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Incidência de danos da broca dos ponteiros em diferentes genótipos de soja.

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ISSN 0103-8478

Paulo Ricardo Ebert SiqueiraI Paulo Ricardo Baier SiqueiraII

Incidência de danos da broca dos ponteiros em diferentes genótipos de soja

Damage incidence of the bean shoot borer on different genotypes of soybean

RESUMO

A broca dos ponteiros Crocidosem a aporem a (Walsingham, 1914) (Lepidoptera: Tortricidae) é uma espécie potencialmente prejudicial à cultura da soja, particularmente em regiões de temperaturas mais amenas, como no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. O nível de dano aos ponteiros é influenciado pela época de semeadura e varia conforme o genótipo. Na atualidade, as informações disponíveis no Brasil referentes às diferenças de ataque de C. aporema entre genótipos comerciais são escassas. Este trabalho teve como objetivo avaliar os danos aos ponteiros de 18 genótipos comerciais de soja, comparados em dois grupos, conforme o grau de maturidade relativa (GMR), nos estádios fenológicos V.4, V.6, V.8, V.10, R.2 e R.4, durante o ano agrícola 2009/2010, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul. Foram encontradas diferenças significativas de ataque entre os genótipos de ciclo mais longo: a cultivar ‘Fundacep 59’ foi a menos atacada neste grupo e as cultivares ‘Fepagro RS-10’ e ‘Fundacep 45 – Missões’ foram os genótipos com maiores danos aos ponteiros. Constatou-se, ainda, que o nível de dano variou conforme o estádio fenológico de maneira distinta para cada genótipo, havendo cultivares com maior ataque nos estádios vegetativos e cultivares mais atacadas nos estádios reprodutivos. O monitoramento dos danos aos ponteiros identificou somente uma vez, na cultivar ‘Fepagro RS-10’, a necessidade de adoção de controle, por ter sido alcançado o nível de 30% de ponteiros atacados por C. aporema.

Palavras-chave: Crocidosema aporema, resistência a insetos,

Glycine max.

ABSTRACT

The Borer moth Crocidosem a aporem a

(Walshingham 1914) (Lepidoptera: Tortricidae) is a potentially

harmful species to the soybean crops, particularly in the areas of temperate weather, like those in the southernmost section of Rio Grande do Sul State. Level of damage caused on the late crops of the season is influenced by sowing time and varies according to the genotype. Currently the available information in Brazil pertinent to the variaton on C. aporema onslaught on commercial  genotypes  is  scarce.  This paper  evaluated  the damage provoked on late-season crops upon eighteen soybean commercial genotypes, compared in two groups according to relative maturity degree (RMD), in the V.4, V.6, V.8, V.10, R.2 and R.4 phenological states, during the agricultural year 2009/ 2010, in the Campanha Region of Rio Grande do Sul. Significant differences on attack levels were found among the longer cycle genotypes, being the ‘Fundacep 59’ cultivar the least attacked in this group and ‘Fepagro RS-10’ and ‘Fundacep 45 – Missions’ cultivars the genotypes presenting the highest damage to the crops. Level of damage varied differently according to the phenological stage for each genotype; there were cultivars suffering from highest attack levels during their vegetative stages and cultivars under heavier attack on reproductive stages. Monitoring of damage to the late-season crops identified only once, in the ‘Fepagro RS-10’ cultivar, the need for control adoption, when the level of 30% of attacked crops by C. aporema was reached.

Key words: Crocidosema aporem a, pest-resistant crops,

Glycine max.

INTRODUÇÃO

A cultura da soja é responsável pela maior área cultivada no Brasil, ocupando, na safra 2010/11, um total de 23.314.520 hectares, equivalente a 50,12%

IDepartamento de Fitossanidade, Universidade da Região da Campanha (URCAMP), 96400-110, Bagé, RS, Brasil. E-mail:

siqagro@uol.com.br. Autor para correspondência.

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da área total com cereais, leguminosas e oleaginosas (IBGE, 2011). Diversas pragas atacam a lavoura de soja no país, com destaque para os percevejos (Hemiptera:

Pentatomidae) Piezodorus guildinii (Westwood,

1837), Nezara viridula (Linnaeus, 1758) e Euschistus

heros (Fabricius, 1794) e para lagartas desfolhadoras

(Lepidoptera: Noctuidae) Anticarsia gemmatalis (Hübner, 1818) e Pseudoplusia includens (Walker, 1857) (CORRÊA-FERREIRA & PANIZZI, 1999; SILVA et al., 2003). A broca dos ponteiros, Crocidosema

aporema (Walsingh am, 1914) (Lepidopter a: Tortricidae), ainda é uma praga ocasional da soja, mas

que requer atenção devido ao potencial de dano e à dificuldade de controle, sendo mais importante em algumas áreas restritas, especialmente em locais de temperaturas mais baixas (CORRÊA & SMITH, 1976; HOFFMANN CAMPO et al., 2000). Esse inseto é a principal praga da soja na Argentina (GOLDBERG et al., 2002) e, no Uruguai, está presente nas lavouras desde 1970, associada ao cultivo de feijão e, a partir de 1980, concomitante à expansão de soja naquele país, C.

aporema tornou-se uma praga importante nesta cultura

e de leguminosas forrageiras (ALZUGARAY, 2003). As larvas de C. aporema tecem fios de seda e, já no segundo ínstar, unem os dois bordos do folíolo e nos ínstares subsequentes a larva une os três folíolos do broto, formando um cartucho (IEDE, 1980). Esse abrigo reduz significativamente as chances das larvas serem predadas, como verificado na Argentina, por GONZÁLEZ et al. (2009), quando a predação de C.

aporema por Misumenops pallidus (Aran eae: Thomisidae), uma importante espécie de aranha

presente nas lavouras de soja, foi a mais baixa entre diversas espécies de insetos pragas e não pragas.Já o parasitismo natural em larvas de C. aporema na cultura da soja, na Argentina, durante o verão, foi de 46% e, no outono, esse índice atingiu 61%, com predomínio de

Trathala sp. (Hymenoptera: Ichneumonidae) e

Bracon sp. (Hymen optera: Braconidae)

(LILJESTHRÖM & ROJAS FAJARDO, 2005).

C. aporema é influenciada pelo ciclo da

cultivar e pela época de semeadura, de maneira que as cultivares com ciclo de maturação tardio e semeadas no final da época de semeadura geralmente são mais atacadas (CORRÊA & SMITH, 1976), o que também foi observado no Rio Grande do Sul por CORSEIUL et al. (1974), os quais consideram os meses de maiores danos aos ponteiros sendo janeiro e fevereiro, com maior ocorrência na região litorânea deste Estado.

No Estado de São Paulo, foram encontradas respostas diferentes entre genótipos de soja ao ataque

de C. aporema nos ponteiros, sendo as linhagens IAC 78-2318 e IAC 78-3278 as menos danificadas em dois anos de avaliação consecutivos, sem haver referência às características morfológicas ou bioquímicas das lin hagen s que condicionaram o menor ataque (LOURENÇÃO & MIRANDA, 1983). A linhagem IAC 78-2318, além de resistência a C. aporema, também apresentou reduzida colonização por Bemisia tabaci (Gennadius) e baixo nível de desfolhamento causado por Cerotoma arcuata (Oliv.), Diaphaulaca

viridipennis Clark e por lagartas como A. gemmatalis,

con siderada portador a de resistência múltipla (LOURENÇÃO & MIRANDA, 1987).

No Estado do Rio Grande do Sul, não é conhecida a capacidade dos genótipos suportarem níveis diferenciados de ataque de C. aporema, sendo a tomada de decisão para o controle químico de C.

aporema fundamentada na contagem do número de

ponteiros atacados, e recomendado o uso de inseticida quando 30% das plantas apresentarem os ponteiros atacados pela broca (REUNIÃO, 2009).

No Uruguai, pesquisas realizadas nas safras 2005/2006 e 2006/2007, avaliando inseticidas adequados ao manejo integrado de pragas da soja, concluíram que metoxifenozide e triflumuron apresentaram eficiência comparável ao organofosforado clorpirifós na redução dos danos de C. aporema aos ponteiros da soja (ZERBINO, 2007), já no Rio Grande do Sul, o controle químico é recomendado com o inseticida parationa metílica, de elevada toxicidade para predadores e abelhas (REUNIÃO, 2009). Sendo assim, este trabalho avaliou a incidência de danos aos ponteiros de soja causados por C. aporema em 18 genótipos durante a safra agrícola 2009/2010 na Região da Campanha do Rio Grande do Sul.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no município de Hulha Negra (31º23’12,0” Sul, 53º55’47,1” Oeste e altitude 196 metros), na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, em solo classificado como Vertissolo Ebânico órtico (STRECK et al., 2008). A pesquisa ocor r eu em con dições de in festação natural, apresentando áreas limítrofes de espécies hospedeiras de C. aporema como cornichão Lotus corniculatus (Leguminosae) e trevo vermelho Trifolium pratense (Leguminosae) (ALZUGARAY, 2003), além de lavouras comerciais de soja próximas.

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na semeadura 262kg ha-1 de 00-42-00 e 75kg ha-1 de

00-00-60. O tratamento de sementes ocorreu com o fungicida Apron RFC® (fluodioxonil 25g L-1 + metalaxil

M37,5g L-1) na dosagem de 200mL do produto comercial

(PC) por 100kg de sementes e, no dia da semeadura, r ealizou-se a in oculação das sementes com

Bradyrhizobium japonicum. Para análise do presente

estudo, foram comparados 18 genótipos de soja, os quais foram separados em dois grupos, conforme o grau de maturidade relativa (GMR) (ALLIPRANDINI et al., 2009). O grupo “1” foi formado por genótipos com GMR entre 6,6 e 7,3: BRS 154, BRS Taura RR, CD 201, CD 206, CD 231 RR, CD 232, CD 239, Fepagro 31RR e Fepagro 36 RR. O grupo “2” foi formado por genótipos com GMR entre 7,5 e 8,2: BRS 266, BRS Pampa RR, CD 205, CD 219 RR, Fepagro RS 10, Fundacep 39, Fundacep 54 RR, Fundacep 45 Missões e Fundacep 59.

Foi adotado o delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. As unidades experimentais foram constituídas por cinco fileiras de soja, cada uma com 5m de comprimento e espaçamento de 0,5m. Em 16 de dezembro de 2009, realizou-se a semeadura direta sobre resteva de trigo, após a eliminação de plantas invasoras com herbicida de ação total. Foram efetuados desbastes de plântulas, de modo que todas as unidades experimentais apresentassem 12 plantas por metro linear, equivalendo à densidade de 240.000 plantas por hectare, conforme preconizado para o Rio Grande do Sul (240.000 a 360.000 plantas por hectare) (REUNIÃO, 2009). Em 10 de janeiro de 2010, efetivou-se o controle de plantas de trigo voluntárias através da aplicação do herbicida Verdict R®

(haloxifope-P-metílico 120g.i.a. L-1) na dosagem de

500mL PC ha-1, enquanto o controle de raras plantas

invasoras latifoliadas foi realizado por arranquio manual. Realizaram-se duas pulverizações do fungicida Priori® (azoxistrobina 250g.i.a. L-1) na dosagem de 300mL

ha-1, a primeira em 19 de fevereiro e a segunda no dia

nove de março de 2010.

O controle de A. gemmatalis ocorreu em 1º de fevereiro, por meio da pulverização de Dissulfan®

(endossulfam 350g.i.a. L-1) na dosagem de 625mL PC

ha-1. P. guildinii foi controlado em 19 de fevereiro e 2

de março com endossulfam na dosagem de 625mL PC ha-1 em mistura a cloreto de sódio (500g. 100L-1).

Empregou-se este inseticida por não apresentar ação sobre C. aporema na dosagem utilizada de 219g i.a. ha-1

(IEDE, 1980) e também por causar baixa mortalidade em predadores e parasitoides na dosagem até 438g i.a. ha-1

(CORSO et al., 1999).

Calculou-se o percentual de ponteiros atacados, tendo em vista a contagem do número total de ponteiros e do número de ponteiros com danos característicos de C. aporema na 2a e na 4a linha de

cada unidade experimental nos estádios V.4 (terceiro trifólio aberto), V.6 (quinto trifólio aberto), V.8 (sétimo trifólio aberto), V.10 (nono trifólio aberto), R.2 (floração plena) da escala de RITCHIE et al. (1982). Na avaliação do estádio R.4 (formação dos legumes), devido ao porte elevado das plantas e riscos de quebramento, consideraram-se as primeiras 10 plantas da 2a e da 4a

linha, e não mais como nas vezes anteriores.A produção dos diferentes genótipos foi determinada nas três fileiras centrais, após a eliminação de 0,5m em cada uma das extremidades das parcelas, resultando em uma área útil colhida de 6,0m² (4,0mx1,5m). A colheita aconteceu manualmente e as plantas trilhadas em máquina estacionária de parcelas. As sementes, após limpeza e secagem a 13% de umidade, foram pesadas. As obser vações de pon teir os atacados for am transformadas segundo arco seno . Os resultados foram analisados pelo teste F com a comparação das médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos estádios V.4 e V.6, n ão for am encontrados danos nos ponteiros causados por C.

aporema, sendo verificados somente a partir do

estádio V.8. Observou-se que neste estádio não há diferenças significativas entre os genótipos (Tabelas 1 e 2). No estádio V.10, o percentual de ponteiros danificados por C. aporema entre o genótipos com GMR entr e 6,6 e 7,3 apon tou um ín dice significativamente menor na cultivar Fepagro 31 em relação à cultivar CD 231 RR (Tabela 1). Por outro lado, não há diferenças significativas, entre os genótipos com GMR entre 7,5 e 8,2 (Tabela 2). Também se constatou que não houve diferenças significativas entre os genótipos do grupo 1 nas avaliações efetuadas nos estádios R.2 e R.4. (Tabela 1).

Entre os genótipos do grupo 2, Fepagro RS 10 apresentou nível de dano significativamente maior que Fundacep 59 RR no estádio R.2; já no estádio R.4, a cultivar ‘Fepagro RS 10’ novamente apareceu como a mais dan ificada, com per cen tual de ataque significativamente maior ao registrado nas cultivares ‘BRS 266’, ‘CD 219 RR’, ‘BRS Pampa RR’, ‘Fundacep 59 RR’ e ‘Fundacep 39’, na qual não se registrou

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nenhum dano aos ponteiros nesta avaliação (Tabela 2). A cultivar ‘Fepagro RS 10’, com o maior percentual de dan o aos ponteiros, apr esen ta uma den sa pubescência, característica que é associada por SILVEIRA NETO et al. (1992), juntamente com o ciclo tardio, aos ataques mais severos de C. aporema.

A média de danos aos ponteiros causados por C. aporema nos estádios V.8, V.10, R.2 e R.4 não

apresentou diferenças significativas entre genótipos do grupo 1 (Tabela 1). Tendo em vista os genótipos do grupo 2, a cultivar ‘Fundacep 59 RR’ apontou como a menos atacada e diferiu significativamente dos genótipos Fepagro RS 10 e Fundacep 45 Missões (Tabela 2).

O menor ataque aos ponteiros, verificado na cultivar ‘Fundacep 59 RR’ entre os genótipos do

Tabela 1 - Percentual de ponteiros atacados em diferentes estádios fenológicos de cultivares de soja com GMR entre 6,6 e 7,3. Hulha Negra – RS, 2010.

Genótipo Estádio V.8 Estádio V.10 Estádio R.2 Estádio R.4 Média

CD 206 11,2 ± 2,4 n.s. 11,6 ± 3,5 ab 17,8 ± 6,2 n.s 17,5 ± 4,8 n.s 14,5 n.s

BRS 154 13,2 ± 2,2 8,8 ± 3,0 ab 12,7 ± 3,1 15,0 ± 9,6 12,4

CD 231 RR 7,9 ± 4,9 17,6 ± 2,6 a 15,9 ± 6,1 7,5 ± 2,5 12,2

Fepagro 36 RR 14,6 ± 3,0 9,2 ± 1,4 ab 19,5 ± 5,7 5,0 ± 5,0 12,1

CD 201 10,0 ± 6,2 10,8 + 5,3 ab 13,6 ± 3,6 12,5 ± 6,3 11,5

CD 239 RR 10,1 ± 3,8 6,8 ± 0,5 ab 11,2 ± 3,5 17,5 ± 6,3 11,4

BRS Taura RR 12,1 ± 3,2 6,9 ± 1,3 ab 13,8 ± 2,7 12,5 ± 6,3 11,3

CD 232 7,4 ± 1,4 8,4 ± 0,6 ab 8,4 ± 1,2 12,5 ± 4,8 9,2

Fepagro 31 7,3 ± 2,5 3,9 ± 1,4 b 7,7 ± 2,3 7,5 ± 4,5 6,6

Média 10,4 ± 1,1 9,4 ± 1,0 13,4 ± 1,4 11,9 ± 1,9 11,3

CV (%) 60,8 63,2 62,0 93,5 73,0

P 0,54 0,04 0,64 0,76 0,43

F (calculado) 0,89 2,50 0,76 0,62 1,02

Df 27,00 27,00 27,00 27,00 135,00

1Médias ± Erro Padrão seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. n.s. =

diferença não significativa.

Tabela 2 - Percentual de ponteiros atacados em diferentes estádios fenológicos de cultivares de soja com GMR entre 7,5 e 8,2. Hulha Negra – RS, 2010.

Genótipo Estádio V.8 Estádio V.10 Estádio R.2 Estádio R.4 Média

Fepagro RS 10 5,3 ± 1,8 n.s. 9,4 ± 3,0 n.s. 19,8 ± 2,5 a 30,0 ± 7,1 a 16,1 a

Fundacep 45 Missões 7,8 ± 2,3 9,9 ± 1,8 12,2 ± 1,4 ab 22,5 ± 7,5 ab 13,1 ab

Fundacep 54 RR 9,5 ± 2,3 6,4 ± 1,8 16,0 ± 5,1 ab 10,0 ± 4,1 abc 10,5 abc

BRS 266 7,3 ± 2,6 13,3 ± 3,8 13,8 ± 5,1 ab 5,0 ± 2,9 bc 9,8 abc

CD 205 10,0 ± 4,9 10,7 ± 2,3 5,6 ± 1,4 ab 7,5 ± 4,8 abc 8,4 bc

CD 219 RR 15,9 ± 2,2 8,4 ± 1,2 5,6 ± 2,3 ab 2,5 ± 2,5 bc 8,1 bc

BRS Pampa RR 8,4 ± 4,7 11,4 ± 3,4 8,2 ± 2,5 ab 2,5 ± 2,5 bc 7,6 bc

Fundacep 39 6,5 ± 3,1 11,9 ± 3,9 9,8 ± 4,4 ab 0,0 ± 0,0 c 7,0 bc

Fundacep 59 RR 5,4 ± 2,1 7,5 ± 1,2 2,8 ± 1,3 b 2,5 ± 2,5 bc 4,6 c

Média 9,1 ± 1,0 9,9 ± 0,9 10,4 ± 1,3 9,2 ± 2,1 9,6

CV (%) 67,8 52,3 74,4 88,7

P 0,59 0,82 <0,01 <0,01 <0,01

F (calculado) 0,82 0,53 3,26 4,88 3,67

df 27,00 27,00 27,00 27,00 135,00

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grupo 2, representa uma informação relevante por tratar-se de uma cultivar comercial e de elevada produtividade, diferente da linhagem IAC 78-2318, avaliada por LOURENÇÃO & MIRANDA (1983; 1987), que se mostrou menos atacada por C. aporema e outras pragas da soja, mas que apresentava um porte muito reduzido e baixa produtividade.

Estudos realizados por IEDE (1980) com a cultivar ‘UFV-1’ detectaram 66,2% de ponteiros atacados por C. aporema no final do período vegetativo e uma redução para 45,2% de danos nos ponteiros no final do período de floração (R.2), atribuindo para tanto uma possível paralização do crescimento da planta, devido ao hábito das larvas atacarem brotações recém-emergidas. No presente experimento, observaram-se comportamentos variados dos genótipos em relação aos níveis de ataque nos diferentes estádios considerados, sendo que, no grupo 1, verificou-se que sete dos nove genótipos avaliados apresentaram elevação do percentual de danos aos ponteiros na avaliação realizada na floração plena (R.2), em relação ao estádio vegetativo V.10 (Tabela 1). Entretanto, entre os genótipos do grupo 2, tal fenômeno deu-se em quatro dos nove genótipos, o que permitiu associar a oscilação do nível de dano mais às variações bioquímicas e estruturais peculiares a cada genótipo do que ao estádio fenológico da cultura propriamente, não concordando plenamente com o observado por IEDE (1980). Nesse sentido, o genótipo Fepagro RS 10 apresentou uma elevação constante do percentual de ponteiros atacados, variando de 5,3% no estádio V.8 a 30,0% no estádio R.4, enquanto o genótipo CD 219 RR apresentou comportamento inverso, com redução de ataque na fase reprodutiva, variando de 15,9% de ponteiros danificados no estádio V.8 para 2,5% no estádio R.4, sendo que esta variação na suscetibilidade ao ataque conforme a idade da planta encontra respaldo em FARRELL (1977), segundo o qual a expressão da resistência a insetos varia de acordo com a idade da plan ta e também con forme o an o. LOURENÇÃO & MIRANDA (1983) compararam nove genótipos de soja por duas safras consecutivas e encontraram diferenças significativas para o nível de ponteiros atacados por C. aporema entre os anos, de modo que, na safra 1980/81, quando a semeadura ocorreu em três de dezembro, os autores registraram uma média de danos aos ponteiros de 16,7% e, na safra 1981/82, cuja semeadura ocorreu em 22 de outubro, o nível de dano aos ponteiros elevou-se para 29,6%. No

presente experimento, com semeadura em dezembro, não foram identificados sinais de ataque no estádio V.6, o mesmo avaliado por LOURENÇÃO & MIRANDA (1983), entretanto, no estádio V.8, foi registrada, no grupo 1, uma média de danos aos ponteiros de 10,4% e de 9,1% no grupo 2, sendo ambos os níveis inferiores ao obtido por aqueles autores.

Os danos aos ponteiros nas cultivares com GMR entre 6,5 e 7,3 foi, em média, de 11,3% (Tabela 1), já nas cultivares com GMR entre 7,5 e 8,2 o dano foi de 9,6% em média (Tabela 2), divergindo de CORSEIUL (1974), CORRÊA & SMITH (1977) e SILVEIRA NETO et al. (1992), os quais relatam que cultivares tardias são mais atacadas por C. aporema. Essa r esposta diferenciada em termos de danos aos ponteiros pode ser atribuída às cultivares empregadas pelos autores, diferentes das empregadas no presente experimento. Também devem ser consideradas as interações significativas entre a população da praga, o manejo da cultura, o local de cultivo e o ano agrícola, observadas em genótipos de soja com tolerância a insetos (MAIA et al., 2009). A avaliação da produtividade das cultivares não apresentou correlação com o percentual de danos aos ponteiros, sendo que o genótipo Fepagro RS 10, com maior percentual de danos (16,1%), apresentou produtividade estatisticamente igual à obtida pelo genótipo menos atacado Fundacep 59 RR (4,6%) (Tabela 3). Pelo monitoramento de ponteiros atacados, em seis estádios fenológicos, foi verificado que somente no genótipo Fepagro RS 10 e, exclusivamente, no estádio R.4, foi atingido o nível de dano aos ponteiros preconizado para o controle químico, evidenciando a importância que o monitoramento de pragas na cultura da soja proporciona para reduzir o número de aplicações de inseticidas e manter a competitividade do sojicultor brasileiro (CORRÊA-FERREIRA et al., 2010).

CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS

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(Argentina). Revista de la Sociedad Entomológica Tabela 3 - Produtividade (Prod) de genótipos de soja com e percentagem média de ataque (PA) de Crocidosema aporema aos ponteiros.

Hulha Negra – RS, 2010.

---GMR 6,6 a 7,3--- ---GMR 7,5 a 8,2---Genótipo

Prod (kg ha-1) PA (%) Genótipo Prod (kg ha-1)

PA (%)

Fepagro 31 2.891 ± 114n.s. 6,6 BRS 266 3.019 ± 150 a 9,8

CD 206 2.730 ± 231 14,5 Fundacep 45 Missões 2.993 ± 114 a 13,1

BRS Taura RR 2.663 ± 170 11,3 Fundacep 39 2.823 ± 135 a 7,0

Fepagro 36 RR 2.568 ± 42 12,1 Fepagro RS 10 2.684 ± 66 ab 16,1

CD 239 RR 2.534 ± 209 11,4 BRS Pampa RR 2.629 ± 155 ab 7,6

CD 201 2.509 ± 182 11,5 Fundacep 59 RR 2.622 ± 181 ab 4,6

CD 231 RR 2.447 ± 123 12,2 Fundacep 54 RR 2.532 ± 266 ab 10,5

CD 232 2.349 ± 88 9,2 CD 205 2.509 ± 182 ab 8,4

BRS 154 2.133 ± 103 12,4 CD 219 RR 1.952 ± 64 b 8,1

Média 2.536 ± 70 11,3 Média 2.640 ± 73 9,6

CV 14,4 % C.V. 16,5 %

P 0,15 P 0,02

F (calculado) 1,68 F (calculado) 2,74

Df 27,00 Df 27,00

1

(7)

Argentina, v.64, n.1-2, p.37-44. 2005. Disponível em: <http:/ /www.scielo.org.ar/pdf/rsea/v64n1-2/v64n1-2a09.pdf>. Acesso em: 09 fev. 2011.

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Tabela 2 - Percentual de ponteiros atacados em diferentes estádios fenológicos de cultivares de soja com GMR entre 7,5 e 8,2

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