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Fatores preditivos de Aderência no tratamento de usuários de maconha

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Academic year: 2017

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Fabiana Andrioni De Biaze Vilela

FATORES PREDITIVOS DE ADERÊNCIA NO TRATAMENTO DE USUÁRIOS DE MACONHA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para a obtenção do Título de Mestre em Ciências.

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Vilela, Fabiana A.B.

Fatores preditivos de Aderência no tratamento de usuários de maconha./Fabiana A.B. Vi Lela. - São Paulo, 2011.

xi, 59f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Psicologia Médica.

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Fabiana Andrioni De Biaze Vilela

FATORES PREDITIVOS DE ADERÊNCIA NO TRATAMENTO DE USUÁRIOS DE MACONHA

Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para a obtenção do Título de Mestre em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo R. Laranjeira Co-Orientador: Dra. Flávia S. Jungerman

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA MÉDICA

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Fabiana Andrioni De Biaze Vilela

FATORES PREDITIVOS DE ADERÊNCIA NO TRATAMENTO DE USUÁRIOS DE MACONHA

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr.

ANDRÉ MALBERGIER

Prof. Dr.

MARGARETH DA SILVA OLIVEIRA

Prof. Dr.

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AGRADECIMENTOS

Aos pacientes que se dispõe a participar de pesquisa envolvendo seres humanos, sem os quais este, e muitos outros estudos não seriam possíveis;

À Dra. Flávia S. Jungerman pela paciência e por compartilhar seu saber;

Ao Dr. Ronaldo R. Laranjeira por seu comprometimento com os estudos voltados para a área da dependência química;

Às colegas da Secretária da UNIAD e do Departamento de Psiquiatria pelo suporte oferecido.

À minha família, meu motivo para voltar sempre.

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Sumário

Agradecimentos iii

Lista de Tabelas iv

Resumo v

Abstract vi

1.INTRODUÇÃO 1

1.1.Objetivos 5

2. REVISÃO DA LITERATURA 6

2.1. O Abandono do Tratamento pelos Dependentes de Substâncias 10

2.2. O Modelo Transteórico 12

2.3. Estágios de Mudança Preditores de Sucesso ou Abandono do 18

Tratamento

3. METODOLOGIA 20

4. RESULTADOS 23

4.1. Dados Demográficos 23

4.2. Grupos de Tratamento 23

4.3. Desistência do Tratamento 24

4.4. URICA 25

4.5. URICA: comparação entre os grupos 25

4.6. URICA: comparação entre desistentes e os não desistentes do 26

tratamento

4.7. Relação da URICA com consumo 26

tratamento

4.8. Análise de Regressão: desistência do tratamento versus

fatores sócio demográficos 27

5.DISCUSSÃO 28

6. CONCLUSÕES 31

7. REFERÊNCIAS 32

(8)

RESUMO

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ABSTRACT

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1.INTRODUÇÃO

A maconha é uma planta conhecida cientificamente como Cannabis Sativa, tem como substância psicoativa o THC Delta-9-Tetrahidrocanabinol que apresenta propriedades controversas as quais são alvo de discussão há longos anos entre pesquisadores que buscam o entendimento de seu potencial benéfico versus prejudicial.

Dois mil anos antes de Cristo, as propriedades medicinais e os efeitos psiquiátricos euforizantes decorrentes do consumo da maconha já eram conhecidos. Anos depois, a planta foi se caracterizando por seus efeitos prazerosos e pelo bem estar que garantia aos usuários, sendo que até 1900 não se acreditava que o uso recreacional pudesse trazer prejuízos (Murray et. al, 2007).

No entanto, com o avanço dos estudos e a descoberta dos malefícios decorrentes de seu consumo, vários países proibiram sucessivamente o uso recreacional da substância até que em 1961 foi assinada a Convenção que almejava a extinção do uso da substância, que aconteceu nos 25 anos seguintes nos países participantes. Diferentemente, o que se verificou foi o avanço do consumo e na década de 60, o uso recreacional ganhou destaque no movimento hippie, passando a maconha a ser consumida em grandes quantidades pelos jovens da época. (Gabeira, 2000).

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No Brasil, pesquisa recente conduzida pela Secretaria Nacional Anti Drogas (SENAD) revelou que aproximadamente 49% dos universitários brasileiros já experimentaram algum tipo de substância ilícita, sendo que destes, 43% já fizeram uso de mais de uma droga concomitantemente. O mesmo estudo aponta que a maconha é a droga de maior prevalência anual entre a população estudada. (www.obid.senad.gov.br)

Os efeitos agudos do consumo da maconha englobam diferentes aspectos: euforia, hilariedade, pânico e paranóia, bem como disfunções na atenção e na memória e diminuição da capacidade motora. Além disto, em pessoas com propensão, podem surgir sintomas psicóticos. A droga diminui ainda a resistência dos usuários, fazendo com que eles se tornem mais suscetíveis a vivências perigosas.

Já os efeitos crônicos do consumo se relacionam a problemas respiratórios, diminuição da capacidade de cognição, procrastinação e desenvolvimento da síndrome da dependência. As funções cognitivas ficam claramente comprometidas, mas restam dúvidas quanto à permanência dos prejuízos quando o consumo da substância é suspenso. Há que se ressaltar que as funções executivas, tais como a atenção e a memória são as mais prejudicadas.

À medida que os prejuízos decorrentes do aumento gradativo do uso surgem e passam a ser reconhecido pelo indivíduo, evidencia-se a necessidade de inserção em tratamento específico para minimizar os danos decorrentes do consumo. Inicialmente há que se falar em conscientização dos prejuízos e danos que cada um já apresenta e identifica em função do uso da droga, de maneira que possa ser estimulado a refletir sobre sua necessidade e motivação para o tratamento (Littell, et. al., 2002).

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rotinas e os meios em que a droga é utilizada (Marques, ACPR, 2003 et.al, Jungerman, et. al. 2005).

Dependendo do grau de motivação de cada indivíduo, o qual será abordado mais profundamente adiante, os profissionais precisarão lançar mão de técnicas específicas para atender à demanda de cada sujeito. Assim a participação do terapeuta é fundamental já que ele, a partir da avaliação inicial de cada caso, definirá as técnicas que melhor se adequem ao momento de cada paciente de acordo com o grau de motivação, nível e tempo de consumo(DiClemente, 2006).

Com o objetivo de tentar compreender a dinâmica da evolução da mudança de comportamento, alguns modelos foram elaborados, com base na questão da motivação, sendo que o Modelo Transteórico, proposto na década de 80 por Prochaska e DiClemente, ganhou destaque por enfatizar a importância da motivação individual, sugerir técnicas de avaliação do processo de mudança, bem como intervenções de acordo com o momento de cada sujeito em relação à sua motivação.

Verifica-se diante da literatura internacional que as taxas de abandono do tratamento são muito elevadas no caso de dependentes químicos, dado que reflete as dificuldades dos profissionais da área em relação à aderência ao tratamento (Ball et. al. 2006; Callaghan, et. al. 2005).

Assim poderia ser útil traçar elementos comuns aos desistentes de modo que os profissionais pudessem identificar no início do tratamento quem seriam os mais propensos a desistir e, desta forma, utilizar com estes, técnicas diferenciadas, visando o aumento das taxas de adesão. As pesquisas que tiveram como objetivo verificar a existência de um perfil comum aos desistentes do tratamento para dependentes químicos não apresentam conclusões únicas, apontando apenas que há algumas características que podem indicar a propensão à desistência. (Callaghan, R. et. al., 2008).

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minorias raciais tendem à maiores taxas de abandono. Quanto ao consumo de drogas, aqueles que referem uso mais prolongado ou em que o nível de motivação no início do tratamento é maior tendem a desistir menos. (Ball, et. al., 2006; Callaghan, et. al., 2007; Sayre,2002).

O presente estudo se propõe a levantar e analisar fatores possivelmente associados ao abandono do tratamento, considerando-se os dados sócio demográficos, quantidade de maconha consumida em períodos pré definidos e níveis de motivação no início e após as intervenções propostas ao longo do tratamento.

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1.1.OBJETIVOS

1.1.1. Identificar na amostra avaliada, características comuns que indiquem maior probabilidade de aderência ou de abandono do tratamento;

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Diante da constatação do aumento do número de usuários de maconha, diferentes tipos de tratamento vêm sendo propostos nas últimas décadas, tais como grupos de ajuda mútua; terapia medicamentosa, ambulatorial, internação, acompanhamento com equipe multidisciplinar, psicoterapia, além da inserção do núcleo familiar do paciente no programa proposto.

Em uma pesquisa com pacientes internados em clínica psiquiátrica para o tratamento da dependência química (Sead, et al.,2009), foi proposta a inserção dos familiares dos internos em um programa de terapia multifamiliar e investigou-se a existência de relação entre a participação da família e a adesão do paciente ao tratamento.

Os resultados obtidos neste estudo indicam que quanto maior o número de membros familiares que participam da proposta desde o início, a taxa de adesão tende a aumentar e, neste sentido sugerem que as instituições que tratam dependentes químicos ofereçam espaço de acolhimento para os familiares.

Foram encontrados estudos voltados para o tratamento dos dependentes de maconha submetidos a tratamento. Pesquisadores australianos (Lang, MAE et. al, 2000) descrevem intervenções breves, atendimento individualizado, no qual o paciente recebia material de auto ajuda, sendo que os mesmos eram avaliados no momento inicial, passavam por uma sessão utilizando a Entrevista Motivacional e depois eram reavaliados.

Os resultados obtidos sinalizam que houve redução na freqüência e na quantidade de maconha consumida, além de terem sido citadas outras mudanças positivas no funcionamento geral do indivíduo. Além disto, os autores referem que metade dos sujeitos que passaram pela reavaliação sinalizou que o uso do material de apoio foi importante na obtenção dos resultados.

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comportamental, ou incentivos financeiros ou ambos, os quais foram avaliados antes e após o tratamento, concluiu que os valores recebidos pelos pacientes incrementaram as taxas de abstinência durante o tratamento se comparadas com a terapia apenas. No entanto, após o final do programa, durante as reavaliações, a abstinência se manteve proporcional nos dois grupos.

Ainda com o objetivo de avaliar a efetividade das intervenções propostas aos dependentes de maconha, outros estudos foram conduzidos. Um ensaio clínico realizado na Austrália teve como principal objetivo a avaliação da terapia cognitivo comportamental para dependentes de maconha e, desta forma, os participantes assavam por avaliação inicial e, posteriormente, eram alocados em tratamento de seis sessões, uma sessão ou grupo de espera. Os resultados deste estudo indicaram que aqueles que foram inseridos nos grupos de tratamento obtiveram resultados melhores do que os alocados no grupo de espera. Além disto, os números apontaram para níveis de consumo de maconha mais baixo entre os que foram submetidos às seis sessões em comparação aos que passaram por apenas uma (Copeland, et. al. 2001).

Um estudo com objetivos semelhantes (Stephens, et. al. 2000) com dependentes de maconha comparou os resultados obtidos por pacientes em tratamento cognitivo comportamental em grupo composto por 14 sessões e em tratamento individual breve composto por duas sessões de Entrevista Motivacional. Para tanto, realizaram um ensaio clínico randomizado para as duas propostas e para um grupo de espera por quatro meses. Os resultados indicaram que os pacientes inseridos nos dois grupos de tratamento obtiveram resultados significativamente melhores do que os observados na reavaliação de quatro meses do grupo controle.

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dados referentes ao prejuízo decorrente do uso da maconha. Além disto, verificou-se que melhores resultados foram obtidos pelos que foram alocados nos grupos de tratamento em comparação aos que permaneceram em espera.

Um estudo longitudinal recente (Zambom, 2009) buscou verificar a existência de mudanças no consumo de maconha depois da inserção dos sujeitos em programa com enfoque motivacional. Além disto, outro objetivo do autor era avaliar as alterações nos estágios de mudança diante das intervenções propostas. Trata-se de uma população formada de adolescentes encaminhados para o programa como medida sócio-educativa a qual receberam depois da condenação imputada pelo Poder Judiciário local exatamente pelo uso da maconha. Os sujeitos passaram por tratamento breve e, após três anos do encerramento do mesmo, o autor tentou retomar o contato para reavaliá-los.

Congruente com a literatura sobre o tema houve grande perda amostral, mas no caso do estudo acima citado, devem ser consideradas as peculiaridades da amostra, tais como a imposição do tratamento, a motivação externa e possivelmente a ausência de consciência sobre os prejuízos decorrentes do consumo. No entanto, verificou-se que nos sujeitos que iniciaram o programa em estágio de mudança diferente da pré-contemplação, foi possível identificar mudanças a longo prazo. Neste sentido, as conclusões apontam que 50% dos que aceitaram participar do estudo não usavam mais maconha. Além disto, houve mudança estatisticamente significativa quanto aos escores da contemplação, ação e manutenção depois da Entrevista Motivacional, os quais aumentaram.

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Os resultados deste estudo sugerem que o estágio da pré-contemplação diminuiu e evidenciam a possibilidade de que os mesmos possam estar reconhecendo as conseqüências negativas do consumo. Quanto ao abandono do tratamento, a desistência inicial foi de 40%, mesmo com a obrigatoriedade judicial, tendo os autores discutido que a taxa é semelhante às descritas na literatura sobre o tema, ressaltando a existência de poucos estudos com esta população.

Já no segundo estudo, os autores buscaram avaliar a relação entre o estágio de mudança e a adesão do sujeito ao tratamento proposto, sendo que os mesmos foram avaliados inicialmente, passavam pelas intervenções propostas e eram novamente avaliados. Os resultados obtidos apontam que quando os adolescentes eram abusadores da maconha tinham maior tendência a deixar o tratamento antes do final já que nesta fase os danos não parecem tão graves. (Oliveira, et. al., 2010)

A taxa de adesão do estudo foi de 30%, sendo que os autores do referido estudo discutem o grande desafio que é o tratamento da dependência química, especialmente com adolescentes. Quanto aos estágios de mudança, aproximadamente 70% dos que não aderiram estavam na pré-contemplação na avaliação inicial e, neste sentido, sugerem que a identificação do estágio pode ser um preditor do perfil dos indivíduos mais propensos à mudanças.

Com base nos estudos acima descritos sobre o tratamento da dependência de maconha, pode-se evidenciar que a inserção em algum tratamento é sempre melhor do que nenhuma intervenção, sendo que os resultados obtidos não se resumem às taxas de abstinência, as quais, em sua maioria, são baixas, assim como as taxas de adesão ao tratamento. Assim, a conscientização dos prejuízos associados ao consumo, o aumento da motivação e a sensibilização para a necessidade das mudanças nos comportamentos aditivos são outras formas de se avaliar a eficácia de uma intervenção.

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2.1. O Abandono do Tratamento pelos Dependentes de Substâncias Psicoativas

Consoante com o discutido anteriormente, o abandono do tratamento pelos dependentes de maconha questão preocupante e é necessário considerar que as taxas de desistência oscilam entre 50% e 70%, segundo sugerem dados de pesquisas internacionais (Callaghan, 2003; Sayre, et. al., 2002; Donovan, et. al., 2001), já que representa possibilidade de fracasso no tratamento.

Neste sentido, é possível afirmar que há uma combinação de fatores que culmina na desistência do tratamento, ou seja, não é possível determinar um fator desencadeante. Assim sendo, foram encontradas pesquisas com a questão do abandono do tratamento sob a ótica que avalia características que possam estar associadas a perfis que tenham maior probabilidade de desistir antes do término do programa proposto. (Greenfield, et. al., 2006).

Alguns dados sócio-demográficos já foram investigados como possíveis elementos que indiquem grupos que tenham maiores chances de abandonar o tratamento, tais como, a idade, sexo, raça, anos de estudo, estado civil e status ocupacional.

Em geral, foi observado que quanto mais jovem e com menos anos de estudos forem os paciente, maiores suas chances de desistência. Além disto, o consumo da substância também figura como elemento importante, de maneira que quanto mais tempo e mais intenso for o padrão de consumo, menores são as chances de aderir. (Marques, et. al., 2002; Ellingstad, et. al., 2002)

As relações estabelecidas no âmbito familiar e afetivo, bem como no trabalho, podem ser aproveitadas positivamente no tratamento à medida que farão composição com as intervenções propostas oferecendo apoio ao usuário. (DiClemente, et. al. 2003; Pagnin, et. al., 2005).

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estudo com o objetivo de identificar as características dos pacientes desistentes do tratamento. Paralelamente, a proposta seria a investigação da efetividade das intervenções breves para adultos dependentes de maconha.

Os pesquisadores identificaram achados semelhantes aos da literatura sobre o tema: indivíduos pertencentes às minorias raciais, mais jovens, usuários de outras drogas e em situação ocupacional ou familiar instável foram os que mais abandonaram o tratamento. Além disto, apontam que, quando não se reconhecem como dependentes de maconha, as chances de desistir são quatro vezes maiores.

Outros estudos foram conduzidos com o objetivo de identificar preditores de abandono de tratamento. Em um deles, os autores (Callaghan, et.al., 2005) investigaram em uma amostra de adolescentes submetidos a tratamento para dependência química em enfermaria hospitalar, os dados sócio demográficos, resultados obtidos no ASI (Addiction Severity Index):, bem como na escala URICA (University of Rhode Island Change Assessment). Os resultados obtidos apontaram que os pacientes que iniciaram o tratamento na sub escala pré contemplação da URICA tinham chances significativamente maiores de desistir do tratamento.

Ainda com o objetivo de buscar elementos que pudessem ser considerados indicativos de abandono de tratamento, uma pesquisa (Sayre, et.al., 2002) conduzida com pacientes usuários de cocaína em programa ambulatorial estudou os dados sócio demográficos dos mesmos e os relacionou às taxas de adesão. Os resultados indicaram que os pacientes que mais desistiram foram aqueles com relações familiares instáveis, menos anos de estudo e do sexo feminino.

Outro estudo (Ball, et.al., 2006) propôs que fossem compreendidas as razões subjetivas para o abandono precoce do tratamento para dependência química e, desta forma, os autores fizeram contato com os desistentes solicitando o comparecimento dos mesmos para uma entrevista em que seriam preenchidos questionários e para isto receberiam incentivos financeiros.

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assinalar verdadeiro ou falso. Destes, os mais assinalados foram a perda de motivação ou esperança de mudar e os problemas pessoais com a equipe do programa. Já as razões menos pontuadas foram a gravidade dos problemas associados ao consumo de drogas e as questões do dia a dia para manter os compromissos, tais como transporte.

Os autores apontam que este foi o primeiro estudo que teve como principal objetivo a avaliação das questões subjetivas para o abandono do tratamento e salientam a importância da identificação do perfil dos indivíduos mais propensos a desistir, de modo que as propostas sejam adequadas a cada um e, assim, mais eficazes.

Conforme mencionado anteriormente, desempenha papel importante a questão da motivação, conceito associado ao Modelo Transteórico, poderá ajudar a identificar as intervenções adequadas aos estágios de mudança de cada paciente no momento de seu ingresso no tratamento e, assim, aumentar as chances de aderência.

2.2. O Modelo Transteórico

O Modelo Transteórico (TTM) foi proposto por Prochaska e DiClemente em meados dos anos 80. Foram realizadas pesquisas com dependentes químicos, especialmente de nicotina, em que se apontava para a necessidade de que fosse ampliada a perspectiva da avaliação dos pacientes, não considerando o sucesso ou fracasso do tratamento apenas à motivação.

A partir da teoria, há uma estrutura que compreende processos, tarefas, passos, histórico e contexto, de maneira que o cumprimento de tarefas determinadas em fases específicas representa o sucesso ou o fracasso. São estipulados metas e passos para evoluir para estágios mais avançados (Prochaska, et.al. 1984).

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contexto e sinais de mudança que englobam os aspectos temporais, bem como aspectos qualitativos, semelhantes em qualquer processo de mudança comportamental. (Prochaska.1992, Littell et.al.2002,DiClemente et.al. 2006)

Uma revisão recente sobre o tema (Szupszynski et.al.,2008) indica que poucos estudos enfocam o modelo e enfatiza a necessidade de que sejam conduzidas pesquisas com usuários de drogas para que se possa avaliar o constructo integralmente. Sugerem ainda que um dos aspectos mais relevantes da teoria é considerar que a mudança é um processo, além de enfatizar a motivação do sujeito.

As alterações motivacionais e dinâmicas de cada indivíduo contribuem para a mudança intencional de comportamento ao longo do tempo, sendo que o movimento entre os estágios de mudança não é linear, mas cíclico, o que indica a possibilidade de que ocorram idas e vindas até que um padrão de comportamento consistente e estável seja atingido. (DiClemente et.al. 2004).

Quanto à divisão da mudança em fases, os preconizadores do modelo sugerem que há certo grau de arbitrariedade à medida que os prazos e as tarefas são estipulados a partir das constatações dos estudos feitos pelos próprios autores. Portanto, os cinco estágios são marcadores de como cada indivíduo evolui em seu processo de mudança intencional (DiClemente et.al.1983; Littell et.al.2002, Velazques 2001):

 Pré-Contemplação: Nesta fase não há intenção de realizar qualquer mudança por parte do indivíduo, que possivelmente não tem consciência, ou ainda, minimiza o problema decorrente do comportamento em questão. A busca por tratamento é influenciada por agentes externos e mudanças ocorridas nesta fase tendem a ser temporárias.

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ainda não estão direcionados à mudança. Os ganhos decorrentes da suspensão do consumo precisam superar as possíveis perdas, assim definidos pelo usuário.

 Preparação: Neste estágio, as estratégias são implementadas e avalia-se o que é realmente possível avalia-ser feito para que avalia-seja atingido o objetivo da abstinência. Assim, é necessário que se crie um plano de ação adaptado à realidade de cada um.

 Ação: Implementa-se o plano de ação, ocorrendo mudanças de comportamento. No entanto, vale enfatizar que para a mudança se efetivar, não bastam as ações, mas sim a continuidade das alterações.

 Manutenção: Neste estágio, os novos comportamentos passam a ser integrados à rotina de vida do indivíduo, sendo que a mudança passa a ser considerada estável quando não há necessidade de reflexão ou mesmo esforços no sentido de realizá-los.

Podem ocorrer lapsos ou recaídas, os quais são esperados e indicam que a mudança é um processo cíclico em que é possível evoluir ou involuir nos estágios descritos acima. Ao recair e retomar um estágio anterior, o usuário poderá ter aprendido com seus erros e a experiência poderá contribuir positivamente para sua mudança efetiva.(Prochaska et.al. 1992; Velásquez, 2001).

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Modelo em Espiral dos Estágios de Mudança

(Prochaska e colaboradores -1992)

Término

Manutenção

Pré-Contemplação Contemplação Preparação Ação

Recaída

Pré-Contemplação Contemplação Preparação Ação

Além dos estágios, há também os processos de mudança, os quais caracterizam a mudança de comportamento, assim sendo, pode-se afirmar que há dois tipos de processos envolvidos: experienciais, baseados no pensamento do indivíduo e mais comuns nos estágios iniciais, e comportamentais, relacionados às ações direcionadas para a mudança de comportamento.

Entre os processos experienciais devem ser considerados: a conscientização sobre prejuízos decorrentes do consumo de drogas bem como dos benefícios advindos da abstinência, a vivência de emoções diferentes associadas aos comportamentos alterados e a identificação de alternativas existentes no meio social que ajudem a manter as mudanças.

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de mudança indicam o estágio em que o sujeito está inserido, bem como pode-se inferir que o surgimento de processos mais complexos estão associados à evolução entre os estágios. (DiClemente, et.al.1985)

É relevante ressaltar que os comportamentos são parte de um contexto de mudança, ou seja, ocorre dentro da totalidade da vida do indivíduo e traz conseqüências sobre a mesma. Cinco são os elementos chave: a situação de vida atual, que engloba as questões ocupacionais, financeiras, marital, além dos aspectos emocionais e psíquicos; as crenças e atitudes; as relações interpessoais, os sistemas sociais e as características pessoais. (DiClemente, et.al., 2006).

Assim, pode-se afirmar que os indivíduos que apresentam relações estabilizadas, que estão inseridos em sistemas que proporcionem mais segurança, acolhimento e suporte poderão ter mais fontes de estímulo para a mudança intencional de comportamento.

Por fim, o conceito de sinais de mudança, relacionado com as definições de balança decisória (Janis, 1977) e de auto-eficácia elaborado por Bandura na década de 80. O primeiro conceito traduz exatamente seus principais objetivos, ou seja, a ponderação sobre os benefícios e prejuízos decorrentes do consumo e da abstinência, sendo este o fundamento para a tomada das decisões.

Já o conceito de auto-eficácia versa sobre a percepção individual da capacidade de se comportar de uma ou outra maneira. Tem fundamental importância as situações valorizadas pelo indivíduo e a necessidade de que seja feita auto-avaliação. (DiClemente, et.al. 2006; 1993)

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estágios como preditores da adesão ao tratamento e, portanto, da mudança bem sucedida. (DiClemente, et.al. 2006).

Ao ingressar em um tratamento, é fundamental que seja feita uma avaliação cautelosa do quadro de cada paciente e, neste sentido, a identificação do estágio de mudança em que o mesmo se encontra. Conforme mencionado previamente, tal definição é difícil e requer um estudo detalhado das características apresentadas.

Assim sendo, pode-se lançar mão dos seguintes instrumentos:

 entrevista clínica: o enfoque deverá ser o padrão de consumo e os prejuízos que o paciente já consegue identificar como decorrentes do uso. Em um ambiente acolhedor, serão colhidos dados que, associados aos outros instrumentos, embasarão o encaminhamento de cada caso;

régua de prontidão: forma de avaliação simples e objetiva. O terapeuta deverá determinar junto ao paciente o foco exato da mudança (neste caso, abstinência ou redução de consumo) de forma que as respostas sejam fidedignas. Com isto, é feita a pergunta sobre o quão motivado para mudar o sujeito está naquele momento e este deverá apontar na linha qual alternativa mais se aproxima: Absolutamente Não; Pensando em mudar; Preparando para mudar; Trabalhando ativamente ou mantendo uma mudança).

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Divide-se em quatro sub-escalas: Pré-Contemplação; Contemplação; Ação e Manutenção. É um instrumento breve que pode ser auto aplicativo ou administrado por um entrevistador e que já foi adaptada para usuários de maconha (Budney, 2000) e para a população brasileira (Figlie, 2005);

 SOCRATES (Stages of Readiness and Treatment Eagerness Scale):foi desenvolvida por Miller (1995) avalia a motivação para mudança de comportamentos de pacientes dependentes químicos. Tem três sub escalas: Ação (Ação e Manutenção), Reconhecimento (Preparação) e Ambivalência (Contemplação) e é auto-aplicável.

É necessário frisar que nenhum destes instrumentos oferece uma resposta exata do estágio em que o indivíduo se encontra, sendo necessário que seja feita a conexão dos dados obtidos por meio de todos os instrumentos citados acima com a experiência do terapeuta. (Figlie,NB et.al. 2005).

2.3. Estágios de Mudança como Preditores de Sucesso ou de Abandono do Tratamento

Ainda que a maior parte dos estudos envolvendo o TTM tenha como principal objetivo a identificação e descrição dos estágios de mudança (Migneault, 2005. Littell,G et.al. 2002), dados da literatura internacional apontam que os estágios quando avaliados no início do tratamento podem figurar como elementos que venham a predizer a aderência ou o abandono do tratamento. Neste sentido, uma pesquisa envolvendo adolescentes usuários de substâncias químicas conclui que o resultado mais significativo em relação ao abandono do tratamento ambulatorial para abuso de substâncias foi originado pela sub escala da pré-contemplação (Callaghan,R et al, 2005).

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3. METODOLOGIA

O presente estudo é uma análise secundária dos dados obtidos em um Ensaio Clínico Randomizado com dependentes de maconha previamente conduzido e que teve como um de seus objetivos avaliar a efetividade do tratamento breve para esta população. A amostra foi composta por 173 pacientes dependentes exclusivamente de maconha os quais procuraram o tratamento em Unidade de Pesquisa de Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). (Jungerman, 2005).

Inicialmente passaram por uma avaliação detalhada no momento do ingresso para o tratamento e foram randomizados para três grupos:

 Grupo 1: quatro sessões de tratamento em um mês;

 Grupo 2: quatro sessões de tratamento em três meses e

 Grupo 3: grupo de espera.

Vale ressaltar que os pacientes alocados inicialmente no Grupo 3 foram re-randomizados e alocados em um dos dois grupos de tratamento. Nos dois primeiros grupos os pacientes foram reavaliados em três seguimentos após o final das sessões e no grupo 3 uma nova reavaliação acontecia antes do início do tratamento. As reavaliações aconteciam quatro, nove e quinze meses após o término dos atendimentos.

O presente estudo tomou por base os dados colhidos com estes sujeitos, os quais foram obtidos no momento inicial, ou seja, antes de serem alocados em grupos de tratamento Foram ainda utilizados os dados provenientes das mesmas avaliações feitas nos seguimentos posteriores.

Foram analisados os dados sócio demográficos, a escala URICA, bem como a quantidade de maconha consumida nos diversos momentos em que o paciente foi avaliado, buscando-se verificar a existência da relação entre estas variáveis.

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absoluta, ou seja, o número de casos. Já os dados numéricos foram resumidos pela média, desvio padrão, mediana e valores mínimo e máximo encontrados.

Descreveu-se inicialmente o total de pacientes participantes do estudo em relação às características sócio-demográficas (sexo, idade, status ocupacional e estado civil). Além disto, foram citados elementos associados ao consumo de maconha (idade do início e tempo de consumo).

Posteriormente,os pacientes alocados no grupo três foram novamente randomizados após período de espera para um dos dois grupos. Parte dos pacientes desistiu ao longo do programa e, neste sentido, foi feita análise para verificar se o número de desistentes variava de acordo com o grupo em que estava inserido. Esta comparação foi feita através do teste do Qui-Quadrado.

Em relação à escala URICA, foi avaliada a existência de relação entre a motivação para suspender o consumo de maconha e o período do tratamento em que o paciente se encontrava. Foi utilizado um modelo de Análise de Variância (ANOVA), considerando os seguimentos (avaliação após o período de tratamento) como um fator de medidas repetidas pois o mesmo paciente é avaliado em todos os momentos.

Este modelo de ANOVA verifica se a média da escala se manteve uniforme ao longo das avaliações realizadas. Em caso de significância estatística, foi feita a análise das comparações múltiplas pelo método de Tukey de maneira a se verificarem os seguimentos em que o resultado da URICA foi diferente.

Um modelo de ANOVA também foi usado para verificar a diferença entre os grupos em relação à resposta na escala em cada um dos seguimentos. Mas, neste caso, não foi considerado um modelo com medidas repetidas já que cada paciente pertence a um único grupo tratamento.

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A relação da URICA com o consumo de maconha foi analisada pela metodologia de correlação de Pearson, indicado pela estatística r, a qual mede a relação linear entre duas variáveis numéricas. O valor de r é um número que pode variar entre -1 e 1, sendo que quanto mais próximo de -1 ou 1, mais forte é a correlação linear. Dessa forma, valores de r próximos de zero indicam que não existe uma relação linear entre as variáveis.

A análise estatística dos fatores que interferem na desistência ao tratamento foi feita através da análise de regressão logística. Nesse tipo de análise deve-se observar o valor do odds ratio, o intervalo de confiança de 95% para o odds ratio (IC

95%) e o nível descritivo do teste estatístico (valor do “p”) para cada uma das

variáveis estudadas. O teste verifica a hipótese de que o valor do odds ratio seja igual a um que indica que a chance de desistência é a mesma para pacientes com ou sem a característica sendo avaliada. Se essa hipótese for rejeitada (p < 0,05) e o valor de odds ratio for maior que 1, então a variável estudada pode ser considerada um fator de risco para a desistência ao tratamento. Se a hipótese for rejeitada (p < 0,05) e o valor do odds ratio for menor que 1, a variável funcionou como um “fator protetor”, ou seja, ajudou a evitar a desistência. Caso a hipótese não for rejeitada (p > 0,05) a variável não interfere no fato do paciente desistir do tratamento.

(32)

4. RESULTADOS

4.1. Dados Demográficos

Foram selecionados para este estudo 173 pacientes, sendo que quatro não foram avaliados pela escala URICA na entrevista inicial. Esses pacientes foram excluídos da análise, restando então 169 pacientes para avaliação.

Dos 169 pacientes, 136 (80,5%) eram do sexo masculino, e 33 (19,5%) do sexo feminino.

Quanto ao status ocupacional, 28 (16,7%) pacientes informaram que trabalham e estudam, 103 (61,3%) só trabalham, 16 (9,5%) só estudam e 21 (12,5%) não trabalham nem estudam. O status ocupacional de um paciente não foi informado (Tabela 1). A distribuição dos pacientes, quanto ao estado civil, foi de 63,9% de solteiros, 26,6% de casados ou amasiados e 9,5% de separados ou divorciados. (Tabela 2).

A idade média dos pacientes era de 32 anos, variando de 18 até 56 anos,desvio padrão 8,1 e a idade média no 1° uso da maconha era de 16,4 anos, variando de oito até 35 anos. O tempo médio de uso da maconha foi de 15,6 anos, variando desde três até 46 anos (Tabela 3).

4.2. Grupos de Tratamento

Após a avaliação inicial, os pacientes foram randomizados para um dos três grupos de tratamento, já apresentados anteriormente. Do total de pacientes, a distribuição ficou conforme seguem os dados abaixo:

 Grupo 1: 58 correspondentes a 34,3% do total;

 Grupo 2: 55 correspondentes a 32,5% do total;

 Grupo 3: 56 correspondentes a 33,1% do total.

(33)

Assim, considerando o número total de pacientes nas duas randomizações tem-se o total disposto da seguinte forma:

 Grupo 1: 79 correspondentes a 46,8% do total e

 Grupo 2: 77 correspondentes a 45,6% do total.

Outros 13 sujeitos, 7,7% do total, foram inseridos no chamado Grupo 0, ou seja, daqueles que não passaram pela segunda randomização pois desistiram após o período de espera.

4.3. Desistência do Tratamento

Considerando-se a primeira fase de randomização, houve diferença estatística significante entre os grupos em geral, com relação aos casos que desistiram do tratamento (p=0,049, pelo teste de Qui-Quadrado). Nota-se que essa diferença deu-se principalmente entre os grupos 1 e 3, sendo que os pacientes alocados no grupo 3 tiveram uma taxa de desistência superior aos pacientes do grupo 1. A porcentagem de pacientes que desistiram do tratamento foi de 10,3% no grupo 1, 20,0% no grupo 2 e 28,6% no grupo 3.

Do total de 156 pacientes alocados no grupo 1 ou 2 na segunda fase (169 pacientes da primeira fase menos 13 que não chegaram a ser randomizados na segunda fase), observa-se que não houve diferença estatística significante do total de casos de desistência entre os grupos 1 e 2, conforme mostra o resultado do teste de qui-quadrado (p=0,134), mesmo assim, apesar de não significante, vale notar que a porcentagem de desistência no grupo 2 (16,9%) continuou sendo maior que no grupo 1 (8,9%).

(34)

pacientes desistiram do tratamento, sendo que 1 (4,8%) havia sido re-alocado no grupo 1, e 2 (9,1%) pacientes no grupo 2.(Tabelas 4,5,6)

4.4. URICA

Dos 169 pacientes que responderam o questionário URICA na entrevista inicial, 114 continuaram sendo avaliados no 1° seguimento, 49 no 2° e 32 no 3°. As médias obtidas em cada avaliação realizada foi de 9,3 na entrevista inicial, variando de 3 até 13,1 pontos; no 1° seguimento a média foi de 8,8 pontos, variando de 0,1 até 13,6; no 2° a média foi de 8,1 pontos, variando de 1,3 até 11,4 e no último a média foi de 8,4 pontos, variando de 1,4 até 11,4.

A comparação da escala URICA, avaliando a prontidão para mudança dos sujeitos, obtida nessas avaliações foi estatisticamente significante, ou seja, houve diferença estatística entre os resultados de pelo menos dois seguimentos, conforme mostra a ANOVA (p=0,029). Através da técnica de comparações múltiplas, pelo método de Tukey, notamos que essa diferença foi observada entre a avaliação inicial (média 9,3) e a avaliação do 2° seguimento (média 8,1), indicando, portanto uma diminuição da motivação no 2° seguimento em relação à entrevista inicial. Como a comparação entre os demais seguimentos não foi significante, pode-se inferir que não houve grandes alterações com relação à motivação nessas avaliações.

4.5. URICA: comparação entre os grupos

(35)

Nota-se que nenhum paciente alocado no grupo 3 participou das entrevistas do 2° e 3° seguimento, portanto, nesses casos, a comparação do grau de motivação foi feita apenas com os grupos 1 e 2. (Tabela 8).

4.6. URICA: comparação entre os casos desistentes e não desistentes do tratamento

A comparação da disponibilidade para mudança através da URICA entre os pacientes que desistiram em relação aos que não desistiram do tratamento não apresentou diferença estatística significante (p=0,427). Esta comparação foi feita apenas para os dados da entrevista inicial, uma vez que somente 4 pacientes que desistiram do tratamento fizeram a avaliação no 1° seguimento e mais nenhum fez a avaliação no 2° e no 3° seguimentos. (Tabela 9)

4.7. Relação da URICA com consumo

A relação entre a escala e o consumo de maconha foi avaliada através da análise de correlação pelo método de Pearson, tendo sido feita separadamente para os dados obtidos na entrevista inicial e nos seguimentos.

O consumo foi avaliado pelo número médio de consumo de maconha nos últimos 90 dias, número médio de consumo nos últimos 90 dias e porcentagem de dias que fumou, nos últimos 90 dias.

(36)

4.8. Análise de Regressão: desistência do tratamento versus fatores

sócio-demográficos

Pelos resultados transcritos na tabela abaixo, podemos notar que das variáveis analisadas, somente no grupo randomizado na 1ª etapa, a idade do paciente e o tempo de uso da maconha foram estatisticamente significantes. O valor do odds ratio de cada uma dessas variáveis citadas deve ser interpretado da seguinte forma:

grupo randomizado na 1ª etapa (odds ratio = 3,47 para pacientes do grupo 3, grupo de espera): pacientes alocados no grupo 3 (grupo de espera), tem 3,47 mais vezes a chance de desistirem do tratamento, do que pacientes alocados no grupo 1 (4 sessões, em 1 mês). Pacientes alocados no grupo 2 (4 sessões, em 3 meses) apresentou 2,17 vezes mais chance de desistência em relação ao grupo 1, porém não significante.

idade (odds ratio = 0,91): como a idade é uma variável contínua, a interpretação deve ser em relação a uma unidade da variável. Ou seja, para cada ano a mais do paciente, a chance de desistência deve ser multiplicada por 0,91. Neste caso, como o odds ratio é menor que 1, dizemos que o

avanço da idade funcionou como um “fator protetor”, pois quanto mais velho

o paciente, menor a chance de desistência.

tempo de uso (odds ratio = 0,92): da mesma forma que a idade, o tempo de uso da maconha é uma variável contínua, e a interpretação deve ser em relação a uma unidade da variável. Ou seja, para cada ano a mais em relação ao tempo de uso da maconha, a chance de desistência deve ser multiplicada por 0,92. Como o odds ratio é menor que 1, dizemos que o tempo de uso também funcionou como um “fator protetor”, pois quanto maior

o tempo de uso, menor a chance de desistência.

(37)

5. DISCUSSÃO

As taxas de abandono do tratamento na dependência química são altas, o que implica não apenas na obtenção dos resultados desejados, ou seja, na manutenção do consumo de substâncias, mas também agravamento das consequencias adversas do uso das substâncias químicas. Assim sendo, foram encontrados estudos que almejavam a identificação e construção de um perfil de usuário considerado como aquele que apresenta maiores riscos quanto às possibilidades de desistir tratamento. (Greenfield, et. al. 2006; Marques, et.al. 2005).

Os dados indicam que algumas características sócio-demográficas são relevantes na tendência a não aderir ao tratamento e, neste sentido, considera-se que os pacientes mais jovens, com menos anos de escolaridade, pertencentes às minorias raciais ou ainda, aqueles dependentes de várias drogas teriam menores chances de concluir um programa de tratamento para a dependência química. (Ball, 2006; Callaghan, RC et.al., 2008; Sayre, SL et.al., 2002).

O presente estudo se propôs a avaliar as características de pacientes dependentes de maconha que ingressaram em tratamento ambulatorial e foi possível observar que alguns dados apresentaram relevância significativa quando relacionados à aderência ao tratamento. Inicialmente, a idade do sujeito foi avaliada e indicou que quanto mais jovem o paciente usuário de maconha, maior as chances de desistência do tratamento.

Coerente com esta informação foi identificado que quanto maior o tempo de uso, menores são as chances de desistência, possivelmente também porque estes sujeitos já se encontram com idade mais avançada, tendem a querer mudar aspectos de sua vida e possivelmente reconhecem mais os efeitos negativos decorrentes do consumo da maconha.

(38)

Há ainda os casos de pacientes que buscam o tratamento não por perceberem os danos causados ao consumo da substância, mas sim por cederem à pressões externas, o que sugere a necessidade de serem identificados e trabalhados os reais objetivos do sujeito, separando-os daqueles possivelmente impostos por amigos, familiares ou pelo meio em que o mesmo está inserido.

Assim, é necessário que sejam verificadas as demandas pessoais em relação à abstinência ou à diminuição do consumo da maconha, e ainda levar em consideração qual é o nível de consciência de cada sujeito em relação à problemática apresentada, de maneira que cada indivíduo encontre a sua motivação real para não desistir do tratamento.

Tanto no caso dos pacientes que iniciam o tratamento por motivações externas, quanto no caso dos que já iniciaram o processo de conscientização da necessidade do tratamento, é de fundamental importância que seja trabalhada a questão dos prejuízos causados pelo consumo de maconha de acordo com a percepção subjetiva de cada um considerando-se a motivação para mudança individual.

Assim, o grau de motivação também é um elemento fundamental para a obtenção de resultados positivos no tratamento de acordo com a literatura. É também importante para a manutenção das mudanças realizadas e necessárias para o estabelecimento efetivo do comportamento desejado (DiClemente, et.al. 2006).

No presente estudo, foi possível verificar que, apesar de não ter relação estatisticamente significativa com o abandono do tratamento, a URICA, escala que avalia o grau de motivação dos sujeitos, aponta que quanto mais motivado, menor o consumo de maconha, indicando que à medida que se o paciente está mais motivado, menor a porcentagem de dias em que ocorreu o consumo, ou seja, nos casos em que o nível de motivação era maior, as chances de diminuir o consumo foram maiores.

(39)

tratamento têm maiores chances de concluir do que os que são inseridos em lista de espera.

Além da maior agilidade na inclusão do paciente no tratamento, diante dos resultados obtidos, é indicado que seja feita uma avaliação detalhada de cada paciente de modo que sejam identificados aqueles que têm mais chances de desistência. Seria, então, importante identificá-los pela idade, pelo tempo de consumo, pelas motivações que o levaram a buscar tratamento, bem como pelos níveis motivacionais. A partir daí, aqueles identificados como possíveis desistentes seriam inseridos em um grupo em que seriam adotadas intervenções específicas.

Algumas limitações deste estudo precisam ser ressaltadas. Inicialmente, trata-se de amostra clínica que não pode trata-ser generalizada para a totalidade da população de usuários de maconha por ter características peculiares. Além disto, a amostra pode ter seu poder estatístico limitado, já que teve o número de sujeitos reduzido ao longo dos seguimentos propostos.

Quanto a URICA, é necessário mencionar que o instrumento vem sendo avaliado por diversos estudiosos os quais têm evidenciado a necessidade de que o mesmo seja utilizado com ressalvas no que tange ao seu emprego como base para as intervenções e como medidor da recuperação dos pacientes. Assim, recomenda-se que a avaliação inicial do paciente recomenda-seja feita da forma mais completa possível agregando aos instrumentos o conhecimento dos profissionais. (Callaghan, et.al. 2008). Ainda em relação à URICA, é preciso ressaltar que o nível de significância 4,9% é muito próximo do limite de significância, tornando o estudo relativamente vulnerável.

(40)

6.CONCLUSÕES

1. Para a presente amostra de dependentes de maconha, verificou-se que a idade e o tempo de consumo podem ser considerados fatores preditivos de abandono do tratamento;

2. Analisando os dados obtidos através da aplicação da URICA, concluiu-se que os pacientes mais motivados no início do tratamento consumiam menores quantidades de maconha ao longo do período em que foram acompanhados;

3. O início do programa de tratamento deve ser, preferencialmente, imediatamente, após o ingresso do paciente na instituição. Verificou-se que listas de espera tendem a aumentar as chances de desistência. Neste sentido, sugere-se a criação de programas de acolhimento imediato dos pacientes que buscam tratamento;

4. Diante das conclusões obtidas, é necessário ressaltar que, como os instrumentos avaliativos vêm sendo amplamente questionados e estudados, sugere-se que sejam atrelados à observação e intervenção do profissional preparado para que se obtenha um panorama amplo do real quadro do paciente quando de seu ingresso no tratamento;

(41)

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(47)

TABELAS

Tabela 1: Distribuição de freqüências quanto ao status ocupacional

Status ocupacional N %

trabalha e estuda 28 16,7

só trabalha 103 61,3

só estuda 16 9,5

(48)

Tabela 2: Distribuição de freqüências quanto ao estado civil

Estado civil N %

Solteiro 108 63,9

casado/amasiado 45 26,6

(49)

Tabela 3: Medidas resumo da idade atual, idade no 1° uso da maconha e tempo de uso em anos

N média desvio padrão

mínimo mediana máximo

idade atual 169 32,0 8,1 18 31 56

idade 1° uso 169 16,4 3,5 8 16 35

(50)

Tabela 4: Desistência do tratamento de acordo com o grupo alocado na 1ª randomização

Grupo 1

N (%)

Grupo 2 N (%)

Grupo 3 N (%)

desistência do tratamento?

SIM 6 (10,3) 11 (20,0) 16 (28,6)

NÃO 52 (89,7) 44 (80,0) 40 (71,4)

total de pacientes 58 (100) 55 (100) 56 (100)

(51)

Tabela 5: Desistência do tratamento, de acordo com o grupo alocado na 2ª randomização (todos os pacientes)

Comparação entre os grupos (grupo 1 versus grupo 2), com relação à desistência do tratamento:

p=0,134 (teste de qui-quadrado)

Grupo 0

N (%)

Grupo 1 N (%)

Grupo 2 N (%)

desistência do tratamento?

SIM 13 (100) 7 (8,9) 13 (16,9)

NÃO - 72 (91,1) 64 (83,1)

(52)

Tabela 6: Desistência do tratamento, de acordo com o grupo alocado na segunda randomização (somente pacientes do grupo 3 inicial, e que não desistiram antes do início do tratamento)

Grupo 1

N (%)

Grupo 2 N (%) desistência do tratamento?

SIM 1 (4,8) 2 (9,1)

NÃO 20 (95,2) 20 (90,9)

total de pacientes 21 (100) 22 (100)

(53)

Tabela 7: Medidas resumo da escala URICA, na entrevista inicial, 1° seguimento, 2° seguimento e 3° seguimento (todos os pacientes)

URICA N média desvio padrão mínimo mediana Máximo

inicial 169 9,3 1,7 3,0 9,4 13,1

1° seguimento 114 8,8 2,4 0,1 9,1 13,6

2° seguimento 49 8,1 2,3 1,3 8,0 11,4

3° seguimento 32 8,4 2,3 1,4 8,9 11,4

(54)

Tabela 8: Medidas resumo da escala URICA de acordo com o grupo alocado na 1ª fase.

Seguimento N média Desvio padrão mínimo mediana Máximo Entrevista inicial (p=0,403)

grupo 1 58 9,1 1,8 5,0 9,3 13,1

grupo 2 55 9,5 1,5 6,1 9,6 13,0

grupo 3 56 9,1 1,9 3,0 9,2 12,9

1° seguimento (p=0,077)

grupo 1 41 8,1 2,7 0,1 8,8 12,6

grupo 2 31 9,4 1,6 6,0 9,3 12,1

grupo 3 42 8,8 2,6 1,6 9,1 13,6

2° seguimento (p=0,213)

grupo 1 28 7,8 2,2 1,3 7,4 11,4

grupo 2 21 8,6 2,3 3,7 9,0 11,4

grupo 3 0 - - - - -

3° seguimento (p=0,250)

grupo 1 16 8,9 1,8 4,7 9,1 11,1

grupo 2 16 7,9 2,7 1,4 8,6 11,4

(55)

Tabela 9: Medidas resumo da escala URICA em relação aos casos que desistiram e aqueles que não desistiram do tratamento

Seguimento N média desvio padrão mínimo mediana máximo Entrevista inicial (p=0,427)

Não desistiu 136 9,3 1,7 5,0 9,6 13,1

(56)

Tabela 10: Correlação da URICA com o consumo de maconha (N°), e a porcentagem de dias de consumo.

Correlação da URICA com:

entrevista inicial

seguimento 2°

seguimento

seguimento

consumo (N°) r = 0,120

(p=0,119)

r = -0,154 (p=0,102)

r = 0,079 (p=0,591)

r = -0,093 (p=0,618) dias de consumo (%) r = 0,004

(p=0,957)

r = -0,197 (p=0,035)

r = -0,065 (p=0,656)

r = -0,236 (p=0,202)

(57)

Tabela 11: Resultado da análise de regressão logística univariada (fatores socio-demográficos que podem estar correlacionados com a desistência do tratamento).

Variável Classificação N total N (%) desistentes odds ratio

IC 95% p

Sexo Feminino 33 8 (24,2) -

Masculino 136 25 (18,4) 0,70 0,28 – 1,74 0,448

Grupo* 1 58 6 (10,3) -

2 55 11 (20,0) 2,17 0,74 – 6,33 0,158

3 56 16 (28,6) 3,47 1,24 – 9,66 0,017

Grupo** 1 79 7 (8,9) -

2 77 13 (16,9) 2,09 0,79 – 5,56 0,140

Idade (contínua) 169 33 (19,5) 0,91 0,86 – 0,97 0,002 Anos de

Estudo (contínua) 169 33 (19,5) 0,94 0,87 – 1,03 0,170 Status

Ocupacional trabalha e estuda 28 6 (21,4) - só trabalha 103 13 (12,6) 0,53 0,18 – 1,55 0,246

só estuda 16 6 (37,5) 2,20 0,57 – 8,54 0,255

não faz nada 21 7 (33,3) 1,83 0,51 – 6,59 0,355 Idade

(1° uso)

(contínua) 169 33 (19,5) 0,93 0,82 – 1,06 0,273

Tempo de

uso (contínua) 169 33 (19,5) 0,92 0,86 – 0,97 0,006 Uso diário (contínua) 169 33 (19,5) 0,96 0,89 – 1,04 0,311 URICA

(inicial) (contínua) 169 33 (19,5) 0,92 0,74 – 1,14 0,425

Estado civil Solteiro 108 26 (24,1) -

casado/amasiado 45 7 (15,6) 0,58 0,23 – 1,46 0,247

separado/divorciado 16 0 (0,0) n.a. n.a. n.a.

* grupo de randomização na primeira etapa (grupo 1 = 4 sessões de tratamento em 1 mês; grupo 2 = 4 sessões de tratamento em 3 meses; grupo 3 = espera).

(58)

PUBLICAÇÕES Da presente tese de Mestrado resultou o artigo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria Volume 31, Número 4, 2009, com o título O Modelo Transteórico e a Dependência Química: Aspectos Teóricos e Práticos, em anexo (http://submission.scielo.br/index.php/rbp/article/view/5474/1635).

(59)

ANEXO 1: Artigo 1

O Modelo Transteórico e a Dependência Química: Aspectos Teóricos e Práticos

The Transtheoretical Model and Substance Dependence: Theoretical and practical aspects.

Modelo Transteórico e Dependência Química

Authors:

Fabiana Andrioni De Biaze Vilela UNIAD/UNIFESP Flávia Serebrenic Jungerman Independent Researcher Ronaldo R. Laranjeira UNIAD/UNIFESP

Russel Callaghan Department of Public Health Sciences, Centre for Addiction and Menatl Health, University of Toronto

UNIFESP

Autor Responsável:

Fabiana Andrioni De Biaze Vilela

Endereço: R. Alcácer-Kehir, 203 – 1º Andar Tatuapé – São Paulo – S.P.

CEP: 03325-100 Fax: 011-26593722

(60)

ANEXO 2: Artigo 2 Predictive factors of treatment adherence in cannabis users

Authors: Fabiana Andrioni De Biaze Vilelaa,

Flávia Serebrenic Jungermana,

Ronaldo Ramos Laranjeiraa

a Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (UNIAD/

UNIFESP).

Alcohol and Drugs Research Unit of São Paulo Federal University

Rua Botucatu, 394 - Vila Clementino – São Paulo – S.P. Brasil. CEP: 04023-061 - Tel.: (11) 5571-0493.

Corresponding Author Address:

Fabiana Andrioni De Biaze Vilela Rua Padre Vieira, 62 – Ap.83B Canindé – São Paulo – S.P. – Brasil CEP: 03030-020

Tel/ Fax: 55-11-36620668

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