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Reflexões sobre o ensino de dinâmica de grupo para alunos de graduação em enfermagem.

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REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE DINÂMICA DE GRUPO PARA ALUNOS DE

GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

1

REFLECTIONS ABOUT THE UNDERGRADUATE NURSING TEACHING ON

GROUP DYNAMICS.

Toyoko Saeki* Denize Bouttelet Munari* * Mareia Bucchi Alencastre* Maria Conceição B. M. Souza* **

SAEKI, T. Reflexões sobre o ensino de dinâmica de grupo para alunos de graduação em enfermagem. R e v . E s c . Enf. U S P . , v. 33, n. 4, p. 342-7, dez. 1999.

RESUMO

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Este artigo resgata, descreve e remete a uma reflexão sobre nossa experiência com o ensino de dinâmica de grupos para graduandos de enfermagem, iniciada em 1992. Focaliza a questão da enfermagem e o trabalho com grupos; a estrutura, conteúdo e desenvolvimento da disciplina.

UNITERMOS: Enfermagem. Ensino. Dinâmica de grupos.

The present article aims at reflecting on the experience of the authors about the nursing undergraduate teaching on group dynamics, that began in 1992. Authors focus nursing and the works with groups; the structure, content and development of this specific course.

UNITERMS : Nursing. Teaching. Group dynamics.

INTRODUÇÃO

P e n s a r a educação e o ensino n a atualidade é um desafio p a r a todo professor e, a prática docente na Universidade, não fica à margem dessa questão.

Enquanto docentes de Enfermagem n a área de Saúde Mental, estamos a todo momento refletindo sobre nossa prática, focalizando nossa tarefa sobretudo na formação da competência h u m a n a . Entendemos que esse é nosso papel na formação do enfermeiro, pois, não t r a t a m o s de t r a b a l h a r com o conhecimento técnico isoladamente, m a s articulado ao desenvolvimento dos recursos internos do aluno como ser humano.

Pensando desta maneira, é necessário permitir ao aluno t r a z e r s u a "história" p a r a a situação de

aprendizado, para que o conteúdo a ser aprendido tenha realmente significado para ele.

Para JAPUR; LOUREIRO; CAMPOS e MUNARI (1992), esta forma de aprendizagem tem sido valorizado

por muitos professores por esses reconhecerem a

importância do desenvolvimento pessoal do aluno, sobretudo na formação daqueles profissionais que têm a própria interação humana, seja interpessoal ou grupai, como o recurso essencial à sua atuação profissional, (p. 52).

Acreditamos que o indivíduo e s t i m u l a d o a aprender dentro desta perspectiva consegue apreender a realidade, transformá-la e, finalmente, compreender

1 Trabalho apresentado no VI Colóquio Pan-Americano de Investigação em Enfermagem, Ribeirão Preto, de 19 a 22 de maioe 1998.

Enfermeira. Professor Doutor do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP. e-mail: maryto@glete.eerp.usp.br

Enfermeira. Professor Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. e-mail:mdrph@internetional.com.br ' " E n f e r m e i r a . Professor A s s i s t e n t e do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências H u m a n a s da Escola de

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que sua ação consciente e competente no ambiente social é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade melhor e mais justa.

Trabalhar dentro dessa visão de mundo não é coisa muito fácil, porém certamente desenvolve no indivíduo a sua caracterização como um ser social, que dá atenção às suas relações com o mundo em que vive. Segundo DILLY; J E S U S (1995), é na relação com os outros homens que se adquire os meios que possibilitam o existir humano.(p.20)

É ainda dentro dessa perspectiva que pensamos o nosso papel de "professor/aprendiz", que pode renovar sua ação cotidianamente e considerar o aprendizado e o desenvolvimento do aluno um êxito seu também..

Parar para elaborar esta reflexão remeteu-nos a r e t o m a r n o s s a s i d é i a s i n i c i a i s , r e f o r m u l á - l a s , reestruturá-las e torná-las mais claras aos nossos olhos. É sem dúvida alguma, um exercício necessário aos professores que não sè sentem donos do saber, mas partícipes j u n t o de seus alunos n a construção de profissionais mais amadurecidos e responsáveis.

A ENFERMAGEM E O TRABALHO COM

GRUPOS

A tendência mundial na realização de atividades em grupo, acrescida da própria característica do homem em estabelecer-se como u m ser gregário, faz com que pensemos de que forma, nós enfermeiros, temos nos posicionado frente às experiências de vivenciar os grupos.

A relevância do estudo da dinâmica grupai é apontada por OSÓRIO (1986), como u m fato que sinaliza a necessidade do ser h u m a n o em buscar compreender os movimentos presentes no interior dos grupos, de forma a contribuir para o aperfeiçoamento e melhoria das sociedades humanas .

No n o s s o e n t e n d i m e n t o , p e r c e b e r e s s e s movimentos possibilita-nos apreender nossos limites e possibilidades de atuação dentro dos grupos para que possamos usufruir dessas experiências de forma ativa. Isso significa dizer que se é possível "viver" o grupo é t a m b é m possível d a r , r e c e b e r e t r o c a r i d é i a s e sentimentos.

Viver o grupo significa a i n d a l i d a r com a diversidade, com a falta de algo pronto e acabado, com a possibilidade do conflito e do confronto, mas também, com a união e a criação.

As a t i v i d a d e s g r u p a i s r e a l i z a d a s p e l o s e n f e r m e i r o s c o m p r e e n d e m d e s d e a s t a r e f a s desenvolvidas pela equipe de enfermagem, as orientações feitas a um grupo de pessoas que necessitem de suporte emocional, ou que estejam aprendendo a adaptar-se às novas situações de vida (MUNARI, 1995).

O mesmo estudo citado anteriormente revela ainda que, desde a década de setenta, a produção científica dos enfermeiros b r a s i l e i r o s sobre e s s a t e m á t i c a v e m a u m e n t a n d o q u a n t i t a t i v a e qualitativamente, especialmente nos últimos anos.

No entanto, o que observamos em levantamentos bibliográficos realizados em periódicos nacionais sobre esse tema, é que poucos trabalhos deixam explícitos os e l e m e n t o s q u e f u n d a m e n t a m a s a t i v i d a d e s desenvolvidas. A maioria detém-se na apresentação das experiências vivenciadas.

Este fato se dá u m a vez que muitos enfermeiros desenvolvem suas atividades de modo empírico, ou seja, aprendendo a fazer com a própria experiência, dado esse constatado por MUNARI (1995).

Dependendo do objetivo que.se pretende com a utilização do grupo como estratégia (socialização, m u d a n ç a de c o m p o r t a m e n t o , t r e i n o de r e l a ç õ e s h u m a n a s ou ainda a psicoterapia), vários aspectos d e v e r ã o s e r c o n s i d e r a d o s . D e s t a c a m o s fundamentalmente o preparo do enfermeiro p a r a a realização dessa tarefa. O profissional deve estar ciente daquilo que poderá encontrar, conhecer os movimentos grupais e as formas mais comuns de manejo. Vale lembrar ainda que p a r a aqueles grupos onde está implícito o objetivo psicoterápico, o enfermeiro deve, o b r i g a t o r i a m e n t e , e s t a r f u n d a m e n t a d o por u m a formação específica.

Isso não exclui a importância da formação dos enfermeiros que t r a b a l h a m com outros tipos de grupos, u m a vez que a situação grupai, independente do seu objetivo pode fnobilizar sentimentos, emoções e c o m p o r t a m e n t o s cujo manejo pode a p r e s e n t a r dificuldade ao coordenador.

Os profissionais que ignoram, ou que não dão a essa questão a devida relevância, podem correr riscos, abordando inadequadamente várias situações grupais. Consideramos como p a r t e dessa formação do e n f e r m e i r o a a ú i o - r e f l e x ã o , p a r a q u e c o m o coordenador o profissional se p e r c e b a como u m elemento do grupo e ttáo Um "chefe" que a n d a à m a r g e m dele. Segundo MUNARI ; R O D R I G U E S

(1997), a característica essencial daquele que

coordena está justamente em contar com suas experiências como sujeito de um grupo, com suas vivências pessoais em atividades grupais, que lhe sirvam de espelho para o auto-conhecimento e uma visão crítica de si mesmo e do seu papel nos grupos sociais, (p. 93)

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O propósito deste t r a b a l h o é descrever u m a reflexão sobre o ensino da dinâmica de grupo p a r a estudantes de graduação em Enfermagem, focalizando a sua relevância p a r a a formação do enfermeiro.

A DISCIPLINA

Os estudos p a r a a reforma curricular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) t i v e r a m início em 1979 e culminaram com a implantação de um novo currículo em 1989. Neste processo pretendia-se u m a mudança global do currículo a partir da discussão de u m marco referencial, tendo como base as necessidades de saúde da população, propostas governamentais para a área da saúde e o próprio desenvolvimento da Enfermagem enquanto u m a prática social (FREITAS; TAVARES; SAEKI, 1985).

Na nova grade curricular, as disciplinas da área de Enfermagem Psiquiátrica do D e p a r t a m e n t o de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas sofreram a l g u m a s alterações com a inclusão da disciplina Dinâmica das Relações em Grupo na Enfermagem.

A introdução desta disciplina no currículo foi decorrente de discussões junto aos alunos e docentes cujas opiniões sobre a mesma destacavam a relevância desse c o n t e ú d o n a formação p e s s o a l e profissional do enfermeiro.

Em 1992, seu primeiro ano de oferecimento, ela ocorria no oitavo semestre concomitantemente com as d i s c i p l i n a s : E s t u d o s de P r o b l e m a s B r a s i l e i r o s , Administração de Enfermagem em Unidade de Saúde Pública e Administração Aplicada à Enfermagem Hospitalar.

No ano seguinte, devido a concentração da carga horária didática das disciplinas da área de Enfermagem Psiquiátrica ministradas no segundo semestre de cada ano - Enfermagem Psiquiátrica Preventiva (75 Hs), Enfermagem Psiquiátrica (180 Hs) e Dinâmica das Relações em Grupo na Enfermagem (60 Hs) - essa última foi transferida para o sétimo semestre, onde permanece. Nesse semestre, ela acompanha Enfermagem Pediátrica, Enfermagem Obstétrica e Ginecológica, Etica e Legislação em Enfermagem, Didática II, Psicologia II e Estudos dos Problemas Brasileiros II. Com exceção desta última, as demais continuam compondo o sétimo semestre.

Ao longo desses cinco anos, a disciplina vem sendo desenvolvida em 60 horas distribuídas em 15 semanas, em u m período de quatro horas por semana e tem como objetivo propiciar ao aluno a compreensão de aspectos da dinâmica das relações interpessoais em grupo no desempenho de suas atividades enquanto profissional de enfermagem.

Quanto aos objetivos específicos, visa ensinar o estudante sobre as origens e evolução dos grupos; o f e r e c e r noções b á s i c a s s o b r e a s f a s e s de desenvolvimento dos grupos; propor elementos de reflexão sobre a coordenação de grupos e possibilitar a discussão das relações em grupo observadas nas experiências de trabalho.

P a r a o desenvolvimento da disciplina com uma proposta teórico - vivencial, dividimos os alunos em três subgrupos coordenados por três docentes, que procuram trabalhar integrados para manter a unidade da mesma. O conteúdo teórico enfoca noções sobre a origem, evolução e aspectos conceituais de grupos; fases de desenvolvimento dos grupos; o indivíduo e o grupo; c o m u n i c a ç ã o h u m a n a nos g r u p o s ; i n t e r a ç õ e s e participação nos grupos; o grupo e sua repercussão no trabalho da Enfermagem e a prática dos enfermeiros com o trabalho grupai.

Esse conteúdo está alicerçado em referências sobre dinâmica de grupos e textos de experiências de atividades g r u p a i s r e a l i z a d a s pela Enfermagem. Encontram-se discriminadas em anexo (Anexo 1).

Através dos temas selecionados esperamos que os mesmos sirvam de base p a r a que o aluno possa refletir sobre suas vivências em sala de aula e também aquelas oriundas dos campos de estágio j u n t o às disciplinas que são desenvolvidas paralelamente.

Além d a s e s t r a t é g i a s t a i s como: l e i t u r a s programadas, estudos dirigidos, discussões em grupo, utilizamos vivências e jogos dramáticos que possibilitam reflexões relacionadas aos aspectos teóricos estudados.

Cada aula é programada em dois momentos onde estão previstos debates de textos previamente estudados e vivências que envolvem música, atividades físicas e recreativas, exercícios práticos de dinâmica de grupo e de relações h u m a n a s , dramatizações, apresentações artísticas como jograis, peças t e a t r a i s , conjuntos musicais, danças, entre outras, pertinentes ao assunto a ser explorado no dia.

Essas atividades são realizadas, em sua maioria, em grupos de até 25 alunos coordenados por u m docente, sendo que em algumas ocasiões estão previstos encontros onde são reunidos todos os alunos, chegando a mais de 70 participantes.

A forma como e s t á e l a b o r a d a a disciplina proporciona aos estudantes um espaço aberto para críticas e sugestões das tarefas, bem como a utilização da experiência como reflexão sobre as vicissitudes do t r a b a l h o grupai, ou seja, os participantes podem experienciar a dinâmica de um grupo, que é o enfoque central da disciplina.

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Após o término das atividades com os estudantes, os professores voltam a se r e u n i r p a r a r e l a t a r a experiência de cada subgrupo e reorientar os próximos encontros.

Consideramos essa integração essencial p a r a o c a m i n h a r harmônico dos subgrupos, no e n t a n t o , a c r e d i t a m o s q u e c a d a u m d e l e s t e n h a u m desenvolvimento próprio e que questões e situações que emergirem podem e devem ser trabalhadas no momento e no contexto dos pequenos grupos.

Nos primeiros anos pudemos contar com a colaboração de um ator e diretor de teatro que, durante as vivências, desenvolvia com os estudantes e docentes u m a oficina de teatro que possibilitava a articulação com os aspectos teóricos. A originalidade e ousadia dessa p r o p o s t a e n r i q u e c e u a d i s c i p l i n a , t r a b a l h a n d o sobremaneira a criatividade e espontaneidade dos alunos e preparando melhor os docentes para o manejo de grandes grupos.

Os e s t u d a n t e s são a v a l i a d o s a t r a v é s d a participação, contribuição nas discussões, compromisso com o grupo e freqüência às aulas, apresentação dos trabalhos propostos e uma reflexão por escrito, que consta basicamente de itens sobre o conteúdo teórico - vivencial do curso e o significado da disciplina para eles.

Nos primeiros dois anos essa reflexão e r a individual. Depois os professores e alunos decidiram que seria mais oportuna sua elaboração em pequenos grupos. É ainda solicitada p a r a cada estudante, por escrito, u m a auto - avaliação onde faz u m a análise de seu desempenho, atribuindo-se uma nota e justificando a mesma.

Ao término da disciplina pedimos aos alunos para procederem uma avaliação da mesma, focalizando seus objetivos, conteúdo, e s t r a t é g i a s metodológicas, relacionamento professor(es) - aluno(s), formas de avaliação e referências bibliográficas.

R E V I S I T A N D O A E X P E R I Ê N C I A

Acreditamos que toda a experiência vivenciada por nós nestes anos permite-nos algumas considerações importantes sobre o ensino da dinâmica de grupos para estudantes de graduação em Enfermagem.

Um aspecto fundamental trabalhado em todo o percurso da disciplina é a oportunidade de discutir junto com o aluno as dificuldades e as possibilidades concretas da realização do trabalho coletivo. Assim é possível viver as diferenças e divergências sem que isso signifique ruptura ou desagregação, pois de acordo com MAILIHOT (1981J o ser humano, qualquer que seja seu grau de socialização, deve libertar-se desta falsa obsessão de que só aqueles que nos parecem semelhantes nos são próximos e que para serem fraternais conosco, os outros devem ser idênticos a nós. (p.88) .

Além disso consideramos que o conflito e o confronto s ã o n e c e s s á r i o s p a r a q u e os a l u n o s desenvolvam flexibilidade e consenso , atitudes não muito fáceis de serem adquiridas.

Em relação ao conteúdo teórico pensamos que atende aos objetivos da disciplina e está alicerçado em u m r e f e r e n c i a l b i b l i o g r á f i c o q u e v e m s e n d o constantemente revisado, u m a vez que ele deve ser adequado ao aluno de graduação e às especificidades das situações grupais que se apresentam na área da saúde. A carga horária nos parece suficiente p a r a a ministração do conteúdo e permite o acompanhamento dos estudantes durante todo o semestre.

Ressaltamos que a utilização da abordagem teórico - vivencial como estratégia de condução da disciplina é fundamental p a r a o seu desenvolvimento. P a r a J A P U R ; LOUREIRO; CAMPOS e MUNARI (1992), os p r o g r a m a s acadêmicos de formação de profissionais não têm valorizado devidamente essas e x p e r i ê n c i a s , pois o p l a n e j a m e n t o do e n s i n o n a U n i v e r s i d a d e é v o l t a d o p a r a a v a l o r i z a ç ã o do conhecimento técnico - científico.

As mesmas autoras destacam que ao considerar apenas essa dimensão, do técnico -cientifico, deixa-se de valorizar o processo de aprendizagem significativa definida por Moreno a p u d J A P U R ; L O U R E I R O ;

CAMPOS e MUNARI (1992) como u m a assimilação a

mim mesmo daquilo que aprendo, em contraposição a uma mera assimilação de conhecimentos e informações sem nenhuma conexão comigo (p.52).

Vale salientar a importância da colaboração de outros profissionais - de t e a t r o , educação física, t e r a p e u t a s ocupacionais e recreacionais - que são parceiros favoráveis p a r a esse tipo de t r a b a l h o no sentido de nos auxiliar a r e p e n s a r e elaborar novas propostas.

A motivação ao começarmos a c o n s t r u i r e s t a disciplina veio do desafio de e d u c a r m o s saindo d a situação comum de sala de aula. P e n s a m o s que isso só foi possível p e l a s c a r a c t e r í s t i c a s p e s s o a i s e profissionais dos docentes envolvidos.

Nosso p r e p a r o , a l é m de c o n t e m p l a r u m a formação e x t e n s a em E n f e r m a g e m P s i q u i á t r i c a e Saúde Mental, inclui cursos de dinâmica de grupos, e x p e r i ê n c i a s com p s i c o d r a m a e v i v ê n c i a s psicoterápicas individuais e/ou em grupos.

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para a emergência de potencialidades criativas.

(MUNARI; RODRIGUES, 1997, p.92)

Nesse sentido , o enriquecedor da disciplina é a possibilidade de estar constantemente se vendo através dos olhos dos alunos e dos outros colegas.

P a r a u m bom desenvolvimento da disciplina a c r e d i t a m o s s e r p r e c i s o m u i t a o r g a n i z a ç ã o , envolvimento, sincronia, compromisso e determinação entre os docentes. Tudo é pensado, repensado e um contrato de trabalho é firmado entre os professores e alunos.

A proposta da disciplina é apresentada e discutida n a primeira aula nos subgrupos e as modificações e sugestões que aparecem d u r a n t e sua trajetória são s e m p r e e l a b o r a d a s com a p a r t i c i p a ç ã o de todos. Acreditamos estar a todo momento compartilhando a construção do aprendizado, considerando a contribuição de cada aluno, compreendendo-o como ser histórico e sujeito do seu próprio movimento.

Percebemos que quando a proposta de ensino p a r a o estudante não é dada de forma tradicional, formal, fechada, cria-se a possibilidade para ele p a r a r e pensar e não meramente reproduzir conhecimentos e comportamentos que lhe são passados (DEMO, 1996; FREIRE, 1987).

Nos primeiros encontros observamos que os alunos sentem alguma dificuldade para compreender a d i n â m i c a da disciplina u m a vez que p a r a eles, geralmente habituados a receber as informações e pouco participar do seu processo de aprendizado, também fica difícil sair de seu papel tradicional.

Com o p a s s a r do tempo, n a medida em que os subgrupos se constituem como tal, observa-se um certo amadurecimento. Eles tornam-se mais participativos e comprometidos com o a n d a m e n t o daqueles e da própria disciplina.

É importante pontuar, no entanto, que alguns deles conseguem pensar e agir de maneira mais coletiva enquanto que outros parecem entrar e sair da disciplina sem que possamos perceber neles quaisquer mudanças. Isso nos leva a considerar que a disponibilidade interna de cada participante do grupo difere em intensidade e significado atribuído à atividade.

F i n a l i z a m o s r e a f i r m a n d o a i m p o r t â n c i a da revisão permanente do caminhar da disciplina durante todo o semestre, contando com a contribuição dos alunos, que sempre nos dão o feedback p a r a nortear nossas ações .E registrando que essa experiência tem s i d o g r a t i f i c a n t e e n o s p o s s i b i l i t a d o m u i t a s oportunidades de amadurecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexo 1

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