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O tempo livre na modernidade

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Academic year: 2017

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Campus de Rio Claro Instituto de Biociências

______________________________________________________

LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

______________________________________________________

LILIANE MARINHO DA SILVA DE SOUSA

O TEMPO LIVRE NA MODERNIDADE

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O TEMPO LIVRE NA MODERNIDADE

Orientadora: Carmen Maria Aguiar

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Rio Claro, para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia.

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de Sousa. - Rio Claro : [s.n.], 2010 44 f. : il.

Trabalho de conclusão de curso (licenciatura - Pedagogia) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro

Orientador: Carmen Maria Aguiar

1. Educação – Filosofia. 2. Capitalismo. I. Título.

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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

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Aos meus pais pelo apoio incondicional. Ao meu namorado pelo amor e paciência. Aos que me apoiaram sempre, e também àqueles que duvidavam do meu sucesso, pois é gratificante saber que posso tê-los surpreendido.

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Gostaria muito de agradecer aos meus pais, Amauri e Neusa por me aconselharem, quando cursava o ensino médio, a somente estudar, para que eu pudesse ingressar numa boa universidade. Por me apoiarem em todas as decisões tomadas durante o curso de graduação. Por sempre estarem ao meu lado, e graças a eles que, após esses quatro anos, eu estou me formando.

Aos meus familiares, por compreenderem minha ausência em muitas das comemorações familiares por conseqüência dos estudos.

Agradeço ao Alexandre Siqueira, amigo e namorado, por estar sempre ao meu lado, batalhando comigo em toda essa fase de escrita do Trabalho de Conclusão de Curso, bem como toda a minha trajetória da graduação. Por estar comigo em todas as fases, até mesmo as mais difíceis.

À minha querida amiga, e orientadora Carmen Maria Aguiar, de quem tive o orgulho de ser aluna, e me apaixonar pela maneira como ela lida com as questões culturais, e também de quem me lembrarei pra sempre, como incentivadora e, a ela devem ser creditados os possíveis méritos, mas nenhuma responsabilidade por todas as limitações, certamente, contidas neste trabalho.

Agradeço também aos amigos das trajetórias na universidade, aos colegas do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro – SP, pelo companheirismo e apoio a fim de que obtivesse êxito nesta jornada.

Em especial aos meus queridos avôs, Joaquim (in memoriam) e Renato (in memoriam) de quem sei que tive todo apoio sempre, e quem levo eternamente como meus exemplos para seguir em frente.

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RESUMO

Esse trabalho vem a fim de que, a partir do movimento de perda do tempo livre, possamos refletir sobre este na sociedade em que vivemos atualmente. Sociedade essa que disciplinou os corpos através de um grande conjunto de tecnologias, transformando-os em consumidores para agirem como mola propulsora para o capitalismo. Em decorrência da visão consumista, que afeta a sociedade desde a infância, esse trabalho vem como ferramenta para que possamos pensar a prática capitalista transformadora, até mesmo do direito ao lazer, em mercadoria. Não se pretende, com esse trabalho, estabelecer verdades únicas, e sim o começo de uma

reflexão sobre a “sociedade de controle” em que estamos inseridos, muitas vezes

quase sem perceber.

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Página

I. INTRODUÇÃO ... ..8

1. CAPÍTULO I ... 11

1.1. TEMPO LIVRE ... 11

1.2. MODERNIDADE ... 17

1.3. CAPITALISMO ... 22

2. CAPÍTULO II ... 26

2.1. TEMPO LIVRE E LAZER COMO OBJETOS DE CONSUMO ... 26

2.2. O VALOR DO TEMPO PARA A SOCIEDADE MODERNA ... 33

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 38

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INTRODUÇÃO

Quando nos perguntamos sobre o nosso próprio tempo a primeira coisa que vem a nossa mente, num momento como esse de leitura, por exemplo, é:

“Nem me fale sobre tempo, se eu for pensar lembro que estou sem tempo até pra ler esse trabalho!”.

E em nossa vida cotidiana é assim que elaboramos nossa idéia de tempo, ou melhor, elaboramos sempre a idéia de que ele nos falta, e geralmente sempre falta naquele momento em que mais precisamos.

E esse trabalho vem justamente para que a partir do movimento de perda do tempo livre, que tanto nós sentimos, mas que não nos damos conta do porque, podermos pensar como isso está afetando na sociedade moderna. Para isso é necessário entendermos que sociedade é essa em que estamos inseridos, e qual é a visão da mesma, que chega influenciar nossa visão do mundo tanto quanto em nossa formação de valores morais.

Em decorrência dessa visão, pensei esse trabalho como uma ferramenta para que possamos introduzir a reflexão sobre a prática capitalista na sociedade moderna, enquanto transformadora do direito ao lazer em mercadoria.

Também está explicitada nesse trabalho a origem do tempo que hoje

denominamos “livre”, que foi um dos fatores principais para o surgimento da indústria do lazer, bem como alguns aspectos da modernidade que são essenciais para a caracterização do problema do consumismo nessa sociedade capitalista em que vivemos.

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podemos imaginar: sintomas e doenças como estresses, depressão, dores musculares, ansiedade, agitação e desconcentração, cansaço extremo, já se tornaram um problema de saúde pública em decorrência da vida lesada pela aceleração do tempo, bombardeada com intensos apelos ao consumo e a resultados.

Para que essa pesquisa com relação ao tempo e a sociedade capitalista fosse possível, foi elaborada uma análise bibliográfica, que pretendeu estabelecer uma reflexão acerca do que tempo livre no mundo capitalista, e sobre as atividades de lazer sendo transformadas em mercadorias, integrando o lazer completamente ao sistema econômico do qual ele faz parte, ponderando pensamentos de vários estudiosos que se ocupam com pesquisas acerca dos temas do capitalismo e a sociedade do trabalho na modernidade, como Berman e outros.

Berman (1986) resume a modernidade quando diz que “tudo que é

sólido se desmancha no ar”, pois é isso que acontece nessa sociedade contemporânea, tudo se consome e é descartado muito rapidamente, e o próprio sujeito consumidor, acaba se transformando em mercadoria, e perdendo o direito até mesmo de ter seu tempo livre e lazer, fator de vital importância para a construção de um indivíduo equilibrado.

O tempo aparece, então, como tirano, “ladrão” de vidas. Saber dominar ou controlar seu próprio tempo para se “ganhar tempo” ou “poupar tempo”, tornou-se características do ser moderno.

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instituição, pregado por tantos projetos político-pedagógicos, que é o de formar o cidadão crítico e participante da sociedade em que vive.

Muitos pesquisadores acreditam que esse consumo embutido em nossa

vida “fantasiado” de tempo livre e lazer devia ser questionado, afinal, nos deixamos levar pelas propagandas e pelo interesse em manter nosso status quo, que esquecemos que podemos sempre mudar essa realidade capitalista imposta a nós.

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CAPÍTULO I

1.1. Tempo Livre

Para iniciar a discussão acerca do tempo livre, vamos entender seu significado e como ele foi e é interpretado por alguns autores ao longo da história.

Se buscarmos a definição de ambas as palavras no dicionário encontraremos que tempo significa: “sucessão de dias, horas, momentos, período, época” (Bueno, 2000); e livre: “que pode dispor de si; sem restrições; não ocupado; disponível; descomedido; espontâneo.” (Bueno, 2000). Podemos entender que essas palavras, juntas, nos remetem a momentos em que não estamos ocupados, horas do dia em que podemos realizar quaisquer atividades, que não aquelas as quais nos comprometemos a fazer cotidianamente (trabalho, estudo, etc.).

Afinal, a pergunta inicial é: tempo livre de que?

A partir da concepção moderna de trabalho é que se criou um

entendimento negativo para a palavra “livre”, pois a partir da industrialização, e da definição do tempo que o trabalhador passava na indústria, labutando para ao final do mês ganhar um salário injusto, e insuficiente para cobrir suas necessidades financeiras, fez com que surgisse uma idéia de que tempo livre era aquele onde as pessoas pudessem desfrutar de um lazer, de um descanso.

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Para entender um pouco melhor em que contexto encontra-se a definição de tempo livre da qual nos utilizaremos nesse trabalho, teremos que retomar o período da Revolução Industrial.

O período anterior à Revolução industrial era caracterizado pela atividade produtiva manual (daí o termo manufatura), e para a realização dessa produção artesanal, na maioria das vezes o mesmo artesão era quem cuidava de todo o processo. Tais trabalhos eram realizados em oficinas e nas casas dos artesãos, e por conta da maneira como eram feitos, os produtos finais possuíam um grande valor de mercado, porém a produção desses artesãos costumava ser pequena, apesar do grande tempo dispensado para o trabalho.

O período da revolução é caracterizado então pelo pensamento no trabalho. Houve um êxodo rural demasiado; a maior parte dos trabalhadores estava morando em cortiços; sendo submetidos a jornadas de trabalho de até 80 horas semanais, tendo um salário medíocre e, tanto mulheres como crianças ajudavam no trabalho, e recebendo um salário ainda menor.

A Revolução foi um fato histórico que modificou profundamente as condições de vida do trabalhador, pois alterou as maneiras de produção, o tempo de trabalho e o ganho desse trabalhador. A partir de então os operários tiveram uma melhora significativa nas condições de trabalho, bem como aos poucos – não com pouca luta - a diminuição da jornada de trabalho e ajuste salarial, apesar da perda do controle do processo produtivo (passaram a trabalhar para patrões e não mais eram donos de suas produções, e também, com o trabalho dividido em etapas, os operários acabavam se “especializando” em uma dessas, e não mais conhecendo todo o processo de produção).

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então na escolha entre suprir suas necessidades econômicas ou suas necessidades existenciais.

A idéia do tempo livre advém da maneira como se impôs o trabalho industrial, que fez com que o trabalhador pensasse apenas no trabalho, e deixasse de lado o tempo que mais lhe era importante, aquele tempo de fazer o que se gosta, e quando se quer. A partir dos questionamentos sobre o domínio dos patrões sobre o tempo dos trabalhadores fez surgir a idéia das reivindicações pela redução de jornada de trabalho, e criação de uma estrutura que permitisse o tempo livre.

Porém, apesar da mudança de pensamento dos próprios trabalhadores quanto à qualidade de vida no trabalho, que passam pela necessidade de equilíbrio entre o tempo de produção profissional com o tempo dedicado às relações sociais e familiares (“tempo livre”), o tempo, que ainda é predominantemente analisado, é o tempo de trabalho, haja vista que é este quem os mantém, pois é daí que sai o sustento familiar e, portanto a possibilidade de viver “bem” nessa sociedade capitalista e consumista em que vivemos.

O uso e o controle do tempo dos homens no trabalho são dados que nos mostram a organização do modelo social que há em nossa sociedade moderna e capitalista. Nele, constituiu-se a jornada de trabalho, e o tempo deste passa a regular a vida dos sujeitos, controlando horas de sono e horas de prazer.

É a partir do surgimento do tempo livre que se inicia a discussão sobre o lazer, pensado como um tempo de reposição de energia para o trabalho, exercido à margem das obrigações sociais. Marcellino (1983) nos diz que o conceito de lazer está ligado à realização de atividades desinteressadas, sem fins lucrativos, socializante e de caráter liberatório, no sentido de estar liberado de obrigações e definido de forma mais autônoma.

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péssimas condições durante mais de doze horas por dia. Além das mortes e da superprodução de bens, esse modo de produção desenfreada gerou poluição, desgastes econômicos e políticos e o caos.

E logo no primeiro capítulo de seu texto “O direito à preguiça” traz que na Europa civilizada o desprezo pelo trabalho era comum:

“Para o Espanhol, em cujo país o animal primitivo não está atrofiado, o trabalho é a pior das escravaturas (2) Os Gregos da grande época também só tinham desprezo pelo trabalho: só aos escravos era permitido trabalhar, o homem livre só conhecia os exercícios físicos e os jogos da inteligência. [...] Os filósofos da antigüidade ensinavam o

desprezo pelo trabalho, essa degradação do homem livre” (LAFARGUE,

1977).

Em seu texto Lafargue (1977) também vai nos colocar diante da proposta que pode ser vista como indicativo de que a redução das jornadas de trabalho mantém e/ou aumenta a produtividade, bem como melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, porém, na visão dos donos das fábricas essa mudança só é vista como positiva, pois libera tempo para que o trabalhador possa se tornar um consumidor dos produtos e serviços relacionados ao lazer, turismo, cultura, o que torna também a economia mais diversificada, com oportunidades de variedade de serviços e de fruição dos serviços por todos.

Atualmente a falta de real liberdade é geral no mundo. Cada um tem seu papel social determinado, seu roteiro de carreira definido desde o ensino básico, e fica difícil reconhecer o que resta nas pessoas, além disso. A determinação geral das funções e ocupações pesa diretamente sobre a questão do tempo livre. Qual o tempo que “resta” além das obrigações? E o

que há de proposta para se fazer nesse tempo dito “livre”?

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mesmos argumentos dos donos dos meios de produção, e sim o nosso conforto. E apesar de pensarmos estar obedecendo as nossas vontades, mal percebemos que é aí que a ideologia consumista e perversa começa se construir, e povoar nossa mente.

Os temas do tempo livre, ócio e lazer chegaram ao Brasil a partir de estudos de autores como Dumazedier e Requixa, que explicam que apesar de caminharem juntos, os temas não são sinônimos. Os elementos lazer e ócio necessitam de um tempo livre, para que possam ocorrer, porém nem todo tempo livre é necessariamente um momento de lazer e ócio.

Diferentemente, Dumazedier (1999), acredita que o lazer se relaciona ao três “Ds”: Descanso, Diversão e Desenvolvimento pessoal, que só é realizado num tempo liberado das obrigações, ou seja, livre.

Se formos pensar numa visão crítica o lazer pode ser tido como obra de um processo econômico social orientado pela dominação, alienação produzida pela relação capital-trabalho da qual não se pode fugir (AQUINO e MARTINS, 2007). Nessa linha de pensamento Aquino e Martins (2007) cita Mascarenhas, que vai dizer que o lazer transforma-se numa mercadoria esvaziada de conteúdo educativo, objeto, coisa, produto ou serviço em sintonia com a lógica hegemônica de desenvolvimento econômico, emprestando sensações que estimulam o desvairo consumista que embala o capitalismo avançado [...].

Esta visão nos evidencia a função que o tempo livre tem na sociedade capitalista: torna-se mais um produto com valor de troca, perdendo a sua relação com o caráter gratuito, liberatório, da busca de prazer, de descanso apresentado nos conceitos anteriormente expostos.

Munné (1980) refere-se ao tempo livre como uma tipologia de tempo social que faz referência às ações humanas, com o sujeito fazendo uso do tempo com total liberdade e de maneira criativa, dependendo de sua consciência de valor sobre seu tempo. No entanto, esse tempo que poderia ser voltado para o puro lazer é mercantilizado pela sociedade capitalista e o “tempo

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consumo, e este último, que serve como impulso para o capitalismo, acaba por ser considerado progresso, globalização, modernidade.

Atualmente podemos ver em várias empresas programas de atividades físicas, orientação e opções de lazer têm sido recomendadas aos funcionários, estimulando a realização de cursos, viagens, práticas esportivas, passeios culturais com visitas a museus e exposições, freqüências a cinemas e teatros. E a partir de dados como esse se pode observar a colonização por parte do capitalismo, tentando dominar o nosso tempo livre com atividades consumistas, com a justificativa de se buscar associar qualidade de vida e vida produtiva e minimizar custos de saúde pública oriundos das doenças do trabalho.

O tempo livre também tem relação com a educação, na medida em que a palavra “Escola. Etimologia: escol — antepositivo, do gr. skholê, ês ‘descanso, repouso, lazer, tempo livre; estudo; ocupação de um homem com ócio, livre do trabalho servil, que exerce profissão liberal; escola, lugar de

estudo’, pelo lat. schòla, ae ‘lição, escola’; a evolução semântica é explicada pelo gramático Festo (sIII): “O termo schòla não é sinônimo de ócio e lazer; significa, isto sim, que, deixando de parte as demais ocupações, as crianças devem dar-se aos estudos próprios de homens livres” (Houaiss, verbete escola).

Se escola e tempo livre são articulados etimologicamente, deve-se refletir como as pessoas se comportam diante deles e o que esta relação oferece ao desenvolvimento humano. Podemos analisar que, a partir a definição do conceito de escola que esta é um ambiente que deveria ser considerado um local onde se pudesse desfrutar do tempo livre, e o que vemos na realidade é a perda dessa característica da instituição escolar, a partir do momento em que se tornou contempladora de um tempo de preparação para o trabalho. Este fim caracteriza a perpetuação da ordem alienante imposta pelo capitalismo.

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sociedade, e a instituição escolar se torna uma prisão, onde se forma para ser mão de obra, se padronizam as idéias, e se molda para a conformação quanto ao sistema político e econômico vigente.

Para se buscar a mudança radical no modo de internalização e romper com os anseios do capital, cabe aos educadores perceber que o tempo livre não vive somente na escola, pois justamente nesta ela se converteu em tempo de não-liberdade, mas ele deve ser, e é disputado em todos os âmbitos da vida. E também, concomitantemente, deve-se ampliar para todas as esferas da vida o momento da aprendizagem.

Com isso se direciona ao educador a responsabilidade de que seus educandos tenham êxito na busca da cultura em seu sentido mais amplo, para que se tornem livres, pois como coloca Mészáros (2006), citando Martí, “ser culto é o único modo de ser livre” (p. 58).

1.2. A Modernidade

Como pudemos ver, o tempo livre é um conceito que surgiu a partir da industrialização, e haja vista que esta está relacionada diretamente à Modernidade, para esclarecer melhor o elo entre ambas, se faz necessário explorar qual definição de modernidade se pretende.

“A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a

metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável. [...] não temos o direito de desprezar ou de prescindir desse elemento transitório, fugidio, cujas metamorfoses são tão freqüentes.”

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Ao pensar Modernidade, muitos logo crêem estar fazendo referência aos acontecimentos e formas de agir do Mundo Contemporâneo. E de fato, essa tem sido a palavra para aqueles que tentam definir em uma palavra o mundo onde vivemos, porém há uma história por trás desse termo que hoje em dia é tão usado.

O primeiro ensaio de caracterização da modernidade surgiu na Europa, e como nos traz Giddens (1991), tinha-se modernidade como um "estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência" (p. 11), estilo esse de vida que ainda pulsa em nossos tempos.

Encurtar as distâncias geográficas, desvendar a natureza, lançar-se em mares nunca antes navegados, foram apenas algumas das realizações que pertencem, e definem esse período histórico. As percepções que se tinha do tempo e do espaço ganharam uma sensação mais intensa e volúvel.

Para Santo Agostinho, no século V d. C., a palavra latina tardia modernus expressava a rejeição do paganismo e a inauguração da nova era cristã. Os pensadores do Renascimento, recuperando o humanismo clássico, uniram-na com cristandade para fazer a distinção entre estados e sociedades

“antigos” (pagãos) e “modernos”. Já o Iluminismo do século XVIII não apenas interpolou “medieval” entre “antigo” e “moderno’ como identificou o moderno como o “aqui e o agora”. Daí em diante a sociedade moderna era a sociedade ocidental de “agora”, a nossa sociedade, nos moldes em que vivíamos, fosse ela no século XVIII ou no século XX. A sociedade ocidental, como amplamente contrastante com as sociedades anteriores, tornou-se o emblema da modernidade, isto é, modernizar virou sinônimo de ocidentalizar.

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com o diferente e com a multiplicidade de versões e na ambigüidade constante entre o que consideramos velho e ultrapassado e o novo muitas vezes difícil de ser identificado, ou trazendo dentro dele parte do velho.

Para nós, a modernidade então se apresenta como essa idéia de mudança. Os conservadores atacaram-na por acreditá-la como uma ameaçava os costumes, a religião, as instituições herdadas.

Para falar sobre isso Giddens (1991) vai identificar certas características contidas na modernidade que não estavam presentes nas civilizações tradicionais. Uma delas, à que se refere o autor, é com relação ao ritmo das mudanças, que na condição moderna ocorrem com uma rapidez extrema, ou seja, as idéias que movem esse período são a velocidade e a comunicação que geram as transformações globais, confirmado por Berman (2003), em sua obra "Tudo o que é sólido desmancha no ar", onde é reafirmado que “o moderno mundo” para se desenvolver necessita do ritmo definido como “ritmo frenético”, que nos entorpece e atordoa, e não nos dá nem tempo para compreender o que se passa. Tudo acontece tão rápido e quando achamos que estamos conhecendo o novo, outro ainda mais novo aparece.

Ao contrário de outras sociedades, a sociedade moderna recebe bem e promove a novidade. Podemos até dizer que ela deu origem à “tradição do

novo”.

Segundo Weber, como cita Rouanet (1993), a modernidade é produto de processos globais de racionalização, que se deram na esfera econômica, política e cultural. Como por exemplo, a racionalização econômica levou a dissolução de formas produtivas do feudalismo, dando origem à uma mentalidade empresarial moderna, baseada no planejamento e contabilidade. O fim do feudalismo libertou a força de trabalho, constituindo o trabalho assalariado.

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o que interessa é que possamos reconhecer que a percepção do tempo se modifica, e interfere na utilização do mesmo e nos modos de vida em geral.

Segundo Berman (1986) a sociedade moderna se caracteriza como uma

sociedade capitalista, e ser moderno “é viver uma vida de paradoxo e

contradição” (pp.12). O autor festeja a globalização trazida pela modernidade, e diz que se as ambigüidades da mesma forem destruídas, ou seja, o capitalismo for extinto, não haveria mais conflitos, porém também não haveria mais progresso.

A modernidade torna-se um conceito de uma atualidade que se autoconsome, se modifica a todo instante e faz isso com a mesma rapidez em que surgem as novas tecnologias. Como afirma Giddens (1991), “A modernidade é inerentemente globalizante”, e a globalização é uma conseqüência da modernidade.

A modernidade costuma ser entendida como uma idéia, visão de mundo, que se relaciona ao projeto de mundo moderno consolidado com a Revolução Industrial. Diretamente relacionada ao desenvolvimento do Capitalismo.

Antony Giddens, em seu trabalho “Modernidade e identidade” (2002) nos

mostra ainda outros âmbitos da modernidade, a trata como “uma ordem pós -industrial”, que se caracteriza como uma cultura de risco. E coloca que o mundo de hoje é caracterizado pela alta modernidade, ou modernidade tardia. O autor nos lembra também que como a modernidade advém do capitalismo, ela produz diferença, exclui e marginaliza, suprimindo o eu:

“Na vida social moderna, a noção de estilo de vida assume um significado particular. Quanto mais a tradição perde seu domínio, e quanto mais a vida diária é reconstituída em termos do jogo dialético entre o local e o global, tanto mais os indivíduos são forçados a escolher um estilo de vida a partir de uma diversidade de opções. Certamente existem também influências padronizadoras –

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Giddens (2002) comenta que a “‘modernidade’ pode ser entendida como aproximadamente equivalente ao “mundo industrializado” desde que se reconheça que o industrialismo não é sua única dimensão institucional”.

O mundo industrializado a que se refere Giddens é esse mesmo, onde vivemos, onde dormimos e acordamos sendo metralhados por tecnologias, é o lugar onde estamos em constante globalização, ou seja, em incessante modernização.

A modernidade traz em seu espaço a criação e evolução das mídias.

Giddens (2002) afirma que o desenvolvimento das “instituições modernas” se relaciona diretamente com o aumento das formas de comunicação, e recebimento de informação. Os livros e textos chamados de “pré-modernos” tinham a missão de transmitir tradições e, com a modernidade, os materiais acabaram sendo mais distribuídos, e tendo outras funções, por propagarem outros tipos de informação, que se alastram muito mais rapidamente do que as tradições, em seu tempo. O autor coloca ainda que:

“Os antigos jornais [...] desempenharam um papel importante

completando a separação entre espaço e lugar, mas esse processo só se tornou fenômeno global por causa da integração da mídia impressa e

eletrônica.” (GIDDENS, 2002. p. 31)

Para Antony Giddens os aspectos modernidade e identidade estão relacionados, por isso, parte do que se pretende nesse trabalho é entender o que a mídia, aspecto fundamentalmente difundido na modernidade, influencia na formação da identidade das pessoas.

Podemos concluir da modernidade que nela:

“As pessoas, hoje, tem a percepção de que “o tempo voa”. [...]

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como o são todas as regras sociais mais importantes. Converte-se em

imperativo” (AUGUSTO, 1994. p. 98)

E quando nos damos conta de que o tempo passa rápido demais, não percebemos que isso é um fenômeno construído socialmente, e menos ainda somos capazes de identificar isso, bem como a difusão da mídia, como características daquilo que conhecemos por modernidade.

E é a partir de então que percebemos que nosso tempo começa ser contado através de cifras, e nos encontramos mergulhados no capitalismo,

onde “tempo é dinheiro” e este último não se pode perder de vista.

1.3. Capitalismo

Capitalismo, essa organização econômica, resultante do sistema político de direitos individuais à vida, propriedade e liberdade, que foi praticamente imposta em todo o mundo, nos absorve de tal maneira que não nos damos conta do mal que faz a nossa identidade. O dinheiro é o meio de troca desse sistema, e hoje em dia, é em torno dele que o mundo gira, ou melhor, é em torno de tê-lo que o mundo gira.

Os países que são classificados como capitalistas são aqueles cujo modo de produção dominante é o capitalista, apesar de neles coexistem outros modos de produção e outras classes sociais, além de capitalistas e assalariados, como artesãos e pequenos agricultores.

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Mas se repararmos bem a nossa sociedade atualmente, não é muito difícil a gente identificar tais países, afinal de contas, o sistema econômico que rege o mundo é o Capitalismo. Difícil mesmo é encontrar sociedades que se pautam em organizações como a marxista, pois a luta é grande para vencer um inimigo conquistador como o capitalismo.

A chamada primeira fase do capitalismo confunde-se com a Revolução Industrial. Nela a evolução do capitalismo se deu, em sua maior parte, por conseqüência do desenvolvimento tecnológico. A indústria manufatureira evoluiu para a produção mecanizada, possibilitando a constituição de grandes empresas, nas quais se implantou o processo de divisão técnica do trabalho e a especialização da mão-de-obra.

Uma crítica que se faz ao sistema é advinda do próprio marxismo, que acredita que o capitalismo encerra uma contradição entre o caráter social da produção e o caráter privado da apropriação, que conduz a uma incompatibilidade irredutível entre as duas classes principais da sociedade capitalista: o empresariado – burguês - e os assalariados - proletários.

O caráter social da produção se expressa pela divisão técnica do trabalho, organização existente no interior de cada empresa, que confere aos trabalhadores uma atuação “solidária e coordenada”, onde cada um apenas designa a sua função, e não mais realiza o processo produtivo como um todo.

Segundo as idéias Marxistas, o sistema capitalista não garante meios de subsistência a todos os membros da sociedade. Mas ao contrário, é uma condição do sistema que exista desempregados, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, as reivindicações operárias. Isso significa que, quando os operários estivessem descontentes, haveria mão-de-obra para substituí-los, e o dono dos meios de produção não teria lucro.

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O capitalismo, duramente criticado pelos socialistas (marxistas), mostrou uma notável capacidade de adaptação a novas circunstâncias, fossem elas decorrentes do progresso tecnológico ou pela existência de modelos econômicos alternativos, ao mesmo tempo em que provoca uma disparidade imensa entre as classes sociais que são definidas por conta da sua organização.

Esse sistema, que a partir de então passou a reger a sociedade moderna industrializada, é responsável pela divisão do tempo que foi feita a partir daí. E não só a divisão do tempo. A divisão das classes sociais é vastamente difundida nas sociedades capitalistas, já que é nelas que encontramos as maiores diferenças entre o poder aquisitivo das pessoas, dividindo-as em classes.

Era nas indústrias que o trabalhador passava a maior parte do seu tempo, e o tempo trabalhado era então o que definia o salário do trabalhador ao final de seus meses, ou seja, o trabalhador vendia mais do que a sua mão-de-obra, ele vendia o seu tempo de produção.

Com a sociedade pautando-se na forma econômica capitalista, e consequentemente consumista, os trabalhadores acabavam trabalhando mais e mais, para poder viver de acordo com os padrões da sociedade, e ter um estilo de vida que pudesse ser bem quisto nesta. Ou seja, para ganhar bem, e ter um padrão de vida que fosse pelo menos semelhante ao que era a vida dos

donos dos meios de produção, dos donos das fábricas e da chamada “alta

sociedade”, ou sociedade dos ricos, o trabalhador cada vez mais ficava nas fábricas, e cada vez mais vendia seu tempo e mão de obra.

Com o passar do tempo, a indústria capitalista, principalmente a do lazer, foi percebendo que manter os trabalhadores ocupados para que estes produzissem mais para as vendas não era o único objetivo, mas que eles deveriam consumir também. E o que aconteceu foi que os trabalhadores, negociando com os patrões, “ganharam” o que chamamos de tempo livre, e

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A diminuição do tempo de trabalho nas indústrias, como podemos ver não foi de cunho social, e muito menos por conseqüência de uma tomada de consciência por parte dos patrões, sobre as condições de trabalho e a excessiva carga horária de seus funcionários, e sim mais uma atitude com fundamentação capitalista.

Muitos pesquisadores acreditam que esse consumo embutido em nossa vida “fantasiado” de tempo livre e lazer devia ser questionado, afinal, nos deixamos levar pelas propagandas e pelo interesse em manter nosso status quo, que esquecemos que podemos sempre mudar essa realidade capitalista imposta a nós.

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CAPÍTULO II

2.1. Tempo Livre e Lazer como Objetos de Consumo

A sociedade moderna, caracterizada como uma sociedade capitalista disciplinou os corpos através de um grande conjunto de tecnologias, transformando-os em consumidores para agirem de “mola propulsora” para o capitalismo. Este sistema econômico, social e até mesmo cultural, que segundo La Boetie (2003) “bestializa seus súditos”.

Atualmente, com a transformação de pensamento, que valoriza e coloca o trabalho como o foco da vida, o ócio é valorizado, pelo atual sistema econômico mundial, quando representa alguma oportunidade de consumo, até porque pelo menos será “útil” para o Capitalismo.

E é exatamente esse um dos fatores principais para o surgimento da indústria do lazer: o aumento do tempo livre dos trabalhadores (o tempo ocioso), resultado das conquistas trabalhistas, porém, dirigidos pelos interesses econômicos de se formar novos quadros de consumidores. Como se desejava a produção em massa, era necessário que se garantisse a presença dos consumidores em massa. Por isso, Henry Ford achava que então os trabalhadores deveriam se constituir em consumidores, portanto, seus salários foram generosamente aumentados, pois com os salários em alta, esses “novos consumidores” necessitariam de tempo livre para fazer compras.

Vemos aí a visão capitalista, e não generosa da redução da jornada de trabalho.

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circulando pela mídia, e também um ato capitalista, pela quantidade de propagandas que nos bombardeiam enquanto estamos frente a TV.

Vivendo sob o controle de um sistema de opressão onde tudo e todos são transformados em mercadoria, aceitar que há uma necessidade de ter-se tempo livre é difícil.

Padilha (2000) faz algumas considerações sobre, a partir do pensamento do lazer como um espaço importante de tempo livre e ocioso:

“1. Se as atividades de lazer são transformadas em mercadorias

a serem consumidas, o lazer está completamente integrado ao sistema econômico do qual ele faz parte;

2. Se este sistema econômico tem o consumo de mercadorias como pilar de sustentação e momento de realização do lucro, não só as atividades de lazer se tornam mercadorias como o próprio tempo de lazer se configura em tempo para consumir mercadorias;

3. Se é real a tendência de aumento de tempo livre em função das transformações tecnológicas, parece provável que aumentará consideravelmente o número de serviços especializados em entretenimento” (PADILHA, 2000. p.69).

O que podemos perceber a partir das afirmações de Padilha (2000) é a articulação e promoção da indústria do lazer junto ao capitalismo, o que nos remete ao pensamento de que na verdade não estamos tendo um tempo

realmente livre, e sim somos levados a pensar que em nossas “folgas” do trabalho devemos descansar em um hotel fazenda, ou então em um parque aquático, ou então ir ao Shopping para fazer umas compras, afinal, o meu tempo livre deve ser literalmente gasto – este remetendo ao consumo do dinheiro.

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Sendo assim, a indústria cultural e do lazer, para aumentar seus lucros, precisa tornar seus produtos fascinantes ao público. A princípio para se chegar a este objetivo é preciso proporcionar prazer e diversão às pessoas, ou seja, povoar a mente dessas pessoas com o desejo de tais produtos. Entretanto, não podemos esquecer que pessoas não são máquinas e que, portanto apresentam distinções, como sócio-econômicas, etárias, étnicas, gênero, etc. Conhecendo tais distinções, a indústria cultural segmenta os produtos, a fim de atender a determinados públicos diferentes sem, no entanto, alterar a ideologia do sistema, consolidando assim a conexão entre seus produtos finais e afirmando o ar de semelhança presente, como já citado. Criados esses pontos em comum, é fácil estabelecer padrões às produções, e assim conquistar sempre o público, independente de suas características particulares.

Como muitas pessoas fazem parte dessa indústria da cultura e lazer, é necessário buscar meios de reprodução que tornem inevitável a disseminação dos bens de consumo padronizados, tendo em vista à satisfação de necessidades iguais. Os padrões, portanto justificam-se pelas necessidades dos consumidores. Segundo Morin (2007),

“Mesmo fora da procura de lucro, todo sistema industrial

tende ao crescimento, e toda produção de massa destinada ao consumo tem sua própria lógica, que é a de máximo consumo.

A indústria cultural não escapa a essa lei. Mais que isso, nos seus setores os mais concentrados, os mais

dinâmicos, ela tende ao público universal.” (MORIN,

2007. p. 35)

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“eles [indústria cultural] imputam gostos e desgostos a esse

homem médio ideal; [...] a homogeneização visa a tornar euforicamente assimiláveis a um homem médio ideal os mais

diferentes conteúdos.” (MORIN, 2007. p. 36)

O consumo, dessa forma, vai implicar mais do que a satisfação de uma necessidade, mas também significa uma atitude de padronização, que vai formular a imagem de uma classe social, isto quer dizer que, as atitudes consumistas do indivíduo vão fornecer dados que servirão para que se reconheça seu status econômico, ou seja, ele deve consumir para que os outros possam perceber seu status.

O consumo tomado como essa forma de padronização é visto em todas as áreas da vida, isto inclui o lazer, e consequentemente a povoação do tempo livre como um lazer consumista e superficial.

O agenciamento dos produtos que serão consumidos e que, conseqüentemente, vão orientar uma forma de lazer é dirigido pela publicidade. Os meios de comunicação em massa possuem enorme poder de barganha para convencer o público consumidor sobre as vantagens do consumo dos produtos veiculados, mas eles não criam o consumismo, o que o faz é o próprio mercado.

“A cultura de massa, no universo capitalista, não é imposta pelas

instituições sociais, ela depende da indústria e do comércio, ela é proposta. Ela se sujeita aos tabus [...], mas não os cria; ela propõe modelos, mas não ordena nada. [...] A cultura de massa é o produto de um diálogo entre uma produção e o consumo.”

(MORIN, 2007. p. 46)

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necessidade real. Tudo isso para convencer o público a ser feliz e viver bem, sendo que para que isto aconteça é necessário que investir seu dinheiro na sua felicidade.

Disso tudo, o que podemos concluir é que os meios de comunicação entorpecem o público com uma avalanche de propagandas que o instigam a todo o momento ao ato de consumir, e o lazer acaba por fazer parte disso, se mantendo inserido na manutenção do status quo.

A partir disso entendemos que a idéia de democratização da cultura através do lazer é uma mentira, pois, o acesso é diferenciado, e o lazer atualmente é efetivado a fim de atender as necessidades financeiras da sociedade capitalista. Assim, o direito ao lazer transforma-se em mercadoria, bem como tudo o que se possa mercantilizar.

Os processos de consumo podem ser entendidos sob vários aspectos. Por sua racionalidade econômica, o consumo é considerado um período do ciclo de produção social e são as grandes estruturas (podemos destacar aqui os meios de comunicação em massa) que determinam não somente as necessidades e os gostos individuais, mas também o que, como e quem consome.

A partir dessa reflexão sobre o consumo em nosso tempo e do nosso tempo surgem diversos questionamentos, como por exemplo: será que somos conscientes de que o consumo nos domina a tal ponto que não percebemos sua força e continuamos agindo como meros consumidores? Ou o capitalismo nos hipnotizou tanto que nos faz enxergar apenas felicidade quando satisfazemos nosso desejo?

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Levando esse tema do consumo para a sala de aula, temos que, na medida em que as referências dos alunos e professores fundamentam-se nas informações circulantes pelos meios de comunicação de massa, a prática pedagógica contemporânea nos mostra que uma educação que não dialogue diretamente com estas informações é quase impossível. Contudo, o problema maior surge na medida em que, ao invés de promover o diálogo, a educação apenas reproduz o discurso da mídia.

Hoje, o consumismo faz parte do ser humano, do seu pensamento, comportamento e do seu cotidiano. Aliás, a vida do ser humano é fundamentalmente alimentada e sustentada pelo forte consumo. O que não podemos deixar é que a escola torne-se legitimadora dessa ordem, e sim deve começar se movimentar levando em conta o poder que ainda consegue exercer na formação dos que por ela passam.

O que acontece atualmente com a educação que queremos e que exigimos dos professores e das escolas: é aquela educação que simplesmente visa resultados econômicos, por exemplo, pouco importa ao pai se o filho aprende, porém é essencial saber se ele vai passar no vestibular em um curso que lhe traga rendimentos futuros (de preferência grandes rendimentos); não importa se o seu filho está sendo educado para ter uma vida digna e para que ele seja uma pessoa de bom caráter, importa se o investimento na carreira do filho retornará multiplicado (podemos ver, inclusive, a linguagem econômica reinando na educação: investimento, rendimentos, carreira, etc.); e por fim, a mais triste das constatações, pois pouco importa ao pai a felicidade do filho em realizar-se profissionalmente, mas importa que ele ganhe dinheiro para que possa, então, comprar a felicidade, o lazer e tudo mais que tiver direito.

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das pessoas para que estas sejam formadoras de uma sociedade rica em patrimônios, é mais fidedigno ainda que a mesma educação eduque pessoas capazes de construir uma sociedade rica e abundante em ética e humanidade.

A instituição escolar, enquanto produtora de educação, não pode se recusar seu compromisso de formar e não apenas informar, de ensinar o valor da educação não se esquecendo de ensinar os valores que fundamentam a vida e, sobretudo, ser o diferencial que pode fazer uma sociedade melhor (ou pior) por poder fazer pessoas melhores (ou piores).

Quanto ao papel da escola, temos em mente a concepção de que todo projeto educacional tem estreita relação com a sociedade na qual está inserido, ou seja, podemos dizer que a escola é um retrato da sociedade. E as metas, ou seja, os sujeitos que pretendemos formar, estão diretamente relacionados às nossas formas de pensar e construir nossas práticas em sala de aula, enquanto educadores. Assim, uma educação pautada na sociedade capitalista, consumista e padronizadora de idéias, acaba por estabelecer relações e produzir modos de vida que dialogam com este modelo.

Sendo assim, uma das questões que se pode observar na modernidade é o fortalecimento de uma sociedade dominada pelas aparências, onde ter é melhor que saber, e isto por si só acaba fortalecendo práticas pedagógicas que direcionam os alunos para práticas cada vez mais capitalistas, pois os educadores também são parte integrante desse sistema, e se distanciar dele para enfim conseguir enxergá-lo como algo que nos coloniza a mente, e nos entorpece torna-se praticamente impossível. E mesmo aqueles que conseguem tomar consciência disso, ainda não são capazes de nadar contra a maré e disseminar suas opiniões, para que enfim possamos

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elaboração detalhada de todos os mecanismos que irão compor o processo formador.

2.2. O valor do tempo para a sociedade moderna

Acho interessante poder recordar aqui que durante o domínio da Igreja católica, os trabalhadores tinham 90 dias de descanso por ano, que consistiam em domingos e feriados, durante os quais era estritamente proibido trabalhar. O trabalho nesses dias era encarado como crime para a Igreja, porém o que se prezava nesse tempo era estar na igreja e/ou com a família, diferentemente do que se vê atualmente.

Com a ascensão da classe burguesa ao poder, foram abolidos os feriados, pois o que interessava novamente era apenas a labuta.

Apesar de o ócio incorporar diferentes representações ao longo da História, o estigma de ser algo maléfico, “pai dos vícios” e promotor do enfraquecimento das virtudes em decorrência do tédio, parece ter adquirido bastante legitimidade na sociedade, como explicita o famoso ditado popular "cabeça vazia, casa do diabo". Assim, percebemos que o tempo de ócio passa a ser um ideal condenável, que deveria ser suprimido em nome da produção, do esforço físico, enfim, do capitalismo, bem como entendemos que esse pensamento mostra uma mudança radical quanto à visão que a própria Igreja tinha sobre o mesmo.

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espartanos eram guerreiros. A cultura espartana podia ser considerada uma cultura de trabalho, pois o cotidiano deste povo acontecia fundamentalmente nos ginásios, nas termas, no fórum e outros lugares de reunião.

Para os gregos, estar ocioso não era no sentido de não fazer nada, mas implicava intervenções de cunho intelectual e espiritual, que se traduziam da contemplação da verdade, do bem, e da beleza, de forma não utilitária. Enquanto para eles o ócio era considerado um “estado de alma”, que permitia ao indivíduo sentir-se livre do trabalho, em Roma predominava o conceito já nos parece mais contemporâneo, pois ócio era considerado tempo de descanso e da diversão, necessários para que as condições de trabalho fossem preservadas e, o trabalho era entendido como condição necessária para o ócio.

Atualmente o tempo livre ainda carrega a concepção Romana. E a ocupação dele depende das condições de vida das famílias e da oferta disponível, não querendo com isto dizer que só o meio urbano proporciona as condições de acesso a manifestações de lazer, porém percebemos que quanto mais urbanizados os lugares, ainda maiores são as diferentes ofertas de espaços de lazer.

Como já nos disse Carlos Drummond de Andrade:

“quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o

nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser

diferente.”

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triplo do tempo laboral. E ainda assim, temos a impressão de que o tempo disponível para que possamos desfrutar de lazer, se relacionar socialmente, entre outras coisas, é cada vez menor, e temos que caminhar a passos cada dia maiores, comer sem ao menos sentir o sabor, viver na sensação de que será impossível cumprir todas as tarefas diárias, e na ausência de tempo para se refletir e se revoltar com a miséria do país.

Cada vez mais abatido pela jornada de trabalho, o sujeito, procura uma atividade de lazer que lhe proporcione prazer, relaxamento e bem-estar, e acaba se encontrando diante de anúncios espalhafatosos na mídia e preços altíssimos de ingresso para todo e qualquer evento cultural que se preze.

Sobre a relação do trabalhador com o sistema capitalista, Debord (1997) traz:

“Subitamente lavado do absoluto desprezo com que é tratado

em todas as formas de organização e controle da produção, ele continua a existir fora dessa produção, aparentemente tratado como adulto, com uma amabilidade forçada, sob o disfarce de consumidor.” (DEBORD, 1997. p.32)

Não há dúvida, a impressão de necessidade imposta no consumo moderno não se contrapõe a nenhuma necessidade ou desejo verdadeiro, que não seja, ele próprio, moldado pela sociedade. Mas a mercadoria está lá como o rompimento absoluto de um desenvolvimento das necessidades sociais.

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Quanto mais avança a alienação capitalista, cada vez mais difícil se torna aos trabalhadores reconhecer e identificar a própria miséria, isso os coloca no revés do tudo ou nada, ou seja, de recusar a totalidade da sua miséria ou nada.

Munné (1980) refere-se ao tempo livre como uma tipologia de tempo social que faz referência às ações humanas, com o sujeito fazendo uso do tempo com total liberdade e de maneira criativa, dependendo de sua consciência de valor sobre seu tempo. No entanto, esse tempo que poderia ser voltado para o puro lazer é mercantilizado pela sociedade capitalista e o “tempo

ocioso” passou a ser pensado a quando passa a representar uma forma de consumo, e este último, que serve como impulso para o capitalismo, acaba por ser considerado progresso, globalização, modernidade.

A assimilação social do tempo, e a produção do homem pelo trabalho humano, desenvolvem-se numa sociedade dividida em classes. E nenhuma delas se deixa perceber que o tempo é o nosso principal recurso não renovável, e seu desperdício é extraordinário com coisas banais e na maioria das vezes descartáveis.

Hoje vivemos na sociedade do “Time is Money”, porém esquecemos-nos de pensar que tempo é o tempo de vida, e vida, diferentemente de dinheiro, não pode ser recuperado depois de perdido. Não que desconheçamos o valor econômico do tempo. Porém temos que pensar primeiramente no valor que a vida, e nosso desenvolvimento social e moral é mais importante do que o dinheiro que ganhamos ou deixamos de ganhar.

Ao refletirmos o tempo livre como uma categoria econômica entramos numa visão moderna da economia, centrada no resultado final, na qualidade de vida. Economicamente, isto significa dar valor tanto ao tempo que não é diretamente contratado por um empregador, como ao tempo dedicado a atividades socialmente úteis, como os com a família, dormir, entre outros.

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do tempo livre, esse é um valor consumista, e onde na verdade gastamos e não ganhamos, por isso passa ser um tempo em que eu assumo e consumo meus desejos, porém não ganho nada além de status.

Devemos então estar atentos, enquanto educadores, e repensar o papel

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho buscou-se um resgate histórico de alguns conceitos ligados diretamente à questão do tempo livre, que hoje afeta de forma geral todas as pessoas, não só em seu ambiente de trabalho, mas também na escola e até mesmo na família. Tentamos fazer o levantamento de conceitos como, capitalismo, consumo e também identificar no tempo livre o espaço de lazer e ócio, que são temas diretamente relacionados.

O objetivo nesse levantamento era trazer elementos a respeito da origem desses conceitos a fim de que fosse iniciada uma discussão acerca do tema em nossa sociedade, bem como realmente colocar qual é a relação que conecta os temas.

Elaborado para atuar como uma ferramenta para reflexão sobre a prática capitalista na sociedade moderna, enquanto transformadora do direito ao tempo livre em mercadoria através do lazer, procurou-se nesse trabalho elaborar uma discussão que primeiramente esclarece algumas dúvidas sobre

os assuntos em destaque, e depois discute sobre os “problemas” por eles gerados na sociedade.

Procurou-se explicitar nesse trabalho a origem do tempo que hoje

denominamos “livre”, que foi um dos fatores principais para o surgimento da indústria do lazer, bem como alguns aspectos da modernidade que são essenciais para a caracterização do problema do consumismo nessa sociedade capitalista em que vivemos. E explicar que no decorrer da história, os conceitos de lazer, ócio e tempo livre se modificaram, acompanhando as mudanças de valores e comportamentos, relacionados com os aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais vigentes em cada época.

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outro aspecto desse lazer nos ser instigado, pois atualmente falar de lazer e tempo livre nos remete as propagandas, tão incisivas nos meios de comunicação, incitando as pessoas a serem consumidores assíduos, viajando, optando pelos passeios ditos “ecológicos”, propagandas de shoppings, lojas e quaisquer outros lugares onde possamos fazer compras e gastar aquilo que ganhamos vendendo nosso tempo.

Outro ponto importante que pudemos observar neste trabalho foi a articulação e promoção da indústria do lazer junto ao sistema capitalista, o que nos remete ao pensamento de que na verdade não estamos tendo um tempo realmente livre, e este pensamento está alinhado ao desejo do sujeito moderno de hoje, um ser exausto de consumir sem um sentido seu, levado pela mídia, pela moda, pelos outros, para o material, o “coisificado”, o estético.

É trazido nesta pesquisa o conceito de modernidade, que se instala no processo de desenvolvimento do capitalismo, gerando a globalização, e consequentemente as implicações do mesmo, como o culto ao corpo, que é uma condição do indivíduo, e um aspecto fortíssimo nas sociedades de consumo contemporâneas. O padrão de corpo, de roupa e até de tecnologias utilizadas por todos diariamente, nada mais é do que uma imposição midiática proposta nos meios de comunicação, como foi colocado nesta pesquisa.

O mais cruel de tida essa padronização é que ela tem passado para além dos nossos aspectos exteriores, pois vemos a mídia influenciando tão profundamente que atualmente atinge a construção da identidade das pessoas, o que por vezes vai criar pessoas acríticas nessa sociedade moderna.

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pelas atraentes propagandas, o que acarreta um ganho para o sistema capitalista vigente, e fatalmente uma perda inestimável para a criticidade dos indivíduos e para a formação em geral da sociedade.

O capitalismo consumista molda todas as escolhas dos indivíduos através da propaganda, que faz o trabalho de criar necessidades para que cada pessoa consuma, mesmo que essa não seja real. Esse consumo é o caminho para a felicidade, e aos poucos se torna coletivo, e o sujeito consumidor passa ele próprio ser a mercadoria.

Nesse contexto, então, só podemos finalizar pensando que o tema se faz constante, e não há como chegar a conclusões. O que propomos é que, se haja mais discussões acerca do assunto, já que nosso tempo é algo tão importante e essencial para a vida de muitos, precisamos dar-lhe o devido valor, para que só assim possamos ser dignos de tê-lo livre de fato.

Não pretendia concluir este trabalho, como já foi dito anteriormente, estabelecendo verdades, conceitos ou opiniões. Apenas acredito que devíamos refletir sobre essa realidade que vivemos quase sem perceber. Não me oponho totalmente à idéia de consumo em si, mas creio que deviam ter a oportunidade da reflexão sobre a “coisificação” que a qual nós padecemos sem tomarmos consciência, e deixamo-nos tornar ao longo de nossas vidas meros consumidores, e pessoas alienadas da vida crítica e do pensamento, completamente passivas a realidade fantasmagórica em que a sociedade moderna e capitalista se faz existir.

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Profª. Drª. Carmen Maria Aguiar Liliane Marinho da Silva de Sousa

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