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Educação em saúde: o olhar da equipe de saúde da família e a participação do usuário.

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Academic year: 2017

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: O OLHAR DA EQUI PE DE SAÚDE DA FAMÍ LI A E A

PARTI CI PAÇÃO DO USUÁRI O

1

Maria de Fát im a Ant ero Sousa Machado2 Neiva Francenely Cunha Vieira3

Est e est udo obj et ivou com preender a concepção e a at uação de Educação em Saúde pela Equipe de Saúde da Fam ília, obj et ivando a part icipação do usuário. Est udo qualit at ivo com usuários e profissionais do Program a Saúde da Fam ília ( PSF) , do m unicípio do Crat o, Ceará, Brasil. Os dados foram colet ados at ravés da ent revist a sem iest rut urada e observação, ent re m aio e set em bro de 2005, e organizados m ediant e análise de cont eúdo e à luz da lit erat ura. Evidenciou- se que a Educação em Saúde é percebida pelos profissionais com o orient ar e en sin ar a pr ev en ir doen ças. A par t icipação dos u su ár ios sign if icou escu t a e at en ção. Con clu i- se qu e os profissionais do PSF necessit am am pliar a com preensão de educação em saúde e de est rat égias educat ivas, cult uralm ent e significat ivas, para que a part icipação e decisão de m udanças de com port am ent o em saúde dos usuários sej am livres e conscient es.

DESCRI TORES: prom oção da saúde; educação em saúde; part icipação com unit ária; program a saúde da fam ília

HEALTH EDUCATI ON: THE FAMI LY HEALTH TEAMS’ PERSPECTI VE AND

CLI ENTS’ PARTI CI PATI ON

This st udy aim ed t o underst and t he concept ion and perform ance of healt h educat ion developed by t he Fam ily Health Team with a view to clients’ participation. Qualitative study carried out with clients and professionals at t he Fam ily Healt h Program ( FHP) in Crat o, CE, Brazil. Dat a were collect ed t hrough sem i- st ruct ured int erviews and observat ion bet ween May and Sept em ber, 2005. Dat a were organized according t o cont ent analysis and lit er at ur e. Findings indicat e t hat pr ofessionals v iew healt h educat ion as guidance and t eaching focused on disease prevention and the participation of clients is perceived as listening and attention. Thus, FHP professionals need t o broaden t heir underst anding of healt h educat ion and educat ive st rat egies, which should be cult urally m eaningful, so that clients freely and consciously decide on their participation and behavioral change in health.

DESCRI PTORS: healt h prom ot ion; healt h educat ion; consum er part icipat ion; fam ily healt h program

EDUCACI ÓN EN SALUD: PERSPECTI VA DEL EQUI PO DE SALUD DE LA FAMI LI A

Y LA PARTI CI PACI ÓN DEL USUARI O

Este estudio tuvo com o obj etivo com prender la concepción y la actuación en Educación en Salud por parte del Equipo de Salud de la Fam ilia buscando la part icipación del usuario. Se t rat a de un est udio cualit at ivo con usuar ios y pr ofesionales del Pr ogr am a Salud de la Fam ilia ( PSF) , del Municipio de Cr at o, est ado de Cear á, Br asil. Los dat os fuer on r ecolect ados a t r av és de una ent r ev ist a sem iest r uct ur ada y de obser v ación, ent r e m ayo y sept iem br e de 2005; fuer on or ganizados m ediant e análisis de cont enido con base en la lit er at ur a. Evidenciam os que el proceso educat ivo es percibido por los profesionales com o orient ar y enseñar a prevenir enfer m edades. La par t icipación de los usuar ios significó escuchar y pr est ar at ención. Se concluy e que los profesionales del PSF necesit an am pliar la com prensión de la educación en salud y de est rat egias educat ivas culturalm ente significativas para que la participación y decisión de cam bios de com portam iento en salud de los usuarios sean libres y conscient es.

DESCRI PTORES: pr om oción de la salud; educación en salud; par t icipación com unit ar ia; pr ogr am a de salud fam iliar

1Artigo extraído de Tese de Doutorado; 2Enferm eira, Doutor em Enferm agem , Professor da Universidade Regional do Cariri e da Universidade de Fortaleza,

(2)

I NTRODUÇÃO

A

educação em saúde e a part icipação dos

u su á r i o s sã o e l e m e n t o s e sse n ci a i s p a r a q u e a s m udanças pessoais e est rut urais ocorram nas ações d e p r o m o ção d a saú d e. Essas af i r m at i v as est ão present es desde a prim eira conferência int ernacional de saúde, através da Carta de Ottawa, de 1986. Esse m o v i m en t o i n t er n a ci o n a l f o i seg u i d o p o r o u t r a s conferências que t êm rat ificado a direção para m aior int eração ent re profissionais e usuários, valorizando sobrem odo as ações de pr evenção e de cuidados à saú d e, n u m a d im en são sociossan it ár ia, in clu siv a, ecológica e solidária para a m elhoria da qualidade de vida( 1).

As a çõ e s d e e d u ca çã o e m sa ú d e , n u m a concepção am pliada de cuidado de saúde, requerem a participação do usuário na m obilização, capacitação e desenvolvim ent o de apr endizagem de habilidades individuais e sociais para lidar com os processos de saú d e- d oen ça, est en d en d o- se à con cr et ização d e polít icas publicas saudáveis.

Os profissionais de saúde e usuários são os at or es sociais q u e est ão em con t ín u a in t er ação. Portanto, o proj eto terapêutico deve incorporar ações de cuidado à saúde que t ranscenda a clínica lim it ada à cu r a d e d o e n ça e v a l o r i ze o co n t e x t o , o s det er m inant es sociais, a subj et iv idade do pr ocesso saú de- doen ça, bem com o a in ser ção dos u su ár ios com o ser es at iv os, aut ônom os e par t icipat iv os. Ao se utilizar o term o proj eto terapêutico com o itinerário par a o plano de cuidados, adot a- se a com pr eensão de que a prom oção da saúde é a finalidade precípua na at uação dos profissionais de saúde em t odos os níveis de assistência. Esse entendim ento requer visão m ult idisciplinar e com plex a de v ar iedade de ações, d e m o n st r a n d o q u e n ó s, p r o f i ssi o n a i s, d e v e m o s super ar a v isão t r adicional e lim it ada de cuidado à d o e n ça , i n cl u si v e d e p a ci e n t e s e m t r a t a m e n t o , encor aj ando- os a adot ar as m udanças t em por ár ias o u p e r m a n e n t e s, r e su l t a n t e s d o s p r o ce sso s d e adoecim ent o e/ ou sofrim ent o( 2).

Re a f i r m a r a p r o m o çã o d a sa ú d e co m o finalidade do proj et o t erapêut ico im plica t ransform ar as inst it uições de saúde, com o hospit ais ou unidades básicas de saúde, em or ganizações saudáv eis que desenvolvam a cult ura de valorização das pessoas e elas, por sua vez, possam part icipar e decidir sobre o s p l a n o s d e cu i d a d o s e m q u a l q u e r n ív e l d e assist ência à saúde( 3).

O poder e cont role das pessoas sobre o seu dest ino perm it e produzir ações concret as e efet ivas n a t o m a d a d e d e ci sã o p a r a o a t e n d i m e n t o d e pr ior idades, n a def in ição de est r at égias e n a su a im plem ent ação, visando a m elhoria das condições de saúde, de form a que os indivíduos possam enfrent ar as div er sas fases da ex ist ência e as enfer m idades que podem ocorrer( 4).

O p o d e r e o co n t r o l e p e l o s u su á r i o s, ent ret ant o, só poderão ser exercidos at ravés de sua p l e n a p a r t i ci p a çã o n a Ed u ca çã o e m Sa ú d e . O Pr og r am a Saú d e d a Fam ília t em com o d ir et r iz a p r om oção d a saú d e, cab en d o à eq u ip e d e saú d e envidar t odos os esforços para que as m udanças de com por t am ent o par a a saúde ocor r am no cont ínuo processo de aprendizagem e participação dos usuários na form a do agir sobre si, na fam ília e no ent orno, possibilit ando a t ransform ação da pessoa em suj eit o at ivo e colet ivo.

De m odo ger al, a par t icipação da client ela n as ações edu cat iv as é passiv a e as sessões são conduzidas pela m er a t r ansm issão de infor m ações ditas por quem sabe ( os profissionais de saúde) para quem não sabe ( o client e)( 5). Essa form a de agir no pr ocesso educat iv o t em dist anciado as pessoas da opor t unidade de ident ificar seus pr oblem as, r eflet ir cr i t i ca m e n t e so b r e su a s ca u sa s e d e sco b r i r est r at égias, super ando os obst áculos na dir eção da prom oção da saúde at ravés de m udanças na própria vida( 6).

Essas reflexões conduziram ao obj et o dest e est udo que é com preender a concepção e a at uação de Edu cação em Saú de pela Equ ipe de Saú de da Fam ília, obj et ivando a part icipação do usuário.

MATERI AL E MÉTODO

(3)

A colet a de dados foi r ealizada at r av és de ent r ev ist a sem iest ut ur ada e obser v ação pr ov ida de u m ch eck - l i st. O p r i m ei r o i n st r u m en t o u t i l i za d o consist iu de um a ent revist a direcionada aos usuários e out ra aos profissionais. As ent revist as abordaram aspect os r elacionados à par t icipação do usuár io no PSF, e f or am g r avad as m ed ian t e au t or ização d os in f or m an t es do est u do, e, qu an do n ão au t or izado pelos participantes, os dados foram , pela autoria desta pesquisa, r egist r ados m anualm ent e e, em seguida, lidos para o ent revist ado, para que confirm asse seus posicionam ent os. Som ent e um usuário se recusou ao procedim ento, sendo feito todo o registro de sua fala n o diár io de cam po. As en t r ev ist as, t an t o com os usuários com o com os profissionais, acont eceram na própria unidade básica de saúde, com duração de 30 a 50 m inutos.

As sessões ed u cat iv as ob ser v ad as f or am a q u e l a s p l a n e j a d a s e d e se n v o l v i d a s p e l o s profissionais das equipes, com t ópicos e est rat égias por eles escolhidos. Assim , foram palest ras, grupos e sala de espera e o núm ero de observações foi de duas a três por ESF.

Op t o u - se , co m o p r o ce d i m e n t o d e or gan ização de dados, pelo m ét odo de an álise de co n t e ú d o , o q u a l o r i e n t o u a co n st r u çã o d a s cat eg or ias( 7 ). Essas cat eg or ias f or m ar am o m ap a

conceit ual de análise de com o a Educação em Saúde acont ece dent ro do Program a Saúde da Fam ília.

A análise dos dados foi subm et ida à luz da lit er at u r a r ev isada par a a pesqu isa, n os eix os da Pr o m o çã o d a Sa ú d e , Ed u ca çã o e m Sa ú d e , Part icipação e Program a Saúde da Fam ília.

Subm et eu- se o proj et o dest a invest igação à ap r eciação d o Com it ê d e Ét ica em Pesq u isa e d o Com p lex o Hosp it alar d a Un iv er sid ad e Fed er al d o Cear á ( COMEPE) , cum pr indo as ex igências for m ais dispostas na Resolução 196/ 96, do Conselho Nacional d e Saú d e/ Min ist ér io d a Saú d e, q u e d isp õe sob r e pesquisas env olv endo ser es hum anos( 8), o qual foi

aprovado, conform e Parecer 86/ 05 do referido órgão.

RESULTADOS

Os dados dest e est udo repousam na relação d a Eq u i p e d e Sa ú d e d a Fa m íl i a n o p r o cesso d e trabalho de Educação em Saúde. I nicialm ente, optou-se p or ap r eoptou-sen t ar com o a eq u ip e com p r een d e a educação em saúde, em seguida a part icipação e a

m anifest ação dos usuár ios sobr e sua inser ção nas ações educat iv as.

A com p r een são d os p r of ission ais d as ESFs sob r e Educação em Saúde

Os pr ofissionais ent r ev ist ados ent endem a Educação em Saúde com o t ransm issão de cont eúdo, t r o ca d e i n f o r m a çã o , i n st r u çã o , co n d u çã o d a co m p r e e n sã o , o r i e n t a çã o , e scl a r e ci m e n t o s, ensinam ent os e prevenção de doenças. Os enfoques n a p r ev en çã o d a s d o en ça s est ã o p r esen t es n o s r elat os d esses in f or m an t es, com o n os d ad os d as obser v ações r ealizadas j u n t o às ESFs, qu an do os t em as abordados pelas equipes nas palest ras foram definidos por ciclo de vida ou patologias, apenas duas t rat avam do pré- nat al e um a de saúde bucal.

Eu com preendo educação em saúde a inst rução que

você passa através dos profissionais ( Médico 1) .

Eu acho que é a gente está interagindo o profissional e

o cliente no caso e que a gente troque assim inform ações e que ele

venha e você depois possa detectar se ele está entendendo isso,

porque a gente passa m uita inform ação, m as não sabe se essa

pessoa está sendo educada em relação à saúde ( Enferm eira 1) .

A gente passar o que é de m elhor pras pessoas, saber

conversar, a gente tem que orientar, dizer tudo direitinho pra que

eles façam assim suas higiene, seu tratam ento bem - feito( Aux.

Enf. 1) .

A educação em saúde é a gente levar eles a entender e

se prevenir das doenças .( ACS 1.2) .

É u m t r ab al h o v o l t ad o p r i n ci p al m en t e p ar a as

com unidades carentes, é um trabalho que tem que trabalhar nas

escolas, na com unidade, na fam ília, pra t er um a saúde de

qualidade( Enferm eira 4) .

A percepção dos profissionais da ESF acerca da Educação em Saúde t em enfoque na pr ev enção de doenças. Obser v a- se pr edom inância dos t em as a b o r d a d o s n a s se ssõ e s e d u ca t i v a s n a á r e a d o s det erm inant es biológicos da doença.

ESF e sua at uação em out ros cenários

(4)

cr eches ex ist ent es na com unidade, bem com o com out r os ór gãos do m unicípio, da busca de par cer ias co m o u t r o s se g m e n t o s d a so ci e d a d e p a r a o desenvolvim ent o de at ividades educat ivas j unt o aos usuár ios.

A gent e t em os gr upos de hiper t ensos, de gest ant e,

a gent e t em um gr upo com a escola, a gent e sem pr e est á

t r abalhando com a escola e aqui na cr eche com gr upos de

m ães ( Enfer m eir a 1) .

Nós trabalham os tam bém com a escola, sem pre que eu

peço lá um a sala e tam bém os alunos pra gente dá um a palestra,

ela sem pre libera ( ACS 3.1) .

Quando a gente vai fazer uma atividade, chama o pessoal

da FNS ( Fundação Nacional de Saúde) , eles dão palest ras, ensinam a fazer m ult im ist ura ( ACS 5.2) .

A u t ilização d e p ot en ciais d a com u n id ad e r e p r e se n t a e st r a t é g i a i m p o r t a n t e n o p r o ce sso educat ivo. A ESF deve valorizar grupos exist ent es na com unidade, qualquer que sej a a nat ur eza de sua form ação. O estudo teve a oportunidade de encontrar um gr upo or ganizado em um a das ár eas adst r it as, ex i st en t e n a co m u n i d a d e h á m a i s d e d ez a n o s, com post o por m ulher es, t endo a m úsica e a dança regional com o obj et ivo da sua form ação. Regist rou-se, em um dos m om entos observados, o envolvim ento das com ponentes do grupo com todos os profissionais da equipe, inclusive part icipando da program ação da se ssã o e d u ca t i v a , a p r e se n t a n d o u m a m ú si ca com posta pelo próprio grupo com enfoque na dengue.

Par t icipação dos usuár ios

Os p r of ission ais t r azem n as su as f alas a f or m a d e p ar t icip ação d os u su ár ios n as ações d e Ed u cação em Saú d e, d esen v olv id as p ela eq u ip e, co m o : p ar t i ci p ação d e f o r m a ai n d a p r ecár i a, h á desint eresse, subsidiada pela coerção m at erial, m as tam bém j á trocam ideias e tiram dúvidas. Alguns tipos de r ecur sos, de que se valem os pr ofissionais par a est im u lar a par t icipação do u su ár io n as ações de Educação em Saúde, são pr ej udiciais. Não se pode esquecer de que recursos com o barganha e coerção com prom et em a part icipação. O uso desses recursos r e f o r ça p r á t i ca s co m o o cl i e n t e l i sm o e o assistencialism o e, no m om ento em que esses deixam de ex ist ir, os usuár ios não m ais par t icipam . Sendo assim , o processo educativo deve ser consciente, livre e d e e sp o n t â n e a v o n t a d e , p o r e sco l h a p a r a a

participação, por opção de vivenciar a ação educativa, e n ã o e st i m u l a d o p o r q u a l q u e r m e ca n i sm o d e bar gan h a.

Eu acho ainda precária a participação do usuário dentro

do processo de educação em saúde, tam bém a participação no

serviço ainda é precária ( Médico 1) .

Elas ainda part icipam pouco, eu fiz um grupo de saúde

da m ulher , fiz palest r as com elas e em r elação ao núm er o de

m ulheres que eu t enho na área, vieram poucas ( Enferm eira 1) .

Pr est am at enção, eles falam , t r ocam ideias, dão

exem plos tam bém , é bacana ( Aux. Enf 1) .

Eles escut am , pergunt am pouco na hora de t irar suas

dúvidas por vergonha ou por m edo ( ACS 3.3) .

A com unidade, a m aioria, não tem quase interesse pra

isso aí, é tanto que é difícil a gente reunir. A gente m arca, pega

um a fit a, um a coisa pra passar pra eles, aparece dois, t rês,

quatro...eles não são m uito interessados nisso não, só naquelas

ações que vai trazer benefício pra elas( ACS 4.3) .

No início havia m uita falta, m as aí a gente com eçou a

sentar e criar estratégia para trabalhar, por exem plo, se nós tem os

dez gestante e elas não querem ir à reunião, a gente leva um

brinde pra sortear, leva um a lem brancinha para o enxoval de cada

um a delas, a gente com eçou a incentivar dessa form a e elas

com eçaram a não faltar m ais às reuniões( ACS 5.3) .

Respost as dos usuár ios nas ações de Educação em Saú d e

Merece dest aque a form a com o os usuários p ar t icip av am d as ações d e Ed u cação em Saú d e, desenvolvidas pela ESF, conform e enfatizado em suas falas com o espaço de escut a, aprendizado, e, apesar de tím ido, j á se tem registro de m ultiplicadores a partir do pr ocesso.

Ela estava explicando sobre a lim peza, a higiene dos

dentes da criança que quando nasce com um ano j á tem que

cuidar dos dentinhos dele e daí por diante. Não fiz pergunta não

porque eu no m om ento não estava preparada (U-1.3).

A gente aprende com elas e depois passa pro nosso

grupo m irim e passa tam bém pra nossas m ulheres porque nós

som os dezessete m ulheres no nosso grupo( U- 1.4) .

Eu n ão p er g u n t o n ão, o q u e eles v ão f alan d o eu

v ou gr av ando na m inha m em ór ia e v ou usar o que for m elhor

( U- 1 . 6 ) .

Eu gost o de part icipar ouvindo e se não ent ender

pergunt ar, m ost rando o m eu int eresse( U- 2.6) .

(5)

e r euniões, apr endendo para prat icar, r epr oduzindo a inform ação recebida, ou pergunt ando.

O m odo de part icipar do processo educat ivo dent ro do PSF, expresso pelos usuários, est á volt ado par a pr át icas nor m at ivas.

D i f i cu l d ad es d a ESF p ar a o d esen v o l v i m en t o d a Educação em Saúde

As dif icu ldades cit adas pelos pr of ission ais foram de natureza de gestão. Barreiras de organização de pr ocessos de t r abalho pela gr ande dem anda do ser v i ço q u e g er a a o r d em d e p r i o r i d a d e p a r a o at en d im en t o e, ain d a, p ela au sên cia d e r ecu r sos t écnicos par a ot im izar a com unicação ent r e ESF e u su á r i o s, co m o m a t e r i a l d i d á t i co e r e cu r so s audiov isuais.

Os recursos sem pre são difíceis pra gente conseguir,

assim o transporte pra locom oção, em term os de m aterial didático

essas coisas pra fazer as palestras ( Médico 1) .

A gent e não dispõe de DVD, não dispõe de slides,

m as a equipe lev a uns bom bons, um lanche, pr eser v at iv o, t á

sem p r e p r ocu r an d o r en ov ar e ch am a, e m ob ilizar esses

adolescent es pr a que eles par t icipem , por que adolescent e é

m uit o difícil de segur ar , se não fizer um a coisa bem at r at iv a,

eles fogem ( Enfer m eir a 4) .

Um a dificuldade é a dem anda daqui do posto é m uito

grande, então por enquanto essa realização de palestras são m uito

poucas, eu acredito que deveria ser m ais, m as a gente não dispõe

de m uito tem po pra isso ( Aux. Enf. 4) .

DI SCUSSÃO

A Educação em Saúde praticada nos serviços encont ra- se ainda cent rada nas pessoas doent es ou naquelas suscet íveis a alt er ações de seu est ado de saúde, por sua vez, o profissional direciona suas ações para indivíduos que procuram os serviços de saúde por algu m a possív el pat ologia( 9 ), isso t am bém f oi

evidenciado nest e est udo.

Nesse sen t id o, as ações d e Ed u cação em Saú d e, r ealizad as p elas ESF, são or ien t ad as p ar a p r o ce sso s n o r m a t i v o s e se n t i d a s a p a r t i r d a s d e m a n d a s d o s u su á r i o s. O p r o ce sso e d u ca t i v o norm at ivo acont ece de form a vert icalizada, ou sej a, o s p r o f i ssi o n ai s d ef i n em o q u e ab o r d ar, co m o e quando o processo deve acont ecer( 10).

Ev i d e n ci a - se , a i n d a , q u e , n o co n t e x t o est u dado, as ações de Edu cação em Saú de f icam

restritas a sets, ou sej a, as práticas eram planej adas pelas equipes, de m odo a at ender o cronogram a de atendim ento do Program a, com dia e hora m arcados, e podendo ser na própria unidade ou em outro espaço da área adstrita. Certam ente essa conduta da equipe delim ita por dem ais a am plitude das ações pertinentes à Educação em Saúde quando assum em o aspect o de ações ordenadas e norm at izadas, não havendo a r eflex ão acer ca de out r os espaços, t am bém , com o educacionais. Sob essa ópt ica, o processo educat ivo fica lim it ado a sessões educat ivas program adas sem se r e m p e n sa d a s co m o p r á t i ca s p e r m a n e n t e s e cont inuadas, realizadas no cot idiano do PSF.

A coerção silenciosa adot ada pela ESF para est im ular a par t icipação dos usuár ios, no pr ocesso educativo, fere os princípios de liberdade e de escolha de decisão. A educação é um at o colet ivo e solidário que não pode ser im posto, ou sej a, lado a lado é que se aprende, e o educador não pode trazer, pronto do seu m undo, o seu saber, o seu m ét odo( 11). Assim , a

Ed u ca çã o e m Sa ú d e d e v e co n t r i b u i r p a r a a co n sci e n t i za çã o i n d i v i d u a l e co l e t i v a d a s r e sp o n sa b i l i d a d e s e d o s d i r e i t o s d a p o p u l a çã o , estim ulando a participação popular( 12). Nesse sentido, d e st a ca - se q u e sã o e x t r e m a m e n t e b e m - v i n d a s e st r a t é g i a s e d u ca t i v a s e m q u e se e n co n t r a m a co m u n i d a d e co m a ESF, a m b a s d e sco b r i n d o e v alor izan d o seu p ot en cial, e d e ou t r os p ar ceir os exist ent es no m unicípio, na t roca de experiências e saberes( 13).

A g est ão d o s ser v i ço s p ar a as açõ es d e Educação em Saúde foi apont ada com o barreira para o desenv olv im ent o dessa at iv idade. Ent r et ant o, as q u e i x a s d a ESF q u a n t o à a u sê n ci a d e r e cu r so s audiovisuais e m ateriais didáticos com o lim itantes não deve inibir essa pr át ica, lem br ando que o pr ocesso ed u cat iv o ocor r e com p essoas, t or n an d o- se m ais im portante do que os recursos. Dessa form a, postula-se o argum ento de que a sua valorização no processo pode super ar qualquer out r a dificuldade. A cult ur a local, r odas de conver sas, for m as de m obilização e diálogo, e outros recursos e m eios existentes na área adstrita devem ser conhecidos pelos profissionais, que n ão podem se r est r in gir a im por t ar r ecu r sos par a ut ilizar dent ro da com unidade. É a ESF que deve se int egr ar às for m as de com unicação da com unidade local.

(6)

i m p o r t a n t e o b se r v a r a i n t e g r a çã o d a cu l t u r a h u m an íst ica e cu lt u r a cien t íf ica, n a qu al se t or n a n ecessár io qu e o pr ofission al v alor ize o su j eit o, o cont ex t o e a cult ur a no seu fazer cot idiano( 14). Na

educação, deve- se valorizar o que é significat ivo, o q u e é si m b o l i ca m e n t e v i sív e l p a r a o s su j e i t o s envolvidos( 15). Os equipam ent os t ecnológicos cit ados pelos pr ofission ais podem n ão ser sim bolicam en t e v i sív e i s p a r a o s u su á r i o s, t a l v e z o q u e é sim bolicam ent e sensív el par a esses sej a escut ar a noção de que, dent r o do cont ex t o de v ida que ele t e m , h á o u t r a s p e sso a s v i v e n d o e m si t u a çõ e s se m e l h a n t e s à su a , a í si m , n a d i scu ssã o e con t ex t u alização do f at o, o gr u po pode cr escer e desenvolver um processo de aprendizagem de saúde e cidadania.

No que se refere à participação dos usuários n as at iv id ad es d e Ed u cação em Saú d e d en t r o d o Pr ogr am a, h á div er gên cia en t r e as n ar r at iv as dos p r o f i ssi o n a i s e u su á r i o s. Nã o h á , p o r p a r t e d o s usuários, relat os de que nessa prát ica há m om ent os de t roca de ideias e experiências.

Pa r t i ci p a çã o é u m a t o p r o ce ssu a l d e co n q u i st a d o su j e i t o n a co n st r u çã o co l e t i v a( 1 6 ).

Com pr een de- se a par t icipação com o pr ocesso qu e im p lica con q u ist a, com p r om isso, en v olv im en t o e com part ilham ent o, possibilit ando ao indivíduo form ar um a consciência crítica sobre a realidade na qual está inserido e, dessa form a, t ornar- se um ser aut ônom o e em ancipado, podendo t om ar decisões que afet em , não apenas sua vida, m as t am bém da sua fam ília e d a co l et i v i d ad e. Nessa co n cep ção , i n ser e- se u m su j e i t o ci d a d ã o , i d e a l i za d o e a l m e j a d o p a r a a efet ivação do proj et o da prom oção da saúde.

O m odelo “ biologicist a” , cent rado na doença ainda é forte no País, quer sej a incorporado na prática dos pr ofissionais ou na per cepção da população. O PSF foi propost o com o um a dinâm ica diferent e para a or ganização dos ser v iços básicos de saúde, bem

com o para a sua relação com a com unidade. Faz- se n e ce ssá r i o q u e o s p r o f i ssi o n a i s t e n h a m v i sã o si st ê m i ca e i n t e g r a l d o i n d i v íd u o e d a f a m íl i a , t r a b a l h a n d o co m su a s r e a i s n e ce ssi d a d e s e disponibilidades, valendo- se de prát ica t ecnicam ent e com petente e hum anizada, pelas ações de prom oção, prot eção e recuperação da saúde( 17).

CONSI DERAÇÕES

Educação em Saúde dent r o do Pr ogr am a é percebida pelos profissionais da ESF com o est rat égia cap az d e t r an sm it ir con t eú d os, in f or m ar, in st r u ir, orientar e ensinar, principalm ente, a prevenir doenças. Já se registra participação dos usuários nas ações de Ed u cação em Saú d e, m esm o q u e ain d a d e f or m a incipient e.

Merece destaque o fato de a Equipe de Saúde da Fam ília lançar m ão dos pot enciais ex ist ent es na com u n id ad e, b em com o d e ou t r os seg m en t os d a so ci ed ad e, p ar a o d esen v o l v i m en t o d as p r át i cas educat ivas. Os profissionais reconhecem dificuldades par a a r ealização dessas pr át icas. Nesse sen t ido, entende- se que a ESF deve tam bém dialogar com os usuários e buscar out ras form as de m obilização.

Acr edit a- se, t am bém , qu e a Edu cação em Saú d e n o Pr og r am a Saú d e d a Fam ília r ep r esen t a fer r am ent a capaz de m udar o com por t am ent o dos usuários em prol da prom oção da saúde. Ent ret ant o, est e est udo infere que as polít icas de im plem ent ação de prom oção da saúde ainda são ações em curso. As práticas dos profissionais de saúde, no âm bito do PSF, n e ce ssi t a m a i n d a a m p l i a r su a co m p r e e n sã o d e e d u ca çã o e m sa ú d e e d e u so d e e st r a t é g i a s educativas que sej am culturalm ente significativas para q u e a p a r t i ci p a çã o e d e ci sã o d e m u d a n ça s d e com port am ent o em saúde dos usuários sej am livres e conscient es.

REFERÊNCI AS

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