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Retenção urinária pós-operatória: avaliação de pacientes em uso de analgesia com opióides.

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Academic year: 2017

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1 Enferm eira, Mestre em Ciências da Reabilitação, e-m ail: 200079@sarah.br; 2 Anestesiologista, Mestre em Ciências da Reabilitação, e-m ail: 201393@sarah.br; 3 Coordenador da Anestesiologia, Doutor em Anestesiologia, e- m ail: 201577@sarah.br. Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação

RETENÇÃO URI NÁRI A PÓS-OPERATÓRI A: AVALI AÇÃO DE

PACI ENTES EM USO DE ANALGESI A COM OPI ÓI DES

Maria do Carm o Barret t o de Carvalho Fernandes1 Verônica Vieira da Cost a2 Renat o Ângelo Saraiva3

Os objetivos deste estudo foram determ inar a incidência de retenção urinária pós-operatória em pacientes que estavam em uso de analgesia com opióides e descrever o m étodo utilizado para esvaziam ento vesical. Trata-se de um a série prospectiva e conTrata-secutiva de 1.316 pacientes cirúrgicos de 9/ 1999 a 4/ 2003. Dos 1.316 pacientes, 594 não usaram cateterism o de dem ora no pré-operatório. Desses, 128 pacientes apresentaram retenção urinária, com incidência de 22% (128/ 594). Houve associação estatisticam ente significativa entre a ocorrência de retenção urinária e uso da analgesia peridural cont ínua ( p= 0,009) . Cerca de 69% dos pacient es apresent aram m icção espontânea após a realização de apenas um cateterism o. A incidência de retenção urinária encontrada é sem elhante à literatura, sendo m ais freqüente em hom ens e naqueles subm etidos à analgesia peridural contínua. Sugere-se orient ação e vigilância adequada pela equipe de enferm agem , com ênfase no cat et erism o vesical int erm it ent e asséptico, na ocorrência de retenção urinária para prevenção de com plicações do trato urinário.

DESCRI TORES: incidência; retenção urinária; cateterism o urinário; analgesia controlada pelo paciente; analgesia epidur al; enfer m agem

POSTOPERATI VE URI NARY RETENTI ON: EVALUATI ON

OF PATI ENTS USI NG OPI OI DS ANALGESI C

The st udy aim ed t o det erm ine t he occurrence of urinary ret ent ion in pat ient s using opioid analgesic and t o descr ibe t he m et hod used for vesical r elief. A pr ospect ive and consecut ive ser ies of 1,316 pat ient s undergoing surgery from Septem ber 1999 to April 2003 and using opioids post surgery were studied. From the 1,136 pat ient s, 594 did not use urinary cat het ers pre- surgery. From t hese 594 pat ient s, 128 ( 22% ) suffered post operat ive urinary ret ent ion. Urinary ret ent ion was significant ly relat ed t o t he use of cont inuous epidural analgesia ( p= 0.009) . About 69% of patients experiencing urinary retention post surgery returned to spontaneous m icturition following a single catheterization. The incidence found of urinary retention was sim ilar to the literature, m ore frequent in m en who received continuous epidural analgesia. The findings suggest orientation and careful nursing t eam observat ion of post operat ive m ict urit ion, em phasizing t he int erm it t ent asept ically cat het erizat ion for urinary ret ent ion in order t o prevent pot ent ial com plicat ions of t he urinary t ract .

DESCRI PTORS: incidence; ur inar y r et ent ion; ur inar y cat het er izat ion; analgesia, pat ient - cont r olled; epidur al analgesia; nur sing

RETENCI ÓN URI NARI A POST-OPERATORI A: EVALUACI ÓN DE

PACI ENTES EN TRATAMI ENTO ANALGÉSI CO CON OPI OI DES

Los obj et ivos de est e est udio fueron det erm inar la incidencia de ret ención urinaria post - operat oria en pacient es que se encont raban en uso de analgésicos opioides, así com o describir el m ét odo ut ilizado en el vaciado vesical. Se t rat a de una serie prospect iva y consecut iva de 1.316 pacient es quirúrgicos, est udiados de sept iem br e de 1999 a abr il de 2003. De ellos, 594 pacient es no usar on cat et er ism o de dem or a en el pr e-operat orio. Así m ism o, 128 pacient es de est e grupo present ó ret ención urinaria, con una incidencia del 22% ( 128/ 594) . Hubo una asociación estadísticam ente significativa entre la ocurrencia de retención urinaria y el uso de analgesia epidural cont inua ( p= 0,009) . El 69% de los pacient es present ó una m icción espont ánea luego de haber r ealizado apenas un cat et er ism o. La incidencia de r et ención ur inar ia encont r ada es sem ej ant e a la descr it a en la lit er at ur a, siendo m ás fr ecuent e en hom br es, así com o en aquellos pacient es som et idos a analgesia epidural cont inua. Se sugiere una orient ación y vigilancia adecuadas por el equipo de enferm ería, haciendo énfasis en el cat et erism o vesical int erm it ent e asépt ico, durant e el t ranscurso de la ret ención urinaria, para prevenir com plicaciones del t ract o urinario.

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I NTRODUÇÃO

O

tratam ento da dor pós- operatória persiste com o sér io desafio n a m edicin a at u al, apesar dos intensos esforços que são realizados para seu controle efet iv o.

O co n t r o l e e f i ca z d a d o r p ó s- o p e r a t ó r i a depende de pr escr ição indiv idualizada e de fat or es com o aspect os em ocionais do pacient e, alt er ações fisiológicas r esu lt an t es do pr ocedim en t o cir ú r gico, t écnicas e r ecur sos disponív eis no ser v iço( 1). Além disso, a ext ensão, local e duração da cirurgia podem influenciar a int ensidade da dor no pós- operat ório.

At ualm ent e, v ár ias t écnicas são usadas no t r at am en t o da dor pós- oper at ór ia( 2 - 3 ). A an algesia cont rolada pelo pacient e, com opióide, const it ui um dos m ais recent es procedim ent os e t em sido obj et o d e d i v e r sa s p e sq u i sa s q u e e n v o l v e m d o r p ó s-operat ória( 2,4- 5).

Em bora o uso de opióides na analgesia pós-o p e r a t ó r i a se j a cpós-o n si d e r a d pós-o se g u r pós-o , pós-o s e f e i t pós-o s adversos dessa classe de analgésicos podem coexistir com o al ív i o d a d or e com p r een d em : d ep r essão r espir at ór ia, sedação, náuseas e v ôm it os, pr ur ido, const ipação e ret enção urinária( 2- 3).

A r et enção ur inár ia t em sido r elat ada com r e l a t i v a f r e q ü ê n ci a e m e st u d o s q u e a b o r d a m o a ssu n t o( 6 - 9 ). Na l i t er a t u r a m éd i ca i n t er n a ci o n a l , relat os de diversos est udos afirm am que a incidência da ret enção urinária pode variar de 3 a 40%( 2,5- 11). No Brasil, poucos são os est udos que abordam esse t e m a , p r i n c i p a l m e n t e e n v o l v e n d o c i r u r g i a s ort opédicas( 3,12- 13).

A e t i o l o g i a d a r e t e n çã o u r i n á r i a p ó s-o p e r a t ó r i a e st á r e l a ci s-o n a d a a s-o u ss-o d e d r s-o g a s an t icolin ér g icas ou an alg ésicas, t ip o d e cir u r g ia, t erapia int ravenosa, posição e perda da privacidade do pacien t e du r an t e a m icção( 1 0 ). Est u do r ecen t e, r ealizado em ar t r oplast ia t ot al de quadr il, concluiu que o gênero m asculino, a idade avançada e o uso da analgesia controlada pelo paciente são fatores que aum entam a probabilidade de retenção urinária( 7). Na fisiologia da retenção urinária, os opióides aum entam o t ônus e a am plit ude das cont r ações do esfínct er u r i n á r i o , e d i m i n u e m a s co n t r a çõ e s d o u r e t e r, dificult ando assim a m icção espont ânea( 8).

Em b o r a a l g u n s p a ci e n t e s se j a m a ssi n t o m á t i co s, m a i s f r e q ü e n t e m e n t e h á m anifest ações clínicas que incluem : incapacidade de urinar, dor suprapúbica, dist ensão abdom inal, bexiga

p al p áv el , i n q u i et u d e n o l ei t o , u r g ên ci a u r i n ár i a, calafrios, arrepios, sudorese e cefaléia( 6).

O cateterism o interm itente asséptico tem sido indicado com o t rat am ent o de escolha nesse t ipo de int ercorrência clínica( 14- 15), visando reduzir riscos de com plicações m ecânicas e infecciosas, dim inuir dor e desconforto( 6). Entretanto, m uito se tem questionado sobre o uso do cateterism o interm itente ou de dem ora na ocor r ência de r et enção ur inár ia pós- oper at ór ia, especialm ent e na ár ea da enfer m agem . O m ét odo e p i d e m i o l ó g i co u t i l i za d o p a r a v e r i f i ca r a r e a l o co r r ên ci a d e r et en çã o u r i n á r i a e o t r a t a m en t o r ealizad o é o est u d o d e in cid ên cia. Dian t e d esse quest ionam ent o, idealizou- se esse est udo, que t em com o obj et ivos det erm inar a incidência de ret enção ur inár ia pós- oper at ór ia em pacient es que est av am em uso de analgesia com opióides, cont r olada pelo paciente por via venosa ( ACP) , ou analgesia peridural co n t ín u a , e d e scr e v e r o m é t o d o u t i l i za d o p a r a esv azi am en t o v esi cal , an t es d a p r i m ei r a m i cção e sp o n t â n e a , n o s p a ci e n t e s q u e a p r e se n t a r a m r et enção ur inár ia.

MÉTODOS

For am av aliad os, d e m od o p r osp ect iv o e con secu t iv o, 1 3 1 6 p acien t es, cr ian ças e ad u lt os, su b m et i d o s a ci r u r g i a s o r t o p éd i ca s, t o r á ci ca s e neurocirurgias, no período de 18/ 9/ 1999 a 28/ 4/ 2003. O estudo foi avaliado e aprovado pelo Com itê de Ética do Hospit al SARAH.

Todos os pacientes que utilizaram a analgesia cont rolada pelo pacient e ( ACP) ou analgesia cont ínua foram acom panhados pela equipe da anest esiologia, co m p o st a d e q u i n ze an est esi o l o g i st as e d e u m a enferm eira, at é à suspensão da analgesia, e nenhum deles apresent ava com prom et im ent o neurogênico da b ex ig a. A in d icação d a an alg esia f oi d et er m in ad a pelos anest esiologist as na consult a pré- anest ésica.

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suprapúbica e dist ensão vesical, os pacient es foram su b m e t i d o s a o m é t o d o i n v a si v o a t r a v é s d e ca t e t e r i sm o a ssé p t i co . Esse s p a ci e n t e s f o r a m avaliados e seguidos com regist ro quant o ao t ipo de ca t e t e r i sm o v e si ca l e su a f r e q ü ê n ci a , a n t e s d a pr im eir a m icção espont ânea.

Ut i l i zo u - se u m p r o t o co l o d e a v a l i a çã o , p r e e n ch i d o p e l a e n f e r m e i r a d a e q u i p e d e an est esiologia, on de as segu in t es v ar iáv eis f or am apreciadas: sexo, idade, tipo de cirurgia, classificação d o e st a d o f ísi co d a ASA (Am e r i ca n So ci e t y o f Anest hesiology) , analgesia e opióide ut ilizados, efeit o adverso apresentado, conduta de enferm agem no tipo de cat et er ism o r ealizado ( int er m it ent e ou dem or a) . Além disso, foi v er ificada a sat isfação do pacient e com o esquem a t er apêut ico analgésico em pr egado, at r av és d e u m a p er g u n t a f ech ad a, a q u al t od os concor daram , ver balm ent e, em r esponder.

Os dados foram com pilados e analisados no Epi I nfo versão 6.04. As variáveis param étricas foram expressas pela m édia e desvio padrão. As variáveis cat egóricas foram expressas na form a de percent ual e analisadas pelo t est e de qui- quadrado exat o. Para significância est at íst ica considerou- se p < 0,05.

RESULTADOS

D o s 1 3 1 6 p a ci e n t e s a v a l i a d o s, 5 9 4 n ã o usaram cateter vesical de dem ora no transoperatório. Desses, 128 ( 22% ) apresent aram ret enção urinária, se n d o 1 2 6 p a ci e n t e s su b m e t i d o s a ci r u r g i a s ort opédicas e dois pacient es subm et idos a cirurgias t o r á ci ca s, n e ce ssi t a n d o d e ca t e t e r i sm o v e si ca l , i n t e r m i t e n t e o u d e d e m o r a , p a r a a l ív i o d a sint om at ologia ( Figura 1) .

Dos pacien t es qu e apr esen t ar am r et en ção urinária, verificou- se que 79 ( 62% ) pacient es eram do sex o m ascu lin o e 4 9 ( 3 8 % ) do f em in in o, com significância est at íst ica ( p= 0,04) .

A idade m édia dos pacient es com r et enção urinária foi de 32,4± 18,2 anos, com idade m ínim a de 6 anos e m áxim a de 80 anos.

Qu a n t o à a n á l i se d o e st a d o f ísi co p r é -cir ú r gico, av aliado pelo cr it ér io da ASA ( Am er ican Societ y of An est h esiology ), v er if icou - se q u e 4 9 % f or am classif icad os com o est ad o f ísico I I ( ASA) , 4 8 % com o ASA I e 3 % er am do est ado f ísico I I I ( ASA) .

Em r elação à anest esia, cer ca de 75% dos pacient es r eceber am anest esia com binada ( ger al + b loq u eio p er id u r al) , seg u id a d e 2 1 % d e b loq u eio regional e 4% de anest esia geral.

Quanto aos tipos de procedim entos cirúrgicos realizados, 126 ( 98% ) foram ortopédicos e dois ( 2% ) t orácicos. Não houve casos de ret enção urinária pós-operat ória nos pacient es subm et idos à neurocirurgia, pois todos foram subm etidos a cateterism o de dem ora n o t r an sop er at ór io. As cir u r g ias or t op éd icas com m aior ocor r ên cia d e r et en ção u r in ár ia f or am , em or dem decr escent e: ar t r oplast ia t ot al de quadr il e art roplast ia t ot al de j oelho, art rodese t ríplice de pé, am put ação em m em br os infer ior es, ost eot om ia de m em b r os in f er ior es e r essecção d e t u m or, en t r e out r as.

Em r e l a çã o à a n a l g e si a p ó s- o p e r a t ó r i a ut ilizada nos pacient es que apr esent ar am r et enção ur inár ia, 115 ( 24% ) pacient es r eceber am analgesia peridural cont ínua e 13 ( 12% ) receberam analgesia v e n o sa co n t r o l a d a p e l o p a ci e n t e ( ACP) . Ho u v e associação est at ist icam en t e sig n if icat iv a en t r e a ocor r ência de r et enção ur inár ia e uso da analgesia peridural cont ínua, ou sej a, houve m aior freqüência de r et enção ur inár ia nos pacient es que r eceber am analgesia peridural cont ínua ( p= 0,009) ( Tabela 1) .

Ta b e l a 1 - D i st r i b u i çã o d o s p a ci e n t e s q u e apr esent ar am r et enção ur inár ia segundo a t écnica analgésica ut ilizada. Brasília, DF, 2003

* p= 0,009: associação significativa entre a técnica de analgesia e a ocorrência de retenção urinária

* * n: nº de indivíduos; % : proporção sobre o total da linha

5GOTGVGPÁºQWTKP¶TKC %QOTGVGPÁºQWTKP¶TKC a i s e g l a n

A Comretenção

* * ) % ( n a i r á n i r u o ã ç n e t e r m e S * * ) % ( n a i r á n i r

u Totaln(%)

a u n í t n o c l a r u d i r e

P 115*(24) 372(76) 487(100)

) P C A ( a s o n e v a i s e g l a n

A 13(12) 94(88) 107(100)

l a t o

T 128(22) 466(78) 594(100)

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Dos 1 2 8 pacien t es com r et en ção u r in ár ia, para alívio dos sint om as, 79 ( 62% ) foram subm et idos a c a t e t e r i s m o i n t e r m i t e n t e , 2 6 ( 2 0 % ) f o r a m su bm et idos a cat et er ism o de dem or a e 2 3 ( 1 8 % ) u s a r a m m o d o m i s t o , o u s e j a , i n i c i a l m e n t e cat et er ism o in t er m it en t e e, ap ós, cat et er ism o d e dem or a ( Figur a 2) .

Fig u r a 2 - Dist r ib u ição d a f r eq u ên cia d o t ip o d e cat et er ism o r ealizado em pacien t es com r et en ção urinária. Brasília, DF, 2003

Dos 102 pacient es que for am cat et er izados de m odo int erm it ent e ou m ist o, em 71 ( 69% ) deles foi necessário realizar apenas um cat et erism o ant es d a m i c ç ã o e s p o n t â n e a ; e m 2 1 ( 2 1 % ) f o r a m n ecessár ios 2 cat et er ism os, em 8 pacien t es ( 8 % ) foram 3 cat et erism os e em 2 ( 2% ) foram realizados 4 cat et erism os ( Figura 3) .

Fi g u r a 3 - D i s t r i b u i ç ã o d o n ú m e r o d e c a t e t e r i s m o s ( c a t ) r e a l i z a d o s a n t e s d a m i c ç ã o esp on t ân ea n os p acien t es com r et en ção u r in ár ia. Brasília, DF, 2003

Em r e l a ç ã o a o g r a u d e s a t i s f a ç ã o d o pacient e, quant o à analgesia per idur al cont ínua ou v en osa con t r olada pelo pacien t e, v er if icou - se qu e cerca de 98% dos pacient es ficaram sat isfeit os com essa t écnica t erapêut ica de cont role da dor.

DI SCUSSÃO

A t axa de incidência de ret enção urinária de 2 2 % , en con t r ad a n o est u d o, com an alg esia p ós-operat ória é sem elhant e à lit erat ura pesquisada( 2- 3,5-11). A incidência de ret enção urinária, associada com

o núm ero de cat et erism os encont rados no present e estudo, indica que há necessidade de um a equipe de enferm agem especialm ent e t reinada para det ect ar o problem a e agir adequadam ent e, visando sobret udo r edu zir r iscos de com plicações post er ior es par a o pacient e( 3,10).

A p r ed om in ân cia d o g ên er o m ascu lin o n a ret enção urinária t am bém é sem elhant e aos est udos p esq u i sad o s( 3 , 7 , 1 0 ). Essa p r ed o m i n ân ci a p o d e ser j ustificada pelo fato de a posição supina inibir a m icção e sp o n t â n e a d o s p a ci e n t e s, p r i n ci p a l m e n t e n o s h om en e em cir u r g ias or t op éd icas, cu j o t em p o d e perm anência no leit o e a dependência dos cuidados de enferm agem é m aior( 6,10).

Alguns est udos dem onst r ar am a r elação da r et enção ur inár ia e a idade av ançada( 7, 10). Em u m d esses est u d os f or am d escr i t as, al ém d e ou t r os f a t o r e s, h i st ó r i a p r é v i a d e r e t e n çã o u r i n á r i a e presença de sintom as sugestivos de obstrução do trato urinário, ut ilizando- se análise de regressão logíst ica. Este estudo concluiu que o gênero m asculino, a idade a v a n ça d a e o u so d e a n a l g esi a co n t r o l a d a p el o pacient e foram os fat ores det erm inant es da ret enção u r i n á r i a , cu j a t a x a en co n t r a d a f o i d e 1 8 %( 7 ). É im port ant e ressalt ar que, com o envelhecim ent o, no g ên er o m ascu lin o, au m en t a sig n if icat iv am en t e a ocorrência de estenose uretral e hiperplasia prostática com conseqüente dificuldade em efetuar a m icção( 8,16). No pr esent e est udo, est es sint om as sugest iv os de obst rução do t rat o urinário não foram pesquisados.

Os r esu l t a d o s d est e est u d o m o st r a r a m associação estatisticam ente significativa entre a técnica de analgesia peridural contínua com citrato de fentanila e a ocorrência de retenção urinária. O citrato de fentanila é um opióide que apresenta elevada lipossolubilidade, pr ov ocando ligação m ais r ápida ao t ecido ner v oso espinhal, com conseqüente m aior absorção pelos vasos sangüíneos do espaço peridural. Esse fat o provocaria n os p acien t es a d if icu ld ad e em ef et u ar a m icção espont ânea, principalm ent e porque essa droga inibe os reflexos abaixo do nível da punção peridural lom bar. Assim , esse fato pode explicar a ocorrência de retenção u r i n á r i a en co n t r a d a e é co m p a r á v el a o s d a d o s encontrados na literatura(3,10-11).

%CVGVGTFGFGOQTC %CVGVGTKUOQ KPVGTOKVGPVG

%CVGVGTKUOQ KPVGTOKVGPVG ECVGVGTFGFGOQTC

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M u i t o s e s t u d o s c o n c o r d a m q u e o c a t e t e r i s m o v e s i c a l i n t e r m i t e n t e d e v e s e r o p r o c e d i m e n t o d e e s c o l h a n o t r a t a m e n t o d a r e t e n ç ã o u r i n á r i a , c o m o o b j e t i v o d e r e d u z i r, p r i n c i p a l m e n t e , b a c t e r i ú r i a a s s i n t o m á t i c a e i n f e cçã o d o t r a t o u r i n á r i o( 1 , 5 , 8 ), o q u e t e m si d o r elat iv am ent e fr eqüent e em pacient es com cat et er de dem or a( 15- 16).

Pou cos est u dos abor dam a qu an t idade de cat et erism os realizados ant es da m icção espont ânea. Encont rou- se em apenas dois est udos, m enção sobre a r ealização de u m cat et er ism o an t es da m icção, porém utilizando outra m etodologia( 10- 11). No presente est udo, 71 ( 69% ) pacient es, com ret enção urinária, ap r esen t ar am m icção esp on t ân ea ap ós u m ú n ico cat et er ism o v esical. Esse r esu lt ado m ost r a qu e é possív el, na m aior ia das v ezes, assist ir o pacient e

co m r e t e n çã o u r i n á r i a r e a l i za n d o a p e n a s u m cat et er ism o.

CONCLUSÃO

A incidência de ret enção urinária encont rada no estudo (22% ) está de acordo com dados da literatura, sendo considerada baixa e, apesar de ser efeito adverso bast ant e incôm odo, não é um considerado grave. O cat et er ism o v esical in t er m it en t e assép t ico é o procedim ent o de escolha na ocorrência de ret enção urinária para prevenção de complicações do trato urinário. Est u d os con t r ol ad os e r an d om i zad os são n ecessár ios p ar a av aliar a r et en ção u r in ár ia p ós-operat ória na analgesia com opióides, especialm ent e em cirurgias ort opédicas.

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