Arq Neu ro p siq u iat r 2003;61(4):995-998
ANÁLISE ACÚSTICA DA PROSÓDIA EM
M ULHERES COM DOENÇA DE PARKINSON
Efeit o d a Levo d o p a
Luciana L. Azevedo
1, Francisco Cardoso
2, César Reis
3RESUMO - Motivo do estudo: Pacientes com d oença d e Parkinson (DP) ap resentam anorm alid ad es d a fala caracterizad as p or p eq uena variação d a freq uência fund am ental (Fo) e m aior am p litud e. O p ap el d os sistem as dopam inérgicos na patogênese dessas alterações e o efeito terapêutico da L-dopa não se encontram claram ente d eterm inad os. O ob jetivo d esta investig ação é avaliar o efeito d a L-d op a nas caraterísticas d a p rosód ia d e m ulheres com DP. Método: Nós estud am os 8 m ulheres com DP (68,4 ± 6,4 anos) e 8 m ulheres controles (63,5 ± 6,8 anos). As p acientes (estág io H-Y 2, um a; estág io 2,5, q uatro; estág io 3, três) foram exam inad as q uand o off e on. A freq uência fund am ental intensid ad e e d uração d a fala d e sentenças afirm ativas foram analisad as com o p rog ram a WinPitch 1.8 (Philip p e Martin®). Os p arâm etros Fo analisad os foram : Fo usual (Fo us), Fo m áxim a (Fo m ax), Fo m ínim a (Fo m in), Fo m ax d a tônica p rénuclear (Fo m ax PNT), Fo m in d a tônica p rénuclear (Fo m in PNT), Fo m ax d a tônica nuclear (Fo m ax NT), Fo m in d a tônica nuclear (Fo m in TN), velocid ad e d a variação m elódica da PNT (VPNT), velocidade da variação m elódica da NT (VNT), am plitude da variação m elódica d a PNT (APNT), e am p litud e d a variação m elód ica d a NT (ANT). Duração d a sentença (D), d uração d a PNT (DPNT), d uração d a NT (DNT) e núm ero d e sílab as p or seg und o (NSS) foram os p arâm etros d e d uração investig ad os. Foram estud ad as as seg uintes variáveis d a intensid ad e: intensid ad e m éd ia (MI), intensid ad e m áxim a (I m ax), intensid ad e m ínim a (I m in), intensid ad e d a PNT (IPNT) e intensid ad e d a NT (INT). Diferenças foram estatisticam ente sig nificativas se p < 0.05. Resultados: Quand o on, as p acientes tiveram resultad os sig nificativam ente d iferentes d o p eríod o off q uanto às seg uintes variáveis- Fo m ax PNT m ais alta (201,9 ± 27,5 Hz), APNT m ais alta (22,1 ± 18,7 Hz) e MI m ais b aixa (32 ± 6,2 d B). Os resultad os p ara os p eríod o off d essas variáveis foram , resp ectivam ente, os seg uintes - 168,5 ± 83,5 Hz, 20,4 ± 12,1 Hz, 32,7 ± 5,6 d B. Conclusão: Nossos achad os m ostram q ue terap ia d e rep osição com L-d op a m elhora d iscretam ente a variação d e Fo e a intensid ad e d a fala d e b rasileiras com DP. Estes resultad os sugerem q ue sistem as não-d op am inérgicos estão p ossivelm ente envolvid os na p atog ênese d e m ud anças d a p rosód ia em DP. Eles tam b ém ind icam q ue terap ias outras q ue ag entes d op am inérg icos são necessários p ara tratar anorm alid ad es d a fala em DP.
PALAVRAS-CHAVE: d oença d e Parkinson, L-d op a, flutuações, p rosód ia, fonoaud iolog ia, voz, fala.
Acoustic analysis of prosody in females w ith Parkinson´ s disease: effect of L-Dopa
ABSTRACT - Background: Untreated Parkinson´ s disease (PD) patients display speech abnorm alities characterized b y narrow rang e of fund am ental freq uency (Fo) variation and hig her am p litud e. The role of d op am inerg ic system s in the p athog enesis of these chang es as w ell as the therap eutic effect of L-d op a have not b een clearly d eterm ined . The aim of this stud y is to assess the effect of L-d op a on the p rosod ic features of the sp eech of fem ale PD p atients. Method: We have stud ied 8 PD fem ale p atients (63.5 ± 6.8 years). The PD p atients (H-Y stag e 2, seven sub jects; stag e 2.5, four p atients; stag e 1, one p atient) w ere exam ined w hen off and on. The fund am ental freq uency, intensity and d uration of five affirm ative sentences w ere analysed w ith the softw are WinPitch 1.8 (Philip p e Martin®). The analysed Fo p aram eters w ere: usual Fo (Fo us), m axim al Fo (Fo m ax), m inim al Fo (Fo m in), Fo m ax of the p renuclear tonic (Fo m ax PNT), Fo m in of the p renuclear tonic (Fo m in PNT), Fo m ax of the nuclear tonic (Fo m ax NT), Fo m in of the nuclear tonic (Fo m in TN), velocity of m elod ic variation of the PNT (VPNT), velocity of m elod ic variation of the NT (VNT), am p litud e of m elod ic variation of the PNT (APNT), and am p litud e of m elod ic variation of the NT (ANT). Duration of the statem ent (D), d uration of the PNT (DPNT), d uration of the NT (DNT) and num b er of syllab les p er second (NSS) w ere the d uration p aram eters investig ated . The follow ing intensity variab les w ere stud ied : m ean intensity (MI), m axim al intensity (I m ax), m inim al intensity (I m in), intensity of the PNT (IPNT) and intensity of the NT (INT). Differences w ere statistically
1Fo n o au d ió lo g a, Clín ica d e Dist ú rb io s d o Mo vim en t o , Serviço d e Neu ro lo g ia, Un iversid ad e Fed eral d e Min as Gerais (UFMG) e Lab o rat ó
-rio d e Fo n ét ica, Facu ld ad e d e Let ras, UFMG, Belo Hrizo n t e MG, Brasil; 2Neu ro lo g ist a, Pro fesso r e Ch efe d o Serviço d e Neu ro lo g ia, Clín ica
d e Dist ú rb io s d o Mo vim en t o , Serviço d e Neu ro lo g ia, UFMG; 3Pro fesso r, Lab o rat ó rio d e Fo n ét ica, Facu ld ad e d e Let ras, UFMG.
Receb id o 7 Março 2003, receb id o n a fo rm a fin al 11 Ju lh o 2003. Aceit o 14 Ag o st o 2003.
996 Arq Neu ro p siq u iat r 2003;61(4)
sig nificant if p < 0.05. Results: When on, PD p atients had sig nificantly hig her Fo m ax PNT (201.9 ± 27.5 Hz), hig her APNT (22.1 ± 18.7 Hz), and sm aller MI (32. ± 6.2 d B) in com p arison w ith off p eriod (resp ectively: 168.5 ± 83.5 Hz, 20.4 ± 12.1 Hz, 32.7 ± 5.6 d B). Conclusion: Our find ing s show that L-d op a rep lacem ent therap y slig htly im p roves the Fo rang e and the intensity of sp eech of Brazilian fem ale PD p atients. These results sug g est that non-d op am inerg ic system s are p rob ab ly involved in the p athog enesis of p rosod y chang es in PD. Th ey also in d icate th at th erap ies o th er th an d o p am in erg ic ag en ts are w arran ted to treat sp eech ab norm alities in PD.
KEY WORDS: Parkinson´ s d isease, L-d op a, fluctuations, p rosod y, p honoaud iolog y, voice, sp eech.
Um est u d o acú st ico d a p ro só d ia req u er a an álise d e t rês p arâm et ro s: a freq u ên cia fu n d am en t al (Fo ) -co rrelat o físi-co -co rresp o n d en t e à m elo d ia, a d u ra-ção (co rrelat o físico co rresp o n d en t e ao t em p o d e art icu lação ) e a in t en sid ad e (co rrelat o físico co rres-p o n d en t e à en erg ia vo cal u t ilizad a rres-p elo falan t e). A en t o n ação , u m a d as caract eríst icas p ro só d icas d e m aio r in t eresse lin g u íst ico , m an ifest a-se p o r varia-ções na freq uência fund am ental, intensid ad e e d ura-ção, send o a freq uência fund am ental o p rincip al cor-relat o físico d a m elo d ia. Pacien t es co m d o en ça d e Parkin so n (DP) ap resen t am in cid ên cia sig n ificat iva d e alt eraçõ es d e vo z e fala1. Est im a-se q u e 89% d o s
ind ívid uos com DP exp erim entarão alterações vocais co m a p ro g ressão d a d o en ça2. Hart eliu s e Sven sso n3
relataram um a freq uência d e d esord ens d e voz e fala em 70% e d e d eso rd en s d e m ast ig ação e d eg lu t ição em 41% d o s 258 p acien t es co m DP su b m et id o s a um q uestionário. O p aciente p arkinsoniano ap resent a p reju ízo p ecu liar d a exp ressão verb al, o b servan -d o -se m o n o t o n ia -d e fre q u ê n cia e in t e n si-d a -d e , “lo u d n ess” red u zid a4, q u alid ad e vo cal ro u ca-ásp
e-ra-sop rosa, trem or vocal, insuficiência p rosód ica, d is-fluência, im p recisão articulatória,5 alteração d a
velo-cid ad e e p eq u en o s jat o s d e fala co m p au sas in ad e-q u ad as2,3,6-9. Est as alt eraçõ es p o d em est ar p resen t es
em fases p reco ces d a en ferm id ad e8,9 e au m en t am
su a in t en sid ad e e freq u ên cia d e o co rrên cia co m a d u ração e evo lu ção d a d o en ça3,8 .
O t rat am en t o m ais eficien t e p ara a DP é o u so d e levo-d op a, am inoácid o arom ático q ue é transform
a-d o em a-d o p am in a. In icialm en t e, o u so a-d est a m ea-d ica-ção m an t ém o s p acien t es est áveis d u ran t e t o d o o t em p o . No en t an t o , ap ó s p erío d o d e t em p o variável est a resp o st a se t o rn a irreg u lar, su rg in d o as ch am a-d as flu t u açõ es a-d o efeit o a-d a levo -a-d o p a. Dest a m an ei-ra, id en t ificam -se p erío d o s em q u e o s p acien t es es-t ão so b o efeies-t o d a m ed icação (on) e o u t ro s o n d e a ação d a d ro g a in t erro m p e-se (p erío d o of f). Est im a-se q u e, ap ó s cin co an o s d e u so d e levo -d o p a cerca de 50% dos pacientes terão flutuações enquanto que 30% ad icio n alm en t e ap resen t am h ip ercin esias, n a m aio ria d as vezes co in cid in d o co m o p ico d o efeit o da m edicação (discinesias induzidas por levo-dopa)10.
Sab ese q u e além d o s asp ect o s est rit am en t e m o t o -res, outras funções, a exem p lo d e sensib ilid ad e d olo-ro sa e fu n çõ es au t o n ô m icas p o d em flu t u ar co n fo r-m e o ciclo d a levo -d o p a er-m DP.11
O p resen t e est u d o d escreve o s p arâm et ro s m en su ráveis q u e caract erizam a fala d o p acien t e p arkin -so n ian o d o sexo fem in in o . Ist o fo i feit o at ravés d e a n á lise a cú st ica d o s a sp ect o s p ro só d ico s d a fa la , co m p aran d o -se variáveis o b servad as em p acien t es fem ininas com DP na situação sem efeito d e m ed ica-çõ es an t ip arkin so n ian as (p erío d o of f) co m variáveis o b servad as n a sit u ação co m efeit o d e m ed icaçõ es an t ip arkin so n ian as (p erío d o on). Co m est a est rat é-g ia p ret en d e-se avaliar q u al o p ap el t erap êu t ico d a levo -d o p a n as alt eraçõ es d a fala em p arkin so n ian as além d e se ju lg ar a p art icip ação d e vias d o p am in ér-g icas n a p at o ér-g ên ese d as m u d an ças d a fala em DP.
Tabela 1a. M édia e respect ivo desvio padrão dos valores de Fo (Hz).
Gru p o s Fo u s. Fo m áx. Fo m ín . Fo m áx. Fo m áx. Fo m áx. Fo m ín . Fo m áx. Fo m ín .
– Fo m ín . – Fo u s. TPN a TPN TN TN
G1 199,6 232,1 149,1 83 32,5 168,5 190,3 182,1 156,1
± 27,4 ± 32,9 ± 31 ± 23,1 ± 18,2 ± 83,5 ± 83,5 ± 26,8 ± 28,7
G2 194,8 228,5 146,3 82,2 33,7 201,9 179,8 183,6 159,9
± 28,4 ± 34,8 ± 27,7 ± 26,7 ± 20 ± 27,5 ± 25 ± 32,2 ± 28,3
(Fo u s.= Fo u su al; Fo m áx.= Fo m áxim a; Fo m ín .= Fo m ín im a; Fo m áx. - Fo m ín .= Fo m áxim a - Fo m ín im a; Fo m áx. - Fo u s.= Fo m áxim a – Fo u su al; Fo m áx.TPN= Fo m áxim a d a t ô n ica p ré-n u clear; Fo m ín . TPN= Fo m ín im a d a t ô n ica p ré-n u clear; Fo m áx.TN= Fo m áxim a d a t ô n ica
Arq Neu ro p siq u iat r 2003;61(4) 997
M ÉTODO
Fo ram selecio n ad o s 08 in d ivíd u o s d o sexo fem in in o co m DP id io p át ica (id ad e m éd ia ± d esvio p ad rão : 68,4 ± 6,4 an o s). Os crit ério s p ara o d iag n ó st ico d est a en ferm i-d ai-d e fo ram o s i-d o Ban co i-d o Céreb ro i-d a So ciei-d ai-d e i-d e Pa r-kin so n d o Rein o Un id o12. As p a rkin so n ia n a s se en co n t ra -va m en t re o s est á g io s 2 e 3 d e Ho eh n & Ya h r (est á g io 2, u m a; est ág io 2,5, q u at ro ; est ág io 3, t rês)13. To d as as in fo r-m an t es, falan t es d o p o rt u g u ês b rasileiro , fo rar-m su b r-m et i-d as a avaliação n eu ro ló g ica, larin g o ló g ica (co m o in t u it o d e elim in ar a exist ên cia d e p o ssíveis p at o lo g ias larín g eas o rg ân icas, q u e p o d eriam in t erferir n as m ed id as d e fre-q u ên cia fu n d am en t al d a vo z e au d io ló g ica (a fim d e elim i-n ar p erd as au d it ivas sig i-n ificat ivas, cap azes d e p reju d icar o ret o rn o au d it ivo d a p ró p ria vo z, alt eran d o , d est a fo r-m a, o p ad rão d e fala).
Posteriorm ente, os indivíduos foram levados a um a sala iso lad a acu st icam en t e e in d u zid o s a falar cin co en u n cia-d o s cia-d eclarat ivo s (est e q u acia-d racia-d o é azu l; o elefan t e é g o r-d o ; o livro est á a b ert o ; est e livro é g ro sso ; a g ira fa t em p esco ço g ran d e), u m a vez cad a u m d eles. Os en u n ciad o s fo ra m reg ist ra d o s em u m g ra va d o r DAT (Dig it a l Au d io Tap e) d a m arca So n y, m o d elo TCD-D8 e u m m icro fo n e d e cabeça Leson HD-74, cardióide (unidirecional), posicionado lat eralm en t e a u m a d ist ân cia d e 5 cm d a b o ca d o in fo
r-m a n t e. As g ra va çõ es d a s sen t en ça s fo ra r-m feit a s er-m d o is m om entos: ap ós ab stenção d o uso d a m ed icação p or tem -p o d e, n o m ín im o , 12 h o ras (-p erío d o of f) e 1 h o ra ap ó s a ad m in ist ração d a m ed icação (p erío d o on) - d e m o d o q u e assim fo ram criad o s d o is g ru p o s, resp ect ivam en t e, G1 e G2. A an álise acú st ica d o s d ad o s fo i realizad a a p art ir d o p ro g ra m a d e a n á lise a cú st ica Win Pit ch , d e Ph ilip p e Ma rt in®, versão 1.8. O referid o p ro g ram a p erm it iu a an á-lise d o s p arâm et ro s acú st ico s d e freq u ên cia fu n d am en t al in t en sid ad e e d u ração . Os p arâm et ro s freq u ên cia fu n d a-m en t al an alisad o s fo raa-m : freq u ên cia fu n d aa-m en t al u su al, freq u ên cia fu n d am en t al m áxim a, freq u ên cia fu n d am en -tal m ínim a, freq uência fund am en-tal m áxim a d a tônica p ré-n u cle a r, fre q u ê ré-n cia fu ré-n d a m e ré-n t a l m íré-n im a d a t ô ré-n ica p rénuclear, freq uência fund am ental m áxim a d a tônica nu-clear, freq u ên cia fu n d am en t al m ín im a d a t ô n ica n u nu-clear, velo cid ad e d a variação m eló d ica d a t ô n ica p rén u clear, velo cid ad e d a variação m eló d ica d a t ô n ica n u clear, am p lit u -d e -d a variação m eló -d ica -d a t ô n ica p rén u clear e am p lit u -d e d a variação m eló d ica d a t ô n ica n u clear. Du ração d a sen -t en ça, d u ração d a -t ô n ica p rén u clear, d u ração d a -t ô n ica n u clear e n ú m ero d e sílab as p o r seg u n d o fo ram o s p arâ-m et ro s d e d u ração in vest ig ad o s. Fo raarâ-m est u d ad as as se-guintes variáveis d a intensid ad e: intensid ad e m éd ia, inten-sid ad e m áxim a, in t en inten-sid ad e m ín im a, in t en inten-sid ad e d a t ô n
i-Tabela 1b. M édia e respect ivo desvio padrão dos valores de Fo (Hz).
Gru p o s TxV TxV Am p l. Am p l. Fo at Fo Fo at - Fo at Fo TN Fo at
-TPN TN TPNa TN TPN TPN TPN TN TN
G1 0,15 0,17 20,4 26 189 191,3 -2,3 208,6 177,4 31,1
± 0,1 ± 0,1 ± 12,1 ± 12,6 ± 25,5 ± 28,6 ± 19,9 ± 35,2 ± 31,5 ± 20,9
G2 0,18 0,16 22,1 23,7 187,9 192,8 -4,92 200,6 178,1 22,55
± 0,17 ± 0,09 ± 18,7 ± 13,1 ± 24,9 ± 28,5 ± 18 ± 36,7 ± 32,3 ± 34,2
TxV TPN= t axa d e velo cid ad e d e variação m eló d ica d a t ô n ica p ré-n u clear; TxV TN= t axa d e velo cid ad e d e variação m eló d ica d a t ô n ica n u clear; Am p l. TPN= am p lit u d e d e variação m eló d ica d a t ô n ica p ré-n u clear; Am p l. TN= am p lit u d e d e variação m eló d ica d a t ô n ica n u clear; Fo at TPN= Fo d a át o n a p ret ô n ica (q u e p reced e a t ô n ica p ré-n u clear); Fo TPN= Fo in icial d a t ô n ica p ré-n u clear; Fo at - TPN= variação m eló d ica en t re a át o n a p ret ô n ica e a t ô n ica p ré-n u clear; Fo at TN= Fo d a át o n a p ret ô n ica (q u e p reced e a t ô n ica n u clear); Fo TN= Fo in icial d a t ô n ica n u clear; Fo at - TN= variação m eló d ica en t re a át o n a p ret ô n ica e a t ô n ica n u clear. a – variável co m p < 0,05.
Tabela 2. M édia e respect ivo desvio padrão dos valores de duração.
Valo res D (m s) DTPN (m s) DTN (m s) Nss (s)
G1 1453,3 ± 432,9 142,4 ± 47,9 163,5 ± 59,5 4,8 ± 0,1 G2 1375,1 ± 406,1 135,3 ± 47,3 160,5 ± 53,8 5 ± 0,94
D = d u ração d o en u n ciad o ; DTPN = d u ração d a t ô n ica p ré-n u clear; DTN = d u ração d a t ô n ica n u clear; Nss = n ú m ero d e sílab as p o r seg u n d o .
Tabela 3. M édia e respect ivo desvio padrão dos valores de int ensidade (dB).
Va lo res IM a I m áx. I m ín . I m áx. - I m in . I TPN I TN
G1 32,7 ± 5,6 37,1 ± 2,9 23,2 ± 6,1 13,9 ± 6,3 35,4 ± 2,9 32,4 ± 4 G2 32 ± 6,2 36,7 ± 2,3 21 ± 7 15,7 ± 7,2 34,5 ± 2,7 31,9 ± 3,6
998 Arq Neu ro p siq u iat r 2003;61(4)
ca p rén u clear e in t en sid ad e d a t ô n ica n u clear. As variáveis em estudo foram com paradas através do teste t de Student e d iferenças foram consid erad as estatisticam ente significa-t ivas se p &lsignifica-t; 0,05.
RESULTADOS
As Tab elas 1 a 3 co n t êm o s resu lt ad o s d as variáveis an alisad as n o s g ru p o s G1 e G2. Ad icio n alm en te, q uand o as d iferenças foram estatisticam ente sig -n ificat ivas é d ad o o resp ect ivo p.
Em resum o, as únicas variáveis d a freq uência fun-d a m e n t a l q u e fo ra m e st a t ist ica m e n t e fun-d ife re n t e s en t re o s d o is g ru p o s fo ram m aio r freq u ên cia fu n d a-m ental a-m áxia-m a d a tônica p ré-nuclear e a-m aior aa-m p li-t u d e d e variação m eló d ica d a li-t ô n ica p ré-n u clear n o p erío d o on. Já q u an t o ao p arâm et ro d u ração , n ão en co n t ram o s d iferen ças sig n ificat ivas en t re o s g ru -p o s n as variáveis aq u i est u d ad as. Po r fim , em rela-ção à in t en sid ad e, a m éd ia d e in t en sid ad e u t ilizad a p elo G1 fo i m aio r q u e a em p reg ad a p elo G2.
DISCUSSÃO
No sso est u d o m o st ra q u e a a d m in ist ra çã o d a levo -d o p a em p akin so n ian as p ro d u z elevação d o s valores d e freq uência fund am ental. Ou seja, esta m e-d icação leva a u t ilização e-d e faixa e-d e freq u ên cia m ais alt a.San ab ria et al.14 t am b ém verificaram au m en t o
sig n ificat ivo d e freq u ên cia fu n d am en t al ap ó s a ad -m inistração d a levo d op a, q uand o co-m p arara-m este p arâm et ro em 20 in d ivíd u o s co m DP co m m éd ia d e id ad e d e 63,5 an o s e m éd ia d o est ág io Ho eh n & Yah r13 d e 2,38. Vale frisar q u e, ao se levar em co n t a
o g ran d e n ú m ero d e variáveis d a freq u ên cia fu n d a-m ental estud ad os, a levo-d op a teve efeito a-m uito p eq u en o . Ist o in d ica eq u e a p o b re t essit u ra vo cal e m o -notonia d a fala d o p arkinsoniano não são ap reciavel-m ente alterad os p or esta d rog a. Confirreciavel-m and o a lireciavel-m i-tação d a levo-d op a p ara tratar p rob lem as d a voz em DP, não encontram os d iferença estatisticam ente sig -n ificat iva e-n t re o s g ru p o s est u d ad o s -n o q u e d iz res-p eit o à d u ração . Já q u an t o ao res-p arâm et ro in t en sid ad e, o b servam o s o em p reg o ad e u m a in t en siad aad e vo -cal m ais fraca ap ó s a ad m in ist ração d est a d ro g a. Co n t ra ria n d o est e resu lt a d o d o p resen t e est u d o , Jian g et al.15 o b servaram t en d ên cia ao au m en t o d a
intensid ad e ap ós a ad m inistração d a levo-d op a. Um a p o ssível in t erp ret ação p ara n o sso ach ad o é q u e, an -t es d o u so d a levo -d o p a o s p acien -t es em p reg ariam in t en sid ad e m ais fo rt e co m o fo rm a d e co m p en sar o u t ras d ificu ld ad es, a exem p lo d e m en o r t essit u ra e m aior m onotonia. Já, ap ós a ad m inistração d a m ed i-cação, com m elhora destas variáveis ocorreria norm a-lização d a in t en sid ad e, q u e se t o rn a m ais fraca.
Um a lim it ação d o n o sso est u d o é a in clu são d e n ú m ero lim it ad o d e p acien t es. De q u alq u er m o d o , h á ach ad o s im p o rt an t es ap licáveis ao m en o s a p o r-t ad o res d e DP d o sexo fem in in o e em esr-t ág io s 2 a 3 d a escala d e Ho eh n Yah r.
Em conclusão, nosso estud o m ostra q ue altera-ções d a voz, caracterizad as p or variação d a freq uên-cia fund am ental (m aior no p eríod o on) e d a intensi-d aintensi-d e (m enor no p eríointensi-d o on) fazem p arte d as flutua-ções associad as ao uso d a levo-d op a. Um a segund a conclusão é q ue, p orém , o efeito d esta d roga é b as-tante m od esto já q ue p oucas variáveis foram m od ifi-cadas após seu uso. Este achado de nosso estudo confirm a a exp eriência d e m uitos outros autores q ue ob -servam p eq uena ação d o tratam ento farm acológico em m inorar p rob lem as d a fala em DP (revisão recen-te d e Rascol et al.16). Isto ind ica q ue outras m ed id as
terap êuticas, com o terap ia d a fala, d evem d esem p e-nhar p ap el im p ortante no tratam ento d estes d istúr-b ios em DP. Por fim , soistúr-b o p onto d e vista neu roq uí-m ico, nossos achad os sugereuí-m q ue vias não-d op m inérgicas d esem p enham p ap el im p ortante na p a-togênese d as alterações d a fala em DP.
Agradecimento - Ao Nú cleo d e Ot o rrin o -BH p ela rea-lização d o s exam es co m p lem en t ares.
REFERÊNCIAS
1. Hasson MBC, Vianna MS, Sarvat MA. The incidence of voice problems in Parkinson’s disease and of bowed vocal folds. Anais Second World Voice Congres. São Paulo:1999;70-71.
2. Perez KS, Ramig LO, Smith ME, Dromey C. The Parkinson larynx: tre-mor and videostroboscopic findings. J Voice 1996;10:354-361. 3. Hartelius L, Svensson P. Speech and swallowing symptoms associated
with Parkinson’s disease and multiple sclerosis: a survey. Folia Phoniatr Logop 1994;46:9-17.
4. Fox CM, Ramig LO. Speech characteristics associated with aging and idiopathic Parkinson disease in men and women. NCVS Status and Progress Report 1996;10:69-77.
5. Lima SSP, Quagliato EMAB, Cagliari LC, Souza EAP. Linguagem e isolamen-to social no mal de Parkinson. Rev Soc Bras Fonoaudiologia 1997;1:5-13. 6. Ho fman S. A sp ects o f language in p arkinso nism. A d v N euro l
1990;53:327-333.
7. Carrara-de Angelis EC. Doença de Parkinson: efetividade da fonoterapia na comunicação oral e na deglutição. Dissertação Universidade Federal de São Paulo, 1995.
8. Pawlas AA, Ramig LO, Countryman S. Perceptual voice and speech characteristics in patients with idiopathic Parkinson. NCVS Status and Progress Report 1996;10:79-87.
9. Gamboa J, Jiménez FJJ, Nieto A, et al. Acoustic voice analysis in patients with Parkinson’s disease treated with dopaminergic drugs. J Voice 1997;11:314-320.
10. Ahlskog JE, Muenter MD. Frequency of levodopa-related dyskinesias and motor fluctuations as estimated from the cumulative literature. Mov Disord 2001;16:448-458.
11. Witjas T, Kaphan E, Azulay JP, et al. Nonmotor fluctuations in Parkinson’s disease: frequent and disabling. Neurology 2002;59:408-413. 12. Hughes AJ, Daniel S, Kilford L, Lees AJ. Accuracy of clinical diagnosis
of idiopathic Parkinson´s disease: a clinico-pathological study of 100 cases. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1992;55:181-184.
13. Hoehn MM, Yahr MD. Parkinsonism: onset, progression and mortality. Neurology 1967;17:427-442.
14. Sanabria J, Ruiz PG, Gutierrez R, Marquez F, et al. The effect of levodopa on vocal functions in Parkinson’s disease. Clin Neuropharmacol 2001;24:99-102. 15. Jiang J, Lin E, Wang J, Hanson DG. Glottographic measures before and after levodopa treatment in Parkinson’s disease. Laryngoscope 1999;109:1287-1294. 16. Rascol O, Payoux P, Ferreira JJ, et al. Limitations of current Parkinson´s