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Stress dos enfermeiros de pronto socorro dos hospitais brasileiros

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Academic year: 2017

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St ress dos enferm eiros de pront o socorro dos hospit ais brasileiros1

St ress am ong Brazilian nurses w orking in em ergency room s

Est rés ent re enferm eros brasileños que act úan en el salón de em ergencias

Graziele MenzaniI, Estela Regina Ferraz BianchiI I

1 Pesquisa financiada pelo CNPQ – processo n. 47.0033/ 2003- 7.

IEnferm eira. Mestre em Enferm agem pela Escola de Enferm agem da Universidade de São Paulo ( EERP/ USP). Em ail: m enzani@usp.br. I IEnferm eira. Livre docente em Enferm agem . Professor Associado da EERP/ USP. Em ail: erfbianc@usp.br.

RESUMO

A enferm agem é considerada um a profissão que sofre o im pacto do stress, que advém do cuidado constante com pessoas doent es e sit uações im previsíveis, principalm ent e na unidade de pronto socorro. A finalidade deste estudo foi levant ar os est ressores dos enferm eiros at uant es em unidades de pront o socorro nas cinco regiões brasileiras. A população do estudo constituiu- se de am ostra de 143 enferm eiros atuantes em unidades de pronto socorro das 5 regiões brasileiras, e que estavam inseridos em inst ituições de alta com plexidade de assistência prestada. Os dados foram coletados entre 2005 e 2006, utilizando- se a Escala Bianchi de St ress, constituída por caracterização sócio-dem ográfica e por 51 itens, divididos em seis dom ínios, que englobam o relacionam ento(A) , funcionam ento da unidade( B) , adm inistração de pessoal( C) , assistência de enferm agem ( D) , coordenação da unidade( E) e condições de t rabalho( F) . A análise est at íst ica foi descrit iva e inferencial, usando análise de variância ANOVA. Na análise dos seis dom ínios, obteve- se, em ordem decrescente, F> C> E> D> B> A, independentem ente da região geográfica a que pertencia o enferm eiro. Pode- se inferir que a estrut ura organizacional da inst it uição hospit alar t em responsabilidade no nível de stress dos enferm eiros de pront o socorro, assim precisam os incent ivar estrat égias de enfrent am ento para m inim izar os efeit os do stress nestes profissionais.

Descrit ores: Estresse; Enferm agem ; Serviços m édicos de em ergência.

ABSTRACT

The nursing profession is considered a suffering the im pact of stress, which arises from the const ant care on patient s and people wit h unpredict able sit uat ions, especially at the em ergency room . The purpose of t his st udy was t o verify t he stressors of nurses working in em ergency room units in Brazil. The st udied populat ion consisted of 143 nurses working in em ergency room unit s which were inserted int o inst it utions of high com plexit y of health care. Dat a were collected from 2005 to 2006 using the Bianchi's Stress Scale, consisting of socio- dem ographic characteristics and by 51 it em s, divided int o six areas, which include the relat ionship ( A) , operat ion of the unit ( B) , adm inist rat ion of st aff ( C) , nursing care ( D) , the coordination unit ( E) and working condit ions ( F). Stat istical analysis was descriptive and inferent ial, using analysis of variance ANOVA. I n t he analysis of t hese six areas were obt ained, "Working condit ions ( F) " was t he m ost st ressful area for nurses and "Relat ionship ( A) " was the least area, regardless of geographical region t hat belonged t o t he nurse. As conclusion, t he organizat ional st ructure of hospit al has t he responsibilit y in t he level of st ress of t he nurses in em ergency room , so we need t o encourage t he use of coping st rat egies t o m inim ize t he effect s of stress in these professionals.

Descript ors: St ress; Nursing; Em ergency m edical service.

RESUMEN

La enferm ería es considerada una profesión que sufre el im pacto del estrés, que es próprio del cuidado constante con personas enferm as y sit uaciones im previsibles, principalm ente en la unidad de em ergencia. La finalidad de este est udio fue la invest igación de los fact ores de estrés de los enferm eros act uantes en unidades de em ergencia en las cinco regiones brasileñas. La población del estudio constituiu de una m uestra de 143 enferm eros actuantes en unidades de em ergencia de las 5 regiones brasileñas, y que estaban inseridos en isntituiciones de alta com plej idad de la asistencia prestada. Los datos fueron recolectados en los años de 2005 y 2006 utilizando la Escala Bianchi de St ress, constituída por caract erización socio- dem ográfica y por 51 itenes, divididos en seis dom inios, que envuelven el relacionam ento ( A) , funcionam ent o de la unidad ( B) , adm inistración de personas ( C) , asistencia de enferm ería ( D), coordinación de la unidad ( E) y condiciones del t rabaj o( F) . El análisis est at ist ico fue descript ivo e inferencial, ut ilizando el análisis de variancia ANOVA. El analisis de los seis dom inios, obtuvo en orden decrescente, F> C> E> D> B> A, independiente de la región geográfica que pertenence el enferm ero de em ergencia, así precisam os incent ivar estrat egias de enfrent am ento para m inim izar el efect o del est rés en est e profesionales.

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I N TRODUÇÃO

O term o stress foi usado, na área da saúde, pela

prim eira vez, em 1936( 1)quando se notou que m uitas

pessoas sofriam de várias doenças físicas e referiam alguns sinais e sint om as em com um , t ais com o: inapetência, em agrecim ento, dificuldade na digestão, desânim o e fadiga.

Na literatura nacional, até a década de 70 não havia produção científica referent e ao t em a. Atualm ente, é possível identificar vários trabalhos enfocando os m ais diversos aspectos do stress. Tal preocupação, talvez, deva- se ao fato do stress estar freqüent em ente present e no cot idiano hum ano. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 90% da população m undial é afet ada pelo stress,

tornando- se um a epidem ia global( 2).

O processo de st ress se divide em t rês fases( 1):

x Fase de alarm e: a pessoa experim enta um a

série de sensações que às vezes não identifica com o de stress. Esses sintom as podem ser m ãos suadas, t aquipnéia, taquicardia, acidez estom acal, inapetência e cefaléia e são relatados na fase aguda.

x Fase da resistência: ocorre quando a pessoa

tenta se adaptar à situação, isto é, tenta restabelecer um equilíbrio interno. Conform e este equilíbrio é atingido, alguns dos sint om as iniciais desaparecem , porém essa adaptação utiliza a energia que o organism o necessit a para out ras funções vit ais.

x Fase de exaustão: nesta fase, toda a energia

adaptativa da pessoa foi utilizada e os sint om as iniciais reaparecem e out ros se desenvolvem , podendo chegar à m ort e. Quando o indivíduo encontra- se subm etido a um a carga excessiva de estressores, o organism o pode desencadear respostas que resultam no aparecim ent o de sintom as ou de doenças tais com o: alteração do peso corpóreo, osteoporose, distúrbios de com portam ento, inclusive alterações no padrão de sono, dificuldade de cicatrização, aum ento da susceptibilidade a infecções, alcalose com hipopotassem ia, hipertensão arterial, alterações gastrointestinais, incluindo sintom as de acidez gástrica, alterações no ciclo m enstrual e

trom boem bolism o( 3).

O stress passou a ser considerado com o um a resposta adaptativa, circundada por características individuais ou processos psicológicos, levando a

dem andas físicas ou psicológicas do indivíduo( 1).

Dados referentes ao stress ocupacional, avaliados por diversos est udos am ericanos, indicaram que pelo m enos 25% da população pesquisada se declarava

com o est ressado no t rabalho( 4).

O st ress no t rabalho, provavelm ent e, t am bém é vivenciado pelos profissionais de enferm agem , principalm ente dentre os que atuam em serviços de em ergência, visto que é um a área na qual o

profissional exerce pleno controle e o paciente e fam ília encontra- se em extrem a vulnerabilidade.

A enferm agem é considerada um a profissão que sofre o im pacto total, im ediato e concentrado do stress, que advém do cuidado constant e com pessoas doentes, situações im previsíveis, execução de tarefas, por vezes, repulsivas e angustiantes, o que é com um nas unidades de pront o socorro.

Os profissionais que atuam em unidades de atendim ento de em ergência devem ser capazes de tom ar decisões rápidas e precisas e capazes de distinguir as prioridades, avaliando o paciente com o um ser indivisível, integrado e inter relacionado em todas as suas funções. Além disto, um a das características m ais m arcantes do pronto socorro é a dinâm ica intensa de atendim ento, assim , agilidade e a obj etividade se tornam requisitos indispensáveis aos profissionais, pois o paciente grave não suporta dem ora na t om ada de decisões ou m esm o falhas de

conduta( 5). Estas exigências tornam - se tam bém

fontes de stress para os profissionais destas unidades.

Diversos fatores de stress que podem afetar a equipe de serviço de em ergência foram identificados, dent re eles: problem as pessoais de ordem em ocional, afetando diret am ente a com unicação e o desem penho do profissional; a ansiedade causada pela expect ativa de um desem penho adequado; questões éticas; stress do paciente e do fam iliar agravados pela alta dem anda, im pondo m aior habilidade do profissional para controlar a situação; condições de trabalho inadequadas relacionadas ao

am biente, recursos m ateriais e tecnológicos( 6).

Em estudo( 7) realizado sobre estressores dos

enferm eiros atuantes em unidades de em ergência do m unicípio de São Paulo e que atendiam pacientes de alta com plexidade, verificou- se que dos 73 enferm eiros respondentes do questionário específico para essa pesquisa, 27% apresent ava nível de stress est ava acim a do desej ável ( m aior que 5,0) .

O núm ero de publicações referent es ao st ress entre enferm eiros que atuam em pronto socorro é bast ant e reduzido. Ao ser realizada revisão de

algum as destas publicações( 8- 13) verificou- se que

m uitas vezes, o enferm eiro depara- se com um a situação de alta com plexidade no at endim ento, onde os recursos m ateriais disponíveis não est ão com patíveis com a dim ensão da atuação requerida, sendo m ais um fat or de st ress.

Deve- se ressaltar que o stress vivido pelo enferm eiro de pronto socorro não está som ent e envolvido com os estressores negativos de sua atuação, visto que a m aior fonte de satisfação no trabalho do enferm eiro em em ergência concentra- se no fato de que as suas intervenções auxiliam na

m anut enção da vida hum ana( 7).

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ser de assistência direta ou indireta ao paciente, é a pressão im posta pelo tem po para o atendim ento, o que aum ent a o desgast e físico e em ocional dos profissionais( 5).

Considera- se im portante que o enferm eiro de pronto socorro reconheça os fatores estressantes do seu am biente de trabalho, bem com o as interferências dos m esm os no processo saúde-doença, e que, ao invés de ignorar ou subestim ar o st ress, ele analise- o de form a obj et iva, t ent ando, através de um a visão crítica da sit uação, encont rar soluções que possam am enizar o stress sentido pelo grupo.

Baseado nos trabalhos realizados até o m om ento e conhecendo- se a grandiosidade e diferenças na atuação do enferm eiro, na estrutura física e de recursos entre as diversas regiões brasileiras, surge a questão de pesquisa: será que há diferença no reconhecim ento de estressores entre os enferm eiros hospit alares, at uant es em pront o socorro?

Busca- se com este estudo levantar os estressores dos enferm eiros atuantes em unidades de pronto socorro nas cinco regiões brasileiras.

CASUÍ STI CA E MÉTODO

Trat a- se de um est udo quant it at ivo, transversal e descreve a condição de stress entre enferm eiros que trabalham na área de pronto socorro e algum as relações entre variáveis de caracterização dem ográfica e de regionalização de t rabalho.

A am ost ra do est udo foi const it uída por 143 enferm eiros, atuantes em instituições hospitalares de alta com plexidade, que estavam registradas no

Ministério da Saúde( 14) no ano de 2003.

A coleta de dados foi operacionalizada inicialm ent e, por m eio de um levant am ent o no banco de dados do Ministério da Saúde, para quantificar os hospitais de alta com plexidade, que continham m ais que 100 leit os nas diferentes regiões geográficas do Brasil. I dentificou- se um tot al de 409 hospit ais, aos quais se enviou cartas convite destinadas à Gerência de Enferm agem apresent ando o est udo e questionando sobre o interesse dessa em participar do estudo, além de carta aos enferm eiros convidando- os a participar da pesquisa. Após Dos 409 hospitais abordados, apenas 81 consentiram participação no estudo, cuj a coleta de dados ocorreu entre os anos de 2005 e 2006.

Os instrum entos de coleta de dados acom panhados de envelope pré- franquiado, obj et ivando a devolução sem gerar ônus, foram enviados aos locais que se dispuseram a participar da pesquisa, j untam ente com o term o de consentim ento livre e esclarecido. Na devolução de questionários adequadam ent e preenchidos, obt eve- se 143 enferm eiros atuantes em unidades de Pronto Socorro, os quais foram incluídos no present e est udo.

O estudo obteve aprovação da Com issão em Ética e Pesquisa da Escola de Enferm agem da USP conform e o parecer n. 288/ 2003, assim com o foi subm etido à apreciação de diversas com issões locais dos hospitais participantes.

A coleta dos dados foi realizada com utilização

da Escala Bianchi de Stress( 15), inst rum ent o

constituído por duas part es, sendo a prim eira parte de caract erização sócio- dem ográfica, e a parte seguinte engloba as atividades desem penhadas pelos enferm eiros. É um a escala com 51 itens, tipo Likert, com o valor zero para “ não faço” e os valores 1 a 7 assinalados, sendo 1 o valor cotado com o “ não desgastante, valor 4 com o “ m édio” e até 7 com o “ altam ent e desgast ant e” . Os itens foram divididos em seis dom ínios, a saber: A- relacionam ent o com out ras unidades e supervisores( itens: 40 a 46, 50 e 51) ; B- at ividades relacionadas ao funcionam ento adequado da unidade ( itens 1 a 6) ; C- atividades relacionadas à adm inistração de pessoal ( itens 7 a 9, 12 a 14) ; D- assistência de enferm agem prestada ao paciente ( 16 a 30) ; E- coordenação das atividades da unidade ( 10,11,15,31,32,38,39,47) e F- condições de trabalho para o desem penho das atividades do enferm eiro ( 33 a 37, 48,49) .

Para o cálculo do escore t otal para o enferm eiro, foi feit a a som a de t odos os valores assinalados pelos enferm eiros com valores diferent es de zero e dividindo- se pelo t ot al apont ado com o realizado ( 51 subtraído o núm ero de itens assinalados com 0) , obtendo- se o escore m édio real.

O escore para cada área de A a F, anteriorm ente descritas, foi obtido realizando- se a som a dos escores assinalados em cada área e divididos pelo núm ero de itens, obt endo- se o escore t ot al para cada dom ínio.

Os escores foram classificados em níveis de st ress, segundo as categorias: m enor igual a 3,0 = baixo nível de stress; ent re 3,1 a 4,0 = m édio nível de stress; entre 4,1 a 5,9 = alerta para alto nível de st ress; m aior igual a 6,0 = alt o nível de st ress.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

A am ost ra do est udo foi const it uída por 143 enferm eiros atuantes em pronto socorro e provenientes das cinco regiões brasileiras. Predom inantem ente eram do sexo fem inino ( 90,9% ) , com faixa et ária abaixo de 40 anos ( 71,1% ) , e at uava com o enferm eiro assistencial ( 82,5% ) .

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Quase m et ade ( 46,2% ) dos enferm eiros part icipant es dest e est udo, at uava em inst it uições da região sudeste. Segundo dados obtidos j unto ao Ministério da Saúde ( j ul/ 2003) , a rede hospitalar brasileira estava constituída por 5864 hospitais, sendo que 8% estavam na região Norte; 34,5% na região Nordeste; 28,5% na região Sudeste; 17,9% na região Sul e 11,1% na região Cent ro- oest e. trabalho form ais ou não, pode tam bém gerar stress

j á que essas m ulheres além de trabalharem fora do convívio fam iliar pensam em seus filhos e se preocupam com os cuidados dom iciliares. No entanto, em outro estudo relacionado ao estresse de enferm eiras, m ostrou que as atividades relacionadas à vida pessoal, tais com o responsabilidades com a casa, com os filhos e outras atividades dom ésticas ao invés de estressantes, podem funcionar com o suporte em ocional( 15).

A área que dem onstrou o m aior nível de stress foi a Área F ( Condições de trabalho para o desem penho do enferm eiro) com um escore de 3,94, seguida da Área C ( Atividades relacionadas à adm inistração de pessoal) com um escore de 3,88; Área E ( Coordenação das atividades da unidade) com um escore de 3,8; Área D ( Assistência de enferm agem prestada ao paciente) com escore de 3,62; Área B ( Atividades relacionadas ao funcionam ento adequado da unidade) com escore de 3,33 e Área A ( Relacionam ent o com out ras unidades

e supervisores) com escore de 3,05. Deve- se

destacar que todas as áreas têm pontuação inferior a 4,0, denotando m édio para baixo nível de stress. Os enferm eiros assinalaram as faixas et árias de

20 a 30 anos ( 32,4% ) e de 31 a 40 anos ( 38,7% ) perfazendo um total de 71,1% abaixo de 40 anos, população predom inantem ente j ovem .

Com patível com esses dados de faixa etária obteve- se com o tem po de form ado um período

inferior a 15 anos para 76,5% dessa am ostra. Out ro

dado interessante é o fat o desta am ostra apresent ar

97,9% de indivíduos com pós- graduação lat o sensu,

e 2,1% com pós- graduação st r ict u sensu, tendência

at ual observada na população de j ovens.

Quanto ao cargo ocupado, os dados dem onstram que 82,5% dos enferm eiros ocupam cargos assistenciais, o que era de se esperar, visto que o Pronto Socorro trata- se de um local onde a assistência direta faz- se essencial. O tem po de t rabalho, na unidade de Pront o Socorro obt eve um a m ediana de 36 m eses, o que dem onstra que a m aioria da am ostra atuava em unidade de Pronto Socorro a aproxim adam ent e t rês anos.

Ao se com parar descritivam ente os escores obt idos em cada área de est udo, t em - se que, em ordem decrescente: F> C> E> D> B> A. I sto significa que para os enferm eiros respondentes, “ as condições de trabalho” contribuem em m aior m ontante para a ocorrência de stress em sua atuação profissional, visto que para esta área foi atribuído, em m édia, m aior valor, que pode ser observado no Gráfico 1.

Gráfico 1 : Escore t ot al dos dom ínios, enferm eiros de PS. São Paulo, 2006.

3,05

3,33

3,88

3,62 3,8

3,94

A B C D E F

Ao analisar cada um a das atividades, independent e da área a qual pertencia, as que obt iveram um nível de st ress acim a de 4,0 ( alert a para alto nível de stress) , considerados com o as m ais

(5)

área D; “ Enfrentar a m orte do paciente” ( 4,90) – área D; “ Orientar fam iliares de paciente crítico” ( 4,78) - área D; “ Realizar atividades burocráticas” ( 4,58) - área F; “ Nível de barulho na unidade” ( 4,53) - área F; “ Controlar a qualidade do cuidado” ( 4,46) - área E; “ Controlar a equipe de enferm agem ” ( 4,45) - área C; “ Atender as em ergências da unidade” ( 4,33) - área D; “ O am biente físico da unidade” ( 4,25) - área F; “ Supervisionar as atividades da equipe” ( 4,09) - área C; “ Elaborar relatório m ensal da unidade” ( 4,08) - área E; “ Elaborar escala m ensal de funcionários” ( 4,0) - área C.

Deve- se ressaltar que em bora o escore m édio de stress obtido na avaliação por área sej a considerado de nível m édio, entre 3,05 a 3,94, deparam os com at ividades em “ alert a para alt o nível de st ress” , com escore acim a de 4,0. Destaca- se o “ at endim ento aos fam iliares de pacient es críticos” e “ realizar at endim ent o com t em po m ínim o” , as quais são atividades avaliadas com o estressores fortes, com escore de 5,06.

Os enferm eiros com cargo de chefia/ gerência e de diretoria apresentaram escores de stress significativam ent e m aiores ( p= 0,004) do que os assistenciais, com exceção da área C ( atividades relacionadas à adm inistração de pessoal) , atividades inerentes ao cargo de gerência e pelos resultados apresent ados, não est avam envolvidos com os estressores de m aior im pacto para esses enferm eiros gerent es.

A correlação ent re t em po de t rabalho na unidade e escore de stress dem onst rou que havia um a correlação fraca, m as significativa, ent re o t em po de trabalho na unidade e o escore total de stress dos enferm eiros de pronto socorro ( Spearm an = 0,22 e p= 0,01) . Desta form a, sugere- se que o t em po de t rabalho pode ser um fat or negat ivam ent e correlacionado ao nível de stress, visto que quanto m aior o tem po de trabalho em pront o socorro m aior o nível de st ress relat ado.

De m aneira geral, a análise do est udo dem onstrou que o escore de stress por região apresentou o seguinte resultado: SE( sudeste) > NE( nordest e) > S( sul) > CO( centro

oeste) > N( norte) .

Segundo os resultados, a discussão será aprofundada nas três áreas que apresentaram os m aiores escores de stress pela população estudada. São elas: Área F – Condições de t rabalho para o desem penho das atividades do enferm eiro; Área C – Adm inistração de pessoal e Área D – Assistência de Enferm agem prest ada ao pacient e.

Área F: Condições de t rabalho para o desem penho das at ividades do enferm eiro

Nest a área, o it em 37 – nível de barulho na unidade, obteve um escore considerado elevado

( 4,6) , o que significa que o nível de barulho na unidade represent a um fat or bast ant e est ressant e .

Os efeitos adversos do ruído são proporcionais ao tem po de exposição. Quando o ruído é inesperado, provoca no organism o um a reação de alarm e pelo aum ento de corticóides, adrenalina e noradrenalina, e a repetitividade desse processo pode levar a um a situação de stress. Nestes casos, os sintom as são náuseas, cefaléia, irritabilidade, instabilidade em ocional, ansiedade, sonolência ou insônia, dim inuição da produtividade e aum ento do núm ero de acidentes. No estudo que verificou estes dados, 82,14% dos trabalhadores de enferm agem responderam que o ruído interfere na com unicação, 50% acreditam que pode tam bém atrapalhar o andam ent o do serviço, referindo- se à dim inuição da concentração, dores de cabeça, cansaço físico e

m ental, irritabilidade e queda na produtividade( 16).

Estudo realizado com enferm eiros de pront o

socorro( 11) verificou que fatores relacionados à

estrutura do am biente de trabalho, bem com o a deficiência no num ero de funcionários da equipe de enferm agem foram considerados com o estressores pelos enferm eiros.

O rit m o acelerado de trabalho para a finalização de tarefas pré- determ inadas é adotado em decorrência da insuficiência de recursos hum anos e m at eriais na unidade, levando ao surgim ent o de problem as psicológicos e até m esm o físicos no profissional( 17).

Fatores relacionados à estrutura do am biente de t rabalho, bem com o a deficiência no núm ero de funcionários da equipe de enferm agem são relatados com o estressores pelos enferm eiros de unidade de em ergência( 17).

O núm ero reduzido de funcionários pode ser apresent ado com o o desencadeador do ritm o acelerado de t rabalho, devido ao fato de o profissional ter de realizar um grande aport e de tarefas as quais deveriam ser divididas com out ros

m em bros da equipe( 17).

A falt a de funcionários é font e considerável de est resse, repercut indo na qualidade do cuidado, havendo confronto freqüente entre as enferm eiras, pacientes e fam iliares. A supervisão exercida em unidade de em ergência determ ina- se com o ineficient e na m elhoria do am bient e de t rabalho, devido a fatores com o: falta de com unicação, inexperiência, falta de com preensão e falta de

respaldo institucional( 17).

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Área C: At ividades relacionadas à a dm inist ração de pessoal

Dentre as atividades consideradas m ais estressant es , três delas estão relacionadas com a atividade gerencial do enferm eiro, são elas: “ realizar t arefas com t em po m ínim o disponível” ( 5,5) ; “ elaborar escala m ensal de funcionários” ( 4,7) e “ realizar atividades burocráticas” ( 4,0) .

Quando o suj eito com eça a perceber que as dem andas do trabalho são superiores aos recursos de que dispõe para enfrentá- las, se inicia um quadro de tensão que é considerado a prim eira fase da Síndrom e de Burnout . Essa síndrom e é caract erizada pela exaustão física e em ocional diante dos estressores no trabalho, fazendo com que o profissional considere que o t rabalho ou sua opção de profissão é estressant e, chegando a m udar de em prego e até de profissão. Esta é um a síndrom e cíclica, com várias fases, sinais e sintom as definidos e avaliados, que pode acom eter qualquer profissional na sua traj et ória de trabalho, podendo ser elim inada ou não, levando à troca até de profissão. Muitas vezes, não é a profissão em si que é estressante, m as com o a pessoa se insere no trabalho e nas condições de realização, sendo interdependente da

avaliação da pessoa e do t rabalho em si( 18).

Em estudo( 19) realizado com enferm eiras, que

utilizou a escala do I nventário de Burnout com o

instrum ento, identificou que estas profissionais

consideravam - se esgotadas referiram - se à sobrecarga de trabalho de nove a doze vezes, enquant o relat avam as sit uações que consideravam desgastantes. Dentre as participantes 55% dos participantes expressaram a intenção de m udar de profissão; 12% relataram que tinham que fazer um esforço para ir ao trabalho; e 68% se disseram insatisfeitos com a profissão.

Um elem ento que contribui para a percepção de sobrecarga de t rabalho é o acúm ulo de funções que desenvolvem ao longo da j ornada de trabalho. Essa subcat egoria aparece, quando os enferm eiros se referem à execução de funções que poderiam ser desem penhadas por out ros profissionais, ou sej a, funções não restritas.

A com binação de alt as dem andas psicológicas, e baixo poder de decisão foi associado ao excesso de estím ulos ( distress) e desgaste em ocional. Estudiosos

no t em a( 19) encontraram correlação significativa entre

executar funções conflitantes na atividade gerencial do enferm eiro e o auto- relato de alterações im unológicas e m úsculo- art iculares na saúde desses profissionais. Esses dados contribuem para a reflexão sobre efeitos deletérios do esgotam ento/ sofrim ento referido por essas enferm eiras, um a vez que ele pode afetar t anto sua saúde em ocional quant o física.

O acúm ulo de funções, as at ividades burocráticas e a lim itação do t em po para realizar as tarefas são fatores que geram conflit os e

esgot am ento para os enferm eiros. Por esse m otivo seria necessário rever tais situações e desenvolver m ecanism os que reest ruturassem a prática da enferm agem visando m elhores condições de trabalho e dim inuição dos efeitos deletérios à saúde desses profissionais.

Área D: Coordenação da unidade

Nessa área E, a liderança da equipe, exercendo at ividades de chefe, ou m elhor, gerenciais foram estatisticam ente significantes e m ais estressantes. I sto im plica na responsabilidade que o enferm eiro que ocupa esta posição desem penha. Tanto em recursos hum anos com o m ateriais deve est ar disponível e em perfeito estado de uso para não advir o insucesso no procedim ent o t erapêut ico requisit ado.

Estudo( 5) verificou que os enferm eiros

consideram a qualidade da assistência de enferm agem com o “ um processo, que envolve ter conhecim ento técnico- científico, bons m ateriais, equipam entos profissionais capacitados, rotinas de serviços definidas, possuir parâm etros de avaliação, padrões de atendim ento e profissionais com atitudes e com portam entos que visam a satisfação e necessidades dos clientes” .

O pronto socorro é um setor de alta rotatividade. Por ter um a dinâm ica altam ente inconstante, não há com o realizar um planej am ento da assistência e segui- la à risca. O trabalho nesse am biente é bastante im previsível e o papel da equipe de pronto socorro m uitas vezes está em estabilizar o paciente e transferi- lo de set or ou serviço, im possibilitando a verificação da assistência im plem entada pela

descontinuidade do individuo no pronto socorro( 7).

Os term os gerenciam ento e liderança não são sinônim os, m as “ o preparo do enferm eiro- líder é um a condição básica para este profissional tentar m udanças na sua prática diária, visando a m elhoria da qualidade da assistência prestada ao paciente/ cliente, conciliando os obj etivos organizacionais com as necessidades do pessoal de

enferm agem ”( 20).

A tarefa de coordenar um a unidade de pont o socorro significa descentralizar as ações, através da

delegação de tarefas( 7). Esta atitude facilita a

coordenação do trabalho e envolve todos os m em bros da equipe, além de ser necessária perant e o núm ero quase sem pre inadequado de enferm eiros na unidade.

CON CLUSÕES

Diante dos resultados obtidos, percebe- se que o perfil dos enferm eiros de PS é de um grupo j ovem , com atuação à beira do leito, e que as condições de trabalho são os fatores que m ais se destacaram nesse estudo.

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desem penho de suas atividades, tem - se que destacar que é um grupo extrem am ente vulnerável aos fatores de dem anda dos hospitais e que essa condição não foi pesquisada. Outro fator que tam bém deve ser lem brado, que foi um estudo com questionário auto-aplicável, m uitos dos enferm eiros que estariam com nível de stress aum entado podem não desej ar e nem se envolveram na pesquisa, at é com o form a de enfrentam ento do stress vivido, evitando m ais um a vez falar sobre os estressores que podem est ar contribuindo para a sua situação.

É im portante esclarecer que o stress não est á associado com as regiões geográficas no presente estudo, e est á inter- relacionado com as condições de trabalho, subsídio para a adaptação do enferm eiro e para a realização de um t rabalho com sat isfação e qualidade. Assim , torna- se evident e a necessidade de elaborarm os estratégias de enfrentam ento individuais e instit ucionais na t ent at iva de m inim izarm os os efeitos deletérios do st ress no cot idiano destes profissionais.

REFERÊN CI AS

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Artigo recebido em 15.02.08.

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