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Proteinorraquia total: variações relacionadas ao sexo e à idade.

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Academic year: 2017

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PROTEINORRAQUIA TOTAL. VARIAÇÕES RELACIONADAS AO

SEXO E À IDADE

A . S P I N A - F R A N Ç A * I S A A C A M A R * *

E m comparação a outros métodos de determinação da taxa de proteí-nas totais do líquido cefalorraqueano ( L C R ) , o método turbidimétrico do ácido tricloracético1

adaptado para leitura espectrofotométrica apresenta g r a n d e viabilidade prática 7

.

A diversidade de valores referidos como normais para a proteinorraquia total é em grande parte devida ao emprego de métodos de dosagem dife-rentes. E m vista disso foi feita a exploração da normalidade em relação ao método referido, estabelecendo-se os limites das variações fisiológicas5

. interiormente foram estudadas para o mesmo método as variações da pro-teinorraquia total na dependência do local de colheita da a m o s t r a6

. N a publicação presente, nova série de casos é analisada no sentido de estudar como se caracterizam em relação a esse método as variações da proteinorraquia devidas à idade e ao sexo dos pacientes.

M A T E R I A L E MÉTODO

Os valores da concentração protêica total do LCR de 1.011 pacientes foram utilizados para o presente estudo. A influência do fator etário foi investigada pela distribuição dos dados segundo grupos etários. Os grupos reuniam pacientes entre 3 meses e 70 anos de idade. A influência do sexo foi estudada por meio da análise dos dados referentes aos 596 desses pacientes que apresentavam idade entre 16 e 50 anos.

As amostras de LCR foram colhidas da cisterna magna (punção suboccipital) e eram normais quanto à pressão, aspecto, côr, citologia e proteinorraquia total. Em todas eram negativas as reações de Pandy, coloidal de Takata-Ara e de fixação do complemento para sífilis e para cisticercose.

A proteinorraquia total foi determinada pelo método turbidimétrico do ácido tricloracético adaptado para leitura espectrofotométrica, segundo a técnica descrita em publicação anterior6

.

Trabalho da Clínica Neurológica da Fac. Med. da Univ. de São Paulo (Prof. Adherbal T o l o s a ) : * Assistente-doutor; ** Médico estagiário.

Nota dos autores — Agradecemos à técnica Sra. Izette C. Cunha a cooperação

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RESULTADOS

N o quadro 1 são apresentados os resultados obtidos p a r a a concentração

do L C R distribuída segundo a idade dos pacientes. Os grupos etários

com-preendem períodos de 5 anos, entre 5 e 70 anos de idade. Os pacientes

mais jovens foram grupados segundo a idade entre 3 e 6 meses, 6 e 12

meses, entre 1 e 2 anos e entre 2 e 5 anos.

Os dados que permitiram o estudo da influência do sexo e as

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COMENTÁRIOS

E m relação ao mesmo método empregado neste estudo, a concentração protêica do L C R ao nível da cisterna magna varia entre 5 e 30 m g por 100 ml. Esses limites f o r a m estabelecidos pela análise dos dados referentes a 676 casos. O valor médio registrado para esses casos foi de 17,0 m g por 100 m l6

. E m relação aos limites m á x i m o e mínimo citados f o r a m selecio-nados os casos utilizados no presente estudo para verificar a influência da idade e do sexo dos pacientes sobre a proteinorraquia total.

Influência da idade — Diniz 3

demonstrou que é aos três meses de idade que o L C R assume os caracteres encontrados para o adulto em con-dições normais. A b a i x o dessa idade, a interrelação de diversos fatores leva a crer que o L C R seja diferente daquele do adulto. Entre as diferenças, salienta-se a hiperproteinorraquia. Esta tende a desaparecer com a idade. Diniz verificou que j á aos dois meses de idade a concentração protêica do L C R não difere de modo significativo daquela encontrada para o adulto.

P o r outro lado, a proteinorraquia total tende a aumentar na senescên-cia. M a d o n i c k4

(4)

entre 65 e 94 anos a concentração protêica do L C R era representada pela média de 33,8 m g por 100 ml.

Tendo em vista a hiperproteinorraquia própria ao período neonatal e da senescência que podem ser representadas por concentrações que escapam aos limites admitidos como normais, a exploração feita neste estudo teve como limites os valores extremos de 3 meses e 70 anos de idade.

Dentro desses limites foi verificado que para os grupos etários com-preendidos entre 1 e 40 anos de idade, os valores médios da proteinorraquia total se encontram próximos entre si. N ã o mostram tendência definida no sentido de aumento ou de diminuição que possam ser relacionados à idade. A concentração protêica é representada por valores médios que se distri-b u e m ao redor de 16 e 18 m g por 100 ml. Esses valores estão muito pró-ximos do valor médio normal referido para a taxa de proteínas totais na cisterna magna.

A b a i x o de u m ano de idade verifica-se tendência a ser maior a con-centração protêica do L C R para os pacientes com idade entre 3 e 6 meses. A concentração protêica média, encontrada para esse grupo foi de 23,9 m g por 100 ml. A tendência a ser tanto maior a concentração protêica do L C R quanto menor a idade da criança pode decorrer de alterações do pro-teinograma. Segundo W i d e l l8

é só na adolescência que o proteinograma do L C R atinge os caracteres peculiares à normalidade. A t é essa época po-dem ser observadas maiores concentrações de certas frações protêicas do L C R (especialmente albumina) que podem acarretar aumento secundário do teor protêico total.

A partir dos 40 anos de idade foi verificado que a concentração média da proteinorraquia total tendia a aumentar sucessivamente, de u m grupo etário para outro. Essa tendência se tornou mais nítida a partir dos 60 anos de idade. N o último grupo etário explorado (pacientes com idade entre 66 e 70 anos) a concentração protêica do L C R era representada pela média de 24,0 m g por 100 ml. Esses dados vêm mostrar que a proteinor-raquia total tende a aumentar com a idade. O aumento é discreto, não ultrapassando os limites aceitos para as variações fisiológicas, pelo menos até 70 anos de idade, no material analisado.

Influência do sexo •— Dencker e Zethraeus 2

verificaram diferenças na proteinorraquia total que podem ser relacionadas ao sexo. Maiores taxas foram observadas de modo mais comum entre homens do que entre m u -lheres. A análise de 596 dos casos desta série, correspondentes aos grupos etários em que o sexo desempenha maior importância biológica (de 16 a 50 anos), permitiu comprovar o fato. P e l o quadro 2 verifica-se que os valores encontrados para homens foram representados por média maior do que aquela referente às mulheres. A diferença entre elas foi significativa

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RESUMO E CONCLUSÕES

F o i estudada a p r o t e i n o r r a q u i a t o t a l de 1.011 pacientes c o m L C R n o r m a l

para i n v e s t i g a r a influência da idade e do sexo. O m é t o d o e m p r e g a d o

para a d e t e r m i n a ç ã o da c o n c e n t r a ç ã o p r o t ê i c a f o i o t u r b i d i m é t r i c o do ácido

t r i c l o r a c é t i c o .

A influência do f a t o r e t á r i o foi estudada e n t r e 3 meses e 70 anos de

idade. Os resultados p e r m i t i r a m v e r i f i c a r q u e a c o n c e n t r a ç ã o p r o t ê i c a do

L C R é m a i o r e n t r e 3 e 6 meses de idade. E n t r e 1 e 40 anos d e idade os

v a l o r e s m é d i o s são p r ó x i m o s e n t r e si, situando a o r e d o r de 16 e 18 m g p o r

100 m l . A p a r t i r d e 40 anos d e i d a d e verificase tendência p a r a ser p r o

-g r e s s i v a m e n t e m a i o r a p r o t e i n o r r a q u i a t o t a l . Essa tendência se acentua

c o m o a v a n ç a r da idade.

E m r e l a ç ã o a o sexo, foi v e r i f i c a d o que a p r o t e i n o r r a q u i a t o t a l tende

a ser m a i o r no h o m e m d o que na mulher. A diferença e n t r e as m é d i a s

encontradas p a r a os homens e m u l h e r e s foi e s t a t i s t i c a m e n t e significante.

Êsses dados c o n f i r m a m observações anteriores, caracterizando-os e m

r e l a ç ã o a o m é t o d o e m p r e g a d o p a r a a d e t e r m i n a ç ã o da c o n c e n t r a ç ã o p r o

-têica d o L C R .

SUMMARY

Total protein content of the cerebrospinal fluid. Changes related to the age and to the sex.

T h e t o t a l p r o t e i n content of t h e C S F of 1,011 cases w a s studied in

o r d e r t o e x p l o r e t h e influence o f t h e a g e and of the s e x o f the patients.

T h e C S F samples studied w e r e c o l l e c t e d f r o m the cisterna m a g n a . T h e y

did n o t s h o w changes r e g a r d i n g t o pressure, aspect, c o l o r and c y t o l o g y .

G l o b u l i n tests w e r e n e g a t i v e ( P a n d y and T a k a t a A r a ) as w e l l as c o m p l e

-m e n t f i x a t i o n tests f o r syphilis and cysticercosis.

T h e p r o t e i n content w a s d e t e r m i n e d b y t h e t r i c h l o r a c e t i c acid m e t h o d

as proposed b y Bossak and c o w o r k e r s . T h e n o r m a l l i m i t s f o r physiologic

changes w e r e those d e t e r m i n e d b y t h e study of a n o t h e r series of cases.

T h e s e data w e r e p r e v i o u s l y r e p o r t e d . T h e p r o t e i n contents of the C S F

samples studied in this publication a r e b e t w e e n such l i m i t s .

T h e influence of the a g e w a s studied b e t w e e n t h e l i m i t s of 3 months

and 70 y e a r s . I t w a s found t h a t t h e m e a n v a l u e s tend t o decrease f r o m

t h e first g r o u p ( p a t i e n t s 3-6 months o l d ) until o n e y e a r of a g e . F r o m one

t o 40 y e a r s t h e C S F protein content shows no changes w h i c h m a y b e r e l a t e d

t o t h e a g e . A b o v e 40 y e a r s t h e protein content of t h e C S F tends t o

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T h e influence of the sex w a s e x p l o r e d a m o n g p e o p l e w h o s e a g e v a r i e d

f r o m 16 t o 50 y e a r s (596 of all the p a t i e n t s ) . T h e m e a n concentration of

t h e C S F proteins found f o r m e n w a s h i g h e r than t h a t found f o r w o m e n .

T h i s difference is statistically significant.

T h e s e data c o n f i r m the results r e g i s t e r e d b y o t h e r authors. T h e y

per-m i t t o d e f i n e such physiologic changes in respect t o the per-m e t h o d e per-m p l o y e d

for the d e t e r m i n a t i o n of the C S F p r o t e i n content.

REFERÊNCIAS

1. BOSSAK, H. N . ; ROSENBERG, A . A . ; H A R R I S , A . — A quantitative turbidi¬ metric method for the determination of spinal fluid protein. J. Ven. Dis. Inform., 30:100-103 (abril) 1949. 2. DENCKER, S. J.; ZETHRAEUS, S. — Sex differences in total protein content of cerebrospinal fluid. Acta Psychiat. Scandinav., 36:76-82, 1961. 3. DINIZ, H. B. — Determinação da idade da criança em que o líquido cefa-lorraqueano atinge o padrão de normalidade do adulto. Tese de doutoramento, São Paulo, 1955. 4. MADONICK, M. J. — The total spinal fluid protein in patients over 65. Geriatrics 10:533-535 (novembro) 1955. 5. S P I N A - F R A N Ç A , A . ; A M A R , I . — Valôres normais da concentração protêica do líquido cefalorraquidiano cisternal. Arq. Neuro-Psiquiat., 15:27-34 (março) 1957. 6. S P I N A - F R A N Ç A , A . ; A M A R , I . — Valôres normais da concentração protêica do líquido cefalorraquidiano: variações ligadas ao local de colheita da amostra. Arq. Neuro-Psiquiat., 19:220-225 (setem-bro) 1961. 7. S P I N A - F R A N Ç A , A . ; CERQUEIRA, F. M. C ; A M A R , I . — Proteinor-raquia. Estudo crítico de métodos de dosagem. Arq. Neuro-Psiquiat., 13:303-312 (dezembro) 1955. 8. W I D E L L , S. — On the cerebrospinal fluid in normal children and in patients with acute abacterial meningo-encephalitis. Acta Paediatrica (Upp-sala) 47(supl. 115):1-102 (maio) 1958.

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