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A responsabilidade social corporativa e o desenvolvimento sustentável em meios de hospedagem em Paraty: uma análise exploratória

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Academic year: 2017

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(1)

, - - - - . . , . . . - - -

-FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CURSO DE MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL

A RESPONSABILIDADE SOCIAL

CORPORATIVA E O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL EM MEIOS DE

HOSPEDÁGEM DE PARATY: UMA ANÁLISE

EXPLORATÓRIA

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

(2)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Lenziardi, Raquel

A responsabilidade social corporativa e o desenvolvimento sustentável em meios de hospedagem de Paraty : uma análise exploratória

I

Raquel Lenziardi. - 2011.

129 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientadora: Fátima Bayma de Oliveira. Inclui bibliografia.

1. Responsabilidade social da empresa - Estudo de casos. 2.

Desenvolvimento sustentável Estudo de casos. 3. Turismo ecológico -Estudo de casos. 4. Indústria hoteleira - -Estudo de casos. I. Oliveira, Fátima Bayma de. 11. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. 111. Título.

CDD - 658.408

(3)

-A RESPONS-ABILID-ADE SOCI-AL CORPOR-ATIV-A E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM MEIOS DE HOSPEDAGEM DE PARATY: UMA ANÁLISE

EXPLORA TÓRIA

Por

RAQUEL LENZlARDI

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial sob a orientação da professora Doutora Fátima Bayma de Oliveira.

RIO DE JANEIRO

(4)

-FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM MEIOSDE HOSPEDAGEM DE PARATY: UMA ANÁLISE

EXPLORATÓRIA.

APRESENTADA POR: RAQUEL LENZIARD

E

APROV ADA EM:

PELA BANCA EXAMINADORA

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Fátima' Bayma de Oliveira

Doutor a em Educação

( Paulo Emílio

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Doutor em Administração de Empresas

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me apoiaram antes. durante e depois do mestrado. tais como a minha família. amigos. namorado Bruno Pereira Seque ira e Verônica Mayer.

Agradeço aos participantes da banca - professores Anderson Sant' Anna e Paulo Emílio Martins - a minha orientadora Fátima Bayma. por toda ajuda e por tornar a elaboração da dissertação algo mais leve.

Agradeço a todos os meus novos amigos do mestrado. que me acompanharam em todo esse processo. que foi essencial para a conclusão do curso.

(6)

~

~--RESUMO

(7)

-ABSTRACT

(8)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA I: Mapa da região da Costa Verde (RJ) ... 14

FIGURA 2: Mapa do Município de Paraty ... 15

FIGURA 3: Mapa dos bairros de Paraty ... 16

FIGURA 4: Modelo do SISTUR ... 17

FIGURA 5: Tipos de Meios de Hospedagem ... 17

FIGURA 6: Curva de crescimento no número de estabelecimentos turísticos ... 20

FIGURA 7: Quantidade de meios de hospedagem do município de Paraty por região ... 29

FIGURA 8: Impactos positivos e negativos do turismo na economia ... 32

FIGURA 9: Impactos positivos e negativos do turismo na sociedade ... 34

FIGURA 10: Impactos positivos e negativos do turismo no meio ambiente ... 37

FIGURA 11: Impactos positivos e negativos do turismo no meio ambiente ... 38

FIGURA 12: Vantagens e desvantagens para o desenvolvimento sustentável por porte de elnpresa ... 48

FIGURA 13: Formas de atuação de RSC em Paraty ... 52

FIGURA 14: Lista de pousadas do centro histórico de Paraty ... 65

FIGURA 15: Meios de hospedagem escolhidos e suas tàixas de preço ... 66

FIGURA 16: Amostra representada geograficamente ... 67

FIGURA 17: Variáveis e categorias estabelecidas a priori ... 69

FIGURA 18: Variáveis e categorias do estudo ... 70

FIGURA 19: Principais citações da categoria percepção positiva sobre Paraty ... 82

FIGURA 20: Principais trechos da categoria percepção negativa de Paraty ... 89

FIGURA 21: Principais comentários sobre os impactos positivos do turismo em Paraty ... 98

FIGURA 22: Principais comentários sobre os impactos negativos do turismo em Paraty ... 98

FIGURA 23: Citações sobre o conhecimento do conceito de RSC pelos gestores ... 101

FIGURA 24: Gráfico de freqüência - RSC e seus âmbitos ... 105

FIGURA 25: Citações sobre as formas de atuação de RSC nos meios de hospedagem de Paraty ... 107

(9)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Quantidade de empreendimentos de Parat)'. por porte ... 56

TABELA 2: Faixas de preço da amostra selecionada ... 66

TABELA 3: Principais temas sobre Parat)' abordados de forma positiva ... 79

TABELA 4: Principais comentários positivos sobre Parat)' por pousadas ... 82

TABELA 5: Freqüência dos principais comentários negativos sobre Parat)' ... 85

TABELA 6: Principais comentários negativos sobre Parat)' por pousadas ... 92

TABELA 7: Percentual dos impactos do turismo mencionados nas entrevistas ... 93

TABELA 8: Proporção da percepção dos impactos do turismo por pousadas ... 99

TABELA 9: Quantidade de ações de RSC citadas pelos gestores ... 104

TABELA 10: Quantidade de "não ações" de RSC citadas pelos gestores ... 109

(10)

-SUMÁRIO

1 O PROBLEMA ... 10

1.1 Introdução ... 10

1.2 Objetivos ... 13

1.3 Suposições ... 13

1.4 Delimitação do estudo ... 14

1.5 Relevância do estudo ... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 O município de Para~' ... 22

2.1.1 Contexto histórico de Paraty ... 23

2.1.2 O turislno eln Paraty ... 26

2.2 Turismo e sustentabilidade ... 30

2.2.1 Impactos econômicos do turismo ... 31

2.2.2 Impactos sociais do turismo ... 33

2.2.3 Impactos históricos e culturais do turismo ... 34

2.2.4 Impactos ambientais do turismo ... 37

2.3 Responsabilidade social corporativa (RSC) - Revisão conceituaL ... 39

2.3.1 Contexto histórico da RSC ... 41

2.3.2 RSC no turismo e na hotelaria ... 44

2.3.3 Percepções sobre a RSC e sustentabilidade em Paraty ... 49

2.3.4 Formas de atuação de RSC e desenvolvimento sustentável em Paraty ... 52

2.4 O turismo e as pequenas empresas ... 55

2.4.1 Estudos sobre RSC em pequenas empresas ... 61

3 METODOLOGIA ... 64

3.1 Tipo de pesquisa ... 64

3.2 Sujeitos de Pesquisa ... 65

3.3 Coleta de dados ... 67

3.4 Tratamento dos dados ... 69

3.5 Limitações do método ... 71

4 ANALISE DOS RESULTADOS ... 73

4.1 Os meios de hospedagem selecionados: descrição e análise ... 73

4.2 A percepção de Paraty pelos gestores ... 78

(11)

4.2.2 Percepção dos gestores sobre Paraty: aspectos negativos ... 84

4.3 Percepção dos gestores sobre os impactos do turismo em Para~' ... 92

4.4 A RSC nos meios de hospedagem de Para~' ... 100

4.4.1 A percepção dos gestores sobre a RSC ... 101

4.4.2 Formas de atuação de RSC nos meios de hospedagem de Paraty ... 104

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 114

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 121

(12)

-

- - -

-10

I O PROBLEMA

o

problema principal que essa pesquIsa vIsa compreender é: qual a percepção e

formas de atuação de gestores de meios de hospedagem de Paraty (RJ) em relação à Responsabilidade social corporativa (RSC) e ao turismo sustentável?

1.1 Introdução

Atualmente. o turismo tem sido utilizado como estratégia de desenvolvimento econômico e social em muitas localidades no Brasil e no mundo. o que tem fomentado o seu crescimento (WORLD TOURISM ORGANIZATION. 2010: MINISTÉRIO DO TURISMO.

2011). Com isso. tanto o fenômeno turístico quanto a sua indústria tem sido importante tema de debates e pesquisa.

No Brasil. podemos citar algumas cidades históricas. como Paraty (RJ) e Tiradentes (MG). que após um período de abandono nas últimas décadas. foram redescobertas e requalificaram as suas funções econômicas por meio do turismo. Isso foi possível porque elas possuíam o patrimônio histórico e cultural praticamente intocado. o que possibilitou investimentos públicos e privados no setor (FREITAG 2003: OLIVEIRA. 2010: SANT'ANNA. NELSON e OLIVEIRA. 2011).

No caso específico da cidade de Paraty. após ficar alguns anos abandonada com a decadência do ciclo do ouro. cana de açúcar e café. a cidade voltou a se revitalizar com o avanço do turismo. intensificado com a abertura da estrada Rio-Santos na década de 70 (OLIVEIRA. 20 I O: MELLO. 2011). Como a cidade manteve aspectos singulares relacionados

à natureza. artes. cultura e arquitetura urbana. ainda sendo protegida pelo Patrimônio Histórico Nacional. ela recebeu um forte investimento do setor. que contribuiu para a sua revitalização (GURGEL e AMARAL. 1973: MELLO. 1994: FREITAG 2003: OLIVEIRA. 20 I O: MELLO. 2011).

(13)

-

-11

Atualmente. esse crescimento está mais lento. entretanto. ainda ocorre. De acordo com dados oficiais obtidos pela Prefeitura Municipal de Paraty (2010). a cidade hoje possui 272 meios de hospedagem. Já o mesmo levantamento. realizado em 2003. apontou que a cidade continha 227 meios de hospedagem (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003). ou seja. houve um aumento desses estabelecimentos de 20% em sete anos.

No centro histórico. principal parte turística da cidade. existe cerca de 30 meios de hospedagem (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003: 20 I O). Outra importante característica desses meios de hospedagens. é que apesar deles se diferenciarem pelo seu grau de sofisticação. são pequenas empresas. com poucas unidades habitacionais I (UH). dez em

média. (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

Concomitantemente ao crescimento do turismo e da sua indústria. muito se tem discutido sobre o seu desenvolvimento sustentável. O conceito de desenvolvimento sustentável. por ser muito complexo. é muitas vezes utilizado de forma vaga e confusa na literatura (GLAVIC: LUKMAN. 2007). Ao analisar vários conceitos e termos ligados a sustentabilidade. Glavic e Lukman (2007). concluíram que a sua melhor definição seria: "a busca por um desenvolvimento que satisfàz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades".

No turismo. o conceito de turismo sustentável. proposto pela World COl1sermrtion Union (2001 apllel Organização Mundial do Turismo (OMT). 2001. p. 245). converge para a mesma ideia: é "o processo que permite o desenvolvimento sem degradar ou esgotar os recursos que tornam possíveis o mesmo desenvolvimento". Ou seja. é o melhor aproveitamento possível entre potencializar os impactos positivos e minimizar os negativos.

Entretanto. para que esse desenvolvimento sustentável seja possível. é necessário que as empresas turísticas atuem com esse propósito. ou seja. possuam práticas definidas como Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Para Ashley et al.(2005) e para o Instituto

ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social~(20 II a). a RSC representa uma série de atitudes empresariais que. além do objetivo de gerar lucro. visam contribuir com o desenvolvimento econõmico. social e ambiental do local onde se inserem.

Entretanto. definir RSC. assim como o conceito de sustentabilidade é muito complexo. pois é difícil determinar quais são os limites dessa responsabilidade e seus

I "UH é o espaço. atingÍ\el a partir das áreas principais de circulação comum do estabelecimento destinado à

utilização pelo hóspede. para seu bem-estar. higiene c repouso" (F\1BRATlIR. 2002).

: Associação de empresários que \isa au:\iliar as empresas a aprofundarem seu compromisso com a

responsabilidade social e o desen\ohimento sustentável (!~STITlITO ETHOS DE EMPRESAS E

(14)

12

parâmetros são muito discutíveis e sensíveis. o que acaba sendo um desafio para os empresários de empresas privadas (GARNER. 1977. p.50 aplld OLIVEIRA. 1984. p. 204).

Mesmo sem se saber ao certo o que é o conceito. muitos estudos retratam que a RSC tem sido cada vez mais valorizada pelos consumidores (MOHR e WEBB. 2005: INSTITUTO ETHOS. 2006: MANAKTOLA: JAUHARI. 2007: SERPA: FOURNEAU. 2007: LENZIARDI. MAYER e FERREIRA. 2010). pela comunidade (FILIPPIM: HOFFMANN: FEGER. 2006: LIMA. 2007) e por outros stakeholders (SEN. BHATTACHARYA e KORSCHUN. 2006). entretanto. pouco se sabe sobre a opinião dos gestores.

Como os gestores são os principais tomadores de decisões dentro dessas organizações e. assim. os principais agentes promotores da sustentabilidade. é de extrema importância investigar se os mesmos conhecem e valorizam essas práticas. o que eles entendem sobre elas e o que procuram fàzer para implementá-Ias. No caso específico da indústria hoteleira de Parat)'. composta por pequenas empresas e gerenciadas por poucos gestores. esse questionamento é ainda mais relevante.

Sendo assim. em um contexto onde os temas sustentabilidade e RSC são vistos como mandatórios e como a solução para os problemas produzidos pela indústria do turismo. mas que ao mesmo tempo seus conceitos são estudados de forma difusa e vaga. questiona-se: o que pensam e como agem os gestores dos meios de hospedagem de Parat)' em relação a essa temática?

De forma mais específica. vários questionamentos emergem: esses gestores. de fato sabem o que é RSC e sustentabilidade? O que eles acham que seja a RSC e sustentabilidade? Qual a importância do tema para eles? Eles executam ações de RSC nas suas empresas? De que forma e por quê? Quais são as suas principais dificuldades? Eles têm idéia dos impactos que sua empresa e o turismo promovem? Para eles. quais são esses impactos e quais são as suas responsabilidades perante a eles? O que eles fàzem e/ou podem fazer a respeito?

Para isso. foi utilizada uma metodologia qualitativa exploratória. por meio de entrevistas em profundidade. com um roteiro semi-estruturado. Os pesquisados foram gestores de oito meios de hospedagem. de diferentes fàixas de preços. situados no centro histórico de Parat)'. Os resultados foram analisados por meio da técnica de analise de conteúdo.

(15)

13

metodologia geral da pesquisa. O quarto explicita a análise dos resultados obtidos nas entrevistas. O quinto e último capítulo consolida as conclusões e apresenta algumas sugestões para futuras pesquisas sobre o tema.

1.2 Objetivos

O objetivo final dessa pesquisa é investigar qual a percepção e as formas de atuação dos gestores dos meios de hospedagem de Paraty (RJ) em relação à Responsabilidade social corporativa (RSC) e ao turismo sustentável. Para atingir esse propósito. foram desenvolvidos os seguintes objetivos intermediários:

a) Descrever e contextualizar o turismo na cidade de Paraty:

b) Analisar o conceito de sustentabilidade no turismo. assim como os seus principais impactos positivos e negativos:

c) Analisar os principais conceitos. perspectivas teóricas e definições que se aplicam a RSC:

d) Investigar empiricamente a percepção e formas de atuação de gestores de meios de hospedagem de Paraty. em relação à RSC. os impactos do turismo e sustentabilidade: e) Relacionar os resultados identificados nas pousadas estudadas com o que foi proposto

pela teoria.

1.3 Suposições

Como os meios de hospedagem de Paraty são pequenos empreendimentos. acredita-se que a percepção e formas de atuação dos seus gestores sobre o desenvolvimento sustentável e ações de RSC. são diferentes do que é encontrado na maior parte da literatura sobre o tema. que privilegia as empresas de grande porte (OLIVEIRA. 1984).

(16)

14

principalmente de empresas familiares, estão mais preocupados com a manutenção da sua

qualidade de vida do que com altas performances financeiras (PETERS; BUHALIS, 2004).

Com isso, acredita-se que essas empresas costumam atuar de forma menos sistemática

e racional, sem um planejamento estruturado. Entretanto, a sua atuação é mais voluntária e

espontânea, normalmente comprometida com muitos âmbitos, principalmente o social, e não

são divulgadas (OLIVEIRA, 1984).

1.4 Delimitação do estudo

Para que os objetivos desse estudo sejam atendidos e para que as suas fronteiras sejam

claras, é necessário que se destaquem algumas delimitações, que nesse caso são geográficas e

conceituais.

a) Delimitação geográfica

O estudo foi realizado no município de Paraty, localizado no Estado do Rio de Janeiro,

na região denominada Costa Verde (figura 1), composta pelos municípios de: Angra dos Reis,

Itaguaí, Mangaratiba e Paraty, como indica o Serviço de apoio às micro e pequenas empresas

(SEBRAE, 2008).

Figura 1: Mapa da região da Costa Verde (RJ) Fonte: SEBRAE (2008)

O município de Paraty é composto por três distritos: Paraty (Distrito-sede), que

compreende as áreas do centro e arredores; Paraty-Mirim (2° Distrito) que abrange a face sul

(17)

15

norte até a divisa com Angra dos Reis (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY, 2003),

assim como demonstra a figura 2. Esse estudo analisa uma parte específica do distrito-sede.

Figura 2: Mapa do Município de Paraty Fonte: Prereitura do Rio de Janeiro (20 I O)

Já os bairros de Paraty são: centro histórico e arredores (Pontal e bairros próximos ao

centro), Caboré, Jabaquara, Patrimônio - Parati-Mirim, Portal das Artes, Paraty - Cunha e

Trindade (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY, 2003). Especificamente, esse estudo

(18)

I I

Figura 3: Mapa dos bairros de Paraty Fonte: PARATY. COM .BR (2011 a)

\ "

Pa trim ô nio \ +

Trindade '

Paraty - M irim J '"

'*' / .

I

I

'*

b) Tipos de organizações estudadas

16

As organizações analisadas especificamente nesse estudo foram os meios de

hospedagem. Para a OMT (200 I, p.79) os meios de hospedagem são: "o sistema comercial de

bens materiais e inatingíveis dispostos para satisfazer às necessidades básicas de descanso e

alimentação dos usuários fora de seu domicilio" (OMT, 200 I, p. 79). Sendo assim, a função

básica dos empreendimentos hoteleiros, que os diferem de outros tipos de negócios, é o

serviço de alojamento (MEDLIK ; lNGRAM, 2002). Apesar disso, os meios de hospedagem

também costumam oferecer uma série de serviços complementares, como por exemplo, a

alimentação (OMT, 2001).

De acordo com a perspectiva sistêm ica do modelo de Beni (200 l), o turismo pode ser

composto por três grandes conjuntos - conjunto da organização estrutural, conjunto das

relações ambientais e conjunto das ações operacionais - e respectivamente por subconjuntos,

denominados subsistemas - superestrutura, infra-estrutura, ecológico, social, econômico,

cultural, produção, mercado, consumo e distribuição - que funcionam de forma integrada

(19)

-17

Os empreendimentos da indústria hoteleira estào inseridos no conjunto das ações operacionais. já que os mesmos fazem parte oferta e distribuição turística (BENI. 200 I). Os meios de hospedagem têm essa característica dupla (produção e distribuição). pois ao mesmo tempo em que produz o seu espaço físico (instalações. móveis. serviços). também o distribui. com vendas diretamente no hotel. por exemplo (BENI. 2001).

1

Conjunto da organização estrutural

SIJ peres:rutu ra

In fro·~str' .. t:J re:;

Conjunto das relações ambientais

)

---1---Conjunto das ações operacionais

Figura 4: Modelo do SISTL'R

Fonte: Beni (2001. p, -(7)

A quantidade e complexidade dos serviços oferecidos pelos meIos de hospedagem dependem diretamente do seu tipo e no caso dos hotéis. da categoria. De acordo com a Deliberação Normativa n. 387 de 1998 os tipos básicos de meios de hospedagem podem ser definidos conforme ilustra a figura 5:

TIPO Hotel

Hotel histórico

DESCRI ÃO

Meio de hospedagem do tipo convencional e mais comum localizado em perímetro urbano. Tem como clientela especial a mista. com executivos e turistas. predominando ora uns. ora outros. É edificado em vários pavimentos. com partido arquitetônico vertical. A infra-estrutura volta-se para serviços de hospedagem e. dependendo da categoria. revela alguma infra-estrutura para lazer e negócios.

(20)

-TIPO

Hotel de lazer

Pousada

18

DESCRIÇÃO

prédios. locais ou cidades históricas. tanto no meio urbano e rural. A edificação onde é estruturado. portanto. é prédio tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ou de significado histórico ou valor regional reconhecido. A clientela deste tipo de empreendimento é uma clientela mista com executivos e turistas e com predominância variável de uns e outros. Sua infra-estrutura. normalmente. está restrita à hospedagem.

Meio de hospedagem normalmente localizado em áreas rurais ou locais turísticos fora do centro urbano. com áreas não edificadas amplas. em pavimento único com partido arquitetônico horizontal. Tem como clientela preferencial os turistas em viagens de recreação e lazer. Seu aspecto arquitetônico e construtivo. áreas. instalações. equipamentos e serviços são destinados a recreação e ao entretenimento.

Meio de hospedagem localizado em locais turísticos normalmente fora do centro urbano. É edificado predominantemente. com partido arquitetônico horizontal e pOSSUI aspectos arquitetônicos e construtivos. instalações. equipamentos e serviços mais simplificados. normalmente limitados ao necessário à hospedagem do turista para aproveitamento do atrativo turístico junto ao qual o estabelecimento se situa. Predominantemente construído em partido arquitetônico horizontal. destina-se preferencialmente a turistas em vIagens de recreação e lazer. Sua infra-estrutura volta-se predominantemente para a hospedagem.

Figura 5: Tipos de T\.ICIOS de Ilospedagem

Fonte: Elaboração própria a partir do \lll\ISTI~RIO DO

n

IRIS\I0. Deliberação ?\ormati\a 11. 387 (1998. p.

50).

Nesse estudo foram analisados meIos de hospedagem classificados como hotel histórico ou pousada. Ressalta-se. que o nome fàntasia do hotel não tem relação com essa classificação (ex.: um hotel histórico pode ser chamar "Pousada X').

c) RSC - âmbitos estudados

Segundo Melo Neto e Froes (200 I) a gestão da RSC pode ter um âmbito interno e externo. No âmbito interno. a gestão da empresa se foca nos seus funcionários e dependentes. Já no âmbito externo. a gestão se refere aos aspectos sociais. econômicos e ambientais.

(21)

19

Esse estudo. então. contempla o âmbito interno e as quatro abordagens externas a organização: econômico. social. histórico-cultural e ambiental. Sendo assim. se investigou quais desses âmbitos os gestores pesquisados valorizam e realizam ações de RSC.

1.5 Relevância do estudo

Esse trabalho estudou o fenômeno turístico. porque ele tem sido um setor de grande destaque no Brasil. nos últimos anos. O turismo tem sido utilizado por várias cidades como estratégia de desenvolvimento econômico. o que tem fomentado o crescimento de sua indústria. compostas por vários tipos de empresas (agências de viagens. meios de hospedagem. companhias aéreas e rodoviárias. dentre outros).

Além disso. no Brasil especificamente. dois grandes eventos esportivos de projeção mundial a Copa do Mundo no Brasil em 2014 e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 -aumenta ainda mais o crescimento e as expectativas sobre o setor. assim como a sua complexidade de estudo.

Outros dois temas que têm sido muito abordados na administração são os conceitos de sustentabilidade e RSC. Em um contexto na qual os impactos promovidos pelas empresas no ambiente (social. cultural. ambiental). estão sendo muito debatidos. é importante entender como é possível promover um desenvolvimento mais sustentável (OMT. 200 I) e se e quais responsabilidades as organizações privadas têm nesse sentido.

O turismo é um setor muito sensível nesse aspecto. pois além de impactar vários âmbitos mais subjetivos (como a cultura e tradições. por exemplo) ele depende dos mesmos para sobreviver (OMT. 200 I).

Nesse contexto. foi estudada especificamente a cidade de Paraty. por ser um exemplo de cidade que se revitalizou por meio do turismo e que hoje possui a sua economia fortemente ligada ao setor (FREITAG. 2003: PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003). Além disso. ela é uma das cidades mais visitadas pelos turistas estrangeiros no país (norte americanos e franceses) (MINISTÉRIO DO TURISMO. 2009).

Na cidade de Paraty. foi estudado o seu centro histórico. tanto por facilidade logística da pesquisa. quanto porque é nele que se concentram as principais características que tornam o destino peculiar. como a arquitetura colonial e principais pontos turísticos (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003: PARATY.COM. 2011a).

(22)

20

turismo, já que, por definição, para que o turismo ocorra é necessário que haja ao menos um pernoite (OMT, 2001). Como os meios de hospedagem, com poucas exceções, são os locais que acomodam as pessoas em sua viagem (GAZONI, 2005), estudar esse subsistema é muito relevante.

Além disso, houve um grande crescimento dessa indústria, em Paraty, nos últimos anos. Segundo a Prefeitura Municipal da Paraty (2003), o crescimento do número de meios de hospedagem tem crescido nos últimos anos, há uma taxa de 14%, sendo os meios de hospedagem e equipamentos de alimentação, os que mais crescem.

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WW-W-"W"11

• Equip amentas de A limentação

O M eio; de H osped agem 1

o Eq uip amentos de Entretenimento e. Recreação

• M eio; de H ospedagem 2

Figura 6: Curva de crescimento no número de estabelecimentos turísticosJ Fonte: Prefeitura Municipal de Paraty (2003)

Outro aspecto importante da indústria hoteleira é que elas produzem grandes impactos no ambiente na qual se inserem. Existem vários casos na hotelaria, que marcaram negativamente o seu desenvolvimento, como por exemplo, o planejamento inadequado de balneários ao longo da costa brasileira, que prejudicaram o meio ambiente ou a não preocupação com a capacidade de carga do destin04, vislumbrando somente o lucro. Com

isso, é imprescindível que se estude se e como essas empresas procuram se desenvolver de forma sustentável e se elas consideram ter responsabilidades nesse sentido (CASTELLI, 2006).

3 Meios de hospedagem I: Hotéis e pousadas; Meios de Hospedagem 2: Campings (não contemplados nesse estudo).

(23)

21

No caso de Paraty. a maior parte de suas empresas é de pequeno porte. assim como os meios de hospedagem (tabela 1). Apesar deles se diferenciarem por outras variáveis. como: grau de sofisticação ou preço. eles tem uma estrutura pequena e a sua administração é comumente familiar. Alguns estudos já apontam que têm diferenças entre estudar pequenos e grandes negócios (WILSON. 1980: TOMEI. 1981: OLIVEIRA. 1984: etc.). Essa característica faz com seja ainda mais peculiar os estudos sobre os meios de hospedagem de Paraty. já que a maior parte dos estudos sobre RSC foi feita em grandes corporações.

Por fim. como muitos dos estudos sobre sustentabilidade e RSC são quantitativos. baseados em indicadores e escalas. muitas vezes adaptadas de outros países. nem sempre é possível compreender como esses fenômenos ocorrem no contexto brasileiro. ainda mais de forma tão local. pois essas ferramentas acabam sendo restritas a um único ponto de vista. Com isso. considerou-se então. que antes de se aplicar estudos universalizáveis e comparáveis, era necessário compreender melhor o fenômeno de forma exploratória.

RESUMO

(24)

22

2

REFERENCIAL TEÓRICO

Esse capítulo aborda o referencial teórico do presente estudo. Inicialmente foi caracterizado o município de Paraty. seu histórico e o turismo na cidade. Em seguida. foi feita uma revisão conceitual sobre a sustentabilidade no turismo. assim como sobre os seus benefícios e impactos. nos âmbitos econômico. social. histórico. cultural e natural. Esta análise foi feita tanto de forma geral. quanto especificamente em Paraty. Além disso. foi analisado o conceito e o histórico da RSC. assim como uma revisão teórica de estudos sobre as percepções e formas de atuação de RSC no turismo. hotelaria e em Paraty. Por fim. foram estudadas as características e formas de gestão da RSC em pequenos empreendimentos.

2.1 O município de Parai)'

o

município de Paraty está localizado no Estado do Rio de Janeiro. com fronteira com o Estado de São Paulo. No Estado. ele se localiza na região denominada Costa Verde (figura 1). composta pelos municípios de Angra dos Reis. Itaguaí. Mangaratiba e Paraty (SEBRAE. 2008).

De acordo com a prefeitura municipal de Paraty (2003). o município é composto por três distritos: Paraty (Distrito-sede) que compreende as áreas do centro e arredores: Paraty-Mirim (2° Distrito) que abrange a tàce sul do município até a divisa com o Estado de São Paulo: Tarituba (30 Distrito) que vai da face norte até a divisa com Angra dos Reis.

Já os seus bairros podem ser divididos em centro histórico e arredores (Pontal e bairros próximos ao centro). Caboré. Jabaquara. Patrimônio - Parati-Mirim. Portal das Artes, Paraty-Cunha e Trindade (figura 3).

A cidade é conhecida por possuir belezas naturais (litoral recortado. riqueza da fauna e flora). pelo seu patrimônio cultural (a população indígena. por exemplo) e histórico (arquitetura colonial e prédios históricos) (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

(25)

23

2.1.1 Contexto histórico de Paraty

Antes da colonização portuguesa no Brasil. a área geográfica referente ao atual município de Paraty era ocupada pelos índios guaianás (MELLO. 1994). Alguns historiadores relatam que. em 1502. na segunda expedição ao Brasil. a região da baía da Ilha Grande foi descoberta por Gonçalo Coelho (MELLO. 20 11).

No início da colonização. para proteger e explorar a colônia. Portugal cria no Brasil as capitanias hereditárias. Com a criação da capitania de São Vicente. toda a baia da Ilha Grande. incluindo Paraty. acabam se tornando o principal caminho de acesso e ponto de câmbio dos vicentinos (BARROS. 2003). Esses vicentinos se dispersam pelo litoral na direção norte e sul e vão criando pequenos povoados. Sabe-se. que Paraty começou a ser povoado no final do século XVI. mas não há uma confirmação exata em relação à data. (MELLO. 20 11).

Nessa época. Paraty passa a ser um ponto de entrada e passagem para aqueles que buscavam o sertão. subindo o caminho da Serra. Era por essa região. que entravam e saiam mercadorias. Com essa movimentação. o comércio de alguns itens (alimentícios. tecidos. especiarias) se desenvolveu e o povoado enriqueceu. Com o início dessa prosperidade. Paraty consegue se emancipar da Ilha Grande. em 1667. sendo a sua primeira vila oficial. a vila de nossa senhora dos remédios de Paraty (MELLO. 20 11).

A partir de 1693. Paraty tornou-se caminho obrigatório para o escoamento do ouro descoberto no sertão de Cataguases (BARROS. 2003). Esse caminho. conhecido como "caminho velho do ouro" era feito por uma antiga trilha dos guaianás. Essa trilha passava pela serra do Falcão. pelo local onde hoje fica a cidade de Cunha (SP). pelo Vale do Paraíba e finalmente pelos sertões das "gerais" (MELLO. 1994).

Já na virada do século XVII para o XVIII. a notícia da descoberta de ouro nas "gerais" se espalhou. Com isso. o "caminho velho do ouro". o único já aberto e conhecido. ganhou importância central no contexto colonial. servindo como acesso principal das tropas que viajavam pelo país (SEBRAE. 2003). Com isso. o porto de Paraty passa a ser o porto de embarque do ouro e pedras preciosas para o Rio de Janeiro e depois para Lisboa. Além disso. seu porto passa a ter um intenso movimento com a entrada de tecidos. ferramentas. gêneros alimentícios e escravos (MELLO. 20 11).

(26)

-24

hoje. era freqüentada pela aristocracia da época. O comércio era muito dinâmico e Paraty chegou a contar com mais de 5.000 mil escravos na cidade (acredita-se que metade da população de Paraty era de escravos) e com mais de 400 casas (GURGEL e AMARAL. 1973). Novas ruas foram abertas e calçadas com pedras pé de moleque. marco atual do centro histórico (MELLO. 20 11).

Em 1698. Portugal decide abrir um caminho mais direto e protegido para as Minas. já que o "caminho velho do ouro" de Paraty incluía um trecho via mar até o Rio de Janeiro. considerado perigoso devido a ataques piratas. Inicialmente. quando o "caminho novo do ouro" foi aberto. por volta de 1700. a Coroa Portuguesa proíbe o uso da estrada de Paraty. Em 1715. os vereadores da vila de Paraty solicitam e conseguem que a antiga estrada seja reaberta. já que a estrada nova. via Duque de Caxias. era considerada muito erma. sem qualquer infra-estrutura. e a de Paraty. já utilizada há mais tempo. oferecia maiores "comodidades" às tropas (RIBAS. 2003).

A utilização dessa nova estrada trouxe o primeiro declínio de Paraty. apesar de não ter causado grande impacto na região. porque a mesma continuava a receber as mercadorias destinadas a SP e MG mesmo com o caminho do ouro fechado. Além disso. paralelamente. a cidade passava por um bom momento relacionado à produção de aguardentes. além do cultivo de gengibre e mandioca. que era comercializado para o resto do país (MELLO. 20 11). Ainda. as riquezas e o poderio econômico acumulados no ciclo do ouro eram tão grandes que Paraty resistiu a quase um século ao crescente esvaziamento do seu porto (GURGEL e AMARAL. 1973).

Já no século XIX. devido ao alto preço para produzir o açúcar e aguardente. muitos passaram a cultivar café. mas seu plantio não se adaptou a terra exaurida (MELLO. 20 11).

Entretanto, a vantagem da produção do café na região. era a posição estratégica de escoamento e a facilidade de traficar escravos (BARROS. 2003).

(27)

25

caminho do ouro ficou tão abandonado. que nem mesmo na época das secas podia ser transitado (GURGEL e AMARAL. 1973).

Para exemplificar a sua tamanha decadência. em 1925. não havia um médico ou dentista em Paraty. As rendas municipais minguavam. A Santa Casa fechou. ficando aberto apenas o ambulatório para emergências. As casas começaram a ruir. os sobrados coloniais ficaram abandonados e ninguém queria comprá-los. O comercio retraia. a cana desapareceria do mercado e onde eram engenhos. passaram a existir somente bananais. Além disso. a malária ampliava a cada dia. diminuindo ainda mais a população (GURGEL e AMARAL. 1973).

Essa época de estagnação ocorreu até a segunda metade do século XX. ficando a cidade abandonada e acessível somente pelo mar. Somente em 1953. com a reabertura da estrada ligando Paraty a Cunha. onde era o antigo caminho do ouro velho. a cidade voltou a ser accessível (BARROS. 2003). Essa estrada acessava a cidade de Guaratinguetá e a Via Dutra. que une as duas grandes metrópoles brasileiras. Rio de Janeiro e São Paulo. A viagem de barco. em dias alternados. para as cidades de Angra dos Reis e Mangaratiba. o único meio de transporte que ligava a cidade ao resto do país continuou a existir. A nova estrada. porém. possibilitava um maior e melhor fluxo de transporte. em menor tempo. com mais segurança e qualidade (MELLO. 20 II ).

Com a reabertura da estrada Paraty-Cunha. houve um início. ainda remoto comparado ao atual. do turismo (BARROS. 2003). Devido aos anos de abandono. a região passou a ser considerada um recanto natural e histórico. com tradições e cultura peculiar e. com isso. algumas pessoas. mais aventureiras. passaram a querer conhecê-Ia. Nessa época. a maior parte dos visitantes eram os paulistas. que vinham em busca do litoral. Eles adquiriram velhas casas. às vezes em ruínas. as restauraram e as utilizavam para veraneio. A cada dia mais aumentava a demanda de turistas não só nas temporadas. mas também nos feriados prolongados (MELLO. 2011: OLIVEIRA. 2011).

Entretanto. a estrada Paraty-Cunha tinha sérios problemas como a constante queda de barreiras. deslizamento da pista. dentre outros. o que fazia com que a demanda turística ainda fosse pequena. Porém. em 1976. foi inaugurada a Estrada Rio-Santos. BR 101. iniciada em 1970. A estrada foi criada devido a instalação das usinas nucleares e a instalação de um terminal da Petrobras. Além disso. esse seria um novo acesso que fomentaria o potencial turístico da cidade (MELLO. 20 11: OLIVEIRA. 20 11).

(28)

26

artesanato local (colchas de retalho. crochês. gamelas. cestos e peneiras entre tantos outros). A pesca destinava-se agora aos restaurantes e o excedente podia ser mandado para São Paulo: os barcos. antes destinados somente à pesca. passaram a ser utilizados para passeios pelas praias e ilhas: diante da escassez de quartos em hotéis. alugavam-se casas e empregos novos surgiam a cada dia (MELLO. 2011).

Com isso. a indústria turística passa a ser "galinha dos ovos de ouro" para os moradores da cidade. que até então sobreviriam à margem do progresso econômico e tecnológico do país. Dessa época até hoje. o turismo vem sendo utilizado como estratégia de desenvolvimento econômico e social de Paraty. sendo uma de suas principais fontes de renda (FREITAG 2003: PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003: OLIVEIRA. 2011). Esse processo de requalificação econômica somente foi possível. quando foram redescobertos a sua arquitetura colonial. como um verdadeiro tesouro histórico. que evidencia a história do país (FREITAG 2003).

2.1.2 O turismo em Paraty

A atividade turística. direta ou indiretamente. mobiliza boa parte da cidade na medida em que a cidade é o 19° destino turístico indutor do país (MINISTÉRIO DO TURISMO. 20 I O). Podemos afirmar que o turismo de Paraty tem três principais vertentes: o turismo cultural. o turismo marítimo e o turismo ecológico (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

O bairro centro histórico é datado da segunda metade do século XVIII. tendo sua área demarcada em 1719. Destaca-se pelo calçamento irregular das ruas - chamado pé-de-moleque - e por seu casario conservado e representativo das arquiteturas dos séculos XVIII e XIX. onde o tráfego de carros não é permitido. O conjunto arquitetônico da época colonial é considerado como um dos mais harmoniosos do país. A leve inclinação das ruas em direção ao mar escoa as águas das chuvas e permite que o mar penetre na cidade nos períodos de maré alta (PARATY.COM. 2011 a: OLIVEIRA. 2011). Paraty é considerada Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN e é candidata ao título de Patrimônio da Humanidade junto a UNESCO.

(29)

-27

engenhos então existentes. Todos funcionam artesanal mente com roda d' água. moenda. barril de carvalho. fogão de cobre e fogo a lenha.

Paraty abriga parte do Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Estadual de Paraty-Mirim. com trilhas e cachoeiras inseridas na vegetação típica de Mata Atlântica. A fauna e a flora da região são riquíssimas e guardam espécies em extinção. O Parque Estadual de Paraty-Mirim criado em 1976. abrange áreas marcadamente turísticas. representadas pela belíssima península de Paraty-Mirim e pelo paradisíaco Saco do Mamanguá. ao sul do Município de Parat) (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

Em agosto de 2003 foi realizada em Paraty a primeira Festa Literária Internacional de Parat) (FLIP). com repertório diverso de convidados. já recebeu grandes nomes da literatura mundial e. a cada ano homenageia um expoente das letras brasileiras. A festa literária é intimamente ligada à vida de Parat). pois artistas locais. comerciantes. hoteleiros. donos de restaurantes acolhem a Feira. e mantém os habitantes locais ativamente envolvidos. Por tudo isso. a FLIP se destaca de outros encontros literários. contribuindo para a economia da região. Cabe ressaltar que o evento está consolidado e continua crescendo a cada ano (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003: FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY. 20 11: OLIVEIRA. 20 II ).

Além do Sítio Histórico e das Praias. Paraty também possui cachoeiras e áreas de preservação ambiental como o Parque Nacional da Serra da Bocaina. a Reserva Ecológica da Joatinga. a APA do Cairuçu. a Área de Lazer Parat)-Mirim. a Área de Preservação Ambiental da Baía de Paraty. Além de fazer fronteira com o Parque Estadual da Serra do Mar (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

(30)

28

• Atrativos Culturais

Parat)' é considerada Patrimônio Histórico Nacional tombado pelo IPHAN e aguarda o seu reconhecimento como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. O município tàz parte do circuito Caminho do Ouro. trecho da Estrada Real utilizado durante os séculos XVII e XVIII para escoar o ouro de Minas Gerais. É deste período que restaram inúmeros edifícios considerados hoje como atrativos turísticos: Igreja da Matriz de N S Remédios: Igreja de N. S. Rosário: Igreja de N S das Dores: Igreja de Santa Rita: Capela de Santa Cruz da Generosa: Casa da Cultura: Quartel da Patitiba: e Forte Defensor Perpétuo (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

• Atrativos Naturais

Parat)' está localizada junto ao oceano e entre dois rios e seus atrativos naturais são. em sua maioria. praias e cachoeiras. A seguir segue uma lista dos principais atrativos naturais da cidade: Praia de Parati-Mirim: Praia da Conceição: Praia de Iririguaçu/lriri: Praia Jabaquara: Praia da Lula: Prainha: Cachoeira de Iririguaçu: Cachoeira da Pedra Branca: Cachoeira Pedra LisalTaquari: Cachoeira do Tobogã: Cachoeira da Usina: Poço das Lajes: e Poço das Andorinhas (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

• Perfil do Turista

O perfil do turista que visita Parat)' é predominantemente brasileiro. e apenas 9% são estrangeiros. principalmente da França e dos Estados Unidos. Dos turistas brasileiros. 66% são oriundos do próprio estado e 21.43% do estado de São Paulo. O ônibus fretado é o principal meio de transporte utilizado para chegar à cidade. sendo a opção de 44.64%. A segunda opção é o carro próprio. utilizado 26.79% dos turistas (MINISTÉRIO DO TURISMO. 2009).

(31)

I I

I I

29

• Meios de hospedagem

o

município de Paraty conta com 272 meios de hospedagem, sendo que a maioria se localiza na região central (cerca de 80%, em 2003). Entretanto, no centro histórico, há somente 30

meios de hospedagem. A pouca quantidade de meios de hospedagem no centro histórico

ocorre porque há restrições para a construção de imóveis no local, devido à preservação do

patrimônio arquitetônico. Com isso, esses empreendimentos foram crescendo nos seus

arredores (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY, 2003) .

• Centro

.le".

D Nort.

co." •

• Sul

Figura 7: Quantidade de meios de hospedagem do município de Paraty por região Fonte: Prefeitura Municipal de Paraty (2003)

A maior parte dos turistas que vão a Paraty (70%), se hospeda em hotéis ou pousadas. Em

média esses turistas pernoitam três noites nesses empreendimentos, sendo a taxa de ocupação

média anual de 22%. Essa taxa de ocupação é muito baixa, comparada a média do país (51 %

em 2002).

Estima-se que os gastos produzidos por esse setor geraram uma receita de R$ 94.879.675, em

2003. O preço médio da diária de um meio de hospedagem localizado na região central é de

R$ 94,32 na alta temporada e de R$ 62,75 na baixa. No centro histórico esse preço médio

sobe de R$ 105,95 na alta temporada e de R$ 88,67 na baixa (PREFEITURA MUNICIPAL

DE PARATY, 2003).

O setor de turismo é um dos principais pilares econômicos de Paraty, gerando emprego

e renda. Além disso, é responsável pela valorização da história e da cultura do município, que

ficou muitos anos a margem do desenvolvimento econômico do país. Entretanto, se o turismo

não for bem planejado e gerenciado, pode degradar o ambiente na qual se insere. Com isso, é

(32)

-30

2.2 Turismo e sustentabilidade

o

turismo é um fenômeno que tem sido utilizado como solução para os problemas

sociais e econômicos de diversas localidades. o que acaba ocasionando um grande crescimento da sua indústria e demanda (WORLD TOURISM ORGANIZATION. UNWTO. 20 I O: MINISTÉRIO DO TURISMO. 20 Ii ).

Além disso. o fenômeno causa uma interação espontânea entre diferentes pessoas simultaneamente. em vários âmbitos (cultural. econômico. social e ambiental). Todos esses fatores fazem com que o setor seja extremamente vulnerável as mudanças de seu entorno (OMT. 2001).

Assim. para a própria manutenção do turismo em um destino e para a competitividade de suas empresas é necessário que o ambiente social. cultural e natural seja preservado e o econômico potencializado. Com isso. é indispensável que o seu desenvolvimento ocorra de forma sustentável (OMT. 200 I: SWARBROOKE. 2000).

Nas cidades históricas. como Paraty. esta preservação é essencial. pOIS o maIor motivador do turismo na região é o seu patrimônio histórico. cultural e arquitetônico que se conservaram intactos (FREITACi 2003). De acordo com Lima (2007). para o turista de Paraty o principal atrativo da cidade é a sua arquitetura colonial.

Segundo a Trorld Consermrtiofl Union (200 I aplld OMT. 200 I. p. 245) o turismo sustentável é "0 processo que permite o desenvolvimento sem degradar ou esgotar os recursos

que tornam possíveis o mesmo desenvolvimento". Além disso. para a OMT (200 I. p. 246) "esse tipo de turismo pode trazer beneficios as gerações presentes sem diminuir as possibilidades de obtenção de benefícios para as gerações futuras".

A idéia de sustentabilidade existe desde os primórdios da civilização. a partir dos modelos mais remotos de planejamento urbano. Os debates cresceram no século XX. com a industrialização. pois devido a diversos fatores. como o aumento populacional. as cidades começaram a crescer com foco no curto prazo. No turismo. esse debate se intensifica. na década de 60. quando o turismo de massa se tornou um fenômeno mundial. principalmente na indústria hoteleira. que foi pioneira em atuar buscando a sustentabilidade (SWARBROOKE. 2000).

(33)

31

gerações de satisfazerem suas próprias necessidades". Sendo assim. deve haver um equilíbrio entre as necessidades dos turistas e moradores.

Para Glavic e Lukman (2007). os termos e definições de sustentabilidade são utilizados de forma imprecisa pela academia. mídia e empresas. o que dificulta o monitoramento e a aplicação do conceito. Isso pode trazer problemas ao processo de planejamento. muito relevante nesse caso. já o desenvolvimento do turismo sustentável deve estar considerado nas políticas públicas e no planejamento das empresas turísticas. com uma visão de longo prazo (OMT. 200 I).

Outra crítica. é que o conceito de desenvolvimento sustentável está majoritariamente ligado ao ambiente físico (SWARBROOKE. 2000: COOPER ef aI .. 2001: FARIA: CARNEIRO. 2001 e GLAVIC e LUKMAN. 2007). Entretanto. cada vez mais se reconhece que outros âmbitos também devem ser considerados. como o aspecto socioeconômico e cultural (OMT. 2001).

Para Swarbrooke (2000). o fato do turismo sustentável ser um tema amplo e complexo. tàz com que algumas críticas ao seu pensamento atual sejam feitas. tais como: existem poucos dados empíricos que apóiem suas idéias ou técnicas: o assunto tem sido tão debatido. que está sendo amplamente aceito como verdade. sem ser questionado: o tema tem sido utilizado com fins comerciais. para atender uma nova demanda de consumidores conscientes.

Por fim. outro aspecto importante sobre o tema. é que o turismo traz impactos positivos e negativos ao ambiente na qual está inserido. Com isso. para que o seu desenvolvimento sustentável seja possível é necessário que se minimizem os impactos negativos e que se maximizem os impactos positivos. trazendo benefícios para todos os envolvidos (OMT. 200 I: COOPER cf aI .. 200 I ).

Sendo assim. a seguir. foram explicitados. de forma específica. os benefícios e impactos promovidos pelo turismo. nos âmbitos econômico. social. histórico cultural e natural. com alguns exemplos relacionados à Paraty.

2.2.1 Impactos econômicos do turismo

(34)

32

Normalmente. os aspectos econômicos do turismo ocorrem em maior grau em economias menos desenvolvidas. por diversos motivos como: pouca diversidade da sua economia. dependência da agricultura para exportações. menor distribuição de renda. Isso faz com que a rápida injeção de divisas com o gasto turístico e os investimentos estrangeiros na área. contribuam em grande grau para o seu desenvolvimento econômico (OMT. 200 I).

Na cidade de Paraty o setor de serviços (na qual o turismo está incluído) representa 30.20% do PIS. sendo 79.60% correspondentes ao setor de comércio. turismo. alimentação. transporte e comunicação. Além disso. o turismo é responsável por 39.22% dos empregos fixos da região e o total de exportação gerado pela sua atividade de R$ 94.879.645.28 (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

De acordo com o estudo de Lima (2007) a percepção dos moradores sobre os impactos econômicos do turismo em Paraty é majoritariamente positiva. já que o setor movimenta recursos financeiros. que gera renda e empregos na cidade. Entretanto. ao mesmo tempo. eles percebem que o mesmo fenômeno traz alguns prejuízos na economia local. como o aumento geral dos preços.

Na figura 8. destacam-se alguns aspectos positivos e negativos que o turismo pode trazer para a economia.

IMPACTOS POSITIVOS

• Equilíbrio da balança de pagamentos (OMT. •

2001): •

• Contribuição para o PIS (OMT. 200 I):

• Contribuição na geração de empregos (OMT. • 200 I):

• Efeito multiplicador - Motor de outras ! • atividades empresariais (OMT. 200 I ): I • Influencia na melhoria da infra-estrutura •

(OMT, 200 I):

• Contribuição para o aumento e distribuição da renda (OMT. 2001):

• Contribuição na arrecadação de impostos (OLIVEIRA. 2007).

Figura 8: Impactos positi\ os e negatI\ os do tUflsmo na econom1U Fonte: Elaboração própria

IMPACTOS NEGATIVOS

Custos de oportunidade (OMT. 200 I): Custos devido à sazonal idade (OMT. 200 I):

Possibilidade de inflação (OMT. 2001 ):

Perda dos benefícios econômicos potenciais (OMT. 200 I):

Distorções na economIa local (OMT. 2001 ).

(35)

-33

2.2.2 Impactos sociais do turismo

A ocorrência do turismo em um determinado destino pode influenciar direta e indiretamente estrutura social do local onde ele está inserido. Isso ocorre porque o turismo emprega a comunidade local. a renda gerada por ele pode ser mais uma possibilidade de mobilidade social e ainda há movimentos de migração rural por conta do fenômeno (OMT. 2001).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. 20 I O) a população de Paraty é composta por 37.533 pessoas. é predominantemente urbana (74%). com 57% da faixa etária situada entre os 20 e 59 anos. O êxodo rural da cidade não foi muito grande comparado a de outras regiões turísticas próximas (em 2000 era de 47%. enquanto a da Baía da Ilha Grande era de 86%). O seu IDH era de 0.697 em 1999. um pouco abaixo da média do país. que era 0.709 nessa época. A taxa de analfabetismo da população acima dos 15 anos era de 12.8% e 65% dos salários variavam de I a 5 salários mínimos (IBGE. 2000).

Para Lima (2007). a população da cidade considera que o turismo traz alguns benefícios sociais. como: a melhoria da infra-estrutura da cidade para receber os turistas (aumento no número de pousadas. restaurante e comércio: astàltamento das vias públicas: melhoria do rio Pereque-Açú e criação de uma ponte por cima dele: iluminação subterrânea e aeroporto). aumento no número de moradores. melhoria nos serviços públicos de educação (criação de novas escolas. oferta recente de ensino superior no município e contratação de novos professores). crescimento do turismo náutico e melhora nos barcos de passeio. surgimento de novos bairros (Ilha das Cobras e Mangueira). maIS limpeza na cidade. mais profissionalização e maior progresso. evolução.

No caso específico dos meios de hospedagem. considera-se que a sua instalação pode trazer vantagens sociais ao local. Um estudo realizado por Filippim. Hotfmann e Feger (2006) sobre a percepção dos moradores sobre os impactos da instalação de empreendimentos hoteleiros em Paraty. mostra que os entrevistados consideram que essa instalação é importante para o desenvolvimento do turismo no local. para divulgar a comunidade. criação de renda e empregos.

(36)

-34

lazer, especulação mobiliaria e deslocamento de pessoas para fora do centro histórico (LIMA. 2007).

A figura 9 descreve alguns impactos positivos e negativos comuns do turismo na sociedade local:

IMPACTOS POSITIVOS • Melhoria na qualidade de vida dos

moradores (OMT. 200 I):

• Estimulador de mudanças sociais -entusiasma os moradores a lutar e/ou trabalhar por coisas que necessitam (OMT. 200 I):

• Rupturas dos estereótipos negativos (OMT. 200 I):

• Aumento das oportunidades sociais (OMT. 200 I):

• Promoção da educação em relação a saúde. a proteção do meio ambiente (por exemplo. projetos feitos pelo RH do hotel) (COUTO. 2003): • Desenvolvimento de projetos sociais

filantrópicos (COUTO. 2003).

IMPACTOS NEGATIVOS

• Diferenças soclo-economlcas entre moradores e visitantes (OMT. 200 I): • Impactos do turismo de massa

(congestionamento. aumento da criminal idade ) (OMT. 200 I):

• Segregação dos moradores da atividade turística (OMT. 200 I):

• Efeito demonstração - se caracteriza pelo tàto de que um alto número de turistas acaba estimulando hábitos desconhecidos e. por vezes. inacessíveis à população local (OMT. 2001 ):

• Disseminação de doenças (OMT. 2001 ):

• Aumento do custo de vida da população (SOARES. 2006):

• Imigração e prostituição(COUTO. 2003)

• Consumo e tráfico de drogas (COUTO. 2003):

• Necessidade de importação de mão-de-obra qualificada e produtos específicos para atendimento dos turistas (FILIPPIM: HOFFMANN: FEGER. 2006).

Figura 9: Impactos positi\lls e negati\os do turismo na sociedade Fonte: Elaboração própria

2.2.3 Impactos históricos e culturais do turismo

O fenômeno turístico acarreta a interação espontânea de diferentes pessoas. com diferentes culturas. fora de seu entorno habitual6. A magnitude do impacto turístico nessa

relação depende da duração e intensidade do encontro desses dois mundos (OMT. 200 I). De acordo com De Kadt (1979 aplld OMT 200 I. p.215) os moradores e turistas podem se encontrar em três situações diferentes. que influenciam o grau dessa relação:

6 O entorno habitual corresponde aos limites geográficos dentro dos quais um indidduo se mmimenta em sua

(37)

35

• Quando o turista compra um bem ou serviço do residente:

• Quando ambos compartilham o mesmo espaço físico (praias. passeios etc.):

• Quando ambos trocam informações ou idéias.

Os dois primeiros momentos ocorrem frequentemente. enquanto o terceiro somente

em algumas situações (OMT. 200 I).

A cultura local costuma ter características próprias. que muitas vezes é o principal

fator que atrai o turista. No caso das cidades históricas. ainda há como principal atrativo o

patrimônio histórico e aspectos culturais preservados. que também sobre influência direta do

turismo (FREITACi 2003: TORRENTES. 2007).

A cidade de Paraty apresenta uma série de edifícios históricos. religiosos. civis. militar

e industrial/agrícola. demonstrando uma arquitetura peculiar. possui sítios histórico-culturais.

histórico ambientais e científicos e movimentos culturais (PREFEITURA MUNICIPAL DE

PARATY.2003).

De acordo com a prefeitura municipal de Paraty (2003) o patrimônio cultural de Paraty

pode estar dividido em seis partes:

• Gastronomia - Culinária típica de Paraty e a diversidade gastronômica de seus bares e

restaurantes. Tem-se como exemplos pratos como: peixe azul marinho. paçoca de

banana. aguardente coqueiro e quentão com caldo de cana.

• Patrimônio Ético Cultural - Engloba os principais grupos étnicos do município. que

mantêm características peculiares da região. Esses principais grupos são: aldeia

indígena de Arapongas (conta com aproximadamente 100 indígenas da etnia Mbyá).

aldeia indígena de Paraty-Mirim (conta com aproximadamente 140 indígenas da etnia

Tupi-guarani) e a comunidade quilombola do campinho (todos os moradores são

descendentes de três escravas: Antônia. Marcelina e Luiza).

• Maçonaria - Sociedade secreta que influenciou fortemente o modo de vida paratiense.

desde o século XVIII. A arquitetura da cidade é a principal forma de se observar esses

indícios. Alguns exemplos da maçonaria em Paraty é a presença de colunas nas ruas da

cidade que formam um pórtico. a escala das plantas das casas (I :33:33) e a proporção

(38)

36

• Arte e artesanato - Há várias manifestações artísticas em Parat)'. muito observadas em seus ateliês. As cidades contam muito com objetos de madeira. tecidos. cestarias. artesanato indígena. pinga etc.

• Lendas - Parat)' possui muitas lendas. A cidade conta com o Grupo Contadores de estória. fundado em 1981. que apresentam peças contando as suas lendas. As principais lendas contadas sobre a região são: a lenda do espírito negro como guardião dos tesouros. lenda sobre a origem do nome da cidade. lenda sobre a praga rogada para a terra e o povo de Parat)'. lenda do corpo seco na toca do Cassunga. as lendas que giram em torno da imagem da Nossa Senhora dos Remédios e da igreja Matriz. dentre várias outras.

• Crendices e curiosidades - Algumas importantes crendices do município são a medicina popular. rezas e benzimentos. superstições e algumas curiosidades sempre lembradas pelo seu povo.

Além disso. a cidade conta com importantes eventos no calendário oficial do município. como: carnamar. carnaval. aniversário da cidade. festa internacional literária de Parat)' (FLIP). festival internacional de cinema. dentre outros.

De acordo com Lima (2007). alguns moradores de Parat)' consideram que um dos maiores benefícios do turismo é a interação do seu povo com os visitantes. Para esses entrevistados. o turismo na cidade estimulou a socialização e novas amizades. permitiu a interação cultural e trocas simbólicas. O mesmo é corroborado pelos turistas. que consideram como pontos fortes de Parat) o acolhimento dos moradores e a sua interação com eles. como ao ouvir histórias contadas por pescadores (LIMA. 2007).

Também há uma preocupação dos moradores e do governo local em preservar o sítio histórico e ecológico do caminho do Ouro (seu calçamento. construções e a Mata Atlântica onde estes sítios estão inseridos) localizado na estrada Parat)'-Cunha. Para isso. é realizado um controle de fluxo de visitantes. visitas guiadas e a utilização de materiais naturais. como bambus e eucaliptos nas construções dentro dos sítios.

Além disso. alguns lugares antes pouco visitados pelos seus habitantes passaram a ser considerados significativos. como a Casa de Cultura de Parat)' (LIMA. 2007) e o sítio histórico e ecológico do caminho do Ouro. que é visitado pelas escolas públicas e particulares locais e interestaduais (TORRENTES. 2007).

(39)

37

exigência da UNESCO para que a cidade se torne patrimônio da humanidade (LIMA. 2007). Como esse título seria muito vantajoso para trazer turistas para a região. a prefeitura faz os investimentos necessários para obtê-lo. beneficiando os habitantes locais.

Entretanto. essa valorização do patrimônio histórico e cultural por conta do turismo. também traz alguns problemas. Para os moradores entrevistados. a prefeitura apóia restritamente o centro histórico em detrimento de outras regiões (LIMA. 2007) e os órgãos de proteção do patrimônio. como o IPHAN. criam muitos impedimentos para a modernização e desenvolvimento da cidade (GOMES. CARMO e SANTOS. 2004).

Sendo assim. como ilustra a figura 10. o turismo pode trazer benefícios e prejuízos ao patrimônio histórico-cultural da localidade na qual se insere.

IMPACTOS POSITIVOS • Recuperação e conservação dos

costumes locais (artesanato. folclore. festivais. gastronomia) (OMT. 2001 ):

• Acréscimos das culturas tradicionais (OMT. 200 I):

• Intercâmbio cultural entre pessoas (OMT. 200 I):

• Preservação e reabilitação de monumentos. edifícios e lugares históricos (OMT. 200 I: COOPER el

aI .. 200 I):

• Orgulho de pertencer a uma etnia (FILIPPIM: HOFFMANN: FEGER.

2006). !

IMPACTOS NEGATIVOS

• Descaracterização da cultura do local visitado (OMT. 2001):

• Invasão de privacidade (OMT. 200 I): • Arquitetura não integrada a paisagem

(OMT. 200 I: COOPER el aI .. 2001): • Destruição e danificação do patrimônio

histórico (FILIPPIM: HOFFMANN: FEGER. 2006: COOPER el aI .. 2001).

Figura 10: Impactos positinls c ncgati\ os do turismo no patrimônio histórico-cultural Fonte: Elaboração própria

2.2.4 Impactos ambientais do turismo

Por fim será abordado o aspecto mais comumente abordado no tema turismo sustentável. mas não unicamente importante: o aspecto ambiental. O aspecto ambiental se refere aos recursos naturais (FARIA: CARNEIRO. 2001) e é um dos principais elementos do fenômeno turístico (COOPER el aI .. 2001).

(40)

-38

compõe essas indústrias têm que pensar em estratégias de se desenvolver de forma sustentável (COOPER cf aI .. 200 I).

Segundo a Prefeitura Municipal de Paraty (2003). 80% de seu território é ocupado por unidades de conservação. abrangendo áreas de proteção ambiental no âmbito federal. estadual e municipal. tais como: parque nacional da Serra da Bocaina. área Estadual de lazer de Paraty-Mirim. área de proteção ambiental do Caiçurú. reserva ecológica de Juatinga. estação ecológica dos Tamoios e parque Municipal do Morro do forte.

O ambiente natural de Paraty é composto de inúmeras baias. enseadas e sacos: cachoeiras e cascatas propícias para o banho: rios. riachos e córregas: ilhas marítimas: ambientes marítimos rochosos propícios ao mergulho: picos e cumes: pontas. cabos e restingas: praias, rochedos. trilhas e consequentemente uma diversificada e peculiar fauna e flora (PREFEITURA MUNICIPAL DE PARATY. 2003).

Para alguns os moradores de Paraty. na pesquisa realizada com Lima (2007). o turismo traz impactos negativos ao meio ambiente. como o aumento do lixo e a degradação do ambiente físico. como a ocupação irregular.

A figura 11 apresenta os principais aspectos positivos e negativos do turismo no meio ambiente.

IMPACTOS POSITIVOS IMPACTOS NEGATIVOS

Revalorização do entorno

Arquitetura não integrada à paisagem (OMT. natural (OMT. 200 I): 2001 ):

Adoção de medidas para

Tratamento inadequado do lixo (OMT. preservar os tesouros 2001 ):

ecológicos da região (OMT.

Poluição (OMT. 2001: COOPER Cf aI ..

200 I: COOPER cf aI .. 200 I): 2001 ):

A criação de parques nacionais

Erosão (OMT. 200 I. COOPER cf aI .. 2001): (COOPER cf aI .. 200 I):

Caça e pesca (COOPER cf aI. 2001):

Fomento ao aumento da

Competição entre o turismo e outras consciência ambiental (tanto atividades econômicas por espaço no meio das organizações. turistas e ambiente (OMT. 200 I):

população local) (OMT. 2001).

..

Figura 11: Impactos pOSItI\OS e negatl\os do tUrismo no meio ambiente

Fonte: OMT (200!)

Imagem

Figura 1:  Mapa da  região da Costa Verde  (RJ)  Fonte:  SEBRAE (2008)
Figura 2:  Mapa do  Município de  Paraty  Fonte:  Prereitura do  Rio  de Janeiro (20 I O)
Figura 3:  Mapa dos bairros de Paraty  Fonte:  PARATY. COM .BR (2011 a)
Figura 4:  Modelo do  SISTL'R
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Referências

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