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Por que as cooperativas agropecuárias e agroindustriais brasileiras estão falindo?.

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18 RAE • v. 39 • n. 2 • Abr./Jun. 1999

POR QUE AS

COOPERATIVAS

AGROPECUÁRIAS E

AGROINDUSTRIAIS

BRASILEIRAS ESTÃO

FALINDO?

PALAVRAS-CHAVE

Cooperativismo, modelo, falência, participação, autogestão.

KEY WORDS

Cooperativism, model, bankruptcy, participation, self-management. ABSTRACT

This article evidences the contradictions of the Brazilian Cooperative System Model in relation to the Original Model. It deals with the intrinsic incoherences existing in the formation of the cooperative movement, in the principles for its ideological conduction, as well as in the regulation and statutory operationalization thereof. As from the analysis of these mistakes, the article shows the restrictions related to the exercise of “self-management”, and suggests changes in the cooperative system “laws” in force, which enable the participation of the associated parties in the decision making process.

RAE - Revista de Administração de Empresas • Abr./Jun. 1999 São Paulo, v. 39 • n. 2 • p. 18-26

Helnon de Oliveira Crúzio

Professor Doutor em Organização de Cooperativas da Universidade Estadual Paulista,

do Instituto Municipal de Bebedouro, da Faculdade Senador Fláquer e da Universidade Bandeirante de São Paulo.

RESUMO

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Os problemas relacionados com a dimensão

da organização cooperativa começam com o

paradoxo da proposta de “autogestão” em

relação à intervenção no movimento.

Este artigo resulta de uma pesquisa sobre os de-sempenhos organizacional e administrativo das coope-rativas brasileiras. Quanto às coopecoope-rativas dos seto-res agropecuário e agroindustrial, destacaram-se os problemas institucionais. De forma específica, trata-se de questões estatutárias, isto é, dos regimentos, con-siderando-se as incoerências dos direitos e dos deve-res na associação.

A pesquisa reflete indagações que repercutem nas relações gerais da organização (Rodrigues, 1993b; Zylbersztajn, 1994), assim como no comprometimen-to administrativo, que pode levar essas associações à falência econômica (Crúzio, 1994).

Os problemas evidenciados e aqui expostos, embo-ra extembo-raídos de um estudo de caso, podem ocorrer em todas as cooperativas desses setores. Em primeiro lu-gar, porque os princípios e as formas como ocorrem são comuns; em segundo, porque esses problemas fo-ram constatados em todas as regiões brasileiras (Benetti, 1982; Crúzio, 1991; Fleury, 1983; Rios, 1976; Schneider, 1991).

Cita-se como exemplo a apresentação de chapa úni-ca às eleições, situação rotineira, que permite a de-terminados grupos de sócios perpetuarem-se nos car-gos diretivos da cooperativa. Com isso, as decisões da administração são tomadas de forma unilateral, ten-do como conseqüência os acirramentos nas relações entre sócios e dirigentes, principalmente nas transações comerciais. Trata-se dos conflitos de interesses, em que, por um lado, o associado, insatisfeito com a direção, se utiliza de um benefício qualquer via cooperativa e, ao mesmo tempo, desvia sua produção para terceiros quando lhe convém em termos de preços. Por outro lado, a direção procura excluir esse associado dos be-nefícios da própria cooperativa quando, por exemplo, coloca restrições para o consumo de bens de produção ou quando impõe cotas à comercialização da produção. Problemas como esses são possíveis em todas as cooperativas desses setores, devido, provavelmente, às singularidades estatutárias.

No tópico seguinte são apresentadas quatro dimen-sões possíveis às cooperativas agropecuárias e agroin-dustriais brasileiras, dimensões essas que são pertinen-tes à delimitação e à análise dos problemas ora questi-onados.

MODELO DA PESQUISA

A primeira dimensão trata da intervenção externa na organização da cooperativa, isto é, da regimentação institucional de fora para dentro da associação, em detrimento da ação emancipadora do grupo cooperativista. Trata também dos objetivos indivi-duais dos cooperados versus os objetivos

coletivos da associação.

A segunda dimensão versa sobre as re-lações de poder na estrutura da cooperati-va, ou melhor, as hierarquizações dos ór-gãos incompatíveis com as amplitudes funcionais formalizadas.

A terceira dimensão trata das responsa-bilidades na administração da cooperativa, ou seja, das obrigações do “Conselho de Administração” em desacordo com as próprias decisões. A quarta dimensão versa sobre a autonomia para a fiscalização da cooperativa, isto é, das atribuições fis-cais do “Conselho Fiscal”, incoerentes com a depen-dência para o exercício funcional (Crúzio, 1993).

Essas dimensões, combinadas com os espaços e com os tempos das cooperativas, evidenciam onde e quando se iniciam os problemas na organização e na estrutura. Também revelam como e por que ocorrem esses problemas na administração e na fiscalização da cooperativa.

METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada sob a forma de estudo de caso, selecionando-se a Cooperativa Agropecuária da Região de Casa Branca (Coapecab), no estado de São Paulo.

A escolha foi fundamentada nos critérios dos de-sempenhos econômico e financeiro dessa cooperativa e também em função dos problemas institucionais na organização e na administração.

As amostras para as entrevistas foram constituídas por três categorias, todas extraídas dos quadros de só-cios e de funcionários contratados.

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Desse número, apenas 200 ainda mantinham algumas atividades com a referida cooperativa, conforme o “Ca-dastro de Fornecedores” da Coapecab (Coapecab, 1992b, 1993, 1994).

Dos questionários remetidos, obteve-se um retorno de 24, no decorrer de três meses. E, depois, mais 24, cujas entrevistas foram realizadas pelo próprio pesqui-sador. O total da amostra foi, portanto, de 48 sócios, isto é, 66% da média de 32 cooperados que participa-ram das “Assembléias”. Tais dados foparticipa-ram levantados desde a fundação da cooperativa, com o exame das “Atas” da Coapecab (Coapecab, 1979a, 1980, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986a, 1987, 1988, 1989a, 1990, 1991, 1992a).

O encaminhamento desses questionários deu-se jun-tamente com o “Edital de Convocação” da Coapecab (Coapecab, 1994), expediente do “Conselho de Admi-nistração” à “Assembléia-Geral Ordinária”, a fim de serem discutidas as difíceis situações institucional e econômica pelas quais a cooperativa passava.

A segunda categoria dos entrevistados foi consti-tuída por dois dirigentes do “Conselho de Administra-ção” - o Presidente e o Diretor Administrativo - e três sócios, membros do “Conselho Fiscal”.

A terceira categoria foi constituída por 16 funcio-nários, de um total de 22. Entre os entrevistados, in-cluíram-se os ocupantes dos cargos gerenciais e ope-racionais, tanto da área administrativa quanto técnica. Em seguida, são apresentados os indicadores utili-zados nas verificações dos desempenhos organizacio-nal e administrativo:

a) com relação ao nível decisório institucional: a integração das cotas-partes; a entrega da produção do associado na cooperativa; a aquisição de insumos e de bens de produção pelos associados; a assistência técnica recebida pelos associados; o serviço de crédi-tos e de financiamencrédi-tos prestado aos associados; a distribuição das sobras; a qualidade do atendimento aos associados; a influência dos associados nos pro-cessos de elaboração das decisões e no controle de sua execução; a freqüência dos associados nas assem-bléias; a iniciativa dos associados nas convocações para as assembléias; a influência e a participação dos associados na elaboração das pautas para as bléias; o relacionamento dos associados nas assem-bléias, levando-se em conta os pedidos das explica-ções, as sugestões, as discordâncias e os debates; a participação dos associados nos critérios dos preços, da qualidade e da quantidade dos produtos a produzir e a comercializar na cooperativa;

b) com relação ao nível decisório deliberativo: a qualificação econômica e educacional dos conselhei-ros administrativos com relação à região e ao quadro social; a rotatividade dos membros conselheiros admi-nistrativos nos cargos diretivos e fiscais da cooperati-va; a consulta dos conselheiros administrativos nas assembléias, considerando-se as decisões quanto à po-lítica salarial, à contratação funcional, à determinação dos critérios, à comercialização, à compra de bens de produção e de consumo, à admissão ou demissão de sócios e aos empréstimos financeiros externos;

c) com relação ao nível decisório fiscal: a indepen-dência financeira e funcional dos conselheiros fiscais para examinar e controlar as decisões diretivas e fun-cionais; o conhecimento dos conselheiros fiscais com relação ao exercício das auditorias contábil e financei-ra; a rotatividade dos conselheiros fiscais nos cargos dos Conselhos Fiscal e de Administração; a freqüên-cia das auditorias nas contas gerais da cooperativa; os relacionamentos dos conselheiros fiscais com os asso-ciados, considerando-se a prestação e a qualidade das informações; os relacionamentos dos conselheiros fis-cais com o quadro funcional contratado, observando-se a fiscalização dos observando-serviços prestados aos associa-dos, a informação e o esclarecimento prestados aos as-sociados; a fiscalização das decisões do “Conselho de Administração”, atentando-se para a missão, os obje-tivos e as políticas da cooperativa, bem como as deter-minações da “Assembléia-Geral de Sócios”;

d) com relação ao nível decisório funcional: o co-nhecimento técnico dos empregados em relação às exi-gências das tarefas e das atividades funcionais; o co-nhecimento especializado dos empregados, referente às exigências das funções financeira, produtiva, comer-cial e de pessoal; os conhecimentos técnicos e especi-alizados do quadro funcional contratado, em relação aos conhecimentos dos conselheiros administrativos e fiscais; a influência do quadro funcional contratado no processo de elaboração das decisões, levando-se em conta as determinações dos salários, dos preços, da quantidade, da qualidade e dos prazos para a produ-ção, a comercializaprodu-ção, as compras e as vendas dos insumos e dos bens de produção; a qualidade do servi-ço funcional prestado aos associados, considerando-se a demora, os modos e as preferências.

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Concomitantemente à aplicação dos questionári-os, levantaram-se os desempenhos do capital, do fa-turamento, dos volumes da produção e da comerciali-zação e os perfis econômico e financeiro desde a fun-dação da Coapecab, chegando-se às taxas dos cresci-mentos reais ano após ano (Crúzio, 1994).

Todos os dados e informações foram extraídos das Atas das Assembléias-Gerais, dos Demonstrativos Fi-nanceiros, dos Balanços Patrimoniais e dos Relatórios Anuais da Administração.

Paralelamente às entrevistas, acompa-nharam-se as rotinas administrativa e ope-racional da cooperativa, práticas essas que permitiram verificar o processo decisório e as respectivas ações.

As análises dos dados e das informa-ções foram realizadas mediante os cruza-mentos das diferentes respostas, obtidas nos diferentes questionários por níveis decisórios, confrontos esses que possibi-litaram as apurações percentuais dos in-dicadores dos desempenhos organizacio-nal e administrativo (Crúzio, 1994).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os problemas relacionados com a dimensão da or-ganização cooperativa começam com o paradoxo da proposta de “autogestão” em relação à intervenção no movimento.

Por exemplo, a “Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB” defende que “o cooperado, atra-vés de sua participação ativa, direcione as ativida-des da cooperativa para os interesses que lhes dizem respeito”. Por outro lado, estabelece que “o sistema, através da coordenação nacional, definirá as diretri-zes que embasarão a execução da auto-gestão [sic]” (OCB, 1996).

Ta i s p o l í t i c a s s ã o c o n t r a d i t ó r i a s p o r q u e a “autogestão”1 proposta pelo modelo original prevê a

autocoordenação nas cooperativas, isto é, um gover-no independente.

Ademais, implícitos nessa “coordenação nacional” se encontram o registro e o pagamento das taxas obri-gatórias a favor da OCB, assunto por demais questio-nado e desfavorável às autonomias organizacional e administrativa das cooperativas (Fleury, 1983; Frantz, 1982; Loureiro, 1981; Moura, 1973; Pinho, 1973).

Esse poder “OCBniano”, de cima para baixo das estruturas cooperativas, também se reflete na Coapecab.

Assim, nas pesquisas, verificou-se que, na “Assem-bléia-Geral Ordinária”, a maioria dos sócios não se encontrava à vontade para opinar ou então se ausenta-va da reunião. Por um lado, porque as pautas para as discussões se restringiam aos interesses da Direção, isto é, eram pautas fechadas; por outro, porque o associado insatisfeito comparecia às assembléias apenas para as-sinar o “Livro de Presença”, problema também consta-tado em outras pesquisas (Araújo, 1982).

A situação encontrava-se agravada porque os in-teresses individuais de determinados sócios se con-flitavam com os interesses coletivos da associação. O problema é de ordem organizacional, favorecido pe-las incoerências estatutárias, cujo modelo regimental segue as instruções da OCB.

Nesse caso, formaliza-se para a cooperativa “regu-lar o exercício da atividade econômica em caráter co-mum” e também que os associados “não pratiquem outra atividade que possa prejudicar os interesses e os objetivos da sociedade ou com estes colidir”. Contra-riamente, legaliza-se o “livre ingresso de produtores, desde que atuem na atividade agrícola, pecuária ou extrativa” (Coapecab, 1979b, 1986b, 1989b).

Na Coapecab, contatou-se determinado Sócio Di-rigente, membro do “Conselho de Administração” e arrendador de terras para outros sócios da mesma as-sociação; além disso, mantenedor de um cargo no poder público local.

São essas situações diversas que geram interesses antagônicos dentro da cooperativa, considerando-se as vantagens individuais nos benefícios da “economia de escala”2, cujos resultados decorrem da cooperativa.

Por exemplo, a Direção da Coapecab, em vez de dedicar esforços administrativos à cultura do algodão, dedica esforços às culturas extensivas, como as cultu-ras da laranja e da cana-de-açúcar, que são beneficia-das pelos recursos gerais da cooperativa. Como

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qüência, as culturas locais se tornam secundárias ou, então, extintas. Daí a exclusão dos associados, na gran-de maioria, pequenos produtores. Esses problemas tam-bém foram constatados em outros estudos (Araújo, 1982; Benetti, 1982; Coradini, 1982; Duarte, 1986).

Como alternativa, esses produtores se tornam mão-de-obra nas grandes propriedades dos Dirigentes cooperativistas (Müller, 1981) ou, quando muito, ar-rendatários destes.

Essas situações são incompatíveis com os objeti-vos da cooperativa, conforme o que se expressa estatutariamente. Observe-se, nesse caso: “a Socieda-de tem por objetivo a Socieda-defesa econômico-social Socieda-de seus cooperados, com base na colaboração recíproca”.

São situações incoerentes com a proposta original do cooperativismo, além do que evidenciadas e criticadas por outros pesquisadores do tema (Loureiro, 1981; Pinho, 1973; Rios, 1976).

Schneider (1991) afirma que é importante ter no-ções claras sobre o princípio da “Adesão Livre e Aber-ta” e de suas conseqüências para o exercício da demo-cracia cooperativa.

De acordo com a “Secretaria Executiva” da “Alian-ça Cooperativa Internacional - ACI” (ACI, 1991), em cooperativas agrícolas, em princípio, só podem parti-cipar da sociedade agricultores, e não intermediários dos produtos agrícolas ou prestamistas. Caso admiti-dos, concorrerão decisivamente com os objetivos da organização. Devem prevalecer, portanto, as condições de certa homogeneidade econômica, social e profissi-onal no quadro de sócios da cooperativa, como nas pri-meiras associações (Cole, 1991).

Os problemas relacionados com a dimensão da estru-tura cooperativa começam com os paradoxos das super-posições dos poderes deliberativo e executor em relação ao poder máximo da “Assembléia-Geral de Sócios”.

Estatutariamente, legaliza-se a “Assembléia-Geral de Sócios”, órgão-fim da associação, autoridade máxi-ma para decidir sobre a missão, os objetivos e as polí-ticas gerais da Coapecab.

Por outro lado, compete ao “Conselho de Adminis-tração” deliberar sobre a qualidade, a quantidade e os preços dos produtos a comercializar, bem como sobre as cotas de produção e sobre os valores salariais para os quadros diretivo e funcional contratados (Coapecab, 1979b, 1986b, 1989b).

Esse Conselho, no entanto, termina ultrapassando o limite da função deliberativa. Ou melhor, em vez de implementar as determinações da “Assembléia-Geral de Sócios”, o Conselho acaba decidindo sobre os fins dos recursos gerais da cooperativa. Até o quadro gerencial contratado incorre nessa superposição de poder hierárqui-co. Nesse caso, a “Assembléia-Geral de Sócios”, quando convocada e reunida, não passa de mera formalidade, ou seja, cumpre apenas as cláusulas estatutárias. Prova disso é que, enquanto o nú-mero do quadro social crescia, desde a fundação da Coapecab, o número de participantes decrescia nas “Assem-bléias” (Crúzio, 1994).

Tal situação reflete a baixa participa-ção do associado no processo decisório, isto é, nas determinações sobre onde e quando inves-tir, sobre o que, quanto e como produzir e para quem vender a produção.

Problemas como esses também foram constatados por outras pesquisas e em diferentes regiões do país: nas cooperativas da Região Nordeste (Crúzio, 1989; Novaes, 1981), nas da Região Sul (Perius, 1983; Tabliapietra, 1979), nas da Região Norte (Crúzio, 1991) e nas da Região Centro-Oeste (Schneider, 1991).

Além disso, esses problemas também foram abor-dados por Lassere (1991), Lauschner e Schneider (1974) e, ainda, nas discussões sobre a “participação” no cooperativismo na América Latina (Desroche, 1964; Jouvenel, 1991; Lacroix, 1991).

Os problemas relacionados com a dimensão da administração cooperativa ocorrem com os parado-xos da tomada de decisão do “Conselho de Adminis-tração” em relação aos descompromissos com os re-sultados das ações.

Estatutariamente, legaliza-se a responsabilidade solidária pelas obrigações que os Dirigentes eleitos cumprirem em nome da associação. Acrescenta-se a

Os problemas relacionados com a

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isso o rateio das despesas da associação decorrentes dos custos operacionais diretos ou indiretos com essas obrigações, tenham ou não os cooperados desfrutado dos seus serviços (Coapecab, 1979b, 1986b, 1989b).

São cláusulas estatutárias paradoxais porque, no dia-a-dia da Direção, as decisões que originam essas des-pesas são tomadas de forma unilateral, mas em nome da cooperativa.

Tal situação é refletida em 52% dos associados insatisfeitos com a Direção, principalmente quan-do convocaquan-dos para pagar dívidas

decorrentes de decisões das quais não tomaram parte nem das quais, muito menos, foram informados (Crúzio, 1994).

Nesse contexto, 16,7% dos asso-ciados revelaram que a comercializa-ção do associado com a Coapecab

nunca satisfez e 31,3% nunca estiveram de acordo com os preços gerais em relação às vendas da cooperativa para terceiros. Isso revela um quadro que comprova a baixa freqüência dos cooperados nas “Assembléias-Gerais” e, conseqüentemente, a tomada de decisão uni-lateral. Vale lembrar que, dos 1.515 associados, com-pareceram em média, desde a fundação da Coapecab, apenas 32 associados.

Esses problemas refletem as inúmeras articulações jornalísticas: o “Colapso da Cooperativa Cotia” (Hayashi, 1993); “A crise das cooperativas agrope-cuárias” (A crise, 1994); a falência geral das coope-rativas brasileiras em “O risco do dominó” (O risco, 1 9 9 3 ) ; “ O c o o p e r a t i v i s m o n o f i o d a n a v a l h a ” (Tibúrcio, 1993); “CAC abandonou colonizadores do Cerrado” (CAC, 1993).

Os problemas relacionados com a dimensão da fis-calização cooperativa ocorrem com os paradoxos da autonomia fiscal formalizada para o “Conselho Fis-cal” em relação à dependência financeira do próprio investigado.

Estatutariamente, legaliza-se o “Conselho Fiscal”, órgão competente para averiguar as decisões do “Con-selho de Administração”, isto é, fiscalizar os cumpri-mentos da missão, os objetivos e as políticas da coo-perativa, bem como as determinações da “Assembléia-Geral de Sócios”. Por outro lado, restringe-se o exer-cício da função quando o pagamento das despesas, com eventuais auditorias externas, depende da autorização do “Conselho de Administração”, muito embora se for-malize que esses gastos serão por conta da cooperativa (Coapecab, 1979b, 1986b, 1989b).

Registre-se que, enquanto o “Conselho de Admi-nistração” pode exercer um mandato máximo de qua-tro anos, o do “Conselho Fiscal” é de apenas um ano. Se, por um lado, objetiva-se dinamizar a permuta dos conselheiros, por outro, facilita-se a desconti-nuidade das auditorias, situação que se reflete na baixa rotatividade dos conselheiros fiscais. Prova disso é que 89,9% dos entrevistados responderam que nunca foram eleitos para os cargos do “Conselho Fis-cal” da Coapecab.

Conforme os levantamentos da pesquisa, nos 15 anos de existência da Coapecab, deveriam ocorrer, pelo menos, 90 permutas, considerando-se o número de 1.515 associados. Apenas 28,9% foram eleitos uma vez e 71,1% revezaram-se entre si, considerando-se o pra-zo máximo de um ano em relação às mudanças.

Ocorreu o mesmo com os membros do “Conselho de Administração”: das 35 chances para permutarem os cargos, apenas 37,15% foram eleitos uma vez. Ou-tros 62,9% revezaram-se entre si, mas sob a mesma Direção. Tudo isso considerando-se a possibilidade de renovação a cada três anos, os 15 anos de existência da Coapecab e os 1.515 associados (Crúzio, 1994).

Isso equivale a dizer que o poder deliberativo da Coapecab ficou sob a Direção de determinado grupo por 13 anos consecutivos e que houve altas taxas de rotati-vidade entre os membros de determinado grupo para os cargos dos Conselhos de Administração e Fiscal. Por isso, caracteriza-se a cooptação ora defendida.

Com relação às descontinuidades das auditorias, a “Legislação Cooperativista” (Schneider, 1991) prevê a prescrição em quatro anos da ação para anular as de-liberações do “Conselho de Administração”, caso te-nha ocorrido erro, dolo, fraude ou simulação.

Essa alta rotatividade entre os mesmos conselhei-ros reflete, portanto, os resultados de interesses nas auditorias e, ainda, a disfunção do “Conselho Fis-cal” para os exames das contas e dos resultados da cooperativa.

Problemas como esses também foram apontados em outras pesquisas. Nas cooperativas do Rio Gran-de do Sul, os balanços são Gran-desconhecidos antes da

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Os problemas relacionados com a dimensão da

fiscalização cooperativa ocorrem com os

paradoxos da autonomia fiscal formalizada

para o “Conselho Fiscal” em relação à

dependência financeira do próprio investigado.

realização da “Assembléia-Geral”, fato que impede os associados de opinar e votar conscientemente (Barreto, 1980).

Em “análise dos processos de controle e fiscaliza-ção”, nas “Cooperativas do Sistema Fecotrigo”, foi res-saltado que a atividade do “Conselho Fiscal” resume-se aos aspectos contábeis e financeiros (Auozani, 1989). Em outra pesquisa, verifica-se que normalmente se descuida da avaliação de desempenho do “Conselho de Administração” à luz dos objetivos e das políticas dessas cooperativas (Eschenburg, 1986).

Nessa perspectiva, as atividades desenvolvidas nas “AssembléiGerais”, principalmente sob os as-pectos fiscais, não passam de mera homologação de relatórios. Isso significa que essas atividades são alheias tanto às averiguações dos conselheiros fis-cais quanto ao acompanhamento pelos associados (Schneider, 1991).

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Constituíram-se como hipótese da pesquisa os processos das falências sob os aspectos econômico e institucional das cooperativas agropecuárias e agroindustriais brasileiras, associados aos seguin-tes paradoxos:

a) a proposta de “autogestão” em relação à interven-ção no movimento;

b) as superposições dos poderes deliberativo e execu-tor em relação ao poder máximo da “Assembléia-Geral de Sócios”;

c) os descompromissos com as ações e os resultados administrativos em relação às próprias decisões do “Conselho de Administração”;

d) a sucessiva cooptação econômica do poder fiscal em relação à investigação dos poderes deliberativo e executor.

Historicamente, esses paradoxos são revitalizados

desde o final da década de 30, quando as cooperativas passaram para o controle do Estado (Lauschner e Schneider, 1974; Pinho, 1973). A partir desse período, retiraram-se as autonomias organizacional e adminis-trativa das cooperativas brasileiras. Com isso, desca-racterizou-se o modelo em relação ao modelo original dos “Pioneiros de Rochdale”3.

No Nordeste brasileiro, por exemplo, surgiram as primeiras Cooperativas Agrícolas, lançadas pelas “In-tendências Provinciais”, ou seja, pelos Governos Esta-duais impostos pelo “Governo Central”. Por essa ra-zão, os dirigentes cooperativistas eram indicados e empossados, con-forme os interesses do “Governo Cen-tral”, nessa ou naquela região brasi-leira (Cavendish, 1981; Luz, 1991).

No Sul, por volta de 1955, as coo-perativas também foram submetidas aos interesses desse “Governo Cen-tral”. Conforme o “Plano Mestre”, houve a intenção de tornar o país “auto-suficiente na produção de trigo”. Dentro desse plano, houve libera-ção dos financiamentos e dos subsídios para os produ-tores, desde que se filiassem às cooperativas, situação que favoreceu a expansão do cooperativismo implan-tado de cima para baixo (Schneider, 1991).

Houve também o desenvolvimento de uma “Legis-lação Cooperativista” (Schneider, 1991) própria para atender aos objetivos daquele “Governo Central”, con-sistindo em um conjunto de leis elaboradas por “tecnoburocratas”, sem a participação dos interessa-dos na ação comunitária de sustentação (Crúzio, 1994). Nessa etapa de intervenção, a principal conse-qüência para as cooperativas brasileiras foi a exclu-são do associado no que se refere aos fins da própria organização. Atualmente, essa situação é refletida na administração interna, com o processo decisório uni-lateral ora questionado.

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to-das as cooperativas brasileiras. O mesmo ocorre com as filiadas em cada estado brasileiro, ou seja, as repre-sentações das “Organizações das Cooperativas Esta-duais - OCEs”.

Trata-se de estruturas amplas e dispendiosas quan-to à verticalização, centralizadas quanquan-to ao processo decisório nas cooperativas e lentas quanto ao atendi-mento das necessidades imediatas dos

associados.

Essas situações refletem outras ar-ticulações jornalísticas sobre os proble-mas gerais das cooperativas brasileiras, como o “gigantismo” (Macedo, 1993) da estrutura cooperativista ou os obs-táculos às propostas de melhorias (Kerinec, 1991).

Ademais, os recursos públicos quando solicitados em nome dos pe-quenos produtores por meio das

coo-perativas (Junqueira, 1993) quase sempre se perdem ao longo dessas estruturas, considerando-se as “antiburocracias” criadas pelos excessos dos níveis hierárquicos, dos órgãos e das respectivas funções autodenominadas “de confiança” (Crúzio, 1994).

Trata-se das superestruturas cooperativistas, com-plexas demais para atender aos objetivos-fins da asso-ciação de cooperados, mas propícias aos desvios finan-ceiros gerais, como demonstra o exemplo envolvendo o “Banco Nacional de Crédito Cooperativista - BNCC” (Ministro, 1989).

São situações reproduzidas e revitalizadas pela “Le-gislação Cooperativista” (Le“Le-gislação Cooperativista, 1971) em vigor, já desenvolvida na década de 30, isto é, instrumento regimental das cooperativas inconsis-tente com o modelo original, além de ultrapassado no que se refere à descentralização, à flexibilização etc., características requeridas pelos mercados emergentes e pela competitividade organizacional.

Isso explica as singularidades dos problemas or-ganizacionais e administrativos em todas as coopera-tivas desses setores. Ou melhor, se os ditames da “Le-gislação Cooperativista” (Le“Le-gislação Cooperativista, 1971) são reproduzidos, por exemplo, via “ICA” (ICA, 1993a), na forma de “Estatuto Social”, pelos regimen-tos estatutários comuns às cooperativas, significa que todas estão comprometidas ou sujeitas aos paradoxos aqui defendidos.

Como sugestão, poder-se-ia refazer a “Legislação Cooperativista” (Legislação Cooperativista, 1971) em uso, missão a ser desempenhada com a participação de

todos os interessados e/ou necessitados da ação comu-nitária de sustentação. Nesse sentido ou, pelo menos, em torno dessa idéia de mudança, incluem-se pesqui-sadores brasileiros e internacionais (Bugarelli, 1973; Gerber, 1973; Lauschner e Schneider, 1974; Lambert, 1970; Magalhães, 1973; Pinho, 1973; Rodrigues, 1993a e 1993b; Paas, 1974; Watkins, 1991).

Por meio de uma consulta (plebiscito) às ações comunitárias de sustentação, poder-se-ia iniciar essa mudança, a renovação institucional ou mesmo o re-desenho ou a renovação da(s) organização(ões) da(s) classe(s) por classes cooperativistas: dos produtores de grãos, dos produtores agropecuaristas, dos pes-cadores, dos proprietários de haras, dos coletadores de artefatos usados, dos prestadores dos serviços de segurança, dos trabalhadores urbanos, dos funcioná-rios do serviço público, dos professores etc.

Cada tipo de cooperativa teria o seu próprio regi-mento estatutário, conforme as especificidades dos ser-viços, da produção ou da comercialização, pois, como são obrigadas a inscrever-se na “Junta Comercial” (ICA, 1993b), dispensar-se-ia qualquer outro órgão de registro e/ou de controle.

Com isso, se legitimariam as normas, os regimen-tos e as leis do cooperativismo brasileiro, ou melhor, a representação institucional legal desenvolvida pelos próprios interessados na ação comunitária, cabendo ao Estado a orientação e a educação.

Só assim se poderia resgatar a participação de to-dos os associato-dos nos fins organizacionais de cada gru-po cooperativado, permitindo a influência de todos os associados nos processos de elaboração das decisões e no respectivo controle das ações.

Em suma, propiciar a participação do associado no processo decisório que determina o que, como e para quem produzir e comercializar, bem como onde e quando investir os recursos gerais da cooperativa e também o quanto investir.

A participação do associado no processo

decisório determina o que, como e para quem

produzir e comercializar, bem como onde e

quando investir os recursos gerais da

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26 RAE • v. 39 • n. 2 • Abr./Jun. 1999

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NOTAS

1. Segundo Mladenatz, um dos maiores historiadores do cooperativismo, a “autogestão” na forma de cooperação é uma ação emancipadora feita por meio da organização de interesses do trabalho. A organização do trabalho realiza o seu caráter emancipador pela iniciativa dos próprios interessados. Trata-se de uma ação de auto-ajuda, bem distinta da ajuda de caráter filantrópico e da ajuda do poder público, em defesa dos interesses dos mais fracos. Cabe, portanto, ao poder público e/ou privado apoiar as iniciativas de auto-ajuda sem interferir na administração interna, pelas imposições dos controles institucionais ou pela obrigatoriedade de taxas gerais. Ver MLADENATZ, G. Tradução

de Turmino. Historia de las doctrinas cooperativas. Buenos Aires: Intercoop, 1969. 249p.

2. Segundo Salvatore, a economia de escala reflete a redução dos custos mediante a escala de produção. Ver SALVATORE, O. Custos de produção. In: _________. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1977. p.185-95.

3. Para Mladenatz, esse foi o primeiro Modelo de Cooperativa oficialmente registrado. Em meio a uma crise geral, em 1843, nos distritos de Yorkshire e de Lacashire, na região de Rochdale, na Inglaterra, surgiu o Grupo Rochdale. Cerca de

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