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Desafios do Ensino da Saúde Coletiva na Graduação dos Profissionais de Saúde.

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Academic year: 2017

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Desafios do Ensino da Saúde Coletiva na

G raduação dos Profissionais de Saúde

Heloniza O. G. Costa

1

Maria Ligia Rangel

2

R e s u m o :

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O artig o b u sc a caracteriz ar, e m b re v e s linhas, o c am p o d a Saú d e Co letiv a e as tentativ as d e institu c io naliz aç ão d e sab e re s e p ráticas q u e d e f ine m e sse c am p o . Situa a e m e rg ê n c i a d o c am p o e o s

d esaf io s q u e se c o l o c am p ara a i n c o rp o raç ão d o seu e n sin o na g rad u aç ão d o s p ro f issio nais d e saú d e,

d e sd e a d é c ad a d e 80. D isc u te as p ersp ec tiv as d o e n sin o d a Saú d e Co letiv a na G rad u aç ão a p artir d o

e n f o q u e so b re o p ro c e sso d e trab alho e m saú d e e d o f o rtalec im ento d e p ráticas d e se nv o lv id as e m p arceria

entre u niv ersid ad e, serv iç o s d e saú d e e c o m u n i d ad e .

Pa l a v ra s - c h a v e : Fo rm aç ão d e Rec u rso s H u m an o s e m Saú d e; Saú d e Co letiv a - G rad u aç ão ; Ensino d e

Pro fissio nais d e Saú d e .

S u m m a r y : T h e article h o p e s to briefly c harac teriz e the C o llec tiv e H ealth field an d the attem p ts o f institutio naliz ing k n o w l e d g e and p ro c e d u re s inv o lv ed . It g iv es an id ea o f h o w this field has g ro w n and the

c halle ng e s it has f ac e d as it tries to b e p art o f the health p ro f essio nals training o n the u nd erg rad u ate lev el,

sinc e the 80s. It d isc u sses the p ersp ec tiv es o f the u nd erg rad u ate C o llec tiv e H ealth te ac hing b ase d o n the

f o c u s o f the w o rk p ro c e ss in health and o n the streng thening o f p artnership p ro c e d u re s d e v e l o p e d am o n g

univ ersity , health serv ic es and the c o m m u n ity .

K e y w o r d s : H u m an Re so u rc e s Q u alif ic atio n; C o llec tiv e H ealth - Und e rg rad u ate lev el; Te ac h i n g o f

H ealth Pro f essio nals.

==1 Professora da Faculdade de Enfermagem da UFBa. Diretora do Projeto UNI-Bahia.

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I n t ro d u ç ã o

A Saúde Coletiva caracteriza-se co m o um camp o em co nstituição , co m múltiplas co n-cep çõ es, o bjeto s d e co nhecimento e práticas. Ao tomar co m o o bjeto o "co letivo ", cuja no -ção tem co no taçõ es distintas, faz co m que seus saberes e práticas sejam tributários de outros camp o s d e co nhecimento , além das ciências naturais, não subo rd inad o s ao esta-tuto de cientificidade desta, impo ssibilitando o o cultamento d o caráter po lítico da área (Do nnangelo , 1983).

A emergência da Saúde Coletiva,

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enquan-to campo de saber e práticas, d efro nta-se co m

a hegemo nia da Clínica, que permeia a for-mação e a prática d o s pro fissio nais d e saúd e, marcada pela matriz flexneriana. A instrumen-talização pela clínica, fav o recend o a

acumu-lação d o capital no co mp lexo médico-industrial e facilitando a geração de tecno lo gias materiais, teve uma relativa eficácia simbó

li-ca ou real e foi culturalmente assimilada pelo s

países o cid entais. Isso to rno u o flexnerianismo a ideo lo gia d o minante no co ntexto supra-estrutural d o m o d o d e p ro d ução d o s agentes das práticas d e saúd e, influenciand o

inclusive países que introduziram mo difica-çõ es significativas na o rganização do s servi-ço s de saúd e (Paim,1994).

A crise d o mo d elo de atenção à saúd e, sustentado pela matriz flexneriana d e ensino , fez surgir vários mo vimento s reformistas ao interior, principalmente, das esco las méd icas - medicina integral, med icina preventiva, med icina c o m u nitária, integ raç ão med o c e n te -assistencial e med icina d e família - , que in-fluenciaram o co njunto das pro fissõ es d e saú-d e. A maioria saú-d esses mo vimento s surgiu em países do primeiro mund o , difundindo -se ao s países periférico s. Entretanto, esses mo vimen-tos não foram cap azes d e informar um pro je-to alternativo e crítico , co nsistente co m uma análise científica da realidade. Co ntud o , no âmbito d o s países latino -americano s a busca d e alternativ as p ara a crise estimulo u e

aprofundou o debate sobre o objeto da Saú-de Pública, suas práticas e significados em distintas realidades. Assim, a formulação de um projeto crítico alternativo surge somente com o desenvolvimento da Medicina Social no Brasil, a partir da década de 70, o qual forneceu conceitos e estratégias para a for-mação de Recursos Humanos em Saúde (Paim, 1992).

Do p o nto de vista co nceitual, a Saúde Coletiva surge ap o ntand o para a configura-ção de um no v o parad igma para a saúde, que pro cura imprimir um m o d o de pensar o p ro cesso saúd e-d o ença c o m o p ro cesso social e histó rico , p ro blematizand o a o rganização das práticas d e saúd e co m o pro pó sito de introduzir mud anças, enfatizand o a p ro mo -ção da saúd e, a p rev en-ção d e riscos, agravos e d o enças a partir de estratégias d e reorgani-zação da vida so cial e não meramente atra-vés de medidas restritas ao s serviço s de saú-de, articulando-se, assim, co m estratégias mais amplas d e co nstrução da cidadania e de trans-fo rmação da cultura sanitária e d o mo d o de vida d o s distintos grupo s so ciais.

Teixeira (1995) d estaca que o camp o da Saúde Coletiva tem abarcad o três d imensõ es. Estas são , simultaneamente, áreas de investi-gação e de intervenção : estado de saúde da população, o u seja, co nd içõ es d e vida e

saú-d e saú-d e grup o s p o p ulacio nais esp ecífico s e

tend ências gerais d o p o nto d e vista epid emio ló gico , d emo gráfico , so cio eco nô mico , po -lítico e cultural; serviços de saúde, área que

abrange d esd e o estud o d o p ro cesso de tra-balho em saúd e (práticas d e saúd e), até a o rganização so cial d o s serviço s e a formula-ção e imp lementaformula-ção de po líticas de saúde;

saber sobre saúde, que inclui d esd e estudos

ep istemo ló gico s so bre p ro d ução de co nheci-mento s neste camp o até relaçõ es entre o saber científico e as c o nc ep ç õ es e práticas po pula-res de saúd e.

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-gia, a Administração é Planejamento de Saú-de e as Ciências Sociais em SaúSaú-de, além Saú-de várias disciplinas auxiliares como a matemá-tica, a informámatemá-tica, a demografia, a ecologia, a geografia, a sociologia, a antropologia, a história, as ciências políticas etc. (Teixeira, 1995). Enquanto prática, a Saúde Coletiva vem materializando uma ação social organizada no processo de Reforma Sanitária Brasileira (RSB) o qual, ao tempo em que conquista lugar social juridicamente definido, enfrenta resistências e obstáculos à sua implementa-ção, que se fazem sentir tanto ao nível dos serviços de saúde quanto ao nível da forma-ção de Recursos Humanos em Saúde (RHS).

A análise da atual conjuntura indica que a inco rpo ração de saberes e práticas d o cam-po da Saúde Coletiva no p ro cesso de gradua-ção d o s pro fissio nais constitui um eno rme desafio , à medida que o pro jeto neo -liberal se difunde e se fo rtalece. Neste co ntexto , em que o go v erno define co m o pro jeto assegurar a auto no mia financeira e administrativa d o s serviços so ciais d o Estado , o que se o bserva é que a Universidade, o s serviço s d e saúde e o s centro s d e pesquisa estão send o estimu-lados a buscar auto -sustentação . Embo ra essa medida tenda a fo rçar a realização da missão dessas instituições co m maio r eficiência, ao mesmo temp o as co nd uz a se mo ld arem à lógica da eco no mia de mercad o .

Do p o nto de vista d o mo d elo d e aten-ção , não se o bserva nenhum mo vimento no sentido de mud anças substanciais. A estrutu-ra de financiamento , na sua essência, man-tém-se into cada, embo ra apresente ino v açõ es

que atualizam o seu

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modus operandi. A

gre-gam-se, assim, pro gramas co m características fo cais, co m o o Pro grama de Saúde da Família (PSF), que demo nstra claro viés co mp lemen-tar ao mo d elo heg emô nico , na perspectiva de respo nd er à grave crise so cial que afeta, especialmente, a saúd e das p o p ulaçõ es de baixa rend a. Po r o utro lado, o bserva-se que a p reo cup ação co m o d esenvo lvimento de RHS, particularmente a Grad uação , tem

per-manecido à margem das agendas políticas dos gestores do sistema de saúde e ausente das propostas centrais do Ministério da Educa-ção. Dentre os primeiros, observa-se a preo-cupação, sobretudo, com a gestão de RHS, abordando aspectos tais como: mesa de ne-gociação, terceirização versus estabilidade,

salários, benefícios etc. As universidades, por sua vez, não estão discutindo a Graduação de RHS para o SUS, nem sendo chamadas a fazê-lo, mesmo quando se leva em conta pro-gramas estratégicos do governo com é o caso do PSF, para o qual não se tem definido o perfil profissional desejado.

Enquanto pro jeto co ntra-hegemô nico , a RSB enco ntro u p o uca p enetração no tecido so cial, ao p asso que o pro jeto heg emô nico vai ao enco ntro de interesses individualistas da so cied ad e, em d etrimento d e um co mp ro -misso so cial mais amplo , fragilmente estabe-lecid o entre o s pro fissio nais d e saúde e en-tre segmento s d o co rp o d o cente das universidades. A lém disso , o ensino da Saúde Co -letiva na Grad uação d epara-se co m pro ble-mas pró prio s da sua dinâmica interna, tais co m o : as práticas/ trabalho que não são assu-midas co m o locus privilegiado d o p ro cesso

ensino -aprend izagem; meto d o lo gias que não instrumentalizam o s aluno s para a pro d ução de co nhecimento s e o d esenvo lvimento da cap acid ad e crítica e criativa, além de não favo recer a criação d e atitudes construtivas e participativas. Estas d isto rçõ es são possibili-tadas pela d esarticulação d e co nteúd o s; pela excessiva fragmentação das disciplinas e do s d ep artamento s; p elo uso d e meto d o lo gias p ed ag ó g icas inad equad as ao p ro cesso d e aprend izagem; p elo co nserv ad o rismo d o cen-te; pela inad equação de co nteúd o s às neces-sidades de saúd e da p o p ulação e pela desar-ticulação co m o s serviço s d e saúd e e co m a co munid ad e, entre o utro s.

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e na sociedade civil. Assim, na vida cotidia-na dos serviços de saúde, trata-se de obter mudanças da organização do trabalho no interior dos serviços de saúde. No âmbito das universidades, no que se refere à Gra-duação, trata-se de obter a adesão dos do-centes a novas formas/ metodologias que per-mitam aos alunos a apropriação do conhe-cimento e o desenvolvimento de novas habi-lidades, de modo a poder refletir o seu lugar na sociedade a partir do seu lugar no traba-lho, aprendendo um fazer crítico e criativo. No que tange à sociedade civil, trata-se de ampliar as práticas de participação social, seja ao nível da gestão de serviços de saúde como também das universidades.

A articulação da Universidade co m o s serviços d e saúde e a co munid ad e permite,

po tencialmente, o d esencad eamento sincrô nico e simultâneo de cap acitação p ed agó gica de d o centes, de d esenvo lvimento de

programas de ed ucação p ermanente para pro fissio -nais de saúde e do d esenvo lvimento de lide-ranças comunitárias na d ireção das mudan-ças pretendidas, ampliand o , d esse mo d o , a difusão das co ncep çõ es e reo rientand o as práticas de saúde no interior das o rganiza-çõ es.

Pretend e-se assim, levantar alguns po n-tos para a reflexão acerca d o s limites e p o s-sibilidades da restruturação da Grad uação do s pro fissio nais d e saúd e na p ersp ectiv a da Saúde Coletiva.

O En s i n o d a S aú d e C o l eti v a

n a G rad u ação

O ensino da Saúde Coletiva se co nfund e co m a história e co nstituição d esse camp o (Nunes, 1996). O ensino de Saúde Coletiva originou-se no s Departamento s de Medicina Preventiva (DMP) cuja criação é reflexo , nas escolas médicas, d o pro cesso de reformas que buscaram enfrentar a crise d o mo d elo de atenção à saúde médico-privatista,

caracteri-zada pela crescente incorporação tecnológica e elevados custos. Analisando as questões referentes ao desenvolvimento de RHS no Brasil, Paim (1994) observa que a reformulação do ensino das profissões de saúde, sobretudo da formação médica, tem sido uma preocupação dos órgãos formado-res em geral, inclusive do MEC. No entanto, a direcionalidade dessas mudanças tem sido múltipla, apontando para a recuperação do caráter liberal da profissão ou para a atuali-zação da formação frente às modificações na organização dos serviços de saúde, pouco voltadas às necessidades de saúde e direitos dos cidadãos (Paim, 1994).

A análise d o s mo v imento s reformistas permite co nstatar que estes pro vo caram mu-d anças no Sistema mu-de Saúmu-de no Brasil, co m algumas rep ercussõ es no s mo d elo s de ensi-no ensi-no s curso s superio res na área da saúde. A lgumas dessas mud anças, a exemp lo das atividades extra-muro , imp ulsio nad as pela p ersp ectiv a da atenção primária à saúd e, proposta pela Conferência de Alma Ata (1978), geraram insatisfação em alguns Departamen-tos de Medicina Preventiva e na própria Or-ganização Panamericana da Saúde (OPA S) co m relação ao s limites d o s pro jeto s extra-muro em se co ntrapo r ao mo d elo flexneriano de ensino , co nd uzind o à emergência da pro posta de Integração Do cente A ssistencial -IDA (Marsiglia et al., 1996).

Na d écad a de 80, a IDA buscava atender expectativas de p ro mo v er mud anças profun-das no s currículo s profun-das faculd ad es da área de saúd e. Em 1981, o MEC elabo ro u uma publi-cação o nd e definia a IDA , e apelava às universid ad es a aceitarem o d esafio da pro -posta, o que exigiria mo d ificaçõ es conceituais, estruturais e meto d o ló gicas pro fundas, co

n-trariando o clássico co nceito ensino-pesquisa-extensão, na busca d e no v as relaçõ es universidade-prestado res de serviço s.

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Desemp enho para hospitais universitários e de ensino (IAV-EM - Índice de A dicional de Valo rização e Capacitação Extra-Mural), e, em 1988, o MEC aprova e divulga nova pro po sta - Plano UNISIS - Integração das Universida-des no Sistema de Saúde, em co nso nância co m o s princípio s d o SUDS. Isso significava que as atividades de ensino das universida-des se estend eriam a to d o s o s profissionais da rede para a p ro mo ção da ed ucação co nti-nuada (reciclagem, especialização , aprimora-mento etc.). Entendia-se que qualquer servi-ço do Sistema de Saúde seria fo rmalmente reco nhecid o pela Universidade co m o local de ensino , e não só o ho spital-esco la. As ativi-dades d o centes extra-muro s deveriam ser de natureza curricular, obrigatória para to d o s o s alunos do curso regular.

A análise d o s 10 ano s de IDA no Brasil revela que: as exp eriências se co ncentraram no s DMP; algumas vezes co m participação da

pediatria e, mais raramente, da tocoginecologia. A maioria das exp eriências IDA -Brasil é d esenvo lvid a em universid ad es fed erais e

estaduais, lo calizadas na região Sudeste d o país, apo iad as o riginalmente pela Fund ação Kellogg, e co ncentrad as no s curso s de medi-cina, enfermagem e o d o nto lo gia (Marsiglia, 1995).

De aco rd o co m Paim (1994), tais exp e-riências, ao tentarem interferir nas práticas de saúde, se depararam co m distintas visõ es e interesses que co mp etem entre si, visando moldar a d efinição d o perfil do s pro fissio -nais. Os estudo s e reflexõ es so bre as tenta-tivas de introduzir mud anças na fo rmação do s pro fissio nais d e saúd e apo ntam semp re o dilema dessas pro po stas para se instituciona-lizarem e red irecio narem, de fato, o p ro cesso de fo rmação d o s pro fissio nais. Ainda segun-do esse Autor, nas d écad as d e 70/ 80 ho uve uma significativa p ro d ução teórica da Medici-na Social relacio Medici-nada ao s curso s d e Pó s-Gra-d uação , numa estreita relação co m o s mo vi-mento s so ciais presentes na co njuntura. De to d o mo d o , a maio r exp ressão d o d esenvo

l-vimento da Saúde Coletiva limitou-se à Pós-Graduação, através dos cursos de mestrado, da especialização em Saúde Pública, dos pro-gramas de residência em Medicina Preventiva e Social.

No âmbito da Grad uação , surgiu, na d é-cad a de 80, estimulada pela A BRA SCO e pela A sso c iaç ão Brasileira d e Ensino M éd ico

(A BEM), uma pro po sta d e co nteúd o p ro gramático mínimo para o ensino da Saúde Co letiva, centrad o nas ciências so ciais, ep id emio

-logia, administração e o rganização de servi-ços. Esta foi elabo rad a a partir da co nstatação da diversidade de co nteúd o s pro gramático s e

de meto d o lo gias de ensino , e da heterogeneidade da bibliografia utilizada nesta área. No entanto , apesar da sua inco rp o ração e

avaliação po r alguns d epartamento s de Medi-cina Preventiva e So cial, não se d ispõ e de estud o s avaliativos, seja na área méd ica, seja nas demais áreas (Paim, 1994).

Pe rs p e cti v as d o En s i n o d a S aúd e

C o l eti v a n a Fo r m a ç ã o d o s

Pro f i s s i o n ai s d e S aú d e

A necessid ad e d e imprimir uma no va lógica ao p ro cesso de ensino / aprendizagem, na perspectiva da inserção da Saúde Coletiva no p ro cesso de fo rmação d o s profissionais d e saúd e, implica enfrentar a rigidez d o s mo d elo s praticado s e red esenhar a estrutura curricular e mo d elo s p ed agó gico s, em to do s o s âmbito s.

O d esenvo lvimento co nceitual d o camp o da Saúde Coletiva apo nta a abo rd agem das tecno lo gias em saúd e co m o a de maior p o -tencial para a reflexão e prática da Saúde Coletiva. Segund o A yres (1996), isso se o

b-serva no p ensamento de Go nçalv es

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" q u a n d o

p r o p õ e a t e c n o l o g i a c o m o t r a b a l h o j á e m

o p e r a ç ã o , e , c o m o t a l , e f e t i v a c o n s t r u ç ã o d a s o c i e d a d e " , su p e rand o a c o n c e p ç ão d e

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-so ou fracas-so dependeria apenas de uma boa

ou má economia de meios e fins"zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (Ayres,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1996).

Go nçalv es identifica o p ro cesso d e traba-lho em saúde co m o esp aço privilegiado para a efetivação d e mud anças, dada a po ssibili-dade d e transfo rmação d o s o bjeto s d e traba-lho, à medida que se alteram o s meio s e as relaçõ es d e trabalho , q u e co nstituem o substrato da o rganização das práticas (Paim,

1996).

No m o m ento em q u e tecno lo g ia é p ensad a c o m o o rg aniz ação d o trabalho , o co nceito d e d o ença g anha um significad o distinto d aquele q ue lhe é atribuíd o no r-malmente p elo senso co m um . Para Go nçal-v es, " a d o e n ç a n ã o é t ã o s o m e n t e o b j e t o d o

t r a b a l h o e m s a ú d e m a s é i g u a l m e n t e e s i

-m u l t a n e a -m e n t e , i n s t r u -m e n t o d e s s e t r a b a l h o . " A pró pria c o n c e p ç ão da d o enç a vai ser p ro d uto e p ro d uto r d e certas fo rmas e co n-d içõ es n-d e ap ro xim ação às questõ es n-da

saú-de - o co nceito d e d o ença não está d ad o

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a priori. O d esafio q u e se im p õ e é o d e

ap reend er e o peracio nalizar a co ncep ção de saú d e e n q u an to o b je to e i n stru m e n to o rientado r d o trabalho . Saúde entendida o u representada, não co m o ausência de d o ença, mas relacionada à qualidade d e vida, tal co mo presente nas estratégias de Vigilância da Saú-de, cuja ênfase recai so bre a p ro mo ção da saúde (Mendes,

1993).

Essa reco nstrução deixa clara a situação estratégica d a ciência nas práticas d e saú-d e. Po rtanto , a Saúsaú-d e Co letiva, ao requerer no vas fo rmas d e o rg aniz ação d o trabalho , exig e no v o s saberes o rientad o res d essa prá-tica (A yres, 1996), abrind o -se uma p ersp

ec-tiva interd isciplinar o u m esm o transdisciplinar.

Face ao s p ro blemas que enfrenta, a in-serção da Saúde Coletiva na grad uação , sig-nifica mais que a intro dução d e um camp o de co nhecimento e prática. Exige, em d eco r-rência da co ncep ção d e saúd e e da prática pro fissio nal q ue ad o ta, uma mud ança no pro cesso d e fo rmação d o s pro fissio nais de saúde co mo um to d o .

As exp eriências d e ensino d a Saúd e Coletiva na Grad uação , enquanto introdução de ino v açõ es através d e uma única discipli-na, têm se d efro ntad o c o m dificuldades es-truturais q ue não se reso lvem no âmbito dis-ciplinar, e nem mesmo no âmbito acad êmico , iso lad amente. Isso p o d e ser visto na experi-ência d o DMP/ UFBa co m relação à disciplina "Saúde Pública e Medidas d e Profilaxia", a qual busco u ap ro ximar o s aluno s do s princi-pais pro blemas d e saúde da po pulação a partir do enfo que da d imensão co letiva d o p ro ces-so saúd e-d o ença e d as técnicas e estratégias existentes para o co ntro le d estes pro blemas. A presento u resultado s po sitivo s no sentido de ter atenuad o as resistências d o s alunos quand o co mp reend eram a utilidade d o saber adquirido para a análise da situação d e saú-de e seus d eterminantes, bem co mo das for-mas d e intervenção e d efinição d o p ro cesso de gestão (Silva et al., 1993). D o mesmo mo d o ,

o ensino da disciplina "Intro d ução à Medicina So cial", d esse mesmo DMP, incluiu a pro -d ução -d e co nhecimento s so bre as relaçõ es entre p ro cesso saúd e/ d o ença e o mo d o de vida d e grupo s p o p ulacio nais específico s e as respo stas so cialmente o rganizadas para o enfrentamento d o s p ro blemas d e saúde co m base na ação estatal e/ ou na ação das orga-nizaçõ es po líticas, pro fissio nais, sindicais e po pulares. Essa disciplina d esperto u o inte-resse d o s aluno s na amp liação d o leque de d iscussõ es acerca d e asp ecto s histó rico s, po lítico s e so ciais na prática méd ica (Teixeira et al.,

1994).

A experiência d o DMP/ UFBa, co m o ensino da Medicina Preventiva em Centros d e Saúde ao lo ngo d e 3 ano s, numa

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saúde que serviram de cenário para o ensi-no, cuja lógica é predominantemente aquela dos modelos assistenciais voltados para o atendimento da demanda espontânea. Ou seja, buscava-se ensinar nos serviços uma prática inexistente nesses serviços, onde os profissionais permaneciam por pouco tem-po, implicando descontinuidade da colabo-ração com as atividades de ensino, baixa demanda, falta de apoio diagnóstico, falta de insumos e desativação de unidades em períodos de campanhas, entre outros (Teixeira et al., 1984).

Uma alternativa mais ampliada que se identifica no cenário , no mo mento atual, en-quanto p ro p o sta d e red irecio namento d o ensino das pro fissõ es de saúde a partir d o referencial da Saúde Coletiva, está co ntida, de algum mo d o , no Programa UNI3, na

medi-da em que este assume, co m o eixo central, a

co nstrução da parceria ensino-serviço-comunidade, para imprimir mud anças na fo rmação dos profissionais de saúde, na reo rganização

das práticas de saúd e e na forma de partici-p ação so cial, definindo co m o estratégia fun-damental a articulação d o mund o do ensino ao mund o d o trabalho .

Ainda que na forma de esfo rço s localiza-d o s, o s p ro je to s UNI têm b u s c alocaliza-d o o

enfrentamento de pro blemas técnico-pedagógicos, tais co mo : d efinição de o bjetivo s ed u-cacio nais; cap acitação ped agó gica de d o

cen-tes; uso de tecno lo gias ativas no p ro cesso ensino -aprend izagem; diversificação do s ce-nários de práticas; valo rização do p ro cesso

de trabalho co mo

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locus privilegiado do

apren-dizado; sup eração do s esp aço s disciplinares existentes no s currículos, fav o recend o a pro -d ução -de co nhecimento inter-disciplinar; -

de-senvolvimento de práticas multiprofissionais; articulação entre o ciclo básico e o ciclo profissionalizante; responsabilização das uni-versidades com a qualificação dos profissio-nais de serviços de saúde.

Mesmo parciais, as práticas d o s pro jeto s UNI, ao exp lo rarem o s limites e possibilida-des de cada co njuntura, p o d em introduzir ino vaçõ es, pro gressivamente, med iante a pro -d ução -de fatos nas esco las, no s serviços e co munid ad es, que po ssibilitem o acúmulo de exp eriências e saldo s organizativos, que arti-culad o s a mo vimento s so ciais p o ssam influir na o btenção das mud anças d esejad as. Busca-se a ampliação d o s direitos so ciais e a co n-quista da cidadania.

As pro po stas de refo rma d o mo d elo de ensino e de atenção à saúd e, trazidas pelo s UNI, embo ra enfrentand o co njunturas desfa-vo ráveis, têm ampliad o o d ebate so bre for-mação e d esenvo lvimento d e RHS e políticas de saúde entre pro fesso res, estudantes, pro -fissionais de serviço de saúd e e p o p ulação . Isso tem resultado no crescimento d o p ro ces-so participativo no interior das instituições de ensino , num mo vimento sinérgico à luta pela d emo cratização da saúd e e da ed ucação brasileiras.

A perspectiva é que pro jeto s co mo os UNI e outras exp eriências que têm ad o tad o a mesma d irecio nalid ad e, neste mo mento co m-p o nd o a Rede UNIIDA, se transfo rmem em um ator po lítico capaz d e imprimir um movi-mento que co ntribua para alterar a co rrela-ção de fo rças institucio nais, ad equand o a fo rmação do s pro fissio nais às necessid ad es de saúd e da p o p ulação . Desse mo d o , a Rede UNIIDA p ro p õ e mud anças nas relaçõ es d o

ensino co m o trabalho em saúd e, pro blematizando as instituições de ensino no p ro cesso de red efinição d o s serviço s de saúde e de

imp lementação d o SUS.

Um o utro mo v imento o bserv ad o refere-se à p ersp ectiv a exp ansio nista d o ensino d e Saúd e Co letiva na g rad uação ad o tad a p elo Instituto d e Saúd e Co letiva - ISC/ UFBa,

==3 O Pro grama UNI - Uma Nova Iniciativa na

ed ucação d o s profissionais de Saúde: União co m a Co

-munidade, foi pro po sto no início da d écad a de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

90 pela Fund ação W. Kellogg, e vem send o d esenvo lvid o por

(8)

que envolve unidades responsáveis pela for-mação profissional na área da saúde (Me-dicina, Nutrição, Odontologia, Farmácia,

Medicina Veterinária),

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"com o propósito de fortalecer um componente geral e comum ao

perfil educacional de todos os profissionais

de saúde, cabendo a cada unidade

desen-volver conteúdos e habilidades específicas a

cada profissão, de acordo com o lugar que

ocupa na divisão técnica e social do traba-lho em saúde" (Teixeira, 1995).

A dota-se co m o eixo d o ensino de

Saú-de Coletiva na grad uação " a p r á t i c a epiSaú-demiológica e m s e r v i ç o s , a i m p l e m e n t a ç ã o Saú-de

a ç õ e s d e V i g i l â n c i a d a S a ú d e e o d e s e n v o l v i

-m e n t o d e a ç õ e s de P r o -m o ç ã o d a S a ú d e j u n t o

a g r u p o s s o c i a i s o r g a n i z a d o s e p o p u l a ç ã o e m

g e r a l , p r i v i l e g i a n d o a i n s e r ç ã o d o s e s t u d a n t e s

n a p r á t i c a , t e n d o c o m o e s p a ç o d e a t u a ç ã o o D i s t r i t o S a n i t á r i o " (Teixeira, 1995). Busca-se, também, a articulação d o ensino d e Gradua-ção co m o p ro cesso de municipalizaGradua-ção e distritalização .

C o n s i d e ra çõ e s Fi n ai s

Na atualidade, vale pensar co m Demo (1996) o significado da ed ucação co m quali-dade. Ou seja, pensar o p ro cesso formativo co mo uma contínua pro dução de co

nhecimen-to com qualidade formal e política4. Esta

qua-lidade implica, também, formar competência capaz de preparar para a vida e dar conta de novos desafios. Estes desafios, no campo da formação dos profissionais de saúde, exi-gem um trabalho que transcende a ação pu-ramente técnica do corpo docente, de mu-danças de conteúdos programáticos e gra-de curricular. Requerem esforços para criar viabilidade de construção de um novo pro-cesso ensino-aprendizagem em consonância com a cidadania.

Po rtanto , o s limites e p o ssibilid ad es da inserção da Saúd e Co letiva no ensino das

p ro fissõ es d e saúd e não estão d ad o s

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a priori. Os av anço s e retro cesso s d ep end

e-rão da cap acid ad e d e m o biliz ação e articu-lação das fo rças interessad as no interio r das univ ersid ad es c o m o utro s seg m ento s da so cied ad e. A d ifusão d e suas c o nc ep ç õ es e práticas d ev e se d ar am p lam ente, no senti-d o senti-d e alcançar maio r cap ilarisenti-d asenti-d e so cial e, p o rtanto , amp liar seu p o tencial d e influir no s d esenho s e co nteúd o s curriculares, no âmbito interno , e nas p o líticas ed ucacio -nais das p ro fissõ es d e saúd e, no âmbito so cial mais am p lo . N esse sentid o a p arc e-ria c o m o s serv iç o s d e saúd e d irig id o s à c o m u nid ad e co nstitui estratég ia p riv ileg i-ad a p ara c o nf erir su stentab ilid i-ad e a tal p ro jeto .

==4 A cerca da qualidade formal, o Autor destaca que

esta é mais fácil d e ser manejad a que a po lítica. A primeira "codifica-se em expressões metodológicas que admitem consensos, como tessitura lógica, uso bibliográ-fico, argumentação, condução da hipótese de trabalho (...)". A qualidade política "(...) está muito mais na ma-neira de ser, ética, e n g a j a d a , i n o v a d o r a , do que em manifestações estereotipadas, que facilitam o tratamento metódico, mas podem estar muito distantes da realidade"

Referências

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