JPediatr(RioJ).2015;91(5):493---498
www.jped.com.br
ARTIGO
ORIGINAL
Adverse
perinatal
outcomes
for
advanced
maternal
age:
a
cross-sectional
study
of
Brazilian
births
夽
Núbia
Karla
O.
Almeida
a,
Renan
M.V.R.
Almeida
b,∗e
Carlos
Eduardo
Pedreira
c,d,eaDepartamentodeEstatística,UniversidadeFederalFluminense(UFF),Niterói,RJ,Brasil
bProgramadeEngenhariaBiomédica,InstitutoAlbertoLuizCoimbradePós-Graduac¸ãoePesquisadeEngenharia(COPPE),
UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro(UFRJ),RiodeJaneiro,RJ,Brasil
cProgramadeEngenhariaElétrica,UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro(UFRJ),RiodeJaneiro,RJ,Brasil dFaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro(UFRJ),RiodeJaneiro,RJ,Brasil
eProgramadeEngenhariadeSistemaseComputac¸ão(PESC),InstitutoAlbertoLuizCoimbradePós-Graduac¸ãoePesquisade
Engenharia(COPPE),UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro(UFRJ),RiodeJaneiro,RJ,Brasil
Recebidoem28dejulhode2014;aceitoem17dedezembrode2014
KEYWORDS
Maternalage; Adverseperinatal outcome; Riskfactors; Educationallevel
Abstract
Objectives: Toinvestigatetheriskofadverseperinataloutcomesinwomenaged≥41years
relativelytothoseaged21-34.
Methods: Approximately8.5 million recordsofsingleton birthsinBrazilian hospitals inthe
period 2004-2009wereinvestigated. Oddsratioswereestimatedfor pretermandpost-term
births,forlowApgarscoresat1minuteandat5minutes,forasphyxia,forlowbirthweight,
andformacrosomia.
Results: For pregnant women≥ 41,increased risks were identifiedfor preterm births, for
post-termbirths(exceptforprimiparouswomenwithschooling≥12years),andforlowbirth
weight.Whencomparingoldervs.youngerwomen,highereducationallevelsensuresimilarrisks
oflowApgarscoreat1minute(forprimiparousmothersandtermbirths),oflowApgarscore
at5minutes(fortermbirths),ofmacrosomia(fornon-primiparouswomen),andofasphyxia.
Conclusion: Asarule,oldermothersareathigherriskofadverseperinataloutcomes,which,
however,maybemitigatedoreliminated,dependingongestationalage,parity,and,especially,
ontheeducationlevelofthepregnantwoman.
©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.12.002
夽 Comocitaresteartigo:AlmeidaNK,AlmeidaRM,PedreiraCE.Adverseperinataloutcomesforadvancedmaternalage:across-sectional
studyofBrazilianbirths.JPediatr(RioJ).2015;91:493---8.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:renan@peb.ufrj.br(R.M.V.R.Almeida).
PALAVRAS-CHAVE
Idadematerna; Resultadoperinatal adverso;
Fatorderisco; Níveldeescolaridade
Resultadosperinataisadversosemmulherescomidadematernaavanc¸ada:estudo transversalcomnascimentosbrasileiros
Resumo
Objetivos: Investigaroriscoderesultadosperinataisadversosemmulheres≥41anos
relati-vamenteàquelascomidade21-34.
Métodos: Cercade8,5milhõesderegistrosdenascimentosúnicosemhospitaisbrasileirosno
período2004-2009foraminvestigados.Oddsratiosforamestimadosparanascimentos
prema-turosepós-termo,baixosíndicesdeApgarno1◦ e5◦ minutos,asfixia,baixopesoaonascere
macrossomia.
Resultados: Para as mulheres grávidas ≥ 41, aumento de riscos foram identificados para
nascimentos prematuros, partos pós-termo (com excec¸ão de primíparas com escolaridade
≥12 anos) ebaixopesoao nascer. Relativamentea mulheresmais velhasvs.mais jovens,
maioresníveisde escolaridadegarantemriscossemelhantesdebaixoíndicede Apgarno1◦
minuto(paraprimíparasenascimentosatermo),debaixoíndicedeApgarno5◦minuto(para
nascimentosatermo),demacrossomia(paranãoprimíparas)edeasfixia.
Conclusão: Emgeral,mãesmaisvelhasestãosobmaioresriscosdedesfechosperinatais
adver-sos,masessessãominimizadosoueliminadosadependerdaidadegestacional,daparidadee,
emespecial,daescolaridadedagestante.
©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos
reservados.
Introduc
¸ão
Pordiversosmotivossociaisemédicos,comoatrasos relaci-onadosàcarreiraeapossibilidadedefertilizac¸ãoassistida, um número cada vez maior de mulheres espera até os 40 anos ou mais para se tornar mãe.1,2 Por exemplo, no Brasil,osnascimentosentremulherescomidade≥41anos
representava1,75% dos nascidos vivosem 1994, ao passo que,em2009,essenúmeroerade2,22%−umaumentode
27%.3Portanto,osriscosparaosrecém-nascidos,associados àidadeavanc¸ada,têmsidoumaquestãodeinteressecada vezmaior.Contudo,osefeitosdaidadematernaavanc¸ada sobrea vitalidadee o peso dos recém-nascidos e sobrea idadegestacionalaindanãosãobemdeterminados,àsvezes comrelatosconflitantes.4-14
Osresultadosperinataisadversospodemcomprometera saúdee/ouodesenvolvimentodorecém-nascido.Oíndice deApgar no5◦ minuto, por exemplo, é considerado uma
variável preditora da saúde neurológica e do desenvolvi-mentocognitivodeumacrianc¸a15-17eaassociac¸ãodobaixo escore(≤6de10pontos)comamortalidadeperinatal,
para-lisiacerebral,retardomental,epilepsiaebaixorendimento escolartambémfoirelatada.15-21
Oobjetivodestetrabalhofoiinvestigaroriscodos resul-tadosperinataisadversosem mulherescom≥41 anosem
relac¸ão àquelas entre 21 e 34 de acordo com a idade gestacional,a primiparidadee o nível deescolaridade da mãe.Osresultadosanalisadosforam:nascimentoem uma gestac¸ãomaiscurtadoque37semanasemaislongadoque 41 semanas,baixo índice de Apgar no 1◦
minuto, asfixia, baixoApagarno5◦minuto,baixopesoaonascere
macros-somia.Para isso,foi feitoum estudo transversal de base populacionalcomdadosdosnascimentosnoBrasilde2004 a2009.
Materiais
e
métodos
Os dados incluíram registros de nascidosvivos nos hospi-tais brasileiros de 2004 a 2009. Foram estudados apenas oscasosdegravidezúnica,commãesentre21-34anosou ≥ 41 anos. Os dados foram obtidos do Sistema de Informac¸õessobreNascidosVivos(Sinasc)doMinistérioda Saúde,3,22quereúneinformac¸õessobregrávidas,gravidez, cuidado com o recém-nascido e nascimento de todos os nascidosvivosnopaís.Ascaracterísticasanalisadasforam: idade, nível de escolaridade materna (anos de escolari-dade), númerode nascidosvivos e natimortos anteriores, número de consultas pré-natal, idade gestacional (sema-nas), índice de Apgar no 1◦
e no 5◦
minutos e peso ao nascer (em gramas). Com base no número de crianc¸as anteriores (vivase/oumortas), foicriadaumavariávelde ‘‘primiparidade’’,queindicaseeraaprimeiragravidezda mãe.Asvariáveisforamclassificadascomo:i)idade:21-34 e≥41;ii)primiparidade:simounão;iii)nívelde
escolari-dade:<12e≥12;iv)númerodeconsultaspré-natal:0-6e ≥7;v)idadegestacional:<37(prematuro),37-41(atermo)
e>41 (pós-termo); vi) índice de Apgar no 1◦ minuto: 0-3
(baixo índicedeApgar no1◦
minuto)e ≥4;vii)índice de
Apgarno5◦minuto:0-4(asfixia)e≥5;e0-6(baixoApgarno
5◦minuto)e
≥7;viii)pesodorecém-nascido:<2.500(baixo
Adverseperinataloutcomesforadvancedmaternalage 495
Tabela1 Característicasmaternas,degravideze
recém--nascidosdeacordocomafaixaetáriade8.387.948nascidos
vivos,Brasil,2004-2009
Variáveis Faixas Frequência(%)
Idade21-34 ≥41
n=8.207.745 n=180.203
Escolaridadematerna
(anos)
<12 81,7 80,5
≥12 18,3 19,5
Primiparidade Sim 33,6 12,9
Não 66,4 87,1
Númerodenascidos
vivosanteriores
0 35,6 14,5
≥1 64,4 85,6
Númerodenatimortos
anteriores
0 89,3 78,3
≥1 10,7 21,7
Númerodeconsultas
pré-natal
0-6 37,6 39,7
≥7 62,4 60,3
Idadegestacional
(semanas)
<37:
Prematuro
5,6 9,0
37-41:
atermo
93,6 90,2
>41:
Pós-termo
0,8 0,8
ÍndicedeApgarno1◦
minuto
0-3 1,5 2,3
≥4 98,5 97,7
ÍndicedeApgarno5◦
minuto
0-4 0,5 0,7
≥5 99,5 99,3
0-6 1,2 1,8
≥7 98,8 98,2
Pesoaonascer(g) <2.500 6,5 11,2
2.500-4.000 88,3 82,9
>4.000 5,2 5,9
foramosnascimentosatermo(períodogestacionalde37-41 semanas);e,noquedizrespeitoaobaixopesoaonascere àmacrossomia,areferênciafoide2.500-4.000g.Oestudo foianalisadoe aprovadopelaEscoladeEnfermagemAnna Nery/UniversidadeFederal doRiodeJaneiro (EEAN/UFRJ) (Brasil),ConselhodeRevisãoInstitucional,emabrilde2010, protocolo027/2010.
Resultados
Foramanalisados8.387.948nascimentos.Atabela1mostra a distribuic¸ão das características maternas e do recém--nascido de acordocom duas faixas etárias consideradas. Independentementedaidade,amaioriadasmulheres apre-sentou<12 anos de escolaridade, sete ou mais consultas pré-natalerecém-nascidoscompesonormalaonascer.
A tabela 2 mostra os ORs dos resultados adversos de acordocomaprimiparidadeeoníveldeescolaridade, con-siderandotodososnascimentosenascimentosatermo.Na
tabela 3,foramconsideradosapenasoscasos degravidez atermoemqueasmãestiveramnomínimoseteconsultas pré-natais.Essatabelamostraque,independentementeda idade gestacional,um nívelde escolaridademais elevado permitequeasmulheresmaisvelhasapresentemumrisco deresultadosadversosigualouatémesmomenordoqueas mulheresmaisnovas.Natabela3,omesmoefeitopodeser vistonogrupodenãoprimíparas.
Discussão
Oprincipalobjetivo desteestudofoi investigaro riscode resultadosperinataisadversosemgrávidas≥ 41anos, prin-cipalmenteconsiderandoo impactodaescolaridadesobre essesriscos.Para isso,foramusados registrosdecercade 8,5milhões denascidosvivosdegestac¸õesúnicasem hos-pitaisbrasileiros entre2004 e 2009. O Sinasc,sistemade informac¸õessobrenascidosvivosusadonesteestudo,tem sido usado em muitos estudos epidemiológicos desde sua implantac¸ão nos anos 1990.22 Os resultados indicam cla-ramenteque, em geral, grávidas ≥ 41 anos com nívelde
escolaridade acima ou igual a 12 anos apresentam riscos semelhantesaosdemulheresentre21-34anos.
Avaliac¸ões‘‘locais’’recentesconcluíramqueoSinascé ‘‘umaexcelentefontedeinformac¸õessobrenascimentos’’24 e‘‘umafontededadosconfiáveisarespeitodapopulac¸ão materno-infantil’’ (nos municípios estudados).25 Contudo, oSinasc éuma basede dadosnacional e foramindicadas algumaslimitac¸õesquantoaosistema.Porexemplo,apesar dasmelhoriasrecentes,registroscominformac¸ões incom-pletasaindasãocomunsemváriasregiõesdopaís.22 Outro problemadiz respeito àsdefinic¸ões decategorias para as variáveis‘‘númerode consultaspré-natal’’e ‘‘idade ges-tacional’’,oquelimitaapesquisacombasenessesdados. OMinistério da Saúde,contudo, introduziu recentemente novasvariáveis na base de dados, como apresentac¸ão do recém-nascido,idadegestacionalemsemanasenúmerode cesárias/partosnormaisanteriores.Umavezconsolidados, essesdadospossibilitarão melhor caracterizac¸ão da gravi-dez/partonopaís.
Com relac¸ão a nascimentos prematuros, foi observada uma OR de 1,66 (1,63-1,69) (tabela 2), com maior risco em primíparas (OR: 1,91 [1,83-1,99]). Adicionalmente, o aumento no nível de escolaridade sugere reduc¸ão no risco apenas em primíparas (OR: 1,77 [1,67-1,89]). Um estudoanterior4com670.000mãesdefaixasetáriasentre 20-29anose≥40anosdescobriumaiorriscoparamulheres
mais velhas, primíparas (OR: 1,7 [1,6-1,9]) ou não (OR: 1,4 [1,3-1,5]). Em outro estudo que avaliou 400 grávidas
≥40 anose entre20-30 anos,7 esserisco foi identificado
apenas no grupo de primíparas (OR: 4,06 [1,69-9,72] (estimativacombasenosdados).Essesresultadossão con-flitantescomoutroestudoquemostrouriscossemelhantes emmulheres≥40anos,emcomparac¸ãoàsmulheresentre
20-29anos,primíparasounão.6Além disso,outro estudo5 que investigou 1.000 gestac¸ões não detectou maior risco paramulheresmaisvelhas,comORde1,18(0,29-4,84)para mulheres≥40anos,emcomparac¸ãoa<20anos(conclusões
semelhantes foram obtidas para mulheres ≥ 35 anos em
comparac¸ãocom<35anos).10
Comrelac¸ãoanascimentospós-termo, atabela2 mos-traqueaORentreasduas faixasetáriasestudadasfoide 1,09(1,03-1,15),oquesugereaumentonoriscopara mulhe-resmaisvelhas,excetoprimíparas(OR:0,86[0,72-1,03]). Oníveldeescolaridade≥12anoslevoumulheres≥41ater
ummenorrisco(OR:0,71[0,60-0,84])eesseriscoémínimo em primíparas com nível de escolaridade ≥ 12 (OR: 0,48
[0,31-0,73]).Umapesquisaanteriornãoidentificou aumen-tosnosriscosemmulheres≥40anos,emcomparac¸ãocom
Almeida
NK
et
al.
Tabela2 Oddsratiosderesultadosadversosemtodasasgestac¸ões(n=8.378.948)enasgestac¸õesatermo(n=7.847.392),mães≥41anos,deacordocomaprimiparidade
eoníveldeescolaridade,Brasil,2004-2009.Faixadereferência:21-34anos
Oddsratios(ICde95%)
Todasasgestac¸ões
Gestac¸õesatermo
Resultado Todasas
mulheres
Primíparas Nãoprimíparas Todasasmulheres Primíparas Nãoprimíparas
Prematuro 1,66(1,63-1,69) 1,91(1,83-1,99) 1,74(1,71-1,77) –- –-
–-Pós-termo 1,09(1,03-1,15) 0,86(0,72-1,03) 1,06(1,01-1,12) –- –-
–-BaixoApgarno1◦
min.
1,58(1,53-1,63) 1,40(1,29-1,52) 1,73(1,67-1,79) 1,44(1,39-1,50) 1,15(1,03-1,29) 1,62(1,55-1,69)
Asfixia 1,38(1,31-1,46) 1,28(1,09-1,50) 1,38(1,30-1,46) 1,27(1,18-1,36) 1,12(0,90-1,41) 1,25(1,16-1,35)
BaixoApgarno5◦
min.
1,49(1,44-1,55) 1,30(1,17-1,43) 1,55(1,50-1,61) 1,40(1,34-1,46) 1,09(0,95-1,25) 1,47(1,40-1,54)
Baixopesoao
nascer
1,83(1,80-1,86) 2,03(1,96-2,11) 1,94(1,91-1,97) 1,76(1,73-1,80) 1,85(1,76-1,95) 1,86(1,82-1,91)
Macrossomia 1,22(1,19-1,24) 0,92(0,85-0,99) 1,13(1,11-1,16) 1,22(1,20-1,25) 0,93(0,86-1,00) 1,14(1,12-1,16)
Escolaridade<12(n=6.416.096)
Prematuro 1,67(1,64-1,70) 1,99(1,89-2,10) 1,74(1,71-1,78) –- –-
–-Pós-termo 1,16(1,10-1,23) 1,12(0,92-1,36) 1,13(1,07-1,20) –- –-
–-BaixoApgarno1◦
min.
1,64(1,59-1,70) 1,59(1,44-1,75) 1,79(1,73-1,86) 1,51(1,45-1,57) 1,32(1,16-1,51) 1,69(1,61-1,77)
Asfixia 1,44(1,36-1,52) 1,44(1,20-1,74) 1,44(1,36-1,54) 1,35(1,25-1,46) 1,46(1,15-1,87) 1,33(1,23-1,44)
BaixoApgarno5◦
min.
1,56(1,50-1,62) 1,45(1,28-1,63) 1,63(1,57-1,69) 1,48(1,41-1,55) 1,26(1,08-1,48) 1,56(1,49-1,64)
Baixopesoao
nascer
1,87(1,84-1,90) 2,15(2,05-2,25) 1,98(1,94-2,01) 1,81(1,77-1,85) 2,00(1,88-2,14) 1,91(1,86-1,96)
Macrossomia 1,25(1,22-1,28) 1,00(0,91-1,10) 1,17(1,14-1,19) 1,26(1,23-1,29) 1,01(0,92-1,11) 1,18(1,15-1,20)
Escolaridade≥12(n=1.431.296)
Prematuro 1,61(1,56-1,68) 1,77(1,67-1,89) 1,72(1,65-1,80) –- –-
–-Pós-termo 0,71(0,60-0,84) 0,48(0,31-0,73) 0,70(0,58-0,84) –- –-
–-BaixoApgarno1◦
min.
1,30(1,19-1,41) 1,23(1,05-1,44) 1,44(1,30-1,60) 1,12(1,00-1,26) 0,99(0,79-1,23) 1,29(1,13-1,48)
Asfixia 1,11(0,95-1,30) 1,13(0,83-1,53) 1,06(0,88-1,27) 0,81(0,64-1,03) 0,59(0,34-1,04) 0,81(0,62-1,06)
BaixoApgarno5◦
min.
1,16(1,04-1,28) 1,20(0,99-1,45) 1,15(1,02-1,30) 0,96(0,83-1,11) 0,92(0,69-1,22) 0,97(0,82-1,15)
Baixopesoao
nascer
1,70(1,64-1,76) 1,96(1,84-2,07) 1,84(1,76-1,92) 1,57(1,49-1,66) 1,76(1,61-1,93) 1,71(1,60-1,83)
Adverseperinataloutcomesforadvancedmaternalage 497
Tabela3 Oddsratiosderesultadosadversosemgestac¸õesatermo(n=4.969.403),mães≥41anosenomínimoseteconsultas
pré-natal;deacordocomaprimiparidadeeoníveldeescolaridade,Brasil,2004-2009.Faixadereferência:21-34anos
Oddsratios(ICde95%)Primíparas Nãoprimíparas
Resultado Todasas
mulheres
n=1.940.267
Escolaridade<12
n=1.230.289
Escolaridade≥12
n=638.715
Todasas
mulheres
n=3.029.136
Escolaridade<12
n=2.507.515
Escolaridade≥12
n=521.621
BaixoApgar
no1◦min.
1,10(0,96-1,26) 1,26(1,07-1,48) 1,02(0,81-1,29) 1,60(1,51-1,70) 1,68(1,58-1,79) 1,40(1,21-1,62)
Asfixia 1,01(0,75-1,35) 1,39(1,01-1,92) 0,54(0,28-1,05) 1,20(1,07-1,35) 1,29(1,13-1,46) 0,95(0,72-1,27)
BaixoApgar
no5◦minuto
1,04(0,87-1,23) 1,17(0,95-1,45) 0,99(0,73-1,33) 1,38(1,29-1,48) 1,49(1,38-1,60) 1,07(0,89-1,30)
Baixopeso
aonascer
1,93(1,82-2,06) 2,09(1,92-2,26) 1,87(1,70-2,06) 1,83(1,77-1,89) 1,89(1,82-1,96) 1,74(1,61-1,87)
Macrossomia 0,91(0,84-0,99) 0,99(0,89-1,11) 0,88(0,77-1,00) 1,12(1,09-1,15) 1,16(1,13-1,20) 0,99(0,93-1,06)
119.162gestac¸õesqueincluíamasfaixas20-29e≥40anos foramestudadas (OR: 1,10 [0,99-1,23]).8 Esses resultados diferem dos achados de menor risco para mulheres mais velhas(OR:0,6[0,5-0,7]),primíparasounão.4Contudo,uma comparac¸ãoposteriorcom1.176.131mulheresentre20-24 e ≥35anos identificouaumentonosriscosparamulheres
maisvelhas(OR:1,67[1,63-1,72]).9
Com relac¸ãoao baixo índice de Apgar no1◦
minuto, a
tabela2mostraqueoriscoémaioremmulheres≥41anos,
porémémenoremnascidosatermo(OR:1,44[1,39-1,50]) eémínimoemprimíparas(OR:1,15[1,03-1,29]).Contudo, umníveldeescolaridade≥12anosimplicariscos
semelhan-tes entregrávidas ≥ 41 anos e grávidas entre 21-34 anos
(OR:0,99[0,79-1,23]).Umamaiorprevalênciadesse resul-tadoemprimíparas≥40anos,em comparac¸ãocomasde
20-29 anos, já foi indicada,6 embora os dados fornecidos nesseestudotenhamgeradoumIntervalodeConfianc¸abem amplo,de95%,comOR:2,05(0,24-17,41).
Oriscodeasfixiaémaioremmulheres≥41anos(tabela 2),excetoemmulherescomníveldeescolaridade≥12(caso
emqueosriscossãosemelhantes);eoriscoémenorentre gestac¸õesprimíparasa termo(OR:0,59 [0,34-1,04]).Esse riscofoidetectadoanteriormenteemmulheres≥40anos,
emcomparac¸ãocomasde20-29anos,independentemente deseremprimíparas(OR:1,6[1,4-1,8])ounão(OR:1,5 [1,4-1,7]).4
Comrelac¸ãoaobaixoíndicedeApgarno5◦ minuto,dois
estudosanterioresnãoencontrarammaiorriscoem mulhe-resmaisvelhas.6,7Contudo,essesestudosnãoconsideraram osproblemas que surgem aoavaliar o índice deApgar no 5◦
minutoemgestac¸õesprematuras.26,27Dentreasgestac¸ões atermo(tabela 2),oriscoé maiornogrupo≥41anos, a
menosqueasmãestenhamníveldeescolaridade≥12anos
(OR:0,92[0,69-1,22]e0,97[0,82-1,15],respectivamente, paraprimíparasenãoprimíparas).
Com relac¸ão ao baixo peso ao nascer, pode ser visto (tabela2)queoriscoémaioremmulheresmaisvelhas(OR: 1,83[1,80-1,86]),reduzidonasgestac¸õesatermoquandoa mãetemníveldeescolaridade≥12anos(OR:1,57
[1,49-1,66]). Uma pesquisa anterior que usou as faixas etárias entre25-30anosemcomparac¸ãocoma≥40anos(OR:3,08
[1,19-7,97]),12 ≥40 em comparac¸ão com20-34 (OR: 1,64 [1,20-2,25])13ouainda20-39emcomparac¸ãocom≥40(OR:
1,6[1,1-2,3])14 tambémconstatou queesse risco é maior em mulheres mais velhas. Contudo, outros pesquisadores argumentamqueoriscoémaiorapenasemprimíparas7ou mesmoque nenhum risco estáassociado à idade materna e paridade.28 Um efeito protetor geral do nível de esco-laridadeparao risco debaixopeso ao nascertambémfoi relatado.29
Comrelac¸ãoàmacrossomia,umriscomaiornãofoi iden-tificadoanteriormenteemmãesmaisvelhas.7,12,14Contudo, esteestudoconstatoumaiorriscoemmulheres≥41anos,
considerandotodasasgestac¸ões(OR:1,22 [1,19-1,24])ou nascimentosatermo(OR:1,22[1,20-1,25]),salvoseamãe forprimíparaoutiverníveldeescolaridade≥12anos.
Oefeitobenéficodoníveldeescolaridadesobreorisco deresultadosadversosaindaestápresenteemumcenário queconsideraapenasgestac¸õesatermocomnomínimosete consultaspré-natal(tabela3).Nessecaso,oriscoem mulhe-res≥41anossempreéreduzidocomoaumentodonívelde
escolaridadeeimplicaníveissemelhantesaosdasmãesnão primíparasentre21-34anos.
Deve-sedestacarqueafalta deconsenso noestudode resultadosperinataisadversosestárelacionadaaproblemas metodológicosque,frequentemente,nãosãoabordadosde forma adequada na literatura. Por exemplo, a definic¸ão de idade de referência pode afetar consideravelmente a avaliac¸ãodosriscosassociadosagestac¸õesemidadesmais avanc¸adas.Alémdisso,aavaliac¸ãodossubgruposnasfaixas etáriasprecisadeumtamanhodeamostraadequado,com podersuficientepara detectarossupostosefeitos. Pontos semelhantespodemserdestacadosquantoàestimativade riscosbaseadosemmodeloscommuitosfatoresdeconfusão. Como este estudo teve como base um número muito grandederegistrosdenascidosvivos,estimativasmais pre-cisasdoriscoderesultadosperinataisadversosemmulheres
≥41anos podemserobtidas comintervalos deconfianc¸a
estreitos.Osresultados estão em desconformidade coma literatura no que diz respeito a nascimentos prematuros e pós-termo, baixo índice de Apgar no 1◦ e 5◦ minutos
e macrossomia. Em muitos estudos, esses riscos não são apresentados ou são apresentados apenas em subgrupos específicos.
≥ 41 anos implicouriscos semelhantes, oumesmo
meno-res,aosparamulheresentre21-34anos.É razoávelsupor que esseefeito deve-se a umaassociac¸ão indireta com o resultado(porexemplo,fatoreseconômicos)eaassociac¸ões diretas, por exemplo, no que diz respeito à capacidade deumagrávidaentendereseguirasorientac¸õesmédicas. Obviamente, a importância dos fatoresclínicos não deve ser ignorada, porém a análise dos fatores socioeconômi-cospode possibilitaro desenvolvimentode estratégiasde saúde pública, por exemplo, para a melhor identificac¸ão degestac¸õesderisco.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
PartedestetrabalhofoipatrocinadapelaFAPERJ(Fundac¸ão deAmparoàPesquisadoEstadodoRiodeJaneiro),Capes (Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior), pelo Programa Proex (Pró-Reitoria de Extensão Universitária)epeloCNPq(ConselhoNacionalde Desenvol-vimentoCientíficoeTecnológico),aosquaisagradecemos.
Referências
1.Eisenberg VH, Schenker JG. Pregnancy inthe older woman: scientific and ethical aspects. Int J Gynaecol Obstet. 1997;56:163---9.
2.AntinoriS,GholamiGH,VersaciC,CerusicoF,DaniL,Antinori M,etal.Obstetricandprenataloutcomeinmenopausalwomen: a12-yearclinicalstudy.ReprodBiomedOnline.2003;6:257---61.
3.DATASUS. Sistema Nacional de Nascidos Vivos. SINASC; 2012
[citado15.01.2013].Disponívelem:http://goo.gl/S3xRu.
4.Gilbert WM, Nesbitt TS, Danielsen B. Childbearing beyond age40:pregnancyoutcome in24,032cases.ObstetGynecol. 1999;93:9---14.
5.GaoW,PatersonJ,CarterS, PercivalT.Riskfactors for pre-termandsmall-for-gestational-agebabies:a cohortfromthe PacificIslandsFamiliesStudy.JPaediatrChildHealth.2006;42: 785---92.
6.ZiadehS,YahayaA.Pregnancy outcomeatage40and older. ArchGynecolObstet.2001;265:30---3.
7.JahromiBN,HusseiniZ.Pregnancyoutcomeandmaternalage 40andolder.TaiwanJObstetGynecol.2008;47:318---21. 8.CaugheyAB,StotlandNE,WashingtonAE,EscobarGJ.Whois
at risk for prolonged and postterm pregnancy? Am J Obstet Gynecol.2009;200:683.e1---5.
9.Roos N, Sahlin L, Ekman-Ordeberg G, Kieler H, Stephansson O.Maternalriskfactorsforposttermpregnancyandcesarean deliveryfollowinglaborinduction.ActaObstetGynecolScand. 2010;89:1003---10.
10.Di Renzo GC, Giardina I, Rosati A, Clerici G, Torricelli M, Petraglia F, et al. Maternal risk factors for preterm birth: a country-based population analysis. Eur J Obstet Gynecol ReprodBiol.2011;159:342---6.
11.DriulL,LonderoAP,BertozziS,PeressiniL,VaninM,AiettiD, etal.Pregnancyoutcomeandneonatalhealthbymothersaged 40yearsandover.JMMS.2010;1:148---55.
12.DiejomaohMF,Al-ShamaliIA,Al-KandariF,Al-QenaeM,Mohd AT.Thereproductiveperformance ofwomenat40yearsand over.EurJObstetGynecolReprodBiol.2006;126:33---8. 13.TabcharoenC,PinjaroenS,SuwanrathC,KrisanapanO.
Preg-nancy outcome after age 40 and risk of low birth weight. JObstetGynaecol.2009;29:378---83.
14.KooYJ,RyuHM,YangJH,LimJH,LeeJE,KimMY,etal. Preg-nancyoutcomesaccordingtoincreasingmaternalage.Taiwan JObstetGynecol.2012;51:60---5.
15.AlmeidaMF,GuinsburgR,MartinezFE,ProcianoyRS,LeoneCR, MarbaST,etal.Perinatalfactorsassociatedwithearlydeathsof preterminfantsborninBrazilianNetworkonNeonatalResearch centers.JPediatr(RioJ).2008;84:300---7.
16.OddDE,RasmussenF,GunnellD,LewisG,WhitelawA.Acohort studyoflowApgarscoresandcognitiveoutcomes.ArchDisChild FetalNeonatalEd.2008;93.F115-20.
17.EhrensteinV.AssociationofApgarscoreswithdeathand neu-rologicdisability.ChemExpress.2009;1:45---53.
18.Thorngren-JerneckK,HerbstA.Low5-minuteApgarscore:a population-basedregisterstudyof1milliontermbirths.Obstet Gynecol.2001;98:65---70.
19.Moster D, Lie RT, Irgens LM, Bjerkedal T, Markestad T. The association ofApgar score withsubsequent death and cere-bralpalsy:apopulation-basedstudyinterminfants.JPediatr. 2001;138:798---803.
20.MosterD,LieRT,MarkestadT.JointassociationofApgarscores andearlyneonatalsymptomswithminordisabilitiesatschool age.ArchDisChildFetalNeonatalEd.2002;86.F16-21. 21.EhrensteinV,SørensenHT,PedersenL, LarsenH,HolsteenV,
RothmanKJ. Apgar score and hospitalization for epilepsy in childhood:a registry-basedcohortstudy.BMC PublicHealth. 2006;6:23.
22.LimaCR, EscamillaJA,Neto OL, Queiroz VP.Successful Bra-zilian experiences in the field of health information. USAID MEASUREevaluationproject;2006.[citado13.08.14]. Disponí-velem:http://goo.gl/Y35OG.
23.JewellNP. Statisticsfor Epidemiology.NewYork:Chapman& Hall/CRC;2004.
24.daSilvaLP,MoreiraCM,AmorimMH,deCastroDS,Zandonade E.EvaluationofthequalityofdataintheLiveBirth Informa-tionSystemandtheInformationSystemonMortalityduringthe neonatalperiodinthestateofEspíritoSanto,Brazil,between 2007and2009.CienSaudeColet.2014;19:2011---20.
25.GabrielGP,ChiquettoL,MorcilloAM,FerreiraMdoC,BazanIG, DaolioLD,etal.Evaluationofdataonlivebirthcertificatesfrom theInformationSystemonLiveBirths(SINASC)inCampinas,São Paulo,2009.RevPaulPediatr.2014;32:183---8.
26.CatlinEA,CarpenterMW,BrannBS4th,MayfieldSR,ShaulPW, GoldsteinM,etal.TheApgarscorerevisited:influenceof ges-tationalage.JPediatr.1986;109:865---8.
27.HegyiT,CarboneT,AnwarM,OstfeldB,HiattM,KoonsA,etal. TheApgarscoreanditscomponentsinthepreterminfant. Pedi-atrics.1998;101:77---81.
28.AwolekeJO.Maternalriskfactorsforlowbirthweightbabiesin Lagos,Nigeria.ArchGynecolObstet.2012;285:1---6.