1 Endereço:SQN206BlocoGap.603,Brasília,DF,Brasil70844-070. E-mail:aderson@unb.br
ProlongamentodaAmamentaçãoapóso
PrimeiroAnodeVida:ArgumentosdasMães
KarinaCamilloCarrascoza UniversidadeEstadualdeCampinas
ÁdersonLuizCostaJunior1
UniversidadedeBrasília GlauciaMariaBoviAmbrosano AntônioBentoAlvesdeMoraes UniversidadeEstadualdeCampinas
RESUMO–Oobjetivodesteestudofoiidentificareanalisarasjustificativasreferidaspormãesparaprolongaroaleitamento maternodeseusfilhosalémdoprimeiroanodevidadacriança.Ametodologiaenvolveuoestudode40mãescujosfilhos eramatendidospeloCentrodePesquisaeAtendimentoOdontológicoparaPacientesEspeciais–Cepae–daFaculdadede OdontologiadePiracicaba–UNICAMP.Paraqueamãefosseincluídanoestudo,deveriaestaramamentandodepoisdo12º mêsdevidadacriança.Asparticipantesforamentrevistadasindividualmente,utilizando-seumquestionárioespecífico.Todas asentrevistasforamgravadasemáudio.Osresultadosmostraramqueomotivomaisreferidopelasmãesparaamanutenção daamamentaçãofoioprazermaterno.Tambémfoiobservadoqueaproximidademãe-bebêfavoreceoprolongamentodo aleitamento. Estudos ainda são requeridos para obtenção de análises funcionais mais precisas de variáveis que levam ao prolongamentoouinterrupçãodoaleitamentomaterno.
Palavras-chave:amamentação;aleitamentomaternoprolongado;relaçãomãe-bebê.
ProlongedBreastfeeding:Mother’sArguments
ABSTRACT–Thispaperaimstoidentifyandanalyzethereasonspointedbymotherstoprolongbreastfeedingbeyondthe firstyearofthechild’slife.Thestudyinvolved40motherswhosechildrenweretreatedinthePreventiveProgramofResearch andDentalTreatmentCenterforSpecialPatients–DentalSchoolofPiracicaba–UNICAMP.Thegroupconsistedofmothers whoprolongedthebreastfeedingbeyondthebaby’sfirstyearoflife.Allmothersweresurveyedbyaresearcherusingaspecific questionnaire.Inordertoavoidinformationloss,theinterviewsweretaped,thentranscripted.Resultsshowedthatthemain causeoftheextendedbreastfeedingwas“maternalpleasure”.Itwasalsoobservedthatthemotherandinfantattachmentfavors prolongedbreastfeedingoccurrence.Furtherstudiesshouldbecarriedoutformoreaccuratefunctionalanalysesofvariable thatleadtoextendbreastfeedingortowean.
Keywords:breastfeeding;prolongedbreastfeeding;mother-infantrelationship.
Adivulgaçãodeinformaçõesdestanatureza,pordiversos meios de comunicação científica e de senso comum, tem multiplicado os esforços jurídicos, sociais, políticos e de propagandadirigidosaoincentivodapráticadoaleitamento materno como a estratégia mais exeqüível à redução da mortalidade pós-neonatal (Escuder, Venâncio & Pereira, 2004). No entanto, enquanto uma parcela significativa de mãesdesmamaseusfilhosprecocemente,utilizando-sede umaamplavariabilidadedeargumentos,desdeleitefraco, fome excessiva do bebê e falta de experiência (Ramos & Almeida,2003)atéinfluênciaadversadosavósdacriança (Susin,Giugliani&Kummer,2005),outraparte,menosnu-merosa,mantémoaleitamentomaternocomtantosucesso que,muitasvezes,percebe-secertograudedificuldadena obtençãododesmame,levandoaoprolongamentodaama-mentaçãoporperíodossuperioresa1ou2anosdevidada criança(Kummer&cols.,2000).
SegundoArantes(1995),emcertasocasiões,ovínculo mãe-bebê,reforçadoduranteapráticadaamamentação,pode tornar-setãointensoapontodedificultaroprocesso,também
natural, de desmame. Nestes casos, o desmame pode ser encaradocomoumaexperiênciadeseparação,afastamento eatéabandono,sendo,muitasvezes,sugeridocomomais dolorosoparaamãedoqueparaaprópriacriança.
Emboraaindanãoseobserve,naliteratura,umaunanimi-dadequantoàépocaidealparaainterrupçãodoaleitamento materno, Monte e Giugliani (2004) destacam que novos conhecimentossobreaalimentaçãoinfantil,adquiridosnas últimas décadas, produziram mudanças significativas nas atuaisrecomendaçõesalimentaresdecriançasamamentadas emrelaçãoàsrecomendaçõesanteriores.Osalimentoscom-plementares,porexemplo,têmsidointroduzidosemumaidade maisprecisa,apartirdos6mesesdevida.Novosmétodos de promoção da alimentação saudável da criança têm sido recomendados,incluindoocuidadocomomanuseio,preparo, administraçãoearmazenamentodosalimentoseorespeitoe adequaçãoàscaracterísticasculturaisdecadapopulação.Neste sentido,Grummer-Strawn(1993)jáchamavaaatençãopara divergênciasemrelaçãoaumapossívelnormaparaaexecução dodesmame,especialmentenoquesereferiaàvariabilidadede crençaseatitudesdesaúdedeindivíduosexpostosadiferentes contextossocioeconômicoseculturais.
Diferençassocioeconômicassobreoprocessodeama-mentação,abordadasporPrentice(1991),apontaramque, empaísesindustrializados,oprolongamentodoaleitamento maternoteminfluênciareduzidasobreascondiçõesdesaúde esobreoprocessodecrescimentofísicodascrianças.No entanto, em áreas de carência socioeconômica, especial-mentedepaísesemdesenvolvimento,oprolongamentoda amamentaçãoapósoprimeiroanodevidapareceexercerum benefícionutricionalsignificativoaoprocessodecrescimento físicoedesenvolvimentodascrianças.
BriendeBari(1989),aoavaliaroimpactodaamamen- taçãosobreoestadonutricionaleascondiçõesdesobrevi-vênciadeumaamostrade1087crianças,comidadeentre 12 e 35 meses, da zona rural de Blangladesh, mostraram umresultadoaparentementecontraditório,istoé,ummaior percentualdecriançasdesnutridasentreasqueestavamem aleitamentomaternodoqueentreaquelasqueinterromperam aamamentaçãoantesdoprimeiroanodevida.Entretanto, oriscodeóbitoeraseisvezesmaiorentreascriançasnão amamentadasdoqueentreasqueestavamemaleitamento eapresentavamdesnutrição.Emboraessesdadosapontem paraaprevalênciadeumapossívelcondiçãodedesnutrição materna,tambémsãofavoráveisaoincentivodoaleitamento maternoalémdoprimeiroanodevidadacriança,especial-mente em comunidades com condições socioeconômicas precárias,comomeiodecombateroselevadosíndicesde mortalidadeinfantildestaspopulações.
RaoeKanade(1992)tambémdefendemoprolongamento daamamentaçãoemcomunidadesexpostasacondiçõesde carênciasocialeeconômica.Osautoresestudaramosefeitos doaleitamentomaternoprolongado(após1anodevidada criança)sobreaprevalênciadedesnutriçãoemorbidadede 395 crianças de zona rural da Índia. A amamentação de-monstrouefeitobenéficoesignificativosobreareduçãoda morbidadedecriançasapósoprimeiroanodevida.Paraos autores,oúnicotipodealimentodisponívelparaascrianças eraoleitematernoeaindaexistiaumasituaçãodealtorisco decontaminaçãobiológicaduranteapreparaçãodeoutros
alimentos,especialmentequandoconsideradasasinadequa-dascondiçõesdehigieneedesaneamentobásico.
Já em populações expostas a melhores condições socioeconômicas,istoé,rendafamiliarequivalenteamais decincosaláriosmínimos,porexemplo,apreocupaçãocom aprevençãodamortalidadeinfantilémenor.Alémdeme-lhorescondiçõesambientaisdesaúde,acessoàeducaçãoe saneamentobásico,hámaiordisponibilidadeparaadiscussão emelhorcompreensãodeoutrasquestõesrelacionadasao prolongamentodaamamentação,comomá-nutrição,recusa dealimentossólidoseocorrênciadecáries(Rao,Hediger, Levine,Naficy&Vik,2002).
A associação entre duração da amamentação e estado nutricional,porexemplo,foiestudadaporVictora,Vaughan, Martines e Barcelos (1984) com a participação de 802 crianças.Observou-sequeaprevalênciadesubnutriçãofoi menoremcriançasamamentadasentre3e12mesesdeidade. Porém,apósestaidade,osindicadoresantropométricosdo estadonutricionalpioravamcomoprolongamentodaama-mentação.Ascriançasqueaindaestavamsendoamamentadas apósoprimeiroanodevida,nomomentodacoletadedados, tinhamumaprevalênciasignificativamentemaiordebaixo pesoporestaturadoqueaquelasquetinhamsidototalmente desmamadas.
Brakohiapaecolaboradores(1988)estudaram202crian- çasemumhospitaldacidadedeAccra,emGhana,obser-vandoqueaquelasqueestavamsendoamamentadasnopeito apósoprimeiroanodevida,apresentavam-sedesnutridas. Osresultadosmostraramqueantesdodesmame(interrupção completadaamamentaçãonatural),aingestãodenutrientes paratodasascriançasdesnutridasestavaabaixodametade donormal.Dezcriançasrealizaramodesmameeaingestão denutrientesfoielevadaparaníveisacimadosconsiderados normais.Jáascincocriançasquecontinuaramrecebendoo leitematernomantiveramosníveisdenutrientesabaixodo esperado.Osautoressugeremquequandoacriançaestáem aleitamentomaterno,apósos12mesesdeidadeesemostra relutanteemreceberalimentossólidos,odesmamedeveser efetuado.
A associação entre a amamentação e a prevalência de cáriestambémvemsendoestudada.PaulaeDadalto(2000), porexemplo,realizaramumlevantamentoepidemiológico com 311 crianças, de 0 a 3 anos de idade, residentes no município de Serra (ES), no dia da Campanha Nacional deMultivacinação.Observou-sequeentreascriançasde2 anosemeioa3anos,omaioríndicedecáriefoiencontrado naquelas que foram amamentadas por mais de 1 ano de vida,evidenciandoumapotencialgravidadedadoençacárie quandoaamamentaçãoéprolongadaeoscuidadosdehigiene bucalnãosãoadequadosousuficientesparaaprevençãode transtornosbucais.
Sobrearelaçãoentreamamentaçãoedesenvolvimento cognitivodecrianças,Giugliani(2003)destacaquecerca de70%dosestudospublicadossobreotema,independente da abordagem metodológica, apontam que o aleitamento maternoconstitui-seemumpotencialpromotordodesen-volvimento cognitivo, avaliado com diferentes escores e instrumentospsicológicos.
pelasmãesparajustificaroprolongamentodaamamentação, poucaatençãotemsidodada,pelaliteratura,àvariabilidade dos argumentos verbalizados pelas mães e que sustentam oaleitamentonaturalporperíodossuperioresaoprimeiro anodevidadacriança.SegundoKendall(1993),asemo-çõeseoscomportamentosdosindivíduos,bemcomosuas justificativas,sãoinfluenciadospelapercepçãodoseventos ambientaisdisponíveiseporcrençasincorporadasapartirde experiênciaspassadas.Umconhecimentomaissistematizado dosargumentosadotadospelasmãesparaprolongaroalei- tamentonaturalpoderiaauxiliarospesquisadoreseprofis-sionaisdesaúdeaadotaremestratégiasmaiseficientespara adesãoaoaleitamentomaterno,desmistificaçãodecrenças epensamentosdisfuncionaissobreaamamentaçãoeseus efeitos, bem como fornecer indicadores comportamentais mais precisos acerca dos momentos mais adequados para promoverodesmame.
Oobjetivodesteestudofoidescrevereanalisaros motivosmaternosreferentesaoprolongamentodoperíodode amamentaçãoparaalémdoprimeiroanodevidadacriança. Paratanto,asinformaçõesobtidasjuntoàsmãessãocon-sideradasàluzdaquelasdescritaspelaliteratura.Oestudo tambémcaracterizaaquantidadedemamadasearelação comohábitodedormirdascrianças.
Método
Participantes
A amostra foi selecionada a partir de 347 mães que ingressaramnoCentrodePesquisaeAtendimentoOdon-tológicoparaPacientesEspeciais(Cepae),daFaculdadede OdontologiadePiracicaba(FOP),daUniversidadeEstadual deCampinas(UNICAMP),noperíododemarçode2002a outubrode2003equetinhamfilhoscommaisde1anode idade.Das347mães,43mantinhamoaleitamentomaternode seusfilhosalémdoprimeiroanodevidae40(representando 93%daamostraelegível)foramselecionadasaleatoriamen-te.ATabela1mostraaidadedascriançasnomomentoda coletadosdados.
ApesardeoCepaerealizar,também,oatendimentode pacientesportadoresdedeficiênciasfísicase/oumentais,a amostra deste estudo foi constituída apenas por pacientes sadios, atestados por suas fichas de saúde, considerados especiaispelofatodeseencontrarememumafasedode-senvolvimentoquerequerumambientedecuidadoseum sistemadiferenciadodeatendimentoàsnecessidadesbásicas desaúde.
ContextoderealizaçãodoEstudo
OCepaepossuiumaequipemultidisciplinarcomposta porcirurgiões-dentistas,psicólogos,fonoaudiólogosenutri- cionistas.NesseCentro,acriançarecebecuidadospreven-tivosdesaúdebucalegeral,desdeaépocagestacionaleaté completar5anosdeidade,pormeiodevisitasperiódicas ao serviço. Durante esse período, a equipe disponibiliza, além de atendimento odontológico agendado e emergen-cial,informaçõesnutricionaisepsicológicasetreinamento fonoaudiológico para a díade mãe-criança. A filosofia de atendimento multidisciplinar tem por objetivo garantir a manutençãodoaleitamentomaternoexclusivoatéosexto mêsdevida,enfatizandoanãoutilizaçãodebicosartificiais quepodemprecipitarodesenvolvimentodehábitosdesucção oralesuasconseqüênciasdeletérias.
Instrumentos
Asinformaçõesdasmãesforamobtidaspormeiodeum questionárioelaboradoespecificamenteparaesteestudo.O questionário,constuídopor19questõesfechadas,coletava informaçõessobre:(a)prolongamentodoaleitamento(moti-vosparaoprolongamentoeintençãoderealizarodesmame); (b)variáveissocioeconômicasedemográficas(rendafamiliar, escolaridade e idade materna, desempenho de atividades foradolar,estadocivil,experiênciapréviaemaleitamentoe númerodefilhos);(c)variáveisrelacionadasaoperíodopré-natal(recebimentodeorientaçãosobreamamentaçãodurante agestação);(d)variáveisrelacionadasaoperíodopós-natal (tipodeparto,permanênciaemalojamentoconjunto,tempo decorridoparaoiníciodaamamentaçãoapósoparto);e(e) variáveis relacionadas à criança (permanência em creche/ escola,acompanhantedacriançaduranteamaiorpartedo dia,hábitodedormircomamãeduranteanoiteefreqüência deingestãodeleitematerno).
Procedimento
As mães foram entrevistadas individualmente, em situaçãodeentrevistaface-a-face,emumaúnicasessãode, aproximadamente,45minutos.Aentrevistafoigravadaem fitasdeáudio(K-7)paraobtençãodemaiornúmerodedados eposteriormentetranscritas“ipsisliteris”.
Ascategoriasderespostasparacadaumdasquestões integrantes do instrumento foram geradas a partir de um estudopilotocom13mães,expostasaosmesmoscritérios deseleçãodasmãesqueparticiparamdoestudo,queidenti-ficouasrespostasmaisfreqüentementeverbalizadasemcada questão.Noestudopropriamentedito,umúnicoentrevista-dorrealizoutodasasentrevistas,assinalandoascategorias derespostaquemaisseaproximavamdorelatoverbaldas mães.Casonãoexistisseumacategoriaapropriada,umanova categoriaeragerada.
Após a categorização, as respostas das mães foram inseridasemplanilhasdoSoftwareMicrosoftExcel(versão 7.0),sendosubmetidasàestatísticadescritivaemtermosde freqüênciaeporcentagem.Posteriormente,osTestesQui-quadrado e Exato de Fisher foram utilizados para avaliar sehaviarelaçãoestatísticaentreasseguintesvariáveis:(a)
Tabela1.Idadedacriançanomomentodaentrevista.
Faixaetária(meses) N(40) %
12|----18 13 32,5
18|----24 9 22,5
24|----30 6 15,0
30|----36 8 20,0
vontade de interromper o aleitamento materno X motivo referidoparaoprolongamentodaamamentação;(b)dormir comamãeduranteanoiteXnúmerodevezesqueacriançaé amamentadapordia;e(c)dormircomamãeduranteanoite Xidadedamãe.Estestrêscruzamentosapontaramrelações estatísticasesignificativascomp<0,05.
O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do ComitêdeÉticaemPesquisadaFOP/UNICAMP,tendosido aprovadopeloprotocolonº014/2002.Todasasparticipantes assinaramoTermodeConsentimentoLivreeEsclarecido, conforme especifica a Resolução nº 196/96 do Conselho NacionaldeSaúde(CNS).
Resultados
A Tabela 2 apresenta os dados sóciodemográficos e principais características das participantes deste estudo, incluindo,entreoutros,idade,escolaridade,rendamensal, estadocivileexperiênciapréviaemamamentação.
Quandoasmãesforamquestionadassobreosmotivosda manutençãodaamamentaçãodepoisdoprimeiroanodevida dacriança(Figura1),40%responderamqueerapor“prazer” e30%disseramqueerapelofatodofilho“nãoaceitarmama-deirae/ououtrotipodeleite”.Osdadostambémidentificaram umaspectopreocupante,umavezque30%dasmães,apesar dasorientaçõesfornecidaspelaequipemultidisciplinardo Cepae,jáhaviamtentadointroduziramamadeira,embora seusfilhosnãotivessemaceitado.Estainformaçãoaponta queousodamamadeirajápoderiaterseinstaladoháalgum tempoeodesmameocorrido.
Asmãesquejustificaramoprolongamentodaamamenta-çãoalémdoprimeiroanodevidapela“praticidade”(quatro
mãesou10%daamostra)relataramque,quandosaíamcoma criança,eramaisfácilamamentá-ladoquelevarmamadeira, copo com válvula e/ou outros utensílios necessários para oferecer leite nos momentos em que mãe e filho estavam foradecasa,especialmenteemlocaispúblicos.Quatromães tambémjustificaramamanutençãodoaleitamentoalegando sentimentosde“dó”emrelaçãoàcriança,trêsmãesalega-ramaexistênciadeexcessodeleiteeumamãemantinhao aleitamentonaturalpormotivodeorientaçãomédica.
A Figura 2 mostra que, dentre as mães entrevistadas, 75%relataramquetinhamvontadedeparardeamamentar (30mães),masestedadosetornacontraditórioquandose observaque16mães(40%daamostra)amamentaramalém dos12mesesporprazer.Estaaparentecontradiçãopodeser analisadapelofatodeaamostratersidoselecionadaentre usuáriasdeumcentrodepesquisanoqualasmãesrecebem aorientaçãodequedeveriaminiciarodesmamesomente porvoltadofinaldoprimeiroanodevidadacriança,daí aaltaporcentagemdemãesquerelatamavontadedepa-rardeamamentar,masnãoexplicitamcomonemquando pretendemfazê-lo.
A única mãe que continuou a amamentar por motivo de“conselhomédico”easquatromãesquedestacarama
“praticidade”daamamentaçãoreferiramvontadedeinter-Tabela2.Característicasdasmãesestudadas.
Características N(40) %
Mãescomvinteanosoumais 35 87,5
Mãescommaisdoqueo
primeirograucompleto 20 50,0
Rendafamiliarmaiorquedois
saláriosmínimos 27 67,5
Comcônjugeresidindojunto 39 97,5
Comatividadeforafolar 11 27,5
Primíparas 15 37,5
Mãesqueamamentaramao menosumfilhoatéosextomês devida
18 45,0
Mãesquereceberamorientação sobreamamentaçãonesta gestação
23 57,5
Partonormal 18 45,0
Permanênciaemalojamento
conjunto 16 40,0
Iníciodaamamentaçãoaté
quatrohorasapósoparto 10 25,0
Legenda:(A)Conselhomédico;(B)Nãoaceitamamadeiraououtrotipode leite;(C)Prazer;(D)Praticidade;(E)Excessodeleite;(F)Dó.
Figura1.Distribuição,emtermosdeporcentagem,dosmotivosreferidos pelasmãesparaoprolongamentodoaleitamentomaternoalémdoprimeiro anodevidadacriança.
2,5 30
40
10
7,5 10
0 10 20 30 40 50
A B C D E F
Motivosparaoprolongamentodaamamentação
Po
rc
en
ta
ge
m
100
83,3
62,5 100
66,7 75
Po
rc
en
ta
ge
m
0 20 40 60 80 100
A B C D E F
Motivosparaoprolongamentodaamamentação
Legenda:(A)Conselhomédico;(B)Nãoaceitamamadeira,outrotipode leite;(C)Prazer;(D)Praticidade;(E)Excessodeleite;(F)Dó
romper a amamentação. Os motivos para manter a ama-mentação,queapresentarammenorincidênciademãescom intençãoderealizarodesmame,foram“excessodeleite” (66,7%) e “prazer” (62,5%). Entretanto, mais da metade dasmãesquealegaramqualquerumdosmotivosparacon-tinuaramamentando,expressaramodesejodeinterromper aamamentação.
Amaiorpartedasmães(82,5%)relatouqueseusfilhos eramamamentadosnopeitomaisdequatrovezesaodia, incluindo o período da madrugada (Figura 3). O mesmo percentual de mães relatou que seus filhos não possuíam horáriosfixosparareceberoleitematerno,ouseja,eram amamentadosnopeitosemprequesolicitavam.
Orelatodasmãespermitiuapontarque70%dosbebês (ou28crianças)dormiamcomsuasmãesnamesmacama, 37crianças(ou92,5%daamostra)nãofreqüentavamcreche ouescolinhae39das40criançaspassavamamaiorparte dodiacomaprópriamãe.Osdadosobtidospermitemcha-maraatenção,ainda,paraofatodequedentreascrianças quefaziamaingestãodeleitepormaisdequatrovezesao dia, 75,8% delas dormiam com suas mães. Das crianças que recebiam o leite materno quatro vezes ao dia, 66,7% dormiam com a mãe. Já entre as crianças que mamavam nopeitotrêsvezesaodia,apenas25%dormiamcomsuas mães(Figura4).
Umapossívelrelaçãoentreaidadedamãeeofatoda criançadormirnamesmacamadamãetambémfoiinves-tigada.Dentreas28criançasquedormiamcomsuasmães duranteanoite,apenasduaseramfilhasdemãescomidade
superiora35anos.Pelomotivodebaixafreqüência,asfaixas etáriasde35a40emaisde40anosforamexcluídasdaFigura 5,demodoafacilitaraanálisedamesma.
ConformemostradonaFigura5,observou-seumaten-dênciadereduçãodopercentualdecriançasquedormiam comsuasmãesàmedidaqueaumentavaaidadematerna, atéos35anos,istoé,ofatodacriançadormircomamãe semostrouinversamenteproporcionalaoaumentodaidade damesma.
Discussão
Ao analisar as duas respostas mais freqüentemente referidasàquestãosobreosmotivosdamanutençãodaama-mentaçãoapósoprimeiroanodevidadacriança,sugere-se que quando a mãe relata que continua amamentando por sentimentos de prazer, está assumindo a responsabilidade peloprolongamentodoaleitamentodacriança;quandoalega queofilhonãoaceitamamadeirae/ououtrotipodeleite, passaaresponsabilidadeparaofilhopeloprolongamento daamamentação.Éinteressanteapontarqueasmãesque apresentaramestasduasrespostastinhamposiçõesbastante diferentesemrelaçãoaodesejodeparardeamamentar,isto é, das 16 mães que referiram sentimentos de prazer para prolongar a amamentação, 10 (ou 62,5%) não desejam, porenquanto,deixardeamamentar.Poroutrolado,das12 mãesqueafirmaramqueseusfilhosnãoaceitamoutroleite e/oumamadeira,apenasduasnãotinhamdesejodedeixar deamamentar.
Oprazeremmanteraamamentaçãodacriançaeodesejo de não parar de amamentar sugerem valores coerentes e crençasmuitoíntimas,provavelmenteresultadodefatores presentes no ambiente destes indivíduos, tanto doméstico quantodosserviçosdesaúdeutilizados.ParaKendall(1993), estascrençasconstituemabaseparaacategorizaçãoeavalia-çãodeexperiênciaseestímulosqueosindivíduosencontram emseusmundos.
Umdosmotivosatribuídosportrêsmãesparaoprolon-gamentodaamamentação–oexcessodeleite–pareceu
constituir-seemumarespostamaisconveniente,nãorefletin-0 20 40 60 80 100
3 4 Maisde4
Númerodevezesqueacriançaéamamentadapordia
Po
rc
en
ta
ge
m
Figura3.Distribuição,emtermosdeporcentagem,donúmerodevezesque acriançaéamamentadaduranteoperíododeumdia(24horas).
Po
rc
en
ta
ge
m
0 20 40 60 80 100
3 4 Maisde4
Númerodevezesqueacriançaéamamentadapordia
Figura4.Criançasquedormemcomsuasmãesemfunçãodonúmerode vezesqueacriançaéamamentadanoperíododeumdia(TesteExatode Fischerp<0,05).
80 77,8
72,7
40
0 20 40 60 80 100
15-20 20-25 25-30 30-35
Idadedamãe(anos)
Po
rc
en
ta
ge
m
do,necessariamente,o(s)motivo(s)real(is)damanutenção doaleitamento.Estasuposiçãopodeserjustificadapelofato dareduçãodaproduçãodeleiteserumaconseqüênciada interrupçãodaamamentação,ouseja,semoestímuloneu-roendócrinoproporcionadopeloatodesucçãodosmamilos, nãoháestímuloparaahipófiseliberarprolactinaeocitocina, responsáveispelaproduçãodoleite.Portanto,seamãefor esperaroleiteacabarparainterromperaamamentação,o desmamedificilmenteocorrerá,poisoprocessofisiológicoé inverso,istoé,ainterrupçãodaamamentaçãolevaàredução daproduçãoláctea.Alémdesseaspectoorgânico,levanta-se a hipótedaproduçãoláctea.Alémdesseaspectoorgânico,levanta-se de que algumas mães apresentam respostas supostamentevalorizadasentreprofissionaisdesaúdeque incentivamoprolongamentodoaleitamentomaterno,embora algumas pesquisas referidas neste estudo apontem efeitos prejudiciaisdoprolongamentodemasiadodaamamentação sobdeterminadascondiçõesambientais.
Asmãesquerelataramsentimentosde“dó”parajustificar oprolongamentodaamamentação,explicaramquetinham receio de que a criança sofresse com este afastamento, encarandoodesmamecomoummomentodeseparaçãoe abandono.Nestescasos(quatromãesreferiramtalargumen-tação),orelatodesofrimentoporpartedasmãessugereque odesmame,emalgumassituações,poderiasermaisdoloroso paraamãedoqueparaaprópriacriança,talcomodescrevem Kummerecolaboradores(2000).
Oreceio,manifestadoporalgumasmães,dequeseus filhospoderiamsofrercomodesmamepodeestarassociado à percepção de fragilidade freqüentemente associada aos bebêsporseuscuidadoresprimários.SegundoKovacseBeck (1979),dificuldadespsicológicasdessanaturezapodemestar associadasainferênciasincorretaselaboradaspelasmãesa partirdeinformaçõesinadequadasouinsuficientes.Segundo osautores,osindivíduostendemaformularregrasrígidas baseadasemsuposiçõesnemsempreverdadeiras.Baseado nestahipótese,programasdepreparaçãodegestantesque disponibilizem informações básicas, por exemplo, sobre cuidadoscomobebêesobreoprocessodedesenvolvimento infantil,poderiamreduziraprobabilidadedaformaçãode crençasinadequadas.
Considerandoqueapenasumamãereferiua“orientação médica”comomotivoparaoprolongamentodaamamentação alémdoprimeiroanodevidadacriançaecomoacoletade dadosdesteestudosebaseou,exclusivamente,emrelatos verbaisdemães,nãosepodeafirmar,comcerteza,queo médicorealmentetenhaefetuadotalorientação,ouqueamãe autilizouparaquenãofossequestionadasobresuadecisão. Ressalta-sequeomédicoaindarepresenta,demodogeral, umafiguradeautoridadeeconhecimentoquaseinquestio-náveldentrodasociedade,especialmentefrenteausuários desistemasdesaúdepúblicaedeclassessocioeconômicas menosprivilegiadas.
Ainformaçãodeque82,5%dasmãesrelataramqueseus filhoseramamamentadosnopeitomaisdequatrovezesao dia,incluindooperíododamadrugada,acarretaduasimpli-caçõesrelevantesaoestudo:(a)confirmaoenfrentamentode dificuldades,porpartedasmães,emrestringirafreqüência das mamadas, mesmo depois do primeiro ano de vida da criança;e(b)apontaqueestapráticaestáemdesacordocom grandepartedaliteratura,queapartirdosétimomêsapós
opartoincentivaasmãesaamamentarseusfilhos,nopeito, apenastrêsvezesaodiaenenhumavezduranteamadrugada (Ramos&Stein,2000).
Aaltafreqüênciaderelatodeamamentaçõespordiasu-gerequetalinformaçãoestejarelacionadaaoprazerqueas mãessentememamamentar,impedindo-asdeimporlimites paraaocorrênciadaamamentação.Damesmaforma,estes dadosconfirmamosresultadosdeDini,HolteBedi(2000), queencontraramaltafreqüênciadeingestãodeleitematerno emcriançascomaleitamentomaternoprolongado.
Abaixafreqüênciadebebêsquefreqüentavamcrechee aaltafreqüênciadebebêsquedormiamcomsuasmães,na mesmacama,sugerequeaproximidadeentremãeefilho poderiafavoreceraocorrênciadoaleitamentomaternopro-longado.OtrabalhodeWeerheijm,Uyttendaele-Speybrouck, EuweeGroen(1998),porexemplo,demonstrouque60% das crianças que receberam aleitamento materno além do primeiroanodevidadormiamcomsuasmãesduranteanoite, permitindoacessofácilediretoaoleitematerno.
Conformeosdadosobtidos,seismãesrelataramqueo fatodemanteracriançaemaleitamentomaternoalémdo primeiroanodevidaeraumaformadegarantiroafastamento do marido, evitando, assim, contatos íntimos e de cunho sexual. No caso destas seis mães, quatro tinham crianças entre2anosemeioe3anosdeidadeeduasmãestinham criançascommaisde3anos,istomostraqueestaprática aumentava,defato,aprobabilidadedeprolongamentodo aleitamentomaterno.
Poroutrolado,ofatodeacriançadormircomamãe duranteanoitesugereaexistênciadeproblemasconjugais, ouumaaparenteseparaçãoentreaduplafunção–amamen-taçãoeerotismo–dosseiosfemininos,talcomodescreve Sandre-Pereira(2003).Segundoestaautora,“ asrepresenta-çõesquehomememulherfazemdamaternidadeaparecem comoabasedealteraçõesimportantesnasexualidadedo casalduranteoperíododealeitamentomaterno”(p.467). Ressalta-sequealgumasmãesdesteestudorelataramqueo companheirodormiaemoutracama,ouatémesmoemou-trocômododacasa,durantetodooperíododemanutenção daamamentaçãodacriança(oqueimplicariaemperíodos superioresadoisouatétrêsanosdeseparação).
ConsideraçõesFinais
Emboraosargumentosreferidospelasmãesdesteestudo tenhamsido,emsuamaiorparte,coerentescomosreferidos pelaliteratura,aspesquisasqueinvestigamosdiversostemas relacionadosaoaleitamentomaterno,suainterrupçãoprecoce ouprolongamento,aindarequeremumamaiorcompreensão davariabilidadedeargumentaçõesesuasrelaçõesfuncionais comcrenças,atitudeseestratégiasdeenfrentamentoadotadas pormãesedemaisfamiliares.
epontualmenterelacionadasàsvulnerabilidadesdasmães, queasmotivamainterrompere/ouprolongaraamamentação deseusfilhos(as).
Estudosmulticêntricosecomamostrasampliadasdevem constituirumdosobjetivosdaspesquisasqueanalisamos argumentosadotadospelasmãesparajustificaroprolonga-mentodoaleitamentomaternoporperíodossuperioresaum anodevidadeseusfilhos.
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Recebidoem26.09.2005 Primeiradecisãoeditorialem24.11.2005 Versãofinalem24.11.2005