Na última semana, a Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União, de agrou a Operação Boca Livre, que apontou fraudes na Lei
Rouanet na ordem de R$180 milhões. Um levantamento da FGV/DAPP de informações sobre nanciamentos de projetos culturais aponta que, desde a promulgação da lei, durante o governo Collor, até a gestão Lula, houve um crescimento do aporte em mais de 800 vezes no volume de recursos
utilizados, mas a partir da gestão Dilma, a tendência de aumento foi revertida. Os valores considerados são atualizados a preços de maio de 2016 pelo IPCA.
A partir da Lei Rouanet, que instituiu políticas públicas para a cultura
nacional, o governo passou a fomentar iniciativas culturais por meio de aporte direto de recursos nos projetos e isenção scal para pessoas físicas e jurídicas que pretendam investir em cultura. No governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso, em 1995, foram destinados R$ 156 milhões, chegando a 1,3 bilhões em 2001. No governo Lula, esses valores aumentaram ainda mais, chegando ao ápice em 2010, quando R$ 2,13 bilhões foram destinados aos projetos via Lei Rouanet. Já em 2015, os recursos destinados voltaram a girar em torno de cerca de R$ 1 bilhão.
Considerando os valores como proporção do PIB, 2007 se destaca como o ano em que uma maior parcela foi comprometida com os projetos culturais,
chegando a 0,05% do PIB. Nos últimos anos do governo Dilma, entre 2012 e 2015, essa proporção volta ao patamar de 1996, variando entre 0,02 e 0,03% do PIB. O grá co abaixo indica essas variações.
Grá co 1 - Valores destinados aos projetos apoiados pela Lei Rouanet
(R$ bilhões, preços de maio de 2016)
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10
0 250.000.000 500.000.000 750.000.000 1.000.000.000 1.250.000.000 1.500.000.000 1.750.000.000 2.000.000.000 2.250.000.000 2.500.000.000
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
% do PIB
V
alores Apoiados (Mecenato e FNC)
% do PIB Valores Apoiados (Mecenato e FNC)
Fonte: Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. Elaboração FGV-DAPP
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É interessante observar que apesar do aumento do valor global, que ocorreu até o ano de 2010, o número de projetos apoiados também seguiu uma
R E C U R S O S À L E I R O U A N E T E M Q U E D A
D E S D E 2 0 1 0
há 3 semanas
NOS ÚLTIMOS ANOS DO GOVERNO DILMA, ENTRE 2012 E 2015, A PROPORÇÃO DO PIB COMPROMETIDO COM OS PROJETOS CULTURAIS VOLTOU AO PATAMAR DE 1996, VARIANDO
ENTRE 0,02% E 0,03%
SITES FGV
PT
trajetória crescente em todo o período. O grá co a seguir mostra que o valor médio aportado por projeto foi sendo reduzido ao longo do tempo, ou seja, mais projetos recebiam um valor relativamente menor de recursos.
Grá co 2 – Valor médio por projeto por ano
(R$ milhões, preços de maio de 2016)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1,000 1,100 1,200
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
R$ milhões
Valor médio de projeto
Fonte: Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. Elaboração FGVDAPP
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Considerando os projetos nanciados via isenção scal, como poderia se esperar, a maior parcela de recursos vêm de pessoas jurídicas. Em 2015, dos 1,2 bilhões de reais oriundos do mecenato, apenas 3% vieram de descontos de pessoa física. É interessante notar também que, dentre os recursos de pessoa jurídica, há uma concentração de 26% em 15 empresas.
O grá co abaixo mostra quais foram as maiores nanciadoras do ano de 2015.
Grá co 3 – Maiores empresas nanciadoras de 2015
Telecomunicações de São Paulo S.A Companhia de Seguros Aliança do Brasil Petrobrás Distribuidora S.A Brasilprev Seguros e Previdênica S/A Cemig Distribuição S.A Caixa Seguradora S/A Empresa Brasileira de Correios e Telégra... Redecard S/A Banco BERJ S.A. Companhia Brasileira de Metalurgia e... Cielo S.A. Banco Itaucard S.A Bradesco Vida e Previdência S/A Banco do Brasil S.A BNDES
0 R$15.000.000 R$30.000.000 R$45.000.000 R$60.000.000
Incentivador
Fonte: Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. Elaboração FGV-DAPP
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A partir do grá co, pode-se notar que a maior fonte de nanciamento de projetos de cultura no âmbito da Lei Rouanet é o BNDES, com quase 56 milhões de reais que deixaram de ir aos cofres públicos. Apesar de esse
montante ser su ciente para marcar o recorde de nanciamento do ano, nem sempre foi assim. Outra empresa estatal já destinou muito mais recursos à Lei Rouanet em anos anteriores. A Petrobras, chegou a aplicar mais de 400
bilhões de reais (atualizados para preços de 2016) em 2006. A série abaixo mostra a ascensão e queda da participação da Petrobras nisso.
Veja mais sobre: cultura, Lei Rouanet, orçamenta para cultura, orçamento federal
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