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Cromoblastomicose produzida por Fonsecaea pedrosoi no Estado do Maranhão. I - aspectos clínicos, epidemiológicos e evolutivos.

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Academic year: 2017

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 ( 1 ) : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2

C R O M O BL A ST O M IC O SE P R O D U Z ID A PO R F O N S E C A E A

P E D R O S O I

N O E ST A D O D O M A R A N H Ã O . I - A SPEC T O S

C L ÍN IC O S, EPIDEM IO LÓ G ICO S E E V O L U T IV O S

Ana Carla C. M ello e Silva, Artur Serra Neto, Cloves Eduardo S. G alvão,

Sirley G. M arques, Ana Cristina R. Saldanha, Conceição de M aria Pedroso e

Silva, O lga Fischm an, Rairnunda Ribeiro da Silva, M aria do Rosário da S. R.

Costa e Jackson Maurício Lopes Costa

C o m o o b j e t i v o d e v e r i f i c a r o c o m p o r t a m e n t o c l í n i c o - e p i d e m i o l ó g i c o d a c r o m o b l a s t o m i c o s e n o E s t a d o d o M a r a n h ã o , f o i f e i t o u m e s t u d o r e t r o s p e c t i v o e p r o s p e c t i v o d e 1 3 c a s o s , n o s e r v i ç o d e D o e n ç a s I n f e c c i o s a s e P a r a s i t á r i a s d o H o s p i t a l d o s S e r v i d o r e s d o E s t a d o d o M a r a n h ã o n o p e r í o d o d e n o v / 8 8 a j u l h o / 9 1 . P a r a a i n v e s t i g a ç ã o , f o i u t i l i z a d a u m a f i c h a p r o t o c o l o c o m t o d o s o s d a d o s n e c e s s á r i o s p a r a u m a a n á l i s e p o s t e r i o r . N o s c a s o s a n a l i s a d o s o b s e r v o u - s e m a i o r p r e v a l ê n c i a n a f a i x a e t á r i a e n t r e 5 0 e 6 0 a n o s ( 4 6 , 1 % ) e d o s e x o m a s c u l i n o ( 8 4 ,6 % ) . D o z e p a c i e n t e s e r a m p r o c e d e n t e s d o E s t a d o d o M a r a n h ã o , d e n t r e o s q u a i s 1 0 d a m i c r o r r e g i ã o d a b a i x a d a o c i d e n t a l m a r a n h e n s e . Q u a n to à p r o f i s s ã o , 1 2 ( 9 2 , 3 % ) e r a m l a v r a d o r e s . N a s u a m a i o r i a a p r e s e n t a v a m a s l e s õ e s n o s m e m b r o s in f e r i o r e s d e f o r m a v e r r u g o -c o n f l u e n t e s , -c o r a -c a s t a n h a d a , -c o m p r u r i d o . O te m p o d e e v o l u ç ã o v a r i o u d e 0 a 1 5 a n o s e m 1 2 c a s o s ( 9 2 , 3 % ) . Q u a n to a o s a s p e c t o s l a b o r a t o r i a i s , o e x a m e h i s t o l ó g i c o f e i t o e m 1 2 p a c i e n t e s , d i a g n o s t i c a n d o c r o m o b l a s t o m i c o s e e m 1 0 0 % d e l e s e a c u l t u r a i s o l o u F o n s e c a e a p e d r o s o i e m 9 c a s o s ( 7 0 % ) . O tr a t a m e n t o r e a l i z a d o e m t o d o s o s p a c i e n t e s , c o m a l g u m a s v a r i a ç õ e s f o i f e i t o c o m 5 - f l u o r o c i t o s i n a a p r e s e n t a n d o b o n s r e s u l t a d o s e v o lu t iv a m e n te . C o n s t a t o u - s e n e s t e t r a b a l h o u m a p r o v á v e l z o n a e n d ê m i c a d e c r o m o b l a s t o m i c o s e n a m i c r o r r e g i ã o d a b a i x a d a o c i d e n t a l m a r a n h e n s e , a t é a g o r a d e s c o n h e c i d a .

P a l a v r a s - c h a v e s : C r o m o b l a s t o m i c o s e . F o n seca ea p ed rosoi. E s t a d o d o M a r a n h ã o .

A crom oblastom icose constitui uma micose subcutânea de aspecto polim orfo, acometendo a p e le , te c id o c e lu la r su b cu tân e o e, m enos frequentem ente a mucosa. Os trabalhadores rurais do sexo m asculino, são as grandes vítim as desta m oléstia, a qual interfere de maneira considerável em sua atividade ocupacional e capacidade de produção7 9.

A doença foi estudada por diversos autores, daí receber várias denom inações, tais como: derm atite verrucosa crom om icótica, pé musgoso, form igueiro, susina, blastom icose negra, doença de Pedroso, doença de Carrion e muitos outros. Os fungos com provados como agentes etiológicos

T ra b a lh o realizad o n o D ep artam en to d e P ato lo g ia, U n iv ersid ad e F e d e ra l d o M a ra n h ã o , H o sp ita l d o s S e rv id o re s do E stad o do M a ra n h ã o , S ã o L u ís, M A e E sco la P au lista d e M e d ic in a , S ão P a u lo , S P .

Endereço para correspondência: P ro f. Ja c k so n M a u rício L o p e s C o s ta , D e p to . d e P a to lo g ia /U F M A . P ç, M a d re D eu s 02 (A n ex o H o sp ita l G e ra l), 6 5 0 2 5 -5 6 0 S ão L u ís, M A . R e c e b id o p a ra p u b lic a ç ã o e m 2 0 /0 8 /9 1 .

d e sta m ico se in clu em : F o n s e c a e a p e d r o s o i , F o n s e c a e a c o m p a c t a , R h i n o c l a d i e l l a a q u a s p e r s a ,

P h i a l o p h o r a v e r r u c o s a , C l a d o s p o r i u m c a r r i o n i e

E x o p h ia la j e a n s e l m e i , apresentando predileção por regiões de clima tropical subtropical e úm ido, sendo encontrados na natureza, isolados do solo, do ar e dos vegetais7 1516.

A c ro m o b la s to m ic o s e d is tr ib u i- s e

geograficam ente pelas zonas rurais dos países tropicais e subtropicais, provavelm ente pela m aior exposição destas populações ao agente irifectante, principalm ente através de ferim entos penetrantes nos m em bros inferiores. A distribuição m undial ocorre sob a forma de casos esporádicos em várias regiões, como: A m érica C entral, A ntilhas, Sul dos Estados U nidos, Ilhas do Sul do Pacífico, América do Sul, M oçam bique, A ustrália e Á frica do Sul7 13 15 23.

O Brasil ocupa um lugar de destaque em relação

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S il v a A C C M , N e t o /4S, G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a l d a n h a A C R S , S il v a C M P , F is c h m a n O , S i l v a R R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . I - A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

ressaltando os estados da região Amazônica, Rio G rande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e M inas G erais como áreas de m aior concentração de casos7 10 14 16.

D os ag en tes m icóticos responsáveis pela crom oblastom icose no B rasil, F o n s e c a e a p e d r o s o i destaca-se na literatura como o grande causador da doença em nosso país7 911. N o M aranhão, apesar de não haver registros de casos na literatura, observa- se um núm ero crescente de ocorrênci as, necessitando de inquérito m ais aprofundado sobre a doença no Estado.

P ortanto, partindo dessa realidade, pretende-se neste trabalho dem onstrar o comportamento clínico, ep id em io ló g ico e e v o lu tiv o de 13 casos de crom oblastom icose, observados no serviço de doenças infecciosas e parasitárias do Hospital do Servidores do Estado do M aranhão, no período de novem bro de 1988 a ju lh o de 1991.

M A TER IA L E M ÉTODOS

E m um intervalo de tempo de 32 meses, foram acom panhados evolutivam ente (am bulatório e enferm aria), 13 pacientes com cromoblastom icose, no H ospital dos Servidores do Estado do M aranhão. P ara um a m elhor análise dos mesmos foi feito um levantam ento dos prontuários desde a prim eira consulta ou internação à últim a avaliação, (julho/91).

Os dados colhidos dos prontuários destacavam: dados pessoais (idade, sexo, raça* naturalidade, procedência, profissão), tem po de doença, dados referentes às lesões (localização, aspecto, cor) e e v o lu ç ã o c lín ic a n o d e c o rre r d a d o e n ç a , correlacionando-a com a terapêutica empregada.

P ara o diagnóstico laboratorial, foi feito uma biópsia com retirada de um fragm ento do bordo ativo de um a lesão de cada paciente, sendo a am ostra dividida em 2 partes, e estas armazenadas em recipientes contendo respectivam ente, form ol a 10 % para o exam e histopatológico e soro fisiológico a 0,9% para o exam e m icológico direto e cultura.

Exam e histopatológico: o m aterial obtido da biópsia era subm etido a vários cortes de 5 nicra de espessura, q u e -e m seguida eram corados pela h em atoxilina-eosina e quando necessário pelo G iem sa e PAS e levados para observação em

m icroscópio óptico.

E x am e m ic o ló g ic o d ire to : u m p eq u e n o fragm ento era tratado com K O H a 20 % em lâm ina para o exame ao m icroscópio óptico, observando-se a presença dos corpúsculos escleróticos, quando positivo.

Cultura: O semeio era feito em meio Agar- Saboroud + Cloranfenicol ou meio m icrobiótic agar (m icoseel), esperando-se em m édia 2 semanas para obter crescim ento das colônias, caracterizadas p or serem aveludadas, negras ou violáceas de contornos nítidos. Realizou-se, ainda, o microcultivo segundo Ridell e c o l ^ .

RESU LTA D O S

O b s e r v o u -s e q u e a fa ix a e tá r ia

predom inantem ente acom etida foi a situada entre os 50 - 60 anos (46,1% dos casos), e o sexo m asculino destacou-se em m aior proporção. Dos 13 casos estudados, 12 eram naturais do M aranhão, sendo 10 (76,9% ) procedentes da m ircorregião da baixada ocidental m aranhense. C om relação à ocupação profissional, 12 (92,3 %) eram lavradores e todos apresentavam como hábito com um o contato com a terra e vegetais. A Tabela 1 traz detalhes com relação aos dados pessoais dos pacientes envolvidos no estudo.

Quanto ao tem po de doença, verificou-se que 12 pacientes (92,3 %) enquadravam -se entre 0 -1 5 anos de evolução. Os m em bros inferiores foram acom etidos em sua grande m aioria (8 4 ,6 % ). No que diz respeito aos aspectos m orfológicos das lesões, a form a verrucosa confluente, foi observada em 100 % dos casos, assim com o a co r acastanhada das lesões tam bém foi verificada em todos. Os dados acim a estão apresentados na T abela 2.

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S il v a A C C M , N e t o A S , G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a l d a n h a A C R S , S i l v a C M P , F is c h m a n O , S i l v a R R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . I - A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

T a b e la 1 - C a r a c t e r í s t i c a s e p i d e m i o l ó g i c a s d o s 1 3 p a c i e n t e s p o r t a d o r e s d e c r o m o b l a s t o m i c o s e .

P a c ie n te I d a d e S e x o R a ç a N aturalidade P r o c e d ê n c ia P r o f is s ã o H á b ito s

FS 5 9 M Branca M aranhense S. B en to (M A ) L avrador H l H 2 H 3

M C M A 5 4 F Branca M aranhense S .V .F errer(M A ) L avradora H l H 2

RIV 4 8 M Parda C earen se S .L u ís(M A ) L avrador H l H 2 H 3

G AM 51 M N egra M aranhense B acuri(M A ) L avrador H l H 2

F N M 39 M Parda M aranhense S .L u ís(M A ) C arpinteiro H l

JCB 67 M N egra M aranhense A najatuba(M A ) L avrador H l H 2 H 3

A C C 51 M Parda M aranhense G uim arães (M A ) L avrador H l H 2

HJR 65 M Parda M aranhense A najatu ba(M A ) L avrador H l H 2 H 3

CSC 5 7 M Parda M aranhense C ururupu(M A ) L avrador H l H 2 H3

R N M 3 7 M Parda M aranhense Itapecuru(M A ) L avrador H l H 2 H3

A C 5 5 M Parda M aranhense A najatuba(M A ) L avrador H l H 2 H 3

FC 51 M Branca M aranhense S ta.H elen a(M A ) L avrador H l H 2 H3

H G M 3 9 F Parda M aranhense B acuri(M A ) L avradora H l H 2 H 3

C h ave d e lo ca liza çã o : H ábitos H l - contato com a terra H 2 - andar d escalço

H 3 - m icrotraum atism o p or fu n ções habituais

arredondados, e refringentes com form ação de m icroabscessos. O exam e m icológico direto feito em 12 d o s p a c ie n te s, m o stro u co rp ú scu lo s escleróticos ou fum agóides, redondos, de cor parda com paredes grossas e birrefringentes, isolados ou agrupados, em 10 casos. A cultura realizada com m aterial o b tid o de 12 pacientes, apresentou crescim ento de colônias enegrecidas ou oliváceas, aveludadas e planas com centro elevado, em 9 dos

exam es, tendo então a identificação de F o n s e c a e a

p e d r o s o i e su as e s tru tu ra s d e fru tific a ç ã o (C lad o sp o rim , P h ia lo p h o ra e R hinocladiella) através do m icrocultivo.

O tratam ento utilizado nos 13 pacientes foi a 5-

fluorocitosina na dose de 100 a 150 m g/kg/peso/dia divididos em 4 tom adas diárias por um período médio de 6 meses. A anfotericina B foi associada

com a 5-fluorocitosina em 3 casos, não havendo resposta satisfatória, devido aos efeitos colaterais observados com esta associação.

Como terapêutica coadjuvante foi utilizada à exerese cirúrgica em 5 pacientes (3 8,4 % dos casos), tendo em vista haver resposta insatisfatória ao tratam ento clínico, asssim com o nos pacientes portadores de lesões pequenas. N a avaliação final, julho de 1991, verificou-se os seguintes resultados:

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S i l v a A C C M , N e t o A S , G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R S , S i l v a C M P , F is c h m a n O , S i l v a R R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . 1 - A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

T a b e l a 2 - C a r a c t e r í s t i c a s c l í n i c a s d a s l e s õ e s o b s e r v a d a s n o s p a c i e n t e s e s t u d a d o s .

P a c ie n t e L o c a liz a ç ã o d a le s ã o C ó d ig o I

T e m p o d e d o e n ç a (a n o s )

A s p e c t o d a le s ã o C ó d ig o II

1 2 3 1 2 3 4

FS 1 5 1 2 3 4

M C M A 2 15 1 2 3 4

G A M 2 4 1 2 3 4

RJV 2 14 3

F M N 2 1 1 2 3

JC B 2 3 1 2 3 4

HJR 2 2 0 3 4

A C C 2 3 1 2 3

C SC 3 10 1 2 3

R N M 2 10 1 2 3 4

A C 2 4 1 2 3

FC 2 15 3 4

H G M 2 3 3

O b servação: to d o s o s p acien tes apresentaram le sõ e s d e c o r acastan hada e não en con tram os linfa denopatia a sso cia d a .

C h a v e lo ca liza çã o : (C ó d ig o I) 1 - M M S S (m em bros su p eriores) (C ó d ig o II) 1 - pápula

2 - M M II (m em bors in ferio res) 2 - v erru co sa n o d o sa

3 - glú teo 3 - v erru co sa co n flu en te

4 - v erru co sa ulcerada

DISCUSSÃO

P o r ser considerada um a doença crônica pelos autores, com u m tem po de evolução das lesões, em m édia, entre 10 e 20 anos, é d e se esperar que os

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S i l v a A C C M , N e t o A S , G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R S , S il v a C M P , F is c h m a n O , S i l v a K R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . 1 - A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

preponderante na localização das lesões, pois observamos que em 84,6% dos nossos pacientes o com prom etim ento foi nos m em bros inferiores, havendo relatos d e pequenos ferim entos p o r espinhos, madeiras, pedras, facilitando a penetração o p o rtu n ístic a do fu n g o . O s n o sso s achados concordam com a m aioria dos autores7 10 14 23.

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S i l v a A C C M , N e t o A S , G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R S , S il v a C M P , F is c h m a n O , S i l v a R R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . / A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

F i g u r a 1 - P a c i e n t e C S C , a p r e s e n t a d o l e s õ e s v e r r u g o c o n f l u e n te a o n í v e l d a r e g i ã o g l ú t e a e s q u e r d a e m f o r m a d e p l a c a g ig a n t e . E s t a l o c a l i z a ç ã o é p o u c o f r e q ü e n t e n a c r o m o b l a s t o m i c o s e .

predom inância da form a verrucosa confluente. Cham ou-nos aatenção a inexistência de adenopatias, o que concorda com a m aioria dos autores8 14 18, em bora Rom ero e T rejos19 na Costa Rica, Fadder e M cG innis6 nos Estados U nidos e Silva20 no Brasil tenham encontrado índices variáveis de adenopatias em seus pacientes.

O utro dado im portante que merece atenção é que dos 13 pacientes estudados, somente 3 (23%) desenvolveram edema, e destes, apenas 2 eram do tipo elefantiásico, justam ente os pacientes que desenvolveram infecção secundária durante o curso de sua doença. N a tentativa de explicar a elefantíase de alguns caso, Silva20 e Esteves cols5, referem a existência de um bloqueio linfático e de intensa proliferação fibrosa durante o curso da doença nestes pacientes.

A p re sen ça d e 10 p acien tes (7 6 ,9 % da causuística) procedentes da m icrorregião da baixada ocidental m aranhense, zona reconhecidam ente endêm ica de esquistossom ose mansônica4 17,

faz-nos pensar n a existência de um a zona endêm ica da doença em nosso Estado, a qual será estudada posteriorm ente em outro relato. Quanto à natureza d o s a g e n te s e tio ló g ic o s e n c o n tr a d o s , h á p re p o n d e râ n c ia do F o n s e c a e a p e d r o s o i , confirmando ser o fungo responsável pela m aioria dos casos da doença no Brasil7 10 15.

A a b o rd a g e m te ra p ê u tic a em d o e n ç a s consideradas crônicas é sempre difícil para o clínico, pois, geralm ente há necessidade de interações de drogas ou procedim entos12 3. U tilizam os em nossos pacientes, como medicação base, a5-fluorocitosina, que é considerada a droga de prim eira escolha no

tratamento da crom oblastom icose por F o n s e c a e a

p e d r o s o i . D roga utilizada em prim eira instância por Lopes e cols em 1969, quando obtiveram 2 casos de cura10, Tam bém foram Lopes e cols os prim eiros a

registrarem o fenômeno de resistência à drbga in

v i v o e in v i t r o de am ostras isoladas de cinco doentes10 12.

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S i l v a A C C M , N e t o A S , G a l v ã o C E S , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R S , S il v a C M P , F is c h m a n O , S il v a R R , C o s t a M R S R , C o s t a J M L . C r o m o b l a s t o m i c o s e p r o d u z i d a p o r Fonsecaea pedrosoi n o E s t a d o d o M a r a n h ã o . 1 - A s p e c t o s c l í n i c o s , e p i d e m i o l ó g i c o s e e v o l u t i v o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 3 7 - 4 4 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

F ig u r a 2 - P a c i e n t e A C C , a p r e s e n t a n d o e d e m a n o m e m b r o i n f e r i o r c o m p o l i m o r f i s m o l e s i o n a i , c a r a c t e r i z a n d o - s e p o r p a p u l a s , v e r r u g a s n o d u l a r e s e v e r r u g a s c o n f l u e n te s .

prolongado e caro para os pacientes, pois a grande m aioria é constituída de lavradores sem recursos, em bora todo o tratam ento tenha sido custeado pelo H o sp ital dos S erv id o res, to m o u -se d ifícil o acom panham ento evolutivo dos pacientes, fato com um entre os autores1 811 22.

A associação 5-fluorocitosina com anfotericina B não se m ostrou eficaz, tendo em vista os efeitos

colaterais apresentados pelos pacientes. Testes in

v i t r o realizados m ostraram que anfotericina B é inócua para os fungos responsáveis pelas lesões da crom oblastom icose14. Quanto à exerese cirúrgica associada a 5-fluorocitosina, observou-se bons resultados, principalm ente em lesões únicas e de pequeno diâm etro.

SU M M A RY

T h e a i m o f t h i s s t u d y w a s to o b s e r v e th e c l i n i c a l a n d o f e p i d e m i o l o g i c a l b e h a v i o r o f c h r o m o b l a s t o m y c o s i s in th e S t a t e o f M a r a n h ã o . A r e t r o s p e c t i v e a n d p r o s p e c t i v e s t u d y o f l 3 c a s e s w a s p e r f o r m e d a t t h e in f e c ti o u s d i s e a s e s

s e c t i o n o f t h e H o s p i t a l d o s S e r v i d o r e s d o E s t a d o d o M a r a n h ã o , f r o m N o v e m b e r , 1 9 8 8 t o J u l y , 1 9 9 1 . In th e in v e s t i g a t i o n a p r o t o c o l r e c o r d w a s u s e d w it h a v i e w to f u r t h e r a n a l y s i s . A h i g h e r p r e v a l e n c e b e t w e e m 5 0 a n d 6 0 y e a r s o f a g e ( 4 6 . 1 % ) a n d in m a l e p a t i e n t s ( 9 2 . 3 % ) w a s n o te d . T w e l v e p a t i e n t s ( 9 2 . 3 % ) w e r e f r o m M a r a n h ã o S ta t e , a n d 1 0 o f th e m ( 7 6 . 9 % ) c a m e f r o m th e W e s t e r n M i c r o r e g i o n o f t h e S t a t e o f M a r a n h ã o . R e g a r d i n g o c c u p a t i o n , 9 2 . 3 % w e r e l a n d w o r k e r s , a n d m o s t o f th e m p r e s e n t e d th e l e s i o n s o n th e l o w e r l i m b s ( 8 4 . 6 % ) o f a

v e g e t a n t w a r t y a s p e c t , b r o w n in c o l o r w it h itc h in g . H i s t o p a t h o l o g i c a l e x a m m i n a t i o n d i a g n o s e d c h r o m o m y c o s i s in 1 0 0 % o f th e c a s e s . C u lt u r e w a s p e r f o r m e d in 1 1 c a s e s , a n d F o n se c a e a p ed ro so i i s o l a t e d in 9 o f th e m . T r e a tm e n t w it h 5 - f l u o r o c y t o s i n e r e s u l t e d in a g o o d e v o l u t i v e r e s p o n s e . T h is s t u d y i n d i c a t e s th e e x is te n c e o f a p r o b a b l e e n d e m i c a r e a o f c h r o m o m y c o s i s in h i n t e r l a n d o f M a r a n h ã o ( W e s te r n M i c r o r e g i o n ) t h a t h i t h e r t o u n k n o w n .

K e y - v o r d s : C h r o m o b l a s t o m y c o s i s . F o n s e c a e a p edrosoi. S t a t e o f M a r a n h ã o .

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Referências

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