REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Bloqueio
dos
nervos
ílio-hipogástrico/ilioinguinal
em
correc
¸ão
de
hérnia
inguinal
para
tratamento
da
dor
no
pós-operatório:
comparac
¸ão
entre
a
técnica
de
marcos
anatômicos
e
a
guiada
por
ultrassom
Abdurrahman
Demirci,
Esra
Mercanoglu
Efe
∗,
Gürkan
Türker,
Alp
Gurbet,
Fatma
Nur
Kaya,
Ali
Anil
e ˙Ilker
C
¸imen
DepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,UludagUniversityMedicalFaculty,Bursa,Turquia
Recebidoem4denovembrode2013;aceitoem2dejaneirode2014 DisponívelnaInternetem14dejunhode2014
PALAVRAS-CHAVE
Herniorrafiainguinal; Bloqueiodosnervos ílio-hipogástrico/ ilioinguinal; Ultrassom; Marco;
Manejodadorno pós-operatório; Levobupivacaína
Resumo
Objetivo:Compararaeficáciadebloqueiosdosnervosílio-hipogástrico/ilioinguinalfeitoscom atécnicaguiadaporultrassomeademarcosanatômicosparaomanejodadornopós-operatório emcasosdeherniorrafiainguinalemadultos.
Métodos: Foramrandomicamentedivididos40pacientes,estadofísicoASAI-II,emdoisgrupos iguais:nosgruposAN(técnicademarcosanatômicos)eUS(técnicaguiadaporultrassom),o bloqueiodosnervosílio-hipogástrico/ilioinguinalfoifeitocom20mLdelevobupivacaínaa0,5% antesdacirurgia comastécnicasespecificadas.Escorededor naavaliac¸ão pós-operatória, tempodeprimeiramobilizac¸ão,tempodeinternac¸ãohospitalar, escoredesatisfac¸ãocoma analgesianopós-operatório,efeitoscolateraisinduzidosporopiáceosecomplicac¸ões relacio-nadasaobloqueioforamavaliadosdurante24horasdepós-operatório.
Resultados: EscoresEVAemrepousonasaladerecuperac¸ãoetodososvaloresclínicosduranteo acompanhamentoforamsignificativamentemenoresnogrupoultrassom(p<0,01oup<0,001). EscoresEVAemmovimentonasaladerecuperac¸ãoetodososvaloresclínicosduranteo acompa-nhamentoforamsignificativamentemenoresnogrupoultrassom(p<0,001emtodosostempos avaliados).Enquantoostemposdeinternac¸ãoedaprimeiramobilizac¸ãoforam significativa-mentemenores,osíndicesdesatisfac¸ãocomaanalgesiaforamsignificativamentemaioresno grupoultrasom(p<0,05,p<0,001,p<0,001,respectivamente).
Conclusão:Deacordocomonossoestudo,obloqueiodosnervosílio-hipogástrico/ilioinguinal guiadoporUSemherniorrafiasinguinaisemadultosproporcionaumaanalgesiamaiseficaze maiorsatisfac¸ãocomaanalgesiadoquecomatécnicademarcos anatômicos. Alémdisso, pode-sesugerirqueaobservac¸ãodasestruturasanatômicascomaUSpodeaumentarosucesso dobloqueioeminimizarascomplicac¸õesrelacionadasaobloqueio.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:esramercan76@yahoo.com(E.M.Efe).
0034-7094/$–seefrontmatter©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
KEYWORDS
Inguinal herniorrhaphy; Iliohypogastric/ ilioinguinalnerve block;
Ultrasound; Landmark; Postoperativepain management; Levobupivacaine
Iliohypogastric/ilioinguinalnerveblockininguinalherniarepairforpostoperative painmanagement:comparisonoftheanatomicallandmarkandultrasoundguided techniques
Abstract
Objectives: Thepurposeofthisstudyistocomparetheefficacyofiliohypogastric/ilioinguinal nerveblocksperformedwiththeultrasoundguidedandtheanatomicallandmarktechniques forpostoperativepainmanagementincasesofadultinguinalherniorrhaphy.
Methods:40patients,ASAI---IIstatuswererandomizedintotwogroupsequally:inGroupAN (anatomicallandmarktechnique)andinGroupultrasound(ultrasoundguidedtechnique), ili-ohypogastric/ilioinguinalnerveblockwasperformedwith20mlof0.5%levobupivacaineprior tosurgerywiththespecifiedtechniques.Painscoreinpostoperativeassessment,first mobi-lization time,durationofhospital stay,scoreofpostoperativeanalgesiasatisfaction,opioid inducedsideeffectsandcomplicationsrelatedtoblockwereassessedfor24hpostoperatively. Results:VASscoresatrestintherecoveryroomandalltheclinicalfollow-uppointswerefound significantlylessinGroupultrasound(p<0.01orp<0.001).VASscoresatmovementinthe reco-veryroomandalltheclinicalfollow-uppointswerefoundsignificantlylessinGroupultrasound (p<0.001inalltimepoints).Whiledurationofhospitalstayandthefirstmobilizationtimewere beingfoundsignificantlyshorter,analgesiasatisfactionscoreswerefoundsignificantlyhigher inultrasoundGroup(p<0.05,p<0.001,p<0.001respectively).
Conclusion: Accordingtoourstudy,USguidediliohypogastric/ilioinguinalnerveblockinadult inguinalherniorrhaphiesprovidesamoreeffectiveanalgesiaandhighersatisfactionof anal-gesiathaniliohypogastric/ilioinguinal nerveblock withtheanatomical landmarktechnique. Moreover,itmaybesuggestedthattheobservationofanatomicalstructureswiththeUSmay increasethesuccessoftheblock,andminimizetheblock-relatedcomplications.
© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Acorrec¸ãodehérniainguinaléumprocedimentocirúrgico comum.1 A incidência relatadaé de11:10.000 entre16e
24anosede200:10.000 acimade75anos.2 Adorcrônica
ocorreem5-10%doscasosapósacorrec¸ãodehérnia
ingui-nal,oquegeragrandesproblemas.3Umapartesignificativa
dadorapósacirurgiadehérniaécausadapelaincisãona
paredeabdominal.4Omanejodadornopós-operatórioem
casossubmetidosàcirurgiaabdominalécomplicado.A
des-peitodosmétodoseficazesdemanejodador,afrequência
dedormoderadaougraveéobservadaem30-75%doscasos.5
Vários métodos e medicamentos são usados no
trata-mento da dor no pós-operatório. O bloqueio de nervos
periféricoscomanestésicos locais éummétodo quepode
serusadoemcirurgiasdehérniainguinalparaomanejoda
cirurgiaedador.Obloqueiodosnervosílio-hipogástrico(IH)
eilioinguinal(II)éusadocomessepropósito.6---8
O bloqueio dos nervos IH/II pode ser feito com a
técnica de marcos anatômicos (convencional, às cegas)
ou com a técnica guiada por ultrassom. Há estudos nos
quais o ponto de entrada da agulha é definido na
espi-nha ilíaca medial anterossuperior na técnica de marcos
anatômicos.7---13Porém,hátambémestudosqueindicamque
asorigensdosnervoslombareseosavanc¸osdosnervosIH/II
naparedeabdominalanteriorpodemvariar.7---9,14Nosúltimos
anos,osbloqueiosregionaisperiféricosguiadospor
ultras-somapresentaramgrandesucesso.
Oobjetivodesdeestudofoicompararaeficáciade
blo-queios dos nervos IH/II feitos com a técnica guiada por
ultrassomeademarcosanatômicosparaomanejodadorno
pós-operatórioemcasosdeherniorrafiainguinalemadultos.
Materiais
e
métodos
Apósa aprovac¸ãodo Comitêde Ética em Pesquisas
Médi-cas,40casosentre18e80anos,estadofísicoASAI-II(de
acordocomaclassificac¸ãodaSociedadeAmericanade
Anes-tesiologistas),admitidos na ClínicadeCirurgia Geralpara
correc¸ãode hérnia inguinal foram incluídos neste estudo
prospectivo,randômicoe cego.Oestudofoiconduzidono
CentrodePesquisaePráticadeSaúdedaFaculdadede
Medi-cinadaUniversidadeUludag.Aaprovac¸ãoparaesteestudo
(ComitêdeÉticaN◦B.30.2.ULU.0.20.00.00.02.020/8189)foi
fornecidapeloComitêdeÉticadosHospitaisUniversitários
Uludag,Bursa,Turquia(PresidenteProf.S. Kılıcturgay)em
23dejunhode2009.
Todososcasosqueconcordaramemparticipardoestudo
foramverbalmente informadossobreo propósito eo
con-teúdodoestudoantesdacirurgiaeassinaramostermosde
consentimentoinformado. Ospacientes com estadofísico
ASAIII-IV,alergiaaanestésicoslocais,diátesehemorrágica,
distúrbiodecoagulac¸ãoeaquelesquerecusaramacirurgia
foramexcluídosdoestudo.
Ospacientesforamrandomizadospormeiodatécnicade
envelopesseladosedivididosemdoisgrupos:
• Grupo AN (n=20) recebeu 20mL de levobupivacaína a
0,5% para bloqueio dos nervos IH/II com a técnica de
marcosanatômicos.
• GrupoUS(n=20)recebeu20mLdelevobupivacaínaa0,5%
parabloqueiodosnervosIH/IIcomatécnicaguiadapor
Os casos selecionados aleatoriamente para o bloqueio
dosnervosIH/IIcomatécnicademarcosanatômicosforam
monitorados(ECG,oximetriadepulso,pressãoarterialnão
invasiva) na sala de procedimentos. Os pacientes foram
sedados com 0,05mg/kg de midasolam IV. O ponto de
entrada foi determinado em 2cmmedial e 2cm superior
à espinha ilíaca anterossuperior e a pele foi desinfetada
ecoberta. Após ainfiltrac¸ãodaanestesialocal (LA),uma
agulhade8cmecalibre22foiinseridaemdirec¸ão
cefalo-lateraleavanc¸adaparatocarasuperfícieinteriordoíleo.
Levobupivacaínaa0,5%(10mL)foiadministradanas
cama-dasdaparedeabdominal,enquantoaagulhaeraretirada.
Em seguida, enquanto a agulha era avanc¸ada em ângulo
reto, a perda de resistência foi sentida durante a
passa-gematravésdosmúsculosoblíquoexterno,oblíquointerno
e transverso do abdome, respectivamente, e
levobupiva-caínaa0,5%(10mL)foiadministradaintramuscularmente,
enquantoaagulhaeraretirada.
Aparedeabdominallateral foicoberta comumcampo
estérilapósadesinfecc¸ãodapeleeumasondadeUSlinear
de8-12MHzfoiposicionadanalinhaaxilarmédiaentreaasa
ilíacaeamargemcostalnoplanotransversal.Osmúsculos
oblíquoexterno, oblíquointerno e transverso doabdome
forammonitoradoscomos nervosIHe II. Após infiltrac¸ão
doAL,umaagulhade estimulac¸ão de80mm e calibre22
(Stimuplex®Ultra,Braun,Alemanha)foiavanc¸adaemtorno
dos nervos guiada por US. Enquanto 20mL de
levobupi-vacaínaa 0,5% eram administrados em doses divididas, a
dispersãodoALemtornodeambososnervosera
simulta-neamenteobservada.
O nível do bloqueio sensório foi avaliado na área de
inervac¸ãodo nervorelacionado como testedapicadade
agulhaapósobloqueiodosnervosIIeIHcomastécnicasde
marcosanatômicoseguiadaporUS.
ApósobloqueiodosnervosIH/IInasalade
procedimen-tos,os pacientes foramlevados para a salade cirurgia e
monitoradoscomECG, pressãoarterialnãoinvasivae
oxi-metriadepulso. A infusãoIVde NaCla0,9% foiiniciada.
Apósainduc¸ãoIVdaanestesiageralcompropofol(3mg/kg)
efentanil(2mcg/kg),umamáscaralaríngeafoicolocadanos
pacientes.Aanestesiafoimantida comsevofluranoe uma
misturadeoxigênioeN2O(40-60%)com doseadicionalde
fentanil.
No fim da cirurgia, os pacientes foram acordados e
levados para a sala de recuperac¸ão pós-operatória. A
intensidadedador noperíodo pós-operatóriofoi avaliada
porummédico(quedesconheciaadesignac¸ãodosgrupos)
comousodeumaescalavisualanalógica(EVA:0=semdor,
10=dormaisintensaaserestimada),emrepouso(EVA-R)e
emmovimento(EVA-M),nopós-operatórioimediato,aos30
minutosna saladerecuperac¸ãoe nashoras duas,quatro,
oito,12, 18e 24na clínica cirúrgica;osresultadosforam
registrados. Dexcetoprofen (50mg IV) foi administrado
comoanalgésicoderesgatequandoumresultadoEVA-M≥4
foiregistrado.Meperidin(1mg/kgIM)foiplanejadoe
admi-nistrado quando um resultado EVA-M≥4 continuou a ser
registrado após aprimeira dose de dexcetoprofeno.Além
disso,foramavaliadoseregistradosotempoatéaprimeira
mobilizac¸ão,otempodeinternac¸ãoeoíndicedesatisfac¸ão
comaanalgesianopós-operatório(0=pouco,1=moderado,
2=bom,3=muitobom,4=excelente).Foramavaliadose
registradostambémosefeitoscolateraiscomunsporcausa
dosopiáceosnoperíodopós-operatório,taiscomosedac¸ão,
náusea,vômito,constipac¸ão,reac¸õesalérgicas,eosefeitos
colaterais por causa do bloqueio do sítio cirúrgico, tais
como infecc¸ão, perfurac¸ão intestinal, hematoma pélvico,
paralisia do nervo femoral e injec¸ão intraperitoneal de
anestésico local. Os pacientes foram entrevistados por
telefoneumasemanaapósaaltaeperguntadossobredor,
satisfac¸ão com a analgesia e complicac¸ões do bloqueio
(infecc¸ão,hematoma,paralisiadonervoetc.).
Osdados foram analisados com o programa SPSS 13.0
nos laboratórios deaplicac¸ão doDepartamento de
Bioes-tatística da UUFM. Neste estudo, as variáveis contínuas
e discretas são expressas em medianas (mínimo-máximo)
e as categóricas, em frequência e percentuais. Os
tes-tes U de Mann-Whitney e do qui-quadrado foram usados
paracomparac¸õesintergrupos.Foramcalculadososvalores
dos parâmetros hemodinâmicos, as variac¸ões percentuais
e asdiferenc¸as entre as mensurac¸ões de EVA-R e EVA-M.
Enquanto osvalores relacionadosforam testadosentreos
grupos com o teste U de Mann-Whitney, as comparac¸ões
intragruposforamfeitascomotestedeWilcoxon;p<0,05
foiconsideradoestatisticamentesignificativo.
Resultados
Nenhum dos 40 casos incluídos no estudo foi excluído.
Nenhumadiferenc¸asignificativafoiobservadaentreos
gru-pos em relac¸ão aos dados demográficos e à durac¸ão das
cirurgias(tabela1).
Nãohouvediferenc¸aestatisticamentesignificanteentre
os grupos em relac¸ão à PAS, à PAD e à FC em todos
os tempos avaliados durante os períodos intraoperatório
e pós-operatório. A saturac¸ão periférica de oxigênio foi
Tabela1 Dadosdemográficosetemposcirúrgicosdoscasos
GrupoUS GrupoAN p
Idade(anos) 47(22-74) 58(25-76) 0,265
Índicedemassacorporal(kg/m2) 25(20-32) 24(20-31) 0,925
ASAI/II(n) 16/4 11/9 0,183
Gênero(M/F) 20/0 19/1 1,000
Tempocirúrgico(min) 57(35-130) 60(30-90) 0,883
Tabela2 Internac¸ãohospitalar,tempodemobilizac¸ão,índicesdesatisfac¸ãocomaanalgesianopós-operatório
GrupoUS GrupoAN p
Internac¸ão 21(6-25) 24(14-26) 0,012
Tempodemobilizac¸ão 75(30-180) 160(70-300) <0,001
Índicedesatisfac¸ãocomaanalgesianopós-operatório 5(3-5) 2(1-4) <0,001
Índicedesatisfac¸ãocomaanalgesianopós-operatório:0:pouco,1:moderado,2:bom,3:muitobom,4:excelente.Dadosexpressos comomediana(min-max).
Tabela3 Valoresdaescalavisualanalógicaparadoremrepousonopós-operatório
EVA-R(cm)
Saladerecuperac¸ão Clínicacirúrgica
0min 30min 2h 4h 8h 12h 18h 24h
GrupoUS 0(0-5) 0(0-4) 1(0-3) 0(0-3) 0(0-4) 0(0-2) 0(0-1) 0(0-1)
GrupoAN 4(0-6) 3(0-4) 4(0-7) 3(0-6) 3(0-5) 3(0-4) 2(0-4) 2(0-3)
p <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,008 0,004 0,008
EVA:0:semdor,10:dormaisintensaaserestimada.EVA-R:emrepouso.Dadosexpressoscomomediana(min-max).
determinada entre98% e 100% em ambos os grupos para todosostemposdemensurac¸ão.
O tempode internac¸ão hospitalar, o tempo até a pri-meiramobilizac¸ãoeosíndicesdesatisfac¸ãocomaanalgesia no pós-operatório dos pacientes durante o acompanha-mentoclínicosãoapresentadosnatabela2.NogrupoUS,o
tempodeinternac¸ãohospitalareostemposatéaprimeira
mobilizac¸ãoforamsignificativamentemenoreseosíndices
desatisfac¸ãocomaanalgesiaforamsignificativamente
mai-ores(p<0,05,p<0,001,p<0,001,respectivamente;tabela
2).
Quando EVA em repouso (EVA-R) foi comparada entre
os dois grupos, os escores EVA-R dogrupo US na sala de
recuperac¸ãoemtodosostemposdeavaliac¸ãoclínicaforam
menos significativos do que os do grupo AN (p<0,01 e
p<0,001;tabela3).
QuandoEVAemmovimento(EVA-M)foicomparadaentre
os dois grupos, os escores EVA-M do grupo US na sala de
recuperac¸ãoemtodosostemposdeavaliac¸ãoclínicaforam
menossignificativos do que osdo grupo AN(p<0,001 em
todosostempos;tabela4).
Dexcetoprofen foiadministradoem doiscasos(10%)do
grupoUSeem11(55%)dogrupoAN;meperidinafoi
adminis-tradaemumcasodogrupoUS(5%)eemquatrodogrupoAN
(20%)comoanalgésicoderesgatenasaladerecuperac¸ão.O
usodedexcetoprofenocomoanalgésicoderesgatenogrupo
USfoimenossignificanteestatisticamentedoquenogrupo
AN(p=0,007).
Nãohouveefeitoscolateraisrelacionadosaotratamento
comopiáceooucomplicac¸õesrelacionadasaobloqueionos
casosduranteoacompanhamentonopós-operatório.
Discussão
Apósuma cirurgiade hérnia inguinal, a dor moderada ou
intensapodeaumentar otempo deinternac¸ão hospitalar,
causarreinternac¸ãoinesperadaedemoranoretornoàs
ativi-dadesnormaiseaumentaroscustosassociados.15,16Callesen
etal.16 relataramescoresdedormoderadaouintensaem
60%doscasosnoprimeirodiadeherniorrafiaeem33%dos
casosnosextodia dacirurgia.Além disso, sugeriu-seque
ocontrole insuficientedadornopós-operatório de
herni-orrafiapodeserumfatorderisco parao desenvolvimento
dedorcrônica.17Eklundetal.18relataramdormoderadaou
intensacincoanosapósacirurgiaem 3,5%de705
pacien-tessubmetidosàcorrec¸ãodehérniainguinalabertacoma
técnicademalha.Emumarevisão,naqualafrequênciade
dorcrônicaapósherniorrafiainguinal commalhafoi
estu-dada,relatou-se que11% dospacientes apresentaramdor
Tabela4 Valoresdaescalavisualanalógicaparadoremmovimentonopós-operatório
EVA-M(cm)
Saladerecuperac¸ão Clínicacirúrgica
0min 30min 2h 4h 8h 12h 18h 24h
GrupoUS 2(1-6) 2(0-6) 2(1-5) 2(1-4) 1(1-5) 1(0-2) 1(0-2) 1(0-2)
GrupoAN 5(0-8) 4(1-6) 4(2-6) 5(1-7) 4(0-7) 3(0-6) 3(0-5) 3(1-4)
p <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,01
crônicaequecercade1/3dasatividadescotidianasdesses pacientesfoiafetada.19
Váriasabordagens,incluindofarmacologia,foramusadas
paraocontrole dadorapósaherniorrafia,masocontrole
idealdadoraindanãofoiencontrado.20
Nasdiretrizesdetratamentodehérniainguinalem
adul-tos,publicadaspelaSociedadeEuropeiadeHérniaem2009,
sugere-sequeconsideraraanestesialocalparahérnia
ingui-nal unilateral, evitar a raquianestesiacom doses altasde
agentesdeac¸ãoprolongadaecombinaranestesiageralcom
infiltrac¸ãolocal deagentesdeac¸ãocurtapodemser uma
opc¸ãopara aanestesialocal.Atécnica anestésicaidealé
identificadacomoaceitávelparaopaciente,adequadapara
acirurgia,simplesesegura,combaixoriscodemorbidade
edebaixocusto.21
Aanestesiageralpodeapresentaralgumascomplicac¸ões,
comodificuldadesrespiratórias,instabilidadecardíaca,
náu-sea,vômito,retenc¸ãourináriaeinternac¸ãoprolongadapor
causadademoranarecuperac¸ãodaanestesia.22 Em nosso
estudo,nãoobservamosqualquercomplicac¸ãorelacionada
àanestesiageral.
A anestesia local,23---25 o bloqueio com a técnica de
infiltrac¸ãolocal,26,27obloqueioespecíficodosnervosIH/IIou
acombinac¸ãodessestécnicas28 podemserusadosna
maio-riadasherniorrafiasinguinaisabertasprimáriasemadultos.
Nessesprocedimentos,há relatosdequeadornoperíodo
intraoperatórioé a razão maiscomum deinsatisfac¸ão do
paciente.29,30 Essas técnicas nãopodem ser aplicadas em
casos de jovens com ansiedade e obesidade mórbida e
naqueles com suspeita de estrangulamento. Há relato de
que,especialmenteemcasosdeobesidademórbidaehérnia
escrotal,osucessodaanestesialocaldependedomédico.28
Bhattacharya et al.31 investigaram retrospectivamente
25.132casossubmetidosàherniorrafiaunilateraleprimária
comtécnicasdeanestesiageraloulocorregionalentre2005
e2009.Ostemposdeanestesiaecirurgia,internac¸ãona
uni-dadederecuperac¸ãopós-operatóriaemorbidadedurante30
diasdepós-operatórioforamavaliados.Oscasosdehérnias
bilaterais,femorais,recorrentes,obstruídasougangrenosas
equeseriamsubmetidossimultaneamente aumasegunda
cirurgiaforamexcluídos.Enquantoumaaltataxade
comor-bidades e pouca necessidadede cuidados pós-operatórios
foram identificadas no grupo locorregional, uma durac¸ão
maislongadaanestesiaedacirurgiafoiobservadanogrupo
anestesiageral.Nãohouvediferenc¸aem30diasquantoàs
taxasdemorbidadeentreosdoisgrupos.Apósaequalizac¸ão
dos fatores de risco no período perioperatório, foi
suge-ridoqueobloqueio locorregionaleraumaopc¸ãosegurae
eficiente.
O’Dwyeretal.,32emumestudocom276casos
submeti-dos à herniorrafia inguinal sob anestesia geral, avaliaram
a dor no período pós-operatório, a recuperac¸ão da
psi-comotricidade e do sistema nervoso central e o custo.
Uma combinac¸ão de lidocaína e bupivacaína foi
adminis-tradaemdosesdivididassobapele(subcutânea,subfascial
eaponeuroseoblíqua)nogrupoanestesialocal.Ainfiltrac¸ão
daferidacombupivacaínafoifeitaemambososgrupos.Não
houvediferenc¸aentreosdoisgruposemrelac¸ãoaosperfis
decura. Ospesquisadoressugeriram queaanestesialocal
ougeraltevedeserdecididapelocirurgiãojuntamentecom
opaciente.
Belletal. descobriram umbaixo consumodemorfina
nopós-operatório e menosefeitos colaterais em casosde
cesariana com bloqueio dos nervos IH/II. Gucev et al.34
administraramanalgesiaeficazemcasosdecesarianacom
bloqueiocontínuodosnervosIH/IIatravésdecateter.O
con-sumodemorfinanopós-operatóriofoi51%menoremcasos
dehisterectomiasabertascom bloqueiobilateral dos
ner-vosIH/II.35 Wolfsonetal.36descobriramqueobloqueiodos
nervosIH/IIemcasosdecesarianaapresentoubaixos
esco-resdedornoperíodopós-operatórioderecuperac¸ãoeda
dose deanalgésico de resgate. Ospesquisadores também
descobriramqueaadministrac¸ãodebupivacaínapré-incisão
combloqueiodosnervosIH/IIempacientesadultos
subme-tidosàherniorrafiaabertaambulatorialsobraquianestesia
reduziuoescorededorpré-altaeadosedeanalgésicode
resgate.5 Deformasemelhante, oscasos denosso estudo
submetidosaobloqueiodosnervosIH/IIcomatécnica
gui-adaporUStambémapresentaramescoresmenoresdedor
nopós-operatórioedadosedeanalgésicoderesgate.
O bloqueio dos nervos IH/II em pacientes pediátricos
é relatado em muitos estudos.Markham et al., 9
compa-raram o bloqueio dos nervos IH/II com o bloqueio caudal
emcasospediátricosdeherniorrafiaeorquidopexiae
des-cobriramque ambasastécnicastiveramefeitoanalgésico
semelhante. Lim et al.10 descobriram que o bloqueio às
cegas dos nervos IH/II em casos pediátricosde
herniorra-fiainguinal proporcionouumaltoíndice desatisfac¸ão dos
paiscomareduc¸ãodadornopós-operatório.
Astécnicasdemarcosanatômicoseaguiadapor
ultras-som parabloqueio dos nervos IH/II estão identificadasna
literatura.Atécnicatradicionaldemarcosanatômicosnão
écomumenteusadaporcausadosgrandesvolumesde
anes-tésicoslocaisedastaxaselevadasdeinsucesso.9,37
Weintraudetal.37 estudaram adispersãodoanestésico
local nobloqueio dosnervos IH/II feito coma técnica de
marcosanatômicosem herniorrafiainguinalpediátrica.Os
bloqueios com dispersãouniforme de anestésico localem
torno dos nervos IH/II com US são considerados eficazes
(14%). Osbloqueios comdispersãonos tecidos adjacentes
são identificados como ineficazes (86%), mas 24% desses
bloqueios também foram clinicamente ineficazes. A taxa
desucessoclínicodosbloqueiosfoirelatadaem61%nesse
estudofeitocom62casos.Umataxadesucessode72%foi
relatadaemumestudoquecomparouobloqueiodosnervos
IH/IIcom ousodatécnica deinjec¸ãosimplese duplaem
crianc¸as.10
A prevenc¸ão de danos aos nervos e o manejo eficaz
daanestesia emprocedimentos debloqueioàscegas com
marcosanatômicosestãoassociadosàslocalizac¸ões
anatô-micasdosnervosIH/IIeàcontribuic¸ãodosnervoslombares
paraessesnervos.Klaassenetal.,38 avaliaramastaxasde
contribuic¸ãodos nervosespinhaislombaresparaosnervos
IH/IIeasdistânciasentreospontosdeentradadessesdois
nervos na parede abdominal para a espinha ilíaca
ante-rossuperior em 200 dissecc¸ões de cadáveres. As taxas de
contribuic¸ãodonervoespinhallombarparaonervoIIforam
65%L1,14%T12-L1,11%L1-L2e10%L2-L3;paraonervoIH
foram7%T12,14%T12-L1,10%L1,6%T11-T12.Verificou-se
que o nervo II entra na parede abdominal 2,8±1,1cm
medial e 4±1,2cm inferior, de acordo com a espinha
1,4±1,2cminferior.AsorigenscomplexasdosnervosIH/II
mostraram que os componentes sensoriais desses nervos
podemterorigemnosníveisespinhaisT11eL3.Esseachado
écompatívelcommuitosestudosanatômicosnaliteratura.
Nyhus39chamouaatenc¸ãoparaacongruênciadasconexões
entreosnervosII,IHegenitofemoralcomocamposensorial
e o fato de que essa situac¸ão pode ser particularmente
importante em anestesia regional.Welt et al., 40 fizeram
bloqueio paravertebral em 30 pacientes para herniorrafia
inguinal, mas como o bloqueio sensorial suficiente não
pôde ser fornecido em seis casos, anestésico adicional
foi administrado em níveis espinhais. Osescores altos de
dornopós-operatório e aumentodousode analgésicode
resgatenogrupoANemnossoestudopodemserexplicados
comasvariac¸ões anatômicasdosnervos IH/IIdescritasna
literatura.
A técnica de marcos anatômicos pode causar
complicac¸õesmesmo em mãos experientes.Amory etal.,
41 relataram dano intestinal após o bloqueio dos nervos
IH/IIcomatécnicademarcosanatômicosem herniorrafia
pediátrica. Jöhr e Sossai 42 chamaram a atenc¸ão para o
tamanho preferido da agulha em bloqueios regionais e
relataramlesãonocólon edesenvolvimentodehematoma
subseroso. Outra complicac¸ão citada na literatura foi
paralisiatemporáriadonervofemoral.43---46Ghanietal.,47
determinaramqueaincidênciadeparalisiatemporáriado
nervofemoralem casos deherniorrafiaem adultosfoi de
6%. Em nossoestudo, nãohouve complicac¸ãorelacionada
ao bloqueio nos pacientes submetidos ao bloqueio dos
nervosIH/IIcomatécnicademarcosanatômicos.
Deacordocomonossoconhecimento,nãoháestudo
pré-viosobreaeficácia,aconcentrac¸ãoeoajustedadose de
levobupivacaínaem bloqueiodos nervosIH/II em adultos.
Porém,háalgunsestudoscompacientespediátricos.Disma
etal.48 relataramqueadosede0,4mL/kgde
levobupiva-caínaa0,25%forneceuanalgesianoperíodopós-operatório
decrianc¸assubmetidasàherniorrafiainguinal.Verificou-se
queadoseidealdelevobupivacaínapodeserreduzidapara
0,075mL/kgembloqueiodosnervosIH/IIguiadosporUSem
crianc¸as.49
Nonossoestudo,levobupivacaínaa0,5%(20mL)foiusada
emambososgruposcomeficáciaeseguranc¸a.Sinaisde
toxi-cidadecausadaporanestésicolocalnãoforamobservados.
Baerentzen et al.50 avaliaram a eficácia do bloqueio
dos nervos IH/II com US em 60 casos, estado físico
ASA I-II, acima de 18 anos, submetidos à herniorrafia
inguinal unilateral. Após a induc¸ão da anestesia geral,
o bloqueio do nervo IH/II guiado por US foi feito com
bupivacaína ou salina. O desfecho primário foi definido
como escore EVA de dor em movimento na unidade de
cuidadospós-operatórios e os desfechos secundários
defi-nidos como escores EVA de dor em repouso, consumo
de opiáceos no pós-operatório, náusea, vômito e tempo
de permanência em unidade de recuperac¸ão e na
clí-nica.Consumodeanalgésicos,escorededor,avaliac¸ãodo
estadodesaúdeecapacidadeparafazerasatividades
diá-riasforamavaliados portelefone 24-48horas após aalta.
No grupo bupivacaína, o tempo de permanência na
uni-dade de recuperac¸ão pós-operatória, os escores EVA em
repouso e em movimento nominuto 30 e os escores EVA
em repouso nomomentodaalta foramsignificativamente
maisbaixos.OsescoresEVAemmovimentoapósaaltaforam
menores nogrupo bupivacaína, masnão estatisticamente
significantes(p=0,06).Nãohouvediferenc¸asignificantenos
escoresdedorentreosdoisgruposnopós-operatórioeem
24 e 48 horas. Não houve diferenc¸a estatisticamente
sig-nificanteentreos dois grupos em relac¸ãoao consumo de
opiáceosnopós-operatórionaunidadederecuperac¸ão,na
clínicaeapósaalta(p=0,12,p=0,2,p=0,15,
respectiva-mente).Aavaliac¸ãodoestadodesaúdeeacapacidadepara
fazeratividadesdiáriasforamavaliadasem casapor
tele-foneenãomostraramdiferenc¸aentredoisgrupos.Emnosso
estudo, nos casosem que o bloqueio dos nervos IH/II foi
feitocoma técnicaguiadaporUS,asdosesdoanalgésico
deresgateeosescoresdedornopós-operatórioforammais
baixosnoinícioeaos30minutosnaunidadederecuperac¸ão
pós-operatória,o que foicompatívelcom aliteratura. Os
escoresdedorem movimento nomomentodaalta foram
significativamentemenoresnogrupoUS,oquefoidiferente
daliteratura.Emnossoestudo,nãohouvediferenc¸a
signi-ficativaemrelac¸ãoàdor,àsatisfac¸ãocomaanalgesiaeàs
complicac¸õesdobloqueio,deacordocomaavaliac¸ãofeita
portelefoneemcasaapósaalta.
Uma limitac¸ão de nosso estudo foi não perguntar aos
pacientesseelesescolheriamamesmatécnicaounão.Isso
nosdariaresultadosmaisconfiáveis.
Conclusão
Emherniorrafiasinguinaisemadultos,obloqueiodosnervos
IH/IIguiadoporUSforneceanalgesiamaiseficaze
satisfató-riaemcomparac¸ãocomatécnicademarcosanatômicos.Por
outrolado,pode-sesugerirqueaobservac¸ãodeestruturas
anatômicascomoUSpodeaumentarosucessodobloqueio
eminimizarascomplicac¸õesrelacionadasaobloqueio.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.Jenkins JT, O’Dwyer PJ. Inguinal hernias. BMJ. 2008;336: 269---72.
2.KurzerM,KarkA,HussainST.Daycaseinguinalherniarepairin theelderly:asurgicalpriority.Hernia.2009;13:131---6.
3.AasvangE,KehletH.Chronicpostoperativepain:thecaseof inguinalherniorrhaphy.BrJAnaesth.2005;95:69---76.
4.WallPD,MelzackR.Painmeasurementsinpersonsinpain.In: WallPD, MelzackR, editors.Textbookofpain.4thed. Edin-burgh,UK:ChurchillLivingstone;2003.p.409---26.
5.ToivonenJ,PermiJ,RosenbergPH.Analgesiaanddischarge fol-lowingpreincisionalilioinguinalandiliohypogastricnerveblock combinedwithgeneralorspinalanaesthesiaforinguinal herni-orrhaphy.ActaAnaesthesiolScand.2004;48:480---5.
6.Morgan GE, MikhailMS,Murray MJ.Peripheral nerveblocks. Clinicalanesthesiology.4thed.NewYork:TheMcGrawHill Com-panies;2006.p.325---9.
7.JamiesonRW,SwigartLL,AnsonBJ.Pointsofparietal perfora-tionoftheilioinguinalandiliohypogastricnervesinrelationto optimalsitesforlocalanaesthesia.QBullNorthwestUnivMed Sch.1952;26:22---6.
9.MarkhamSJ,TomlinsonJ,HainWR.Ilioinguinalnerveblockin children.Acomparisonwithcaudalblockforintraand posto-perativeanalgesia.Anaesthesia.1986;41:1098---103.
10.Lim SL, Ng Sb A, Tan GM. Ilioinguinal and iliohypogastric nerve blockrevisited:single shotversusdouble shot techni-queforherniarepairinchildren.PaediatrAnaesth.2002;12: 255---60.
11.EcoffeyC.Regionalanesthesia inchildren.In:RajPP,editor. Textbookofregionalanesthesia.Philadelphia:Churchill Livings-tone;2002.p.379---93.
12.KopaczDL,ThompsonGE.Celiacandhypogastricplexus, inter-costal, interpleural and peripheral neural blockade of the thoraxandabdomen.In:CousinsMJ,BridenbaughPO,editors. Neuralblockadeinclinicalanesthesiaandmanagementofpain. Philadelphia:Lipincott;1998.p.451---85.
13.ReynoldsL,KedlayaD.Ilioinguinal-iliohypogastricand genitofe-moralnerveblocks.In:WaldmanSD,editor.Interventionalpain management.Philadelphia:WBSaunders;2001.p.508---11.
14.SongD,GreilichNB,WhitePF,etal.Recoveryprofilesandcosts ofanesthesiaforoutpatientunilateralinguinalherniorrhaphy. AnesthAnalg.2000;91:876---81.
15.WillschkeH,MarhoferP,BösenbergA,etal.Ultrasonography for ilioinguinal/iliohypogastric nerve blocks in children.Br J Anaesth.2005;95:226---30.
16.CallesenT,BechK,NielsenR.Painaftergroinherniarepair.Br JSurg.1998;85:1412---4.
17.Joshi GP.Multimodal analgesiatechniques and postoperative rehabilitation.AnesthesiolClinNorthAm.2005;23:185---202.
18.Aasvang EK, Gmaehle E, Hansen JB, et al. Predictive risk factors for persistent postherniotomy pain. Anesthesiology. 2010;112:957---69.
19.EklundA,MontgomeryA,BergkvistL.Chronicpain5yearsafter randomizedcomparisonoflaparoscopicandLichtenstein ingui-nalherniarepair.BrJSurg.2010;97:600---8.
20.Nienhuijs S, Staal E, Strobbe L. Chronic pain after mesh repair of inguinal hernia: a systematic review. Am J Surg. 2007;194:394---400.
21.JoshiGP,RawalN,KehletH.Evidence-basedmanagementof postoperativepaininadultsundergoing openinguinalhernia surgery.BrJSurg.2012;99:168---85.
22.Santos Gde C, Braga GM, Queiroz FL, et al. Assessment of postoperative painand hospital discharge afteringuinal and iliohypogastric nerve block for inguinal hernia repair under spinal anesthesia: a prospective study. RevAssoc MedBras. 2011;57:535---8.
23.RyanJA,AdyeBA,JollyPC,etal.Outpatientinguinal herni-orrhaphywithbothregionalandlocalanesthesia.AmJSurg. 1984;148:313---6.
24.CallesenT,BechK,KehletH.One-thousandconsecutive ingui-nalherniarepairsunderunmonitoredlocalanesthesia.Anesth Analg.2001;93:1373---6.
25.Kark AE, Kurzer MN, Belsham PA. Three thousand one hun-dredseventy-fiveprimaryinguinalherniarepairs:advantages ofambulatoryopenmeshrepairusinglocalanesthesia.JAm CollSurg.1998;186:447---55.
26.KehletH,BayNielsenM.Anaestheticpracticeforgroinhernia repair.ActaAnaesthesiolScand.2005;49:143---6.
27.Amid PK, Shulman AG, Lichtenstein IL. Local anesthesia for inguinal hernia repair step-by-stepprocedure. Ann Surg. 1994;220:735---7.
28.Amid PK, Shulman AG, LichtensteinIL. Open ‘‘tensionfree’’ repair ofinguinal hernias: theLichtensteintechnique.Eur J Surg.1996;162:447---53.
29.DevlinHB,KingsnorthAN.Inguinalherniainadults.In: Manage-mentofabdominalhernias.London:ChapmanandHallMedical; 1998.p.185---97.
30.NordinP,HernellH,UnossonM,etal.Typeofanaesthesiaand patientacceptanceingroinherniarepair:amulticentre rando-misedtrial.Hernia.2004;8:220---5.
31.BhattacharyaSD, VaslefSN,PappasetTN,etal.Locoregional versusgeneral anesthesia foropen inguinal herniorrhaphy:a national surgical quality improvement program analysis. Am Surg.2012;78:798---802.
32.O’Dwyer PJ, Serpell MG, Millar K, et al. Local or general anesthesia for open hernia repair:a randomized study. Ann Surg.2003;237:574---9.
33.BellEA,JonesBP,OlufolabiAJ,etal.Iliohypogastric-ilioinguinal peripheral nerve block for post-cesarean delivery analgesia decreasesmorphineusebutnotopioid-relatedsideeffects.Can JAnaesth.2002;49:694---700.
34.GucevG,YasuiGM,ChangTY,etal.Bilateralultrasound-guided continuousilioinguinal-iliohypogastricblockforpainreliefafter cesareandelivery.AnesthAnalg.2008;106:1220---30.
35.Oriola F,Toque Y, Mary A, et al. Bilateral ilioinguinal nerve block decreases morphine consumption in female patients undergoingnonlaparoscopicgynecologicsurgery.AnesthAnalg. 2007;104:731---4.
36.WolfsonA, Lee AJ, Wong RP,et al. Bilateralmulti-injection iliohypogastric-ilioinguinalnerveblockinconjunctionwith neu-raxial morphine is superiorto neuraxialmorphine alone for postcesareananalgesia.JClinAnesth.2012;24:298---303.
37.WeintraudM,MarhoferP.Ilioinguinal/iliohypogastricblocksin children:wheredoweadministerthelocalanestheticwithout directvisualization?AnesthAnalg.2008;106:89---93.
38.Klaassen Z, Ewarld M. Anatomy of the ilioinguinal and ili-ohypogastric nerves with observations of their spinal nerve contributions.ClinAnat.2011;24:454---61.
39.Nyhus LM.Classification of groinhernia: milestones.Hernia. 2004;8:87---8.
40.WeltzCR,KleinSM,ArboJE,etal.Paravertebralblock anesthe-siaforinguinalherniarepair.WorldJSurg.2003;27:425---9.
41.Amory C, Mariscal A, Guyot E, et al. Is ilioingui-nal/iliohypogastricnerveblockalwaystotallysafeinchildren? PaediatrAnaesth.2003;13:164---6.
42.Jöhr M, SossaiR. Colonic puncture during ilioinguinal nerve blockinachild.AnesthAnalg.1999;88:1051---2.
43.GreigJD,McArdle CS.Transient femoralnervepalsy compli-cating preoperative ilioinguinal nerve blockade for inguinal herniorrhaphy.BrJSurg.1994;81:18---29.
44.RosarioDJ,SkinnerPP,RafteryAT.Transientfemoralnervepalsy complicatingpreoperativeilioinguinalnerveblockadefor ingui-nalherniorrhaphy.BrJSurg.1994;81:897.
45.TsaiTY,HuangYS,TsaiYC,etal.Temporaryfemoralnervepalsy afterilioinguinalnerveblockadecombined withsplashblock forpost-inguinalherniorrhaphyanalgesiainapediatricpatient. ActaAnaesthesiolTaiwan.2007;45:23---40.
46.LehmannJM,BeckermannS.Transientfemoralnervepalsy com-plicatingpreoperativeilioinguinalnerveblockadeforinguinal herniorrhaphy.BrJSurg.1995;82:853.
47.Ghani KR, McMillan R, Paterson-Brown S. Transient femoral nervepalsyfollowingilio-inguinalnerveblockadefordaycase inguinalherniarepair.JRCollSurg.2002;47:626---9.
48.DismaN,Tuo P.Three concentrationsof levobupivacainefor ilioinguinal/iliohypogastricnerveblockinambulatorypediatric surgery.JClinAnesth.2009;21:389---93.
49.WillschkeH,BösenbergA,FelfernigM,etal. Ultrasonographic--guided ilioinguinal/iliohypogastric nerve block in pediatric anesthesia: what is the optimal volume? Anesth Analg. 2006;102:1680---4.