GESTÃODALOGÍSTICADACAPTAÇÃODELEITEDE
UMACOOPERATIVAAGROPECUÁRIA
RicardoSilveiraMartins DéboraSilvaLobo WeimarFreiredaRochaJúnior HomeroFernandesdeOliveira GrupodePesquisasemTransportes,LogísticaeModelagemdeSistemas.
UniversidadeEstadualdoOestedoParaná(Unioeste), C.P.520,CEP85900-970Toledo-PR,Brasil, e-mail:ricleimartins@uol.com.br,dslobo@uol.com.br,wrocha@unioeste.br, sistemas@fasul.com.br
PaulodoCarmoMartins LuizCarlosTakaoYamaguchi EmbrapaGadodeLeite,RuaEugêniodoNascimento,610, DomBosco,CEP36038-330,JuizdeFora-MG,Brasil e-mail:takao@cnpgl.embrapa.br,pmartins@cnpgl.embrapa.br
Recebidoem14/5/2004 Aceitoem22/10/2004
v.11,n.3,p.429-440,set.-dez.2004
Resumo
Oobjetivogeraldesteartigoéapresentarodesenvolvimentoeimplementaçãodaracionalizaçãodagestãoda logísticadecaptaçãodeleitenaCooperativaAgropecuáriaCastrolanda(PR).Talpreocupaçãotemreferênciasna reestruturaçãoexperimentadapelosetorenoprocessodegranelizaçãodacoleta,queviabilizouaimplementaçãode novalogística.OmodeloutilizouaheurísticadaseconomiasdeClarkeWright(CW),minimizandoadistânciatotal percorrida,comoumaproxydoscustosdetransporte,sujeitaàsrestriçãodeproduçãonaspropriedades,capacida-dedostanques,tipodecaminhãoacessívelnasestradasprincipais,secundáriasenasviasdeacesso.Asprincipais conclusõesquepodemserextraídasdestetrabalhoreferem-seàsvantagensoferecidaspelomodelodesenvolvidoem relaçãoàssistemáticasempíricaseaosmodeloscomerciaisimportados,queforamoriginalmentedesenvolvidospara solucionarproblemasdeotimizaçãoaplicáveisaosmeiosurbanos.
Palavras-chave:agronegóciodoleite,logística,pesquisaoperacional.
1.Introdução
Oagronegóciodoleitetemsidomarcadoportransfor-maçõessubstanciaisapartirdosanosde1990.Emnível institucional,em1992,oEstadodeixoudetabelarospre-ços,nosdiversosníveis,apósmaisde45anosdecontrole nomercado.Noplanomacroeconômico,aestabilização da economia (Plano Real) possibilitou um significativo crescimentodademandaporlácteos.
Notocanteàproduçãoprimária,oincrementodaati- vidadenaregiãoCentro-Oestealcançouníveisextrema-mentesignificativos,colocandooestadodeGoiásdentre os expoentes da produção nacional. Como resultado, a produçãoprimáriacresceusubstancialmente,de14,5bi-lhões de litros em 1990 para 19,1 biproduçãoprimáriacresceusubstancialmente,de14,5bi-lhões de litros em 1999,oquerepresentouumataxadecrescimentoanual de3,31%,comumaumentodeprodutividadede5,51%
a.a. (Yamaguchi et al., 2001). Isso implicou colocar o Brasil como o 6º maior produtor mundial (Brandão e Leite,2001).
O crescimento da demanda também impulsionou as importaçõeseoBrasiltornou-seooitavomaiorimpor-tadormundialdeleite,oquerepresentouumamédiade comprometimento de divisas de US$ 400 milhões/ano nosanos90(Martins,2001).
comareorganizaçãodoscanaisviabilizadosporinova-çõesnosetor,noníveldaprodução,daembalagemeda logística(Martinsetal.,1999).
No plano operacional, as transformações tiveram comofocoaqualidadedamatéria-prima,materializadas na granelização da coleta e do transporte e no resfria-mentodoleitenapropriedade.Atéaprimeirametadedos anosnoventa,oleiteeraordenhadonaspropriedadese levado diretamente até as usinas de beneficiamento em caminhões comuns, acondicionado em latões. A partir da segunda metade da década, foi introduzida, e rapi-damente disseminada, a coleta a granel no Brasil, com transportefeitoporcaminhõescomtanquesisotérmicos. Aimplantaçãodosistemadecoletadeleiteagranel,no Brasil,transcorredeformarápidaapontodeserconside-radacomoumadasmaisaceleradasdomundo,indoao encontro do Programa Nacional de Qualidade do Leite (PNQL), instituído pelo Ministério daAgricultura e do Abastecimento.Essatransiçãoocorreudeformamaisin-tensanoEstadodoRioGrandedoSul,queatualmente possui100%doleiteproduzidonaformagranelizada.O PNQLprevêagranelizaçãototalnasregiõesSul,Sudeste eCentro-Oesteatéoanode2005e,atéoanode2011, nasregiõesNorteeNordeste. Nosprincipaisestadospro- dutores,acoletagranelizadajápredominadentreossis-temasdecaptaçãoutilizados(Figura1).
Acoletadeleiteagranelproduzinúmerastransforma-
çõesnoagronegóciodoleite.Essesistemadecoletare- duzoscustosdecaptaçãodamatéria-prima,eliminapos-tosderesfriamento,aumentaaprodutividadenafazenda eaumentasensivelmenteaqualidadedoleitequechega paraprocessamentonasindústrias.Oprocessoconsiste nacoletadoproduto“innatura ”resfriadonasproprieda-desesuatransferênciadiretamentedoresfriadorparaos caminhões-tanquesisotérmicos,porummangoteflexível ebombaespecialauto-aspirante.Esseprocessopossibi-lita que o leite recolhido na propriedade conserve suas propriedadespeloresfriamentoimediato(Sobrinhoetal., 1995;JankeGalan,1998).
Aintroduçãodoconceitodelogísticadetransporteno agronegóciodoleitepossibilitaofechamentodepostos deresfriamento,areduçãoderotasdecoletaeoaumento daquantidadedecargatransportadaporveículo,resultan-doemsignificativaseconomiasnoscustosdetransporte (Martinsetal.,1999)eemganhosemqualidade(Sobri-nhoetal.,1995).ATabela1detalhaalgunsparâmetros quepodemilustrarestesganhos.
Osnovosprocedimentosadotadosreferentesàsope-raçõeslogísticas,contudo,deram-se,emgeral,demodo empírico.Comapressãopermanentedeprodutosimpor- tados,quasesempresubsidiadosnaorigem,eodistan-ciamentodaproduçãoemrelaçãoaosprincipaiscentros de consumo, as empresas reconhecem a dificuldade de incorporaçãodenovasferramentasquereduzamocusto decaptaçãoeotimizemaslinhas,afrotaealocalização dospostosderesfriamento.
NoBrasil,somenteasmaioresempresasdosetores-tãoimplantandoprocessosderacionalizaçãocomusode ferramenta específica. Pela inexistência de alternativas que considerem as características nacionais e de negó-ciosrurais,estasempresasestãosevalendodesoftwares importadoscustomizados(dentrodesuasrestriçõesori- ginaisdeaplicabilidadeaosetor)edesenvolvidosorigi-nalmenteàcaptaçãodelixourbanoouadistribuiçãode gásdecozinha.
Oobjetivodesteartigoéaapresentaçãodosresultados do desenvolvimento e implementação de umsoftware
paracaptaçãodeleitenaCooperativaAgropecuáriaCas- Figura1.Percentualdegranelizaçãodoleitecapta-dopelascooperativas,segundoosestadosbrasileiros
(2002).Fonte:NogueiraNetto(2003).
Tabela1.ParâmetrosdecomparaçãocoletagranelecoletaemlatõesparaoleitenaCooperativaSudcoop (Medianeira-PR).
Parâmetros Coletaemlatões (dezembrode1992)
Coletaagranel (maiode1999)
Recepçãodeleite 8.690.820,0 10.361.905,0
Númerodeprodutores 7.389,0 3.693,0
Médialitros/dia/produtor 37,9 90,5
Númerodelinhas 135,0 62,0
Númerodeveículos 142,0 52,0
Númerodeviagens/dia 173,0 72,0
Volumemédio/veículo 1.974,0 6.428,0
Temperaturamédialeite(°C) 22,0 6,2
Fonte:Fonseca(2001)
95% 89% 88%
79% 78% 78%
49% 41%
24% 17% 79%
SC SP MG PR RS GO ES RJ MS BA Brasil
trolandanoEstadodoParaná,localemquefoiconcebida umaferramentadegestãoágilesegura(software espe-cífico)quepossibilitouoaprimoramentodoprocessode captaçãodeleitejuntoaosprodutoresrurais,nosaspec-toscustosdecaptaçãoefrota.
Apróximaseçãoapresentaoformatogeraldoproble-maeomodeloutilizado,bemcomoaheurísticautilizada eosdados.Naseção3,sãoapresentadosediscutidosos resultadosobtidosnoprocessoderacionalização,apre- sentandoaformaçãoderotaseavaliandoalgunsindica-doresrelativosàeficiênciadacoletaroteirizada,algumas estratégiaspossíveisparaaprimoramentodosresultados eosresultadosemtermosdecustosdacoleta,porregião e rota. Finalmente, contextualizam-se os resultados em relaçãoaoefeitodaimplementaçãodacoletaracionali-zadaeaonovoprocessoderoteirizaçãogerenciadacom apoiodeferramentaespecíficanaempresa.
2.Materialemétodos
Nestaseção,sãoapresentadasmaisinformaçõessobre oprocessoaserotimizado,comdetalhamentodaáreage- ográficaatingida,modelagem,definiçãodeagrupamen-tosecaracterísticasdosdadosutilizados.
2.1CooperativaAgropecuáriaCastrolanda
ACooperativaAgropecuáriaCastrolandafoifundada por imigrantes holandeses, no ano de 1951, em Castro (PR). Encontra-se inserida no segmento agropecuário, tendooleitecomoumdosprincipaisprodutoscomercia- lizados.Acooperativareúne563associados,206bovino-cultoreseumrebanhode13.000vacas,paraumaprodução média em torno de 1.200 litros/dia/fornecedor (informa-çõesdisponíveisnosítiowww.castrolanda.coop.br).
ACastrolandaparticipadopool ABC-Arapoti,Ba-tavo e Castrolanda –, desde sua criação em 2001, que comercializa conjuntamente mais de 400 mil litros de leiteresfriadospordia.Afunçãodopoolécaptarleitede formaeficienteenegociaravendadosconsorciadosnas melhorescondiçõespossíveis,semaindustrializaçãoou qualquerbeneficiamento.
AscaracterísticasdaregiãodeatuaçãodaCastrolanda podemserresumidasnoelevadovolumedeleiteedistân- ciasrelativamentepequenasentreaspropriedades,exce-lentepadrãodesanidadedoproduto,boainfra-estrutura deestradasrurais,elevadoníveldetecnificaçãodopro-dutorebaixasazonalidadedaprodução.
2.2Processodeformataçãodoproblema
edamodelagem
Oprocessodecoletadeleiteatualmentedesenvolvido pelaCooperativaCastrolandaéempírico.Aroteirização épreparadasemanalmentedeformaasecompatibilizar comasordenhasdosprodutoreseacapacidadedostan-ques de resfriamento.As coletas ocorrem diariamente,
gerenciando-seafrotadisponível.
Existem dois tipos de coletas: a coleta diária e em 48horas. O critério para definição do período de cole-taéarelaçãoentreaproduçãodiáriaeacapacidadedo tanquederesfriamento.Casoovolume,quepossaserar- mazenadonostanques,sejapelomenosodobrodapro-duçãodiária,acoletaocorreráacadadoisdias.Senão,a coletaserádiária.
Foramformadaslinhas,considerando-seotempopara coletaeasquantidadestotaiscoletadasnaspropriedades daslinhas.Algumasdestassãofixaseoutrasmóveis,isto é,podemserreformatadasdeacordocomasnecessida- desdecaptaçãoedisponibilidadedeveículos(capacida-dedetransporte).
O leite é vendido na modalidade FOB, num volume médiodiáriopróximodos500.000litros.Acooperativa informaasquantidadesaserementreguesaseusclientes, comasrespectivaslocalizações,easempresastomamas decisõesquantoàspropriedadesaseremcoletadas.Nes-seprocesso,acoletaéorganizadapelosprestadoresdo serviço,comoumaatividadedeapoioaoscompradores. Este percurso não tem remuneração específica, pois o compradorpagaaquilometragemrelativaàtransferência eaestaadiciona100km.
Osdestinossãobastanteregulares,poisexistemcontra-tosquegarantemdeterminadasquantidadesperiódicasque sãoentreguesnaprópriaCooperativaBatávia,localizada em Carambeí, integrante dopool, em localidades como Londrina,LobatoeToledo(PR):Araçatuba,Guaratingue-tá, Itararé,Araras, Ribeirão Preto e Buri (SP),Araquari (SC),PoçosdeCaldas(MG)eItumbiara(GO).Existem, porém,vendaseventuaisaclientesnãoregulares.
Osveículosutilizadosatualmentesãotoco(capacida-dede8.500litros),
truck
(capacidadede12.300-13.500 litros) e carreta (capacidade de 19.000-26.500 litros) e asrotassãobasicamentefixas,compequenasalterações paraoperíododepicodasafra.Umbancodedadossobreaspropriedadesfoicriado, sendoestabelecidasasvariáveisrelevantesnocaso,asaber: posicionamentogeográfico;tanquederesfriamento(capa- cidadeemarca);avaliaçãodascondiçõesdeacessodeve- ículos;horáriodasordenhas.Foramvisitadas461proprie-dadesparaolevantamentodetaisinformações.
Outro fator importante para o planejamento está no fato da escala de produção ser bastante diferente entre os produtores. A variação registrada esteve entre 70 e 27.000 litros/dia. Em termos de modelagem, essas he-terogeneidades podem ter repercussões no processo de formaçãoderotasparaveículoscomgrandesdiferenciais decapacidadedetransporte.
necessidadedequeaslinhassejamrefeitas,poismuitos produtoresquetinhamcoletaacada48horaspassama tercoletadiária.
Porúltimo,comofatoraserconsideradonaroteiriza- çãodacoleta,estáofatodequealgunsprodutoresneces-sitam que a coleta seja efetuada diariamente, enquanto queoutrospodemteracoletaacada48horas,emfunção dacapacidadedotanquederesfriamentoedaprodução diárianapropriedade.
2.3Modeloderacionalização
Aracionalizaçãodacoletadeleiteimplicadefinirma- tematicamenteomodeloaserestudado.Nestecaso,tra-ta-sedoProblemadePercursodeVeículosemVértices (PPV),umavezqueoobjetivoéminimizaropercursoda frotapassandoportodososprodutores(vértices).
ConformeGomes (1996), o PPV pode ser descrito comooproblemadedeterminaçãodeumconjuntoóti-moderotasdecoleta/entregaapartirdeumoumúltiplos depósitos, sobre um número de clientes dispersamente distribuídosemumaregiãogeográfica,sujeitoaumcon-juntoderestriçõeslaterais(demandamáximaconduzida nosveículos,tempodeserviço,distânciamáxima,horá- riosdeatendimento,etc.).AformulaçãogenéricadoPro-blemadePercursodeVeículospodesercolocadacomo sesegue.
Minimizar (1)
Sujeitoa (2)
(i=2,...,n), (3)
(p=1,...,n)(v=1,...,nv), (4)
(v=1,...,nv), (5)
(v=1,...,nv), (6)
(v=1,...,nv), (7)
(v=1,...,nv), (8)
,e (9)
(i,j=1,...,n)(v=1,...,nv). (10) emque:
n= númerodevérticescomdemandaincluindoodepó-sito;
nv=númerodeveículos;
cij=custodopercursodovérticeiparaovérticej; Qv=capacidadedoveículov;
qi=demandanovérticei,emqueq1=0eqi≤Qv,∀i,v;
Tv=tempomáximopermitidoparaoveículov;
=temponecessárioparaoveículov entregarourece-bernovérticei(tempodeserviçoemiporv); =tempodepercursodoveículoventreosvérticesi
ej, =∞;
= 1, se a ligação ij é usada pelo veículo v; 0, caso contrário;e
S =conjuntoformadopelasrestriçõesdequebrasdesub-rotasilegaisquenãoincluemovérticeorigem. A função objetivo (Equação 1) deseja minimizar o custototaldopercursodeumconjuntodeveículosiguais oudistintos.Asrestrições(Equações2e3)definemque cadavérticedemandaéservidoporexatamenteumveícu- lo.AsEquações4consideramacontinuidadedopercur-so(rota),ouseja,seumveículoentraemumvérticecom demandaeledevesair.AsEquações5sãoasrestrições decapacidadedosveículose,demodosimilar,asEqua-ções6sãorelativasaotempototaldarota.AsEquações7 e8garantemqueadisponibilidadedeveículosnãoserá excedida.Asrestrições(Equação9)representamaproi-biçãodesub-rotasilegais.Jáasrestrições(Equação10) definemasvariáveisdedecisãodomodelo.
Nocasoespecíficoemestudo,existemalgumaspecu- liaridadesqueprecisamserdefinidaseque,senãomu- damradicalmenteomodeloaserdesenvolvido,pelome-nos,alteramamaneiracomovãosertrabalhados.Uma delasdizrespeitoàaplicaçãodarestriçãodetempo,que nãofoiimplementada,umavezqueapráticademonstrou que as rotas são curtas o suficiente para que os veícu-losaspercorramdentrodoslimitesprevistos.Outradiz respeitoàsalternativasdeveículosnafrota:Toco,Truck eCarreta,comcapacidadede8.500litros,12.700litros e22.000litros,respectivamente.Cadapropriedadeaser atendidatemrestriçõesespecíficasquantoaotipodeve-ículoquepodefazeracoleta.Algumasaceitamqualquer tipo,outrasaceitamTruckeTocoe,porfim,existemas queaceitamapenasToco.Issosedeveàscondiçõesdas viasdeacesso(estradasruraiseviasinternasdaproprie-dade)eaotamanhodopátioparamanobras.
O esquema de coleta também foi observado.Alguns produtoresnecessitamdecoletadiária,enquantooutros podemteracoletafeitaemdiasalternados,umavezque osseustanquesdearmazenamentotêmcapacidadesufi-cienteparaestocaraproduçãodedoisdias.
Tendo em vista tais restrições, foi necessário buscar umaheurísticaquepudessesermodificadaafimdeaten-deraessaspeculiaridadessemquehouvesseumprejuízo considerávelparaoresultadofinal.
ébastanteconhecida,sendoaindamuitoutilizadacomo partedeoutrosprocedimentos.Foioriginalmentedesen-volvidapararesolveroproblemaclássicoderoteamento deveículos.Baseia-senanoçãodeeconomias,quepode serdefinidocomoocustodacombinação,ouunião,de duas sub-rotas existentes. Trata-se de uma heurística iterativadeconstruçãobaseadanumafunçãogulosade inserção.Oalgoritmoébastanteapropriadoparaopro-blemaemquestão,umavezquepermitealimitaçãodo tipodocaminhãoe,pornãorequerergrandecapacidade computacional,serdefácilimplementação.
Assume-se, inicialmente, que cada cliente é servido porumveículo,constituindo,assim,rotasdeidaevolta entreodepósitoeocliente.Sejacijafunçãodaviagem entreumclienteieumclientej ,podeserdefinidaapar-tirdeimpedâncias,taiscomodistânciapercorrida,tempo dedeslocamento,custo,ouumacombinaçãodestas,por exemplo.SegundoadefiniçãodeLiueShen(1999),duas rotas, contendo os clientesi ej podem ser combinadas, desdequeiejestejamounaprimeiraounaúltimaposição desuasrespectivasrotas,equeademandatotaldasrotas combinadasnãoultrapasseacapacidadedoveículo.
Emcadaiteração,todasascombinaçõesderotaspos-síveissãoanalisadaspor:
Tij=cid+cdj-cij (11)
emque:drepresentaabaseoperacionaleTij oganhoob- tidopelauniãodasduasrotas.Asduasrotas,queprodu-ziremamaioreconomiadecombinação,sãounidas.Por sersempreescolhidaamaioreconomiadentreaspossí-veis,afunçãodeescolhaéditagulosa.Comoacadanova combinação de sub-rotas as economias são novamente calculadaseatualizadasparaapróximacombinaçãode sub-rotas,ométodoéditoiterativo(LiueShen,1999).
Para melhor se entender este método, pode-se dizer quenaescolhadedoispontosiej paraconstituirase-qüênciadeumroteiro,procura-seselecionaroparcom maiorvalordoganhoTi,j.Hácombinações,noentanto, queviolamasrestriçõesdetempo,capacidade,etc.,não sendo,porisso,factíveis.Ométodoexploraesseconcei-to,sendodescritoaseguir:
1.CalcularosganhosTi,jparatodososparesi,j(i≠j,i≠ dej≠d);
2.Ordenarosparesi,jnaordemdecrescentedosvalores doganhoTi,j;
3.Começarpelopari,jcommaiorganhoTi,jeprocederna seqüênciaobtidaem;e
4.Paraumpardenósi,j,correspondenteaoK-ésimo ele-mentodaseqüência(2)verificarseiejestãoounão incluídosemumroteirojáexistente:
a)Seiejnãoforamincluídosemnenhumdosroteirosjá abertos,entãocriarumnovoroteirocomosnósiej; b) Se exatamente um dos pontosioujjá pertence a
umroteiropré-estabelecido,verificarseesseponto
é o primeiro ou último do roteiro (adjacente ao nó d–depósito).Seissoocorrer,acrescentaroarcoi, jaesseroteiro.Casocontrário,passarparaaetapa seguinte,saltandoopari,j;
c)Seambososnósiej jápertencemadoisroteirospré-estabelecidos(roteirosdiferentes),verificarseambos sãoextremosdosrespectivosroteiros(adjacentesao nód).Nessecaso,fundirosdoisroteirosemumsó. Casocontrário,passarparaaetapaseguinte,pulando opari,j;
d)Seambososnósiejpertencemaummesmoroteiro, irparaaetapaseguinte;e
e) Continuar o processo até que a lista completa de “ganhos”sejaexaurida.Sesobraralgumpontonão incluído em nenhum roteiro, deverão ser formados roteirosindividualizados,ligandoodepósitoacada pontoeretornandoàbase.
Esteéoalgoritmoparaidentificarseospontosiej estãoincluídosnumarota.
Seiejnãoestãoemnenhumroteiro,então, criarumroteirocomiej.
Senão,
seioujestiveremumroteiro,então:
seestenóéumextremodeumroteiro,então, agregariejaoroteiro;
senão,
abandonaropariej.
Senão,
seiejestiverememroteirosdiferentes,então:
seiejsãoextremosdeseusroteiros,então, unirosdoisroteiros;
senão,
abandonaropariej.
Senão,
abandonaropariej.
2.4Dados
Adispersãogeográficadaspropriedadeseaausência deumsistemadegeorreferenciamentodasestradasrurais constituíam-senumadificuldadeadicionalquetornavam singularoproblemaeafastavam-sedasexperiênciasde problemasconhecidos.
Oconjuntodepropriedadesfoitestadoutilizando-se ametodologiadep-medianas,masosresultadosobtidos para os agrupamentos apresentavam alta dispersão no númerodeprodutores.Dessaforma,aroteirizaçãoobti-daficouprejudicada,considerando-seasalternativasde atétrêstiposdecaminhãoparacoletaemcadaumdos agrupamentos,oquelevavaoscaminhõesarodarem,em muitoscasos,comaltacapacidadeociosadecarga.
tendocomoreferênciaalgumascidadesdaáreapesqui-sada.Estesagrupamentosforamdefinidoscomo:Ponta Grossa,Carambeí-Castro,Piraí,CastrolandaeCarambeí, sendo, as duas últimas, por reunirem propriedades que permitemacessodecarretasparacoleta.Osagrupamen- tosPiraíePontaGrossasãocaracterizadoscomocom-postosdepequenosprodutores;CarambeíeCastrolanda reúnemprodutorescomgrandesvolumesmédiosdiários ecompequenadispersãogeográfica;oagrupamentoCa- rambéi-Castroéoquereúnemaiornúmerodeproduto- res,porémcomgrandediversidadetecnológicaedepro-duçãodiária,ecaracteriza-sepordiversidadesquantoa avaliaçãodeacessodeveículosàspropriedades.
Paracadaagrupamento,foigeradaumamatrizdedis-tâncias entre os produtores, a partir da distância eucli-diana.Emboraaliteraturaindicasse1,3paradistâncias rodoviáriasemeiosurbanos,oparâmetro,foiconstatado, peloconfrontodosresultadoscomaquilometragemtira-daempiricamente,poisaespecificidadelocaldealgumas regiões,taiscomocircunstânciasderelevoedacaracte-rística de estrada rural, não corroboraram tais parâme-tros.Assim,pararegiõescomcaracterísticasurbanas,em queaspropriedadessãolocalizadasmuitopróximasou mesmonoscentrosurbanos,manteve-seaindicaçãoda literatura,1,3,oqueprevaleceunoscasosdeCastrolan-da, Carambeí e Castro-Carambeí. Nos outros casos, os parâmetros utilizados referem-se aos valores empirica- menteobservadosemcomparaçãocomadistânciaeucli-dianainicialmenteestimada,tendosido2,0,paraPiraído Sule3,0,paraPontaGrossa.
Oprocessodecoletaimplicavaasaídadoveículoda base operacional, a visita às propriedades e finalizava comoretornoaopontodapartida.Abaseoperacionalfoi localizadanacidadedeCarambeí,sededamaiorpresta-doradeserviços,umavezqueCastrolanda,atualmente, não presta serviços de logística, pois a modalidade de
vendautilizadaéFOB.
Osvaloresrelativosàproduçãodiáriaporpropriedade utilizadosparaestasimulaçãoreferem-seàmédiaentre osvaloresmínimosemáximosregistradosparaoanode 2003eforamcedidospelacooperativa.
Asdemaisinformaçõesrelevantes,taiscomo,locali- zaçãodaspropriedades,capacidadedotanquederesfria-mentoeavaliaçãodasviasdeacesso,foramlevantadas pelaequipeenvolvidanoprojeto.
3.Resultados
Nesta seção, são apresentados os resultados obtidos noprocessoderacionalização,comaformaçãoderotas e demais indicadores produzidos, relativos à eficiência dacoletaroteirizada,bemcomoresultadosdemodelos pensadoscomoestratégiaspossíveisparaaprimoramento dos resultados, e os resultados em termos de custos da coleta,porregiãoerota.
3.1Resultadosdaracionalização
Considerando-seaespecificidadedoproduto,quetem desercoletadonoprazolimitede48horasapósaorde-nha,omodelodesenvolvidogerainformaçõesparadois diasdecoleta,oqueimplica“visitar”todasasproprie- dadesnoperíodo.Chama-seaatençãoparaaaltaestabi-lidade dos resultados, o que tem implicações logísticas importantes,emtermosdeprevisãodacoletaeinvesti-mentosnafrota.
Acoletaorganizadaem31rotasdiáriasimplicariaro- dar6,7milkmdiariamente(Figura2),captandoumvolu-memédiode392,3millitrosdeleite(Figura3).
Asrotassãorazoavelmentecurtas(baixaquilometra- gem),sinalizandoparaaeconomicidadedacoletacom-
parativamenteaoutrasregiõesbrasileiras,particularmen-Figura2.Quilometragemtotalpercorridaparaacaptaçãodeleite,CooperativaCastrolanda, segundoosagrupamentos.Fonte:Resultadosdapesquisa.
fig02
-1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000
Piraí Ponta Carambeí- Castrolanda Carambeí Total
DIA 1 2.055,37 355,00 3.094,00 1.293,58 84,00 6.881,95
DIA 2 1.776,57 159,00 3.305,00 1.303,00 40,00 6.583,57
Figura3.Litrosdeleitecoletados,poragrupamento,dias1e2,CooperativaCastrolanda Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura4.Densidadedacoleta(l/km),poragrupamento,dias1e2,CooperativaCastrolanda Fonte: Resultados da pesquisa.
teasregiõesdeexpansãorecentedeGoiás,MatoGrosso ePará.Comoovolumemédiodeleitecoletadonaspro-priedadestambéméalto,dadooníveldeespecialização doprodutor,adensidademédiaéextremamenteelevada paraarealidadebrasileira,comdestaquesparaosresul-tadosdoagrupamento“Carambeí”(Figura4).
3.2Simulações
Atítulodeelaboraçãodecenáriosparaavaliaçãode estratégias,algumassimulaçõesforamrealizadas,como objetivodediscutirformasderacionalizaroprocessode coleta, com alterações nos veículos e nas necessidades decoleta.
Emtermosconceituais,osmodelosdereferênciados resultadosreferem-seasimulações.Ochamadomodelo
original refere-se aos resultados obtidos pelo processo
demodelagem,naformareal.Omodelotruckrefere-se aumasimulação,considerando-sequeacoletapoderia ocorrerapenascomautilizaçãodetrucks ecarretas(por-tanto,semusodoveículotoco),procurandodimensionar as vantagens econômicas de se aumentar a capacidade médiadosveículosutilizados.Omodelotocorefere-se aumaoutrasimulação,considerandoqueacoletapode-ria ocorrer apenas com a utilização de tocos e carretas (portanto, sem modelotruck), procurando dimensionar asvantagenseconômicasdeseotimizaralgumaslinhas queresultavamemcoletacomgrandecapacidadeociosa dosveículos.Omodelo48horasconsideravaquetodos osprodutorestinhamtanquesderesfriamentocomcapa- cidadeigualousuperioradoisdiasdeprodução,impli-candoaviabilidadedacoletaacadadoisdias(48horas), oquepoderiaapresentarsignificativavantagemnocusto dacoleta.
fig03
Piraí Ponta Grossa Carambeí- Castrolanda Carambeí Total
Dia 1 Dia 2 19.674
181.527
121.014
34.200
390.897
34.557 20.190
169.632
134.538
34.760
393.677 34.482
Castro
fig04
-100 200 300 400 500 600 700 800 900
Dia 1 16,81 56,87 54,83 104,00 413,81 129,27
Dia 2 19,00 124,00 55,00 93,00 855,00 229,19
Média 18,11 90,30 54,88 98,44 634,40 179,23
Os resultados são apresentados (Figura 5) com base nosdiferenciaisdequilometragemmédiadiáriarodada, para os diferentes agrupamentos. Foram registradas as vantagensdacoleta48horasparatodososparâmetros, sendo que este resultado reflete o peso das economias proporcionadasnasrotasespecíficasdecarretas(Castro-landaeCarambeí),aindaqueoresultadonegativoseja consistenteparatodososagrupamentoséemgrandepar- tesuperioraosoutrosmodelossimulados.Porém,avia-bilizaçãodestesistemaimplicaaltocustodecapitalpara aaquisiçãoepreparaçãodasinstalações,paraaumentar a capacidade de armazenamento nas propriedades. Por outrolado,acoletacomveículostocoadicionouquilo-metragemrodadaaosistema.
3.3Estimativasdecustosdetransporte
deleite
Osistemadecusteioadotadonestafasedeimplanta-ção de um novo processo logístico foi o custo-padrão. Estesistemaobjetivadeterminarouestabelecermedidas decomparaçãoquepermitamefetuarocontroledoscus-tos.SegundoHorngren(1978,p.198)‘’Oscustos-padrão sãocustospré-determinadosquedeveriamseratingidos dentrodeoperaçõeseficientes.Servemparaaferiçãode desempenho, para fazer orçamentos úteis, para nortear preços, para obter um custo significativo de produto e paraeconomiadeescrituração’’.
Osobjetivosdocusto-padrãosão:
• Avaliaçãododesempenhoeeficáciaoperacionaldaempre-sa,mediantecomparaçãodocustoestimadoecustoreal; • Apuraçãodasresponsabilidades,medianteidentificação
dascausasdasvariações;e
• Oportunidade de redução de custos, mediante ações corretivassobreasvariaçõesocorridas.
O custo-padrão deve ser cuidadosamente calculado, tendo em vista a repercussão que este pode representar dentrodaempresa.Édefundamentalimportânciasuacor- retaestimativa,bemcomosuaconstanterevisãoeadequa-çãoafimdeincorporarmudançastecnológicasoumesmo operacionais,paraestabelecimentodepadrõesfuturos.
Paraocasodocusteamentonaprestaçãodeserviços de transporte, a utilização do custo-padrão pode ser de grandeimportânciacomoferramentadecontroleeacom-panhamento dos custos. Para tanto, é necessário que se estabeleçaumcusto-padrãoquereflitaarealidadedeuma empresaoudeumnegócioeque,defato,serealizeacom-panhamentodosresultadosmediantecomparaçãoentreos custosorçado(padrão)erealizado(custoreal),proceden-doàsdevidascorreçõesquesefizeremnecessárias.
Cabe, inicialmente, considerar que o custo-padrão orçadoparaacoletadeleiteconsiderou,comoveículos utilizadosparafinsdeapuraçãodecustos,oVW23.210 truck(12.700kg)eoVW15.180toco(8.500kg)e,para carretas,oveículoMercedes-Benz,comdesempenhose necessidadesdemanutençãoapuradosnomercadoenos manuaisdosrespectivosveículos.
Aquilometragemmédiadiáriarodadapelosveículos e a carga média tracionada foram estimadas, tendo por basequeemcercade50%domêsosveículosfazemduas rotas/dia,sendoutilizadososseguintesvalores:
• toco:300kme7,8t; •truck:250kme10,6t;e
Figura5.Comparaçõesdaquilometragemrodada(em%)comosresultadosoriginais Fonte: Resultados da pesquisa.
fig05
- 18,27% - 18,25%- 10,80% - 50,75%
- 5,07% - 15,56%
- 60% - 50% - 40% - 30% - 20% - 10% 0% 10% 20%
Piraí Ponta Grossa Carambeí-Castro Castrolanda Carambeí Total
• carreta:250kme22t.
ATabela 2 mostra o custo de captação de leite (em R$/t,emR$/leemR$/km),segundodiferentestiposde veículo.Conformeseobserva,ovolumetransportadoe aquilometragemrodadaexerceminfluênciasignificativa nareduçãodoscustosdetransporte,notocanteàcontri-buiçãoaorateiodoscustosfixosdaatividade.
Noquadrocomparativodosveículos,destaca-seaeco-nomicidadedacoletacomcarretas.Oprincípiodaescala da coleta por veículo mostrou-se bastante significativa, umavezqueadestinaçãodoveículotruckrepresentaum ganho de 29% em relação ao toco.A possibilidade de melhoraaindaémaisfavorávelnocasodousodecar- retas,implicandoumareduçãodecustosde25%emre-laçãoaotruckequase50%emrelaçãoaotoco.Porém, a realidade, muitas vezes, inviabiliza a aplicação desta lógica econômica em função de fatores adicionais, tais comoaqualidadedasviasdetráfegonosmeiosrurais,de acessoepátiosdaspropriedades.
Há que se considerar que estas vantagens da carreta apenasseconcretizam,casohajaumaquantidadeaser coletadacompatívelcomacapacidadedoveículo,pois, deoutraforma,oscustosderodar(R$/km)sãodesfavo-ráveis.
Combasenestescustosapurados,estimou-seacoleta diária dos cerca de 392 mil litros de leite em base por R$/kmeporR$/litro.Ocustomédio(entreosdias1e2) estimadoparaacoletacomaremuneraçãodaquilome-tragemfoideR$6.203,04(Figura6),oquesignificaria umcustounitário,deR$0,92/km.
CasoopagamentoocorressenabaseR$/litro,ocusto diáriodacoletaseriadeR$8.004,75(Figura7),equiva- lendoaumcustounitáriodeR$0,20/litro.Estecustose- ria23%inferioraofreteatualmentepraticadonomerca-doregional(R$0,026/litro).Noentanto,naprática,estes custosserãoaindamenoresporqueacoletajáestáquase atingindo500millitrospordia,cercade65milalémdo
volumetotalquefoiutilizadoparaestasimulaçãoopera-cionaldomodelo.
Para este adicional, entende-se que o acréscimo de quilometragem será ínfimo. Isto implica que a coleta ocorrerácommaiordensidade(L/km),eosveículosre-duzirãooníveldecapacidadeociosa,fazendoconvergir oscustosnasbasesR$/kmeR$/litro.Porexemplo,no casodocustodacoletanabasederemuneraçãoR$/litro atingirovalordeR$6.203,04,ocustounitáriodoleite coletadoseriadeR$0,016/litro,38,46%inferioraovalor praticadonomercadonomomento.
4.Consideraçõesfinais
O objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de umaferramentadegestãodalogísticadecaptaçãodelei-te na CooperativaAgropecuária Castrolanda no Estado do Paraná.A ênfase no processo de racionalização foi dadanosaspectoscustosdecaptaçãoenaracionalização dafrota.
Os resultados gerados proporcionam a possibilidade deumgerenciamentoeficientedalogística,àmedidaque sãoracionalizadososcustosdacoletaeafrotautilizada. Aracionalizaçãodiáriadasrotaspermiteatransparência quantoaosresultadoseconômicosdafrota,viabilizando alternativas de gerenciamento quanto à destinação dos veículos,buscadenegócioscomplementaresnoperíodo deentressafraeutilizaçãodeparceriascomautônomos, paraareduçãodovolumedecapitalimobilizadonosati-vos(caminhões)dealtaespecificidade.
Fundamentalmente, a racionalização da coleta pro-porciona o melhor gerenciamento das variáveis mais relevantesdocustodecaptação,quesãoovolumede leite coletado, a quilometragem percorrida na coleta, queformamoindicadordadensidade(litrosdeleitepor km),eonúmerodeveículosapropriadosàscondições dacoleta.
As principais vantagens oferecidas pela ferramenta
Tabela2.Custos,distânciapercorridaevolumetransportadonacaptaçãomensaldeleite,deaacordocomosveículos Custos/Veículo R$/mês km/mês R$/km t/mês R$/t R$/l
Toco 13.250 356 28,08985 0,0281
Fixos 5.945,00 0,44037
Variáveis 4.053,03 0,30022
Total 9.998,03 0,74059
Truck 11.250 478 19,92912 0,0199
Fixos 4.799,93 0,42666
Variáveis 4.726,19 0,42011
Total 9.526,12 0,84677
Carreta 11.250 990 15,41870 0,015
Fixos 6.242,83 0,55492
Variáveis 9.021,68 0,80193
Total 15.264,51 1,35685
Figura6.Custototaldacoleta,segundoosagrupamentos,emR$/km Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura7.Custototaldacoleta,segundoosagrupamentos,emR$/litro Fonte:Resultadosdapesquisa.
desenvolvidaemrelaçãoàssistemáticasempíricaseaos modeloscomerciaisimportadospodemserenumeradas como:
• Foi desenvolvida especificamente para solucionar o problemadagestãologísticadecaptaçãodeleite,em níveldepropriedades;
• Permiteracionalizaçãocomfrotadiversificada; •
Permiteavaliaçãoespecíficadascondiçõesdasproprie-dades;e
• Permitegerarrelatóriosespecíficosdeacordocomoin-teressedaCastrolanda.
Considerando-sequeoprocessoanteriormenteemuso baseava-senocritérioFOB,istoé,ocompradordoleite
arcavacomoscustosdacoleta,acooperativanãotinha informaçõesprecisasesistematizadassobreosparâme- trosmaisrelevantesdacoleta:ocusto(R$/l)eadensi-dadedotransporte(l/km).Sendoassim,astentativasde aferiraeficiênciadosresultadoseraminócuas.
Porém,atítulodeilustração,foramapresentadosal-guns resultados construídos a partir de informações da empresaedosprestadoresdoserviço.Deve-seressaltar queumprocessootimizadopodeobterresultadosreais ainda melhores à medida que aumentar a eficiência do transporte,istoé,aumentandoovolumedeleitecaptado sem o igual aumento da quilometragem. Neste caso, a estratégiadaempresadeagregarnovosprodutoreslocali-zadosnasáreasjáatendidasedeestimularoaumentoda
fig05
-1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000
Dia 1 1.577,54 287,65 2.477,20 1.755,19 113,98 6.211,55 Dia 2 1.315,72 330,29 2.659,80 1.767,97 120,76 6.194,54 Média 1.446,63 308,97 2.568,50 1.761,58 117,37 6.203,04
Piraí Ponta
Grossa Carambeí-Castro Castrolanda Carambeí Total
fig06
-1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 9.000
Dia 1 871,00 465,50 4.063,64 2.074,40 535,95 8.010,50
Dia 2 968,59 457,86 4.179,34 1.865,88 527,32 7.999,00
Média 919,80 461,68 4.121,49 1.970,14 531,64 8.004,75
Piraí Ponta
produçãodosprodutoresjáintegradospodeproporcionar melhoriaaindamaissignificativa.
Caberessaltartambémqueodomíniogerencial,agora possível,podetornar-seumavariávelestratégicaparaa empresa,porexemplo,alteraraformadecomercializa- çãodoleiteparaabaseCIF,istoé,cobrandoopreçoen-treguenaportadocomprador,oqueimplicainternalizar alogística.
Umavezquetalprocessosejaimplementado,osbene-fíciosdoprojetopodemservisualizadosnosníveis:
• Aumento na renda do produtor, obtido pelos menores custosdetransporteecomrateioadequadodoscustos dotransporte;
• Modernizaçãodoprocessologístico,comaumentona eficiêncianacadeia;e
• Sustentabilidadenodesenvolvimentoregional.
Umavezqueosseguidoresdomercadopassemtam- bémaadotartalprocesso,osbenefíciosemníveldeca-deiapodemserantevistoscomo:
• Sustentabilidade do negócio do leite nos pequenos e médios laticínios, com aumento na rentabilidade da empresa;
• Aumentodacompetitividadedacadeianacional;e • Aumentodaproduçãonacionaldeleite.
Odesenvolvimentodeumaferramentadegestãones-tesmoldespodeimplicaremprofundastransformações nacoletadeleitenoBrasil.Atualmente,apesardapres-são de produtos importados, normalmente subsidiados naorigem,oprocessodecoletaéfeito,viaderegra,de forma empírica. Isto não representa um atraso tecnoló- gicodosetor,hajavistaquemesmonalogísticadesen-volvidaparaempresasindustriais,ferramentadestenível tecnológiconãoéalgotãopresentenomercado,princi-palmente,umaferramentacustomizada.Adisseminação dousodeferramentascomesteperfilpodeserummarco nalogísticadoagronegóciobrasileiroedoleite,particu-larmente,considerando-seoimensopotencialderedução decustos.
Nota
CombasenapesquisadesenvolvidapelaUniversidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e pela Empre-saBrasileiradePesquisaAgropecuária(Embrapa)/Gado deLeite,financiadapeloFundoSetorialVerde-Amarelo, Conv.Finep01.02.0166.00.
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DEVELOPMENTOFALOGISTICTOOLTOOPTIMIZETHE
MILKSUPPLYOFANAGRICULTURALCOOPERATIVE
Abstract
ThispaperdiscussesthedevelopmentandimplementationofamodelforoptimizingthemilksupplylogisticsofCo-operativaAgropecuariaCastrolanda,locatedinthestateofParaná,Brazil.Thenewlogisticsarebeingimplemented inresponsetotherestructuringofBrazil’sdairysectorandtheadoptionofbulkmilkcollectionandtransportation. ThemodelusesClarkandWright’seconomyheuristic,whichminimizesthetotaldistancetraveled,torepresenttrans-portationcosts,subjecttotheconstraintsofeachfarm’sproductionvolume,tankcapacity,andtypeoftruckthatcan travelonmain,secondaryandfarmroads.Themainconclusionstobedrawnfromthisstudyaretheadvantagesthe model offers over current empirical systems and imported commercial models which were originally developed to solveoptimizationproblemsinurbanenvironments.
Keywords:dairyagribusiness,logistics,operationalresearch.