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Tributação sobre "venda direta" pela previdência social

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE DIREITO

MARIA ELISA FUDABA CURCIO PEREIRA

TRIBUTAÇÃO SOBRE “VENDA DIRETA” PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL

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MARIA ELISA FUDABA CURCIO PEREIRA

TRIBUTAÇÃO SOBRE “VENDA DIRETA” PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Direito Político e Econômico.

Área de concentração: Direito Econômico

ORIENTADOR: Prof. Dr. José Francisco Siqueira Neto

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

E-MAIL DA AUTORA: mariaelisa.curcio@gmail.com

MARIA ELISA FUDABA CURCIO PEREIRA P436t Pereira, Maria Elisa Fudaba Curcio

Tributação sobre \"Venda Direta\" pela Previdência Social. / Maria Elisa Fudaba Curcio Pereira. – 2015.

83 f.; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Direito Político e Econômico) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.

Orientador: José Francisco Siqueira Neto

Bibliografia: f. 11-77

1. Venda direta. 2. Venda porta-a-porta. 3. Venda por catálogo. 3.

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TRIBUTAÇÃO SOBRE “VENDA DIRETA” PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para a obtenção do título de mestre em Direito Político e Econômico.

Aprovada em

18/08/2015

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Francisco Siqueira Neto (Orientador) Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dra. Zélia Luíza Pierdoná Universidade Presbiteriana Mackenzie

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela vida e pela fonte de toda sabedoria.

Ao Prof. Dr. José Francisco Siqueira Neto, por me trazer de volta ao ambiente do Direito. Por ter sido orientador durante o acompanhamento do trabalho e com sua competência e inspiração nos fez chegar até aqui.

À Prof. Dra. Zélia Luiza Pierdoná, pela inspiração pessoal e profissional, pela co-orientação e pela persistência.

Ao meu marido, Sérgio Henrique, pelo amor e pela paciência.

Aos meus Pais, por serem especiais, pelo amor incondicional sempre presente. Pela educação, pelo berço acadêmico.

Aos meus irmãos Gustavo Orlando e Sérgio Augusto, amigos para a vida.

À Dra. Yolanda Cerqueira Leite, advogada à frente de seu tempo, pela aposta e confiança. Hoje, pela amizade e inspiração.

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“Maravilha é o desejo de conhecimento.”

“Nós não podemos ter pleno conhecimento de uma só vez. Nós devemos começar por acreditar; em seguida, podemos ser levados a dominar a prova para nós mesmos.”

“A justiça está nos indivíduos, bem como nos governantes.” “A razão no homem é um pouco como Deus no mundo.”

(7)

RESUMO

A tributação sobre “venda direta” pela Previdência Social é um assunto que tem

provocado debates entre juristas e formuladores de políticas públicas. Diante desta realidade, desenvolveu-se o presente trabalho, a partir de uma pesquisa sobre o ambiente da venda direta ou venda por catálogo. Mais especificamente, quanto a forma de relação funcional entre os representantes de vendas e as empresas, sob a perspectiva do Sistema Brasileiro de Previdência Social. A relação das empresas de vendas diretas e dos representantes, juridicamente reconhecidos como vendedores ambulantes, profissionais autônomos, baseia-se na ausência de vínculo empregatício. Este foi o ponto de partida para a problematização, uma vez que estes vendedores autônomos, em sua maioria, não estão inseridos no arcabouço da proteção social constitucional da Previdência Social.

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ABSTRACT

Taxation on "direct sales" activities by Social Security is an issue that has provoked debate among legal experts and policy makers. Given this, this master's thesis is the result of research focused on the environment of direct sales or mail order. More specifically on the way of functional relationship between sales representatives and companies from the perspective of the Brazilian System of Social Security. Based on the absence of employment contract, the legal relation between direct sales companies and representatives defines its conditions as independent vendors. This was the starting point of the problematic, since these individual vendors are not included in the constitutional social protection of Social Security.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEVD Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas

AVON Avon Cosméticos Brasil

CF Constituição Federal de 1988

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Código Nacional de Atividade Econômica

CNDL Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas

DSA Direct Sales Association

EC Emenda Constitucional

IR Imposto de Renda

ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

LOPS Lei Orgânica da Previdência Social

MEI Microempreendedor Individual

(10)

PIB Produto Interno Bruto

PSPS Plano Simplificado de Previdência Social

RGPS Regime Geral da Previdência Social

RPPS Regime Próprio de Previdência Social

RPPS Regime Próprio de Previdência Social

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 11

2. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ... 20

2.1. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO CONTEXTO DA SEGURIDADE SOCIAL ... 21

2.2. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL ... 26

2.3. DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A FINANCIAR A SEGURIDADE SOCIAL ... 29

2.4. DA CONTRIBUTIVIDADE E A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA ... 31

2.5. DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ... 33

2.6. DA PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA ... 34

2.6.1. Dos beneficiários da previdência social ... 36

3. AS REVENDEDORAS E A EMPRESA ... 39

3.1. PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS REPRESENTANTES DA VENDA DIRETA ... 41

3.2. SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL ... 46

4. DA NÃO-INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PELAS EMPRESAS DE VENDA DIRETA ... 51

4.1. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A ATIVIDADE DO COMERCIANTE AUTÔNOMO ... 57

4.2. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº47/2005 – REFORMA PREVIDENCIÁRIA .. 60

5. A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO REVENDEDOR PORTA-A-PORTA . 62 5.1. NOTAS SOBRE O PRINCÍPIO DA IGUALDADE, DIREITO TRIBUTÁRIO E A VENDA-DIRETA ... 68

5.2. A PROBLEMÁTICA SOCIAL E A NECESSIDADE DE INCLUSÃO DOS REVENDEDORES NO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO ... 70

CONCLUSÃO ... 73

(12)

1. INTRODUÇÃO

A presente dissertação de Mestrado é o resultado de um trabalho de pesquisa acadêmica desenvolvido no Programa de Mestrado em Direito Político e Econômico da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que teve por objetivo analisar:

(i) a possibilidade de a Previdência Social exigir a contribuição prevista no artigo 195, I, alínea “a” da Constituição Federal1 de empresas de vendas diretas, em relação aos valores que estas recebem dos revendedores autônomos;

(ii) de forma menos abrangente, mas não de menor relevância, a proteção previdenciária dos revendedores.

O método e o procedimento metodológico utilizados para a leitura e observação foi o fenomenológico. Para a problematização, postulação das hipóteses e conclusão, o método utilizado foi o dedutivo.

O presente trabalho voltou-se, principalmente, para a produção de conhecimento na área jurídico-econômica, contribuindo de forma eficaz com os demais levantamentos e pesquisas já realizados dentro deste campo. No Brasil, pelo exame bibliográfico até aqui realizado, não foi identificado trabalho de mestrado acadêmico com referido objeto e objetivo específicos.

A seleção do tema se deu em razão da preocupação em desenvolver uma investigação que apresentasse como lema norteador uma das funções sociais às quais o Estado se destina, que é garantir a dignidade da pessoa. Para fins desta pesquisa, o recorte foi feito quanto à análise da proteção social do cidadão revendedor porta-a-porta, que vive com o fruto do trabalho decorrente de tal atividade econômica.

1 Contribuição da empresa sobre folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados a pessoa física, mesmo que sem vínculo empregatício.

(13)

O tema foi escolhido tendo em conta a relevância e impacto socioeconômico da venda direta no Brasil. Atualmente, este modelo de negócios abarca em torno de 4,5 milhões de revendedores2 no País e movimenta cerca de R$ 41,6 bilhões em volume de negócios (dado anual de 2013)3.

Neste contexto, a pesquisa fenomenológica identificou a relação comercial existente entre as empresas de venda-direta e os revendedores autônomos.

A pesquisa revelou que a maioria dos revendedores autônomos não está inserida de fato no sistema de proteção previdenciária. Constatado este fato, uma das metas foi aclarar se a obrigação por tal inserção é esperada exclusivamente do trabalhador autônomo ou se trata de obrigação a ser compartilhada com as empresas.

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que 72% dos autônomos informais não contribuem com a Previdência Social.4 Um estudo global realizado entre agosto e setembro de 2014 pelo banco HSBC, com 16 mil pessoas, em 15 países, revelou que, no Brasil, 53% da população brasileira não estão economizando nem pretendem começar a poupar exclusivamente para o período em que vão deixar o mercado de trabalho. 5

Alguns fatores são: o desemprego (35%), compra de imóvel (28%), crise econômica global (27%), contração de dívida (26%) e a educação dos filhos (21%).

Nos últimos anos, a política econômica brasileira do Governo Federal foi amplamente voltada a políticas sociais que visavam ao consumo e à movimentação

2 Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas ABEVD. Guia de Legislação no

Brasil. Disponível em: < https://www.abevd.org.br/htdocs/index.php?secao=imprensa> Acesso em: 25.jul.2014.

3 _________. Vendas Diretas ultrapassam R$ 40 bilhões em volume de negócios em

2013. Disponível em:

<www.abevd.org.br/htdocs/index.php?secao=imprensa&pagina=numeros_2013_2sem> Acesso em: 20.jul.2014

4 InfoMoney. 72% dos autônomos informais não contribuem com a Previdência Social. Disponível em: < https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/noticia/180-72dosautonomosinformaisnaocontribuemcomaprevidenciasocial> Acesso em: 23.nov.2014 5 OABPrev RS. Aposentadoria tranquila depende de investimento e planejamento

financeiro. Disponível em:

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do capital. Programas sociais como o “Minha Casa, Minha Vida”, desoneração tributária de produtos da linha-branca e automóveis, incentivo ao uso do crédito bancário, diminuição dos juros de empréstimos para moradia, incentivaram a que os cidadãos brasileiros deixassem de poupar.

Dados históricos da venda-direta –

Ao estudar a origem da venda direta6, em termos gerais, pode-se dizer que a venda direta surge com a comercialização de mercadorias, antes mesmo do mercantilismo.7 Para fins de registro deste trabalho, o recorte temporal se deu a partir do final do século XIX, momento em que a pioneira “The California Perfume

Company”, atual Avon, foi fundada em 1886, por David H. McConnell.

Mas o que vem a ser o modelo “porta-a-porta”, em inglês “door to door”,

ou “venda-direta”?

O modelo de venda porta-a-porta, como conhecemos, surgiu num

6 Direct Sales Association DSA. History. Disponível em: <http://www.dsa.org/about-dsa/history-of-dsa> Acesso em: 19.jul.2014

7 Na era contemporânea, o modelo da venda direta teve início no final do Século XVIII, quando a Enciclopédia Britânica passou a ser uma das primeiras empresas a adotar este sistema de comercialização.

Os famosos “yankees” ou mascates da Nova Inglaterra, eram jovens que acompanhavam os “pioneiros” ingleses na travessia do leste para o oeste dos Estados Unidos, durante o século XVIII. Os yankees seguiram os pioneiros para o oeste, servindo como um canal para bens, serviços e notícias entre localidades às vezes distantes e nas cidades mais próximas. A história da Southwestern Company remonta à primeira metade do século 19. Há indícios de que a empresa publicava panfletos religiosos, já em 1840, mas a empresa foi estabelecida em meados de 1850 como Southwestern Publishing House, sob a liderança do Rev. James Robinson Graves. Inicialmente, a empresa vendia seus produtos por meio do correio, mas após a Guerra Civil Americana, o Rev. Graves desenvolveu um novo conceito de vendas, envolvendo jovens do sul do país para vender os produtos “porta-a-porta”.

A Avon, também uma das primeiras empresas de venda direta, teve seu início de operação quando um vendedor de livros chamado David H. McConnell fundou a empresa (1886) depois de perceber que suas clientes do sexo feminino se interessavam mais pelas amostras de perfume grátis que ele oferecia, do que seus livros vendidos porta-porta.

(15)

período da história dos Estados Unidos da América no qual os homens estavam inseridos no modelo de produção fabril e as mulheres, em grande proporção, se restringiam ao ambiente privado doméstico.

O vínculo de subordinação dos operários ao empregador era (e ainda é) um ingrediente próprio da determinada “forma de trabalho tradicional”. Não apenas no ambiente fabril, mas também no comércio e na prestação de serviço, esta relação na qual um lado “manda” e outro “obedece” é reconhecido como “taylorista-fordista”, em referência a Frederick Winslow Taylor e Henry Ford.

A venda-direta surge como alternativa a esse modelo. Por meio da venda-direta, indivíduos comuns podem se transformar em revendedores, “donos” de seu tempo e autônomos em decidir o quanto querem se dedicar ao trabalho. O princípio constitucional da livre-iniciativa é o fundamento para tal atividade.8

Na época da fundação da Avon, a grande perspicácia de McConnel foi acessar uma força de trabalho impedida de trabalhar por barreiras sociais e um mercado consumidor inexplorado, isto é, as mulheres. Flexibilidade de tempo, autonomia da vontade e oportunidade de ganhos financeiros foram determinantes para o sucesso deste novo modelo de negócios.

O fato antecede a norma positiva. É evidente que este novo modelo de relação de trabalho informal fugiu do âmbito do direito laboral positivado na época. Por se tratar de um modelo de distribuição dinâmico, distinto do varejo tradicional, a viabilidade do desenvolvimento da venda-direta se deu também pelo próprio vácuo do direito positivo. A flexibilidade de horários e do nível de dedicação ao negócio não depende de regulamentação, mas sim, pela decisão unilateral do empreendedor.

8 Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

...

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

(16)

Outro elemento fundamental da venda-direta foi o princípio da livre iniciativa. Elemento que mais tarde foi prismado como um dos fundamentos da República Brasileira.

No ordenamento jurídico brasileiro não há um conceito legal que determine o que vem a ser o modelo de negócios da venda-direta. O que existe é uma auto-regulamentação do setor, estabelecida e convencionada pelo Código de Ética e pelo Estatuto da Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).9

Oportunamente, será apresentado o modelo organizacional associativo das empresas de venda direta no Brasil e no Mundo. Por ora, apenas se pretende pincelar conceitos fundamentais ao desenvolvimento lógico da presente dissertação.

De acordo com o “Estatuto do Revendedor Direto”10, a venda direta é um

sistema de comercialização de bens de consumo e serviços diferenciado, baseado no contato pessoal, entre vendedores e compradores, fora de um estabelecimento comercial fixo.

No entendimento do setor, a venda-direta11 baseia-se na alienação de produtos e serviços no domicílio do consumidor ou em outros locais que não sejam pontos permanentes. Do contrário, tratar-se-ia de modalidade do varejo tradicional. A venda porta-a-porta é espécie de negócio entre pessoas físicas, fundado na relação de confiança. De um lado denominadas revendedoras, comprando produtos diretamente do fornecedor e de outro revendendo diretamente a consumidores, auferindo lucro pela diferença dos preços de compra e revenda, arcando, inclusive, com todos os ônus inerentes ao negócio.

9 Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas ABEVD. Guia de Legislação no

Brasil. Disponível em:

<https://www.abevd.org.br/htdocs/index.php?secao=guia_legislacao&pagina=brasil> Acesso em: 20.jul.2014.

10 _________ Estatuto do Vendedor Direto. Disponível em: <https://www.abevd.org.br/htdocs/index.php?secao=guia_legislacao&pagina=brasil> Acesso em: 20.jul.2014.

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Seguindo o Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE), a venda-direta é classificada como atividade do comércio varejista como segue:

a classificação das atividades do comércio varejista baseia-se na gama de produtos vendidos, sem distinção da forma de comercialização em loja ou fora de loja (por correio, catálogo, porta-a-porta, internet, etc.) e apoia-se em conceitos e convenções relativos a especialização e predominância.

 Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), Seção G, Divisão 47.

De acordo com a Lei nº 6.586 de 1978, considera-se comerciante ambulante aquele que “pessoalmente, por conta própria e a seus riscos, exercer pequena atividade comercial em via pública, ou de porta em porta”12. O artigo 2º continua: “Não se considera comerciante ambulante, para os fins desta Lei, aquele que exerce suas atividades em condições que caracterizem a existência de relação de emprego com o fornecedor de produtos.”

Em conformidade com o Código Comercial Brasileiro (Lei nº 556, de 01.01.1850), podem ser comerciantes no País todos os que se achem na livre administração de suas pessoas e de seus bens e que não estejam expressamente proibidas pela Lei.

Nesta linha, o vendedor direto no Brasil é um revendedor autônomo e independente, que adquire produtos das empresas de vendas diretas como pessoa física e os revende aos seus clientes, com uma margem de lucro.

Introduzindo o assunto estudado na presente dissertação, passa-se a discorrer sobre a venda-direta e a questão previdenciária. Os comerciantes ambulantes, assim como os demais trabalhadores brasileiros, devem estar inseridos

12 BRASIL. Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978. Classifica o comerciante ambulante

(18)

no sistema de previdência social brasileiro.13 O termo “trabalhador” é bastante amplo e serve para identificar todo aquele que vive do seu trabalho. Não há dúvida de que o revendedor, mesmo como pessoa física, seja contribuinte obrigatório para fins previdenciários, nos termos da Lei nº 8.212/1991 e do Decreto nº 2.173/1997. O que se coloca em pauta é se existe obrigação quanto ao recolhimento pelas empresas ou ao menos obrigação acessória como, por exemplo, a exigência de comprovação de recolhimento pelo revendedor como requisito para a venda.

A Constituição Federal de 1988, conhecida como “ConstituiçãoCidadã”, trouxe como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (artigo 1º). Em seguida, no artigo 3º estão os objetivos fundamentais da República, dentre os quais se dá destaque para a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a erradicação da pobreza e a marginalização.14

Neste contexto, a previdência social institui um importante instrumento da proteção social. Dentre os direitos sociais, o trabalho e a previdência social são elencados no rol do artigo 6º da Constituição Federal.

Assim, a análise da legalidade e da competência administrativa e tributária do Estado Brasileiro reflete preocupação da Constituição Federal em garantir que todos os cidadãos brasileiros estejam protegidos em seus direitos no que tange a:

(i) admissibilidade de exigência de contribuição previdenciária de empresas de vendas diretas, e

13_________ Classifica o comerciante ambulante para fins trabalhistas e

previdenciários. Brasília, em 6 de novembro de 1978; Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6586.htm>. Acesso em: 20.jul.2014.

14_________ Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978. Classifica o comerciante ambulante

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(ii) existência ou não de vínculo de emprego entre as empresas de vendas diretas e os revendedores autônomos.

Outro aspecto considerado nesta dissertação diz respeito à constante vigilância do Estado e o controle pela sociedade civil, pois permitem que se crie o ambiente político para a formação de marcos regulatórios claros e adaptados à realidade brasileira.

No entanto, a realidade social brasileira e a precariedade das relações de trabalho, por vezes exigem que o princípio da viabilidade econômica seja considerado fundamental na aplicação da legislação e da proteção social ao cidadão.

Em contrapartida, não se pode falar efetivamente em Estado democrático de direito sem que se garanta a efetividade do princípio da igualdade. O fundamento da democracia consiste no aspecto existencial da igualdade. Além disso, como por vezes ressalta Alysson Mascaro em sua obra, onde estão relações de produção capitalista, está também o Estado (MASCARO, 2012).

Aqui vem a singularidade do termo. A igualdade é política. Uma vez política, é, portanto, discriminatória. Seguindo Aristóteles, a justiça vem pelo tratamento igual dos iguais e desigual dos desiguais.

A igualdade política da democracia deve corresponder ao princípio da homogeneidade a partir do qual e em nome do qual possa se estabelecer a distinção entre cidadão e estrangeiro, entre iguais e desiguais, entre amigo e inimigo.” Continua: “esta idéia de homogeneidade substancial não conduziria necessariamente à discriminação.15

(20)

Diante do exposto até aqui, cumpre apresentar a estrutura do trabalho, qual seja, analisar sob a perspectiva jurídica e social: (i) o conceito legal da venda direta; e (ii) identificar a pertinência da exigibilidade de recolhimento pelas empresas, da contribuição previdenciária.

(21)

2. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O presente capítulo tratará do sistema previdenciário brasileiro. “A previdência social tem por objetivo assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, em razão da inatividade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte dos segurados”.16

A previdência social no Brasil, surgiu como política social de caráter permanente com a edição do Decreto n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido

como “Lei Eloy Chaves”. De filiação obrigatória, voltava-se ao resguardo de situações

de risco social decorrentes de enfermidade, velhice ou morte dos seus beneficiários.17

Inicialmente estabelecida na forma de caixas de aposentadoria e pensões vinculadas a certas empresas, a previdência social apareceu a partir do governo Vargas, estreando, assim, o processo de universalização com a implantação dos institutos de aposentadoria e pensões organizados por categorias profissionais. Apenas com a Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 196018, houve a uniformização da legislação existente sobre planos de benefícios e de custeio únicos.19

O período da ditadura militar foi marcado por importantes transformações na previdência social. A primeira delas foi a unificação institucional advinda com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS (1966). Posteriormente, o sistema foi ampliado e o universo de filiados incluiu o trabalhador rural (1971), o empregado doméstico (1972), o jogador profissional de futebol (1973)

16 SILVA, P. O. J. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006. p. 1092. 17 DONADON, J.; MONTENEGRO. D. P. O Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência. Debates. Previdência Social: Reflexões e desafios

Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em: 31.mai.2015.

18 Conhecida como Lei Orgânica da Previdência Social LOPS.

19“Detalhe importante dessa previdência social unificada foi que as regras concernentes aos direitos previdenciários nela previstos foram traçadas tendo em vista um modelo atuarial sustentável, ou seja, voltadas à manutenção do equilíbrio entre benefícios e custeio.”

__________. O Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência.

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e o trabalhador temporário (1974), dentre outras categorias.20

Ainda de acordo com Donadon, a partir da década de 80, foram instituídos novos benefícios como o salário-maternidade, flexibilizadas as regras que garantiam a manutenção de equilíbrio na relação custeio/ benefício, a contagem de tempo de trabalho fictício, fatores que compuseram parte da gênese dos déficits financeiro e atuarial enfrentados pelo sistema a partir dos anos 80.

Em continuidade ao processo de evolução do Sistema da Previdência Social, a Constituição Federal de 1988, criou o sistema da seguridade social21, regulamentado pela em 1991 pela Lei nº. 8.21222, e pela Lei n° 8.21323, o qual inclui, além da previdência, a saúde e a assistência social.

2.1. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO CONTEXTO DA SEGURIDADE SOCIAL

Seguridade Social24 é o sistema de proteção que tem por objetivo proteger a todos nas situações geradoras de necessidades, por meio de ações de saúde, previdência e assistência social, conforme visto anteriomente.25

Esse sistema foi criado para garantir os objetivos do Estado Brasileiro que são a erradicação da pobreza, da marginalização e das desigualdades sociais e regionais.

Do ponto de vista histórico evolutivo, a seguridade social passou por

20 __________. O Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência. Debates. Previdência Social: Reflexões e desafios Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em: 31.mai.2015.

21 Formado pela previdência, pela saúde e pela assistência social.

22 Que trata da organização da seguridade social e institui o seu plano de custeio. 23 Que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social.

24 Seguridade social: formado pela previdência, pela saúde e pela assistência social cuja regulamentação geral ocorreu em 24 de julho de 1991, com a aprovação da Lei nº. 8.212, e com a edição da Lei n° 8.213.

25 PIERDONA, Z. L. Seguridade Social. In: A. et al. (Ed.) DIMOULIS, D.; Dicionário

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quatro fases: assistência privada, assistência pública, seguro social (previdência social) e seguridade social. Tal processo evolutivo aconteceu de forma cumulativa, pois a seguridade social congregou a assistência pública e privada, a previdência e a saúde. (PIERDONÁ, 2007)

O sistema da seguridade social está enunciado nos artigos 194 a 204 da Constituição.

Em destaque, o art. 194 da CF preceitua que a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações e de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. As iniciativas das ações são de responsabilidade dos poderes públicos e da sociedade (art. 194). Ou seja, a responsabilidade pela efetivação não é exclusiva do Estado.26

A seguridade social é o principal instrumento criado pela Constituição Federal de 1988 para a implementação dos objetivos de construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginalização, além da redução das desigualdades sociais e regionais.27

A seguridade social apresenta duas faces: uma delas garante a saúde a todos; a outra, objetiva a garantia de recursos para a sobrevivência digna dos cidadãos nas situações de necessidade, os quais não podem ser obtidos pelo esforço próprio.

Assim, a seguridade social abrange a previdência social, mas também a saúde e a assistência. Esta está inserida na área da Ordem Social e tem como base o primado do trabalho. São seus objetivos: o bem-estar e a justiça sociais (art. 193 da

26 Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Constituição da República Federativa do Brasil.

Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20.jul.2014.

(24)

CF).28

A saúde29 é direito assegurado a todos os cidadãos brasileiros (acesso universal) mediante políticas sociais e econômicas do Estado. Já a assistência social30

“será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à

seguridade social”.

A previdência será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à

28“No que se refere ao custeio, embora o RGPS conte com recursos do orçamento da União, a maior parte da fonte de custeio dos benefícios por ele pagos provém das contribuições sociais, que constituem espécies tributárias, regulando-se, assim, sua arrecadação, fiscalização e cobrança pelos procedimentos e regras gerais aplicáveis aos impostos e demais exações federais.

Essas cotizações em favor do sistema estão a cargo das empresas e dos trabalhadores. E, embora o art. 195 da Constituição da República confira diversidade à base de financiamento da seguridade social, ressalvando, inclusive, a possibilidade de instituição legal de outras hipóteses de incidência, as contribuições sociais que constituem receita do Fundo do Regime Geral de Previdência Social têm, em regra, como base de cálculo, a folha de salários e demais rendimentos do trabalho; excetuam-se, aí, apenas as chamadas “contribuições substitutivas”, que, em alguns casos e sob certas condições, apresentam bases de cálculo e alíquota diversas.

Consagrado no § 5° do art. 194 da Constituição da República, e, especificamente para o RGPS, no caput do art. 201 dessa Carta Política, o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial tem por idéia motora a necessidade de manutenção de correlação entre benefício e custeio, de forma a garantir a estabilidade do próprio sistema de seguro social como um todo.

Para possibilitar o cumprimento desse objetivo, o legislador constituinte estabelece que as receitas da seguridade social deveriam constituir orçamento próprio (§ 1° do art. 195), devendo as contribuições sociais das empresas e as dos segurados incidentes sobre as remunerações do trabalho serem destinadas, exclusivamente, para pagamento de benefícios (inciso XI do art. 167, incluído pela Emenda Constitucional n° 20, de 1998).”

DONADON, J.; MONTENEGRO. D. P. O Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência. Debates. Previdência Social: Reflexões e desafios Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em: 31.mai.2015.

29 Ibid.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. BRASIL. Constituição Federal.

30 Ibid.

(25)

gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º31.

A proteção previdenciária, no pacto federativo, como regra geral, é de competência da União. Tal competência tem como objetivo conceder proteção isonômica a todos os trabalhadores. 32

A previdência social divide-se em regime geral e regime dos servidores públicos. 33 O regime geral da previdência social (RGPS) abrange os trabalhadores urbanos e os rurais. Já a assistência social, por sua vez, protege qualquer ser humano dependente, carente, que se encontre em situação de necessidade básica.

A regra geral da previdência é a de que estão vinculados ao regime geral todos os trabalhadores que exerçam atividade remunerada e que, simultaneamente, não estejam filiados a regime próprio de previdência, a tento, a previdência social tem por objetivo proteger a todos os trabalhadores e seus dependentes.

O RGPS admite a filiação de segurados facultativos, podendo livremente integrar esse regime qualquer pessoa maior de 16 anos, desde que não integre a categoria de segurado obrigatório nem esteja vinculada a regime próprio de

31 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (...)

BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20.jul.2014.

32 PIERDONA, Z. L. A previdência social no pacto federativo: as contribuições dos segurados e a violação à isonomia. In: GIOIA, F. H.; PIERDONÁ, Z. L. Pacto Federativo, Tributação e Cidadania. São Paulo: 2015. p.307.

33 Ibid.

(26)

previdência.34

Quanto ao regime de previdência dos servidores públicos, denominado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), apresenta suas políticas e regras estabelecidas e executadas pelo Ministério da Previdência Social (MPS). De caráter compulsório, todos os servidores públicos estarão submetidos às regras do regime próprio previdenciário do ente federativo que o tenha instituído. Há limitadores de

“teto” e “subtetos” definidos pela Emenda Constitucional nº 41/2003.35

Em resumo, todos têm direito à saúde, a assistência fica restrita a quem dela necessitar e, em relação à previdência social, além de ser de filiação obrigatória, tem caráter contributivo, ou seja, em tese quem não contribuir não terá direito aos seus benefícios.

Quanto ao financiamento da seguridade social, o art. 195 da CF prevê a participação de toda a sociedade, de forma direta e indireta, o que revela o Princípio da Solidariedade aplicável à proteção social.

Forma direta de financiamento da seguridade social: é efetivada pelas contribuições sociais previstas no art. 195, no art. 239 e na EC n. 12, da CF. Outras contribuições podem ser instituídas por Lei Complementar.36

Forma indireta de financiamento da seguridade social: se dá com a destinação de recursos previstos nos orçamentos dos entes federativos

34 DONADON, J.; MONTENEGRO. D. P. O Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência. Debates. Previdência Social: Reflexões e desafios

Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em: 31.mai.2015.

35 Estão excluídos deste grupo os empregados das empresas públicas, os agentes políticos, servidores temporários e detentores de cargos de confiança, todos filiados obrigatórios ao RGPS.

(27)

2.2. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

O presente item tem por objetivo elencar os princípios norteadores da seguridade social. O parágrafo único do art. 194 e o caput e o §5º do art. 195, ambos da CF, estabelecem aquilo que a doutrina tem chamado de princípios da seguridade social.

Abaixo serão listados os referidos princípios e tecidas considerações apenas sobre aqueles que têm relação direta com o objeto do presente trabalho.

I. Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento37: a universalidade é o primeiro princípio específico e, a partir dele, devem ser compreendidos os demais.

Tal princípio remonta às prestações e aos beneficiários da seguridade social, revela a adoção de um sistema protetivo amplo, o único capaz de atingir o bem-estar e a justiça sociais, que são objetivos da ordem social. Está em consonância com o sistema de seguridade social, uma vez que amplia a ideia de seguro social, o qual é dirigido apenas aos trabalhadores.

A seguridade social é o instrumento utilizado pelo Estado para realizar o bem-estar e a justiça sociais, o que somente será realidade quando todos tiverem acesso a um padrão mínimo.

Por isso, o princípio da universalidade é intrínseco à seguridade, na medida em que cabe ao Estado e à sociedade garantir a todos o mínimo necessário.

A universalidade deve ser entendida no sistema de seguridade social como um todo e não em relação a cada uma das áreas de forma isolada. Nesse sentido, a saúde, a partir da CF de 1988, é dirigida a todos. Já a previdência e a assistência, devem ser compreendidas de maneira complementar uma em relação à outra. Isso porque a previdência protege os trabalhadores e seus dependentes e exige

37 BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil, Art. 194,

parágrafo único, inciso I. Disponível em:

(28)

contribuição. Com isso, nem todos são protegidos, necessitando da subárea assistência social que acolherá os necessitados. Dessa forma, unindo as duas subáreas, tem-se a universalidade.

Isso não significa que o Poder Público não deva criar políticas legislativas visando à inclusão na previdência social de todos aquele que vivem do fruto do seu trabalho, já que, na hipótese do não recolhimento, estariam protegidos pelo sistema da assistência social, uma vez que o subsistema de previdência social tem por objetivo, conforme mencionado acima, proteger o trabalhador e os seus dependentes.

II. Princípio da uniformidade e equivalência das prestações às populações urbanas e rurais: consagra a equivalência dos benefícios e serviços das populações urbanas e rurais.

III. Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: este princípio revela uma contenção provisória da efetivação do princípio da universalidade, referido acima. Ou seja, rumo à universalização, o legislador infraconstitucional, discricionariamente, deverá escolher etapas, buscando a proteção de todos. Um exemplo seria a criação de alíquotas diferenciadas visando à efetiva inclusão previdenciária de todos os trabalhadores.

IV. Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios: previsto no artigo 194, parágrafo único, IV da CF, a irredutibilidade está relacionada ao seu valor nominal, assim como também é aplicado à remuneração dos trabalhadores em atividade.

V. Princípio da equidade: é dirigido ao custeio da seguridade social e abrange diversos aspectos, dentre os quais a capacidade econômica dos contribuintes. A ela devem ser acrescentadas as especificidades relacionadas com o sistema de proteção social, como a observância da relação entre a contribuição e as prestações, a empregabilidade, etc., conforme preceito do §9º do art. 195 da CF.

(29)

tem maior importância, já que a legislação, ao definir as alíquotas das contribuições a cargo dos trabalhadores, deverá observar a capacidade contributiva do sujeito passivo.

VI. Princípio da diversidade da base de financiamento: a CF, por meio desse princípio, exige diversas fontes de financiamento para a seguridade social e não apenas a forma tradicional de custeio da previdência social (contribuição do trabalhador e da empresa sobre a remuneração).

Isso porque, além de ter ampliado a proteção, concedendo saúde a todos e não apenas a seus trabalhadores e seus dependentes e protegendo os necessitados por meio da assistência social, a remuneração já não tem a importância econômica como tinha em outras épocas. De acordo com Zélia Pierdoná38, o Brasil inicialmente adotou o modelo de Bismarck, sendo que a remuneração era o fator de produção que tinha maior expressão econômica. Entretanto, houve alteração desse quadro, decrescendo o fator trabalho em face do aumento do capital, diminuindo proporcionalmente a receita sobre aquele fator. A CF de 1988 ampliou o sistema protetivo passando de modelos isolados, que visavam proteger determinados setores da população, para um sistema de seguridade social, o qual objetiva atender a todos os cidadãos nas situações geradoras de necessidades.

VII. Princípio da gestão da seguridade social: a CF, no art. 194, parágrafo único, inciso VII, determinou que a gestão da seguridade social deve ter caráter democrático e descentralizado.

VIII. Princípio do custeio prévio: o § 5º, do art. 195, da CF determina

que “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado

ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. Ou seja, para a criação ou

majoração de benefícios ou serviços da seguridade social, será sempre necessária a indicação prévia da forma como serão financiadas.

(30)

IX. Princípio da solidariedade: a CF traz, por meio dos caputs dos artigos 194 e 19539, demonstrações da existência do princípio da solidariedade, uma vez que as ações de seguridade social são de responsabilidade, tanto dos poderes públicos, como da sociedade, revelando a existência do princípio da solidariedade no que tange à execução do sistema. Além disso, o financiamento da seguridade social é encargo de toda a sociedade, de forma direta e indireta. Assim, por meio da solidariedade dos membros da sociedade, os poderes públicos garantirão saúde a todos, assistência aos necessitados e previdência aos trabalhadores e seus dependentes.

2.3. DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A FINANCIAR A SEGURIDADE SOCIAL

Conforme visto no item anterior, a Constituição de 1988 ampliou a proteção social, garantindo saúde a todos (art. 196), assistência aos necessitados (art. 203) e previdência aos trabalhadores urbanos e rurais e aos seus dependentes (art. 201 e art. 40). Com isso, o financiamento não poderia ficar mais restrito às contribuições sobre a remuneração do trabalho.40 A própria Constituição já estabeleceu pressupostos de diversas contribuições de seguridade social (incisos do art. 195 e art. 239 da CF), além de ter permitido a criação de outras fontes (art. 195, §4º da CF).

Atualmente, há sete contribuições destinadas a financiar a seguridade social: contribuição da empresa sobre a folha de pagamento (folha de salário e demais

39 Art. 194, caput. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Art. 195, caput. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20.jul.2014.

40PIERDONÁ, Z. L. As contribuições previdenciárias da empresa sobre a folha e do

(31)

rendimentos); contribuição da empresa sobre receita e faturamento; contribuição da empresa sobre o lucro; contribuição dos trabalhadores; contribuição sobre receita de concurso de prognóstico; contribuição do importador; e, PIS/ PASEP.

Assim, as sete contribuições acima referidas, são destinadas a financiar o sistema de proteção social com um todo. Ou seja, a previdência, a saúde e a assistência social.

Dentre as sete, apenas duas são destinadas exclusivamente à previdência (art. 167, XI da Constituição Federal41): da empresa sobre a folha e dos trabalhadores. As citadas contribuições podem ser chamadas de contribuições previdenciárias, uma vez que são destinadas apenas a custear a previdência.

A destinação dessas duas contribuições exclusivamente à previdência social não determina que apenas elas sejam dirigidas à mencionada área da seguridade social. Assim, as outras cinco podem ser destinadas também à previdência, pois têm por finalidade o financiamento da seguridade social como um todo.

Uma vez que a contribuição sobre a folha e demais rendimentos e a contribuição dos trabalhadores são destinadas à previdência social, é possível afirmar que as contribuições sobre o rendimento do trabalho têm por objetivo garantir a efetividade da proteção social dirigida aos trabalhadores.

Para ter acesso às prestações previdenciárias, o trabalhador precisa contribuir, conforme previsão expressa tanto no art. 201 (Regime Geral de Previdência Social) como no art. 40 (Regime Próprio de Previdência Social, dirigido aos servidores públicos titulares de cargos efetivos) da CF.

41 Art. 167. São vedados:

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201

(32)

Justamente por isso, as contribuições previdenciárias devem incidir sobre os referidos rendimentos, os quais são considerados para efeito da contribuição e repercussão dos benefícios. Com exceção do segurado especial, o fato gerador42 das contribuições previdenciárias incide sobre os citados rendimentos, tanto para aquele que recebe a remuneração, em razão de atividade laboral, como para aquele que se beneficia com o trabalho (empresa). Este tema será detalhado mais adiante.

2.4. DA CONTRIBUTIVIDADE E A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA

No item anterior, verificou-se que a previdência social exige o pagamento de contribuições43 para que o trabalhador e/ou seus dependentes façam jus aos benefícios. Assim, independente da forma como o serviço é realizado e remunerado, os trabalhadores devem contribuir.

Com isso, cumpre ao legislador instituir contribuição atendendo ao princípio da equidade na forma de participação no custeio mencionado no item 2.2. Lembrando que, das sete contribuições destinadas a financiar a seguridade social (art. 167, XI da Constituição Federal44), apenas duas podem ser classificadas como

42 Para o segurado especial, a base de cálculo é a receita advinda da comercialização de sua produção. (Artigo 195, §8 da CF).

43 Em relação ao servidor público, o caput do art. 40 da CF prescreve que:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

No que tange ao Regime Geral, a contributividade da proteção previdenciária está prevista no caput do art. 201 da CF:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei.

BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 14.dez.2014.

44 Ibid.

Art. 167. São vedados:

(33)

contribuições previdenciárias. São elas: da empresa sobre a folha e dos trabalhadores.45

A CF de 1988, em seu art. 40, estabeleceu regras específicas para a concessão de benefícios previdenciários aos servidores públicos, delimitando o regime próprio de previdência social (RPPS) dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios46, e de forma expressa preceituando o caráter contributivo da proteção previdenciária a eles dirigida.

No que tange aos trabalhadores em geral, o caráter contributivo da referida proteção está previsto no caput do art. 201 da CF.

Assim, todo trabalhador brasileiro deverá contribuir diretamente para ter acesso à proteção previdenciária. Sua contribuição, conforme já referido, incidirá sobre a remuneração do trabalho.

Com isso, a lei, ao instituir sua contribuição (art. 195, inciso II da CF), deverá estabelecer a remuneração do trabalho como base de cálculo. O mesmo se dará em relação à contribuição da empresa sobre a folha de salário e demais rendimentos do trabalhador pagos ou creditados à pessoa física, mesmo que sem vínculo empregatício, a qual está pressuposta no artigo 195, I, alínea “a” da CF.

45 Ibid.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

...

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;...

(34)

2.5. DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

No decorrer do presente trabalho, verificou-se que das sete contribuições de seguridade social pressupostas na Constituição, duas delas são destinadas apenas à previdência social: da empresa sobre a folha e do trabalhador. Verificou-se, ainda, que as citadas contribuições devem incidir sobre o rendimento do trabalho. Também conforme já mencionado, as referidas contribuições foram instituídas pela Lei nº 8.212/91.

No que tange à contribuição da empresa, o art. 22 da citada lei, estabelece as alíquotas e bases de cálculo em relação a cada tipo de segurado que a empresa remunera.

Além disso, a lei define a empresa (art. 15, I) como “a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional”.

O parágrafo único do mesmo dispositivo equipara a condição de empresa, para os efeitos da Lei 8.212 de 1991, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras.

Como já mencionado acima, mas agora em destaque, a Lei nº 9.876 de 1999 deu nova redação ao artigo 12 da Lei 8.212 de 1991, criando a figura do “contribuinte individual”.

Para saber qual contribuição a empresa deve pagar, é necessário observar a espécie de segurado que se está remunerando. Ou seja, para que exista obrigação da empresa, há que se tenha salário ou remuneração de trabalho sem vínculo empregatício.

(35)

estabelecido que, para fins previdenciários, os segurados obrigatórios (aquele que exerce atividade remunerada)47 são classificados em cinco grupos: empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, segurado especial e contribuinte individual.

Em relação à contribuição do trabalhador (art. 195, inciso II da CF), o legislador estabeleceu as alíquotas e base de cálculo nos art. 20 (para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso), art. 21 (contribuinte individual) e art. 25 (segurado especial) da Lei nº 8.212/91.

Para fins de seleção de evidências para sustentação da presente dissertação, destaca-se a figura do segurado contribuinte individual, na qual estão incluídos revendedores da venda-direta.

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

...

V - como contribuinte individual: ...

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;

Assim, no presente item, apenas foram mencionados os dispositivos legais que instituíram as contribuições previdenciárias da empresa e do trabalhador, as quais serão retomadas em espaço apropriado.

2.6. DA PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA

A previdência social é direito fundamental que depende do cumprimento de um dever fundamental. Ou seja, da necessidade de contribuição do segurando. Como dito acima, juntamente com a assistência social e a saúde, compõem o conjunto da proteção social que a Constituição Federal chamou de “Seguridade Social”.

(36)

São dois os tipos de regimes da previdência: regime geral e regimes próprios.48

O regime geral é abrangente e residual. Tem por objetivo proteger a todos os trabalhadores, excetuando apenas aqueles inseridos nos regimes próprios, instituídos pelos entes da Federação para dar proteção aos seus servidores titulares de cargos efetivos.

Por meio dos dois regimes, o Estado deu acesso a todos os trabalhadores à Previdência Social. Os segurados e seus dependentes possuem a segurança de que estarão protegidos nas contingências sociais em razão dos benefícios previdenciários. A contrapartida pelos trabalhadores está na exigência do Poder Público quanto ao pagamento das contribuições durante determinado tempo.

O artigo 201 da CF trouxe o desenho do regime geral da previdência social, aplicada obrigatoriamente a todos os trabalhadores49, como explicado acima, com exceção dos servidores públicos titulares de cargos efetivos dos entes da Federação e dos militares.

Os limites da proteção previdenciária são juridicamente fixados. O limite aplicável ao regime geral é de dez salários de contribuição.

Atualmente, existem limites diferenciados para os dois regimes. Porém, a CF preceitua que os entes federativos poderão adotar o mesmo limite aplicado ao

48 BRASIL. Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999. Dispõe sobre a compensação financeira

entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria, e dá outras

providências. Brasília, em 5 de maio de 1999; Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9796.htm>. Acesso em: 29.mar.2015.

49 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, (...)

(37)

regime geral. Neste caso, deverão ser criadas previdências complementares aos seus servidores, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais.

Todos os preceitos constitucionais mencionados acima referem-se à previdência obrigatória, isto é, apresenta como pressupostos o exercício de atividade remunerada e a contraprestação direta do segurado.

Quanto à prestação complementar prevista na CF, artigo 20250, esta se caracteriza por seu caráter “complementar” e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social. O regime de previdência privada apresenta como característica a facultatividade. Tem por objetivo possibilitar a continuidade do padrão de vida do trabalhador, complementando a aposentadoria dos regimes obrigatórios.51

Ainda, a União e as unidades federativas, por iniciativa do Poder Executivo, poderão fixar o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo.

No que tange ao RGPS, os seus beneficiários são os elencados no subitem a seguir.

2.6.1. Dos beneficiários da previdência social

Os destinatários das prestações de previdência social do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) são os beneficiários, gênero das espécies segurados e

50 Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por Lei nº complementar.

BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20.jul.2014.

(38)

dependentes.

São beneficiários: 1. Segurados e, 2. Dependentes.

1. Segurados:

a. Obrigatórios

 Empregado

 Empregado doméstico

 Trabalhador avulso

 Contribuinte individual

 Segurado especial b. Facultativos

2. Dependentes52:

a. O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

b. Pais.

c. O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.

Para fins de análise do presente trabalho, destaca-se o contribuinte individual.

Contribuinte individual é a classe de trabalhador prevista pela Lei nº

52 Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado.

(39)

8.212/91, que teve a sua redação dada pela Lei nº 9.876/9953, reunindo segurados: empresário, autônomo e equiparado a autônomo. O revendedor da venda direta se enquadra nesta categoria. Nesta linha, uma vez figurando os revendedores como contribuintes individuais, seguindo o inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212 de 1991, os revendedores são segurados obrigatórios.

O Decreto nº 3.048 de 1999, em seu art. 9º, § 15, III veio para regulamentar o referido dispositivo legal. Assim segue:

Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas:

...

V - como contribuinte individual: ...

j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; ...

§ 15. Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas "j" e "l" do inciso V do caput, entre outros:

...

III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978; ...

Tem havido, nos últimos anos, intensos esforços do governo federal com o objetivo de avançar na qualidade do serviço prestado no que tange à proteção previdenciária brasileira. Estes esforços incluem medidas como a redução do tempo de atendimento, reconhecimento de direitos, além da simplificação das formas de inclusão previdenciária.54

53 Que alterou a redação original da Lei nº 8.212 de1991.

(40)

3. AS REVENDEDORAS E A EMPRESA

A World Federation of Direct Sales Association (WFDSA) é a associação global que congrega as chamadas Direct Sales Associations, estas por sua vez de âmbito nacional. De acordo com essa entidade global, estimou-se que em 2008 existiam aproximadamente 1.300 organizações de venda direta no planeta.55

Dados mais recentes, publicados em julho de 2014, trazem que globalmente o setor de venda direta movimentou em 2013 mais de 178 trilhões de dólares. Um crescimento de 8,1% em relação ao ano anterior.56 Quanto ao número de representantes, segundo os dados da WFDSA, hoje há mais de 96,2 milhões, sendo que destes, 4,4 milhões são brasileiros. Em volume de vendas, o Brasil é o 5º país. Na sua frente estão: Estados Unidos, China, Japão e Coréia do Sul, nesta ordem.

Este contingente de pessoas atua principalmente em: 1. Cuidados Pessoais (81%), Produtos para Casa (18%), Nutrição e Alimentação (0,8%), Lazer e Produtos Educacionais (0,1%), Outros (0,1%).57 Apesar destes se tratarem de pesquisa realizada em 2008, pela condição da pesquisadora de ser funcionária de uma das empresas do setor, foi possível constatar por meio de dados internos que a distribuição continua permanente, com pequenas variações de 1 a 3%.

A “venda direta” é a relação mercantil baseada na alienação de produtos

e serviços no domicílio do consumidor ou em outros locais que não sejam pontos fixos. Nesta modalidade de varejo58, pessoas físicas ou revendedores compram produtos

DIRETORIA DO INSS. Os Desafios da Gestão do Regime Geral de Previdência Social. In: BRASIL. Ministério da Previdência. Debates. Previdência Social: Reflexões e desafios

Disponível em: < http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em: 31.mai.2015.

55 MACHADO, R. Venda Direta, a vitória do autônomo empreendedor. São Paulo: Editora Alaúde, 2008. p. 55

56 World Federation of Direct Sales Association. Global Direct Selling 2013 Retail Sales. Disponível em: <http://www.wfdsa.org/files/pdf/global-stats/Sales_Report_2013.pdf>. Acesso em: 20.ago.2014.

57 __________. Venda Direta, a vitória do autônomo empreendedor. São Paulo: Editora Alaúde, 2008. p. 56

58 Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. CONCLA Comissão Nacional

(41)

diretamente do fornecedor (indústria ou distribuidor) e os revendem no sistema “porta

-em-porta”, auferindo lucro pela diferença dos preços de compra e revenda, arcando,

inclusive, com todos os ônus inerentes à atividade econômica.

O posicionamento do setor, representado pela ABEVD, é de que a venda direta apresenta três atrativos principais para que um indivíduo se torne representante: 1. é uma oportunidade acessível de geração de renda; 2. é uma forma de compra de produtos a preços menores para consumo próprio; 3. é uma oportunidade de trabalho para aqueles que desejam se tornar empreendedores autônomos e não possuem renda suficiente para iniciar seu próprio negócio.

Segundo dados colhidos por Hideko Miyata (2011), o setor tem se expandido nas últimas três décadas, a taxas superiores ao crescimento do PIB nacional (taxa média anual de crescimento, entre 2001 e 2010, foi de 14,87%).

A venda direta, da forma como está estabelecida hoje no Brasil, se trata de operação de compra e venda entre:

Necessariamente nessa ordem.

O processo da venda direta envolve necessariamente três elementos-chave: o vendedor direto, o consumidor e a empresa. O aumento do culto à beleza, a vontade de realização pessoal e profissional da mulher e a necessidade de aumento da renda familiar fazem com que este mercado cresça a cada ano.

Como a relação entre revendedores é mercantil, não há obrigatoriedade

<http://www.cnae.ibge.gov.br/divisao.asp?coddivisao=47&TabelaBusca=CNAE_200@CNAE %202.0> Acesso em: 31/08/2014

INDÚSTRIA/

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de cumprimento de horários, nem exigência de dedicação exclusiva a uma única marca. Além disso, o revendedor pode atuar, simultaneamente, na comercialização dos produtos de diversas empresas de venda direta e, ainda, exercer qualquer outra atividade profissional ou remunerada.

A peculiaridade desta espécie de varejo é que o empreendedor autônomo ou revendedor é pessoa física e não possui estabelecimento próprio. Como atividade autônoma, os riscos do negócio são totalmente arcados pelo revendedor.

Atualmente, a atividade da venda direta é regulada pela Lei nº 6.586 de 1978, conhecida como Lei nº do Comerciante Ambulante. O art. 1º da Lei classifica como “comerciante ambulante aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seus riscos, exercer pequena atividade comercial em via pública, ou de porta em porta.” O SEBRAE reconhece que esta atividade acontece sem que haja vínculo empregatício dele com a empresa que fornece os produtos comercializados.59

Ao analisar a estrutura da venda direta é possível afirmar que, pela capilaridade nacional dos representantes, este seria um dos mais eficazes meios de distribuição de produtos. A empresa Avon Cosméticos Brasil, que apresenta 19 campanhas por ano (em média 20 dias), percorre 4,8 milhões de quilômetros por campanha para realizar as suas entregas em todos os municípios do Brasil.

3.1. PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS REPRESENTANTES DA VENDA DIRETA

Nesta seção, procurou-se dar um panorama dos perfis socioeconômicos dos revendedores e da relação que estes têm com as vendas. A grande participação feminina neste setor se deve ao fato de que, para o sucesso da venda direta, as relações de venda normalmente acontecem dentro das residências. Assim, relações interpessoais, de confiança, íntimas e fortes são a “alma do negócio”. O exemplo da

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