthening.ClinOrthopRelatRes.1990;(250):8–26.
10.BlumAL,BongioVanniJC,MorganSJ,FlierlMA,dosReisFB. Complicationsassociatedwithdistractionosteogenesisfor infectednonunionofthefemoralshaftinthepresenceofa bonedefect:aretrospectiveseries.JBoneJointSurgBr. 2010;92(4):565–70.
11.SangkaewC.Distractionosteogenesiswithconventional externalfixatorfortibialboneloss.IntOrthop.
2004;28(3):171–5.
12.RobertRozbruchS,WeitzmanAM,TraceyWatsonJ,
FreudigmanP,KatzHV,IlizarovS.Simultaneoustreatmentof tibialboneandsoft-tissuedefectswiththeIlizarovmethod.J OrthopTrauma.2006;20(3):197–205.
13.LaviniF,Dall’OcaC,BartolozziP.Bonetransportand compression-distractioninthetreatmentofbonelossofthe lowerlimbs.Injury.2010;41(11):1191–5.
14.MekhailAO,AbrahamE,GruberB,GonzalezM.Bone transportinthemanagementofposttraumaticbonedefects inthelowerextremity.JTrauma.2004;56(2):368–78.
15.El-AlfyB,El-MowafiH,El-MoghazyN.Distraction osteogenesisinmanagementofcompositeboneandsoft tissuedefects.IntOrthop.2010;34(1):115–8.
16.DharSA,MirMR,AhmedMS,AfzalS,ButtMF,BadooAR,etal. Acutepeginwholedockinginthemanagementofinfected non-unionoflongbones.IntOrthop.2008;32(4):559–66.
17.SakurakichiK,TsuchiyaH,WatanabeK,TakeuchiA, MatsubaraH,TomitaK.Distractionosteogenesisofafresh fracturesiteusinganexternalfixator.JOrthopSci. 2006;11(4):390–3.
18.MahaluxmivalaJ,NadarajahR,AllenPW,HillRA.Ilizarov externalfixator:acuteshorteningandlengtheningversus bonetransportinthemanagementoftibialnon-unions. Injury.2005;36(5):662–8.
19.GrivasTB,MagnissalisEA.Theuseoftwin-ringIlizarov externalfixatorconstructs:applicationandbiomechanical proof-ofprinciplewithpossibleclinicalindications.JOrthop SurgRes.2011;6:41.
20.SongHR,ChoSH,KooKH,JeongST,ParkYJ,KoJH.Tibialbone defectstreatedbyinternalbonetransportusingtheIlizarov method.IntOrthop.1998;22(5):293–7.
21.BernerA,ReichertJC,MüllerMB,ZellnerJ,PfeiferC, DienstknechtT,etal.Treatmentoflongbonedefectsand non-unions:fromresearchtoclinicalpractice.CellTissue Res.2012;347(3):501–19.
22.VidalPC,HumbertoP,BenazzoF,CicilianiF,OliveiraK.O métodoIlizarovnotratamentodaspseudartrosesinfectadas. RevBrasOrtop.1997;32(1):905–8.