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Avaliação da gestão de áreas contaminadas de uma unidade industrial, localizada no município de Cubatão, São Paulo

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS Campus de Rio Claro

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS DE UMA UNIDADE INDUSTRIAL, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CUBATÃO, SÃO PAULO

CARLOS DA SILVA ROSA

Orientador: Prof. Dr. Chang Hung Kiang

Dissertação de Mestrado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente – Área de Concentração Geociências e Meio Ambiente, para obtenção

do Título de Mestre em Geociências e Meio Ambiente.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS Campus de Rio Claro

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS DE UMA UNIDADE INDUSTRIAL, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE CUBATÃO, SÃO PAULO

CARLOS DA SILVA ROSA

Orientador: Prof. Dr. Chang Hung Kiang

Dissertação de Mestrado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente – Área de Concentração Geociências e Meio Ambiente, para obtenção

do Título de Mestre em Geociências e Meio Ambiente.

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Comissão Examinadora

Prof. Dr. Chang Hung Kiang - Orientador

Dr. Fernando de Melo Krahenbuhl

Dr. Rodrigo César de Araújo Cunha

Carlos da Silva Rosa - Aluno

(4)

Para aqueles que me ensinaram a importância do trabalho e da educação, meu pai Antonio (in memorian)

(5)

“Seja a mudança que você deseja ver no mundo”

(6)

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Chang Hung Kiang, pela valiosa e importante orientação na execução deste trabalho, pela sua amizade, paciência, compreensão e incentivo.

Aos Engenheiros Roberto Monteiro de Barros Rezende e Luiz Calixto de Oliveira Filho, pela autorização e incentivo à realização do curso de mestrado.

À Petrobras, pela sua política de capacitação de recursos humanos e pelo financiamento dos recursos para a participação no curso de mestrado e realização do trabalho.

Ao amigo Marcio Costa Alberto, que me incentivou a participar do programa e ajudou em todos os momentos na realização deste trabalho, contribuindo de forma expressiva nas discussões e co-orientação nos rumos da pesquisa.

Aos colegas do LEBAC, Marco, Didier, Andresa, Flávio, Prof. Mario, Fernando, Miguel, Joseli, Elias, Davi, Juliana, Sueli, Cristiane, Márcia, Dagmar e aos demais que por ventura tenha esquecido, pela boa recepção e colaboração, em todos os momentos.

À Profª Drª Maria Rita Caetano-Chang pela revisão e colaboração com o texto.

Aos Professores do Curso, em especial ao Professor Alexandre Perinotto, pela sua receptividade com os alunos, pela sua preocupação com a melhoria da qualidade do curso, conduzindo os trabalhos ao devido foco, e pela sua disciplina que nos fez pensar e definir os objetivos da pesquisa.

À minha esposa Myriam e filhos Luiz Eduardo e Marianna, que muitas vezes foram privados de passeios e outras atividades, para possibilitar o desenvolvimento desse trabalho.

A Deus, por ter me dado saúde e perseverança para concluir mais este curso, dentro de minha trajetória pelo alcance da capacitação e manutenção da minha empregabilidade.

(7)

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ... iii

ÍNDICE ... iv

ÍNDICE DE FIGURAS ... v

ÍNDICE DE TABELAS ... vi

RESUMO ... vii

ABSTRACT ... viii

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. OBJETIVOS ... 5

2.1. OBJETIVO GERAL ... 5

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 5

3. MÉTODO ... 6

4. A GESTÃO AMBIENTAL E OS PROBLEMAS DE CONTAMINAÇÃO DE SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA ... 7

4.1. EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO SEGMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO .... 20

4.2. GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS ... 25

5. O GERENCIAMENTO AMBIENTAL E DE ÁREAS CONTAMINADAS NA ÁREA DE ESTUDO . 37 5.1. GERENCIAMENTO NO PÓLO INDUSTRIAL DE CUBATÃO ... 37

5.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 39

5.3. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO ... 40

5.3.1. ETAPA DE PLANEJAMENTO (P) ... 46

5.3.2. ETAPA DE EXECUÇÃO (D) ... 48

5.3.3. ETAPA DE VERIFICAÇÃO (C) ... 50

5.3.4. ETAPA DE AÇÕES CORRETIVAS (A) ... 51

5.4. RESULTADOS OBTIDOS COM O GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS NA ÁREA DE ESTUDO ... 53

5.4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 54

5.4.1.1. GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA ... 54

5.4.1.2. VERIFICAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO E DA ÁGUA ... 61

5.4.1.3. DEFINIÇÃO DOS BENS A PROTEGER ... 62

5.4.1.4. DEFINIÇÃO DE ÁREAS SUSPEITAS OU IMPACTADAS... 64

5.4.2. DIAGNÓSTICOS, AVALIAÇÕES DE RISCO E REMEDIAÇÕES ... 65

6. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES ... 74

6.1. O PROBLEMA DE CONTAMINAÇÃO DE SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA E O SEU GERENCIAMENTO NO BRASIL ... 74

6.2. O GERENCIAMENTO DE ÁREAS IMPACTADAS NA ÁREA DE ESTUDO ... 78

6.3. O APRENDIZADO NO PROCESSO DE GERENCIAMENTO NA ÁREA DE ESTUDO ... 81

7. RECOMENDAÇÕES ... 83

(8)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma do gerenciamento de áreas contaminadas (CETESB, 1999). ... 28

Figura 2. Número de áreas contaminadas cadastradas pela CETESB. ... 31

Figura 3. Distribuição de Áreas Contaminadas por Atividade. ... 32

Figura 4. Fluxograma do gerenciamento de áreas contaminadas (CETESB, 2007) ... 33

Figura 5. Localização da Área de Estudo. ... 39

Figura 6. Instalações da Refinaria Presidente Bernardes, em 1956. ... 40

Figura 7. Investimentos da RPBC no período de 1999 a 2007. ... 42

Figura 8. Investimentos cumulativos da RPBC no período de 1999 a 2007. ... 42

Figura 9. Organograma simplificado da Gerência de SMS da área de estudo. ... 43

Figura 10. Modelo de Gestão de Áreas Impactadas da área de Estudo. ... 46

Figura 11. Recursos aplicados em áreas impactadas na área de estudo. ... 47

Figura 12. Investimentos aplicados em diagnóstico e remediação na área de estudo. ... 48

Figura 13. Check-list para verificação de laudos de análises químicas. ... 52

Figura 14. Aspectos geomorfológicos da área de estudo. ... 54

Figura 15. Geologia da região de estudo. ... 56

Figura 16. Descrição das litofácies identificadas na área (FUNDUNESP, 2000). ... 57

Figura 17. Modelo hidrogeológico conceitual da área de estudo (FUNDUNESP, 2000). ... 58

Figura 18. Mapa potenciométrico da área de estudo. ... 60

Figura 19. Distribuição da condutividade hidráulica (K) da zona saturada. ... 60

Figura 20. Técnicas de investigação utilizadas pela FUNDUNESP (2000). ... 61

(9)

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição das Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo. ... 32

Tabela 2. Investimentos da RPBC no período de 1999 a 2007. ... 41

Tabela 3. Dados de monitoramento do nível d’água e cota dos poços. ... 59

Tabela 4. Evolução do Gerenciamento de Áreas Impactadas na área de estudo. ... 66

(10)

RESUMO

(11)

ABSTRACT

(12)

1. INTRODUÇÃO

O evento da revolução industrial, que se iniciou no século XVIII, foi um marco tanto para o desenvolvimento econômico e social, quanto para a aceleração da poluição ambiental. Desde então, incidentes e acidentes envolvendo a contaminação do solo e da água subterrânea por substâncias químicas de características perigosas, foram registrados em diversos países do mundo, porém, apenas nos anos 1970, aqueles de maior repercussão foram percebidos como eventos de conseqüências danosas ao meio ambiente e à saúde humana.

O desconhecimento dos possíveis impactos das atividades potencialmente poluidoras e dos processos envolvidos na contaminação do solo e das águas subterrâneas foi uma das causas para a criação de vários passivos ambientais, os quais geraram riscos aos ecossistemas e à saúde humana.

Muitas áreas também foram contaminadas pela disposição de resíduos no solo ou pela utilização de tecnologia inadequada de armazenamento e transporte de produtos químicos, por se entender, à época, que se tratavam das melhores técnicas disponíveis.

(13)

Como exemplo de eventos de contaminação ocorridos no passado, pode-se citar a descoberta de mais de 200 tipos de resíduos industriais perigosos no Love Canal em Niagara Falls (Nova Iorque/EUA) e de resíduos dispostos irregularmente por indústria de tintas em Lekkerkerk (Holanda), ambos na década de 1970, em locais onde posteriormente foram utilizados como áreas residenciais. Estes eventos causaram danos graves à saúde da população, despertando a opinião pública quanto aos perigos oriundos da exposição das pessoas a substâncias perigosas, causando efeitos adversos à saúde.

No Brasil, entre os diversos casos conhecidos da comunidade científica e noticiados na mídia em geral, alguns foram amplamente divulgados à opinião pública, tais como: (1) o Condomínio Barão de Mauá, na cidade de Mauá/SP (2001), onde um conjunto residencial foi construído sobre um antigo local de disposição irregular de resíduos tóxicos industriais da empresa COFAP; (2) no bairro Recanto dos Pássaros, município de Paulínia/SP (2001), onde o solo e a água subterrânea encontram-se contaminados por organoclorados (drin), dentre outros produtos

químicos produzidos pela divisão de pesticidas da empresa Shell; (3) em Bauru, na fábrica de acumuladores da Ajax Ltda. (2002), que contaminou o solo e as águas superficiais e subterrâneas por chumbo, nos limites internos e externos da empresa.

A contaminação do solo e da água subterrânea por substâncias tóxicas pode ocorrer por diversas fontes, tais como:

x disposição inadequada de resíduos urbanos e industriais perigosos; x acidentes com derramamento de produtos químicos, combustíveis e

solventes;

x infiltração ou derramamento de substâncias, tais como pesticidas,

óleos, etc.

x efluentes industriais e urbanos.

(14)

x o tipo de contaminante (hidrocarbonetos, pesticidas, solventes,

bifelinas policloradas – PCBs, etc.);

x a constituição do meio físico (solo ou sedimento; granulometria,

porosidade, percentagem de carbono orgânico, etc.);

x o tipo de aqüífero (livre, confinado ou semi-confinado);

x as características da água subterrânea como velocidade do fluxo, pH

e temperatura, entre outros.

Países como os Estados Unidos da América (EUA), Canadá e mais recentemente o Brasil, responderam aos problemas causados por sítios contaminados com a busca do controle do risco causado pela poluição, gerando legislação pertinente e métodos de gerenciamento de áreas contaminadas.

Assim como os Órgãos Ambientais, as empresas têm se preocupado com os passivos ambientais existentes, pois comprometem a sua imagem, criam problemas de ordem legal em função do impacto ambiental, impedem a utilização das áreas com impacto, além de onerá-las, devido aos altos custos associados à investigação e à remediação dos passivos.

Nesta dissertação, pretende-se responder às questões apontadas a seguir, para a área de estudo situada no município de Cubatão, que compreende uma unidade industrial de refino de derivados de petróleo.

x O sistema de gerenciamento de áreas contaminadas implantado pelo

empreendedor, na área de estudo, é eficaz para identificar, avaliar e controlar os riscos associados aos bens a proteger?

x O sistema de gerenciamento de áreas contaminadas implantado pelo

empreendedor, na área de estudo, é compatível com as orientações contidas no Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas da CETESB (1999)?

x As orientações contidas no Manual de Gerenciamento de Áreas

(15)
(16)

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

A partir desta pesquisa pretende-se contribuir para o aperfeiçoamento das práticas de gestão de áreas contaminadas, por parte da empresa, visando a melhoria da qualidade nos processos decisórios, bem como nos de investigação e remediação, para garantir a conformidade sócio-ambiental do negócio e a redução dos custos associados.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

x Verificar a capacidade do modelo de gerenciamento de áreas

contaminadas da empresa, na área de estudo, para identificação e controle de áreas contaminadas e preservação dos bens a proteger.

x Determinar a compatibilidade do modelo de gerenciamento da

empresa com o método de gerenciamento sugerido pelo Órgão Ambiental do Estado de São Paulo.

x Determinar a compatibilidade das orientações contidas no Manual de

Gerenciamento de Áreas Contaminadas da CETESB (1999), com os objetivos empresariais e a sustentabilidade do negócio.

x Propor ações de melhoria da gestão das áreas contaminadas da

(17)

3. MÉTODO

Para atingir os objetivos propostos nesta dissertação, o método empregado consistiu de:

x levantamento bibliográfico sobre o tema;

x análise do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas,

publicado pela CETESB em 1999;

x análise do modelo de gestão de áreas contaminadas adotado pela

empresa (estudo de caso) para suas áreas contaminadas;

x análise dos impactos identificados no meio físico, na área de estudo,

(18)

4. A GESTÃO AMBIENTAL E OS PROBLEMAS DE CONTAMINAÇÃO DE SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA

A Conferência sobre Biosfera ocorrida em Paris, em 1968, mesmo sendo uma reunião de especialistas em ciências, marcou o despertar de uma consciência ambiental mundial, assim como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em junho de 1972, que colocou a temática ambiental nas agendas oficiais internacionais. Foi a primeira vez que representantes de diversos governos se uniram para discutir a necessidade de tomar medidas efetivas de controle dos fatores que causam degradação ambiental (BARBOSA, 2000).

A partir da Conferência de Estocolmo, popularizou-se a frase da primeira ministra da Índia, Indira Gandhi: “A pobreza é a maior das poluições”. Foi nesse contexto que os países do hemisfério sul afirmaram que a solução da poluição não era simplesmente frear o desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos não-renováveis (BARBOSA, 2000).

Em 1980, o Congresso Americano aprovou o Comprehensive Environmental

Response, Compensation and Liability Act - CERCLA, conhecido como Superfund,

cuja responsabilidade de implementação ficou a cargo da United States

Environmental Protection Agency – EPA. Este órgão foi investido de autoridade

(19)

ameaças de liberações de substâncias perigosas que pudessem pôr em risco a saúde pública ou o meio ambiente.

O CERCLA ou Superfund (fundo de crédito/programa de limpeza para áreas

contaminadas) criou, em 1980, a Agency for Toxic Substances and Disease Registry

- ATSDR, que é uma agência de comando do Serviço de Saúde Pública, e tem, dentre suas atribuições, a de implementar legislações relacionadas à saúde, objetivando proteger a população e o meio ambiente de substâncias perigosas, e a de conduzir a avaliação da saúde pública em cada um dos locais da lista nacional de prioridades da EPA (MAGALHÃES, 2000).

A Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundland), em seu histórico relatório de 1987 intitulado “Nosso Futuro Comum”, realçou a importância da proteção do ambiente na realização do desenvolvimento sustentável, ou seja, utilizar de forma racional os recursos naturais hoje disponíveis, para evitar prejuízo às futuras gerações (BARBOSA, 2000).

No Canadá, desde 1989, o Canadian Council of Ministers of the Environment -

CCME iniciou o Programa Nacional de Recuperação de Áreas Contaminadas, que impulsionou a gestão de sítios contaminados com materiais perigosos originados de atividades industriais ou comerciais (MAGALHÃES, 2000).

Grupos internacionais com objetivos comuns se desenvolveram nas últimas décadas do século XX, como: (1) Conselho do North Atlantic Treat Organization

NATO, que estabeleceu o Committee for Challenges to Modern Society – CCMS, em

1969, que tem como abordagem a transferência de tecnologia e soluções científicas entre nações com problemas ambientais similares, mais especificamente quanto a tecnologias de remediação; (2) Ad Hoc International Working Group for

Contaminated Land, que se iniciou em 1993, envolvendo 20 países e organizações

internacionais como a Food and Agriculture Organization - FAO e a Organization for

Economic Co-operation and Development - OECD, cobrindo aspectos políticos de

(20)

As recomendações da Conferência sobre Biosfera (1968) serviram de base para a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 (Rio 92), por ocasião do 20o aniversário da Conferência de Estocolmo (BARBOSA, 2000).

Os documentos resultantes da Rio 92 foram a Carta da Terra (rebatizada de Declaração do Rio) e a Agenda 21.

A Declaração do Rio visou “estabelecer acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global ambiental e desenvolvimento”.

Já a Agenda 21 dedicou-se aos problemas da atualidade e almejou preparar o mundo para os desafios do século XXI, refletindo o consenso global e o compromisso político em seu mais alto nível, objetivando o desenvolvimento e a preservação ambiental. No entanto, para implantação bem sucedida da Agenda 21, é necessário o engajamento e a responsabilidade dos governos e das empresas de classe mundial.

A Agenda 21 constitui um plano de ação, que tem por objetivo colocar em prática programas para frear o processo de degradação ambiental e transformar em realidade os princípios da Declaração do Rio.

Esses programas estão subdivididos em capítulos que tratam dos seguintes problemas: atmosfera, recursos da terra, agricultura sustentável, desertificação, floresta, biotecnologia, mudança climática, oceanos, meio ambiente marinho, água potável, resíduos sólidos, resíduos tóxicos e rejeitos perigosos, entre outros.

(21)

Também como resultado do movimento pela sustentabilidade do planeta e da necessidade de se gerar orientações relativas ao problema de contaminação de solo e água subterrânea, em 1993 a CETESB iniciou cooperação técnica com o Governo da Alemanha, através do Projeto CETESB/GTZ, com o objetivo de definir metodologias para identificação, avaliação e investigação de áreas contaminadas, e de verificar as medidas de remediação mais adequadas a serem adotadas para cada caso, além do desenvolvimento de um Cadastro de Áreas Contaminadas integrando um Banco de Dados informatizado para o Estado de São Paulo.

O solo foi considerado por muito tempo um receptor ilimitado de substâncias nocivas descartáveis, como o lixo doméstico e os resíduos industriais, com base no pressuposto poder tampão e potencial de autodepuração, que poderia levar ao saneamento dos impactos criados. Porém, essa capacidade, como ficou comprovada posteriormente, foi superestimada, sendo que somente a partir da década de 1970 foi direcionada maior atenção a sua proteção (CETESB, 1999).

Neste tema, o conceito de "Áreas Contaminadas", como sendo um local cujo solo sofreu dano ambiental significativo que o impede de assumir suas funções naturais ou legalmente garantidas, é relativamente recente na política ambiental dos países desenvolvidos, o mesmo ocorrendo no Brasil (CETESB, 1999).

O problema de contaminação do solo e das águas subterrâneas tem sido objeto de grande preocupação nas três últimas décadas em países industrializados, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Esse problema ambiental torna-se mais grave para centros urbanos industriais como a Região Metropolitana de São Paulo - RMSP.

Vários são os problemas gerados pelas áreas contaminadas. Sánchez (1998) aponta quatro problemas principais: existência de riscos à segurança das pessoas e das propriedades; riscos à saúde pública e dos ecossistemas; restrições ao desenvolvimento urbano; e redução do valor imobiliário das propriedades.

(22)

domiciliar, além do comprometimento de aqüíferos ou reservas importantes de águas subterrâneas. A literatura especializada em todo o mundo descreve inúmeros casos de contaminação das águas subterrâneas por diferentes tipos de fontes (SÁNCHEZ ,1998).

Como conseqüência da presença de áreas contaminadas podem ser geradas condições favoráveis para o acúmulo de gases em residências, garagens e porões, a partir de contaminação presente nos solos e água subterrânea por substâncias voláteis originadas, por exemplo, a partir de vazamentos de combustíveis ocorridos em postos de serviço ou pela produção de gases, como o metano, em áreas de disposição de resíduos urbanos.

Segundo Sánchez (1998), a existência de áreas contaminadas gera não somente problemas evidentes, com a ocorrência ou a possibilidade de explosões e incêndios, mas também danos ou riscos à saúde das pessoas e ecossistemas, por processos que se manifestam, em sua maioria em longo prazo, provocando o aumento da incidência de doenças em pessoas expostas às substâncias químicas através: (1) do consumo de água subterrânea captada em poços de abastecimento doméstico ou públicos; (2) do contato dérmico e da ingestão de solos contaminados, por crianças ou trabalhadores; (3) da inalação de vapores, e (4) do consumo de alimentos contaminados (hortas irrigadas com águas contaminadas ou cultivadas em solo contaminado e conseqüentes animais contaminados).

A presença de uma área contaminada pode representar também a limitação dos usos possíveis do solo, induzindo restrições ao desenvolvimento urbano e problemas econômicos relativos ao valor dos imóveis.

Nos vários países onde são desenvolvidas políticas no sentido de solucionar os problemas causados pela existência das áreas contaminadas, existem diferentes

definições para esse termo.

(23)

Na legislação do Reino Unido (Section 57 of the Environment Act, 1995), que

necessita de regulamentação para ser implantada, “... uma área contaminada é qualquer área ou terreno que se apresenta para a autoridade local em tal condição, apresentando substâncias na ou abaixo da superfície do terreno, onde um dano significativo está sendo causado ou existe a possibilidade de tal dano ser causado; ou a poluição de águas controladas está provavelmente sendo causada” (POLLARD & HERBERT, 1998 apud CETESB, 1999).

Na região de Flandres, na Bélgica, “uma área contaminada é definida como um local onde, como resultado das atividades humanas, resíduos estão presentes ou a poluição dos solos e águas subterrâneas ocorre ou pode ocorrer” (VAN DYCK,1995 apud CETESB, 1999).

Na legislação federal da Alemanha, que vigora desde 1999 (Bodenschutzgesetz), uma área contaminada é definida como “locais abandonados

de disposição, tratamento ou armazenagem de resíduos e áreas industriais abandonadas, onde substâncias ambientalmente perigosas foram manejadas, causando mudanças prejudiciais à qualidade do solo ou outros perigos para o indivíduo ou para o público em geral” (BIEBER et al., 1998 apud CETESB, 1999).

Nota-se que, nessas definições, existe uma preocupação em considerar não apenas a presença de poluentes, mas também a ocorrência de danos ou riscos aos bens a proteger, como a qualidade das águas em geral, a qualidade dos solos e das

águas subterrâneas, a saúde do indivíduo e do público em geral.

A definição do Reino Unido inclui a importância do órgão gerenciador, ou autoridades ambientais, que deverão decidir se uma área poderá ser classificada como contaminada ou não. Nessa definição não são fixados os compartimentos do meio ambiente que possam ser atingidos, enquanto na definição da região de Flandres o solo e a água subterrânea são destacados.

(24)

sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em subsuperfície, nos diferentes compartimentos do ambiente, por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para realização de aterros, na água subterrânea ou, de uma forma geral, nas zonas não saturada e saturada do solo, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas estruturas de construções.

Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios, propagando-se por diferentes vias como, por exemplo, o ar, o próprio solo, as águas subterrânea e superficial, alterando suas características naturais ou sua qualidade, determinando impactos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores.

Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), são considerados bens a proteger:

x a saúde e o bem-estar da população; x a fauna e a flora;

x a qualidade do solo, das águas e do ar;

x os interesses de proteção à natureza/paisagem;

x a ordenação territorial e o planejamento regional e urbano; x a segurança e a ordem pública.

Apesar de ainda não haver legislação específica para o problema das áreas contaminadas, Sánchez (1998) e Gloeden (1999) citam diversas legislações que abordam indiretamente o tema e norteiam a atuação dos Órgãos Ambientais, conforme segue:

x Lei Estadual 898/75, substituída pela Lei 9.866/97 – Proteção dos

Mananciais Metropolitanos;

(25)

x Decreto Estadual 8.468/76 – Regulamenta a Lei 997/76 e atribui a

responsabilidade de órgão executor à CETESB;

x Lei Federal 6.776/79 – Define as competências dos estados e

municípios sobre a questão de parcelamento do solo;

x Lei Federal 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente;

x Lei Estadual 6.134/88 e seu Decreto 32.955/91 – Dispõe sobre a

Preservação dos Depósitos Naturais Subterrâneos;

x Lei Federal 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos;

x Lei Estadual 9.509/97 – Política Estadual de Meio Ambiente;

x Lei Estadual 9.999/98 que altera a Lei 9.472/96 – Disciplina o uso de

áreas pelas indústrias;

x Lei Federal 9.605/98 – Crimes Ambientais.

Além das legislações supracitadas, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA está discutindo o estabelecimento de critérios e valores orientadores referentes à presença de substâncias químicas, para a proteção da qualidade do solo e sobre diretrizes e procedimentos para o gerenciamento de áreas contaminadas.

O Decreto Estadual 47.400/02 que regulamenta a Lei 9509/97, referente ao licenciamento ambiental, institui o procedimento obrigatório de notificação de suspensão ou encerramento de atividade, que deverá ser acompanhada de um Plano de Desativação que contemple a situação ambiental existente e, se for o caso, informe a implementação das medidas de restauração e de recuperação da qualidade ambiental das áreas que serão desativadas ou desocupadas.

No Estado de São Paulo, a CETESB divulgou, em 22/06/2007, a Decisão de Diretoria Nº. 103/2007/C/E, com objetivo de aprovar o novo Procedimento para Gerenciamento de Áreas Contaminadas, sendo criado o GRUPO GESTOR DE ÁREAS CRÍTICAS - GAC, com a composição descrita abaixo, atribuindo a Coordenação do GAC ao Departamento de Apoio Técnico da Presidência.

I – Presidência:

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b) Departamento Jurídico; e

c) Departamento de Comunicação Social;

II - Diretoria de Controle de Poluição Ambiental; e

III - Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental.

Foram estabelecidas atividades com prazos definidos de realização, a partir da data de aprovação do Procedimento de Gerenciamento de Áreas contaminadas, conforme segue:

x Elaborar, em 90 dias, as planilhas para avaliação de risco para áreas

contaminadas sob investigação;

x Revisar, em 180 dias, a lista de valores orientadores de intervenção,

com base nas planilhas para avaliação de risco para áreas contaminadas sob investigação;

x Revisar, em 180 dias, as tabelas de Níveis Aceitáveis Baseados em

Risco (NABR), do documento “Ações Corretivas baseadas em Risco (ACBR) aplicadas a Áreas Contaminadas com Hidrocarbonetos Derivados de Petróleo e Outros Combustíveis Líquidos”;

x Publicar, em 90 dias, o Roteiro para Realização de Investigação

Detalhada e elaboração de Plano de Intervenção em postos e sistemas retalhistas de combustíveis;

x Implementar, em 90 dias, o programa de capacitação nas Agências

Ambientais;

x Concluir, em 90 dias, as Instruções Técnicas para Gerenciamento de

Áreas Contaminadas para as áreas contaminadas relacionadas às atividades da Resolução CONAMA 273 e outra para as demais atividades potencialmente contaminadoras.

(27)

sistemas retalhistas de combustíveis, aprovados inicialmente por meio da RD 007/00/C/E, de 18/01/2000.

Com esse procedimento, a CETESB considera que o gerenciamento de áreas contaminadas reduzirá as etapas sujeitas à aprovação prévia por parte desse Órgão, com o objetivo de tornar ágil a implantação das medidas de intervenção, sem deixar de exercer o devido controle.

Segundo Sánchez (1998), na literatura especializada internacional e nacional são empregados vários termos que podem ser considerados sinônimos do termo "área contaminada", como “sítio contaminado”, “terrenos contaminados”, “solos contaminados” e “solo poluído”.

Outro termo normalmente encontrado na literatura especializada, principalmente quando se trata de áreas mineradas e de grandes obras civis, é o termo “área degradada”. Segundo Sánchez (1998), dando enfoque ao compartimento solo, o termo “degradação” é o termo mais amplo e engloba o termo “poluição”.

Esse autor considera que o termo “degradação do solo” significa a ocorrência de alterações negativas das suas propriedades físicas, tais como sua estrutura ou grau de capacidade, a perda de matéria devido à erosão e a alteração de características químicas devido a processos como salinização, lixiviação, deposição ácida e introdução de poluentes.

Dessa forma, pode-se definir uma área degradada como uma área onde ocorrem processos de alteração das propriedades físicas e/ou químicas de um ou mais compartimentos do meio ambiente. Portanto, uma área contaminada pode ser considerada um caso particular de uma área degradada, onde ocorrem alterações principalmente das propriedades químicas, ou seja, contaminação por compostos químicos industriais, áreas de armazenamento, acidentes, etc.

(28)

áreas degradadas predominantemente por processos químicos, ou áreas contaminadas, destacando-se que em determinadas áreas os dois processos podem ocorrer simultaneamente.

Segundo Sánchez (1998), a degradação por processos químicos pode ser separada em seis categorias de fontes de contaminação do solo e/ou água subterrânea:

x fontes projetadas para descarga de substâncias no subsolo, incluindo

tanques sépticos e fossas negras (normalmente pela descarga de efluentes de origem doméstica, vários tipos de compostos orgânicos e inorgânicos); poços de injeção de substâncias perigosas, águas salgadas da exploração de petróleo, etc. (a contaminação das águas subterrâneas pode ocorrer devido à construção inadequada do poço ou pela falha de projeto de construção do mesmo); aplicação de efluentes municipais ou industriais no solo, lodos de tratamento de água utilizados como fertilizantes, resíduos oleosos oriundos de processo de refinarias, sistema de tratamento de resíduos oleosos por processo de

landfarming;

x fontes projetadas para armazenamento, tratamento e/ou disposição de

substâncias no solo, nas quais estão incluídas as áreas de disposição de resíduos (aterros sanitários e industriais, lixões, botas-fora, etc.); lagoas de armazenamento e tratamento de vários tipos de efluentes industriais; depósitos ou pilhas de resíduos de mineração; tanques de armazenamento de substâncias, aéreos ou subterrâneos;

x fontes projetadas para retenção de substâncias durante o seu

transporte, como oleodutos, tubulações para o transporte de esgoto e efluentes industriais; transporte de substâncias químicas por meio de caminhões e trens;

x fontes utilizadas para descarga de substâncias como conseqüência de

(29)

fertirrigação de lavouras, aplicação de pesticidas e fertilizantes na lavoura; percolação de poluentes atmosféricos;

x fontes que funcionam como um caminho preferencial para que os

contaminantes entrem em um aqüífero (vetores preferenciais), como, por exemplo, poços de produção de petróleo e poços de monitoramento com falhas de construção e projeto, bem como poços para captação de água para consumo, também com problemas construtivos e sanitários;

x fontes naturais ou fenômenos naturais associados às atividades

humanas, das quais pode-se citar a interação entre águas subterrâneas e superficiais contaminadas, a ocorrência natural de substâncias inorgânicas nas águas subterrâneas e a intrusão salina em áreas costeiras e/ou estuarinas. A esta sexta categoria pode ser adicionada a contaminação do solo e da água subterrânea ocasionada por gases de processos produtivos ou outras fontes de poluição atmosférica (por exemplo, veículos automotivos), quando estes, contendo substâncias perigosas de alta toxicidade, podem ser lançados à atmosfera e se infiltram no solo carreado pelas águas de chuva.

Na Alemanha, os custos ecológicos relacionados a problemas do solo foram calculados em cerca de US$ 50 bilhões, sendo quase o dobro dos custos ecológicos relacionados à poluição das águas e do ar (US$ 33 bilhões – Der Spiegel 16/93,

p.292 apud CETESB, 1999). Pelos cálculos da Comunidade Européia, foram

identificadas cerca de 300.000 áreas contaminadas nos 12 países membros, estimando-se um total de 1.500.000 áreas potencialmente contaminadas (EEA, 1999

apud CETESB, 1999).

(30)

dos países possui regulamentos e procedimentos que tratam do assunto (BUTLER, 1996 apud CETESB, 1999).

A conceituação do assunto "áreas contaminadas" representa o primeiro passo em direção à criação de estruturas políticas, legais e institucionais, e serve para conscientização de toda a sociedade para que novas áreas contaminadas não sejam geradas.

Durante a década de 80, nos Estados Unidos e Canadá, várias indústrias foram fechadas e essas antigas áreas industriais localizadas nos centros das cidades, próximas a áreas com infra-estrutura urbana e bom acesso, atraíram os investidores, sendo elaborados projetos para reutilização dessas áreas, criando-se novas áreas residenciais, comerciais e industriais.

Após a investigação dessas áreas, foi constatado que várias se encontravam contaminadas, em decorrência das atividades desenvolvidas anteriormente; estas áreas industriais desativadas ou abandonadas contaminadas foram denominadas

brownfields.

Como conseqüência desse fato, o número de áreas contaminadas registradas cresceu exponencialmente e um novo enfoque surgiu, buscando-se prevenir a ocupação de brownfields, sem que ações destinadas à remediação dessas áreas

fossem realizadas.

Em função dos altos custos envolvidos na investigação e remediação dessas áreas, os investidores foram atraídos para áreas ainda não ocupadas, localizadas fora dos centros urbanos, conhecidas como greenfields, causando o abandono dos

brownfields e gerando um dos maiores e mais atuais problemas ambientais e sociais

existentes nesses países.

Nos Estados Unidos, estima-se que existam de 130.000 a 450.000 áreas enquadradas como brownfields, com um custo potencial para sua recuperação de

(31)

Apenas na cidade de Chicago, 18% das áreas industriais estão sem uso, o que corresponde a mais de 610 hectares ou cerca de 2.000 locais (BEAULIEU, 1998

apud CETESB, 1999).

As dificuldades em recuperar antigas áreas industriais também são observadas em outros países como, por exemplo, Reino Unido e Alemanha, onde existem propostas para utilização dessas áreas para uso residencial.

Segundo Silva (2002), na RMSP, principal região industrial do Brasil, antigas áreas industriais desativadas vêm sendo utilizadas para novos usos, como residencial, comercial ou industrial leve, indicando que existe grande possibilidade de sucederem os mesmos problemas observados nos países anteriormente citados.

Dessa forma, as indústrias desativadas, conforme destaca Cunha (1997), “provavelmente se incluam entre as fontes de contaminação do solo e das águas subterrâneas mais importantes na Região Metropolitana de São Paulo”.

O encaminhamento de soluções para essas áreas contaminadas, por parte dos órgãos que possuem a atribuição de administrar os problemas ambientais, deve contemplar um conjunto de medidas que assegurem tanto o conhecimento de suas características e dos impactos por elas causados, quanto a criação e aplicação de instrumentos necessários à tomada de decisão e às formas e níveis de intervenção mais adequados, sempre com o objetivo de minimizar os riscos à população e ao ambiente, decorrentes da existência das mesmas.

4.1. EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO SEGMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO

(32)

De um estágio econômico predominantemente exportador de produtos agrícolas, o país passou a um estágio de industrialização considerável, registrando crescimento de 9,3% a.a. da atividade industrial, no período de 1970 a 1990, com predominância de produtos manufaturados em sua pauta de exportações (VIANNA & VERONESE, 1992 apud BARBOSA, 2000).

Esse acelerado ritmo de industrialização e concentração de contingentes populacionais em áreas urbanas, principalmente a partir de 1960, passou a provocar profundos impactos no meio ambiente, tanto físico como econômicos e sociais, promovendo a atividade industrial como fator determinante nas transformações ocorridas.

O agravamento da questão ambiental começou a ser sentido em áreas com processo de industrialização mais intenso, como Cubatão, Volta Redonda, ABC Paulista e nas grandes metrópoles brasileiras, em decorrência do fenômeno de concentração de atividades urbanas e industriais.

A gestão dos problemas ambientais no Brasil evoluiu principalmente impulsionada pelo avanço da legislação ambiental, tendo focado inicialmente os problemas da poluição do ar e das águas superficiais, e posteriormente dos resíduos sólidos industriais.

Como principal conseqüência da participação brasileira na Conferência de Estocolmo (1972), que ressaltou a estreita vinculação entre desenvolvimento e seus efeitos sobre o meio ambiente, o governo brasileiro sentiu a necessidade e viu a oportunidade de institucionalizar autoridade em nível federal, orientada para a preservação ambiental do país, criando a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), em 30 de outubro de 1973.

(33)

A partir de 1975, órgãos ambientais foram criados nos diversos estados brasileiros, e começaram a surgir legislações e regulamentações específicas de controle ambiental nas instâncias federal, estadual e municipal.

Os estudos sobre impacto ambiental (EIA) passaram a ser uma exigência legal para construção de unidades industriais e de outros empreendimentos, somente a partir da Resolução CONAMA no 001, de 28 de fevereiro de 1986.

Em 1991, representantes de empresas de classe mundial, no âmbito da Câmara de Comércio Internacional, elaboraram a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável com 16 princípios relativos à gestão do meio ambiente. Essa carta foi oficialmente divulgada por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre Gestão do Meio Ambiente em 1991 (WICEM II), declarando que a preservação do meio ambiente é considerada uma das prioridades de qualquer organização. O objetivo desse documento foi o de ajudar organizações em todo o mundo a melhorar os resultados das suas ações sobre o meio ambiente.

Esse documento também considerou que as organizações versáteis, dinâmicas, ágeis e lucrativas deveriam ser a força impulsora do desenvolvimento econômico sustentável, assim como a fonte da capacidade de gestão e dos recursos técnicos e financeiros indispensáveis à resolução dos desafios ambientais. As economias de mercado, caracterizadas pelas iniciativas empresariais, passaram a ser essenciais à obtenção desses resultados.

A referida carta considera ainda, que as organizações precisam ter consciência de que deve existir um objetivo comum, e não conflito entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras (BARBOSA, 2000).

Tratando-se de meio ambiente, as pressões sobre as indústrias de classe mundial são maiores e envolvem diversos setores sociais.

(34)

modificado, alterando a relação dele com o homem. Assim, a sociedade civil, por meio de suas organizações, exerce pressão sobre a indústria para que ela diminua os efeitos prejudiciais ao meio ambiente de sua atividade (BARBOSA, 2000).

Mudanças importantes vêm ocorrendo nos últimos anos, principalmente relacionadas ao comportamento da sociedade e dos mercados, que exigem produtos ecologicamente corretos. Neste sentido, a lógica de maximização do lucro empresarial vem sendo questionada, condicionando as empresas à adoção e ao aprimoramento da gestão ambiental, à declaração de conformidade com a responsabilidade sócio-ambiental, e conseqüentes mudanças no seu perfil de produção.

A organização ambiental das empresas no Brasil varia em função do tamanho e do tipo de indústria. Normalmente, indústrias multinacionais, seguidas de empresas nacionais de maior porte, possuem departamentos ambientais nas fábricas e também em nível corporativo, com funções específicas (VIANNA & VERONESE, 1992 apud BARBOSA, 2000). Contemplada na estrutura

organizacional e interferindo no planejamento estratégico, passou a ser uma atividade importante nas empresas e/ou unidades destas, seja no desenvolvimento de atividades de rotina, seja na discussão dos cenários alternativos e a conseqüente análise de sua evolução, o que acabou gerando políticas, metas e planos de ação.

Essa atividade dentro da organização passou a ser de interesse dos presidentes e diretores, externamente aos investidores, e a exigir uma nova função administrativa na estrutura organizacional, que pudesse abrigar um corpo técnico específico e um sistema gerencial especializado, com a finalidade de propiciar à empresa uma integração articulada e bem conduzida de todos os seus setores e a realização de um trabalho de comunicação sócio-ambiental moderno e consciente.

(35)

na geração de resíduos, medidas para redução no consumo de energia e água, substituição de tecnologias, entre outras inovações ambientais.

Um exemplo da importância que a responsabilidade social e ambiental vem ganhando em nível mundial foi a criação do Índice de Sustentabilidade da Dow Jones (Dow Jones Sustainability Index – DJSI), associado à Bolsa de Nova Iorque.

O DJSI indica as empresas que têm responsabilidade social, ética e ambiental, enfatizando a necessidade de se trabalhar esses aspectos de forma integrada em cada negócio (Jornal do Commercio Recife - 14.01.2001).

Este primeiro índice de sustentabilidade foi lançado pelo mercado financeiro de Nova York em 1999. Na época, ele foi recebido com muito ceticismo pelo mercado, porém, atualmente, não há mais dúvidas de que foi fundamental não somente para estimular as empresas a adotarem práticas de responsabilidade, como também para dar visibilidade àquelas que se preocupam em incluí-las em suas estratégias de negócio (Gazeta Mercantil - 07/07/2006).

Em todo mundo, empresas de diversos setores vêm se empenhando para fazer parte desta carteira de índices de sustentabilidade. O principal objetivo dessas companhias é tornarem-se mais atrativas para os fundos que investem em empresas tidas como socialmente responsáveis, estimando-se que nos Estados Unidos esses fundos movimentem acima de US$ 1 trilhão ao ano.

"Para atrair a atenção desses investidores, não basta serem responsáveis, é preciso mostrar que se é", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas – FGV, de São Paulo. Na teoria, a participação em um índice de sustentabilidade é um atestado de que a companhia possui boas práticas de governança corporativa, de gestão ambiental e de relacionamento com consumidores, funcionários e fornecedores, entre outros. Na prática, a participação nesses índices vem representando ganhos financeiros (Revista Exame 30.11.2006).

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Nexen Inc, Repsol YPF, Royal Dutch Shell, Shell Canada Ltd., Statoil, Suncor Energy Inc., Talisman Energy Inc., Total S.A. (PETROBRAS, 06/09/2006).

Apesar da evolução dos conhecimentos tecnológicos para a produção mais limpa, da adequação das práticas de tratamento e disposição de efluentes e resíduos, da ampliação do conceito da gestão ambiental, muitos ainda são os problemas envolvendo passivos ambientais em áreas indústrias e urbanas.

Segundo CETESB (1999), o conceito da proteção dos solos foi o último a ser abordado nas políticas ambientais dos países industrializados, bem após os problemas ambientais decorrentes da poluição das águas superficiais e da atmosfera terem sido tematizados e tratados.

Novos empreendimentos, ampliações de instalações e unidades industriais têm sido planejados e construídos em áreas potencialmente contaminadas ou comprovadamente contaminadas, muitas vezes por falta de conhecimento do problema de contaminação, em virtude de mudanças no uso e ocupação do solo.

Silva (2002) descreve os problemas ocasionados com a evolução do uso e ocupação do solo na RMSP, onde várias unidades industriais foram desativadas sem avaliação de seus prováveis passivos, sendo ocupadas posteriormente por residências e comércios.

Então, torna-se visível a necessidade de legislação específica para o tema no Brasil, orientando todos os segmentos da sociedade para o gerenciamento de áreas contaminadas, visando a identificação, avaliação e controle dos riscos às pessoas e ao meio ambiente.

4.2. GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS

(37)

alguns casos pela necessidade de reutilização de áreas industriais para atividades mais sensíveis (moradia ou lazer, por exemplo) e, em outros casos, para atender a uma combinação de ambas as situações.

Em muitos países, a ocorrência de um ou mais acidentes estimulou a atenção do público, que passou a se preocupar com questões relacionadas a áreas contaminadas e a cobrar ações governamentais, as quais produziram a formulação de políticas, regulamentações e programas.

As políticas e abordagens de diversos países para lidar com áreas contaminadas diferem largamente devido a circunstâncias e fatores locais. Existem diferenças na definição de áreas contaminadas, nos procedimentos de avaliação de risco, na origem dos critérios de qualidade do solo, na metodologia para definir prioridades, nos conceitos de recuperação (“multifuncionalidade” e “aptidão para o uso”), nos procedimentos de remediação, na garantia de qualidade das investigações e remediação e no monitoramento (VAN DEN BRINK et al., 1995 apud

CETESB, 1999).

Sánchez (1998) identificou cinco tipos de abordagem governamental para lidar com os problemas gerados por áreas contaminadas.

x A abordagem negligente é observada em países ou regiões onde ainda

não existe um reconhecimento público dos problemas gerados pelas áreas contaminadas. Sob a alegação de que a população não se preocupa com esses problemas, não efetuando reclamações, ou alegando a existência de outros mais importantes como, por exemplo, de cunho social existentes em países em desenvolvimento, a questão das áreas contaminadas na maior parte das vezes é ignorada.

x A abordagem reativa caracteriza-se pela adoção de ações

(38)

x A abordagem corretiva adota formas planejadas e sistematizadas de

ação, prevendo-se as intervenções necessárias em áreas contaminadas prioritárias. Pressupõe a necessidade de remediar áreas contaminadas após a identificação e diagnóstico destas.

x A abordagem preventiva considera que, embora os contaminantes

possam ter-se acumulado durante a operação de um empreendimento, eles devem ser reduzidos ou eliminados quando de sua desativação ou fechamento. Tal enfoque pressupõe, no mínimo, a preparação e implementação de um plano de desativação do empreendimento.

x A abordagem proativa é aquela que busca evitar que a contaminação

se acumule durante a operação de um empreendimento, minimizando assim os impactos ambientais durante todo o ciclo de vida de uma instalação.

Segundo Sánchez (1998), os países que mais avançaram no trato da questão das áreas contaminadas, passando por etapas caracterizadas por posturas negligentes e reativas, evoluíram no sentido de adotar políticas corretivas e começaram também a esboçar ações de cunho preventivo, voltadas para alguns setores industriais/comerciais, cujo potencial de contaminação de solos é elevado.

A CETESB é o primeiro órgão de controle ambiental na América Latina a possuir um sistema organizado de gerenciamento de áreas contaminadas e se estruturar para enfrentar os problemas por elas causados. Em 1999, publicou o Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas e, em 2001, publicou o Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Água Subterrânea no Estado de São Paulo, que foi atualizado em 2005 (CETESB, 1999; 2001 e 2005).

(39)

Dessa forma, conforme ilustrado na Figura 1, foram definidos dois processos que constituem a base do gerenciamento de ACs denominados: processo de identificação e processo de recuperação.

Figura 1. Fluxograma do gerenciamento de áreas contaminadas (CETESB, 1999).

O processo de identificação de áreas contaminadas tem como objetivo principal a localização das áreas contaminadas, sendo constituído por quatro etapas:

AP – Área Potencialmente Contaminada

AS – Área Suspeita de Contaminação

(40)

x definição da região de interesse;

x identificação de áreas potencialmente contaminadas;

x avaliação preliminar; x investigação confirmatória.

O processo de recuperação de áreas contaminadas tem como objetivo principal a adoção de medidas corretivas nessas áreas que possibilitem recuperá-las de acordo com as metas estabelecidas para um determinado uso, a serem atingidas após a intervenção, adotando-se dessa forma o princípio da “aptidão para o uso”. Esse processo é constituído por seis etapas:

x investigação detalhada; x avaliação de risco;

x investigação para remediação; x projeto de remediação;

x remediação; x monitoramento.

Durante a execução das etapas de identificação do gerenciamento de ACs, em função do nível de informação referente a cada uma das áreas em estudo, estas podem ser classificadas como áreas potencialmente contaminadas (APs), áreas suspeitas de contaminação (ASs) e áreas contaminadas (ACs) (Figura 1).

As APs são aquelas onde estão sendo ou foram desenvolvidas atividades potencialmente contaminadoras, isto é, onde ocorre ou ocorreu o manejo de substâncias cujas características físico-químicas, biológicas e toxicológicas podem causar danos e/ou riscos aos bens a proteger.

(41)

contaminação no solo e nas águas subterrâneas e/ou em outros compartimentos do meio ambiente.

Uma AC pode ser definida resumidamente como a área ou terreno onde há comprovada contaminação, confirmada por análises, que pode ocasionar danos e/ou riscos aos bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores.

As informações obtidas nessas etapas devem ser armazenadas no Cadastro de Áreas Contaminadas, o qual se constitui no elemento central do gerenciamento de ACs. Essas informações podem ser utilizadas no controle e planejamento ambiental da região de interesse ou fornecidas para outras instituições públicas ou privadas, para diversos usos preconizados pelo planejamento urbano.

Para aplicação dos procedimentos necessários à realização de priorizações de áreas, na metodologia desenvolvida para o gerenciamento de ACs, são previstas três etapas de priorização. Os critérios utilizados para realizar essas priorizações consideram basicamente as características da fonte de contaminação (tipo de contaminante e tamanho da fonte de contaminação), as vias de transporte dos contaminantes e a importância dos bens a proteger.

O gerenciamento de ACs pode ser conduzido por um órgão federal, estadual, municipal ou até mesmo privado, que possua atribuição de controle dos problemas ambientais na região de interesse. Esse órgão deve se responsabilizar pela execução das etapas do processo de identificação de áreas contaminadas e pela fiscalização da execução das etapas do processo de recuperação, que caberá, normalmente, ao responsável pela contaminação, de acordo com o princípio do “poluidor pagador”.

(42)

de 2006, 1.822 áreas contaminadas. A Figura 2 apresenta a evolução do número de áreas contaminadas cadastradas, no Estado de São Paulo.

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

n.

d

e A

C

s

2002 2003 2004 mai

/05 nov

/05

mai/0 6

nov/06

Figura 2. Número de áreas contaminadas cadastradas pela CETESB.

Fonte: CETESB (2007)

Na Tabela 1 é apresentada a distribuição das áreas contaminadas no Estado de São Paulo.

Pode-se observar, pela evolução dos dados mostrados na Figura 3, que 74% (1.352 áreas) das áreas cadastradas no Estado de São Paulo são de postos de combustível. Este aumento foi impulsionado pelo licenciamento e diagnóstico do passivo ambiental, facultado na Resolução CONAMA no 273/2000, mas principalmente pelo procedimento adotado pela CETESB, a partir de julho de 2002, para convocação dos postos de combustíveis em operação.

(43)

Tabela 1. Distribuição das Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo. Região/Atividade Comercial Industrial Resíduos combustível Postos de desconhecidos Acidentes Total

São Paulo 28 56 22 486 2 594

RMSP - outros 14 76 11 273 4 378

Interior 49 93 22 432 12 608

Litoral 13 31 11 78 2 135

Vale do Paraíba 1 23 0 83 0 107

Total 105 279 66 1.352 20 1.822

Fonte: CETESB (2007)

Figura 3. Distribuição de Áreas Contaminadas por Atividade.

Fonte: CETESB (2007)

(44)

Cadastro de ACs

AP

AS

AI

AC

AMR

AR

Priorização 1 Priorização 2 Classificação 1 Classificação 2 Classificação 3 Exclusão Exclusão Exclusão Processo de identificação de ACs

Identificação de área com potencial de

contaminação

Avaliação Preliminar

Investigação Confirmatória

Identificação de área com potencial de

contaminação

Processo de reabilitação de ACs

Investigação Detalhada Avaliação de risco Concepção da remediação Projeto de remediação Remediação da AC Monitoramento AP áreas com potencial de contaminação

AS áreas suspeitas de contaminação AI áreas contaminadas sob investigação AC áreas contaminadas

AMR áreas em processo de monitoramento para reabilitação AR áreas reabilitadas para uso declarado

Exclusão áreas excluídas do cadastro de áreas contaminadas

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Segundo CETESB (2007), a metodologia de gerenciamento de áreas contaminadas é composta por dois processos: o de identificação e o de reabilitação de áreas contaminadas.

O processo de identificação de áreas contaminadas tem como objetivo principal definir a existência e a localização das áreas contaminadas sob investigação e é constituído por quatro etapas:

x definição da região de interesse;

x identificação de áreas com potencial de contaminação; x avaliação preliminar; e,

x investigação confirmatória.

O processo de reabilitação de áreas contaminadas tem como objetivo principal possibilitar a adoção de medidas corretivas visando atingir as metas estabelecidas para um uso preestabelecido, adotando-se, desta forma, o princípio da “aptidão para o uso”. É constituído por seis etapas:

x investigação detalhada; x avaliação de risco;

x concepção da remediação;

x projeto de remediação; x remediação; e,

x monitoramento.

Na realização das etapas dos processos de identificação e de reabilitação de áreas contaminadas, em função do nível das informações ou dos riscos existentes em cada uma das áreas em estudo, estas podem ser classificadas como área com potencial de contaminação (AP), área suspeita de contaminação (AS), área contaminada sob investigação (AI), área contaminada (AC), área em processo de monitoramento para reabilitação (AMR) e área reabilitada para o uso declarado (AR), conforme definições descritas a seguir.

x Área com potencial de contaminação (AP): área, terreno, local,

(46)

atividades que, por suas características, apresentam maior possibilidade de acumular quantidades ou concentrações de matéria em condições que a tornem contaminada.

x Área suspeita de contaminação (AS): área, terreno, local, instalação,

edificação ou benfeitoria com indícios de ser uma área contaminada (AC).

x Área contaminada sob investigação (AI): área, terreno, local,

instalação, edificação ou benfeitoria onde há comprovadamente contaminação, constatada em investigação confirmatória, na qual estão sendo realizados procedimentos para determinar a extensão da contaminação e identificar a existência de possíveis receptores, bem como para verificar se há risco à saúde humana. A área também será classificada como área contaminada sob investigação (AI), caso seja constatada a presença de produtos contaminantes (por exemplo, combustível em fase livre), ou quando houver constatação da presença de substâncias, condições ou situações que, de acordo com parâmetros específicos, possam representar perigo.

x Área contaminada (AC): área, terreno, local, instalação, edificação ou

benfeitoria, anteriormente classificada como área contaminada sob investigação (AI) na qual, após a realização de avaliação de risco, foram observadas quantidades ou concentrações de matéria em condições que causem ou possam causar danos à saúde humana. Por critério da CETESB, uma área poderá ser considerada contaminada (AC) sem a obrigatoriedade de realização de avaliação de risco à saúde humana quando existir um bem de relevante interesse ambiental a ser protegido.

x Área em processo de monitoramento para reabilitação (AMR):

(47)

considerada apta para o uso declarado, estando em curso o monitoramento para encerramento.

x Área reabilitada para o uso declarado (AR): área, terreno, local,

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5. O GERENCIAMENTO AMBIENTAL E DE ÁREAS CONTAMINADAS NA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está localizada na Baixada Santista, e faz parte do Pólo Industrial de Cubatão (SP).

5.1. GERENCIAMENTO NO PÓLO INDUSTRIAL DE CUBATÃO

O gerenciamento ambiental na região de Cubatão evoluiu muito, a partir da década de 1980, no esforço conjunto do Governo do Estado de São Paulo e das indústrias do pólo petroquímico para recuperação da cidade, devido aos efeitos da poluição, oriundos principalmente das emissões atmosféricas e dos despejos de efluentes líquidos industriais nos corpos d’água superficial.

O Programa de Controle das Fontes Primárias de Poluição em Cubatão foi lançado em 1983, quando se detectou a existência de 320 fontes de poluição do ar, das águas e do solo, em um universo de 23 indústrias instaladas no município situado na base da Serra do Mar, na Baixada Santista. Essas fontes foram caracterizadas de acordo com o tipo de indústria e divididas em grupos:

x Siderurgia – unidades de aciaria, sinterização, alto-forno, fundição,

(49)

x Fertilizantes – operações de manuseio de rochas fosfáticas, ácidos,

queima de combustível e geração de vários resíduos sólidos, granulados e gasosos;

x Minerais não-metálicos – unidades de cimento, gesso e concreto; x Refino de petróleo – unidades de craqueamento catalítico; e

x Química e petroquímica – unidades de produção de formol, resinas

poliéster, cloro, soda e ácido clorídrico, entre outros.

Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (2004), nas últimas duas décadas, o controle exercido pelo governo estadual, por meio da CETESB, obteve a redução de 97% das fontes de poluição primárias, sendo que:

x das 230 fontes de poluição do ar detectadas inicialmente, 207

encontram-se controladas;

x 44 fontes de poluição do solo, das 46 identificadas no início do

programa, estão sob controle ambiental;

x todas as 44 fontes de poluição de água, apontadas em 1983, também

estão controladas;

x do universo inicial abrangido pelo programa, 20 fontes de poluição

diversas foram desativadas e, atualmente, apenas 3 fontes de poluição do ar e 2 de solo continuam pendentes.

Passados 21 anos de início do programa, a CETESB, em 19/08/2004, anunciou o início da segunda fase deste, com o objetivo de reverter a situação das cinco fontes ainda pendentes da primeira fase e estabelecer o processo de melhoria contínua no pólo petroquímico de Cubatão que, até o início da década de 1980, era conhecido como o “Vale da Morte” por causa da deterioração ambiental e dos péssimos indicadores de qualidade de vida.

Além da adoção de um sistema de monitoramento on-line, no caso das

(50)

a identificação das plumas de contaminação do solo, a remediação de áreas impactadas e a implementação do licenciamento ambiental renovável (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2004)

5.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está localizada na região da Baixada Santista, na porção norte do município de Cubatão (Figura 5). O local dista 57 km da capital de São Paulo, sendo acessível pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SP 150 e SP 160) e Rodovia SP-55 Domênico Rangoni.

Figura 5. Localização da Área de Estudo.

(51)

dando início ao desenvolvimento do pólo petroquímico de Cubatão, no esforço do pós-guerra para atender a 80% do incipiente mercado interno. Quando foi inaugurada, em 1955, abastecia 50% do país, sendo que atualmente é responsável por 11% da produção de derivados no Brasil.

A unidade é cortada pelo rio Cubatão e pela antiga estrada de Santos, a primeira rodovia pavimentada com concreto do Brasil, atualmente denominada Caminho do Mar. Possui uma área de 7km2 e tem como produtos a gasolina de aviação, diesel metropolitano, gasolina Podium, componentes da gasolina da Fórmula 1, coque para exportação e uma capacidade instalada de 170 mil barris/dia para refino.

5.3. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO

A Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão – RPBC (Figura 6) acompanhou a evolução da gestão ambiental em Cubatão, sendo impulsionadora do seu programa de recuperação, por meio de investimentos contínuos de melhoria em suas unidades de produção, de forma a reduzir significativamente suas emissões de poluentes.

Figura 6. Instalações da Refinaria Presidente Bernardes, em 1956.

(52)

Nos últimos 9 (nove) anos, a Refinaria Presidente Bernardes - RPBC investiu R$ 432.342.000,00 (quatrocentos e trinta e dois milhões, trezentos e quarenta e dois mil reais) em Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional – SMS, conforme valores descritos na Tabela 2, que mostra os investimentos totais realizados pela RPBC entre 1999 e 2007, separando aqueles destinados à SMS, Meio Ambiente e a porcentagem do investimento em SMS em relação aos investimentos totais realizados. A Figura 7 mostra o investimento total e, deste, o que foi aplicado em SMS e Meio Ambiente; a Figura 8 mostra os valores cumulativos. Estes valores foram obtidos junto ao Setor de Planejamento e Controladoria da RPBC.

O Sistema de Gestão Ambiental da RPBC é parte do sistema de gestão integrada da Petrobras, certificado pelas normas ABNT NBR 9001/2000, 14001/2004, OHSAS 18001/1999 e SA 8000/2001, que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, atingir, analisar e manter o seu desempenho global.

Tabela 2. Investimentos da RPBC no período de 1999 a 2007.

ANO TOTAL SMS MA % EM SMS % EM MA CUMULATIVO TOTAL CUMULATIVO SMS CUMULATIVO MA

1999 18.847.000 5.630.000 3.216.000 29,87 17,06 18.847.000 5.630.000 3.216.000 2000 24.010.000 11.558.000 5.921.000 48,14 24,66 42.857.000 17.188.000 9.137.000 2001 65.013.000 37.625.000 18.656.000 57,87 28,70 107.870.000 54.813.000 27.793.000 2002 59.652.000 33.692.000 27.307.000 56,48 45,78 167.522.000 88.505.000 55.100.000 2003 60.961.000 36.000.000 26.197.000 59,05 42,97 228.483.000 124.505.000 81.297.000 2004 123.276.000 44.437.000 22.285.000 36,05 18,08 351.759.000 168.942.000 103.582.000 2005 163.444.000 117.098.000 32.334.000 71,64 19,78 515.203.000 286.040.000 135.916.000 2006 65.658.000 51.972.000 28.085.000 79,16 42,77 580.861.000 338.012.000 164.001.000 2007* 109.272.000 94.330.000 50.068.000 86,33 45,82 690.133.000 432.342.000 214.069.000 SOMA R$ 690.133.000,00 R$ 432.342.000,00 214.069.000 62,65 31,02

(53)

0 20.000.000 40.000.000 60.000.000 80.000.000 100.000.000 120.000.000 140.000.000 160.000.000 180.000.000

R$

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007* TOTAL

SMS MA

Figura 7. Investimentos da RPBC no período de 1999 a 2007.

0 50.000.000 100.000.000 150.000.000 200.000.000 250.000.000 300.000.000 350.000.000 400.000.000 450.000.000 500.000.000 550.000.000 600.000.000 650.000.000 700.000.000

R$

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 * CUMULATIVO TOTAL

CUMULATIVO SMS CUMULATIVO MA

Figura 8. Investimentos cumulativos da RPBC no período de 1999 a 2007.

(54)

Na Área de Negócios do Abastecimento, que é a área que define as diretrizes de Gestão às Refinarias, está expresso em sua Política de Gestão – “A atuação do Abastecimento, como agente central na cadeia produtiva da Petrobras, está ancorada na integração de seus processos e competências, expandindo e diversificando seu mercado, produtos e carteira de negócios, de maneira social e ambientalmente responsável, satisfazendo os clientes segundo critérios de qualidade, segurança e eficiência máximas” – e na sua diretriz n° 5 Segurança, Meio Ambiente e Saúde – “Atuar promovendo a qualidade de vida e o respeito aos aspectos de segurança, meio ambiente e saúde no trabalho”.

A estrutura necessária para garantir o alcance dos objetivos de segurança, meio ambiente e saúde ocupacional – SMS da empresa está descrita na sua estrutura organizacional, estando a função SMS ligada diretamente à Gerência Geral da unidade, conforme Figura 9.

GERENTE

GERAL

GERÊNCIA

DE SMS

GERÊNCIA DE SEGURANÇA

GERÊNCIA DE MEIO AMBIENTE

GERÊNCIA DE SAÚDE

Imagem

Figura 1. Fluxograma do gerenciamento de áreas contaminadas (CETESB, 1999).
Figura 2. Número de áreas contaminadas cadastradas pela CETESB.
Figura 3. Distribuição de Áreas Contaminadas por Atividade.
Figura 4. Fluxograma do gerenciamento de áreas contaminadas (CETESB, 2007)
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Referências

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