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Fatores de riscos cardiovasculares em adolescentes da cidade do Natal-RN

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Fatores de Risco Cardiovasculares em Adolescentes

da Cidade do Natal - RN

Kerginaldo Paulo Torres

(2)

CATALOGAÇÃO NA FONTE

T639f

Torres, Kerginaldo Paulo.

Fatores de risco cardiovasculares em adolescentes da cidade do Natal-RN / Kerginaldo Paulo Torres. – Natal, 2011.

104p.

Orientador: Profº Drº Ricardo Oliveira Guerra.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Obesidade – adolescente – Tese. 2. Doenças cardiovasculares – adolescentes – Tese. 3. Hipertensão –

adolescentes – Tese. 4. Fatores de risco – Tese. I. Guerra, Ricardo Oliveira. II. Título.

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Fatores de Risco Cardiovasculares em Adolescentes

da Cidade do Natal - RN

TESE APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

DA SAÚDE, DO CENTRO DE CIÊNCIAS

DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO GRANDE DO NORTE, COMO

REQUESITO PARA OBTENÇÃO DO

TÍTULO DE DOUTOR EM CIÊNCIAS DA

SAÚDE.

Kerginaldo Paulo Torres

Orientador : Ricardo Oliveira Guerra

Natal / RN

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenadora: Profa. Dra. Técia Maria de Oliveira Maranhão

Natal / RN

2011

(5)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Fatores de Risco Cardiovasculares em Adolescentes

da Cidade do Natal – RN

Banca examinadora:

Presidente da Banca: Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra

Membros da Banca: Marcelo Chiara Bertolami

Neidmar da Mata Selma Souza Bruno Gardênia Maria Holanda Ferreira

Natal / RN

2011

(6)

Dedicatória:

Dedico todo esse trabalho à Deus, que me emprestou vida e força

para chegar até aqui, mantendo a esperança de continuar com esse projeto.

E a minha mãe, que também sonhou comigo, mas infelizmente, não

mais se encontra conosco para também poder participar desse momento,

certamente vibrando por mais uma meta atingida.

(7)

Agradecimentos:

Um trabalho dessa magnitude não apresenta condições de ser

realizado por uma ou mesmo um pequeno número de pessoas, pois desde o

surgimento da idéia até a sua concretização, foram tantas as contribuições que

com certeza cometeremos o pecado de não citar todas as pessoas e até

instituições que tiveram papel preponderante para a concretização desse feito.

Não foram poucos os momentos em que considerava essa, uma meta

inatingível, momentos esses em que sempre aparecia um anjo(a) para mostrar

outra alternativa, fugindo ou contornando os obstáculos. e assim, mais uma

vez continuar como se aquele tivesse sido o caminho originalmente traçado.

Por tudo isso gostaria de começar agradecendo a Deus pelos

muitos anjos enviados, se é que ele próprio não se fez também de um em

muitas das situações.

Agradeço também a minha família, pela presença constante, apoio e

participação fundamental, e sempre a razão maior de toda minha luta.

Amo vocês.

Um agradecimento especial a Teresinha, minha esposa, mais que

autora desse projeto, tendo estado envolvida intensamente em todas as

etapas.

As Profas. Dras. Aurigena e Gerlane, pela presteza, paciência e

disponibilidade para ceder seus conhecimentos visando melhorar a qualidade

do material que lhes era apresentado, contribuindo para tornar grande o que

começou apenas como um modesto projeto.

(8)

Ao meu orientador que mesmo envolvido com diversos outros

projetos, sempre esteve disponível para em cada momento que me dedicava,

transmitir sempre orientação sábia, segura e suficiente, oferecendo seu apoio

e inspiração para o amadurecimento dos meus conhecimentos e conceitos que

me levaram a execução e conclusão de todo o projeto e essa tese.

Aos professores cujas disciplinas cursei, as quais foram de extrema

valia, contribuindo em muito para minhas atividades profissionais e humana.

Aos professores participantes da banca, por aceitarem o convite,

para essa avaliação, deixando muitos dos seus compromissos e trazendo

valiosas contribuições a esse trabalho.

A equipe de coleta, que manteve-se coesa se dedicando inteiramente

ao projeto. Em especial a Dra. Cíntia.

Aos meus amigos e colegas, alguns mesmo geograficamente

distantes, mas não mediram esforços para oferecer grandes contribuições.

Aos colegas e novos amigos que fiz durante essa caminhada,

lembrarei do aprendizado.

Ao hospital Onofre Lopes, especialmente ao Dr. Ricardo Lagreca,

pela compreensão e apoio, o que muito facilitou a execução desse projeto.

Ao laboratório de análise do HUOL, a todos os técnicos e

funcionários, pelo apoio dos mais importantes, fazendo as mais de 1.200

análises bioquímicas e hormonais, com o máximo de dedicação, carinho e

competência, mudando até sua rotina interna, para realizar todas as análises

em tempo hábil, contribuindo para a credibilidade dos nossos resultados. Um

registro especial às Dras. Margarete e Ruth.

(9)

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte na pessoa da atual

coordenadora Profa. Dra. Técia Maranhão, pelo incentivo e dinamismo que

estão sempre presentes.

À Secretaria Estadual de Saúde pela disponibilização dos kits o que

tornou possível todas as análises laboratoriais.

À Sociedade Brasileira de Cardiologia – RN pelo apoio,

extremamente valioso para a realização desse projeto.

Ao Incor Natal na pessoa do Dr. Eduardo Lemos cujo apoio foi

fundamental para hoje estarmos defendendo essa tese.

Ao Departamento de Biofísica e Farmacologia, pelas medidas de

incentivo tomadas facilitando minha dedicação mais completa ao projeto.

Ao departamento de Fisioterapia, que me disponibilizou não somente

suas dependências, mas principalmente me presenteando com um orientador.

Ao Ifrn, principalmente ao serviço social e serviço médico, os quais

formam fundamentais para a realização desse trabalho.

Ao Centro Clínico Pediátrico do Alecrim que cedeu suas instalações e

pessoal para a viabilização do nosso trabalho, sede principal de toda coleta.

Agradecimento especial à Dra. Neide Torquato.

Aos adolescentes voluntários e seus familiares que sempre se

mostraram disponíveis, oferecendo suas informações clínicas pessoais e seu

próprio sangue, contribuições essas sem as quais esse trabalho não teria sido

viabilizado.

A você que também deu sua contribuição, lhe sou grato.

Muito obrigado a todos!!!

(10)

"Eu Tenho Um Sonho"

Martin Luther king (28/08/63).

(11)

Sumário:

Dedicatória...iv

Agradecimentos...v

Lista de abreviaturas...viii

Lista de tabelas...x

Resumo...xi

1. Introdução...01

2. Objetivo...04

3. Justificativas...05

3.1. Revisão da literatura...05

3.1.1. Problematização...05

3.1.2. O problema no mundo...08

3.1.3. O problema no Brasil...18

4. Métodos...24

4.1. Estudo piloto...24

4.2. Estudoprincipal...25

4.2.1. Considerações gerais...25

4.2.2. Instrumentos de medida...26

4.2.3. Procedimentos...28

4.2.4. Procedimentos e análise estatística...32

4.2.5. Procedimentos éticos...34

5. Resultados...35

5.1 Sobrepeso/Obesidad y factores de riesgo cardiovascular en adolescentes de un centro urbano del nordeste brasileño – Estudio NATAL……..……….……36

5.2 Riscos Cardiovasculares em Adolescentes com Diferentes Graus de Obesidade...56

(12)

6.1. Trajetória e Perspectivas...59

6.2. Considerações finais...60

7. Apêndice...61

7.1. Aprovação pelo CEP...62

7.2. TCLE...64

7.3. Formulários...65

8. Abstract...73

(13)

Lista de abreviaturas:

CCPA - Centro Clínico Pediátrico do Alecrim

C/Q – Relação cintura quadril

DAC - Doença arterial coronariana

DCV - Doenças cardiovasculares

HDL-C - Lipoproteina de alta densidade

Hist. Fam. HAS – História familiar de hipertensão

Hist. Fam. Obes.- História familiar de obesidade

HOMA-RI - Homeostatic Model Assessment - Insulin Resistance

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC - Índice de massa corporal

IMT - Espessura médio intimal de carótida

INTERHEART - Latin America of the global INTERHEART study

IRS - Síndrome de resistência a insulina

KS - Komolgorov-Smirnov

LDL-C - Lipoproteina de baixa densidade

NHANES III - Third National Health and Nutrition Examination Survey

OMS - Organização Mundial da saúde

PAD - Pressão diastólica

PAS - Pressão arterial sistólica

PDAY - Pathobiological Determinants of Atherosclerosis in Youth

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PROSAD - Programa de Saúde do adolescente

(14)

SES - Status socioeconômico

SM - Síndrome metabólica

SPSS 15.0 - Statistical Package for the Social Sciences

TCLE – Termo de consentimento Livre e Esclarecido

VLDL-C – Lipoproteina de muita baixa densidade

(15)

Lista de tabelas

Tabla 1………...………..………..…60

– Distribución de frecuencias de las características sociodemográficas de la muestra.

Tabla 2……….……….61

- Distribución de las frecuencias de las características antropométricas, hemodinámicas y de los factores de riesgo familiar.

Tabla 3………...……….63

- Distribución de las frecuencias de los parámetros bioquímicos de acuerdo con el percentil del IMC.

Tabla 4………..………64

- Distribución de las frecuencias de los parámetros bioquímicos de acuerdo con el sexo.

Tabla 5 ……….………65

- Regresión logística múltiple para asociación entre Sobrepeso/Obesidad con otros factores de riesgo cardiovascular.

(16)

Resumo

Estudos têm demonstrado elevada prevalência de fatores de risco

cardiovascular em adolescentes a redor do mundo, entretanto, é possível que

esses fatores de risco se comportem de modo diferente em diferentes

localidades. Objetivos: Examinar a prevalência do sobrepeso/obesidade e sua

associação com outros fatores de risco cardiovasculares, em adolescentes, da

cidade do Natal-Brasil. Métodos: Estudo observacional de delineamento

transversal, realizado em 626 adolescentes (10 a 19 anos) de ambos os sexos.

Foram estudadas as variáveis: peso, idade, gênero, cor, escolaridade, renda

familiar, hábitos de vida, história familiar, peso, estatura, índice de massa

corporal, relação cintura/quadril, pressão arterial, perfil lipídico, Glicose e

Insulina de jejum e pós Dextrosol. Resultados: Foram avaliados 273 (43,6%)

adolescentes do sexo masculino e 353 (56,4%) feminino. 26,4% dos

adolescentes apresentaram sobrepeso/obesidade. A presença de obesidade

familiar foi relatada por mais de 30 % da nossa amostra. Na análise de

regressão logística múltipla; Idade, renda familiar, percentil de pressão

sistólica, história familiar de hipertensão e obesidade, triglicerídeos, HDL

colesterol, e HOMA RI mostraram-se associados com sobrepeso/obesidade. A

relação cintura quadril apresentou-se mais elevada nas mulheres, e

encontramos 10,9 % dos adolescentes com percentil de pressão sistólica

(PAS) 95, e 7,4 % com percentil de pressão diastólica (PAD) 95. As

dosagens de triglicerídeos, colesterol HDL e HOMA-RI alterados foram mais

prevalentes nos que apresentavam IMC aumentado. As alterações do

(17)

colesterol total, triglicerídios, glicemia pós dextrosol e HOMA teste, tiveram

maior prevalência no gênero feminino. Na regressão logística binária, foram

observadas associações do sobrepeso / obesidade com idade; OR 0,85, IC de

95% (0,78-0,92); p<0,001, pressão arterial sistólica; OR 2,65, IC de 95%

(1,18-5,94); p< 0,020, renda familiar; OR 2,34, IC de 95% (1,53-3,58); p< 0,001,

história familiar de hipertensão arterial; OR 1,76, IC de 95% (1,15-2,71); p<

0,009, história familiar de obesidade; OR 1,50, IC de 95% (1,09-2,27); p< 0,04,

aumento dos trigliceridios; OR 2,74, IC de 95% (1,69-4,43); p< 0,001, redução

do colesterol; HDL OR 0,58, IC de 95% (0,38-0,87); p< 0,009 e o aumento do

HOMA OR 3,16, IC de 95% (1,64 - 6,02); p<0,001. Conclusão: A prevalência

de fatores de risco cardiovascular em Natal – Brasil se constitui em grave

problema de saúde pública, atingindo níveis que se igualam ou até superam os

de outras cidades tanto no Brasil, como em outros países.

(18)

1

1. INTRODUÇÃO

As doenças crônico-degenerativas têm crescido em incidência e

prevalência nos últimos anos, e entre elas merece destaque as doenças

cardiovasculares. Tal preocupação tem sido observada em diversos países,

sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento ao redor do mundo. O

envelhecimento da população motivado pelos avanços da medicina além da

incorporação de um estilo de vida menos saudável, como a diminuição do nível

de atividade física, e a prática de hábitos alimentares inadequados, são

condições que estão relacionados com essas constatações1,2.

Os índices de prevalência e incidência de potenciais fatores de risco

cardiovasculares, assim como as previsões feitas pela Organização Mundial

da Saúde (OMS) tem sido objeto constante de preocupação. Segundo a OMS,

existe uma previsão de que nos países desenvolvidos ocorra um crescimento

das doenças cardiovasculares em cerca de 50% até o ano de 2020, porcentual

esse que pode até superar os 100% nos países em desenvolvimento3.

Decorrentes da própria gênese das doenças cardiovasculares, suas

manifestações surgem principalmente durante as fases da vida adulta, porém

os fatores de risco que contribuem para o surgimento dessas doenças estão se

manifestando de forma cada vez mais intensa e precocemente, entre as

(19)

2

de risco se manifestam mais precocemente, estes possuem maior

probabilidade de desenvolverem doenças cardiovasculares na idade adulta9-12.

O excesso de peso que surge ainda na adolescência, apresenta

significativa associação não apenas com excesso de peso observado na idade

adulta, mas também, com o aparecimento das doenças cardiovasculares nessa

fase jovem da vida 6,12-14, mostrando-se também associado com o surgimento das doenças do sistema cardiovascular na idade adulta15,16. A elevação da

pressão arterial é também apontado como outro importante fator de risco

relacionado com o acometimento do sistema cardiovascular 5,17-19. Estudos

realizados em diferentes cidades brasileiras relevaram níveis elevados de

prevalências de hipertensão arterial, presentes entre 7,7 a 18,6% dos

adolescentes estudados4, 20-22.

O tabagismo é outra condição identificada como um dos fatores de

risco associado com a maior probabilidade de ocorrência de doenças do

aparelho cardiovascular 21,23. Pesquisas realizadas em diferentes regiões do Brasil têm mostrado prevalências que variam de 2,3 a 23,1% de adolescentes

tabagistas, sendo o uso do cigarro menor na região Nordeste 4,20, e maior nas

regiões Sul24 e Sudeste 6.

A história familiar de doenças cardiovasculares tem sido evidenciada

como um dos fatores de risco relacionados com o desenvolvimento destas

doenças, notadamente quando elas ocorrem precocemente nos parentes de

primeiro grau4,25. Outro importante fator de risco de enfermidades

cardiovasculares é o consumo excessivo de bebida alcóolica 6,9,26.

Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2003 27 aproximadamente, 29,9% da população brasileira reportou ser portadora de

(20)

3

com a idade, e variava segundo os sexos, sendo maior para as mulheres

(33,9%) do que para os homens (25,7%). Entretanto, até a idade de 13 anos, a

parcela de mulheres com doença crônica era menor e, repetindo o padrão das

demais variáveis de estado de saúde, superava a dos homens em todos os

grupos etários a partir de 14 anos. Verificou-se, também uma relação direta

entre a proporção de pessoas com doença crônica e o rendimento mensal

familiar, encontrando-se 26,7% de indivíduos com doenças crônicas entre

aqueles com rendimento de um salário mínimo ou menos, e alcançando 33,6%,

de acometimento entre aqueles de 10 e 20 salários27.

Entre os fatores de risco cardiovasculares, o sobrepeso e a

obesidade assumem um papel relevante pela crescente prevalência desses

desfechos em todas as faixas etárias das populações no mundo. No Brasil, por

ser um país de dimensões continentais com variadas características sociais,

econômicas e culturais, surge a necessidade de avaliação da prevalência dos

fatores de risco cardiovasculares, principalmente nas faixas etárias mais

precoces, como a infância e adolescência. Na região nordeste ainda são

escassos os estudos epidemiológicos sobre fatores de risco cardiovasculares

em adolescentes.

O presente estudo pretendeu identificar se os adolescentes da cidade

do Natal-RN Brasil estão igualmente expostos a esses importantes fatores de

risco cardiovascular, no sentido de fornecer aos gestores da saúde deste

município, dados que demonstrem a real condição de risco dos nossos

adolescentes, e direcionar as políticas eficazes de saúde voltadas para

(21)

4

2. Objetivo

Analisar a prevalência de sobrepeso/obesidade e outros fatores de

risco cardiovascular, e suas prováveis associações em adolescentes da cidade

(22)

5

3. Justificativas

3.1. Revisão da Literatura

3.1.1. Problematização

A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano onde se

observa uma série de transformações corporais que muitas vezes são

consideradas como um período de tempo saudável, quando se compara com

outros períodos ditos vulneráveis, como a infância e a senescência28. No entanto, pode ser considerado ainda como o período onde se observa

frequentes associações com comportamentos de alto risco, como a iniciação

sexual, uso de tabaco, abuso de diferentes substâncias, maus hábitos

alimentares, inatividade física, e exposição a violência29, condições essas que muitas vezes persistem durante a vida adulta30,31. Dados apresentados pela OMS32 mostram que um terço das doenças, e quase 60% das mortes prematuras nos adultos, estão associadas a comportamentos ou condições

iniciadas durante a adolescência28,33,34.

As doenças crônicas, e entre elas as doenças cardiovasculares (DCV)

continuam a ser a principal causa de morte na maioria dos países

industrializados, embora tenha havido um constante declínio da mortalidade

desde a segunda metade do século XX35,36. Em contraste com o declínio da

(23)

6

os fatores modificáveis, como o sedentarismo, hipertensão, obesidade e

diabetes não diminuíram, tendo até mesmo aumentado entre os adultos nas

últimas décadas37-41. Esses fatores de risco modificáveis são responsáveis pela maioria dos eventos cardiovasculares, especialmente, por mais de 90% dos

casos de infarto agudo do miocárdio, independentemente da idade, sexo,

origem étnica e o país de residência42. Estudos evidenciaram que a modificação desses fatores de riscos através de mudanças de estilo de vida, da

terapia médica, ou de procedimentos de intervenção pode resultar em

substanciais melhorias na morbidade e mortalidade cardiovascular e geral43-48.

Por mais de 50 anos, foi aceito que a aterosclerose é uma doença

que começa na infância, progride na adolescência e idade adulta, vindo a

causar doença arterial coronariana (DAC) no individuo de meia idade e no

idoso49. Embora anteriormente tenha sido considerada uma conseqüência inevitável do envelhecimento, atualmente se admite que a aterosclerose pode

ser causada por uma série de interações genético-ambientais, sendo os fatores

de risco modificáveis como o estilo de vida, onde se inclui fumo, álcool,

inatividade física, sobrepeso e obesidade, os principais contribuintes para o

desenvolvimento de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, o

câncer e o diabetes tipo 250. A presença desses fatores de risco, incluindo ainda variáveis como níveis elevados de lipoproteínas de baixa densidade

(LDL-C) e exposições ambientais como o tabagismo, contribuem para

aumentar a incidência da DAC na idade adulta, estando associados a lesões

ateroscleróticas avançadas, e sendo estas iniciadas em fases precoces da

vida51.

Desta forma, considera-se um desafio a identificação de adolescentes

(24)

7

que podem resultar em melhores resultados a longo prazo52. Os esforços para a manutenção da saúde do adolescente devem priorizar a prevenção, uma vez

que grande parte das doenças podem ser evitadas de modo efetivo

considerando os custos das ações de prevenção28.

No entanto, os esforços para melhorar a saúde dos jovens podem ser

operacionalmente mais complexos e difíceis do que em outros grupos etários,

uma vez que muitos dos problemas de saúde deste contingente são ligados às

atitudes e comportamentos, muitas vezes deletérios em relação à saúde34. Esse aspecto, todavia, pode também apresentar um lado positivo, uma vez que

estes comportamentos são menos arraigados, e também pelo fato dos jovens

frequentemente estarem envolvidos em atividades institucionais principalmente

nas escolas, onde as ações de promoção de saúde podem ter importante

influência positiva na conduta nessa faixa de idade. Existem evidências de que

muitos jovens se engajam em múltiplos comportamentos de risco53-56, o que se

constitui em uma preocupação especial uma vez que, o risco de resultados

adversos para a saúde aumenta com o número de condições comportamentais

não saudáveis57,58.

Neste sentido, considerando os fatores de risco cardiovasculares e a

adolescência, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a obesidade são

geralmente bem toleradas em idade mais jovem e, portanto, mal percebida

como prejudicial, mas ao longo do tempo essas condições podem conduzir a

excesso de morbidade e mortalidade por causas cardiovasculares

principalmente na meia-idade59.Estudos epidemiológicos têm demonstrado que fatores de risco cardiovascular tendem a se agrupar principalmente em

pessoas jovens60, e ainda, que a aglomeração de fatores de risco

(25)

8

O aumento observado nos efeitos nocivos para a saúde associados

com múltiplos fatores de risco comportamentais levou ao surgimento de vários

estudos investigando a sua ocorrência e a distribuição entre diferentes

populações56,62-66. Por muitos anos, se discutiu se a modificação dos fatores de

risco em adultos, especialmente a redução dos níveis de colesterol sérico,

reduziria o risco de doença coronária. Atualmente, é consenso a importância do

tratamento da hipercolesterolemia67 de hipertensão arterial68, da interrupção do

tabagismo69, do controle da obesidade70, e da prática de atividade física71 em reduzir o risco de doença arterial coronariana. Estima-se que cerca de metade

do declínio dramático das taxas de DAC entre 1980 e 1990 tenha sido atribuída

à redução de fatores de risco, enquanto a outra metade deva-se a um melhor

tratamento clinico da doença específica72. As modificações do estilo de vida e o

tratamento medicamentoso para hiperlipidemias e hipertensão arterial são

amplamente recomendados tanto para a prevenção primária, bem como para a

prevenção secundária da DAC em adultos73.

3.1.2. O problema no mundo

Em diversos países as doenças cardiovasculares (DCV) se

constituem em grave problema de saúde pública74,75, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade prematura mundial35, e que varia

consideravelmente entre as populações, tanto no aspecto da localidade76, como também na dependência temporal77. É também evidente que a maior parte do risco atribuível para infarto do miocárdio dentro das populações de

(26)

9

limitado de fatores de risco42, e que a modificação desses fatores de risco pode promover grandes benefícios à saúde78,79.

Estudos sobre risco cardiovasculares realizados com populações

adolescentes europeias apresentaram variadas prevalências, desde 40% na

Bélgica80, onde foi evidenciado que quase 25% dos jovens fumavam, tendo um consumo médio diário de 6 e 11 cigarros nos meninos e nas meninas,

respectivamente. A hipertensão diastólica foi encontrada em 5% do sexo

feminino e em 1% do sexo masculino. 10% do sexo feminino e 8% do sexo

masculino apresentavam sobrepeso, 17% do sexo feminino e 9% do sexo

masculino tinham hipercolesterolemia.

Em 1953, três patologistas do exército americano surpreenderam a

comunidade científica com um artigo 81 descrevendo alta freqüência de

aterosclerose avançada nas artérias coronárias de jovens (média, 22 anos)

vítimas de batalhas da Guerra da Coréia. Naquela época, o conceito de fatores

de risco era apenas emergente e sua relação com a aterosclerose não se

encontrava ainda estabelecida.

A idéia de que o estilo de vida na juventude pudesse afetar um

processo com conseqüências mortais na meia idade parecia improvável, pois

um estudo comparando aterosclerose em autopsiados feito em vários países

mostrou que a extensão do aumento das lesões nas artérias coronárias de

adultos corriam em paralelo com a incidência de doença coronariana nas

populações. Além disso, as diferenças entre as lesões levantadas em

populações com altos índices de doença coronariana e aqueles com baixos

índices de DAC tornavam-se evidentes por volta dos 25 anos de idade82.

Na década de 1970, pesquisadores em Muscatine, Iowa83, Bogalusa,

(27)

10

variáveis fisiológicas que tinham sido estabelecidos como fatores de risco para

DAC em adultos. Apesar dos valores médios destas variáveis terem sido

bastante inferiores aos dos adultos, houve considerável variabilidade individual.

Em membros da coorte de Bogalusa que mais tarde morreram de acidentes,

homicídios ou suicídios e foram necropsiados, os fatores de risco para DAC

quantificados nos anos anteriores estiveram associados com as lesões

ateroscleróticas encontradas86. À medida que as gerações de crianças desses

estudos atingiam a idade adulta, os pesquisadores começaram a usar métodos

de imagens não invasivos para identificar a aterosclerose nas artérias mais

acessíveis, tendo o grupo Muscatine usado a ultra-sonografia das carótidas em

725 adultos com idades entre 33 e 42 anos, verificando que a espessura

íntima-média (EIM) estava associada com a concentração de colesterol total

sérico na infância, e com o índice de massa corporal (IMC)87.

No Bogalusa Heart Study88, realizado com 486 adultos jovens cujos

fatores de risco foram medidos em média 22 anos antes, identificaram que o

nível de LDL colesterol na Infância foi preditor de aumento da EIM de carótida

na fase adulta, e o IMC na infância também previu a EIM da carótida na fase

adulta. No Young Finns Study89, onde foi feito o acompanhamento de 2229 adultos jovens com idades entre 24 e 39 anos que haviam sido vistoriados para

fatores de risco cardiovasculares em idades de 3 a 18 anos, mostraram

resultados semelhantes com os de outros estudos de acompanhamento, com

o nível de LDL-C, pressão arterial sistólica, IMC e tabagismo associados com a

EIM das carótidas na fase adulta, mesmo após ajuste para idade e sexo.

Surpreendentemente, essa relação de fatores de risco na adolescência com a

EIM das carótidas persistiu mesmo quando ajustado para valores correntes dos

(28)

11

idades de 3 a 9 anos foram apenas fracamente associado a EIM da carótida

em homens e não foram associados em mulheres. Apesar de pequenas

diferenças na secção transversal das carótidas obtidas em estudos de autópsia

e de coorte de longo prazo mostram que os fatores de risco começavam

durante a adolescência, quando surgiam as estrias gordurosas que

posteriormente se convertiam em lesões ateroscleróticas90, sendo possível que os fatores de risco nos primeiros anos da adolescência estivessem

associados com danos permanentes à parede arterial89, podendo os fatores de risco na infância, serem preditores independentemente da EIM da carótida,

mesmo após a contabilização dos fatores de risco presentes na idade adulta.

Em 1985, o Pathobiological Determinants of Atherosclerosis in Youth

(PDAY)91, estudo que coletou dados de aproximadamente 3000 pessoas com

idades compreendidas entre 15-34 anos, que haviam morrido de causas

externas, como acidentes, homicídios ou suicídios e foram necropsiados em

laboratórios forenses. Os fatores de risco desse grupo foram analisados em

amostras de sangue pós-morte, e a presença de aterosclerose foi avaliada em

artérias coronárias e aortas, tendo os investigadores confirmado alta

prevalência e rápida progressão das lesões suscitadas nas artérias dos

adolescentes e de adultos jovens. Os resultados foram também confirmados e

estendidos aos relatórios anteriores nos quais além da idade e do sexo

masculino, o colesterol não HDL ,o nível de hipertensão, o tabagismo, a

obesidade e a hiperglicemia foram associados positivamente com lesões

arteriais mais extensas e mais graves enquanto o HDL-C foi associado

negativamente com essas lesões92-95.

Tem sido observado ser uma tendência mundial a crescente

(29)

12

problema de saúde pública96. A obesidade em crianças e adolescentes isoladamente está associada com diversos fatores de risco para doenças

cardiovasculares (DCV), incluindo hipertensão, dislipidemias e elevados níveis

de insulina97-99, e ainda com o aumento do risco de morbidade e mortalidade

cardiovasculares na idade adulta100,101. Essa preocupação também atinge grupos isolados como os índios Pima do Arizona, que sofrem sem precedentes

com altos níveis de obesidade tanto na infância como também na vida

adulta102. Nesse grupo indígena, a relação do índice de massa corporal e do percentual de gordura também é diferente entre homens e mulheres, com

diferenças mais acentuadas nos grupos etários mais velhos, porem o Índice de

massa corporal, o percentual de gordura e a massa de gordura apresentaram

graus semelhantes de correlação com medidas metabólicas existentes na

infância, e também mostram associações similares com fatores de risco

cardiovascular nas crianças103.A diminuição da atividade física e o aumento na

ingestão calórica também podem ser os responsáveis por esse aumento da

incidência de sobrepeso e obesidade104. Como em outras culturas, nesse grupo, a obesidade está associada com aumento do risco de doença

cardiovascular em adultos, mas também embora menos intensamente, nas

crianças e adolescentes105.

Em estudo realizado na Finlândia, avaliando níveis de proteina C

reativa (PCR) na infância, observou-se existir associação significativa da PCR

nessa fase com a observada na idade adulta, e que essa associação é

independente da presença de outros fatores de risco metabólicos, no entanto

não foi observado está associada com a espessura íntima média da carótida na

(30)

13

Na avaliação de adultos coreanos com idade a partir de 20 anos em

2001, 32,6% do sexo masculino e 29,4% das mulheres tinham sobrepeso ou

eram obesos, apresentando índice de massa corporal de 25 kg/m2 ou mais. A obesidade também tem se mostrado ser um grave problema de saúde em

adultos coreanos tendo se constatado aumento da sua prevalência entre os

adultos. Quanto às crianças e adolescentes coreanos, tem se observado um

número cada vez maior de crianças e adolescentes com sobrepeso, risco

aumentado de hipertensão arterial, altas concentrações de colesterol total,

colesterol LDL e triglicerídeos, alem de baixa concentração de colesterol HDL,

o que certamente os expõem a um risco aumentado de morbidade e

mortalidade cardiovascular na idade adulta107.

A urbanização observada em diversos países tem se acompanhado

de profundos efeitos sobre a saúde das crianças e adolescentes que

experimentam ambas, as vantagens e desvantagens do ambiente urbano108.

Os dados disponíveis no Cazaquistão mostram que obesidade também é

atualmente mais comum do que a desnutrição em crianças, pré-escolares e

adultos109-111. Nos dois principais grupos étnicos do Cazaquistão, apesar dos

cazaques parecem terem menor prevalência de obesidade do que os russos,

os dados obtidos em pequenas amostras de cazaques mostram valores

maiores de colesterol sanguíneo inclusive nos habitantes de áreas rurais,

valores até maiores do que os das populações urbanas109, e embora o risco de sobrepeso e fatores de risco cardiovascular sejam atualmente menos

prevalente em crianças que vivem no Cazaquistão do que aqueles que vivem

em países ocidentais, suas estimativas não são desprezíveis, sugerindo que

medidas preventivas também se fazem necessárias para conter a epidemia de

(31)

14

modernização do Cazaquistão, nos próximos anos. Algumas das diferenças

encontradas entre esses grupos étnicos e de gênero são provavelmente

explicadas pela antropologia nutricional, e os fatores sócio-econômicos112. Nos Estados Unidos, o índice de massa corporal (IMC) aumentado

entre crianças e adolescentes continua a ser uma preocupação de saúde

pública, pois crianças com IMC elevado, muitas vezes tornam-se adultos

obesos113, estando portanto em risco maior para muitas doenças crônicas

como a diabetes, doenças cardiovasculares e certos tipos de cânceres114. A preocupação com a obesidade também é com as conseqüências do momento,

pois o aumento do IMC ainda que em crianças e adolescentes podem ter como

conseqüências imediatas, elevação de lipídeos e da pressão arterial115.

Desde 1980, a prevalência de IMC igual ou superior ao percentil 95

triplicou entre crianças em idade escolar e nos adolescentes, e continua

elevada em cerca de 17%116-118. O possível aumento do IMC igual ou superior

ao percentil 97 e a crescente assimetria na distribuição entre os meninos é

consistente com os dados para os homens, que sugerem um ligeiro, mas

estatisticamente significativo aumento da obesidade entre os anos de 1999 e

2006119.

Diferenças na prevalência e nas tendências para obesidade entre

meninos e meninas também têm sido relatadas em outros países120-122.

Também foram relatadas diferenças na adiposidade entre os indivíduos negros

e brancos para o mesmo nível de IMC123, já que o IMC em crianças e

adolescentes varia de acordo com idade e sexo124.

Os estudos de coorte em crianças comprovam que aquelas com peso

mais elevado apresentam maior risco de permanecerem com excesso de peso

(32)

15

dislipidemia, aterosclerose, doença cardiovascular, diabetes tipo 2, disfunção

hepática e outras co-morbidades125-126. O excesso de peso é considerado

atualmente como uma afecção metabólica complexa, multifatorial, que envolve

a interação de influências metabólicas, fisiológicas, comportamentais e sociais,

resultando, fundamentalmente, do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto

calórico127. A diminuição dos alimentos energeticamente densos, a mudanças dos hábitos sedentários, com o aumento da atividade física têm sido

consideradas como as principais intervenções no controle do IMC de crianças

com excesso de peso128-130.

Estudos têm apresentado que não só o excesso de gordura corporal,

mas também a localização de distribuição da gordura, demonstram forte

relação com o desenvolvimento da síndrome metabólica em populações

jovens131-133. Um padrão de distribuição de gordura andróide, com o excesso de gordura na região superior (central) do corpo, particularmente no abdômen,

tem sido associada com aumento do risco, em comparação com o padrão

ginóide, onde o aumento da gordura se localiza em segmentos inferiores do

corpo, principalmente nos quadris e coxas134-135. Neste sentido, estudos têm

indicado também que a circunferência da cintura é um eficiente indicador de

obesidade abdominal, trazendo conseqüentemente, maior risco para eventos

cardiovasculares136.

Um estudo britânico mostrou a existência de importantes

desigualdades sócio-econômicas na ocorrência de adiposidade e a associação

com fatores de risco cardiovascular em crianças. As diferenças entre as

crianças contemporâneas e as de gerações anteriores nos padrões

sócio-econômico dos fatores de risco cardiovasculares sugerem que os futuros

(33)

16

que os adultos atuais. Esses resultados destacam a importância das

intervenções destinadas a prevenir a obesidade na infância, especialmente

entre aqueles de baixa posição socioeconômica, onde o sobrepeso e

obesidade foram maiores que nos indivíduos de melhor padrão

socioeconômico137.

O tabagismo também se constitui em importante fator de risco para

diversas doenças crônicas, incluindo as doenças cardiovasculares, e entre os

jovens o problema torna-se mais sério por três razões distintas: primeiro pelas

conseqüências diretas com o nível da saúde, como o desenvolvimento de

lesões ateroscleróticas prematuras em jovens138-139, em segundo lugar, porque a prática desse hábito leva a conseqüências deletérias na saúde futura do

adulto140-141, e finalmente, porque o tabagismo em adolescentes é

freqüentemente associado com um estilo de vida insalubre142-145.

No estudo The Third National Health and Nutrition Examination Survey

(NHANESIII)146, foi encontrado que cerca de 18% dos adolescentes apresentavam entre três e quatro componentes da síndrome de resistência a

insulina (IRS). Na análise multivariada se evidenciou que as chances de estar

em risco aumentado de obesidade foi significativamente maior entre aqueles

com dois, três ou quatro componentes da IRS em comparação com aqueles

sem nenhum componente da IRS. Também se observou que o nível de

colesterol não-HDL foi significativamente maior entre os adolescentes com

mais componentes da IRS. O estudo concluiu ainda que os fatores de risco

cardiovascular agrupados estão fortemente associados com um risco

aumentado de obesidade e níveis mais elevados de colesterol não-HDL146. Os dados de estudos caso-controle e prospectivos conduzidos em

(34)

17

associadas com o aumento do risco de doença cardiovascular. (DCV)147-148. Um estudo realizado em crianças e adolescentes de Quebec- Canadá, concluiu

que as correlações metabólicas do tamanho de LDL são semelhantes entre

jovens e adultos, mas apesar do fenótipo de LDL pequeno denso ser menos

prevalente em jovens do que adultos, sua prevalência é claramente maior na

criança com síndrome de resistência à insulina, o que dá suporte a

necessidade de prevenção precoce dos fatores de risco para as doenças

cardiovasculares149.

Em estudos de base populacional em adultos jovens, foi observado

que as desigualdades na condição de saúde podem está associado com os

fatores psicossociais, tais como a hostilidade, e o risco cardiovascular, o que

pode ser confundido com as diferentes condições socioeconômicas, supostas

de serem o fator subjacente da verdadeira doença150-152. No entanto a hostilidade poderia simplesmente representar um marcador de status

socioeconômico (SES) ou ser uma parte do processo através do qual as

condições materiais afetam o risco cardiovascular. Estes argumentos não são

sem evidências, primeiro porque o SES na infância e na idade adulta tem sido

associado com altos níveis de hostilidade e com a falta de esperança na idade

adulta153-155. Em segundo lugar, porque está bem estabelecido que o baixo SES tanto na infância quanto na idade adulta está associado com aumento do

risco cardiovascular156-157.

Um estudo finlandês avaliando o mesmo tema concluiu que a

hostilidade está associada com o tabagismo e a freqüência de uso de álcool,

não sendo essa associação atribuível simplesmente à condição

socioeconômica, podendo sim existir associação entre a hostilidade e os

(35)

18

Em cinco coortes realizadas em adolescentes da China, Índia,

Guatemala, Filipinas e Brasil, foi observado que existe associações

consistentes da falha do crescimento na infância e do desenvolvimento de

sobrepeso na infância, com o risco de elevação da pressão arterial, da glicose

e dos lipídios na idade adulta159.

3.1.3. O problema no Brasil

No Brasil, alguns importantes estudos sobre fatores de risco

cardiovascular também têm sido conduzidos em adolescentes, como o Estudo

do Rio de Janeiro, o qual demonstrou que a medida elevada da pressão arterial

na infância e adolescência associou-se a maiores valores de pressão arterial,

dos índices antropométricos e de maior prevalência de síndrome metabólica na

fase adulta jovem160-164.

No estudo de Ouro Preto, o risco de obesidade foi maior em jovens

que apresentavam níveis elevados de triglicerídeos, lipoproteínas de baixa

densidade e altos níveis de colesterol, e também naqueles cujos pais eram

obesos. Já o risco de hipertensão foi mais alto em indivíduos obesos e

naqueles que apresentaram baixo peso ao nascer. Foi observado ainda que

44,4% dos escolares estavam expostas a dois ou três fatores de risco para

doenças cardiovasculares (DCV) e 8,2% foram expostos de quatro a seis

fatores.de risco165.

Num estudo realizado em Cascavel PR foi encontrada alta prevalência

de fatores de risco para DCV, incluindo sobrepeso, hipercolesterolemia e

(36)

19

semelhante àqueles relatados nos estudos realizados em grandes centros

urbanos do Brasil e em outros países, indicando assim a existência de um

problema global. Os resultados desse trabalho mostraram ainda que o número

dos fatores de risco cardiovascular foi diretamente relacionado com a idade.

Foi identificada também que os jovens com níveis desfavoráveis de triglicérides

e HDL-C, e com pais obesos foram os mais propensos a também serem

obesos. Além desses achados, peso baixo ao nascer e IMC elevado foram

preditores de risco da hipertensão arterial166.

Em estudo realizado na cidade de Goiânia-GO com indivíduos de 7 a

14 anos de idade, escolares da rede pública e privada, onde se investigou o

estado nutricional, a pressão arterial e hábitos de vida com tabagismo, uso de

bebida alcoólica, atividade física e hábitos alimentares, foi encontrado

importante elevação desses fatores de risco cardiovascular em ambos os

gêneros. Outro estudo realizado em São Paulo167, que objetivou estudar a

prevalência do risco cardiovascular associado ao estilo de vida de escolares da

5ª à 8ª série do ensino fundamental, com uma amostra que representa cerca

de 2% dos alunos de duas regiões de ensino do município de São Paulo, foram

observados 24% com sobrepeso ou obesidade, 53,3% com hábito alimentar

inadequado, 15,4% com sedentarismo, 62,6% com consumo de álcool, e

23,1% de cigarro. Entre a 5ª e 8ª série dobrou o uso de bebidas alcoólicas,

triplicou a proporção de adolescentes do sexo masculino que experimentou o

cigarro, e quintuplicou do sexo feminino. O hábito alimentar inadequado, foi

identificado em 40% dos alunos das escolas públicas, e em 58% das privadas,

entre os alunos da 8ª série. O percentual de alunos com sobrepeso e

obesidade foi maior nas escolas privadas, com o crescer das séries houve

(37)

20

estatística. O sedentarismo foi maior nas escolas públicas, e com o aumento da

idade, se mostrou controverso entre a escola pública e privada. Os

adolescentes do sexo feminino freqüentam menos as aulas de educação física,

em comparação com o gênero masculino. O hábito alimentar inadequado foi

caracterizado por colocar mais sal na comida já preparada, menor consumo de

laticínios, e frutas, e por outro lado, consumo maior de alimentos representados

pelos refrigerantes, manteiga e salgadinhos.

O estudo em escolares do Município de Campinas-SP mostrou haver

associação entre hipercolesterolemia e índice de massa corporal, apontando a

obesidade como fator de risco para a hipercolesterolemia6. Outros estudos transversais em crianças e adolescentes com excesso de peso demonstram

uma associação com maior risco não apenas para doenças cardiovasculares,

mas também para afecções ortopédicas, respiratórias, endócrinas, além de

uma baixa auto-estima168-175.

No estudo realizado em Londrina-PR com adolescentes do ensino

médio, encontrou-se que cerca de 20% das moças e 16% dos rapazes

apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular para o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O sobrepeso se associou

significativamente com a ingestão excessiva de gorduras, enquanto a pressão

arterial elevada se relacionou com o estilo de vida sedentário e o uso de

tabaco. A excessiva ingestão de gorduras e de colesterol indicaram risco

aumentado de apresentar concentrações indesejáveis de Lipídios-lipoproteínas

plasmáticas. Nesse estudo, os adolescentes fumantes tenderam a apresentar

risco de pressão arterial e de lipoproteínas plasmáticas alterados, duas vezes

(38)

21

No estudo do coração de Belo Horizonte se encontrou uma

prevalência de sobrepeso e obesidade de 8,4% e 3,1% respectivamente. Os

estudantes colocados no quartil superior apresentaram um risco 3,7 vezes

maior de ter o colesterol total aumentado em relação ao quartil inferior. Os que

apresentavam sobrepeso e obesidade tiveram 3,6 vezes mais risco de

apresentar pressão arterial sistólica aumentada, e 2,7 vezes mais de pressão

arterial diastólica aumentada, em relação aos estudantes com peso normal. Os

estudantes menos ativos, que se encontravam no quartil inferior, apresentaram

3,8 vezes mais riscos de terem colesterol total aumentado comparados com os

mais ativos, quartil superior. O estudo concluiu que estudantes com sobrepeso

ou obesos ou nos quartis superiores para outras variáveis de adiposidade,

assim como os estudantes com baixos níveis de atividade física ou sedentários

apresentaram níveis mais elevados de PA e perfil lipídico de risco aumentado

para o desenvolvimento de aterosclerose5.

Num estudo realizado em Vitória-ES onde se avaliou a ocorrência de

síndrome metabólica (SM) e fatores de risco associados em adolescentes,

identificou-se prevalência de sobrepeso em 9,6% dos meninos e em 7,4% das

meninas, enquanto que obesidade foi observada em 6,2 e 4,9%,

respectivamente. As concentrações de triglicerídeos foram limítrofes ou altas

em 6,8 e 3,4% dos meninos e em 11,8 e 5,9% das meninas. A concentração de

HDL-colesterol estava abaixo dos níveis desejáveis em 8,5% dos meninos e

em 9,9% das meninas. A pressão arterial em repouso foi limítrofe para 5,1%

dos meninos e 7,9% das meninas, enquanto que 3,4% tanto dos meninos

quanto das meninas foram considerados hipertensos. Glicemia de jejum foi alta

em 0,6% dos meninos e em 0,5% das meninas. No grupo estudado, 2,8% dos

(39)

22

SM. A prevalência de SM foi de 1,1% para meninos e 1,5% para meninas

enquanto a total foi de 1,3%176.

Os dados disponíveis de estudos realizados em diversos países

apontam para a necessidade de atuação precoce sobre os fatores de risco

cardiovascular para evitar a DAC, e a dificuldade em modificar estilo de vida

dos adolescentes no ambiente atual das sociedades industrializadas não deve

ter o sucesso subestimado, pois os resultados podem demorar décadas, talvez

até gerações, no entanto, avaliar os fatores de risco cardiovascular, gera

pouco custo, e tem grandes benefícios na avaliação da obesidade, do

tabagismo e da pressão arterial em todas as idades5,168-176.

A diretriz ATP III73 recomenda a medição de lipídeos e lipoproteínas de início aos 20 anos de idade, no entanto a triagem para dislipidemia em

pessoas mais jovens não é amplamente recomendo a não ser que haja

histórico familiar de DAC precoce. Com as evidências emergentes mostrando

que o colesterol e outros fatores de risco surgem durante a adolescência, pode

ser o momento de reconsiderar a idade na qual os cuidados de prevenção e

controle dos fatores de risco cardiovascular devam ser implementados, até

mesmo com a medição dos lipídicos séricos177.

Outros estudos mostram que as técnicas emergentes da imagem

não-invasiva podem oferecer a possibilidade de ensaios clínicos em indivíduos

jovens, selecionando os de alto risco com base no seu perfil de fatores de risco

e nas imagens das artérias coronárias e aórtica, podendo ser possível

identificar os indivíduos que têm lesão aterosclerótica precoce ou avançada, e

não somente seguir, mas também intervir longitudinalmente em resposta a

condutas preventivas ou de tratamento. Tais dados podem fornecer apoio

(40)

23

risco cardiovascular em crianças e adolescentes, pois há pouca dúvida sobre a

segurança da modificação do estilo de vida para indivíduos jovens visando

manter níveis sanguíneos recomendados de lipoproteínas, abolição do

tabagismo e manutenção do peso corporal saudável, com a finalidade de

(41)

24

4. Métodos:

4.1. Estudo piloto

Previamente à realização do estudo principal, foi realizado um estudo

piloto no Centro Clínico Pediátrico do Alecrim (CCPA), que teve como objetivo

analisar a reprodutibilidade do instrumento, aperfeiçoar a logística de trabalho e

avaliar o grupo de coleta em situação prática. O estudo piloto foi realizado com

a coleta de dados em 30 adolescentes de ambos os gêneros e de diferentes

idades.

O grupo de coleta foi composto por um médico cardiologista, uma

enfermeira e dois estudantes de medicina. Esse grupo passou por um

treinamento de uma semana. Após a autorização da direção do CCPA, da

aprovação pelo comitê de ética, do treinamento da equipe de coleta e da

realização do estudo piloto, teve início a coleta dos dados do estudo, que teve

(42)

25

4.2. Estudoprincipal

4.2.1. Considerações gerais

Esse estudo faz parte de um projeto de doutorado do Programa de

Pós graduação de Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, que visa a identificação dos fatores de risco

cardiovascular nos adolescentes da cidade do Natal. Trata-se de um estudo

que utilizou como população alvo, adolescentes de ambos os gêneros, de

diferentes condições sócio-econômicas, provenientes dos quatro distritos de

saúde da cidade (norte, sul, leste e oeste) sendo analisado quantidade de

adolescentes, proporcional ao número de adolescentes residentes em cada

distrito de saúde, sendo adotado estratégia sistematizada, visando garantir

representatividade proporcional das diversas áreas geográficas da cidade na

amostra.

A presente pesquisa constitui-se de um estudo observacional de

delineamento transversal. A amostra de sujeitos que compõe esse trabalho foi

aleatorizada a partir de adolescentes que procuram atendimento nos

programas de atenção básica à saúde do adolescente da rede pública do

município de Natal-RN, centralizada no Programa do adolescente (PROSAD)

do Centro Clínico Pediátrico do Alecrim (CCPA) da Secretaria de Saúde do

Município de Natal (RN), que sendo o único programa do adolescente

estruturado do município, atendendo adolescentes de todas as classes sociais,

gêneros, e bairros da cidade, abrangendo jovens com idade entre 10 e 19

(43)

26

Os fatores de risco relativos ao adolescente e que foram objeto desse

estudo, foram: idade, gênero, cor, profissão, escolaridade, peso, estatura,

circunferência abdominal, circunferência do quadril, razão cintura / quadril,

pressão arterial, hábitos de vida como o tabagismo, dosagens de colesterol

total, colesterol HDL, triglicerídios, glicemia e insulinemia de jejum e pós

dextrosol e estimativa de resistência insulínica, (HOMA-RI)178, além de renda familiar e fatores de risco cardiovascular familiar, presentes nos parentes de

primeiro grau. O tabagismo na família e a presença de doença cardiovascular

nos parentes de primeiro grau também foram considerados. Como critérios de

exclusão foram considerados os adolescentes que apresentavam no momento

da entrevista doenças crônicas, adquiridas ou congênitas, orgânicas ou

psíquicas, como também as adolescentes grávidas.

4.2.2. Instrumentos de medida

A coleta de dados foi obtida através de um questionário

multidimensional, o qual foi subdividido em sete módulos (anexos).

Módulo I – Contendo os dados pessoais de identificação, onde foram obtidos

nome, gênero, idade, cor da pele, bairro de moradia, telefone e endereço.

Módulo II – Foi formado pelos dados sociais, sendo coletados escolaridade do

adolescente, escolaridade dos pais, profissão dos pais, número de irmãos e

(44)

27

Módulo III – Etapa destinada aos hábitos de vida. Nessa etapa investigamos

sobre experimento e / ou uso de tabaco e bebida alcoólica.

Módulo IV – Esse módulo destinou-se ao histórico familiar, onde coletamos

dados sobre os antecedentes familiares de fatores de risco como hipertensão

arterial, diabete, colesterol elevado, triglicerídios elevados, obesidade, e a

ocorrência de doenças cardiovasculares como infarto do miocárdio e AVC.

Foram incluídas também perguntas sobre o hábito de fumar e o uso de bebida

alcoólica entre os familiares morando no mesmo domicílio.

Módulo V – Nesse módulo foram aferidos os dados antropométricos como

peso, estatura, IMC, cintura, quadril e relação cintura quadril.

Módulos VI - Nessa planilha foram aferidos os dados sobre pressão arterial

sistólica e diastólica, e freqüência cardíaca.

Módulo VII - Dosagens laboratoriais: Nessa última etapa incluímos os dados

de exames laboratoriais: Colesterol total, HDL colesterol, triglicerídios, glicose e

(45)

28

4.2.3. Procedimentos

No início de cada coleta de dados e amostras bioquímicas, eram

dadas explicações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa a todos os

adolescentes sorteados, havendo a aceitação em participar voluntariamente do

estudo, era solicitada a assinatura do TCLE e a seguir se procedia com a

primeira coleta de sangue, aproveitando-se a condição de jejum.

O preenchimento do questionário era feito no intervalo de duas horas,

que correspondia ao tempo de espera para ser realizada a segunda coleta de

sangue, obtida duas horas após a administração do dextrosol. Procedia-se

inicialmente as averiguações de estatura e peso, esse dado, necessário para o

cálculo da dose do Dextrosol, correspondente a 1,75 gramas por kg de peso,

limitado ao máximo de 75 gramas179.

Realizada a primeira coleta de sangue, o material era acondicionado

em depósito de isopor com gelo. O preenchimento do questionário era feito

parte na presença do responsável e parte isoladamente com o adolescente,

nessa ocasião também se fazia as medidas da cintura e quadril e a verificação

da pressão arterial e freqüência cardíaca. Completadas duas horas se procedia

com a segunda coleta de sangue, que juntada a primeira coleta era conduzida

ao laboratório de análise para as respectivas dosagens.

No primeiro momento, da entrevista individual, foram coletadas

informações sobre identificação pessoal e de variáveis sócio-demográficas,

como a idade, o gênero, a cor (auto-referida), a profissão, a escolaridade e a

renda familiar, foram estratificadas conforme o Anuário Natal 2005 / Secretaria

Municipal de Meio Ambiente / IBGE180. Foram colhidas ainda, informações

(46)

29

da história familiar, coletadas de forma auto-referida pelo adolescente ou

responsável, considerando para história familiar, informações sobre pais, tios e

avós.

Quanto ao tabagismo foi investigado se o adolescente era fumante ou

se já havia experimentado cigarro em algum momento, o hábito foi considerado

presente se o participante informava fumar tabaco, independente da

quantidade diária e do tempo de início do consumo. As questões sobre o hábito

de fumar foram realizadas em entrevista individual, isolada, com cada

adolescente, o qual era informado sobre o compromisso da equipe em manter

o sigilo das respostas obtidas.

A segunda etapa da coleta consistiu da aferição das medidas

antropométricas, que seguiu normas padronizadas, tendo sido verificados

peso, estatura, circunferência abdominal e circunferência do quadril, de acordo

com as recomendações da Organização Mundial da Saúde181. Para a

determinação do peso e da estatura utilizamos balança antropométrica digital,

tipo plataforma (Filizolla, BR® com capacidade para 150 kg. e resolução de 0,1

kg), calibrada antes do início da coleta. Para a determinação da estatura, o

sujeito era mantido descalço, com os pés unidos e a cabeça no plano

horizontal de Frankfurt (linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do

bordo inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do

meato auditivo externo correspondente), em apneia inspiratória, mantendo

contato com a escala de medição, estando ereto no centro da balança, com os

braços estendidos ao lado do corpo, pés paralelos, superfícies posteriores do

calcanhares unidos, ombros, região occipital e nádegas encostados na

balança, e sem realizar movimentos. A escala utilizada apresenta divisões

(47)

30

representam a média de duas aferições. A partir dos dados obtidos calculamos

o índice de massa corporal (IMC) pela fórmula: peso (kg) dividido pelo

quadrado da altura (cm). (IMC = peso[kg]/altura [m2]).

Os indivíduos foram classificados segundo o IMC utilizando-se os

pontos de corte recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)181, que considera baixo peso o IMC < 18,4 kg. m2 , peso adequado para o IMC variando de 18,5 a 24,9 kg. m 2 , sobrepeso o IMC de 25,0 a 29,9 kg. m 2 e

obesidade para valores a partir de 30,0kg. m 2 , e para definição de sobrepeso / obesidade, utilizamos o percentil de IMC, considerando como ponto de corte o

percentil de IMC >85 para sobrepeso e >95 para obesidade, considerados

como referência pela OMS para identificar sobrepeso e obesidade em

adolescentes181.

A medida da circunferência abdominal foi realizada com uma fita

métrica inelástica com divisão milesimal com o avaliado na posição ortostática,

com o abdômen relaxado. A medida em cm foi realizada com a fita métrica

posicionada horizontalmente no ponto médio entre a crista ilíaca e a borda

inferior da última costela, com o adolescente em posição ereta, estando em

fase final da expiração normal16. A medida do quadril foi obtida na região que correspondia à maior circunferência da região glútea. Calculamos também a

razão entre cintura e quadril, tendo sido considerado como limite superior de

normalidade os valores de 0,80 e 0,90 para os gêneros feminino e masculino,

respectivamente.

A determinação da pressão arterial foi realizada no braço direito,

através de três medidas, a intervalo de 1 minuto, desprezando-se o valor mais

discrepante e fazendo a média das outras duas medições. A pressão sistólica

(48)

31

pressão diastólica no desaparecimento dos ruídos de Korotkoff (fase V). O

adolescente foi mantido na posição sentada, sendo utilizado para aferição da

medida um esfigmomanômetro aneróide calibrado, de tamanho adequado a

cada tamanho e diâmetro do braço, estando o adolescente imóvel, com o

braço apoiado ao nível do coração, após ter permanecido em repouso de cinco

minutos, de conformidade com os critérios recomendados pela Sociedade

Brasileira de Cardiologia182.

A pressão arterial foi estratificada também em percentil, com pontos de

corte < 90 para a condição normal, 90 e <95 para o pré hipertenso, 95 até

99 hipertenso, salientando-se que quando o valor encontrado alcançou ou

ultrapassou 120/80 mmHg, mesmo quando inferior ao percentil 95, foi

considerado pressão arterial limítrofe182.

Na última etapa da coleta de dados, constam os dados resultantes

das dosagens laboratoriais, onde os participantes do estudo foram submetidos

à venopunção na prega cubital do braço esquerdo, após jejum noturno de 12

horas, e duas horas após a administração de dextrosol, para coleta de sangue

do qual se obtinha o soro para a realização das dosagens de colesterol total,

colesterol HDL, triglicerídios, glicemia e insulinemia de jejum e pós dextrosol,

com a finalidade de dispormos também dessas variáveis bioquímicas,

relacionadas como importantes fatores de risco nessas faixas etárias182.

As análises de colesterol total, colesterol HDL, triglicerídios e glicemia

foram realizadas por kits Olympus específicos para cada dosagem em

equipamento Olympus AU 400e. O VLDL colesterol foi obtido dividindo-se o

valor de triglicerídios por 5. Os níveis de LDL foram calculados pela fórmula de

Friedewald (Colesterol LDL = Colesterol Total – Colesterol HDL – Colesterol

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