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Estratégias corporativas: diversificação com criação de valor estudo de caso de duas empresas farmacêuticas brasileiras

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL

ANDRÉ MARINHO ALMEIDA

ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS: DIVERSIFICAÇÃO COM

CRIAÇÃO DE VALOR

ESTUDO DE CASO DE DUAS EMPRESAS FARMACÊUTICAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada à Escola de Administração Pública e de Empresa para obtenção do grau de mestre

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ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS: DIVERSIFICAÇÃO COM

CRIAÇÃO DE VALOR

ESTUDO DE CASO DE DUAS EMPRESAS FARMACÊUTICAS BRASILEIRAS

Banca examinadora

Prof. Orientador: Paulo Roberto Motta Prof.:

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A minha esposa Alessandra pela compreensão e apoio durante a minha ausência e tempo que precisei para me dedicar à elaboração desta dissertação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Paulo Motta, que conduziu com gentileza, sobriedade e responsabilidade o desenvolvimento deste projeto.

À Fundação Getulio Vargas por prover excelência e transferência de conhecimento, e perspectivas de um saber possível.

À Alcina, pelo apoio e cordialidade nos momentos que sempre precisei.

Aos colegas do Mestrado que puderam contribuir com a troca de conhecimentos e experiências.

Às empresas e às pessoas que contribuíram com pesquisas, entrevistas e trocas de informações para a constituição deste projeto.

A Deus, pela sabedoria e pela força para enfrentar os desafios da vida.

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RESUMO

Como se pode perceber, o mercado farmacêutico apresenta um perfil bastante competitivo e rico em diversos aspectos como o econômico, financeiro, de marketing, pesquisas e desenvolvimento, e não só para a saúde da população, ele é contemplado por altos lucros e dominado por grande parte de empresas multinacionais no cenário brasileiro.

Este estudo analisa dois laboratórios brasileiros nacionais e suas formas de realizar a estratégia de diversificação em seus negócios, avaliando a criação de valor com as estratégias praticadas em cada organização. Essas questões se revelam no mínimo interessantes pela lógica que cada laboratório analisado está inserido.

A pesquisa teve como base a utilização de entrevistas com diretores e gerentes de ambas as empresas, além dos dados obtidos de artigos e publicações científicas. Na análise das práticas das estratégias de diversificação, as categorias analíticas permitiram melhor compreensão e comparação com as duas companhias estudadas.

As conclusões mostram que, questões como poder de mercado, economias de escopo, aspectos financeiros e tipos e graus de diversificação apresentam forte influência nas estratégias de diversificação com a criação de valor para essas empresas. No entanto, essas empresas analisadas apresentaram algumas particularidades semelhantes, e outras bastante diferentes, levando a crer que as estratégias adotadas não seguem caminhos retos no universo corporativo.

Também são abordados neste trabalho, para futuros estudos, o interesse e a pressão das multinacionais em desejar adquirir empresas farmacêuticas brasileiras e a atuação do governo na política pública de maior desenvolvimento e autonomia no Brasil.

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ABSTRACT

As one can see the pharmaceutic market has been showing a rather competitive and rich profile on account of different questions that involve economics, financial marketing aspects, researches and development not only relate to the population health, but it is gifted by high profits and the dominancy in most multinational enterprises in the Brazilian scenary.

This study brings as a proposal to analyse two Brazilian laboratories and their ways in accomplishing the diversification strategy on their business and avaliating the creation of value with pratical strategies in each organization. Some of these questions revealed themselves of little interest by the logic that each analysed laboratory is inserted.

The research had as base the use of interviews with directors and managers of both enterprises, besides the given information got from articles and scientific publications. In the analyse of the diversification strategies practices, the analitic categories allowed to take as base the study for a better understanding and comparison with the two companies.

The conclusions make us believe that questions such as: powerful market and economy market, financial aspects and types and degress present strong influency in the divertification strategies having values created for these enterprises, however each one has presented similar particularities and other ones quite different making us believe that adopted strategies do not take or go on straight route in a corporative universe.

Also, it is proposed in this work for future studies concerned to the pression of the Brazilian Pharmaceutic Enterprises and how the govern intends to act over the public political to a greater development and autonomy in Brazil.

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SUMÁRIO

RESUMO vi

ABSTRACT vii

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 JUSTIFICATIVA DE ESCOLHA DO TEMA – SITUAÇÃO DO PROBLEMA 15

2 PROBLEMÁTICA 17

2.1 PERGUNTAS DE PESQUISA 17

2.2 OBJETIVO GERAL 17

2.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17

2.4 DEFINIÇÃO DOS LIMITES DO PROBLEMA 18

2.5 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO 18

3 MÉTODO DE PESQUISA 19

3.1 TIPO DE PESQUISA 19

3.2 ESTRATÉGIAS DO ESTUDO DE CASO 19

3.3 COLETA DE DADOS 22

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS 22

3.5 LIMITAÇÃO DO MÉTODO 22

4 REFERENCIAL TEÓRICO 23

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 23

4.2 ALGUMAS ABORDAGENS ESTRATÉGICAS 24

4.3 FORMULANDO ESTRATÉGIAS 27

4.4 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 29

4.5 ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS 33

4.5.1A diversificação como uma estratégia corporativa 36

4.5.2Outras formas de diversificação: aquisições e fusões 44

4.5.3Uma crítica a estratégia corporativa 48

4.5.4Critério de análise 50

5 ANÁLISE DO AMBIENTE FARMACÊUTICO 52

5.1 ESTRATÉGIAS NO SETOR FARMACÊUTICO 52

5.2 O AMBIENTE FARMACÊUTICO INTERNACIONAL 55

5.3 O AMBIENTE FARMACÊUTICO NACIONAL 58

5.4 ASPECTOS REGULATÓRIOS 61

6 A EMPRESAS ESTUDADAS 63

6.1 LABORATÓRIO ACHÉ 63

(9)

6.2.1 RELAÇÕES LEGAIS 76

6.2.2 TEMPOS ATUAIS 77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 88

7.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 88

7.2 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 97

REFERÊNCIAS 101

ANEXOS 105

Anexo 1: Política vigente para a regulamentação de medicamentos no Brasil 105

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Principais objetivos da diversificação 43

Tabela 2: Mercado farmacêutico mundial 55

Tabela 3: Análise dos cinco anos de market-share acumulados total em unidades 60

Tabela 4: Evolução (R$) 67

Tabela 5: Principais indicadores econômicos 74

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Três estratégias genéricas 33

Figura 2: Níveis de decisão estratégica 34

Figura 3: Graus e tipos de diversificação 37

Figura 4: Uma nova ordem mundial para 2013 56

Figura 5: Pesquisa e desenvolvimento de medicamentos 57

Figura 6: Dados mercado farmacêutico brasileiro 59

Figura 7: Portfólio Ache 63

Figura 8: Histórico recente 64

Figura 9: Organograma 65

Figura 10: Número de registros de medicamentos genéricos 70

Figura 11: Evolução de demanda 70

Figura 12: Evolução de medicamentos produzidos no Far-Manguinhos 78

Figura 13: Evolução de unidades farmacêuticas 80

Figura 14: Mercado dependente do exterior 84

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Pontos fortes e fracos 28

Quadro 2: Oportunidades e ameaças 29

Quadro3: Tipos de estratégias corporativas 35

Quadro 4: Testes de estratégias corporativas 36

Quadro 5: Motivos para diversificação 38

Quadro 6: Modelo resumido da relação entre desempenho da empresa e a diversificação 39

Quadro 7: Exemplos de fusões e aquisições na indústria farmacêutica mundial 47

Quadro 8: Problemas para obter êxito com aquisições e fusões 49

Quadro 9: Categorias analíticas 51

Quadro 10: Foco estratégico 68

Quadro 11: Lançamentos em genéricos 71

Quadro 12: Programas do Ministério da Saúde 80

Quadro 13: Parcerias realizadas com o Far-Manguinhos 85

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LISTA DE SIGLAS

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social MS - Ministério da Saúde

MFT - Mercado Farmacêutico Total MS - Market Share

UN - Unidade de Negócio

IAFB - Incentivo à Assistência Farmacêutica Básica

FAR-MANGUNHOS - Instituto de Tecnologia em Fármacos CEME - Central de Medicamentos

FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

OTC - Over the Counter – Medicamento de Venda Livre

PROFARMA - Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Farmacêutica

GNV - Gerência Nacional de Vendas

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária MAT - Mercado Acumulado Total

MFT - Mercado Farmacêutico Total ETNs - Empresas Transnacionais

P&DI - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação SUS - Sistema Único de Saúde

AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida DST - Doença Sexualmente Transmissível

FEBRAFARMA - Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica UFs - Unidades Farmacêuticas

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Quando olhamos para o segmento farmacêutico e as companhias que produzem medicamentos no Brasil, tanto as nacionais quanto as multinacionais, é possível verificar uma grande hegemonia das empresas “estrangeiras” que atuam com uma forte participação entre as primeiras do ranking brasileiro, segundo dados do IMS, e as mesmas adotam práticas competitivas correlacionadas ao planejamento estratégico na busca de destaque e solidez no mercado brasileiro.

Podemos observar que tanto as companhias nacionais quanto as não nacionais utilizam-se de diversas formas, técnicas e modelos de estratégias para se tornarem mais competitivas e proporcionar ganho aos acionistas, transformando-se em organizações mais consistentes e gerando criação de valor.

Com um olhar mais pontual no Brasil, por se mostrar um mercado emergente pelo crescimento econômico sustentável, pelo poder de compra da sociedade estar aumentando e por políticas públicas que o governo vem adotando com a intenção de prover mais e melhor acesso da população brasileira aos medicamentos, buscamos uma investigação sobre as estratégias corporativas em dois laboratórios brasileiros, com lógicas mercadológicas diferentes, mas com práticas estratégicas que se assemelham.

O papel do Laboratório Far-Manguinhos estabelece como escopo de trabalho viabilizar à sociedade brasileira o acesso a medicamentos para tratamento da saúde com qualidade e preço justo, por outro lado, desenvolve uma política pública de fazer ciência com incremento de tecnologia, avançando nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, que é tão importante e carente no Brasil.

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(1988), esse laboratório oficial do governo brasileiro, “no sentido da resolução de problemas do quadro sanitário nacional adquire particular importância diante da deterioração recente das condições do perfil epidemiológico da população, além de mostrar sua importância no processo e desenvolvimento de práticas de P&D”, sem objetivar o lucro.

Sendo duas as organizações que apresentam destaque no cenário nacional, serão analisados os desempenhos de suas relações corporativas de estratégia e os pontos que agregam valor ao seu negócio.

Como foi feito um estudo de caso duplo através de entrevistas e referências bibliográficas, proporcionando uma visão das práticas organizacionais dos laboratórios Aché e Far-Manguinhos, elencados em categorias analíticas, sendo possível verificar as formas e percepções que essas duas companhias possuem para gerar valor através da diversificação de seus negócios, o propósito deste trabalho pode dar amplitude às práticas de diversificação e de subsídios para o entendimento de como uma estratégia corporativa diversificada pode contribuir para o êxito do negócio.

1.2 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

O objetivo desta pesquisa é definir e correlacionar as estratégias corporativas de diversificação na criação de valor, diferenciação e sustentabilidade de duas empresas nacionais, sendo uma de natureza privada (Aché Laboratórios) e outra de natureza pública (Far-Manguinhos).

Entendendo que o setor farmacêutico se revela com características e competências bastante diferentes de outros segmentos, o desenvolvimento e aprimoramento de suas práticas de planejamento estratégico e suas relações podem trazer à tona um tema que se faz pertinente às correlações desejadas, ou seja, “Estratégias corporativas: diversificação com criação de valor - estudo de caso de duas empresas farmacêuticas brasileiras”.

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(17)

2 PROBLEMÁTICA

2.1 PERGUNTAS DE PESQUISA

Como os laboratórios farmacêuticos brasileiros vêm utilizando estratégias corporativas de diversificação para criar valor ao seu negócio? Através de revisão bibliográfica, entrevistas e pesquisas realizadas com laboratórios farmacêuticos brasileiros foram buscados os dados para verificar os modelos e formas estratégicas definidas e aplicadas na formação e adequação de métodos que tornem possíveis às empresas estudadas a criação de valor ao seu negócio.

2.2 OBJETIVO GERAL

Tem como objetivo responder, mediante ao universo competitivo e estratégico, que os grandes mercados e grandes empresas vivenciam um olhar para o cenário nacional, e verificar como os laboratórios farmacêuticos brasileiros se comportam e trabalham para a obtenção da criação de valor com a realização de estratégias corporativas de diversificação à margem de tantas variáveis que são inseridas no dia a dia das organizações. A pergunta principal deste trabalho é como esses dois laboratórios farmacêuticos nacionais utilizam as estratégias de diversificação com criação de valor?

2.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 O que podemos levar em conta ao se definir uma estratégia de diversificação diferenciada em um mercado tão competitivo como a indústria farmacêutica?

 Até que ponto as variáveis de diversificação adotadas pelas empresas estudadas vêm contribuindo para criação de valor em seu negócio?

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 Desenvolver conclusões partindo de um estudo de caso duplo, o que poderá ser gerado novas pesquisas em estudos futuros.

2.4 DEFINIÇÃO DOS LIMITES DO PROBLEMA

O estudo ficará restrito ao referencial teórico publicado no Brasil e no exterior e dados dos laboratórios farmacêuticos nacionais.

2.5 ESTRUTURAÇÃO DO ESTUDO

O respectivo trabalho está estruturado em sete capítulos, apresentados da seguinte maneira:

n/; Na introdução são apresentados os aspectos gerais deste estudo. No segundo capítulo será possível verificar a problemática, estruturação e os objetivos do estudo.

O capítulo 3 aborda o método de pesquisa utilizado, o tratamento e coleta de dados, assim como a limitação do método utilizado.

No capítulo 4, está descrito o referencial teórico respectivo às estratégias, e as estratégias corporativas de diversificação e o critério de análise utilizado no objeto de estudo. No seguinte, estudaremos a visualização do ambiente das indústrias farmacêuticas na dinâmica internacional e nacional e as estratégias utilizadas por algumas dessas empresas.

O capítulo 6 descreve o entendimento das atividades e o comportamento praticado pelas duas empresas estudadas verificando suas estratégias e modo de gestão.

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3 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo vamos tratar da metodologia aplicada ao caso, da forma como foram coletadas, analisadas e desenvolvidas as informações obtidas. Neste estudo, estão sendo levados em conta as estratégias empresariais e o mercado farmacêutico. Será possível verificar que a forma de realizar esta pesquisa foi baseada no método de estudo de caso múltiplo.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Quanto à classificação da pesquisa, a taxonomia se qualifica em dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios (VERGARA, 2004). Quanto aos fins será descritiva e explicativa. Descritiva por revelar características das diversificações estratégicas e geração de valor nos laboratórios, e explicativa por visar às percepções das pessoas envolvidas.

Em relação aos meios, foram realizadas entrevistas através de referencial teórico com gerentes e diretores das empresas. Os entrevistados de Far-Manguinhos foram o presidente da instituição, sendo um profissional de carreira na organização e a chefe de gabinete que está a poucos anos em Far-Manguinhos vindo de uma lógica privada, inclusive tendo trabalhado em outros laboratórios farmacêuticos. No Laboratório Ache foram entrevistados o Diretor de Negócios da Unidade de Prescrição e o Gerente Nacional de Demanda, ambos vem com grande experiência de outros laboratórios.

3.2 ESTRATÉGIAS DO ESTUDO DE CASO

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Nesta pesquisa a questão colocada vai ao encontro do “como” e “por que”, que, de acordo com o mesmo autor, tem caráter explanatório e exploratório podendo ser utilizados em estudos de caso.

Desta forma, se buscará determinar “como” e “por que” dos laboratórios farmacêuticos pesquisados que utilizam estratégias corporativas diversificadas estarem proporcionando sucesso, e criando valor agregado ao negócio, assim como as práticas e caminhos que utilizaram para validar o êxito ou insucesso dessas práticas estratégicas corporativas de diversificação.

A estratégia escolhida para este trabalho é o estudo de caso, que, de acordo com Yin (2005), é utilizado em muitas situações, como para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados.

Ainda, conforme Yin (2005), o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real, tais como: ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e maturação de setores econômicos.

A teoria de estudo de caso é uma investigação estratégica que envolve a utilização de um ou mais casos para criar constructos teóricos, proposições e/ou teorias de médio porte de casos baseados em evidências empíricas (EISENHARDT, 2007).

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Dentro das variações da estratégia de pesquisa a proposta deste trabalho leva ao estudo de casos múltiplos que, de acordo com Yin, apud Herriot e Firestone (1983), apresentam vantagens e desvantagens distintas em comparação aos projetos de caso único, pois as evidências de casos múltiplos são consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto, por conseguinte, como algo mais robusto.

De acordo com Eisenhardt (2007), os casos múltiplos permitem igualmente criar uma teoria mais robusta porque as proposições são mais profundas, com evidências empíricas variadas. Embora os casos múltiplos sejam prováveis de conduzir à melhoria da teoria, a amostragem teórica é mais complicada.

Em primeiro lugar serão analisadas as estratégias do laboratório farmacêutico Aché, e em segundo, as utilizadas no laboratório farmacêutico Far-Manguinhos, buscando investigar de que maneira cada uma dessas práticas e estratégias utilizadas possibilite prover resultados positivos ou não, e também verificar o ganho de valor junto a essas empresas.

De acordo com Yin (2005) a escolha de casos múltiplos deve servir a um propósito específico dentro do escopo global da investigação, ou seja, seguir a lógica da replicação e não a lógica da amostragem, como era visto no passado. De acordo com o autor são duas as metodologias que se distinguem pelos seus fundamentos lógicos. Eisenhardt (2007) confirma, também, este aspecto ao afirmar que a construção central da teoria de estudos de caso é a lógica da replicação.

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Sendo assim, a pesquisa será desenvolvida, conforme Yin (2005), em três passos: definição e planejamento, que define a teoria necessária e a seleção de casos para dar sequência ao estudo; o segundo passo refere-se à preparação, coleta e análise à condução do primeiro estudo que se refere ao Laboratório Aché e à do segundo, ao Laboratório Far-Manguinhos, gerando relatórios individuais de cada caso; e o terceiro passo de análise dos dados coletados e conclusão, em que serão feitas as considerações, limitações, áreas de abrangência e futuras pesquisas que serão desenvolvidas mais adiante.

3.3 COLETAS DE DADOS

As fontes de coleta de dados foram baseadas em entrevistas semiestruturadas com diretores e gerentes das duas companhias com o objetivo de coletarem dados que permitam o aprofundamento proposto na dissertação. Outros meios utilizados na coleta de dados foram artigos científicos, livros especializados, publicações nacionais e internacionais.

3.4 TRATAMENTOS DOS DADOS

Com o objetivo de alcançar as proposições definidas neste estudo, no primeiro momento foi feito um levantamento de dados não tratados que vão ao encontro da teoria geral, por outro lado, foi realizado levantamento através das entrevistas e das pesquisas realizadas, pertinente às companhias analisadas, e que está envolvido na lógica do mercado farmacêutico, tornando possível selecionar os dados na direção do tema de pesquisa.

A partir da coleta e análise dos dados obtidos foi possível obter resultados sem a mínima interferência do autor, permitindo uma comparação com a teoria, e identificar pontos de semelhança e divergências na busca de respostas para as questões da pesquisa.

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

O método utilizado foi o Estudo de Caso utilizando referencial teórico referente à estratégia empresarial e através de entrevistas semi-estruturadas.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Como podemos verificar, a palavra estratégia é um conceito que remonta à Grécia antiga, onde a palavra stategeia se referia à arte de ser general, liderar exércitos e destruir inimigos, (SOBRAL e PECI, 2008, p. 140). No entanto, segundo Motta (2007, p. 80), “a utilização do termo estratégia em administração procurou trazer uma perspectiva científica. Como foi de início associada à formulação de diretrizes e ao planejamento, a estratégia recebeu toda a ênfase racional e científica da administração, tão acentuada na segunda metade deste século”.

De acordo com Costa e Silva (2002), estratégias são, de forma ampla, entendidas como cursos de ação, ou linhas-mestras, sejam gerais ou específicos, conscientemente concebidos para se lidar com uma situação. Segundo esse prisma, a estratégia exibe duas características fundamentais: é concebida antes das ações a ela relativas e é desenvolvida consciente e propositadamente.

Dentro dessas definições, é observada na literatura a demanda que as empresas revelaram quando começaram a expandir e a crescer, pois “o planejamento estratégico surgiu no momento em que as grandes organizações sentiram a necessidade de aperfeiçoar seus processos de planejamento e gerência e manter-se alertas para possíveis modificações futuras” (Motta, 2007, p. 85).

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4.2 ALGUMAS ABORDAGENS ESTRATÉGICAS

Na obra de Whittington (2002) uma abordagem sobre estratégias genéricas começa com a mais antiga, a clássica, que, de acordo com esse autor, é a mais influente, pois tem como ponto base a lucratividade, foco para as empresas. Sua formulação é alimentada pelo viés econômico e possui report nos ideais militares.

A abordagem clássica no que diz respeito à estratégia de negócios ainda é, contudo, uma novidade. Os primeiros sinais de uma disciplina coerente só emergiram nos anos 1960, com os trabalhos do historiador de negócios Alfred Chandler (1962), do teórico Igor Ansoff (1965) e do executivo Alfred Sloan (1963). Esses três homens estabeleceram as características principais da abordagem clássica: o apego à análise racional, o distanciamento entre concepção e execução e o compromisso com a maximização do lucro (WHITTINGTON, 2002, p. 12).

Na mesma direção da abordagem clássica, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 44) definem a escola do planejamento “sintonizada perfeitamente com toda a tendência de ensino de Administração e práticas adotadas tais como: procedimento formal, treinamento formal, análise formal, muitos números”. Pois de acordo com sua obra, O safári da estratégia, a escola do planejamento se preocupou mais em termos quantitativos do que qualitativos.

A abordagem clássica deposita muita confiança na prontidão e na capacidade dos gerentes em adotar estratégias de maximização do lucro através de um planejamento racional a longo prazo (WHITTINGTON, 2002, p. 19).

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Nessa abordagem existe uma concepção de seleção natural das coisas utilizando o exemplo que é dado no livro de Whittington (2002, p. 20) sobre as empresas automobilísticas do Reino Unido e da França no período de 1885 a 1965, “quando um novo nicho se abre, ele é inicialmente inundado por novos concorrentes, mas leva a um processo de competição feroz, no qual somente o mais preparado sobreviverá” (Hanna, apud WHITTINGTON, 2002). Este exemplo em linhas gerais também aconteceu no setor farmacêutico mundial, quando várias empresas no decorrer dos anos não sobreviveram ou são e continuam sendo adquiridas pelos concorrentes.

De acordo com Whittington (2002), o desafio para a estratégia é que muitos evolucionistas duvidam da capacidade de as organizações alcançarem a diferenciação e adaptarem-se a um modo deliberado e sustentável. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 215) descrevem que: “organizações podem morrer devido às organizações estratégicas agressivas de outra, não devido a alguma abstração chamada ambiente. Na verdade, até mesmo em biologia, os debates a respeito da capacidade de adaptação das espécies, não por seleção natural, mas por mudanças induzidas internamente, são hoje comuns”. Parece ficar uma mensagem clara nas entrelinhas do discurso evolucionista, “sobrevive somente quem se diferencia”.

Sobre outra perspectiva é possível verificar na abordagem processual o mesmo ceticismo da teoria evolucionária quanto ao desenvolvimento racional da estratégia, mas tem menos confiança na força dos mercados para assegurar resultados de maximização do lucro (WHITTINGTON, 2002).

Neste processo estratégico, segundo Whittington (2002) a limitação do homem é descrita quanto a sua racionalidade e o seu processo mental, pois os estudiosos querem dizer que somos incapazes de considerar mais que uma série de fatos ao mesmo tempo; relutamos em embarcar em buscas ilimitadas por informações relevantes, somos parciais em nossas interpretações dos dados; e, por fim, estamos prontos a aceitar a primeira opinião satisfatória que se apresente, em vez de insistir em encontrar a melhor (MARCH e SIMON, 1958; CYERT e MARCH, 1963).

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os gerentes tentam simplificar e ordenar um mundo complexo e caótico para ser entendido” (WHITTINGTON, 2002).

Percebemos, nesse processo da estratégia, o surgimento do incrementalismo lógico que de acordo com a citação de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 137):

A verdadeira estratégia tende a evoluir à medida que decisões internas e eventos externos fluem em conjunto para criar um novo e amplo consenso para ação entre os membros-chave da equipe gerencial. Nas organizações bem dirigidas, os gerentes guiam pro- ativamente essas correntes de ações e eventos, de forma incremental, na direção de estratégias conscientes.

De acordo com Whittington (2002), ao citar Mintzberg, “os estrategistas astutos entendem e aceitam que não podem ser astutos o suficiente para pensar sobre todas as coisas antecipadamente”. Entendemos assim que a estratégia deve ser vivenciada no dia a dia da organização, tirando o aprendizado através de seus acertos e erros, bastante semelhante ao que Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 215) afirmam: “...o que vem a cabeça não é tanto pensamento e razão, mas sim envolvimento, um sentimento de intimidade e harmonia com os materiais disponíveis, desenvolvido através de longa experiência e comprometimento”.

Podemos assim verificar no livro de Mintzberg e outros, O processo da estratégia, a existência de uma mutação ao pensar em planejamento estratégico, não existindo a prevalência de uma só escola ou ponto de vista, trazendo até mesmo a discussão das escolas existentes e que verdadeiramente venham a fazer parte de um processo da estratégia.

A existência de inter-relação de uma escola com outras parece ser pertinente, de acordo com os escritos de Mintzberg, pois cada uma se aplica em cada momento ou situação que a organização se encontra, denominando como processos múltiplos.

Mintzberg e outros (2006) deixam uma mensagem no mínimo provocante ao citar: “precisamos de melhores práticas, não de teoria caprichada. Então, devemos nos preocupar com processo e conteúdo, estática e dinâmica, limitação e inspiração, o cognitivo e o coletivo, o planejado e o aprendido, o econômico e o político”.

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adaptando ao ambiente, mas uma visão que permita verificar aspectos mais amplos do processo estratégico.

4.3 FORMULANDO ESTRATÉGIAS

A formulação da estratégia tem uma relevância bastante grande no contexto organizacional e na reflexão das realidades atuais do mundo globalizado, pois Mintzberg e colaboradores (2006, p. 129), “comentam que formação da estratégia apresenta-se de forma prescritiva oferecendo orientações úteis para pensar sobre os fins e sobre como ordenar os recursos físicos eficientemente para atingir esses fins, enquanto que a descrição fornece uma estrutura de referência útil para considerar como esses fins devem estar relacionados aos modelos de comportamento com o mundo real das organizações”.

De acordo com uma das 10 escolas desenvolvidas, a escola do aprendizado, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 135), relatam que vários pesquisadores simpáticos a essa escola descobriram que, quando ocorria um redimensionamento estratégico importante, este raramente se originava de um esforço formal de planejamento, e, de fato, muitas vezes, nem mesmo das salas da alta administração. Em vez disto, as estratégias se deviam a uma variedade de pequenas ações e decisões tomadas por todos os tipos de pessoas diferentes (algumas vezes de forma acidental ou por sorte, sem nenhuma consideração quanto às suas consequências estratégicas). Tomadas em conjunto ao longo do tempo, essas pequenas mudanças quase sempre se transformavam em grandes mudanças de direção.

Pode ser observado nos escritos de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 130), que uma interação entre formulação e implementação da estratégia define a essência da criação da estratégia, usando a metáfora do oleiro com sua argila, “que os gerentes são artesãos e estratégias sua argila, assim como o oleiro, eles ficam entre o passado das capacidades corporativas e o futuro das oportunidades de mercado. E, se forem verdadeiros artesãos, trarão para seu trabalho um conhecimento igualmente íntimo dos materiais que têm nas mãos”.

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opinião que o sentido corporativo evolui de um ajuste incremental diante dos fatos ocorridos” (PASCALE, 1984).

Nos escritos de Mintzberg (2006) foi possível verificar, além da sua metáfora utilizada com o artesão, que a estratégia como um processo de aprendizado puramente deliberado impede o aprendizado uma vez que é formulada; a estratégia emergente promove o aprendizado.

Como a proposta deste trabalho é verificar as questões estratégicas acometidas no cenário da indústria farmacêutica, foi possível observar, na literatura de Porter, fatores que impactam na formulação da estratégia, na orientação mais generalizada para esta formulação em uma indústria e que são definidos de acordo com a comparação dos pontos fortes e fracos de uma empresa, em particular, sua competência distintiva, as oportunidades e os riscos em seu meio ambiente. Podendo-se, assim, considerar vários fatores apontados por Porter que podem influenciar na formulação das estratégias.

Pontos fortes Pontos fracos

Fatores que constroem as barreiras de mobilidade que protegem o grupo estratégico

Fatores que debilitam as barreiras de mobilidade que protegem o grupo estratégico

Fatores que reforçam o poder de negociação do grupo em relação a compradores e fornecedores

Fatores que enfraquecem o poder de negociação do grupo em relação a compradores e fornecedores Fatores que isolam o grupo da rivalidade de outras

empresas

Fatores que expõem o grupo à rivalidade de outras empresas

Escala maior ao grupo estratégico Escala menor ao grupo estratégico Fatores que permitem custos menores de entrada

em um grupo estratégico do que em outros

Fatores que causam maior custo de entrada em um grupo estratégico do que em outros

Forte capacidade de implementação da estratégia em relação aos concorrentes

Capacidade de implementação da estratégia em relação aos competidores

Recursos e habilidades que permitem à empresa superar as barreiras de mobilidade e penetrar em grupos estratégicos ainda mais interessantes

Falta de recursos e habilidades que permitem à empresa superar as barreiras de mobilidade e penetrar em grupos mais interessantes

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Oportunidades Ameaças

Criação de um grupo estratégico novo Riscos de que outras empresas entrem em seu grupo estratégico

Mudança para um grupo estratégico em posição mais favorável

Riscos de fatores que reduzam as barreiras de mobilidade do grupo estratégico da empresa, diminuam o poder em relação a compradores ou fornecedores, piorem a posição em relação a produtos substitutos, ou a exponham a uma maior rivalidade

Fortalecimento da posição estrutural do grupo existente ou da posição da empresa no grupo

Riscos que acompanham os investimentos que visam melhorar a posição da empresa aumentando as barreiras de mobilidade

Mudança para um novo grupo e fortalecimento da posição desse grupo

Riscos de tentar superar barreiras de mobilidade para entrar em grupos estratégicos mais interessantes ou em grupos inteiramente novos Fonte: Porter, 2004.

Quadro 2

De acordo com Porter (2004) a formulação da estratégia pode ser vista como a escolha de grupos estratégicos que relacionam todos esses fatores competitivos. O mapeamento de grupos estratégicos permite auxiliar no diagnóstico das relações competitivas, não existindo nenhum método necessariamente correto. De acordo com Porter (2004), realizar o mapeamento é um meio de auxiliar no diagnóstico das relações competitivas, não existindo nenhum método necessariamente correto.

4.4 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

(30)

Barney e Hesterly (2007, p. 12) abordam que uma empresa tem vantagem competitiva quando é capaz de gerar mais valor econômico do que empresas rivais, alcançando um nível de competição superior aos concorrentes. Zilber e Fischmann (2002, apud Prahalad e Hamel, 1993) afirmam, em seu artigo, que a competitividade é o que faz uma empresa ser mais lucrativa do que outras.

Porter no prefácio do seu livro Estratégia competitiva (2004) escreve que “a análise competitiva é importante não apenas na formulação das estratégias empresariais, mas também em finanças, marketing, análise de mercado e em muitas outras áreas da empresa”.

Também, conforme Porter (p. XXVII, 2004), o “desenvolvimento de uma estratégia competitiva é, em essência, o desenvolvimento de uma fórmula ampla para o modo como uma empresa competirá, quais deveriam ser suas metas e quais as políticas necessárias para levar-se a cabo essas metas”.

Em relação aos aspectos e as vantagens, em um cenário totalmente globalizado, “as empresas têm que entender que nenhuma vantagem competitiva é permanente”, as mudanças ocorridas são muito rápidas atualmente (HITT et al., 2008, p. 4).

A necessidade de competitividade da empresa impõe aos empresários e aos executivos a utilização de instrumentos gerenciais, técnicas e métodos para tomada de decisões e avaliações consequentes em termos de sua monitoração e controle (ZILBER e FISCHMANN, 2002).

Segundo Barney e Hesterly (2007, p. 13), são evidenciadas formas de mensurar essas vantagens competitivas através de medidas contábeis que proporcionam a comparação de seus balanços com outras companhias. Também, por medidas econômicas, é permitida aos acionistas e credores uma avaliação da empresa.

(31)

Porter (2004, p. 3) descreve “que a intensidade de concorrência em uma indústria não é uma questão de coincidência ou de má sorte. Ao contrário, a concorrência em uma indústria tem raízes em sua estrutura econômica básica e vai além do comportamento dos atuais concorrentes”.

É possível verificar como as cinco forças competitivas, segundo Porter, definem questões como lucro, concorrentes, diferenciação de mercado, liderança, estruturas. O autor, analisando a ameaça de novos entrantes, o poder de barganha dos fornecedores, os determinantes da ameaça de substituição, a intensidade da rivalidade dos concorrentes e o poder do vendedor, aponta as características ou demandas que é preciso para uma indústria perceber e atuar em seu ambiente externo.

No entanto, Machado-da-Silva e Barbosa (2002) destacam que grande parte dos autores observa os aspectos competitivos nas organizações através de indicadores econômicos e financeiros, procurando estudar não só uma avaliação técnica do processo, como também uma perspectiva institucional no processo e na formação da estratégia. Mintzberg e outros (2006, p. 29) afirmam que a estratégia leva a algumas questões fundamentais sobre a organização como instrumento para a percepção e ação coletiva.

Machado-da-Silva e Barbosa (2002, p. 3) abordam em seu artigo duas questões que podem se relacionar na busca de uma forma estratégica competitiva, pois relatam o aspecto técnico, em que

a competitividade organizacional está ligada à obtenção, manutenção e uso de recursos para apresentar os índices econômicos e técnico-operacionais, valorizados e interpretados como expressões de competência e competitividade. A competitividade, nessa dimensão, seria avaliada por meio de indicadores quantitativos de qualidade, eficiência, produtividade e desempenho econômico.

Por outro lado, no aspecto institucional

(32)

legitimidade no ambiente, constituindo imagem positiva perante os seus stakeholders e permitindo melhor acesso aos recursos materiais e econômicos (Scott, 1995a).

Porter (2004, p. 37) aponta que as empresas podem tomar caminhos alternativos para manter a vantagem competitiva, utilizando-se de estratégias genéricas para superar seus concorrentes e permitindo fragmentar as atividades estratégicas de diferentes formas.

Porter classificou três estratégias competitivas conforme pode ser visto:

-Liderança no custo total: Nesta estratégia a empresa procura manter a liderança no custo total, exigindo que as indústrias utilizem um forte controle e disciplina nas despesas gerais e pouco investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Estas estratégias apesar de serem focadas em custos, a qualidade, treinamento e outras atribuições não podem ficar de lado. Para se atingir uma posição de custo total baixo quase sempre é exigida uma alta parcela de mercado relativa ou outras posições vantajosas, como acesso à matéria-prima.

- Diferenciação: Nesta estratégia a empresa busca a diferenciação de acordo com a prestação de serviço e produto trabalhado e oferecido. A diferenciação busca levar extensão de benefícios aos clientes, que muitas vezes implicam custos altos e a não participação de grandes fatias de mercado.

A diferenciação, se alcançada, é uma estratégia viável para obter retornos acima da média em uma indústria, porque ela cria uma posição defensável para enfrentar as cinco forças competitivas.

- Enfoque: Nesta estratégia genérica o intuito é trabalhar de forma segmentada de acordo com o mercado que atua e o público que se deseja atingir. Esta estratégia repousa na premissa de que a empresa tem mais capacidade de atender seu alvo estratégico estreito com mais eficiência do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla.

(33)

possível entender que, às vezes, usam como artifício estratégia não muito bem definida, sem uma direção evidente, um meio-termo.

À empresa que se fixou no meio-termo é quase garantida uma baixa rentabilidade. Ou ela perde os clientes de grandes volumes, que exigem preços baixos, ou deve renunciar a seus lucros para colocar seu negócio fora do alcance das empresas de baixo custo.

VANTAGEM ESTRATÉGICA

Unicidade observada

pelo Cliente Posição de baixo custo

No âmbito de toda a indústria

Alvo estratégico

Apenas um segmento particular

Fonte: Porter, 2004.

Figura 1: Três estratégias genéricas

4.5 ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS

De acordo com Hitt e outros (2008, p. 154), uma estratégia no nível corporativo especifica as ações que uma empresa toma para obter vantagem competitiva selecionando e administrando um grupo de vários negócios que competem em vários mercados de produtos.

Conforme afirmado por Mintzberg, Lampel, Quinn e Ghohal (2008, p. 78), “a estratégia corporativa é o modelo de decisões de uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para atingir essas metas e define o escopo de negócios que a empresa vai adotar, o tipo de organização econômica e humana que DIFERENCIAÇÃO LIDERANÇA NO CUSTO TOTAL

(34)

ela é ou pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não econômica que ela pretende fazer para seus acionistas, funcionários, clientes e comunidades...”

Uma estratégia no nível corporativo diz respeito a duas questões-chaves: em que mercado de produtos e ramos a empresa deve competir e como a matriz deve administrar esses negócios (HITT et al., 2008).

A estratégia corporativa justifica-se em situações naturais e inevitáveis, características da diversificação empresarial, as quais, se ignoradas, podem levar ao fracasso toda a estratégia de uma organização. Essas situações têm como premissas: a competição ocorre no nível das UNs; a diversificação, inevitavelmente, acarreta custos e limitações para as UNs; e os acionistas são capazes de diversificar seus investimentos a qualquer momento (PORTER, 1999, apud Camargos e Dias, 2003).

No entanto, Sobral e Peci (2007) descrevem que a estratégia corporativa é formulada pela administração de topo para supervisionar os interesses e as operações de organizações que atuam em vários negócios. Como podemos verificar na figura 2, existem níveis de decisão estratégica dentro das organizações.

Fonte: Sobral e Peci (2007, p. 144).

Figura 2: Níveis de decisão estratégica.

(35)

que se especificam os negócios em que a organização deve estar presente e se alocam os recursos corporativos pelas diferentes unidades de negócios (Sobral e Peci, 2007, p. 144). Porter, apud Mintzberg e outros (2006), traz algumas reflexões do papel relevante das unidades de negócios para uma organização competitiva, chamando essas unidades de “atividades de valor”, e afirmando que é nesse nível, e não no da empresa como um todo, que a unidade atinge vantagem competitiva.

De acordo com Camargos e Dias (2003) a estratégia corporativa, dependendo das condições da empresa (porte, setor, estrutura, etc.), pode ser considerada como a mais importante no âmbito empresarial, em razão da abrangência das decisões estratégicas que a compõem, entre as quais determinar o rumo e os objetivos da organização, com impactos em todas as suas UNs e áreas funcionais.

Estratégia

corporativa Definição/execução

Gestão de portfólio É a mais utilizada, exige uma grande quantidade de informações, disposição para se desfazer rapidamente de unidades de negócio com baixo desempenho. Consiste na diversificação por meio de aquisições de empresas que estejam subavaliadas e na autonomia das unidades de negócio.

Reestruturação A empresa se transforma em uma reformadora ativa das unidades de negócio ou de setores subdesenvolvidos, enfermos ou ameaçados. Exige uma capacidade gerencial para reverter o quadro de desempenho da nova unidade de negócio, uma grande quantidade de informações, uma ampla semelhança entre as UNs, as quais permanecem autônomas.

Transferência de atividades

Pressupõe a existência de sinergias, uma alta dependência e a necessidade de captação dos benefícios dos relacionamentos entre as UNs, além de alta capacidade de execução da transferência de habilidades entre elas. As UNs permanecem autônomas, mas em estreita colaboração com a alta administração, desempenhando um papel integrador.

Compartilhamento de atividades

Os benefícios do compartilhamento superam os custos, a utilização de novas empresas e de aquisições como meio de entrar em novos mercados, além da resistência organizacional, e promovem a integração da UN. As UNs estratégicas são motivadas a compartilhar atividades, e a alta administração tem um papel integrador nesse processo.

Fonte: Camargos e Dias (2003), compilado de PORTER (1999). Quadro 3: Tipos de estratégia corporativa

(36)

Com a expectativa de ver a estratégia corporativa ser objeto de sucesso dentro das organizações Porter (1999, apud Camargos e Dias, 2003) sugere um conjunto de testes para se avaliar a estratégia corporativa. Tais testes, descritos no quadro 4, visam a especificar as condições sob as quais a diversificação, de fato, criará valor para os acionistas.

Testes Definição/execução

Teste da atratividade Procura avaliar qual o grau de atratividade do setor. Os setores escolhidos devem ser estruturalmente atrativos ou capazes de se tornarem atrativos.

Teste do custo de Entrada

Procura determinar qual o custo de entrada em um novo mercado, visto que não deve abranger todos os lucros futuros.

Teste da melhoria das Condições

Procura avaliar se o negócio melhorará. A unidade de negócio deve ganhar vantagem competitiva a partir dos seus elos com a corporação ou vice-versa.

Fonte: Camargos e Dias (2003), compilado de PORTER (1999). Quadro 4: Testes das estratégias corporativas

Essas questões levam ao entendimento que a estratégia corporativa possa ser interessante para as organizações, pois, de acordo com Porter (apud Mintzberg e outros, 2006), a estratégia corporativa que realmente destaca a vantagem competitiva de cada unidade de negócios é a melhor defesa contra os ataques corporativos.

4.5.1 A diversificação como uma estratégia corporativa

De acordo com Barney e Hesterly (2007, p.190), uma empresa implementa uma estratégia de diversificação corporativa quando opera em múltiplos setores ou mercados simultaneamente. Quando uma empresa opera em múltiplos setores simultaneamente, diz-se que está implementando uma estratégia de diversificação de produtos.

(37)

Diversos autores relatam as formas e os tipos de diversificações aplicadas a cada perfil de empresa ou natureza dos negócios, podendo as mesmas apresentarem baixos graus de diversificação, de moderado a alto grau e extremamente altos. De acordo com a figura 3, é possível verificar os graus e tipos de diversificação utilizados.

Fonte: Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 155); adaptado de R. P. Rumelt, 1974, Stretegic, Structure and Economic Performance, Boston: Harvard Business School.

Figura 3: Graus e tipos de diversificação

Podemos verificar na definição de Barney e Hesterly (2007, p. 192) que, “se todos os negócios em que uma empresa opera compartilha um número significativo de insumos, tecnologias de produção, canais de distribuição, clientes semelhantes, e assim por diante, essa estratégia de diversificação corporativa é chamada de relacionada restrita”.

(38)

Diversificação que cria valor

 Economias de escopo (diversificação relacionada)

 Compartilhar atividades

 Transferir competências essenciais

 Poder de mercado (diversificação relacionada)

 Bloquear concorrentes por meio da concorrência em vários pontos

 Integração vertical

 Economias financeiras (diversificação não relacionada)

 Alocação eficiente de capital interno

 Reestruturação do negócio

Diversificação que neutraliza o valor

 Regulamentação antitruste

 Leis de impostos

 Desempenho ruim

 Fluxos de caixa futuros incertos

 Redução de riscos para a empresa

 Recursos tangíveis

 Recursos intangíveis

Diversificação que reduz o valor

 Diversificação do risco de empregabilidade dos gerentes

 Aumento da remuneração dos gerentes Fonte: Hitt, Ireland e Hoskisson (2008). Quadro 5: Motivos para a diversificação

Neste contexto, o trabalho analisado será baseado na diversificação que cria valor, pois, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), a empresa que utiliza a estratégia de diversificação relacionada quer desenvolver e explorar economias de escopo entre os seus negócios. No segmento da indústria farmacêutica podem ser verificados diversos graus de diversificação do processo produtivo, passando pelo marketing, por vendas, logística, até a venda para o cliente final.

(39)

Estratégia de diversificação

Economias de escopo Poder de mercado Economias financeiras

Fonte: Adaptação do autor a partir de Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 172).

Quadro 6: Modelo resumido da relação entre o desempenho da empresa e a diversificação

No quadro acima é possível verificar, baseado nos argumentos de Hitt (2008), que variáveis como economias de escopo, poder de mercado e economias financeiras se relacionam e reproduzem uma relação direta com estratégias corporativas de diversificação impactando diretamente no desempenho da empresa.

Como objeto de pesquisa, também será possível verificar os vínculos operacionais e corporativos criados através da estratégia de diversificação. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 159) afirmam que a diversificação relacionada, no nível corporativo, cria ou aumenta os recursos e capacidades de a empresa criar valor. Segundo esses autores, a companhia que utiliza a estratégia de diversificação relacionada desenvolve e explora economias de escopo entre seus negócios.

As economias de escopo são valiosas na medida em que aumentam a receita de uma empresa ou diminuem seus custos, em comparação com o que ocorreria caso essas economias não fossem exploradas (Barney e Hesterly, 2007, p. 193).

Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) as economias de escopo são economias de custo que a empresa cria ao compartilhar com êxito alguns dos seus recursos e capacitações, ou ao transferir uma ou mais competências essenciais do nível corporativo, que foram criadas em um dos seus negócios para outro negócio.

(40)

Os mesmos autores relatam que as empresas que compartilham atividades resultam em maior competitividade estratégica e mais retornos financeiros, mesmo o compartilhamento de atividades não sendo isento de riscos, pesquisas mostram que ele pode criar valor.

Barney e Hesterly (2007, p. 196) descrevem que em empresas que adotam a diversificação relacionada restrita é bastante comum o compartilhamento de atividades nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, pois muitas dessas atividades compartilhadas podem gerar redução de custos para a organização.

Os mesmos autores assinalam uma série de atividades compartilhadas possíveis em empresas com diversificação relacionada restrita:

 atividades de insumo;

 atividades de produção;

 armazenagem e distribuição;

 vendas e marketing;

 atendimento e suporte técnico dos revendedores.

Por outro lado, Barney e Hesterly, (2007) adotam limitadores no compartilhamento de atividades nas organizações, pois, associar o aprendizado ao relacionamento entre negócios pode gerar excesso de burocracia, ineficiência e pane organizacional, em um segundo momento o compartilhar atividades pode proporcionar limitação e especialização do negócio, e, em terceiro, se algum segmento possui uma fraca reputação, compartilhar atividades com esse negócio pode prover uma percepção de diminuição da qualidade.

Na mesma perspectiva da busca de criação de valores com a aplicação de estratégias de diversificação Hitt e outros (2008), endossam que a transferência de competências essenciais¹, ___________

1 No nível corporativo, são conjuntos complexos de recursos e capacitações que ligam negócios diferentes,

(41)

através de recursos intangíveis é uma excelente fonte de criação de valor, pois são difíceis de imitar e serem compreendidos pelos concorrentes, essa seria uma forma de obter vantagem competitiva imediata sobre os rivais.

As competências essenciais, que Barney e Hesterly (2007) chamam de competências centrais, são definidas como conjuntos complexos de recursos e capacidades que conectam diferentes negócios numa empresa diversificada por meio de conhecimento gerencial, técnico, experiência e sabedoria.

Esses autores citam o exemplo do laboratório farmacêutico Johnson & Johnson, que tem como uma das suas competências centrais o desenvolvimento, tanto na aquisição de produtos farmacêuticos quanto na sua comercialização para o público, obtendo a liderança em muitos segmentos, e, mesmo atuando em diferentes mercados, o Johnson tem como base a mesma habilidade para identificar, desenvolver, adquirir e comercializar produtos no setor farmacêutico e médico.

Barney e Hesterly (2007) afirmam que é muito mais vantajoso uma empresa diversificar seu negócio explorando vantagens e recursos baseados em seu negócio original, podendo assim proporcionar maiores oportunidades de ganhos e menores custos. A empresa ao adotar este processo de diversificação, diversas vezes com sua transferência de conhecimentos e habilidades de negócios anteriores para negócios futuros, acaba por adotar um modo de diversificação relacionado restrito.

Umas das questões que Barney e Hesterly (2007) abordam como limite das competências essenciais de algumas organizações vai ao encontro de certas competências não fazerem tanta diferença na agregação de valor ou na redução de custos. Por outro lado, as competências que são intangíveis podem ser inventadas sem ao menos ter relação com o negócio, ou seja, são inventadas para justificar uma diversificação.

(42)

Muitos desses processos de obtenção de poder de mercado ocorrem através da integração vertical, pois muitas empresas produzem seus próprios insumos. Diante dessa questão, algumas empresas farmacêuticas integram para trás, quando investem em pesquisa e desenvolvimento para produzir novos fármacos que possam levar à solidez e à busca da obtenção de poder de mercado.

Cabe aqui citar o exemplo que Barney e Hesterly (2007, p. 186), quando utilizaram o estudo de caso de um laboratório farmacêutico nacional que através de pesquisa em um novo fármaco no segmento de fitoterápicos realizaram um movimento de integração vertical para trás baseada em pesquisa e desenvolvimento para associar vantagem competitiva e ganho de valor.

Outra forma que influencia positivamente a estratégia de diversificação vem ao encontro das economias financeiras, que, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), são economias de custo realizadas por meio de alocações melhoradas de recursos financeiros com base em investimentos dentro e fora da empresa.

Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) enfatizam que a alocação eficiente de recursos internos possui papel importante, pois as alocações de recursos internos em cada unidade de negócios podem diminuir os riscos e propiciar ganhos de vantagens competitivas para o resultado da companhia.

Dentro desta questão, as economias financeiras podem gerar valor através da gestão de seus ativos. Este fato pode ir ao encontro às aquisições realizadas, nas quais a empresa pode investir capital, reestruturar a companhia comprada e fazer com que ela gere lucro. As formas para isso acontecer podem passar pelo ganho de vínculos operacionais e corporativos.

(43)

Tabela 1: Principais objetivos da diversificação (em percentagem)

Razões para seguir uma estratégia de diversificação

Amostra América Latina

Ásia Oriente Médio

Sudeste Asiático

África

Entrar em uma nova atividade para crescer além do tamanho atual

37 32 9 25 34 54

Beneficiar-se de atividades complementares

18 20 3 33 22 12

Melhorar a posição de mercado perante os concorrentes

14 26 30 0 10 4

Diminuir efeitos cíclicos da concentração em uma indústria

12 15 7 0 14 11

Aproveitar-se dos benefícios obtidos em diversificações prévias

8 0 18 0 8 11

Entrar em uma nova atividade em função do declínio da atual

5 3 37 42 2 4

Obter maiores proximidade com consumidores finais

2 0 0 0 7 0

Seguir a estratégia dos principais concorrentes

1 3 0 0 2 0

Controlar a distribuição de produtos intermediários ou finais

0 0 3 0 0 0

Total 100 100 100 100 100 100

Fonte: Sobral e Peci (2007).

Em relação aos dados observados na tabela, podemos verificar que na América Latina a estratégia de diversificação tem como foco a criação de valor na busca de crescimento além do seu tamanho e beneficiar-se das atividades complementares que a organização já possui.

Da mesma forma, se analisa o poder de mercado e os diferenciais que permitem utilizar esse tipo de estratégia corporativa adquirido por fusões, aquisições, lançamentos inovadores, pesquisa e desenvolvimento, marketing, vendas e diversos atributos, que podem tornar as organizações mais fortes e competitivas mediante os outros concorrentes.

(44)

Uma das formas de estratégias corporativas relacionadas à diversificação pode ser verificada no setor farmacêutico, indo ao encontro à pesquisa e desenvolvimento, que, de acordo os dados do BNDES, no mundo a indústria farmacêutica, investe em média 15% das vendas em P&D de novos medicamentos.

De acordo com Porter (1989), a diversificação oferece o maior potencial para acentuar a posição geral da empresa, quando diversas atividades de valor importantes podem ser compartilhadas. Os diversificadores de maior sucesso não encaram a diversificação orientada para o mercado, para a produção e para a tecnologia como mutuamente exclusivas, mas procuram formas de combiná-las.

Outra forma de estratégia corporativa diversificada, utilizada no setor farmacêutico e em diversos segmentos, vai ao encontro do uso de alianças estratégicas, exportação e licenciamento para a divulgação de produtos e marcas no país de origem ou em outros países.

Essa forma de atuar em mercados, além de suas fronteiras, permite principalmente a mercados emergentes, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), para os países em desenvolvimento, a diversificação internacional com maior contribuição do que a diversificação de produtos.

No segmento farmacêutico a prática de joint venture é outra forma de estratégia corporativa utilizada no setor farmacêutico e em diversos segmentos, e indo ao encontro do uso de alianças estratégicas, exportação e licenciamento para a divulgação de produtos e marcas no país de origem ou em outros países. Essa forma de fazer estratégia, de acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), é uma aliança estratégica em que duas ou mais empresas criam uma empresa juridicamente.

4.5.2 Outras formas de diversificação: aquisições e fusões

(45)

tiveram papel mais importante na reestruturação das empresas nos estados Unidos, nas décadas de 1980 e 90 e no início do século XXI (HITT, IRELAND E HOSKISSON, 2008).

Barney e Hesterly (2007) relatam que o número de empresas que usou as estratégias de fusão e aquisição para se diversificar é surpreendente. O valor anunciado das atividades de fusão e aquisição ao redor do mundo excedeu US$ 1,5 trilhão em 2000, 2001 e 2002.

Esses autores ainda relatam que no ano de 2003 nos Estados Unidos essas aquisições e fusões se concretizaram em poucos setores tais como: aproximadamente 26 no setor relacionado à saúde, 43 nos setores de serviços financeiros, 20 nos setores de mineração e extração de matéria-prima e 28 nos setores de alta tecnologia.

De acordo com Barros, apud Souza e Souza (2003), nas duas últimas décadas o número de fusões e aquisições entre empresas de diferentes países cresceu, e essas transações tendem a aumentar. As empresas quando participam de um processo de fusão ou aquisição o fazem por diversos motivos. O anúncio da fusão de duas empresas no mercado pode alterar o valor de suas ações no mercado, porém, isto não é fator determinante para se iniciar um processo. A firma pode decidir fazer um processo de reestruturação patrimonial que contribua para seu crescimento, ou promover uma integração vertical entre empresas reduzindo os custos de transação.

De acordo com Mintzberg (2008) a estratégia corporativa baseada em atividades compartilhadas torna-se mais poderosa se as unidades de negócios também puderem trocar habilidades. Os estudos do autor mostram a lógica de se ter como base a estratégia corporativa na transferência de aptidões ou em atividades compartilhadas.

Diante dessa afirmativa de Mintzberg, “se existe alguma esperança de que fusões e aquisições serão uma fonte de desempenho superior para as empresas compradoras, deve ser porque existe algum tipo de relação ou economia entre as empresas compradora e alvo” (BARNEY e HESTERLY, 2007).

(46)

e pelo fortalecimento do portfólio de produtos, foi fator importante para a concretização dessas operações.

No entanto, a valorização dos mercados acionários, principalmente dos EUA, criava expectativas positivas de ganhos com as operações de fusões e aquisições. A busca de ganhos acionários não pode ser desprezada como um fator de incentivo a essas operações entre os grandes laboratórios mundiais.

(47)

EXEMPLOS DE FUSÕES E AQUISIÇÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA MUNDIAL E BRASILEIRA 2004 – 2005 E 2006

EMPRESAS CAPITAL OPERAÇÃO CAPITAL

Abbot / EAS EUA Abbot adquiriu a EAS EUA

Abbot / TheraSense EUA Abbot adquiriu a aquisição da TheraSense EUA

AGT

Biosciences/ChemGenex

Therapeutics Austrália / EUA

Fusão. Nova Empresa: ChemGenex

Pharmaceuticals Austrália / EUA

Amgen / Tularik EUA Amgen adquiriu Tularik EUA

Aventis / Sanofi-Sinthélabo

França / Alemanha e França

Fusão. Nova empresa:

Sanofi-Aventis França / Alemanha

Lilly / Applied Molecular

Evolution EUA Lilly adquiriu a Applied Molecular Evolution EUA

Merck & Co/Atan Pharma EUA Merck adquiriu a Aton EUA

Bristol Myers Squibb/Acordis

EUA Bristol adquiriu Acordis Myers Squibb EUA Mitsubishi Pharma/Green

Cross Guangzhou

Japão / China

Mtsubishi Pharma adquiriu o total controle em sua joint venture com a Green Cross Guangzhou

Japão

Fujisawa / Yamanouchi

Japão Fusão. Nova empresa: Astellas Pharma Japão

Aché / Biosintética Brasil Aché adquiriu a

Biosintética

Brasil

Biolab / Sintefina Brasil Biolab adquiriu a Sintefina Brasil

Libbs / Mayne Pharma do

Brasil Brasil / Austrália Libbs adquiriu a Mayne Brasil

UCB / Scwarz Pharma

Bélgica / Alemanha UCB adquiriu a Schwarz Pharma Bélgica

Merck / Serono Alemanha / Suíça Merck adquiriu a Serono Alemanha

Bayer / Schering Alemanha Bayer adquiriu a Schering Alemanha

Nycomed / Altana

Dinamarca / Alemanha

Nycomed adquiriu a

unidade de medicamentos

da Altana Dinamarca

Fonte: Scrip‟s (2005), Valor Econômico (2005), Libbs (2005) e The Economist (2006). Fonte: Capanema e Palmeira Filho (BNDES).

Quadro 7: Exemplos de fusões e aquisições na indústria farmacêutica mundial e brasileira (2004-2006)

Existem operações de fusões e aquisições que não necessariamente aumentam a eficiência econômica. Elas visam ampliar o poder de mercado da(s) firma(s) envolvida(s), reduzindo a competição e, portanto, ocasionando aos consumidores preço mais elevado. Essas operações podem ocorrer ainda por motivos especulativos. Na medida em que a fusão ou a aquisição consolida a posição de mercado e, potencialmente, aumenta a eficiência da firma reestruturada, é de se esperar que seus lucros cresçam (MAGALHÃES et al., 2003).

Imagem

Figura 1: Três estratégias genéricas
Figura 3: Graus e tipos de diversificação
Tabela 1: Principais objetivos da diversificação (em percentagem)
Tabela 2: Ranking dos maiores mercados farmacêuticos
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Referências

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