• Nenhum resultado encontrado

Deriva de glyphosate e carfentrazone-ethyl sobre a severidade da ferrugem (Puccinia psidii) em clones de Eucalyptus grandis

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Deriva de glyphosate e carfentrazone-ethyl sobre a severidade da ferrugem (Puccinia psidii) em clones de Eucalyptus grandis"

Copied!
72
0
0

Texto

(1)

U

niversidade Federal de Minas Gerais

UFMG

Instituto de Ciências Agrárias - ICA

Mestrado em Produção Vegetal

DERIVA DE GLYPHOSATE E CARFENTRAZONE-ETHYL

SOBRE A SEVERIDADE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM

CLONES DE Eucalyptus grandis

SAMUEL ALVES DOS SANTOS

(2)

SAMUEL ALVES DOS SANTOS

DERIVA DE GLYPHOSATE E CARFENTRAZONE-ETHYL

SOBRE A SEVERIDADE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM

CLONES DE Eucalyptus grandis

Montes Claros – MG 2016

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Produção Vegetal, área de concentração em Produção Vegetal, do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Produção Vegetal.

Área de concentração: Produção Vegetal

(3)

Elaborada pela Biblioteca Comunitária em Ciências Agrárias do ICA/UFMG S237d

2016

Santos, Samuel Alves.

Deriva de glyphosate e carfentrazone-ethyl sobre a severidade da ferrugem (Puccinia psidii) em clones de Eucalyptus grandis / Samuel Alves dos Santos. Montes Claros, MG: Instituto de Ciências Agrárias/UFMG, 2016.

71 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) Universidade Federal de Minas Gerais, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo David Tuffi Santos.

Banca examinadora: Acelino Couto Alfenas, Fernando da Silva Rocha, Francisco André Ossamu Tanaka, Leonardo David Tuffi Santos.

Referências: f: 64-71.

1. Eucalipto. 2. Fisiologia. 3. Anatomia foliar. 4. Ultraestrutura foliar. 5. Patologia florestal. I. Santos, Leonardo David Tuffi. II. Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais. III. Título.

(4)

SAMUEL ALVES DOS SANTOS

DERIVA DE GLYPHOSATE E CARFENTRAZONE-ETHYL SOBRE A

SEVERIDADE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM CLONES DE Eucalyptus

grandis

Prof. Dr. Leonardo David Tuffi Santos

(Orientador - UFMG/ICA)

Aprovada em 22 de fevereiro de 2016.

Montes Claros - MG

(5)

DEDICO

Aos meus pais,

“por me ensinarem que o respeito, a honestidade e humildade são as maiores

virtudes de um homem. E que as maiores

riquezas quase sempre estão na simplicidade

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre ouvir minhas orações e atender meus pedidos.

À minha família e minha namorada Najara que, com muito apoio e carinho,

não mediram esforços para a conclusão desta etapa.

Ao meu orientador, o Prof. Leonardo David Tuffi Santos, pelo compromisso,

confiança e dedicação.

Aos meus coorientadores Prof. Acelino Couto Alfenas (UFV), Prof. Francisco

André Ossamu Tanaka (ESALQ/USP) e Prof. Bruno Francisco Sant’Anna dos Santos (UFPR) pela parceria e pela valorosa contribuição.

Ao Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais,

em especial ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Produção

Vegetal, berço da minha formação.

À Clonar Resistência a Doenças Florestais LTDA, pela disponibilização das

mudas clonais.

Ao Departamento de Fitopatologia da UFV por ceder infraestrutura

necessária à realização dos experimentos.

À toda equipe do Laboratório de Patologia Florestal Molecular da UFV, em

especial à Michele pelo auxílio na condução dos experimentos.

A Autieres Faria pela contribuição durante as aplicações dos herbicidas.

A Gilmar do Núcleo de Microscopia e Microanálise da UFV, pelo fornecimento

da solução de Karnovsky.

Ao Prof. Júlio César pelo empréstimo do Analisador portátil de fotossíntese

LI-COR 6400XT e ao Eduardo Medina pelo auxílio durante as avaliações

(7)

Ao Núcleo de Apoio a Pesquisa em Microscopia Eletrônica Aplicada na

Pesquisa Agropecuária (NAP/MEPA) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (ESALQ/USP), pelo suporte durante o processamento e análise

das amostras em anatomia e ultraestrutura.

Aos membros do GPPLAN (Grupo de Pesquisa em Plantas Daninhas), pelo

apoio e contribuição.

Aos meus amigos da república Monastério: Mathias, Demerson, Gabriel e

Ronie, pelo convívio e amizade.

À coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pela bolsa de mestrado e auxílio financeiro.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),

pelo aporte financeiro.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

(8)

RESUMO

A ação de herbicidas pode alterar a severidade da ferrugem (Puccinia psidii)

do eucalipto. Este trabalho teve como objetivos: (i) avaliar a tolerância dos

clones de eucalipto aos herbicidas carfentrazone-ethyl e glyphosate; (ii)

avaliar a severidade da ferrugem; (iii) avaliar os efeitos dos herbicidas na

anatomia e ultraestrutura foliar e na fisiologia dos clones; e (iv) avaliar a

histopatologia da interação patógeno-hospedeiro. Para instalação dos

experimentos, foram utilizados dois clones de Eucalyptus grandis, sendo um

resistente (G-21), e outro suscetível (G-33) a P. psidii. As subdoses

herbicidas testadas foram testemunha, 86.4 g e.a. ha-1 de glyphosate, 3.0 g

e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl e a mistura de 86.4 g e.a. ha-1 de glyphosate

+ 3.0 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl. Dois dias após a aplicação (DAA) dos

herbicidas, foi realizada a inoculação do patógeno. Para análises anatômicas

e ultraestruturais, foram coletadas amostras foliares nos tempos zero, 6, 12 e

21 dias após a inoculação (DAI). A taxa fotossintética, a condutância

estomática e o rendimento efetivo do fotossistema II foram avaliados aos 4 e

23 DAA. A tolerância dos clones aos herbicidas e a severidade da ferrugem

foram avaliadas ao final dos experimentos com 23 DAA e 21 DAI,

respectivamente. Plantas dos dois clones apresentaram alterações na

anatomia foliar como erosão de ceras epicuticulares, degeneração de células

epidérmicas e parenquimáticas, sobretudo quando expostas à aplicação de

carfentrazone-ethyl e mistura. Plantas expostas à aplicação herbicida

apresentaram acúmulo de grãos de amido nos cloroplastos. O clone G-33 foi

o mais afetado e apresentou maior fitointoxicação, menor crescimento, menor

produção de massa seca e maior redução dos parâmetros fisiológicos

quando tratado com a mistura herbicida, seguida das subdoses isoladas de

carfentrazone-ethyl e glyphosate, respectivamente. O crescimento, o

desenvolvimento e os parâmetros fisiológicos do clone G-21 não foram

afetados pela subdose isolada de carfentrazone-ethyl. A manifestação da

doença ocorreu apenas no clone suscetível a P. psidii. Plantas do clone

G-33, expostas aos herbicidas, apresentaram menor severidade da ferrugem.

(9)

apresentaram abaixo do ponto de infecção camadas de células

parenquimáticas em intensa divisão celular, além de uma “pré-pústula” com desenvolvimento reduzido em relação às plantas testemunha. Aos 12 DAI, as

pústulas estavam totalmente formadas e com grande produção de

urediniósporos nas plantas testemunha. Entretanto, as plantas expostas à

aplicação apresentaram, abaixo do ponto infecção, tecido de

compartimentalização estratificado entre duas a quatro camadas, limitando a

área colonizada pelo fungo, além de pústulas sem produção de esporos ou

com produção reduzida. A fitointoxicação e a redução na taxa fotossintética,

decorrentes da ação dos herbicidas, estão correlacionadas com a redução da

severidade da doença no clone G-33. Conclui-se que o clone G-33 é mais

sensível aos herbicidas testados. E que a deriva dos herbicidas glyphosate e

carfentrazone-ethyl, aplicados de forma isolada ou em mistura, não altera o

nível de resistência do clone resistente a P. psidii (G-21), no entanto, reduz a

severidade da ferrugem do eucalipto nas plantas do clone suscetível (G-33),

sobretudo quando usados em mistura.

Palavras-chave: Eucalipto. Fisiologia. Anatomia foliar. Ultraestrutura foliar.

(10)

ABSTRACT

The action of herbicides could affect the severity level of rust (Puccinia psidii)

of eucalyptus. The present study aimed to: (i) assess the tolerance of the

eucalyptus clones to carfentrazone-ethyl and glyphosate; (ii) assess the

severity of rust; (iii) evaluate the effects of the herbicides in anatomy and leaf

ultrastructure and physiology of clones; and (iv) evaluate the histopathology of

host-pathogen interaction. For installation the experiments were used two

Eucalyptus grandis clones, one resistant (G-21), and other susceptible (G-33)

to fungus P. psidii. The herbicides doses tested were zero, 86.4 g a.e. ha-1 of

glyphosate, 3.0 g a.e. ha-1 of carfentrazone-ethyl and mixture (86.4 g a.e. ha-1

of glyphosate + 3.0 g a.e. ha-1 of carfentrazone-ethyl). Two days after

application (DAA) of herbicides, was performed the inoculation of the

pathogen. For anatomical and ultrastructural analysis, leaf samples were

collected at: zero; 6; 24: 21 days after inoculation (DAI). The photosynthetic

rate, stomatal conductance and the effective yield of photosystem II were

evaluated at 4 and 23 DAA. The tolerance of the eucalyptus clones to

herbicides and rust severity were assessed at the end of the experiments (23

DAA and DAI 21, respectively). Plants of the two clones showed changes in

leaf anatomy, as erosion of epicuticular waxes, degeneration of epidermal

cells and parenchyma, especially when exposed to application of

carfentrazone-ethyl and mixture. In addition, plants exposed to herbicide

application showed an accumulation of starch granules in the chloroplasts.

The G-33 clone was the most affected, with higher phytotoxicity, lower growth,

lower dry matter production and greater reduction of physiological

parameters, when treated with the herbicide mixture, followed by single doses

of carfentrazone-ethyl and glyphosate, respectively. The growth, development

and physiological parameters of the G-21 clone were not affected by the

single dose of carfentrazone-ethyl. The disease occurred only in clone

susceptible to P. psidii. The plants of G-33 clone, exposed to herbicides had

lower disease severity. At 6 DAI, plants of this clone, that were exposed to

herbicide application, showed below the point of infection, layers of

(11)

reduced development when it compared to the control plants. At 12 DAI, the

pustules were fully formed and with great production of urediniospores in

control plants. However, plants exposed to the herbicides application

presented, below the point of infection, compartmentalization fabric with two

until four layers, limiting the area colonized by the fungus, and pustules with

no or reduced production of spores. The phytointoxication and the reduction in

photosynthetic rate, due to herbicide action, are correlated with the decrease

on severity of rust in the G-33 clone. In summary, it is concluded that G-33

clone is more sensitive to herbicides. And that the drift of the herbicides

(glyphosate and carfentrazone-ethyl), applied alone or in mixture, does not

alter the level of resistant of the G-21 clone. However, reducing the rust

severity of de Eucalyptus in the plants of the susceptible clone (G-33),

especially when used in mixture.

Keywords: Eucalyptus. Physiology, Leaf anatomy, Leaf ultrastructure, Forest

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DAT - Dias após transplantio

NPK - Nitrogênio; fósforo; potássio

MSPA - Massa seca da parte aérea

DAA - Dias após aplicação

DAI - Dias após inoculação

IMc - Índice de McKinney

Iafi - Índice de área foliar infectada

NMUP - Número médio de urediniósporos produzidos

MIP - Manejo Integrado de Pragas

MEV - Microscopia eletrônica de varredura

MET - Microscopia eletrônica de transmissão

Ep - Epiderme

PP - Parênquima paliçádico

Es - Estômato Ct - Cutícula

Ti - Tilacóide

Cl - Cloroplasto

Pr - Peroxissomo

GA - Grão de amido

TF - Taxa fotossintética líquida

CE - Condutância estomática

Hi - Hifas fúngicas Ur - Urediniósporos

µm - Micrômetros

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ação herbicida indireta sobre os mecanismos de

defesa estruturais de plantas aos patógenos (B-E) e

direta sobre a germinação de esporos ou crescimento

de hifas (F-G). A. Hospedeiro sem mecanismos de

defesa; Esporos (Es) germinam e hifas (Hi) penetram

de forma direta através de apressórios (Ap) ou por

aberturas naturais. B. Na presença de tricomas (Tr) os

esporos germinam, mas não atingem a epiderme. C.

Cutícula espessa (Ct) e ceras epicuticulares (CE)

formam barreiras à penetração. D. Efeito dos

herbicidas sobre os tricomas favorece a penetração.

E. Degeneração das ceras epicuticulares e cutícula, facilitando a penetração. F e G. Moléculas herbicidas

(MH) inibem a germinação de esporos... 30

Figura 2 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte

basal da copa, exposta à aplicação, de clones de

Eucalyptus grandis 24 horas após aplicação. A, B, E e

F. Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. C,

D, G e H. Folhas com sintomas de intoxicação. Setas

indicam pontos necróticos causados pelo

carfentrazone-ethyl. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de

glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl.

Barras = 1cm... 38

Figura 3 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte

apical da copa, protegida da aplicação, de clones de

Eucalyptus grandis 10 dias após aplicação. A, E e G.

Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. B,

C, D, F, G e H. Folhas com sintomas de intoxicação

com clorose na borda e ápice foliar. Mistura = 86,4 g

(14)

carfentrazone-ethyl. Barras = 1cm... 39

Figura 4 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte

apical da copa, protegida da aplicação, de clones de

Eucalyptus grandis 23 dias após aplicação. A, E e G.

Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. B,

C, D, G e H. Folhas com sintomas de intoxicação com

clorose distribuída por todo limbo foliar. Mistura = 86,4

g e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

carfentrazone-ethyl. Barras = 1cm... 40

Figura 5 - Microscopia eletrônica de varredura. Efeito da deriva

dos herbicidas na face abaxial de folhas da parte basal

da copa, exposta à aplicação, em clones de

Eucalyptus grandis 2 dias após aplicação. A-B. Células

do complexo estomático com turgor e ceras

epicuticulares com conformação característica a

espécie. C-H. Ceras epicuticulares erodidas (asteríscos). E e G. Degeneração de parede, seta

indica ruptura da cutícula (Ct) nas células guardas do

complexo estomático. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de

glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl.

Barras = 25 µm... 42

Figura 6 - Microscopia eletrônica de varredura. Efeito da deriva

dos herbicidas na face adaxial de folhas da parte basal

da copa, exposta à aplicação, em clones de

Eucalyptus grandis 2 dias após aplicação. A-B.

Células epidérmicas com turgor e ceras epicuticulares

com conformação característica à espécie. C-H. Ceras

epicuticulares erodidas (asteríscos). Mistura = 86,4 g

e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

carfentrazone-ethyl. Barras = 25 µm... 43

Figura 7 - Microscopia de luz. Efeito da deriva dos herbicidas em

(15)

clones de Eucalyptus grandis 2 dias após aplicação.

A-D. Células com conformação e turgor característico

à espécie. E-H. Células epidérmicas degradadas

(asteriscos); células parenquimáticas com perda de

turgor (setas). Abreviações: Ep – epiderme; PP – parênquima paliçádico; PL – parênquima lacunoso; Es

– estômato. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl. Barras = 25

µm... 44

Figura 8 - Microscopia eletrônica de transmissão. Efeito da

deriva dos herbicidas em folhas da parte apical da

copa, protegida da aplicação, de clones de Eucalyptus

grandis 14 dias após aplicação. A. Cloroplasto de uma

folha sadia (planta testemunha) com os tilacóides (Ti)

perfeitamente organizados em granum. B. Cloroplasto

(Cl) de uma folha clorótica (planta exposta à deriva

dos herbicidas) com tilacóides totalmente

desorganizados. C. Célula de folha oriunda de uma

planta testemunha. Nas amostras analisadas não

foram observadas presença de peroxissomos. D.

Célula de planta exposta à deriva de

carfentrazone-ethyl com presença de peroxissomos (Pr); detalhe

evidenciando tal organela. Barras = 1 µm... 46

Figura 9 - Microscopia eletrônica de transmissão. Acúmulo de

grãos de amido nos cloroplastos de folhas da parte

apical da copa, protegida da aplicação, de Eucalyptus

grandis 14 dias após aplicação. A-B. Cloroplastos sem

grão de amido. C-H. Cloroplastos com presença de

grãos de amido (setas). Abreviações: Cl – cloroplasto; GA – grão de amido. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl.

(16)

Figura 10 - Rendimento efetivo do FS II (A), Taxa fotossintética

líquida (B) e Condutância estomática (C) 4 dias após

aplicação dos herbicidas. Letras minúsculas

comparam as médias dentro de um mesmo clone,

enquanto que as maiúsculas dentro do mesmo

tratamento herbicida. Médias seguidas das mesmas

letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade de erro. Barras = erro padrão da

média. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g

e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl... 48

Figura 11 - Rendimento efetivo do FS II (A), taxa fotossintética

líquida (B) e condutância estomática (C) 23 dias após

aplicação dos herbicidas. Letras minúsculas

comparam as médias dentro de um mesmo clone,

enquanto que as maiúsculas dentro do mesmo

tratamento herbicida. Médias seguidas das mesmas

letras não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade de erro. Barras = erro padrão da

média. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g

e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl... 49

Figura 12 - Fitointoxicação (A), altura total (B) e massa seca da

parte aérea (C) 23 dias após aplicação dos herbicidas.

Letras minúsculas comparam as médias dentro de um

mesmo clone, enquanto que as maiúsculas dentro do

mesmo tratamento herbicida. Médias seguidas das

mesmas letras não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade. Barras = erro padrão da

média. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g

e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl... 53

Figura 13 - Espectro de infecção de Puccinia psidii na face abaxial

das folhas de clones de Eucalyptus grandis 21 dias

(17)

grande produção de esporos. B-D. Folhas de plantas

expostas aos herbicidas: detalhe evidencia pústulas

com pontos secos, aparentemente com produção

reduzida de urediniósporos. E-H. Folhas do clone

resistente sem presença de infecção. Mistura = 86,4 g

e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

carfentrazone-ethyl... 55

Figura 14 - Severidade da ferrugem no Clone G-33, suscetível a Puccinia psidii. A. Índice de McKinney. B. Índice médio

de área foliar infectada. C. Número médio de

urediniósporos. Médias justapostas seguidas das

mesmas letras não diferem entre si pelo teste de

Tukey a 5% de probabilidade. Barras = erro padrão da

média. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g

e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl.... 56

Figura 15 - Microscopias de luz e eletrônica de varredura. Efeito

da deriva dos herbicidas na formação das pústulas 6

dias após a inoculação de Puccinia psidii em plantas

do clone G-33. A-B. Pré-pústulas grandes. C, E e G.

*Ocorrência de divisão celular na região abaixo da

infecção (asteríscos). D e F. Pré-pústula com

desenvolvimento reduzido. H. Pré-pústula má-formada

(sem produção de esporos). Abreviações: Ep -

epiderme; PP - parênquima paliçádico; Hi - hifas.

Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1

de carfentrazone-ethyl. Barras = 50 µm... 58

Figura 16 - Microscopias de luz e eletrônica de varredura. Efeito

da deriva dos herbicidas nas pústulas 12 dias após a

inoculação de Puccinia psidii em plantas do clone

G-33. A-B. Pústulas com alta produção de

urediniósporos (Ur). C e E. Tecido de

(18)

células. D e F. Pústulas com produção reduzida de

esporos. G. Tecido de compartimentalização com três

camadas. H. Pústula seca (sem produção de

urediniósporos). Abreviações: Ep - epiderme; PP -

parênquima paliçádico; Hi - hifas. Mistura = 86,4 g e.a.

ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

(19)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise de correlação entre as variáveis estudadas

para determinar a tolerância dos clones aos

herbicidas... 52

Tabela 2 - Análise de correlação entre as variáveis estudadas

para determinar a tolerância aos herbicidas e as

variáveis características da severidade da ferrugem

(20)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...20

2. REFERENCIAL TEÓRICO...22

2.1. Importância dos herbicidas glyphosate e carfentrazone-ethyl em florestas de eucalipto...22

2.2. Efeitos da deriva de herbicidas em culturas...23

2.3. Ferrugem do eucalipto: importância e ciclo de relações patógeno-hospedeiro...24

2.4. Mecanismos de defesa das plantas aos patógenos...26

2.5. Herbicidas X doenças de plantas...27

3. MATERIAL E MÉTODOS...31

3.1. Obtenção das mudas...31

3.2. Instalação dos experimentos...31

3.3. Aplicação dos herbicidas...32

3.4. Inoculação do patógeno...32

3.5. Avaliação da tolerância dos clones aos herbicidas...33

3.6. Avaliação da severidade da ferrugem...33

3.7. Análises fisiológicas...34

3.8. Anatomia e ultraestrutura foliar...35

3.9. Análise estatística...36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...37

4.1. Tolerância dos clones aos herbicidas...37

4.1.1. Efeitos dos herbicidas na morfologia, anatomia e ultraestrutura foliar e na fisiologia das plantas...37

4.1.2. Fitointoxicação, altura total e massa seca da parte aérea...51

4.2. Severidade da ferrugem e histopatologia da interação Puccinia psidii X Eucalyptus grandis...54

5. CONCLUSÃO...63

(21)

20

1. INTRODUÇÃO

O uso de herbicidas para controle de plantas daninhas em plantios de

eucalipto tem levantado questionamentos sobre impactos negativos ao

ambiente e à cultura. Dentre eles, está a alteração no nível de severidade da

ferrugem do eucalipto causada pelo fungo Puccinia psidii (TUFFI-SANTOS et

al., 2007; TUFFI-SANTOS et al., 2011).

Dentre os cinco herbicidas registrados para uso em eucalipto no Brasil

(AGROFIT, 2016), o glyphosate é o mais utilizado, principalmente pelo seu

amplo espectro de ação e baixo custo. Em razão principalmente da pressão

de seleção, em áreas com aplicação constantes de glyphosate existem

diversos relatos de plantas daninhas resistentes à molécula (NEVE et al.,

2003; VARGAS et al., 2007; DUKE; POWLES, 2008; POWLES, 2008;

BECKIE, 2011; NORSWORTHY et al., 2011; GREEN, 2012; SHANER et al.,

2012). Por apresentar eficiência desejável sobre plantas daninhas resistentes

ao glyphosate, como Commelina ssp. (WERLANG; SILVA, 2002), o herbicida

carfentrazone-ethyl tem sido bastante utilizado como alternativa ou em

mistura ao glyphosate. Outro fato importante é que dentre os herbicidas

registrados para a cultura, apenas o glyphosate e o carfentrazone-ethyl são

aceitos pelas certificadoras para ser utilizado em florestas de eucalipto (FSC,

2015).

Glyphosate e carfentrazone-ethyl são herbicidas não seletivos ao

eucalipto, por isso as aplicações devem ser realizadas de forma dirigida

sobre as plantas daninhas, evitando o contato indesejado com a cultura

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2011). Mesmo tomando esse cuidado, durante as

aplicações parte do produto pode sofrer arraste pelo vento e atingir as

plantas de eucalipto por deriva (TUFFI-SANTOS et al., 2006). Quando isso

ocorre, as plantas de eucalipto podem apresentar murcha, clorose e necrose

nas folhas (TUFFI-SANTOS et al., 2006), o que pode afetar o crescimento e

(22)

21

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) consiste na gestão de técnicas de

manejo de plantas daninhas, insetos, patógenos, nematoides, artrópodes e

vertebrados bem como de suas interações (SANYAL; SHRESTHA, 2008).

Nessa concepção, o estudo da influência da deriva de herbicidas sobre a

severidade de doenças é de extrema importância, pois, a época em que são

intensificadas as aplicações herbicidas para manejo de plantas daninhas

coincide com a fase em que o eucalipto apresenta condições favoráveis à

ocorrência da ferrugem em campo. A ferrugem do eucalipto afeta

preferencialmente tecidos jovens e brotações (ALFENAS et al., 2009).

Apesar de ser doença comum em viveiros, jardins e minijardins clonais, a

ferrugem pode ser problema em plantas no campo de até dois anos de idade

(ZAUZA et al., 2008), já que, logo após o plantio, as plantas encontram-se em

grande crescimento vegetativo com grande quantidade de tecidos tenros.

Embora existam trabalhos que constataram que a deriva do herbicida

glyphosate reduz a severidade da ferrugem em mudas de eucalipto

(TUFFI-SANTOS et al., 2007; TUFFI-(TUFFI-SANTOS et al., 2011), ainda não é bem

esclarecido como os efeitos da deriva de herbicidas sobre plantas de

eucalipto contribuem para a redução da severidade da ferrugem. Nesse

contexto, objetivou-se com o presente trabalho: (i) avaliar a tolerância de dois

clones de Eucalyptus grandis aos herbicidas carfentrazone-ethyl e

glyphosate; (ii) avaliar a severidade da ferrugem em plantas previamente

expostas à deriva desses herbicidas; (iii) avaliar as alterações causadas pela

deriva na anatomia e ultraestrutura foliar e na fisiologia das mudas de

eucalipto; e (iv) analisar em microscopia de luz e eletrônica de varredura e de

(23)

22

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Importância dos herbicidas glyphosate e carfentrazone-ethyl em florestas de eucalipto

O manejo de plantas daninhas representa uma das práticas mais

importantes no cultivo do eucalipto. Sem controle, a interferência das plantas

daninhas pode acarretar perdas de até 40% na produtividade da floresta

(TAROUCO et al., 2009). No caso das empresas florestais, que geralmente

cultivam extensas áreas, a escassez de mão de obra, associada à

necessidade de atingir elevados índices de produtividade com menor custo

de produção, tem levado ao aumento no uso de herbicidas para controle de

plantas daninhas.

O glyphosate é o principal herbicida utilizado na eucaliptocultura, pelo

seu baixo custo e amplo espectro de ação. O ambiente aliado ao uso

frequente do mesmo herbicida pode favorecer a seleção de indivíduos

tolerantes e/ou resistentes a um ou mais mecanismos de ação herbicida

(HANSON et al., 2013). Em áreas com uso constante de glyphosate, existem

diversos relatos de plantas resistentes à molécula desse herbicida (NEVE et

al., 2003; VARGAS et al., 2007; DUKE; POWLES, 2008; POWLES, 2008;

BECKIE, 2011; NORSWORTHY et al., 2011; GREEN, 2012; SHANER et al.,

2012). Assim, a mistura de herbicidas com mecanismos de ação distintos,

mas com efeito sinérgico, aumenta o espectro de ação e melhora

consideravelmente a eficiência de controle (KUMAR; JHA, 2015;

McCULLOUGH et al., 2015; WALSH et al., 2015; WALSH et al., 2014).

O herbicida carfentrazone-ethyl possui boa eficiência sobre plantas

daninhas tolerantes ao glyphosate como trapoerabas (Commelina sp.)

(WERLANG; SILVA, 2002). Dentre os produtos registrados para uso em

eucalipto (AGROFIT, 2016), além do glyphosate, apenas o herbicida

carfentrazone-ethyl é permitido pelas certificadoras para ser utilizado (FSC,

2015). A certificação florestal é de grande importância, pois, produtos

(24)

23

forma, esse herbicida tem sido testado e bastante utilizado em plantios

comerciais de eucalipto, tanto em aplicações isoladas ou em mistura ao

herbicida glyphosate, já que os dois herbicidas apresentam efeito sinérgico

(WERLANG; SILVA, 2002).

Glyphosate e carfentrazone-ethyl são herbicidas não seletivos ao

eucalipto, por isso as aplicações devem ser realizadas de forma dirigida

sobre as plantas daninhas, evitando o contato indesejado com a cultura

(RODRIGUES; ALMEIDA, 2011). Mesmo tomando esse cuidado, parte do

produto pode sofrer arraste pelo vento durante as aplicações, fenômeno

conhecido por deriva, ou mesmo de forma direta atingir as plantas de

eucalipto (TUFFI-SANTOS et al., 2006).

2.2. Efeitos da deriva de herbicidas em culturas

Herbicidas não seletivos apresentam efeito tóxico quando em contato

com as culturas. Portanto, ao utilizar esses herbicidas, as aplicações devem

ser realizadas de forma dirigida sobre as plantas daninhas, evitando o

contato indesejado com plantas da cultura. Ainda que seja tomada essa

precaução, parte do produto pode sofrer arraste pelo vento e atingir as

culturas por deriva (SILVA; SILVA, 2012).

Os efeitos negativos da deriva de herbicidas em culturas são

comprovados por diversos estudos (YAMASHITA; GUIMARÃES, 2005;

TUFFI-SANTOS et al., 2009; MACHADO et al., 2010; COSTA et al., 2012).

No Eucalipto, por exemplo, a intoxicação é caracterizada pela presença de

folhas cloróticas, podendo, em alguns casos, evoluir para necrose, redução

no crescimento e morte da planta (TUFFI-SANTOS et al., 2006).

Herbicidas, em geral, afetam a fisiologia e o metabolismo das plantas.

Plantas expostas a aplicações de glyphosate apresentam redução na

produção de açúcares, aminoácidos e proteínas (MACHADO et al., 2010;

LANGARO et al., 2014; VARGAS et al., 2014), e na taxa respiratória

(25)

24

afeta o crescimento e desenvolvimento das plantas, o que limita o incremento

de matéria seca na parte aérea (GUSMÃO et al., 2011; FRANÇA et al., 2010;

TIBURCIO et al., 2012).

O efeito de adjuvantes presentes na formulação comercial dos

herbicidas pode provocar degeneração de tricomas, da cutícula e erosão das

ceras epicuticulares (TUFFI-SANTOS et al., 2009; SANTOS et al., 2015),

afetando as barreiras naturais das plantas à penetração de patógenos.

Adicionalmente, herbicidas podem alterar a síntese de produtos oriundos do

metabolismo secundário como as fitoalexinas, que são compostos com

propriedades antimicrobianas (RIZZARDI et al., 2003), bem como aumentar a

atividade de enzimas ligadas aos mecanismos de defesa das plantas

(PEREIRA et al., 2009). O que pode interferir de forma positiva ou negativa

na severidade de doenças.

2.3. Ferrugem do eucalipto: importância e ciclo de relações

patógeno-hospedeiro

O fungo Puccinia psidii Winter, agente causal da ferrugem do eucalipto,

está amplamente distribuído pela América do Sul e Central (GLEN et al.,

2007) e encontra-se em ampla dispersão mundial, com relatos no Japão

(KAWANISHI et al., 2009), China (ZHUANG; WEI, 2011), Austrália

(CARNEGIE; LIDBETTER, 2012) e nos EUA, mais precisamente nos estados

da Flórida, Califórnia e Havaí (MELLANO, 2006; UCHIDA et al., 2006).

Recentemente, foi relatada sua ocorrência na Indonésia (McTAGGART et al.,

2016). No Brasil, o primeiro relato do fungo em eucalipto foi em 1944, em

mudas de Corymbia citriodora no Rio de Janeiro (JOFFILY, 1944). Além do

eucalipto, P. psidii afeta diversas espécies de plantas da família Myrtaceae

(CARNEGIE; LIDBETTER, 2012).

Em condições de ambiente favorável, P. psidii infecta

preferencialmente tecidos tenros como folhas, botões florais, frutos e ramos

(ALFENAS et al., 2009). Por isso, a doença é mais observada em cepas,

(26)

25

em plantas com até dois anos de idade (ZAUZA et al., 2008). Em genótipos

altamente suscetíveis pode causar ainda deformações, necroses, hipertrofia,

minicancros e morte das porções terminais de crescimento (ALFENAS et al.,

2009).

Embora existam fungicidas registrados para uso na cultura do

eucalipto, a estratégia mais eficiente e econômica para o manejo da doença

consiste no uso de genótipos resistentes. Manter a doença abaixo do nível de

dano econômico é importante, já que, sem adoção de medidas de controle,

as perdas de produtividade são consideráveis.

P. psidii é um fungo biotrófico, assim necessita de tecidos hospedeiro

vivos para infectar e colonizar. Sua sobrevivência é baseada em estruturas

denominadas urediniósporos, que quando depositados sobre a superfície

foliar do hospedeiro, em condições de umidade favorável, germinam e

penetram de forma direta através da formação de apressório (XAVIER et al.,

2015).

A formação da hifa primária é observada entre 12 e 18 horas após a

inoculação. A partir dessa hifa primária formam-se, dentro das células do

hospedeiro, os haustórios, que são estruturas ramificadas que servem para o

patógeno nutrir-se de substâncias oriundas do metabolismo celular do

hospedeiro (XAVIER et al., 2001).

Em hospedeiros suscetíveis, a partir de três dias após a inoculação

(DAI), ocorre ramificação das hifas fúngicas, a fim de colonizar os tecidos

hospedeiros. Aos 6 DAI, é possível observar hipertrofia dos tecidos

colonizados (XAVIER et al., 2001). A formação das pústulas, sintoma mais

característico da doença, ocorre a partir exposição da massa de

urediniósporos aos 9 DAI (XAVIER et al., 2001). Visualmente, essa massa de

esporos apresenta coloração ferrugínea/amarelada (ALFENAS et al., 2009).

A relação entre patógeno-hospedeiro é muito íntima e equivalente a

uma batalha em que os envolvidos desenvolveram uma série de mecanismos

(27)

26

2.4. Mecanismos de defesa das plantas aos patógenos

Após contato com a superfície das plantas, o patógeno infecta e

coloniza os tecidos hospedeiros, enquanto que esses também utilizam de

mecanismos para se defender da infecção (AMORIM; PASCHOLATI, 2011).

Os mecanismos de defesa das plantas aos agentes patogênicos são

classificados como estruturais e bioquímicos. Dentre os diversos mecanismos

de defesa, existem aqueles que já estavam presentes nas plantas antes do

contato com o patógeno e outros que são estimulados em resposta à

infecção. Quando já presentes nos tecidos hospedeiros, antes da infecção,

dizemos que fazem parte dos mecanismos pré-formados. Já quando são

produzidos em reposta à infecção, são chamados de pós-formados

(STANGARLIN et al., 2011).

A superfície foliar é o primeiro obstáculo encontrado pelos patógenos.

Folhas com grande quantidade de tricomas podem envolver esporos fúngicos

e impedir que, mesmo após germinação, não consigam atingir as demais

células epidérmicas e penetrar no hospedeiro. Plantas de feijoeiro com maior

densidade de tricomas apresentaram maior tolerância à antracnose (JERBA

et al., 2005). Após os tricomas, a presença de cutícula mais espessa

associada à deposição de ceras epicuticulares, sobretudo na região da

cavidade estomática, são barreiras importantíssimas à penetração

(REINA-PINTO; YEPHREMOV, 2009). Os estômatos são a principal via de

penetração por aberturas naturais (AMORIM; PASCHOLATI, 2011). Nesse

sentido, a densidade estomática pode ser outro mecanismo importante de

defesa das plantas contra a penetração (PAZ-LIMA et al., 2010).

Como resposta à infecção, destacam-se a formação de halos, papilas,

zonas de lignificação ou de abscisão e tilose (AMORIM; PASCHOLATI,

2011). As papilas são projeções das células epidérmicas com intuito de

aumentar o espaço entre a parede celular e a membrana no exato local onde

(28)

27

resistência a Fusarium culmorum em trigo está associada à formação de

papilas (KANG; BUCHENAUER, 2000). Zonas de suberização ou camadas

de abscisão são fundamentais para evitar a progressão da doença. Após a

infecção, a zona de suberização isola o patógeno em determinada área já

contaminada do hospedeiro e dificulta o fluxo de água e nutrientes do

hospedeiro para o fungo e o trânsito de toxinas e enzimas do patógeno para

o hospedeiro (STANGARLIN et al., 2011).

Na relação patógeno-hospedeiro, os mecanismos bioquímicos

produzidos pelas plantas são mais versáteis. Dentre as substâncias

pré-formadas, têm-se: ácido clorogênico, ácido protocatecóico e catecol, α -tomatina, avenacinas, tuliposídeos, glicosídeos fenólicos, inibidores protéicos

e enzimas de defesa vegetal. Em meio aos compostos de defesa formados

após a infecção, podemos citar as espécies reativas de oxigênio, o óxido

nitroso e as fitoalexinas (STANGARLIN et al., 2011). Oriundas do

metabolismo secundário, as fitoalexinas possuem propriedades

antimicrobianas e são produzidos pelas plantas em resposta a estresses

físicos, químicos ou biológicos (AMORIM; PASCHOLATI, 2011;

STANGARLIN et al., 2011).

2.5. Herbicidas X doenças de plantas

Os herbicidas podem interferir direta ou indiretamente sobre os

mecanismos de defesa das plantas aos patógenos (FIGURA 1d-e), como

também diretamente sobre a germinação e o crescimento de fungos

fitopatogênicos (FIGURA 1f-g). Em ambos os casos, podem afetar de forma

positiva ou negativa a severidade de doenças em culturas.

Os efeitos de adjuvantes sobre os mecanismos de defesa estruturais

pré-formados podem favorecer a penetração dos patógenos ao hospedeiro.

Ao promover perda de turgor e degeneração dos tricomas, o espaço entre o

esporo fúngico e a superfície foliar é reduzido, o que possibilita que, após a

germinação, as hifas fúngicas penetrem no hospedeiro (FIGURA 1d). Além

(29)

28

adjuvante, facilita a penetração (FIGURA 1e). Pulverizações em folhas de

Brassica napus com os herbicidas dalapon, carbetamida e propizamida

reduziram a quantidade e alteraram a forma das ceras epicuticulares, o que,

favoreceu a infecção por Cylindrosporium concentricum (RAWLINSON et al.,

1978).

O efeito herbicida é mais complexo e depende do mecanismo de ação

do herbicida utilizado. O glyphosate é um herbicida não seletivo e seu

mecanismo de ação afeta a rota do ácido chiquímico, precursor envolvido na

defesa de plantas a patógenos, destacando-se: taninos, antocianinas, ácido

salicílico, lignina, flavonas, isoflavonas e cumarinas (BUCHANAN et al., 2000;

SRIVASTAVA, 2001). Dessa forma, plantas sensíveis previamente expostas

ao glyphosate podem tornar-se mais vulneráveis ao ataque de patógenos.

Por outro lado, o glyphosate pode apresentar efeitos prejudiciais

diretos sobre a germinação de esporos fúngicos (FIGURA 1f) ou no

crescimento de hifas fúngicas (FIGURA 1g). A rota do chiquimato é afetada

pelo herbicida glyphosate e também está presente em fungos e bactérias

(RICHARDS et al., 2006), por isso a importância desse herbicida no manejo

de agentes fitopatogênicos. O glyphosate inibiu o crescimento de Rhizoctonia

solani, Ceratocystis fimbriata, Cryphonectria cubensis, Phytophthora capsici,

Macrophomina phaseolinea, Sclerotium rolfsii, Fusarium oxysporum e

Mirothecium roridum, que são fungos causadores de doenças importantes em

feijoeiro, mangueira, eucalipto, pimentão e tomateiro (ROSA et al., 2010).

Efeito inibitório desse herbicida também foi relatado por Tuffi Santos et al.

(2011) sobre a germinação e crescimento in vitro de Puccinia psidii causador

da ferrugem do eucalipto.

Outro grupo importante é constituído pelos herbicidas inibidores da

PROTOX, como o herbicida carfentrazone-ethyl. Ao inibir a síntese dessa

enzima, ocorre acúmulo de protoporfirinogênio IX, que, na presença de luz e

de oxigênio, resulta na formação de espécies reativas de oxigênio (SILVA;

SILVA, 2012), que são compostos importantes na defesa de plantas aos

(30)

pós-29

formados (STANGARLIN et al., 2011). Por outro lado, plantas sensíveis

tratadas com esses herbicidas apresentam pontos necróticos nas folhas, já

que, na presença de luz, essas espécies reativas de oxigênio acionam a

peroxidação de lipídeos, resultando na morte celular por degeneração das

membranas plasmáticas. Tal fato reduz a infecção por patógenos biotróficos,

que obrigatoriamente necessitam de tecido hospedeiro vivo para se instalar e

reproduzir (BEDENDO, 2011).

Além do efeito direto sobre o patógeno ou indireto sobre os

mecanismos de defesa das plantas aos patógenos, as plantas daninhas

podem ser hospedeiras em potencial para uma gama variada de agentes

fitopatogênicos (NTIDI et al., 2012; ALTINOK, 2013; GONÇALVES et al.,

2015). Nesse sentido, o uso de herbicidas para manejo de plantas daninhas

representa grande importância no surgimento e severidade de algumas

doenças. O uso de herbicidas é a principal estratégia utilizada para o manejo

da podridão radicular causada por Rhizoctonia solani e Rhizoctonia oryzae

em cultivos de cevada (BABIKER et al., 2011). Em três anos de experimentos

em campo, os autores supracitados observaram que, quando o manejo

químico de plantas daninhas com glyphosate era empregado, houve redução

significativa da gravidade da doença na safra seguinte (BABIKER et al.,

2011). Entretanto, a ação herbicida leva à redução da biodiversidade vegetal

nas áreas cultivadas decorrente do controle de plantas daninhas. E a

presença de uma espécie cultivada isoladamente pode favorecer certas

doenças (ALTIERE, 1999).

Outro ponto importante é a influência do uso de herbicidas sobre

insetos, que muitas vezes podem atuar como vetores, sobretudo em doenças

causadas por vírus (GUTIÉRREZ et al., 2013; MAUCK et al., 2015). Egan et

al. (2014) observaram redução de três espécies de herbívoros e o aumento

(31)

30

Figura 1 - Ação herbicida indireta sobre os mecanismos de defesa estruturais de

plantas aos patógenos (B-E) e direta sobre a germinação de esporos ou

crescimento de hifas (F-G). A. Hospedeiro sem mecanismos de defesa;

Esporos (Es) germinam e hifas (Hi) penetram de forma direta através de

apressórios (Ap) ou por aberturas naturais. B. Na presença de tricomas

(Tr) os esporos germinam, mas não atingem a epiderme. C. Cutícula

espessa (Ct) e ceras epicuticulares (CE) formam barreiras à penetração.

D. Efeito dos herbicidas sobre os tricomas favorece a penetração. E.

Degeneração das ceras epicuticulares e cutícula, facilitando a

penetração. F e G. Moléculas herbicidas (MH) inibem a germinação de

esporos.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2016, a partir de informações extraídas dos trabalhos

WYSS; MÜLLER-SCHÄRER, 2001; LARSON et al., 2006; TUFFI-SANTOS et al.,

2009; ROSA et al., 2010; AMORIM; PASCHOLATI, 2011; STANGARLIN et al., 2011;

(32)

31

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Obtenção das mudas

Para condução dos experimentos foram utilizadas mudas de dois

clones de Eucalyptus grandis, G-21 e G-33, previamente classificados como

resistente (JUNGHANS et al., 2003a) e suscetível, respectivamente. As

mudas foram cultivadas e cedidas pela Clonar Resistência a Doenças

Florestais LTDA. Aos 60 dias de idade, estas foram transplantadas para

vasos de 2l, contendo substrato MecPlant® enriquecido com 1,3kg de fosfato

super simples e 600g de Osmocote® (NPK, 19-6-10) para cada 100kg de

substrato. Durante o transplantio cada muda recebeu 100ml de solução de

MAP®. Em seguida, foram mantidas em casa de vegetação até o momento

da inoculação. Vinte dias após transplantio (DAT) as mudas se encontravam

com altura entre 30-40cm e bem galhadas (aproximadamente 10 galhos).

3.2. Instalação dos experimentos

O trabalho foi realizado em dois ensaios consecutivos, sendo o

primeiro em fevereiro de 2015 e o segundo em abril do mesmo ano,

mantendo-se as mudas e o método, à exceção da concentração de inóculo.

Após o término do primeiro, ensaio, as plantas foram podadas, para retirada

dos galhos que receberam aplicação herbicida e de folhas que estavam

infectadas. Posteriormente, as plantas foram adubadas com 100 ml/planta de

solução do adubo Biofert Universal® (NPK: 6-4-4), diluído em água (1:100).

As plantas permaneceram em repouso por 20 dias. Em seguida, quando não

apresentavam mais sintomas de intoxicação causada pelo herbicida, foi

realizado o segundo ensaio.

Em ambos os ensaios, utilizou-se delineamento experimental em

blocos casualizados com 10 repetições, em esquema fatorial 2 x 4 (dois

clones e quatro subdoses de herbicidas). Para cada parcela experimental, foi

considerado um vaso contendo uma planta de eucalipto. Os herbicidas

(33)

32

SPOTLIGHT® e o glyphosate na formulação ROUNDUP ORIGINAL®. As

subdoses testadas foram 0 (controle); 6% da dose máxima recomendada

pelo fabricante (50g e.a. ha-1) de carfentrazone-ethyl; 6% da dose

recomendada (1440g e.a. ha-1) de glyphosate; e a dose em mistura (6%

carfentrazone-ethyl + 6% de glyphosate).

3.3. Aplicação dos herbicidas

No primeiro ensaio, a aplicação foi realizada aos 20 DAT das mudas,

enquanto no segundo ensaio, ela foi realizada em abril (20 dias após o

término do primeiro ensaio). Ambas as aplicações foram realizadas

simulando deriva no terço inferior da copa das plantas de eucalipto.

Utilizou-se pulverizador costal pressurizado por CO2, equipado com barra contendo

dois bicos modelo TT 110.02, calibrado para aplicar 150 L ha-1 de calda. Para

evitar contato do produto com outras partes da planta, a parte superior da

copa foi protegida por saco plástico no momento da aplicação, de modo a

deixar apenas a porção inferior da copa (aproximadamente 3 galhos) exposta

ao produto.

3.4. Inoculação do patógeno

A inoculação foi realizada dois dias após a aplicação dos herbicidas.

Utilizou-se o isolado UFV-2 de Puccinia psidii (raça 1), obtidos de plantas de

Eucalyptus grandis em Itapetininga, São Paulo, Brasil (XAVIER et al., 2001),

cuja coleção encontra-se depositada na micoteca da UFV. O isolado foi

previamente multiplicado em mudas de Jambo (Sygyzium jambos) (RUIZ et

al., 1989). Os urediniósporos produzidos foram coletados aos 12 dias após

inoculação em Jambo, e, para inoculação nas plantas de eucalipto,

preparou-se suspensão com concentração de 2x104 mL-1 para o primeiro ensaio, e de

2x105 mL-1 para o ensaio realizado em abril.

A suspensão de urediniósporos foi atomizada homogeneamente em

ambas as faces do limbo foliar, por toda planta, com o auxílio de atomizador

(34)

33

aferir a eficiência da inoculação, foram distribuídas aleatoriamente, em meio

às plantas de eucalipto, três plantas de Jambo (espécie suscetível a

ferrugem). As mudas inoculadas foram mantidas em câmara de nevoeiro, no

escuro, por 24 horas e posteriormente levadas para câmara de crescimento

com temperatura ajustada para 22oC, com fotoperíodo de 12 horas (RUIZ et

al., 1989) e intensidade luminosa de 130 µmoles de fótons m2 s-1.

3.5. Avaliação da tolerância dos clones aos herbicidas

A tolerância dos clones aos herbicidas foi avaliada através do

percentual de fitointoxicação, do crescimento das plantas em altura e da

produção de massa seca da parte aérea (MSPA). As avaliações de

fitointoxicação foram realizadas aos 23 dias após a aplicação (DAA), através

de observações visuais, em que se adota escala de 0 a 100%, na qual zero é

a ausência de intoxicação e 100% a morte da planta. Observações diárias

durante todo o período de condução dos ensaios foram realizadas para

avaliação de possíveis sintomas de intoxicação causados pelos herbicidas.

Ao final do ensaio 2, para avaliar o crescimento, foi mensurada a altura

total entre a base do substrato até o ápice de todas as plantas. Em seguida,

as plantas foram coletadas rente ao substrato e armazenadas em sacos de

papel. Após secagem em estufa de ventilação forçada ajustada para 65°C, as

plantas foram pesadas diariamente durante cinco dias até atingirem peso

constante.

3.6. Avaliação da severidade da ferrugem

A avaliação da severidade foi realizada aos 21 DAI, através do índice

de McKinney (IMc), índice médio de área foliar infectada e do número médio

de urediniósporos produzidos. Para isso, em cada planta, foram marcados

três galhos representativos do estágio de infecção da planta e em cada galho

foram escolhidas duas folhas.

Para gerar o índice de incidência da doença, foi realizada avaliação

(35)

34

de severidade (S0, S1, S2 e S3) (JUNGHANS et al., 2003b), sendo S0=0,

S1=1, S2=2 e S3=3. O índice de McKinney (MCKINNEY, 1923; modificado

por COOKE, 2006) foi calculado de acordo com a seguinte fórmula:

Imc % =∑ f x vN x X x

na qual: f = classe de infecção; v = número de folha que apresentou cada

classe; N = total de folhas avaliadas; X = maior valor entre as classes (nota

3).

As duas folhas escolhidas de cada ramo para avaliar o IMc foram

coletadas e fotografadas. As imagens foram submetidas ao software de

análise de imagem, Image Pro-Plus Versão 4.5, para determinação do índice

de área foliar infectada (Iafi), obtido através da divisão da área infectada pela

área sadia. Após obtenção das imagens, foram retirados de cada folha, com

auxílio de furador de 6mm de diâmetro, dois discos, que foram colocados em

tubo do tipo Eppendorfs de 2 mL, no qual foi adicionado 10 µL de Tween 20®,

sendo o volume completado com água destilada. Após homogenização em

agitador magnético por um minuto, 170µL da suspensão foi transferida para

câmera de Neubauer, e a contagem do número médio de uredinióporos

produzidos (NMUP) foi realizada em duplicata, em microscópio de luz.

3.7. Análises fisiológicas

A fisiologia dos clones de eucalipto foi avaliada aos quatro e aos 23

DAA, em folhas expandidas da parte apical da copa (protegida da aplicação).

Os parâmetros avaliados foram a condutância estomática, a taxa

fotossintética líquida e o rendimento efetivo do fotossistema II, sendo esse

último, obtido através da fluorescência da clorofila a. Para determinar a troca

de gases da folha foi utilizado analisador portátil de fotossíntese LI-6400 XT.

Durante a avaliação, utilizou-se luz interna controlada, na intensidade de

1000 µmoles de fótons m2 s-1 e CO

(36)

35

leituras foram feitas em triplicatas e registradas quando o coeficiente de

variação (CV) do aparelho se encontrava abaixo de 5%.

3.8. Anatomia e ultraestrutura foliar

Para avaliar os efeitos dos herbicidas na anatomia e ultraestrutura

foliar nas plantas de eucalipto e a histopatologia da interação Puccinia psidii

X Eucalyptus grandis, amostras foliares foram coletadas para análise em

microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura e de transmissão.

As coletas foram realizadas aos 0, 2, 6 e 12 dias após inoculação

(DAI). A coleta no tempo zero, exclusivamente com intuito de avaliar os

efeitos provocados pelo herbicida foi realizada imediatamente antes da

inoculação e em folhas de galhos do terço inferior da copa sujeitas à

aplicação do herbicida. As demais coletas foram realizadas em folhas da

parte apical da copa. As amostras foram fixadas em solução de Karnovsky

(KARNOVSKY, 1965) e, para melhor penetração da solução fixadora, estas

foram colocadas em dessecador, sendo o ar retirado com bomba de vácuo

(0,1mmHg) por 20 minutos.

Para análise em microscopia de luz, as amostras foram desidratadas

em série crescente de etanol (30, 50, 70, 90 e 100%, sendo esta última

lavagem repetida 3 vezes) e polimerizadas em resina acrílica tipo metacrilato.

Cortes transversais com 7 µm de espessura foram obtidos em micrótomo

rotativo manual Reichert, corados em azul de toluidina pH=4,0 (O‘BRIEN; McCULLY, 1981) e montados em lâmina e lamínula, utilizando como meio de

montagem o Entellan®. Após observação, foi realizada documentação

fotográfica, utilizando microscópio de luz (modelo Zeiss Axioskop 2) com

câmera digital acoplada (modelo MRC3).

Para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), as

amostras foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio 1%, desidratadas em série

de acetona (30, 50, 70, 90 e 100%, repetindo-se a última lavagem 3 vezes) e

secas ao ponto crítico (modelo Balzers CPD 030). Após montagem em

“stubs” utilizando fita de carbono dupla face, as amostras receberam

(37)

36

o material foi analisado em microscópio eletrônico de varredura (modelo

Zeiss LEO 435-VP), sendo as imagens registradas em arquivos digitais.

Para análise em microscopia eletrônica de transmissão (MET), as

amostras foram retiradas do Karnovsky lavadas por três sessões (10 minutos

cada) em tampão cacodilato a 0,05M e pós-fixadas em tetróxido de ósmio 1%

por uma hora. Em seguida, contrastadas em acetato de uranila a 0,5%

(pernoite), desidratadas em acetona (30, 50, 70, 90 e 100%, sendo esta

última lavagem repetida 3 vezes) e polimerizadas em resina (SPURR),

permanecendo em estufa a 70°C por período de três dias. Após obtenção

dos bloquinhos (material polimerizado), foram realizados cortes ultrafinos

(70nm de espessura), que foram contrastados com acetato de uranila e

citrato de chumbo (REYNOLDS, 1963), sendo observados ao microscópio

eletrônico de transmissão.

3.9. Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando

pertinente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de

significância. Dados avaliados nos dois ensaios como a fitointoxicação e os

dados de severidade da ferrugem tiveram os resultados processados e

analisados através da análise conjunta de dados (OLIVEIRA, 1993). As

variáveis quantitativas estudadas foram submetidas ao teste de correlação de

(38)

37

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Tolerância dos clones aos herbicidas

4.1.1. Efeitos dos herbicidas na morfologia, anatomia e ultraestrutura foliar e na fisiologia das plantas

Folhas da parte basal da copa das plantas de eucalipto expostas à

aplicação de 3g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl, apresentaram pontos

cloróticos e necróticos 24h após aplicação (FIGURA 2). Na parte apical da

copa, protegida da aplicação, os sintomas começaram a aparecer aos 10

dias após aplicação (DAA) (FIGURA 3).

Plantas dos clones G-33 e G-21 submetidas à aplicação dos herbicidas

apresentaram clorose no ápice e bordas foliares (FIGURAS 3b-d, f, h).

Porém, nas plantas do G-21 expostas a 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl,

nenhum sintoma visual de intoxicação foi observado (FIGURA 3g).

Os sintomas evoluíram e, aos 23 DAA, as plantas dos dois clones que

receberam as aplicações dos herbicidas apresentaram clorose distribuída por

todo o limbo foliar (FIGURA 4), à exceção das plantas do clone G-21

submetidas à subdose isolada de carfentrazone-ethyl. Estas não

apresentaram sintomas de intoxicação na parte apical da copa (FIGURA 4g).

O carfentrazone-ethyl é um herbicida de efeito rápido. Plantas

sensíveis tratadas com esse herbicida acumulam protoporfirinogênio IX, que

na presença da luz, catalisa a formação do oxigênio singleto, responsável

pela peroxidação de lipídeos e degeneração das membranas plasmáticas

(SILVA; SILVA, 2012). Assim, pontos necróticos de coloração marrom ou

palha (FIGURA 2) são os sintomas mais característicos da intoxicação por

carfentrazone-ethyl, os quais podem aparecer no mesmo dia da aplicação do

produto. Tais sintomas também foram observados por Tuffi-Santos et al.

(2006), em plantas de eucalipto aos dois dias após aplicação (DAA).

Entretanto, o herbicida glyphosate possui efeito mais lento. Embora existam

relatos do surgimento de clorose em eucalipto aos 4 e aos 6 dias após

(39)

38

presente trabalho, os primeiros sintomas foram observados aos 10 DAA.

Essa diferença na velocidade de aparecimento dos sintomas de intoxicação

pode estar ligada à dose do glyphosate utilizada e ao genótipo envolvido.

Figura 2 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte basal da copa, exposta à aplicação, de clones de Eucalyptus grandis 24 horas após aplicação. A,

B, E e F. Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. C, D, G e H.

Folhas com sintomas de intoxicação. Setas indicam pontos necróticos

causados pelo carfentrazone-ethyl. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de

glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl. Barras = 1cm.

(40)

39

Figura 3 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte apical da copa, protegida da aplicação, de clones de Eucalyptus grandis 10 dias após

aplicação. A, E e G. Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. B,

C, D, F, G e H. Folhas com sintomas de intoxicação com clorose na borda

e ápice foliar. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

carfentrazone-ethyl. Barras = 1cm.

(41)

40

Figura 4 - Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte apical da copa, protegida da aplicação, de clones de Eucalyptus grandis 23 dias após

aplicação. A, E e G. Folhas sem presença de sintomas de intoxicação. B,

C, D, G e H. Folhas com sintomas de intoxicação com clorose distribuída

por todo limbo foliar. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 deglyphosate + 3 g e.a. ha

-1 de carfentrazone-ethyl. Barras = 1cm.

(42)

41

Em relação aos efeitos na anatomia e ultraestrutura foliar, plantas

tratadas com subdoses de glyphosate e carfentrazone-ethyl, aplicados

isoladamente, apresentaram células com ceras epicuticulares erodidas nas

faces abaxial (FIGURA 5) e adaxial (FIGURA 6) da epiderme. Além da

erosão das ceras epicuticulares, plantas do clone G-33 expostas à deriva de

ethyl e da subdose em mistura (glyphosate +

carfentrazone-ethyl) apresentam perda de turgor e ruptura da cutícula das células-guardas

do estômato (FIGURAS 5e, g).

Em corte transversal, nota-se que o efeito mais prejudicial avaliado aos

dois dias após aplicação dos herbicidas foi provocado pela aplicação de

carfentrazone-ethyl (FIGURA 7). Folhas dos dois clones diretamente

expostas à aplicação do referido herbicida apresentaram células da epiderme

adaxial e dos parênquimas paliçádico e lacunoso degradadas (FIGURAS

7e-h).

A erosão de ceras epicuticulares e degeneração da cutícula,

decorrentes do efeito de adjuvantes presentes na formulação comercial dos

herbicidas, também já foram relatados anteriormente para o eucalipto

(TUFFI-SANTOS et al., 2009) e para outras plantas (RAWLINSON et al.,

1978; SANTOS et al., 2015; TUFFI-SANTOS et al., 2015).

O herbicida carfentrazone-ethyl inibe a síntese da enzima

protoporfirinogênio oxidase, que nas plantas, encontra-se nos cloroplastos

(SILVA; SILVA, 2012). Isso pode explicar a degeneração de células de

parênquima paliçádico, que é o tecido mais fotossintéticamente ativo, bem

como a desorganização dos tilacoides dos cloroplastos, observadas em

(43)

42

Figura 5 - Microscopia eletrônica de varredura. Efeito da deriva dos herbicidas na

face abaxial de folhas da parte basal da copa, exposta à aplicação, em

clones de Eucalyptus grandis 2 dias após aplicação. A-B. Células do

complexo estomático com turgor e ceras epicuticulares com conformação

característica a espécie. C-H. Ceras epicuticulares erodidas (asteríscos).

E e G. Degeneração de parede, seta indica ruptura da cutícula (Ct) nas

células guardas do complexo estomático. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de

glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl. Barras = 25 µm.

(44)

43

Figura 6 - Microscopia eletrônica de varredura. Efeito da deriva dos herbicidas na

face adaxial de folhas da parte basal da copa, exposta à aplicação, em

clones de Eucalyptus grandis 2 dias após aplicação. A-B. Células

epidérmicas com turgor e ceras epicuticulares com conformação

característica à espécie. C-H. Ceras epicuticulares erodidas (asteríscos).

Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de

carfentrazone-ethyl. Barras = 25 µm.

(45)

44

Figura 7 - Microscopia de luz. Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte basal da copa, exposta à aplicação, de clones de Eucalyptus grandis 2

dias após aplicação. A-D. Células com conformação e turgor

característico à espécie. E-H. Células epidérmicas degradadas

(asteriscos); células parenquimáticas com perda de turgor (setas).

Abreviações: Ep – epiderme; PP – parênquima paliçádico; PL –

parênquima lacunoso; Es – estômato. Mistura = 86,4 g e.a. ha-1 de

glyphosate + 3 g e.a. ha-1 de carfentrazone-ethyl. Barras = 25 µm.

Imagem

Figura 2 -  Efeito da deriva dos herbicidas em folhas da parte basal da copa, exposta  à aplicação, de clones de Eucalyptus grandis 24 horas após aplicação
Tabela  1  -  Análise  de  correlação  entre  as  variáveis  estudadas  para  determinar a tolerância dos clones aos herbicidas

Referências

Documentos relacionados

Na Figura 5, estão apresentados os ajustes dos dados de massa seca total de plantas de Eucalyptus grandis após a deriva simulada de glyphosate em três locais

Severidade da ferrugem do eucalipto em plantas tratadas com indutores de resistência bióticos e abióticos, avaliados 15 dias após inoculação com Puccinia

Constatou-se variabilidade nas duas espécies avaliadas, bem como entre as procedências dentro de cada espécie, havendo plantas com graus de severidade S0 (grau mínimo) a S3

Utilização de análise de segregantes agrupados na identificação de marcadores ligados a genes que controlam a resistência à ferrugem (Puccinia psidii Winter) em Eucalyptus sp...

O estudo de Walton, desenvolvido em 1973, define as seguintes dimensões para a análise da qualidade de vida no trabalho na busca da satisfação dos

Figura 07 – Produção média, por unidade de área, de basidiosporos pelos teliossoros de Puccinia psidii submetidos a diferentes temperaturas.. entre as

Abstract – The objective of this work was to evaluate the long-term effects of the surface application of lime on soil fertility and on the mineral nutrition and grain yield

usitatissimum em ratas que foram submetidas à ovariectomia, foi observado que o extrato: - Aumentou a frequência da fase pró-estro do ciclo estral; - Nas três doses utilizadas,