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REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
de
tempo
excessivo
de
tela
e
fatores
associados
em
adolescentes
Joana
Marcela
Sales
de
Lucena
a,c,
Luanna
Alexandra
Cheng
a,c,
Thaísa
Leite
Mafaldo
Cavalcante
b,c,
Vanessa
Araújo
da
Silva
b,ce
José
Cazuza
de
Farias
Júnior
a,b,c,∗aProgramaAssociadodePós-graduac¸ãoemEducac¸ãoFísica,UniversidadeFederaldaParaíba(UPE/UFPB),JoãoPessoa,PB,Brasil bCentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),JoãoPessoa,PB,Brasil
cGrupodeEstudosePesquisasemEpidemiologiadaAtividadeFísica-GEPEAF,JoãoPessoa,PB,Brasil
Recebidoem27dejaneirode2015;aceitoem21deabrilde2015 DisponívelnaInternetem1deagostode2015
PALAVRAS-CHAVE
Comportamento sedentário; Atividademotora; Obesidade
Resumo
Objetivo: Determinaraprevalênciadotempoexcessivodetelaeanalisarfatoresassociados emadolescentes.
Métodos: Trata-sedeumestudoepidemiológicotransversal,debaseescolar,com2.874 ado-lescentesde14a19anosdeidade(57,8%dosexofeminino),doensinomédiodasredespública eprivadanomunicípiodeJoãoPessoa,PB.Otempoexcessivodetelafoidefinidocomoassistir televisão,usarocomputadorejogar videogamespormaisdeduashoraspordia.Osfatores associadosanalisadosforam:sociodemográficos(sexo,idade,classeeconômica,cordapele), práticadeatividadefísicaeestadonutricionaldoadolescente.
Resultados: Aprevalênciadetempoexcessivodetelafoide79,5%(IC95%:78,1-81,1)emais elevada nosexomasculino(84,3%)comparadocomofeminino(76,1%;p<0,001). Naanálise multivariada,verificou-sequeosadolescentesdosexomasculino,osde14a15 anosidadeeos quepertenciamàsclasseseconômicasmaisaltasapresentarammaioreschancesdeexposic¸ão aotempoexcessivodetela.Oníveldeatividadefísicaeoestadonutricionaldosadolescentes nãoseassociaramaotempoexcessivodetela.
Conclusões: A prevalênciadotempo excessivodetela foielevada evarioucomas caracte-rísticassociodemográficasdosadolescentes.Faz-senecessáriodesenvolverintervenc¸õespara reduzirotempoexcessivodetelaentreosadolescentes,particularmentenossubgruposcom maiorexposic¸ão.
©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Esteéumartigo OpenAccesssobalicençaCCBY(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:jcazuzajr@hotmail.com(J.C.FariasJúnior).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2015.04.001
0103-0582/©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençaCC
KEYWORDS
Sedentarybehavior; Motoractivity; Obesity
Prevalenceofexcessivescreentimeandassociatedfactorsinadolescents
Abstract
Objective: Todeterminetheprevalenceofexcessivescreen timeandtoanalyze associated factorsamongadolescents.
Methods: Thiswasacross-sectionalschool-basedepidemiologicalstudywith2,874 highschool adolescentswithage14-19 years(57.8%female)frompublicandprivateschoolsinthecity ofJoãoPessoa,PB,NortheastBrazil.Excessivescreentimewasdefinedaswatchingtelevision andplayingvideogamesorusingthecomputerformorethantwohoursperday.Theassociated factorsanalyzedwere:sociodemographic(gender,age,economicclass,andskincolor),physical activityandnutritionalstatusofadolescents.
Results: Theprevalenceofexcessivescreentimewas79.5%(95%CI:78.1-81.1)anditwashigher inmales(84.3%)comparedtofemales(76.1%;p<0,001).Inmultivariateanalysis,adolescent males,aged14-15 yearsold, ofhighereconomicclasses hadhigherchancesofexposureto excessivescreentime.Thelevelofphysicalactivityandnutritionalstatusofadolescentswere notassociatedwithexcessivescreentime.
Conclusions: Theprevalenceofexcessivescreentimewashighandvariedaccordingto socio-demographiccharacteristicsofadolescents.Itisnecessarytodevelopinterventionstoreduce theexcessivescreentimeamongadolescents,particularlyinsubgroupswithhigherexposure. ©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-license(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
Os comportamentos sedentários são atividades de baixo gasto energético (≤1,5 equivalente metabólico --- MET), geralmente realizadas na posic¸ão sentada ou reclinada, incluindo atividades como assistir à televisão, usar o computador,ficarsentadonaescola,noônibus,carro, tra-balho,conversar com osamigos, dentre outrasatividades similares.1Amedidadotempoqueosadolescentespassam
pordiaassistindoàtelevisão,jogandovideogameeusandoo computador,denominadadetempodetela(doinglêsscreen time),éumadasformasmaisusadasparaoperacionalizaro comportamentosedentárioemestudoscomadolescentes.2
Recomenda-se que as crianc¸as e os adolescentes limi-tema, nomáximo, duas horas por dia o tempo dedicado àsatividades detela.3O relatóriodoHealthBehaviour in
School-Age Children (HBSC),4 realizado com adolescentes
de 11, 13 e 15 anos de idade de 41 países da Europa e aAméricado Norte,revelou que56% a65% dessesjovens passavamduashorasoumaispordiaassistindoàtelevisão. DadosdaPesquisaNacionaldeSaúdedoEscolar(PeNSE),5
comescolaresdononoanodoensinofundamentalde esco-laspúblicaseprivadasdetodasascapitaisbrasileirasedo DistritoFederal,demonstraramque78%dosescolares rela-taramassistir a duas horas oumais de televisão por dia. Revisãosistemáticadeestudoscomadolescentesbrasileiros mostrouque,em60%dosestudosanalisados,aprevalência detempoexcessivodetelafoisuperiora50%.6
Os estudos sobre tempo excessivo de tela em ado-lescentes brasileiros foram realizados, quase que na sua totalidade, com medida de tempo assistindo à televisão, envolveramamostras com faixa etária reduzida e usaram diferentespontosdecorte.7,8 Alémdisso,emsuamaioria,
foramrealizadosnasregiões Sule Sudeste,o quelimitaa generalizac¸ãodosachados,6devidoaofatodeessasregiões
seremeconomicamentemaisdesenvolvidas,oquefavorece ummaioracessoaosdispositivoseletrônicos(computadore acessoàInternet)queestimulariamaadoc¸ãode comporta-mentossedentários.9 APesquisaNacionalpor Amostraem
Domicílios (PNAD,2013),9 demonstrou quenas regiõesSul
eSudesteaproporc¸ãodedomicíliosque tinham computa-dor foide52,9% e 56,5%os quetinham acessoà Internet estavamápresenteem44,6%e50,2%;respectivamente.Na regiãoNordeste,essaprevalênciafoimaisbaixa,29,4%dos domicílioscomcomputadore25,3%comacessoàInternet. Aelevadaprevalênciadeadolescentesexpostosatempo excessivodetelacausapreocupac¸ãodevidoasuaassociac¸ão com diversos problemas de saúde,como excesso depeso corporal e obesidade, alterac¸ões na glicose e coleste-rol sanguíneos, baixo rendimentoescolar e diminuic¸ão do convívio social e menores níveis de atividade física.10-12
Destaca-seaindaofatodequeo tempoexcessivodetela na adolescência pode ser transferidos à idade adulta.13
Entretanto,asassociac¸õesentremedidasdetempo exces-sivodetelaesobrepeso/obesidadeemadolescentesainda são conflitantes.14,15 Esses resultados podem estar
rela-cionados aos pontos de corte usados para definir tempo excessivodetela,bemcomoasmedidasempregadas (obje-tivas vs. subjetivas), às faixas etárias dos adolescentes analisadas e os desenhos dos estudos (transversais vs. longitudinais).14,15
Em relac¸ão às possíveis influências do tempo exces-sivo de tela sobre os níveis de atividade física dos adolescentes, os dados ainda são insuficientes para con-firmar a hipótese de que esse comportamento substitui o tempo de prática de atividades físicas moderadas a vigorosas.11 Quandoa associac¸ão entreotempoexcessivo
As informac¸õessobreaprevalênciadeadolescentesda regiãoNordestedoBrasilcomexposic¸ãoexcessivaaos com-portamentossedentários,particularmenteparaotempode tela,suadistribuic¸ãonosestratos sociodemográficos,bem comosuaassociac¸ãocomexcessodepeso corporale nível depráticadeatividadefísica,sãolacunasdeconhecimento importantes que precisam ser preenchidas. Sendo assim, este estudodeterminouaprevalênciadetempoexcessivo detelae analisou suaassociac¸ãocom fatores sociodemo-gráficos, nívelde atividadefísica e estadonutricional em adolescentesdeumacidadedoNordestedoBrasil.
Método
Esteestudoestáinseridoemumprojetodepesquisamaior, realizado em 2009, intitulado ‘‘Nível de atividade física e fatoresassociados em adolescentesdoensino médiona cidadedeJoãoPessoa-PB:umaabordagemecológica’’.A populac¸ãoalvofoicompostaporescolaresdoensinomédio, de14 a19 anosdeidade, dasredes públicae privadade ensinonomunicípiodeJoãoPessoa,PB.Paradeterminac¸ão do tamanho da amostra foi adotada uma prevalência de 50%de 300minutosoumaisdeatividadefísica moderada avigorosaporsemana,erromáximoaceitáveldetrês pon-tos percentuais, intervalo deconfianc¸ade 95%, efeito de desenho(deff)iguala doiseacréscimode30% para com-pensarperdaserecusas,oqueresultouemumaamostrade 2.686adolescentes.
Aselec¸ãodaamostrafoifeitaporconglomeradoemdois estágios.Noprimeiro,foramselecionadassistematicamente 30 escolasdeensinomédio,distribuídasproporcionalmente por tamanho (númerode alunos matriculados),e tipo de escola(públicaseprivadas)eregiõesdomunicípio(norte, sul,leste,oeste).Nosegundo,foramselecionadas aleato-riamente 135 turmas,distribuídas proporcionalmente por turno(diurnoenoturno)esériedeensinomédio(1a,2ae3a
séries).
Acoletadedadosocorreudemaio asetembrode2009 e foi feita por uma equipe de seis estudantes do curso deeducac¸ãofísica,previamentetreinadosesubmetidos a umestudopiloto.Todasasinformac¸õesforamcoletadaspor questionáriopreviamentetestado,preenchidopelos escola-resnasaladeaulaenohorárioregulardeaula,deacordo comasinstruc¸õesfornecidaspelaequipedecoleta.
As variáveis sociodemográficasanalisadas nesteestudo foram:sexo,idadeemanoscompletos(determinadaa par-tir da diferenc¸a entre a data de nascimentoe a data de coleta de dados e categorizada em: 14-15, 16-17, 18-19 anosdeidade)eclasseeconômica,determinadapela Meto-dologia daAssociac¸ão Brasileira deEmpresas de Pesquisa (ABEP),16 queconsideraapresenc¸adebensmateriaisede
empregadosmensalistasnaresidência,alémdaescolaridade do chefe de família. Os estudantes foram agrupados nas classeseconômicasA1,A2,B1,B2,C1,C2,DeE, posterior-mentereagrupadasemclassesA/B(alta),C(média)eD/E (baixa).
O estadonutricionalfoiestimadopelo índicedemassa corporal(IMC=massacorporal[kg]/estatura[m2]),baseado
nasmedidasautorreferidasdemassacorporal(kg)eestatura (cm).OscritériossugeridosporColeetal.17 foramusados
paraclassificarosadolescentesem:‘‘semexcessodepeso
corporal’’ (baixo peso+peso normal) e ‘‘com excesso de pesocorporal’’(sobrepeso+obesidade).
A reprodutibilidadedas medidas dasvariáveis sociode-mográficas foram elevadas, com valores de kappa ≥0,89
p<0,01.O IMCapresentoucoeficiente decorrelac¸ão intra-classe (e valor de =0,84 para classificac¸ão do estado
nutricional(semvs.comCCI=0,95)excessodepeso corpo-ral).
Otempoexcessivodetelafoioperacionalizadoapartirda medidadotempomédiodiário(horas/minutos)despendido assistindotelevisão,jogandovideogameseusandoo compu-tador,nosdiasdesemanaedofimdesemana,duranteuma semanatípicaouhabitual.Paraoresultadofinal,foi calcu-ladaamédiaponderadaapartirdoseguinteprocedimento: somatóriodotempodespendidonoscomportamentos seden-tários em dias de semana (segunda a sexta) multiplicado por cinco, somado ao tempo dos dias de fim de semana (sábadooudomingo)multiplicadopordois.Esse resultado foi dividido por sete para se obter o número médio de horaspordiaqueosadolescentespassavamem atividades detela.Otempoexcessivodetelafoidefinidocomo pas-sarmaisdeduashoraspordianessescomportamentos.3A
medidadotempodetelaapresentouníveissatisfatóriosde reprodutibilidade(medidacontínua[horas/dia]---CCI=0,76
p<0,01;medidacategórica[≤2horas/diavs.>2horas/dia] ---=0,52).
Aatividadefísicafoimensuradaporquestionário previa-mentevalidado(reprodutibilidade--- CCI=0,88p<0,01; vali-dade--- correlac¸ão deSpearman=0,62;p<0,001; =0,59).18
Osadolescentesinformaram afrequência(dias/semana)e a durac¸ão (minutos/dia)das atividades físicas de intensi-dademoderadaavigorosapraticadasnasemanaanteriorà coletadedadosporpelomenos10 minutos,considerando umalistacom24 atividades,comapossibilidadedeo ado-lescenteadicionar maisduas atividades. Determinou-se o níveldeatividadefísicasomandooprodutodotempopela frequênciadepráticaemcadaatividade,oqueresultounum escoreemminutosporsemana.Osadolescentesque prati-caram300 minutosoumaisdeatividadefísicaporsemana foramclassificadoscomo‘‘fisicamenteativos’’eosdemais como‘‘fisicamenteinativos’’.
Inicialmente,foramadotadososprocedimentosde esta-tísticadescritiva(distribuic¸ãodefrequências,média,desvio padrão e intervalo de confianc¸a de IC95%). O teste do qui-quadrado foi usado para comparar a proporc¸ão de adolescentes em tempo excessivo de tela em func¸ão das categorias das variáveis sociodemográficas (sexo, idade, cor da pele, classe econômica), nível de atividade física (‘‘fisicamente ativo’’ e ‘‘fisicamente inativo’’) e estado nutricional (‘‘sem excesso de peso corporal’’ e ‘‘com excessodepesocorporal’’).
Tabela1 Característicassociodemográficas,nível de ati-vidadefísicaeestadonutricionaldosadolescentesdoensino médiodasredespúblicaeprivadadeJoãoPessoa,Nordeste doBrasil,2009
Variáveis n %
Sexo
Feminino 1.653 57,8
Masculino 1.206 42,2
Faixaetária(anos)
14-15 1.128 10,7
16-17 1.438 50,0
18-19 308 39,3
Cordapele
Branca 930 32,5
Nãobranca 1.929 67,5
Classeeconômica
AeB(alta) 1.161 45,8
C(média) 1.167 46,1
DeE(baixa) 205 8,1
Níveldeatividadefísica
Fisicamenteativo 1.444 50,2 Fisicamenteinativo 1.430 49,8
Estadonutricional
Semexcessodepesocorporal 2.321 86,8 Comexcessodepesocorporal 353 13,2
análise ajustada, todas as variáveis independentes foram incluídasnomodeloepermaneceramaquelascomvalorde
p<0,20.Foi aplicadoométodobackwardparaselec¸ãodas variáveisnomodelomúltiplo.OtestedeHosmer-Lemeshow foiusadoparaavaliaraqualidadedoajustedomodelo.
OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa comSeresHumanosdoCentrodeCiênciasdaSaúdeda Uni-versidade Federal da Paraíba --- Protocolo n◦ 0062/2009.
Todososadolescentesmenoresde18 anos deidade rece-beramautorizac¸ãodospaisouresponsáveiseaquelescom maisde18 anosassinaramotermodeconsentimentolivre eesclarecidoparaparticipardesteestudo.
Resultados
Inicialmente foram selecionados 3.477 escolares, 70 não foramautorizados pelos pais ouresponsáveis ou se recu-sarama participar e 187 não foramencontrados em pelo menostrêsvisitasdaequipedecoletadedados.Dos3.220 adolescentesque responderamaoquestionário,346foram excluídos(231tinham<14 ou>19 anosdeidade,105 não informaram a idade, cinco deixaram várias questões sem respostaecincotinhamalgumalimitac¸ãodeordemfísicaou mental).Aamostrafinalincluiu 2.874adolescentes,57,8% dosexofeminino,commédiade16,5±1,2anos;54,2%de classeeconômica médiaabaixa (C/D/E), 50,2%eram fisi-camente ativos e 13,2% tinham excesso de peso corporal (tabela1).
A prevalência de tempo excessivo de tela foi de 79,5% (IC95%: 78,1-81,1), sendo maior no sexo mascu-lino (p<0,001), nos mais jovens (14-15 anos de idade;
p<0,001),nosdeclasseeconômicamaisalta(p<0,001)enos fisicamenteativos(p=0,002).Nãohouvediferenc¸as estatis-ticamentesignificativasentreosadolescentescomousem excessodepesocorporal(tabela2).
Naanálisebruta (tabela 3),o tempoexcessivodetela foi associado aosexo, idade,classe econômica enível de atividade física dos adolescentes. Na análise ajustada, o níveldeatividadefísicaperdeusignificânciaestatística.As demaisvariáveispermaneceramassociadasaotempo exces-sivo detela. Adolescentesdo sexomasculino, de14 a 15 anosdeidadeeosdeclasseseconômicasmaisaltas(classes A/B)tiveram,respectivamente,49%(OR=1,49;IC95%: 1,21-1,84),46% (OR=1,46;IC95%: 1,07-2,00) e224% (OR=3,24; IC95%: 2,32-4,52) mais chances de exposic¸ão ao tempo excessivodetela,comparadoscomosadolescentesdosexo feminino, mais velhos (18-19 anos de idade) e de clas-ses econômicasmaisbaixas(C/D/E). Oresultado doteste deHosmer-Lemeshow(2=8,26;p=0,22)demonstrouqueo
modeloconstruídoajustou-sebemaosdados.
Discussão
No presente estudo verificou-se que a proporc¸ão de ado-lescentesemtempoexcessivodetelafoielevadae variou conforme suas características sociodemográficas. Maiores chancesdepermaneceremtempoexcessivodetelaforam encontradasnosadolescentesdosexomasculino,nosmais jovensedeclasseeconômicamaisalta.Aocontráriodoque temsidoespeculadonaliteratura,otempoexcessivodetela não seassociou com excesso de peso corporal e a baixos níveisdeatividadefísicadosadolescentes.
Esteestudodemonstrouque aproximadamenteoitoem cadadezadolescentespassavammaisdeduashoraspordia ematividadesdetela(televisão,computadorevideogame). Resultadossimilarestambémforamidentificadosemoutros estudos nacionais8,19 e internacionais.12,14,20 Prevalências
elevadas de tempo excessivo de tela, frequentemente observadas em adolescentes, podem ser decorrentes das mudanc¸as ocorridas na sociedade nas últimas duas a três décadas,como,porexemplo,ocrescimentoeconômicoque permitiu àsfamílias, sobretudo as derenda média-baixa, maioracessoatelevisão,computador, maiorusoda Inter-netnotempodelazer(p. ex.;interagirnasredessociais) e reduc¸ão dosespac¸ospúblicos para apráticade ativida-desfísicas,associadaàinseguranc¸aobservadanosgrandes centrosurbanos.Estudoconduzidoentre2001e 2011com adolescentesde15a19 anosdeidadedoEstadodeSanta Catarina observou uma reduc¸ão da prevalência dotempo detelevisãoeaumentodousodecomputador/videogames. Essasalterac¸õesforamatribuídasàsmudanc¸aseconômicas noBrasil,facilidadedeacessoacomputadores(lanhouses, shoppings,espac¸ospúblicos)eacessoasmídiaseletrônicas deumamaneirageral.21
No presente estudo, os adolescentes do sexo mascu-lino apresentaramaproximadamente49% maischancesde permanecer em tempo excessivo de tela, o que reforc¸a achadosdeestudosprévios.7,8,19Umdosmotivosparaessa
prevalênciaelevadaentreadolescentesdosexomasculino se dá principalmente pelo uso excessivo de videogame e computador.20Osestudosqueidentificarammaior
Tabela2 Prevalênciadetempoexcessivodetelaefatoresassociadosemadolescentesdoensinomédiodasredespúblicae privadadeJoãoPessoa,NordestedoBrasil,2009
Variáveis Tempoexcessivodetelaa
Prevalência(%) IC95% p
Total 79,5
Sexo <0,001
Feminino 76,1 73,9-78,1
Masculino 84,3 82,0-86,2
Cordapele 0,075
Branca 81,5 78,8-88,9
Nãobranca 78,6 76,7-80,4
Faixaetária(anos) <0,001
14-15 82,1 79,8-84,3
16-17 79,3 77,1-81,3
18-19 71,1 66,6-75,9
Classeeconômica <0,001
AeB(alta) 84,6 82,4-86,5
C(média) 78,6 76,0-80,8
DeE(baixa) 60,8 53,7-67,3
Níveldeatividadefísica 0,002
Fisicamenteativo 81,8 79,7-83,7
Fisicamenteinativo 77,2 74,9-79,3
Estadonutricional 0,139
Semexcessodepesocorporal 79,0 77,3-80,6 Comexcessodepesocorporal 82,4 78,0-86,1
a Assistirtelevisão,usarocomputadorejogarvideogamespormaisdeduashoras/dia.
sexofemininomensuraram,alémdasatividadesdetela,o tempogastocom falar ao telefone,ouvir música, fazero deverdecasa, escreverouconversar.22,23 Outrofatorque
podeexplicaressasdiferenc¸aséopontodecorteusadopara caracterizar tempoexcessivodetela.14 Estudode revisão
sistemática6demonstrouqueasprevalênciasresultantesdo
usodopontodecortededuashorasoumaisdetempode televisãoerammaiselevadasnosexomasculino,enquanto queaquelasderivadasdopontodecortedequatrohorasou maiserammaiselevadas nofeminino.6 Questõesculturais
tambémpodemajudaraentenderessasdiferenc¸as. Adoles-centesdosexofemininosãomaisincentivadasapermanecer maistempoemcasaesãocriadascommaiorescuidadospara sededicaremaosestudoseàstarefasdolar.24Issolevariaa
umamaioradoc¸ãodecomportamentos.
Maiorexposic¸ãodosadolescentesmaisjovensaotempo excessivo de tela pode ter relac¸ão com essa fase de ‘‘definic¸ão cultural’’doadolescente. Atéos14 a15 anos deidade,amaiorparte dasatividadesestádivididaentre aescola,astarefasdomésticas eosamigos.24 Nessafase,
os adolescentes seguem regras impostas pelos pais, que, em geral, limitam suas atividades ao ambiente do lar.24
Dessemodo,essesfatorescontribuemparaomaiortempo deusodedispositivoseletrônicoscomocomputador, vide-ogameeassistirà televisão.Essasatividades,estão entre asformas de interac¸ão social dos adolescentes(por meio das redessociais), e são tambémadotadas por grupos de amigos, o que reforc¸a a adoc¸ão desses comportamentos
pormeiodainfluênciasocialdosamigos.22 Omaior
envol-vimento em tempo excessivo de tela nessa idade pode indicarmenoscompromissossociaise menorrestric¸ãodos pais quanto ao tempo de uso do computador, videogame e televisão.13 Outra explicac¸ão é que, possivelmente, os
adolescentesmaisvelhos(porvoltados16 anosdeidade) estariamenvolvidosouseriamestimuladospelospaisafazer estágios, cursos e estudar para concursos ou entrada na universidade. Desse modo, o maior tempo de dedicac¸ão aos estudose outras atividades sociais limitaria o tempo de tela ou, naturalmente, diminuiria o interesse dessas atividades.
Amaiorexposic¸ãodosadolescentesdeclasseeconômica maisalta (A/B) ao tempoexcessivo detela observado no presenteestudo podeestar relacionada amaior possibili-dadedeosadolescentesdessasclassesteremvideogamee computadoremcasa,sobretudocomacessoàInternet.Os dadosdaPesquisaNacionaldaSaúdedoEscolar5mostraram
que,entreosescolaresdo9◦
Tabela3 Análisebrutaeajustadaparaassociac¸ãoentretempoexcessivodetelaefatoresassociadosemadolescentesdas redespúblicaeprivadadeJoãoPessoa,NordestedoBrasil,2009
Variáveis Tempoexcessivodetelaa
ORbruta(IC95%) p ORajustadab(IC95%) p
Sexo <0,001 <0,001
Feminino 1 1
Masculino 1,68(1,39-2,04) 1,49(1,2-1,84)
Cordapele 0,075
Branca 1
---Nãobranca 0,83(0,68-1,02)
---Faixaetária(anos) <0,001 <0,001
14-15 1,87(1,40-2,51) 1,46(1,07-2,00)
16-17 1,56(1,18-2,06) 1,31(1,30-2,51)
18-19 1 1
Classeeconômica <0,001 <0,001 AeB(alta) 3,54(2,56-4,91) 3,24(2,32-4,52)
C(média) 2,36(1,72-3,24) 2,27(1,64-3,13)
DeE(baixa) 1 1
Níveldeatividadefísica 0,002
Fisicamenteativos 1
---Fisicamenteinativo 1,33(1,11-1,60)
---Estadonutricional 0,140
Semexcessodepesocorporal 1
---Comexcessodepesocorporal 1,25(0,93-1,67)
---aAssistirtelevisão,usarocomputadorejogarvideogamepormaisdeduas horas/dia.
b Análiseajustadapelasvariáveissociodemográficas,níveldeatividadefísicaeestadonutricional.
--- Excluídadomodelofinalporapresentarvalorp>=0,20.
encontrados em outros estudos nacionais que usaram a medidadetempodetelevisãocomodesfechode compor-tamentosedentário.7,8 Coombs etal.25 observaram que a
relac¸ão entre tempo de tela e classe econômica variava conformeotipodecomportamentosedentário:os adoles-centesde menor nívelsocioeconômico permaneciammais tempo assistindo à televisão e menos tempo em outros comportamentossedentários,comofazerodeverdecasa, desenhar,usarocomputadoroujogarvideogame.
Deve-seressaltar que,mesmo tendoopresenteestudo utilizadootempoexcessivodetelacomoindicadorde com-portamento sedentário, em 2009, no estado da Paraíba, a proporc¸ão de domicílios que possuía computador era pequena(19%)comparadaàquepossuíatelevisão(95,5%).26
Desse modo, é possível que as diferenc¸as entre as clas-ses econômicas em relac¸ão ao tipo de comportamento sedentárioadotadosejamdecorrentesdomenoracessodos adolescentesdeclasses demelhorcondic¸ãoeconômica ao computadorevideogame,enquantoqueosquepertencem àsclassesmenosfavorecidaspodemtermaioracessoà tele-visão. Embora a televisão ainda seja um dos meios mais popularesdeentretenimentoelazeremtodasascamadas sociaiserepresenteamaiorparceladotempodetela, futu-rasinvestigac¸õesdevemincluiroutrostiposdedispositivos eletrônicoscomoousodoscelularese/outabletseoacesso àInternet,quesãomenosfrequentesnasclassesmaispobres dapopulac¸ão.
Nãofoiidentificadaassociac¸ãosignificativaentreexcesso de peso corporal e tempo excessivo de tela no presente estudo.Osestudosqueobservaramassociac¸ãopositivaentre tempodetelae excessodepeso corporal,namaioria das vezes,mediramapenasotempoassistindoàtelevisão.27,28
Revisãosistemáticadeestudostransversaisdemonstrouuma relac¸ãopositivaentretempodetelaeoexcessodepeso cor-poral,porémessasassociac¸õesnãoforamidentificadasnos estudosqueusarammedidasobjetivasdecomportamentos sedentários.14Corroborandoessesachados,umarevisãode
estudoslongitudinais,publicadaem2011,concluiuque exis-tiamevidênciasquesustentamaassociac¸ãoentretempode tela e excesso depeso corporal em adolescentes.29 Esses
resultadosdemonstraramqueaassociac¸ãoentretempode telaeexcessodepesopodevariardeacordocomo deline-amentodoestudoemedidadecomportamentosedentário usada.
Uma das explicac¸ões para a associac¸ão entre tempo excessivodetelaeexcessodepesocorporalnos adolescen-tespodeestarrelacionadaaomaiorconsumodealimentos não saudáveis,como refrigerantes, salgadinhos e gulosei-masàfrentedatelevisão,epelaexposic¸ãoapropagandas de fast-food, pois a televisão ainda é o principal meio de comunicac¸ão para veiculac¸ão de propagandas.30 Esses
Aausênciadeassociac¸ãosignificativaentretempo exces-sivo de tela e nível de atividade física identificada no presente estudo é semelhante ao de outros estudos com adolescentes.7,28 A atividade física e os comportamentos
sedentáriossãoconstrutosdistintos,com‘‘determinantes’’, fatorescorrelatosediferentesimplicac¸õesparaasaúde.2,12
Nesse contexto, uma pessoa pode ser fisicamente ativa (atenderàsrecomendac¸õesdeatividadefísicaparaasaúde) e ainda assim apresentar tempo excessivo em comporta-mentos sedentários.1 Revisões sistemáticas demonstraram
queaassociac¸ãoentrecomportamentossedentáriose ati-vidade física, quando significativas, tinham muito baixa magnitude14,31equeasintervenc¸õesparaaumentarosníveis
depráticadeatividadefísicanãoapresentavamefeitos sig-nificativos, de baixa magnitude para reduziro tempoem comportamentossedentários.32,33
Martinsetal.28verificaramquefatorescorrelatos
adver-sosparaapráticadeatividadefísicanãoestavamassociados aos comportamentos sedentários em adolescentes. Esses resultados sugerem que a exposic¸ão excessiva aos com-portamentos sedentários nãodecorre necessariamente de condic¸ões adversas para a prática de atividades físicas (menor percepc¸ão de autoeficácia, menos apoio social e ambientespráticadeatividadefísica).
Este estudo apresenta algumas limitac¸ões. Ter usado medidasautorreferidasdepesoeestaturarepresentauma delas,emdecorrênciadapossibilidadedeasmedidasserem subestimadas, sobretudo entre adolescentes com excesso depesocorporal.Noentanto,medidasautorreferidastêm sidoamplamenteempregadasemestudoscomgrandes gru-pospopulacionaiseosresultadostêmsemostradoválidos.34
Outralimitac¸ãofoinãotercoletadodadossobreoconsumo alimentar dos adolescentes. Hábitos alimentaresnão sau-dáveisse associamaoscomportamentos sedentários, bem comoaoexcessodepesocorporalnessapopulac¸ão.11,30Os
pontosfortesdesteestudoforam:usarumaamostra repre-sentativadapopulac¸ãodeadolescentesde14a19 anosde idadedeescolaspúblicaseprivadas domunicípiodeJoão Pessoa,PB,ecompoderparadetectaroddsratiocomo esta-tisticamentesignificativoscomvaloresiguaisousuperiores a1,20eprevalênciadodesfechonosexpostosvariandode 20%a85%.Amedida decomportamentosedentário envol-veudiferentesatividades,comoassistiràtelevisão,usaro computadorejogarvideogame,enãosóotempodianteda televisão. Outro ponto forte deste estudo foi usar um questionáriopreviamentetestado,comníveissatisfatórios de reprodutibilidade, aplicado por equipe previamente treinada.
Aprevalênciadotempoexcessivodetelafoielevadae osadolescentesdosexomasculino,osmaisjovenseosde classeeconômicamaisaltaforamosquesemostrarammais expostosaessedesfecho.Nãofoiencontradaassociac¸ão sig-nificativaentretempodetela,estadonutricionalenívelde atividadefísica dosadolescentes. Sãonecessários estudos longitudinaisutilizandomedidasobjetivasesubjetivaspara analisara relac¸ão doscomportamentos sedentárioscomo estadonutricional, hábitosalimentarese práticade ativi-dadefísicaemadolescentes.
Financiamento
Oestudonãorecebeufinanciamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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