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Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na cidade de Caruaru – PE

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Academic year: 2017

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(1)

Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

MPGE

Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na

cidade de Caruaru

PE

Camilla Maria Malta Leite

(2)

FACULDADE BOA VIAGEM

CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E

DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Mestrado em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel obSolicita-servância, afim de que Solicita-se preSolicita-servem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “CAPITAL SOCIAL: O CASO DOS SUCESSORES DAS EMPRESAS FAMILIARES NA CIDADE DA CARUARU - PE”.

Nome da autora: Camilla Maria Malta Leite

Data da Aprovação: 30 de julho de 2010.

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Recife, 30 de julho de 2010.

(3)

Camilla Maria Malta Leite Orientador, Helder Régis

Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na

cidade de Caruaru

PE

Dissertação de Mestrado apresentada como Requisito complementar para obtenção do grau de mestre em Administração, área de concentração em Pessoas e Organizações, do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial da Faculdade Boa Viagem.

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Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Administração – (CPPA) Curso de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE

Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na cidade de Caruaru PE

CAMILLA MARIA MALTA LEITE

Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial (MPGE) do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

(CPPA) da Faculdade Boa Viagem (FBV) e aprovada em 30 de julho de 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Helder Pontes Régis, Doutor, Universidade Federal Rural de Pernambuco (Orientador)

__________________________________________________________

Emanuel Ferreira Leite, Doutor, Universidade de Pernambuco (Examinador externo)

__________________________________________________________

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Resumo

Este estudo descreve como se estruturam as redes informais dos empresários sucessores das empresas familiares da cidade de Caruaru, localizada na região agreste de Pernambuco. Mais especificamente, como se estruturam as redes de relações surgidas entre os sucessores e seus mentores. É usado um modelo multidimensional e multimétodo com base na abordagem teórica do capital social para identificar as dimensões cognitiva, estrutural e relacional da rede informal de apoio à carreira dos sucessores. Através das três dimensões do capital social, foi possível estudar os conteúdos transacionados nessa rede: amizade, informação, confiança e mentoria. São analisadas as dimensões do capital social da rede de mentoria para mostrar a construção destas relações no contexto dos sucessores. Para a medição das funções da mentoria, dentre elas, a amizade, a informação e a confiança, foi utilizado o instrumento de medida construído e validado por Régis (2005). Observou-se que para os sucessores não há variações relevantes que diferenciem o tamanho das redes de amizade, informação e confiança. Estes achados diferem dos estudos no âmbito corporativo e das incubadoras de empresas, possibilitando argumentar ser esta uma característica das redes de sucessores. Corroborando Régis, Dias e Bastos (2006), este estudo encontrou que os laços fortes de interação estão relacionados às funções da mentoria. Os achados também mostraram que a construção da rede de apoio dos empresários sucessores é baseada na diversidade de papéis, porém prevalecem as relações com os familiares fundadores da empresa. No que diz respeito à rede de mentoria, predominaram as relações empreendedoras, com mais de dois mentores e laços fortes.

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Abstract

This study describes how to structure the informal networks of entrepreneurs successors of family businesses in the city of Caruaru, located in the wasteland of Pernambuco. More specifically, how they structure the networks of relationships that arose between the successors and their mentors. It used a multimethod and multidimensional model based on the theoretical framework of social capital to identify the cognitive, structural and relational dimensions of informal network of support for the careers of successors. Through the three dimensions of social capital, it was possible to study the contents traded in this network: friendship, information, confidence and mentoring. It analyzes the dimensions of social capital network of mentoring to show the construction of these relations in the context of the successors. For measurement of the functions of mentoring, among them, friendship, information and confidence, we used the measuring instrument designed and validated by Régis (2005). It was observed that there are no relevant variations, for the successors, that distinguish the size of friendship networks, information and trust. These findings differ from studies in the corporate and business incubators, allowing argue that this is a feature of networks successors. Corroborating Regis, Dias and Bastos (2006), this study found that strong bonds of interaction are related to the functions of mentoring. The findings also showed that construction of the support network of entrepreneurs successors is based on diversity of roles, but prevails the relations with the company's founders. Regarding the network of mentoring, entrepreneurs relationships predominated, with more than two mentors and strong ties.

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Lista de Figuras

Figura 1 Perspectiva multidimensional de capital social 12

Figura 2 Dimensões do Capital Social 31

Figura 3 Exemplos de Funções da mentoria 40

Figura 4 Tipologia da rede de relacionamentos sociais no trabalho 42 Figura 5 Mapa das categorias que significam uma carreira de sucesso para os

sucessores 56

Figura 6 Mapa das categorias que significam o papel da network para o

desenvolvimento da carreira dos sucessores 61

Figura 7 Evocações das categorias “funções de carreira”, “funções psicossociais”, e

“satisfação de clientes” 63

Figura 8 Rede geral dos sucessores 65

Figura 9 Rede com identificaçao dos atores 67

Figura 10 Sub-rede de empresas conectadas por fundadores 68 Figura 11 Rede com centralidade de grau de entrada maior que 1 e identificação dos

atores centrais 72

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Lista de Tabelas

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 Papéis sociais dos apoiadores 49

Gráfico 2 Diversidade dos mentores 50

Gráfico 3 Técnica de quatro quadros para carreira de sucesso 55 Gráfico 4 Técnica de quatro quadros sobre o papel da network 60

Gráfico 5 Papéis sociais das pessoas da rede 74

Gráfico 6 Empresários e as suas avaliações quanto às relações de mentoria 75 Gráfico 7 Relação das redes de mentoria, amizade, informação e confiança 77

Gráfico 8 Diversidade de mentores 79

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Lista de Quadros

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Sumário

1 Introdução 10

1.1 Problema de Pesquisa 11

1.2 Objetivos 14

1.2.1 Objetivo Geral 14

1.2.2 Objetivos Específicos 14

1.3 Justificativas Teóricas 15

1.4 Justificativas Práticas 17

2 Fundamentação Teórica 20

2.1 Carreira Empreendedora 20

2.2 Empresas Familiares 23

2.2.1 Processo sucessório nas empresas familiares 25

2.3 Capital Social 28

2.3.1 Dimensão Cognitiva 31

2.3.2 Dimensão Estrutural 32

2.3.3 Dimensão Relacional 35

3 Metodologia 45

3.1 Locus da investigaçãoe amostra 45

3.2 Universo e amostragem da pesquisa 46

3.3 Instrumentos de Coleta 46

4 Resultados e Discussões 48

4.1 Resultados das etapa exploratória 48

4.2 Descrição das empresas e dos respondentes 50

4.3 Dimensão Cognitiva 51

4.3.1 Componentes cognitivos usados na análise das redes 51 4.3.1.1 Significados compartilhados sobre uma carreira de sucesso 52 4.3.1.2 Significados compartilhados sobre o papel da network 59

4.4 Dimensão Estrutural 64

4.4.1 Configuração da rede 64

4.4.2 Laços da rede 68

4.4.3 Componentes Estruturais usados na análise das redes 70

4.5 Dimensão Relacional 73

4.5.1 Componentes relacionais usados na análise das redes 73

4.5.1.1 Diversidade de papeis 74

4.5.1.2 Conteúdo transacionado 76

5 Conclusões e Sugestões pata futuras pesquisas 84

Referências 89

APÊNDICE A – SURVEY DA ETAPA EXPLORATÓRIA 97

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS 99

APÊNDICE C - CARTÃO GERADOR DE NOMES 102

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1 Introdução

As empresas familiares representam grande parte das empresas privadas do Brasil, desempenhando importante função na economia nacional, e sendo forte geradora de empregos. Apesar disso, o futuro dessas empresas não é garantido, visto que elas têm como grande desafio o processo sucessório. A sucessão representa uma fase complicada na vida dessas empresas, já que envolve o processo de transferência de poder e capital para as novas gerações. Assim, é clara a importância de se estudar as várias questões que envolvem as empresas familiares. Apesar disso, estudos atuais sobre o tema não são encontrados com freqüência.

Portanto, analisar a rede de sucessores das empresas familiares da cidade de Caruaru, de acordo com os conteúdos transacionados (amizade, confiança, informação e mentoria), é de grande valia, uma vez que a análise da rede de relacionamentos pode trazer benefícios, tais como: identificação de indivíduos centralizadores e integração das pessoas, o que pode gerar maior motivação para disseminação de informação, por exemplo. Assim, a sobrevivência das empresas familiares depende da forma que seus sucessores se comportam. Diante disto, os sucessores ganham vantagem com relação a seguir uma carreira empreendedora, muitas vezes dispensando o emprego tradicional em outras empresas, e preferindo manter o vínculo com o negócio da família.

A fim de tratar deste assunto, pesquisadores já realizaram estudos para identificar os fatores que levam uma pessoa a iniciar o seu próprio negócio. Dessa forma, percebe-se que, historicamente, grande parte das pesquisas em empreendedorismo busca articular fatores individuais que influenciem as pessoas a embarcarem na carreira empreendedora (SEXTON; BOWMAN, 1984).

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“fazer coisas novas ou coisas que já são feitas de uma nova maneira” seria vital. O capitalista arcava com o risco. Além disso, embora um “fundador” possa permanecer no comando de sua organização, na visão de Schumpeter, essa pessoa deixa de desempenhar uma função empreendedora tão logo pare de inovar.

Contudo, é importante destacar que, no Brasil, segundo Macedo (2000) a maioria das empresas são familiares e, particularmente, na região Nordeste as empresas familiares ainda representam mais de 90% das empresas não estatais. Principalmente, as empresas de pequeno e médio porte que representam 60% do montante de empresas brasileiras. Apesar da importância e do peso dos grandes grupos nacionais e multinacionais, as empresas familiares representam 48% do PIB brasileiro, demonstrando sua importância no cenário político-econômico-social do país (IBGE, 2005). Assim, empresas de controle familiar são, geralmente, um grande canal de oportunidades para quem deseja empreender um negócio próprio.

Dessa forma, dados sobre as organizações familiares alertam o pesquisador sobre o tema empreendedorismo, para uma maior reflexão quanto à relevância do papel da família na trajetória empreendedora.

Com o intuito de conhecer as redes de relações de empresários “sucessores” da cidade de Caruaru, este estudo volta sua atenção sobre a construção, o conteúdo e o significado das redes sociais que apóiam esses empresários, não limitando o tipo de serviço oferecido pela empresa. Nesta trajetória, as redes de amizade, confiança, informação, e mentoria serão estudadas. Além disso, o foco do estudo está sobre as redes informais, especificamente, no que se trata da sucessão familiar. Será utilizada a metodologia empregada no estudo de Régis (2005), com instrumentos já validados para o ambiente do empreendedorismo.

1.1 Problema de Pesquisa

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de redes considera características relativamente simples e superficiais, tais como densidade de ligação, ignorando características mais sofisticadas, como os atributos dos atores envolvidos ou a diversidade de papéis, que são parte de muitas redes, mas que dependem de um embasamento teórico para que tais características sejam mostradas (RÉGIS; DIAS; BASTOS, 2006). O problema está na falta de conexão entre os aspectos cognitivos, estruturais e relacionais quando se tenta explicar certas teorias sociais através das redes.

Mais recentemente, Régis (2005) abordou os fenômenos das redes sociais através das três dimensões do capital social apresentadas por Nahapiet e Ghoshal (1998) para investigar a forma como os empresários buscam apoio nas suas redes de relacionamentos, como mostrado na figura 1 a seguir: no canto superior direito, é mostrada a dimensão cognitiva (compartilhamento de significados); no canto superior esquerdo, é mostrada a dimensão relacional (conteúdo transacionado); na base, é mostrada a dimensão estrutural (posicionamento dos atores).

Figura 1: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Adaptada de Régis (2005)

O problema de pesquisa tratará destas três dimensões do capital social no contexto do processo sucessório das empresas familiares da cidade de Caruaru. Primeiramente a dimensão cognitiva do Capital Social. Nesta etapa serão considerados os significados compartilhados pelos empresários sucessores em

Dimensão Estrutural

Dimensão Cognitiva Dimensão

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relação às suas percepções sobre a rede que os apóia no desenvolvimento de suas carreiras.

Em seguida a dimensão estrutural. A maioria dos pesquisadores tende a limitar seus estudos em características individuais da rede como a densidade, e acabam por ignorar os outros múltiplos componentes pelos quais muitas configurações de redes são compostas, como reciprocidade e centralidade. Mesmo quando esses componentes são abordados, os pesquisadores, na sua grande maioria, os utilizam isoladamente, ou seja, sem relação ao contexto que gerou a rede.

Por último, com relação à dimensão relacional da rede de relações dos empresários da região, e aos tipos ou padrões básicos destas redes caracterizadas por diferentes conteúdos transacionados: redes de mentoria, de amizade, de informação e de confiança. A maioria das pesquisas sobre redes considera as características básicas da rede, tais como densidade da ligação, mas falha na exploração de outras propriedades mais complexas, como por exemplo, os atributos dos atores envolvidos ou a diversidade de seus papéis. Os processos de mentoria ocorrendo nas empresas que estão passando por uma etapa de sucessão familiar são pouco explorados.

A seguir serão apresentadas as questões de pesquisa para guiar o trabalho deste estudo.

1) Considerando a Dimensão Cognitiva do Capital Social, como os sucessores compartilham significados com relação a uma carreira empreendedora de sucesso e com relação ao papel da rede de relacionamentos para o desenvolvimento dessa carreira?

2) Considerando a Dimensão Estrutural do Capital Social, quais as características da rede de mentoria construída pelos empresários “sucessores” no que se refere aos aspectos estruturais?

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1.2 Objetivos

Ao considerar a interseção entre os temas das redes sociais, do capital social, da cognição empreendedora e da mentoria e considerando que as redes dão suporte aos empresários de empresas familiares da cidade de Caruaru, este estudo busca atingir os seguintes objetivos.

1.2.1 Objetivo Geral

Este estudo tem como objetivo geral compreender como se estruturam as redes de relacionamentos dos “Empresários Sucessores” das empresas da cidade de Caruaru, localizada na Região Agreste de Pernambuco, tomando como objeto de investigação, o capital social, as redes de mentoria e a cognição empreendedora. Assim, buscará entender os processos pelos quais as redes operam no contexto das empresas familiares localizadas nesta cidade e conhecer o comportamento desses empresários quanto à sucessão na empresa familiar.

Devido à amplitude dos conceitos, envolvendo redes sociais e mentoria e ao fato do Capital Social ser multidimensional, são colocados os seguintes objetivos específicos.

1.2.2 Objetivos Específicos

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 Identificar as características da rede de mentoria, construída pelos empresários “sucessores”, no que se refere aos aspectos estruturais;  Analisar como se estruturam as redes com relação à Dimensão

Relacional, especialmente no que diz respeito aos conteúdos de amizade, de informação, de confiança e de mentoria no processo de sucessão;

A seguir será abordada as justificativas prática e teórica para melhor embasar a problemática de pesquisa e objetivos citados anteriormente.

1.3 Justificativas Teóricas

A realização deste estudo tem sua importância, uma vez que as empresas familiares representam uma parte importante da economia do país e apresentam carência de estudos visando analisar os sucessores, visto que a maior parte das pesquisas é orientada para a visão dos fundadores do negócio.

Considerando o trabalho de Bethlem (1994), pode-se constatar que a quantidade de pesquisas americanas envolvendo a sucessão é superior ao número de pesquisas brasileiras sobre este assunto. Apesar disso, tanto a América quanto o Brasil necessitam de uma atualização de estudos sobre as empresas familiares. Portanto, considerando o papel que as empresas familiares têm para a economia do nosso país, ainda é pequeno o número de pesquisas brasileiras abordando o assunto, sendo imprescindível que os profissionais e autores interessados em empresas familiares continuem pesquisando os fenômenos que envolvem estas organizações.

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empresas criadas no Brasil passa para a segunda geração e destas apenas 5% chegam à terceira geração.

Assim, além deste benefício social, este trabalho pode ser utilizado pela academia como mais um dos meios para estimular e desenvolver novas linhas de pesquisas, ou seja, novos estudos de casos direcionados ao mesmo tema, que poderão validar, refutar ou aprimorar as propostas desta pesquisa.

Neste estudo iremos considerar as necessidades de criar e manter relações sociais como fundamentais para o bom desempenho dos empresários participantes do processo de sucessão. Contudo, este estudo busca inovar sobre esta temática a partir da aplicação dos conhecimentos sobre cognição social e redes de relacionamentos.

A motivação do estudo também está na carência de estudos empíricos que possibilitem a análise da construção social das redes de apoio aos sucessores e a análise dos conteúdos transacionados nestas redes. Assim, a recompensa, neste trabalho, está no fato de melhor compreender o comportamento dos empresários sucessores de uma herança que lhes foi deixada por gerações anteriores. Na tentativa de contribuir para o desenvolvimento dos estudos sobre empresas familiares, esta investigação abordará a questão do processo de mentoria na sucessão familiar e a construção social das redes de amizade, informação e confiança desses empresários da cidade de Caruaru.

Além disso, é importante saber que as organizações estão inseridas na dinâmica social, política e econômica que se desenvolve no ambiente onde atuam e, simultaneamente, exercem impacto e precisam se adequar às mudanças. Sendo assim, para estudá-las é preciso considerar a realidade na qual elas se inserem, pois elas são produzidas em um dado contexto.

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propriedade, a gestão e a sucessão ou a intenção de passar o bastão definem uma empresa como familiar (LEONE, 1992).

Porém, a sucessão em empresas familiares tem sido considerada como o mais importante desafio a ser enfrentado pelos fundadores na luta pela perpetuação do negócio, conforme afirmam os autores: Bornholdt (2005), Soares et al. (1997), Leone (1991).

1.4 Justificativas Práticas

Observa-se no contexto econômico do País a importância de se estudar as empresas familiares, sejam pequenas, médias ou grandes, visto que são empregadoras de mão de obra nas mais diversas regiões, correspondendo com a sustentabilidade de uma grande parte da população.

Visando a perpetuação da empresa familiar, muitas vezes, o herdeiro percebe a necessidade de permanecer no vínculo familiar, desta vez, não só como parente, mas também como profissional, tendo o mesmo que se capacitar para no futuro ser de fato o sucessor da empresa familiar.

Neste trabalho, o termo “herdeiro” se refere à pessoa para qual será transmitida a propriedade dos bens ou direitos, em geral, filhos. Já o termo “sucessor” se refere à pessoa (filho, ou não) que irá assumir determinado cargo, assumindo as funções exercidas pelo sucedido na empresa familiar. Em outras palavras, o sucessor poderá ser um dos herdeiros que trabalha na empresa da família, representando o controle da empresa no futuro. Mais adiante, serão abordados os conceitos de empresa familiar e sucessão.

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no território brasileiro. São caracterizadas em sua maioria, como pequenos e médios empreendimentos, que em sua soma representam uma grande parcela do espaço econômico, respondendo por grande parte da receita e dos empregos nas empresas privadas brasileiras (OLIVEIRA, 1999).

No Brasil, as empresas familiares são maioria, e representam segundo vários autores, embora com números divergentes, acima de 90% do total de empresas do país. Netz (1992) afirma que elas representam 99% das empresas privadas e respondem por dois terços dos empregos, desempenhando importante função na economia. Para Martins (1981), representam 97% das empresas brasileiras; Bethlem (1989) afirma que os grupos empresariais brasileiros de propriedade familiar totalizam cerca de 90%.

Advoga Moreira (1983) que 20% das empresas familiares estão passando por processos de sucessão, que irão demorar cerca de 3 a 5 anos para serem concluídos; acrescentando ainda “... as demais companhias já passaram ou ainda vão passar por esta fase”. Bornholdt (2005) e Bernhoeft & Gallo (2003) inferem que o processo de transição do controle da família enfrenta dificuldades de qualquer transição gerencial ou de propriedade, mas com diferencial complicador por fatores subjetivos e presentes na dinâmica empresarial e familiar.

Leone (2005), Oliveira (1999) e Werner (2004) também concordam que a maioria dos problemas, com relação ao futuro das empresas familiares, está ligada a aspectos de sucessão. Tais problemas podem chegar ao extremo, mesmo em organizações rentáveis, como por exemplo em casos do encerramento da atividade, o que acaba por gerar problemas que extrapolam questões de família, a citar desempregos diretos e indiretos.

(21)

A mesorregião do Agreste Pernambucano é uma das quinze mesorregiões do estado de Pernambuco. É formada por seis microrregiões e tem uma área aproximada de 24.400 km2 (24,7% do território pernambucano) e cerca de 1.800.000 habitantes (25% da população do Estado). O Município de Caruaru encontra-se inserido na Microrregião Vale do Ipojuca no Agreste Pernambucano, sendo o mais populoso da microrregião, tem uma população estimada de 278.655 habitantes em 2005 (IBGE, 2006).

Caruaru está distante 130 km de Recife (capital do estado) e atende às necessidades econômicas, profissionais, culturais, educacionais e pessoais da população de toda a microrregião do Vale do Ipojuca, o que corresponde a 793.439 habitantes (IBGE, 2006). As principais atividades econômicas são comércio, serviços, indústria e agropecuária.

O Município do Vale do Ipojuca, conhecido como a Princesa do Agreste, assim como, a Capital do Forró, Caruaru é a principal metrópole do Agreste pernambucano. Maior centro de arte figurativa das Américas, segundo a Unesco, é palco da mais famosa feira popular do Brasil. E como não poderia ser diferente, grande parte das empresas localizadas nesta região são empresas familiares.

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2 Fundamentação Teórica

A fundamentação teórica se apresenta dividida nas seguintes partes: na primeira e segunda seção, respectivamente, serão apresentadas a carreira empreendedora e as empresas familiares. Por último, serão apresentadas as dimensões do capital social e seus conteúdos transacionados: amizade, informação, confiança e mentoria.

2.1 Carreira Empreendedora

O tema empreendedorismo, muitas vezes, induz a pensar que se trata de uma questão voltada a atender as necessidades das camadas superiores da nossa sociedade. Porém, na realidade, falar de empreendedorismo traduz a real necessidade de ampliarmos a capacidade de geração de empregos e crescimento econômico do País. Os defensores deste assunto, como Fernando Dolabela (2000), afirmam que o empreendedorismo trata, sobretudo, do combate à miséria e da distribuição de renda em nossa sociedade. A reflexão sobre este contexto traz o entendimento do porque o tema empreendedorismo se torna pauta prioritária para o desenvolvimento do nosso País, e como particularmente afeta o futuro da comunidade em geral.

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aquele que cria novos negócios, e que pode também inovar dentro de empresas já constituídas.

Dolabela (1999a) revela que “o empreendedor traduz-se em uma atitude de ser, ou seja, um modo de vida com valores compreendidos pela ótica capitalista da constante busca de oportunidades”. Ao assumir riscos, envolver a si mesmo e possibilitar empregos para outras pessoas, traz consigo um sinônimo de aventureiro em terras desconhecidas. Todavia, a aventura individual de cada empresa traz em seu bojo certo número de características comuns que emerge tanto da observação direta, quanto da literatura específica sobre o tema. No entanto, o empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento às informações, pois sabe que suas chances de inovar melhoram quando aumenta o seu conhecimento.

Dessa forma, o espírito empreendedor seria, portanto, uma característica distinta, seja de um indivíduo, seja de uma instituição. Mesmo assim, parece não existir um tipo específico de personalidade empreendedora, pois gente de personalidades e temperamentos variados saíram-se bem frente a desafios empreendedores (DRUCKER, 2000).

De acordo com McClelland (1961), o sucesso empresarial não consiste apenas no desenvolvimento de habilidades específicas, tais como finanças, marketing, produção etc, nem apenas de incentivos creditícios e ou fiscais, mas também das habilidades atitudinais empreendedoras. Desta forma, pode-se sugerir que o espírito empreendedor tem responsabilidade sobre a criação e prosperidade dos negócios de sucesso.

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capacidade de trabalho e tenacidade para criar valor, riqueza e postos de trabalho. Não há verdadeiro empreendedor que se contente com poucos riscos e raras oportunidades (LEITE, 2002).

Relacionando ao ser e ao dever-ser do real empreendedor, percebe-se a mudança no comportamento dos jovens, uma vez que, há uma ou duas décadas passadas, a maioria das pessoas faziam o que lhes era dito e pronto (DRUCKER, 1999), sendo isso um fato que não mais encontra respaldo nos dias de hoje. Atualmente, os jovens, desde cedo, são questionadores quanto ao que irão fazer para enfrentar o mercado de trabalho, como inovar e vencer a competição. No caso dos jovens sucessores, pode ocorrer o inverso, ou seja, eles serem questionados quanto a assumir uma carreira que agregue valor ao negócio da família. Diante disto, terão que estar aptos para enfrentar mudanças e utilizar estratégias para dar continuidade aos negócios da família.

Drucker (2000) ainda apresenta o empreendedorismo como uma alternativa para que se possa fazer frente a esse desafio, vinculando a inovação como sendo o instrumento específico dos empreendedores, pelo qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente.

Ao tratar dos conceitos de Drucker sobre empreendedorismo, Leite (2002) considera que os empreendedores são aqueles que estão ao mesmo tempo criando novos tipos de negócios e aplicando novos e extraordinários conceitos gerenciais às atividades nas quais estão envolvidos. Leite (2002) também mostra o pensamento de Peter Drucker de que, as pequenas organizações têm sido mais empreendedoras do que as grandes. Isto se justifica porque as grandes sempre contratam profissionais especialistas. Ao contrário disto, as pequenas empresas dependem do próprio fundador, ou de poucos gerentes. O problema acontece quando as empresas começam a crescer. Há necessidade de contratar pessoas especialistas que incorporem as idéias do fundador.

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compartilhamento de significados que os empresários sucessores usam para compreender as suas realidades. Para melhor compreensão do assunto, é necessário se aprofundar no tema que trata da empresa familiar, abordado a seguir.

2.2 Empresas Familiares

A empresa familiar é provavelmente uma das mais antigas formas de negócio surgidas ao longo da evolução da humanidade (LEA, 1991). Apesar disso, percebe-se que só a partir da década de 60 surgiu um número expressivo de estudos científicos sobre as empresas familiares (KANITZ E KANITZ, 1978; SILVA, 1984; GUTIERREZ, 1987; LEONE, 1992; PROCIANOY, 1994; SCHEFFER, 1995; LEONE, SILVA, FERNADES, 1996). Atualmente, o tema não tem sido alvo freqüente de estudos, uma vez que existem poucos estudos recentes tanto no que se refere à esfera acadêmica quanto ao meio empresarial.

Saber identificar o tipo de empresa que está sendo foco de investigação é ponto primordial e facilita a compreensão do estudo. Neste caso, chama-se atenção para a dificuldade em definir empresa familiar. Lodi (1986) afirma que o que define uma empresa como familiar é a influência recíproca entre a família e a firma. Para Oliveira (1999) “a empresa familiar caracteriza-se pela sucessão do poder decisório de maneira hereditária a partir de uma ou mais famílias”.

Souza (2002) entende como empresa familiar “aquela que possui três categorias: a propriedade, a direção e a sucessão”. Para o autor, a empresa deve reunir, simultaneamente, as seguintes características para ser qualificada como familiar: a família deve possuir propriedade sobre a empresa (total, majoritária, ou controle minoritário); a família deve influenciar nas diretrizes da gestão estratégica da empresa; os valores da firma são influenciados ou identificados com a família; a família determina o processo sucessório da empresa.

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valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a figura de um fundador”.

Para complementar a compreensão dessas organizações por meio de experiências externas à empresa brasileira, traz-se à tona o trabalho de Donnelley (1967), que considerou familiar a empresa “que tenha estado ligada a uma família pelo menos durante duas gerações e com ligações familiares que exerçam influência sobre as diretrizes empresariais, os interesses e objetivos da família”.

Leone (1992) define que, indistintamente do porte da empresa, uma característica desse tipo de empresa é a utilização em larga escala de mão de obra de membros da família. Partindo do mesmo pressuposto, Gonçalves (2000) impõe três situações que podem caracterizar a empresa familiar: 1) a empresa é propriedade de uma família, possuidora da totalidade do capital ou sua maioria de forma a deter o controle econômico. 2) a família tem a gestão do negócio, cabendo a definição das metas, objetivos e diretrizes. 3) membros da família são responsáveis pela administração do negócio, mas com a participação de algum executivo em posições mais elevadas.

Leone (2005), ainda reforça o conceito, explicitando determinados indicadores, a fim de uma empresa ser chamada de familiar: o seu início deve ter contado com a participação de um membro da família; os familiares devem estar presentes na direção e possuírem um vínculo com a propriedade; os valores do fundador ou da família devem estar identificados com os da firma; e na sucessão deve ser observado o fator hereditário. Este será o conceito adotado pelo presente trabalho, visto que, além de ser mais recente dentre os estudos citados, também contempla muito das idéias de outros autores.

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está agindo para maximizar os resultados financeiros. E o que torna as empresas familiares diferentes das não familiares é a proximidade entre esses dois sistemas.

Tendo em vista que, para muitas pessoas, família e trabalho são as duas coisas mais importantes em suas vidas, pode-se dizer que nenhuma família consegue manter a família e o trabalho como dois sistemas completamente separados. No caso das empresas familiares isso é ainda mais evidente. Elas combinam as duas coisas em um mesmo espaço e muitos participantes de um sistema também participam do outro.

Nos últimos anos, as empresas nacionais têm enfrentado mudanças tecnológicas, mudanças relacionadas à globalização e mudanças culturais, sobretudo, consumidores mais exigentes. Esses múltiplos fatores tornam o ambiente de negócios mais competitivo e levam à reorganização das empresas. No caso da empresa familiar, soma-se a esses, outro aspecto de fundamental relevância: o processo sucessório.

Juntamente com a análise do Capital Social nas suas três dimensões, este trabalho voltará atenção para como o empresário está tratando a sucessão de sua empresa. Assim, o foco deste trabalho está nas empresas familiares, e mais especificamente nos sucessores que, no momento da pesquisa, participam da gestão das empresas em companhia do fundador ou não. Portanto, diante disto, é importante conhecer o conceito da sucessão, segundo os pesquisadores deste assunto.

2.2.1 Processo Sucessório nas empresas familiares

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em fim de carreira, momento no qual os mesmos não podem adiar o processo sucessório. Isto se deve ao fato de a sucessão ser um dilema, uma etapa de muitos conflitos para as empresas familiares.

Pratz, citado por Scheffer (1993), coloca em termos jurídicos que a sucessão é considerada como a “transmissão dos bens da pessoa que falece aos seus herdeiros, legítimos ou testamentários”.

Em termos legais, Levenhagen (1989), acrescenta que a sucessão legítima diz respeito à tramitação dos bens do falecido aos herdeiros, de acordo com a ordem de vocação hereditária: aos descendentes, aos ascendentes, ao cônjuge sobrevivente, aos colaterais, e aos Estados, Distrito Federal ou União. Ainda, segundo o autor, na sucessão testamentária, os bens podem ser livremente destinados a qualquer pessoa; porém havendo herdeiros, o testador só poderá dispor da metade de sua herança.

A sucessão, segundo Leone (1991), “é o rito de transferência de poder e capital entre a geração que atualmente dirige e a que virá a dirigir, podendo acontecer de forma gradativa e planejada, ou quando por ocasião de morte, acidente ou doença do dirigente, de forma repentina”. Neste conceito, a sucessão está relacionada com a gestão da empresa familiar e, por este motivo, será utilizado neste estudo.

Pesquisa desenvolvida por Leone (1991) com empresários de pequenas e médias empresas de João Pessoa (PB), evidenciou que o assunto sucessão não é tabu para esses dirigentes que a consideram como uma situação natural que deverá ser enfrentada.

(29)

A sucessão é um momento crítico enfrentado pelas empresas familiares ao avançarem pelos diversos estágios do seu ciclo de vida. O sucesso ou o fracasso desse tipo de organização, nesta etapa de desenvolvimento, depende da capacidade de enfrentar os desafios apresentados pela “passagem do bastão” e de efetuar uma transição saudável.

Bornholdt (2005) define que o processo sucessório é um tema muito estudado, discutido e descrito por pesquisadores, professores, consultores e profissionais, tendo os casos peculiaridades das mais variadas, concluindo que não existe uma formatação única que possa ser utilizada em qualquer caso.

Porém, no momento do processo sucessório podem existir, nas empresas familiares, três níveis de duelo causados por diferentes problemas e identificados como: 1º nível - duelo do sucedido com ele mesmo; 2º nível - duelo do sucedido na escolha do sucessor e, finalmente, 3º nível - duelo entre sucessores (LEONE, 1996).

Ainda de acordo com Leone (1999), neste momento, o herdeiro que possuir maior liderança, aliada a métodos de gestão adequados, sairá na frente, vencendo o duelo pela sucessão. Possivelmente, essa liderança manifestada não daria fim aos conflitos e problemas familiares apontados como um dos entraves ao planejamento do processo sucessório.

Segundo Scheffer (1993), tem-se conhecimento de um número considerável de empresas familiares passando por processos de sucessão e, neste período, freqüentes conflitos e diferentes tipos de resistências emergem, envolvendo membros da família e profissionais que atuam na área. Pelo exposto, é possível constatar que a sucessão em empresas familiares caracteriza-se como um período importante e delicado do ciclo de vida dessas organizações. Inevitavelmente, irá ocorrer em todas as empresas familiares, independentemente, de seu porte ou ramo de atividade.

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de formação técnica, já havendo sinais de progresso nesta área. No Brasil, por exemplo, dados da Faap indicam que 30% dos seus formandos em marketing, finanças e administração são herdeiros (GAZETA MERCANTIL, 1996a).

Lodi (1994) defende a idéia de que, a cada dia, um maior número de empresas procurará a profissionalização total, de modo que nenhum membro da família estará na empresa até o nível da presidência. Lodi (1993) considera a profissionalização em seus vários aspectos: (1) o processo pelo qual uma organização, familiar ou não, assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas; (2) o processo de integração de gerentes contratados e assalariados no meio de administradores familiares; (3) a adoção de determinado código de formação ou de conduta num grupo de trabalhadores; (4) a substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais; (5) a substituição de formas de contratação de trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas.

Nesse sentido, a empresa familiar deverá caminhar para uma nova estruturação. Porém, ainda, segundo Lodi (1994), vigora nas empresas familiares a gestão patriarcal, com forte apego ao patrimônio. Sendo assim, na transição para um modelo de gestão descentralizado, a transferência de poder e de responsabilidade é o caminho para o sucesso do empreendimento e se constitui um de seus maiores desafios.

2.3 Capital Social

(31)

Outro estudioso, LIMA (2001), revela que o capital social pode ser entendido como um conjunto de normas de reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais desenvolvidas pelos indivíduos em sua vida cotidiana, resultando em benefícios diretos ou indiretos, sendo determinante na compreensão da ação social. O autor ainda destaca que à medida que outros autores envolveram o conceito, como, por exemplo, Coleman (1988, 1990) e Burt (1992), emergiu o consenso de que o capital social se refere às relações entre pessoas, não necessariamente formalizadas, que favorecem o acesso a recursos presentes na sociedade ou numa rede de relações.

Assim, diferente de outros tipos de capital, o capital social é inerente às relações entre as pessoas apesar de também carregar um cunho de produção. Em outras palavras, composto por redes sociais informais entre indivíduos, seja nas suas relações na família, na igreja, na escola, no trabalho, entre outros (LIMA, 2001).

Portanto, para fundamentar a base da teoria do capital social é de grande importância mergulhar, primeiramente, nas teorias das Redes sociais. Emirbayer e Goodwin (apud RÉGIS, 2005) definem Redes sociais simplesmente como um

conjunto de relações ou ligações sociais entre determinados atores, os quais são aquelas pessoas que se comunicam em uma determinada rede e que também podem ser chamados de nodos ou elos.

Outros estudiosos, como Marteleto (2001), por exemplo, considera que “as redes sociais ou network são representações de um conjunto de participantes

autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”.

De acordo com Cross & Parker (apud GUIMARÃES e MELO, 2005), os

principais padrões de relacionamento que se pode observar em uma rede são os seguintes: conectores centrais (hubs), interfaceadores (boundary spanners), intermediários de informação (information brokers) e pessoas periféricas (peripheral people).

(32)

indivíduo e coletivo. Diante disto, a rede seria um sistema aberto, onde através de um intercâmbio dinâmico entre integrantes de um grupo (família, equipe de trabalho, bairro, organização, escola, associação de profissionais, igreja, entre outros) e integrantes de outros grupos, possibilita a potencialização dos recursos que possuem e a criação de alternativas novas para a resolução de problemas ou a satisfação de necessidades. Cada membro do grupo se enriquece através das múltiplas relações que cada um desenvolve, otimizando e fazendo com que a aprendizagem seja socialmente compartilhada.

Assim, a intenção do trabalho em redes é juntar esforços, evitar duplicidade, alcançar por complementariedade uma maior capacidade resolutiva, ser mais eficazes e eficientes no que se faz como produto do intercâmbio e da colaboração (DABAS; PERRONE, 1999).

No Brasil, a literatura sobre redes sociais é restrita, encontrando-se autores como Regina Marteleto, Eduardo Marques, Tonia Marta Barbosa, Francisco Guimarães e Elisete Melo, entre outros que publicaram artigos sobre o uso da Social Network Analysis como ferramenta para análise. Marteleto usou a técnica para

estudar os movimentos sociais, enquanto Marques usou a técnica dentro da empresa CEDAE-RJ (Companhia Estadual de Águas e Esgoto – Rio de Janeiro). Macedo estudou a importância das redes informais para um sistema de inteligência competitiva. Já Guimarães e Melo fizeram uma abordagem da aplicação da técnica na gestão do conhecimento.

(33)

Figura 2: Dimensões do Capital Social Fonte: Adaptado de Régis (2005)

2.3.1 Dimensão Cognitiva

Esta dimensão é a base do primeiro objetivo específico deste trabalho: Compreender, com base na dimensão cognitiva do capital social, como os sucessores organizam suas cognições com relação a uma carreira empreendedora de sucesso e com relação ao papel da rede para o desenvolvimento dessa carreira.

Mentoria

idéia idéia

idéia

idéia

idéia idéia

Significados compartilhados

Dimensão Cognitiva Dimensão

Relacional

Informação

Amizade

Confiança

Força dos laços

Dimensão Estrutural

Fortes

Fracos

Configuração da network

centralidade

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Dessa forma, mostrada na parte superior direita da Figura 2 (Pág. 26), a dimensão cognitiva aborda os significados que são compartilhados pelos atores da rede, ou seja, as idéias comuns sobre determinado assunto que fazem parte do contexto específico da rede e que orientam as decisões e os comportamentos dos empresários sucessores.

Régis (2005) considera que esta dimensão representa o compartilhamento de significados entre os membros das redes, no que diz respeito às suas interpretações e sistemas de significados, incluindo a linguagem, os códigos e as narrativas compartilhadas. São os pensamentos que os membros de uma rede têm em comum com relação aos assuntos que fazem parte do cotidiano deles.

A dimensão cognitiva assume um papel fundamental na compreensão da construção das redes de apoio dos empresários e é representada pelo compartilhamento de significados nas redes. As estratégias de aprendizagem utilizadas pelos empresários podem ser consideradas como facetas da dimensão cognitiva que também participa na geração da mudança de comportamento.

2.3.2 Dimensão Estrutural

A dimensão estrutural, mostrada na parte inferior da figura 2 (Pág.26), traz tanto aspectos de nível micro (força das relações), quanto aspectos de nível macro (configuração da network). Conforme Régis (2005), a maioria dos estudos sobre

redes sociais limita-se a esta dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre centralidade nas redes.

(35)

A dimensão estrutural envolve aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores da rede e poderá ser analisada a partir de duas perspectivas: laços da network e configuração da network (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998).

Os laços da network significam as maneiras como os atores estão

relacionados, particularmente com respeito à proximidade da relação. Kuipers (1999) mede a força dos laços através de questões que envolvem a percepção individual sobre a proximidade da relação, a duração da relação e a freqüência dos contatos. Laços fracos são contatos não freqüentes. Estes laços têm a função de difundir informações, enquanto que os laços fortes são usados em assuntos mais particulares como o nascimento das mobilizações políticas (SANTOS, 2004).

No que tange a configuração da network, as análises podem ser feitas pela

determinação do padrão de ligações dentre os seus membros. Estes padrões de ligação são a centralidade, a densidade, a conectividade e a hierarquia e afetam a flexibilidade e a facilidade das comunicações nas redes pela facilidade, ou geração de furos de comunicação com relação aos membros das redes (RÉGIS, 2005).

Segundo Régis (2005), a avaliação básica da estrutura de uma rede social pode ser feita pela análise da densidade e da centralidade desta rede. Para a análise das redes sociais, as medições de centralidade mais usadas são: centralidade de grau (degree), centralidade de intermediação (betweenness) e centralidade de proximidade (closeness). Pode-se dizer que a centralidade de grau de entrada mede a receptividade ou popularidade de uma pessoa na rede, por outro lado, a centralidade de grau de saída mede a sua expansividade (RÉGIS, 2005).

Através da análise visual das redes é possível identificar como principais padrões, de acordo com Cross & Parker (apud GUIMARÃES e MELO, 2005): os

conectores centrais ou hubs, os interfaceadores ou Boundary spanners, os

intermediários de informações ou Information brokers, e as pessoas periféricas ou Peripheral people. Estes padrões são baseados em métricas, conforme tabela

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Métricas para um nó

Métrica Descrição Cálculo

in-degree centrality É o número de setas que entram em um nó em um dado tipo de rede. Fornece uma perspectiva de centralidade local.

Somatório das setas que entram no nó.

out-degree centrality É o número de setas que saem de um nó em um dado tipo de rede. Fornece uma perspectiva de centralidade local.

Somatório das setas que saem do nó.

betweenness centrality É um indicador de quanto um nó particular está entre os vários outros nós na rede.

Número de vezes que o nó aparece como caminho entre todos os nós, dividido pelo número de caminhos existentes entre todos os nós.

closeness centrality É um indicador de quanto um nó está no menor caminho entre outros vários nós da rede. Fornece uma perspectiva de centralidade global.

Somatório da distância entre de um determinado nó para com todos os outros da rede. Esse valor é normalizado em relação ao nó de menor valor.

Métricas para Grupos

Métrica Descrição Cálculo

densidade É o número de conexões

existentes dividido pelo número de conexões possíveis.

Número de conexões existentes dividido pelo número de conexões possíveis.

reciprocidade Indica qual a proporção de conexões que tem uma relação de reciprocidade.

Número de conexões bidirecionais (recíprocas) dividido pelo número de conexões.

Tabela 01: Métricas para análise de redes sociais Fonte: Guimarães e Melo (2005)

(37)

2.3.3 Dimensão Relacional

A dimensão relacional, mostrada na parte superior esquerda da figura 2 (Pág. 26), aborda o conteúdo transacionado e a diversidade das ligações entre os atores da rede. Assim, considera os papéis que os atores assumem como: amigos, informantes, confidentes ou mentores. Contudo, o estudo desta dimensão visa atender o terceiro e último objetivo específico deste trabalho: Analisar as redes no que tange à dimensão relacional, focalizando os conteúdos de amizade, de informação, de confiança e de mentoria no processo de sucessão nas empresas familiares estudadas na cidade de Caruaru.

Régis (2005) considera que a análise da dimensão relacional das redes poderá ocorrer através do conteúdo transacionado e da diversidade de papéis. Para isto, usa a definição de Boissevain (1974). Este autor vê o conteúdo transacionado como sendo formado de elementos materiais e não-materiais trocados entre dois atores em uma situação ou relação particular. Marinho-da-Silva (2003) considera que o conteúdo transacionado leva em conta o investimento dos atores na relação, particularmente, os benefícios que os atores esperam auferir de uma relação e reforçam a importância desta relação específica em comparação com outras.

Em geral, estas relações advêm de papéis que correspondem às normas e expectativas que se aplicam ao ocupante de uma determinada posição nas redes (BOISSEVAIN, 1974). Assim, Régis (2005) afirma que cada pessoa assume um ou mais papéis específicos: professor, sócio, amigo, empregado, marido, pai, etc. Através de cada papel, uma pessoa entra em contato com grupos particulares de pessoas que compartilham a mesma atividade ou interesse.

(38)

A seguir, são apresentadas explanações sobre as redes de informação, amizade e confiança. Outros estudos foram abordados, porém foram tomados como base os estudos de Kuipers (1999) para definir estas três redes.

Primeiramente, a Rede de informação, de acordo com Kuipers (1999), é considerada como uma rede informal onde o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo em relação a oportunidades de ascensão, processo decisório em outras divisões e/ou sucesso organizacional e que afeta todos os seus membros.

Além disso, a capacidade de um grupo de obter benefícios se relaciona com sua capacidade de atingir outros grupos e indivíduos, facilitando o acesso à informação. Este fator foi assinalado por Granovetter (1973), se refletindo nos conceitos de "laços fortes e fracos". Desta forma, os laços fortes existentes dentro de um grupo não trariam informações novas, que seriam obtidas por ligações mais fracas com outros grupos ou indivíduos. Os adjetivos, forte e fraco, se relacionam com o tempo e esforço despendido para a manutenção dos laços (BURT, 1995).

Assim, Granovetter (1973) destaca a importância de se obter informações novas (de fora do grupo) para que haja mudança no status quo. Posteriormente, Burt

(1995) adiciona novos elementos, como a figura do intermediário de informação (brooker), capaz de superar os furos estruturais existentes nas redes do grupo

social. Os resultados desses trabalhos podem ser aplicados a qualquer forma de organização humana e é um dos problemas destacados na ciência da informação: o usuário e os canais de acesso à informação e o e seu impacto no mapa cognitivo dos indivíduos para a tomada de decisão (também denominada, decisão informada). A posição dos indivíduos na estrutura social está relacionada aos conceitos de autoridade e esta é uma das características associadas à qualidade da informação - a reputação da fonte. A difusão de novos conhecimentos e novas tecnologias depende, dentre outros fatores, dessa característica.

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A definição de Kuipers (1999) para Rede de amizade diz que é uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhoram a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos dentro das organizações.

Além disso, Granovetter (1973), um dos autores que mostrou os recursos disponíveis através dos contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua obra “the strength of weak ties”, define os laços com base na freqüência dos contatos, na reciprocidade e na amizade existente nos relacionamentos. Este autor define os laços fracos com base nestas características da relação, sendo um dos primeiros autores a abordar a importância dos laços fracos. Os laços nos quais não há relações de amizade são exemplos de laços fracos. Este tipo de laço, quando empregado por um indivíduo de uma rede muito coesa, passa a ter um papel importante na expansão da fronteira da rede.

A partir dos estudos de Granovetter (1973) sobre a força dos laços fracos, Krackhardt (1992) propôs a teoria da força dos laços fortes: A importância dos Philos nas Organizações, onde Philos é um termo grego semelhante à palavra Amizade. Em resumo, diz-se “A é philos de B” ou num caso simétrico, “A e B são philos”. Define-se um relacionamento philos como aquele que apresenta três condições básicas: Interação, afeição e tempo. Estas estão listadas a seguir:

Interação – Para A e B serem philos, A e B devem interagir um com o outro. A implicação desse componente é que existirá uma grande probabilidade de um ter acesso a informação do outro. Assim as freqüentes interações irão proporcionar oportunidades para troca de informações.

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Tempo – A e B, para serem philos, devem ter um histórico de interações que tenha durado certo período de tempo. Isto é, não existe um philos momentâneo. Uma implicação é que no relacionamento de philos não pode ser estudado em experimentos de laboratório. Embora alguns possam induzir a um estado de afeição de curto termo e ao estudo do “liking”, o estudo do philos não é muito utilizado, onde os relacionamentos têm tempo suficiente para se desenvolver.

Por último, é abordada a Rede de confiança. Kuipers (1999) afirma que a rede de confiança é uma rede de laços informais onde um ator corre riscos ao abrir mão do controle dos resultados por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação contratual, estrutural ou legal.

Nas relações de confiança, a interação cria oportunidade para a troca de informação confidencial ou não, a afeição cria motivação para tratar o próximo de maneira positiva ou pelo menos sem magoá-lo, caso contrário criaria sentimentos de stress, desarmonia e tensão e o tempo cria experiência necessária para permitir que cada pessoa saiba como a outra utilizará uma informação em comum (KRACKHARDT, 1992).

Dessa forma, Santos (2004) sugere que os laços de confiança são mais centrados na pessoa do que na posição ou no cargo que esta ocupa. Relações de amizade e suporte social, por outro lado, desenvolvem-se rapidamente, exigindo um período de tempo mais curto para ocorrerem, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança (correr riscos) requer mais tempo e são mais duradouros.

Régis (2005) mostra que a confiança tem a capacidade de afetar diretamente as outras formas de conteúdo transacionado nas redes, como o conhecimento tecnológico. Devido a confiança ser baseada em julgamentos sociais (ex.: competência e benevolência) e em julgamentos dos custos (ex.: risco) resultantes da possível infidelidade da outra parte (ex.: vazamento de informação), a confiança poderá afetar a informação transacionada.

(41)

Rede de Mentoria

Os comportamentos dos atores de uma rede diferem de acordo com os conteúdos nela transacionados. Por este motivo, é fundamental a ênfase desta fundamentação teórica nas redes de amizade, informação e confiança. Contudo, Régis (2005) argumenta que quando opera um padrão de relacionamentos de mentoria, tanto em rede quanto entre dois indivíduos, a literatura indica a presença de outras funções da mentoria. Dentre as funções da mentoria estão: a amizade, o

coaching e a aceitação. Este autor também esclarece que a amizade é explícita nas

funções da mentoria, enquanto a troca de informações e a confiança estão implícitas nas funções de coaching e aceitação, respectivamente.

Na visão de Kram (1985), mentores são considerados como “pessoas sábias e experientes que estão comprometidas em providenciar ascensão e suporte à carreira dos seus mentorados”. Já Levinson et al (1978), em se tratando do contexto corporativo, propuseram que um mentor é “normalmente uma pessoa bem mais antiga, uma pessoa de maior experiência e maturidade [...] um professor, conselheiro ou padrinho” e, por sua vez, o mentorado é a pessoa que se beneficia da experiência, maturidade e proteção do mentor.

Para Kram (1985), a mentoria possui dois grupos principais de funções. A função relacionada à carreira facilita o progresso da carreira pelo aumento da visibilidade do mentorado em relação à organização e pelo aumento do conhecimento do mentorado em relação ao “navegar” no mundo corporativo. As funções psicossociais promovem um apoio emocional e psicológico ao mentorado e servem para aumentar a confiança em relação ao seu papel profissional. A autora ainda argumenta que as relações de mentoria que facilitam a função psicossocial estão freqüentemente caracterizadas por trocas de experiências informais, relacionadas ao trabalho ou não. Juntas, estas funções capacitam as pessoas a enfrentarem os desafios de cada estágio de suas carreiras.

(42)

Figura 3: Exemplos de funções da mentoria. Fonte: Régis, 2005.

A seguir são apresentadas as funções de carreira, segundo Kram (1985): O Patrocínio é uma espécie de poder refletido que o mentorado ganha através do mentor. Em casos de competição pela ascensão funcional, o patrocínio passa a ser essencial. A Exposição-e-visibilidade ocorre quando o mentor dá tarefas que fazem com que o mentorado tenha contato direto com pessoas de mais alto nível e estas vêem o seu potencial e fazem com que o mentorado aprenda sobre os níveis de autoridade e responsabilidade. No Coaching, o mentor, como se fosse um técnico esportivo, sugere estratégias para que os objetivos do trabalho sejam alcançados pelo mentorado, de forma que este consiga reconhecimento e progrida no seu trabalho. O mentor também mostra os jogos de poder existentes e a quem o mentorado pode compartilhar uma nova idéia. Na Proteção, o mentor

Carreira Psicossociais

- Patrocínio: quando o mentor indica/apóia o nome do mentorado para promoção em uma reunião de diretoria ou mesmo em conversas informais entre diretores;

- Exposição-e-visibilidade: quando o mentor dá tarefas que fazem com que o mentorado tenha contato direto com pessoas de mais alto nível e estas vêem o seu potencial, facilitando futuras promoções;

- Coaching: quando o mentor contribui para aumentar o conhecimento específico e a compreensão do mentorado sobre como navegar no mundo corporativo;

- Proteção: quando o mentor serve de anteparo para que as falhas não sejam vistas até que o mentorado atinja níveis de desempenho dignos de exposição e visibilidade e

- Tarefas desafiadoras: quando o mentor provê tarefas desafiadoras, apoiadas por treinamento técnico e feedback, capacitando o mentorado a desenvolver competências específicas.

- Modelagem de Papéis: quando as atitudes, os valores e o comportamento do mentor servem como um modelo digno de ser seguido pelo mentorado;

- Aceitação-e-confirmação: quando há aceitação, respeito e confiança mútuos capazes de

desenvolver a coragem no mentorado para assumir riscos e tomar atitudes mais ousadas no trabalho; - Aconselhamento: quando o mentor provê conselhos que ajudam o mentorado a explorar suas preocupações que interferem no seu senso de autocompetência. Os mentores assumem o papel de ouvintes ativos apoiando a auto-exploração e oferecem as experiências pessoais como possíveis alternativas;

- Amizade: quando a relação provê uma sensação de bem estar resultante da interação social informal. Isto permite um alívio da pressão do trabalho pela troca de experiências cotidianas (ex. almoço de trabalho). O relacionamento informal com alguém que é mais velho e mais experiente facilita o relacionamento com outras pessoas de nível mais elevado de autoridade.

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protege o mentorado fazendo com que os seus erros não cheguem ao conhecimento dos níveis mais altos quando este ainda não atingiu a maturidade. A função de Tarefas Desafiadoras acontece quando o mentor supre o mentorado com tarefas desafiadoras e dá treinamento técnico e feedback de desempenho.

Régis (2005) esclarece que enquanto o patrocínio, a exposição-e-visibilidade, o coaching e a proteção abrem caminhos para a promoção, as tarefas desafiadoras equipam a pessoa com as habilidades para seguir pelo caminho aberto pelo mentor. Este autor também mostra que, enquanto as funções de carreira dependem da posição e do nível de influência do mentor na organização, as funções psicossociais dependem mais da qualidade do relacionamento entre mentor e mentorado. As funções psicossociais, segundo Kram (1985), são apresentadas a seguir:

Na Modelagem de papéis, o mentorado vê no seu mentor o seu “eu” atual e o seu “eu” idealizado, passando a admirá-lo, imitá-lo e respeitá-lo. A Aceitação-e-confirmação é identificada quando há consideração e respeito mútuo na relação. O mentorado que experimenta aceitação e confirmação na relação se torna mais desejoso para discordar e iniciar conflitos na relação. Já o Aconselhamento do mentor ajuda o mentorado a explorar suas preocupações que podem interferir em seu senso de autocompetência no trabalho. Os conflitos internos que o mentorado tem são discutidos abertamente e o mentor apresenta as suas experiências. A função Amizade aparece na relação em que há uma sensação de bem estar e alegria resultantes da relação informal, da ligação e da compreensão mútua. O relacionamento informal com um colega mais experiente facilita o relacionamento com outras pessoas de hierarquia mais elevada.

Régis (2005) mostra uma reconsideração da proposição de Kram (1985), que consideram a diversidade de mentores (pessoas buscam apoio não somente em um indivíduo quando precisam de apoio para o desenvolvimento das suas carreiras). Esta reconsideração foi apresentada por Higgins e Kram (2001). É essencial estudar a tipologia criada por Higgins e Kram (2001), a qual está baseada em duas dimensões principais: a diversidade da rede de relações de desenvolvimento e a intensidade das relações de desenvolvimento. Estas duas dimensões, em conjunto,

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“empreendedora” de relações; rede “oportunista” de relações; rede “tradicional” de relações; e rede “receptiva” de relações (Figura 4).

Higgins e Kram (2001) tratam a diversidade das relações de desenvolvimento e a intensidade das relações como dicotômicas, embora reconheçam como contínuas, com o intuito de desenvolver os “tipos ideais” que estruturam as redes de relacionamentos voltados para o desenvolvimento. Os desenvolvedores (mentores) são identificados por D1, D2, D3 e D4 e o mentorado por M. As linhas cheias representam os relacionamentos fortes e as linhas tracejadas os relacionamentos fracos.

Dessa forma, na Figura 4 (Pág. 37) é mostrada a perspectiva de desenvolvimento baseada na rede de relacionamentos, nas quais é considerada

D I V E R S I D A D E D A S R E L A Ç Õ E S D2 D1 D1 • ● D3 D2 • • D4 D2 D1 D1 • ● D3 D2 • • D4 • M

Receptiva Tradicional

• M

Oportunista Empreendedora

M M Alta Baixa

INTENSIDADE DAS RELAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO

Laços fracos Laços fortes

Adaptado de Higgins e Kram (2001).

Imagem

Figura 1: Perspectiva multidimensional do capital social  Fonte: Adaptada de Régis (2005)
Figura 2: Dimensões do Capital Social  Fonte: Adaptado de Régis (2005)
Tabela 01: Métricas para análise de redes sociais   Fonte: Guimarães e Melo (2005)
Figura 3: Exemplos de funções da mentoria.
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