• Nenhum resultado encontrado

O estatuto das chamadas conjunções coordenativas no sistema do português

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O estatuto das chamadas conjunções coordenativas no sistema do português"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Alfa,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

S ã o P a u l o 29:59-65, 1985.

O E S T A T U T O D A S C H A M A D A S C O N J U N Ç Õ E S

C O O R D E N A T I V A S N O SISTEMA DO P O R T U G U Ê S

M a r i a H e l e n a de M o u r a N E V E S *

RESUMO: O objetivo do trabalho é o estudo, em português, das chamadas c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i

-v a s , buscando-se determinar: a) a in-variância sintática (-valor comum); bj a in-variância semântica de ca-da elemento; c) as variantes contextuais. Pretende-se chamar a atenção para a necessica-dade de se buscar o valor de um determinado elemento na estruturação sintagmática do texto tomado como unidade, e de se proporem critérios para a organização desses elementos em classes dentro do sistema da língua.

UNITERMOS: Coordenação; conjunção; coordenador interfrásico; bloqueio de aposição.

I. O o b j e t i v o deste t r a b a l h o foi e s t u d a r as c h a m a d a s conjunções coordenativas cm p o r t u g u ê s a p a r t i r de suas o c o r r ê n c i a s interfrásicas, b u s c a n d o d e t e r m i n a r :

a) a definição de c a d a u m desses e l e m e n t o s (a invariância);

b) o valor básico c o m u m a eles (a invariância q u e p e r m i t e sejam eles a g r u p a d o s em u m a classe n o sistema d a língua);

c) os diferentes e m p r e g o s desses e l e m e n t o s (variantes c o n t e x t u a i s ) .

O b s e r v a m o s a o c o r r ê n c i a d a s c h a m a d a s conjunções coordenativas em p o s i ç ã o ini-cial de frase, p o r q u e é n o s s a hipótese q u e os tipos d e o c o r r ê n c i a interfrásica c o n t ê m os de o c o r r ê n c i a intrafrásica, e n ã o o i n v e r s o . S u p o m o s , a i n d a , q u e a o c o r r ê n c i a d a " c o n -j u n ç ã o " após p a u s a de final de frase p e r m i t e u m a m e l h o r a v a l i a ç ã o d o valor desse ele-m e n t o .

De início, levou-se em c o n t a o c o n c e i t o b e m geral — e e x a t a m e n t e p o r q u e b e m geral — de conjunção (na esfera d o texto) p r o p o s t o p o r H a l l i d a y & H a s a n5. P a r a esses a u t o

-res a c o n j u n ç ã o — u m t i p o de r e l a ç ã o semântica difícil de definir em t e r m o s claros —] ê u m a especificação d o m o d o pelo q u a l o q u e vai seguirse está s i s t e m a t i c a m e n t e c o n e c t a d o com o q u e veio a n t e s ( p . 227). S e g u n d o eles, a e x p r e s s ã o dessas relações c o n j u n t i -vas p o d e ser feita p o r advérbios, p o r c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s e p o r p r e p o s i ç õ e s segui-das de u m item anafórico ( p . 231).

A partir dessa c o n c e i t u a ç ã o , r e g i s t r a m o s o c o r r ê n c i a s de cerca de c e n t o e cinqüenta elemen to s , m a s o e x a m e efetivo se limito u a o s e l e m e n t o s e, mas e ou, d e l i m i t a ç ã o imposta pela própria c o n c e i t u a ç ã o q u e o c u r s o d o t r a b a l h o fixa p a r a a classe d a s c h a m a -das conjunções coordenativas.

C o n s i d e r o u - s e necessário, n o e x a m e d o c o o r d e n a d o r interfrásico, o b s e r v a r o efeito das d u a s características básicas desse t i p o de o c o r r ê n c i a :

1. °) o c o r t e em d u a s frases ( q u a n d o se p o d e r i a ter o p t a d o p o r u m a só); 2. °) o e m p r e g o d o c o o r d e n a d o r , se já h a v i a c o r t e .

(2)

N E V E S , M . H . d e M . — O e s t a t u t o d a s c h a m a a a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s .

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Alfa,

S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1985.

Isso significa q u e p r o c u r a m o s verificar o q u e havia de diferente: a) com o c o o r d e n a d o r , m a s sem a p a u s a de final de frase; b) sem o c o o r d e n a d o r , m a s c o m a p a u s a de final de frase.

Desse m o d o b u s c a m o s d e t e r m i n a r o valor d o s e l e m e n t o s

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e, mas e ou, o q u e significou buscar d e t e r m i n a r o valor c o m u m desses e l e m e n t o s .

II. As c h a m a d a s conjunção coordenativa e conjunção subordinativa têm sido sem-pre definidas nas gramáticas p o r referência a o e s t a t u t o sintático d o s s e g m e n t o s e n t r e os quais o c o r r e m : a c o n j u n ç ã o c o o r d e n a t i v a " l i g a " e l e m e n t o s de igual e s t a t u t o sintático e a c o n j u n ç ã o s u b o r d i n a t i v a " l i g a " um t e r m o s u b o r d i n a d o a o seu s u b o r d i n a n t e .

A c r e d i t a m o s q u e a ênfase c o n f e r i d a , n a q u a s e t o t a l i d a d e d o s e s t u d o s g r a m a t i c a i s , a u m a f u n ç ã o c o n j u n t i v a , ou " l i g a d o r a " d a s ( p o r isso m e s m o ) c h a m a d a s conjunções d e c o r r e d a p e r s p e c t i v a em q u e esses e s t u d o s se s i t u a m . N u m a visão sintética, em q u e se p a r t e d o s e l e m e n t o s c o m p o n e n t e s e se faz o p e r c u r s o d a s relações i n t e g r a t i v a s , n a pers-pectiva d o s e l e m e n t o s m e n o r e s p a r a os m a i o r e s — e, e s p e c i a l m e n t e , se se pára n o s limi-tes d a frase — , d e f a t o , u m e, p o r e x e m p l o , é s i m p l e s m e n t e u m e l e m e n t o d e l i g a ç ã o .

Na nossa c o n s i d e r a ç ã o , porém, a perspectiva m u d a , p a r t i n d o - s e d o c o n j u n t o coor-d e n a coor-d o p a r a os m e m b r o s c o o r coor-d e n a coor-d o s .

I I I . Seiam d a d o s os e n u n c i a d o s :

(1) N o d u r o c h ã o e m p i n a v a m - s e os a r b u s t o s . E a s p e d r a s . ( L i s p e c t o r , 7. p . 38). (2) (Otávia) Q u i s s aber o m o t i v o m a s a g o v e r n a n t a a p e n a s franziu os lábios, c o

-m o fazia a n t e s de f o r -m u l a r q u a l q u e r frase. E n ã o r e s p o n d e u (Teles, 11, p . 61).

(3) E r a r a s o , c o m o s a b i a m t o d o s os m e n i n o s . E a água m a l c h e g a v a a o s j o e l h o s d o p e s q u i s a d o r (...) ( R e z e n d e , 9, p . 56).

(4) (O cão) T o r n a r i a a ouvir a voz d o velho Naé. Zítudo voltaria a ser e x a t a m e n t e c o m o t i n h a sido até e n t ã o ( C o n d e , 2, p . 144).

(5) A entrevista está se e n g r e n a n d o , sentem t o d o s . E as p e r g u n d a s começam a m a t r a q u e a r . ( D i n e s , 4, p . 8).

(6) E n t r e ele e N e s t o r , havia u m a distância de três ou q u a t r o p a s s o s . Mas, q u a s e sem r u m o r , c o m a leveza e a p r o n t i d ã o de u m a s o m b r a , o o u t r o se p o s t o u à sua e s q u e r d a . ( L i n s , 6, p . 113).

(7) Eu n ã o v a l h o n a d a , p a t r ã o . Mas o s e n h o r p o d e c o n t a r c o m i g o p r a o q u e der e vier. (Sales, 10, p . 62).

(8) Velho e c e g o , (o c ã o ) n ã o p o d i a e n x e r g a r as fisionomias q u e o r o d e a v a m , nem p o d i a p e r c e b e r o r a n c o r q u e c a d a e x p r e s s ã o revelava. Mas teve m e d o e p r o c u r o u fugir. ( C o n d e , 3, p . 127).

(9) Ângela b e m p o d e r i a ter sido m i n h a m u l h e r . O w i r m ã (...) ( P e r e i r a , 8, p . 20). (10) O s índios n ã o sei se têm a l m a i m o r t a l . Ou se a i n d a t ê m . Nós eu sei q u e n ã o

te-m o s . ( C a l l a d o , 1, p . 129).

IV. O s e s q u e m a s r e a l i z a d o s , c o m c o o r d e n a ç ã o interfrasai ( a q u i c h a m a d o s esquemas A), c o r r e s p o n d e m a possíveis e s q u e m a s c o m c o o r d e n a ç ã o i n t r a f r a s a l ( a q u i c h a m a d o s e s q u e m a s B)

C o m p a r e m - s e os e n u n c i a d o s (1) a (10) ( e s q u e m a s A ) c o m os e n u n c i a d o s ( l a ) a (10a) ( e s q u e m a B), r e s p e c t i v a m e n t e :

(3)

N E V E S ,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

M . H . d e M .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O e s t a t u t o d a s c h a m a d a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s . A l f a , Sâo P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1985.

(2a) (Otávia) Q u i s s aber o m o t i v o , m a s a g o v e r n a n t a a p e n a s franziu os lábios, c o -m o fazia a n t e s d e f o r -m u l a r q u a l q u e r frase, e n ã o r e s p o n d e u .

(3a) E r a r a s o , c o m o s a b i a m t o d o s os m e n i n o s , e a água m a l c h e g a v a a o s j o e l h o s d o p e s q u i s a d o r .

(4a) ( O c ã o ) T o r n a r i a a o u v i r a voz d o velho Naé, e t u d o voltaria a ser e x a t a m e n t e c o m o t i n h a sido até e n t ã o .

(5a) A entrevista está se e n g r e n a n d o , s e n t e m t o d o s , e as p e g u n t a s começam a m a -t r a q u e a r .

(6a) E n t r e ele e N e s t o r , h a v i a u m a distância d e três o u q u a t r o p a s s o s , m a s , q u a s e sem r u m o r , c o m a leveza e a p r o n t i d ã o de u m a s o m b r a , o o u t r o se p o s t o u à s u a e s q u e r d a .

(7a) E u n ã o v a l h o n a d a , p a t r ã o , m a s o s e n h o r p o d e c o n t a r c o m i g o p a r a o q u e der e vier.

(8a) V e l h o e c e g o , (o c ã o ) n ã o p o d i a e n x e r g a r as fisionomias q u e o r o d e a v a m , n e m p o d i a p e r c e b e r o r a n c o r q u e c a d a e x p r e s s ã o revelava, m a s teve m e d e e p r o c u r o u fugir.

(9a) Ângela b e m p o d e r i a ter sido m i n h a m u l h e r , o u i r m ã . (10a) O s índios n ã o sei se t ê m ( a l m a i m o r t a l ) , ou se a i n d a t ê m .

Verifica-se q u e n o s e n u n c i a d o s d o s dois e s q u e m a s se mantém o e s t a t u t o sintático relativo dos dois s e g m e n t o s c o o r d e n a d o s .

V. O s e s q u e m a s r e a l i z a d o s c o m c o o r d e n a ç ã o interfrasal (aqui c h a m a d o s

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

esquemas A) n ã o c o r r e p o n d e m a e s q u e m a s em q u e s i m p l e s m e n t e se s u p r i m i s s e m os e l e m e n t o s e,

mas ou o w ( a q u i c h a m a d o s esquemas Q.

C o m p a r e m - s e os e n u n c i a d o s (1) a (10) ( e s q u e m a s A) c o m os e n u n c i a d o s (1 b) a (10b) (esquemas C ) , r e s p e c t i v a m e n t e :

(1 b) * N o d u r o c h ã o e m p i n a v a m - s e os a r b u s t o s . A s p e d r a s .

(2b) (Otávia) Q u i s s aber o m o t i v o m a s g o v e r n a n t a a p e n a s franziu os lábios, c o m o fazia a n t e s d e f o r m u l a r q u a l q u e r frase. N ã o r e s p o n d e u .

(3b) E r a r a s o , c o m o s a b i a m t o d o s os m e n i n o s . A água m a l c h e g a v a a o s j o e l h o s d o p e s q u i s a d o r .

(4b) (O cão) T o r n a r i a a o u v ir a voz d o velho Naé. T u d o voltaria a ser e x a t a m e n t e c o m o t i n h a sido até e n t ã o .

(5b) A entrevista está se e n g r e n a n d o , sentem t o d o s . A s p e r g u n t a s começam a m a -t r a q u e a r .

(6b) E n t r e ele e N e s t o r , h a v i a u m a distância de três ou q u a t r o p a s s o s . Q u a s e sem r u m o r , c o m a leveza e a p r o n t i d ã o de u m a s o m b r a , o o u t r o se p o s t o u à sua e s q u e r d a .

(7b) Eu n ã o v a l h o n a d a , p a t r ã o . O s e n h o r p o d e c o n t a r c o m i g o p a r a o q u e der e vier.

(8b) Velho e c e g o , (o c ã o ) n ã o p o d i a e n x e r g a r as fisionomias q u e o r o d e a v a m , nem p o d i a p e r c e b e r o r a n c o r q u e c a d a e x p r e s s ã o revelava. Teve m e d o e p r o -c u r o u fugir.

(9b) *Ângela b e m p o d e r i a ter sido m i n h a m u l h e r . I r m ã . (10b) O s índios n ã o sei se têm ( a l m a i m o r t a l ) . Se a i n d a t ê m .

(4)

N E V E S , M . H . d e M . — O e s t a t u t o d a s c h a m a d a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s .

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Alfa

S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1985.

(aqui c h a m a d o S'); o u , n o mínimo, tem-se um e n u n c i a d o e s t r a n h o (veja ( l b ) e (9b)). Assim:

— em (2b), S " reitera S ' ;

— em (3b) a ( 5 b ) , S " explicita e / o u p a r t i c u l a r i z a S ' ; — em (6b) a (8b), S " ilustra S ' ;

— em (10b), S " r e f o r m u l a S ' .

Nos e s q u e m a s C , p o r t a n t o , S " r e p r e s e n t a u m s e g m e n t o de texto q u e r e t o m a , de al-gum m o d o , S' (ou a l g u m p o n t o de S'), c o n s t i t u i n d o u m a e x p l a n a ç ã o , e x p l i c a ç ã o , expli-citação, p a r t i c u l a r i z a ç ã o , r e i t e r a ç ã o , i l u s t r a ç ã o ou r e f o r m u l a ç ã o .

V I . Essa c o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e os e s q u e m a s A (com p a u s a de final de frase a n t e s d o último s e g m e n t o c o o r d e n a d o ) , e os e s q u e m a s B (sem p a u s a de final de frase a n t e s d o

último s e g m e n t o c o o r d e n a d o ) , a m b o s os t i p o s c o m o c o r r ê n c i a d o e l e m e n t o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

eno início desse último s e g m e n t o , p e r m i t e - n o s concluir q u e :

a) o eintrafrásico e o e interfrásico, q u a n d o u s a d o s em e s q u e m a s c o r r e s p o n d e n t e s , têm o m e s m o v a lo r básico n o t e x t o ;

b) a o c o r r ê n c i a d o e interfrásico d e s c a r a c t e r i z a o efeito d a p a u s a de final de frase que o a n t e c e d e , c o n s i d e r a n d o - s e q u e esse efeito era e n c e r r a r S ' d e n t r o d o limite pela pausa i n d i c a d o , e q u e , n o e n t a n t o , n o possível e s q u e m a B, a frase S " r e p r e s e n t a u m t e r m o d a e s t r u t u r a sintática de S ' (o último de u m a série de t e r m o s ) .

A f i r m a d a essa c o r r e s p o n d ê n c i a d o s e s q u e m a s A e B, resta, porém, avaliar as dife-renças entre eles, já q u e , e n t e n d e m o s , n a d a n o texto é g r a t u i t o , e, p o r t a n t o , q u a l q u e r diferença e n t r e dois textos tem significação.

P r o p o m o s q u e se d e n o m i n e pausa dramática a q u e existe nos e s q u e m a s r e a l i z a d o s (A), u m a p a u s a q u e tem efeito n o d r a m a d a l i n g u a g e m : ela indica u m e n c e r r a m e n t o que, afinal, n ã o se e f e t u a , e, a s s im, o acréscimo de S " a S' tem efeito dramático. O acréscimo de S " a S' é d i f e r e n c i a d o , m a r c a n d o - s e mais d i r e t a m e n t e u m a i n t e r v e n ç ã o do sujeito d a e n u n c i a ç ã o n o e n u n c i a d o : o i n e s p e r a d o d a seqüência após a p a u s a c h a m a a a t e n ç ã o p a r a o próprio fato de h a v e r s e q ü ê n c i a .

V I I . Essa n ã o - c o r r e s p o n d ê n c i a e n t r e os e s q u e m a s A (com o e l e m e n t o e antes de S " ) e os e s q u e m a s C (sem o "elemento e a n t e s de S " ) , a m b o s os tipos c o m o c o r r ê n c i a de pausa de final de frase a n t e s de S " , p e r m i t e concluir q u e :

a) a p a u s a de final de frase após um s e g m e n t o deixa sem definir a n a t u r e z a d o seg-m e n t o q u e veseg-m eseg-m s e q ü ê n c i a ;

b) o e interfrásico d e s c a r a c t e r i z a o efeito d a p a u s a de final de frase q u e o p r e c e d e , isto é, a n u l a a c o n d i ç ã o de m e m b r o último q u e a e n t o a ç ã o conferia a o s e g m e n t o p r e c e d e n t e ; deste m o d o , o e define c o m o c o o r d e n a d o s o s e g m e n t o q u e ele inicia e o p r e -cedente ( e n c e r r a d o p o r p a u s a de final de frase).

V I I I . A p a r t i r d o c o n f r o n t o c o m os possíveis e s q u e m a s B ( c o r r e s p o n d ê n c i a ) e c o m os e s q u e m a s C ( n ã o - c o r r e s p o n d ê n c i a ) , o e x a m e d o s e s q u e m a s realizados A (com p a u s a de final de frase após S' e c o m o e l e m e n t o e, mas ou ou antes de S " ) p e r m i t e n o s c o n -cluir q u e :

(5)

N E V E S , M . H . d e M . — O e s t a t u t o d a s c h a m a d a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s .

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A l f a ,

S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - f 5 , 1985.

b) o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e, o mase o ou interfrásicos são e l e m e n t o s c a p a z e s de g a r a n t i r essa c o - o r d e n a ç ã o , já q u e c o r r ig e m o efeito d a p a u s a de final de frase q u e o c o r r e após S ' e q u e , p o r si, m a r c a r i a S ' c o m o s e g m e n t o último (último e l e m e n t o de u m a série).

IX. P r o p o m o s , a s s im, q u e o traço c e n t r a l q u e define dois s e g m e n t o s e n t r e os q u a i s ocorre u m a conjunção coordenativa é o d a e x t e r i o r i d a d e : o s e g u n d o s e g m e n t o é, sinta-ticamente, e x t e r n o a o p r i m e i r o , e a c o n j u n ç ã o c o o r d e n a t i v a é b l o q u e a d o r da o p o s i ç ã o d o s e g u n d o s e g m e n t o a o p r i m e i r o . A s s i m , c o m o invariância p a r a definir o valor d a c o n j u n ç ã o c o o r d e n a t i v a , p r o p o m o s u m c o m a n d o sintático: " O s e g u n d o c o n j u n t o ( S " ) constitui u m a u n i d a d e sintática e x t e r n a a o p r i m e i r o ( S ' ) " .

X . G a r a n t i d o p a r a o e, o mase o ou esse valor de coordenador, resta definir o signi-ficado básico de c a d a u m desses e l e m e n t o s .

D e n t r o d a p r o p o s t a básica d e s t a C o m u n i c a ç ã o , n ã o c a b e explicitar os m e c a n i s m o s de d e s c o b e r t a p a r a as d e t e r m i n a ç õ e s e n c o n t r a d a s . L i m i t a m o - n o s , p o i s , a indicá-las s u s c i n t a m e n t e .

A p a r t i r d a invariância sintática e n c o n t r a d a ( e x t e r i o r i d a d e entre S' e S " ) , verificou-se q u e :

a) na o c o r r ê n c i a de e, S ' e S " se s o m a m ;

b) na o c o r r ê n c i a d e mas, S' e S " se d i f e r e n c i a m ; c) na o c o r r ê n c i a de ou, S ' e S " se a l t e r n a m .

A s s im, p r o p o m o s c o m o definições semânticas básicas:

a) P a r a o e, a d i ç ã o . Essa d e f i n i ç ã o se r e l a c i o n a c o m o próprio significado etimológico de e, e n t e n d i d a a r e l a ç ã o t e m p o r a l a p e n a s n o s e n t i d o d a e s t r u t u r a ç ã o d o e n u n c i a -d o . A o c o r r ê n c i a -d e e e n t r e -dois s e g m e n t o s in-dica q u e c a -d a um -deles é e x t e r n o a o o u t r o ( c o o r d e n a d o ) e q u e o s e g u n d o se s o m a a o p r i m e i r o n o p r o c e s s o de e n u n c i a ç ã o . Fica i n d e t e r m i n a d a a d i r e ç ã o q u e t o m a S " em r e l a ç ã o a S \ t a n t o na o r g a n i z a -ção d a s u n i d a d e s de i n f o r m a ç ã o c o m o na o r g a n i z a ç ã o a r g u m e n t a t i v a .

b) P a r a o mas, d e s i g u a l d a d e . Essa d e f i n i ç ã o se relaciona c o m o próprio significado d o étimo l a t i n o magis. B a s i c a m e n t e o mas expressa a r e l a ç ã o e n t r e dois s e g m e n t o s de algum m o d o desiguais e n t r e si: c a d a u m deles n ã o só é e x t e r n o a o o u t r o (co-o r d e n a d (co-o ) , m a s , a i n d a , é, m a r c a d a m e n t e , diferente d (co-o (co-o u t r (co-o . O e m p r e g (co-o d (co-o mas e n t r e esses s e g m e n t o s r e p r e s e n t a a explicitação dessa d e s i g u a l d a d e , i n d i c a n d o q u e o e n u n c i a d o r a r e c o n h e c e e se utiliza d e l a na o r g a n i z a ç ã o de seu e n u n c i a d o , t a n t o na d i s t r i b u i ç ã o d a s u n i d a d e s de i n f o r m a ç ã o , c o m o n a e s t r u t u r a ç ã o d a a r g u m e n t a ç ã o . c) P a r a o ou, a l t e r i d a d e : o s e g m e n t o in ic ia d o p o r ou vem c o m o a l t e r n a t i v a n o v a em

relação a o s e g m e n t o e n u n c i a d o p r e c e d e n t e m e n t e . A p a r t i r d a e n u n c i a ç ã o dessa alt e r n a alt i v a , o s e g m e n alt o a n alt e r i o r p a s s a a ser e n alt e n d i d o c o m o u m a p r i m e i r a a l alt e r n a alt i -va, estivesse ou n ã o f o r m u l a d o c o m o t a l .

A p a r t i r dessas invariâncias p o d e - s e t e n t a r r e s p o n d e r pelas diversas o c o r r ê n c i a s de cada um desses e l e m e n t o s , i n c u r s i o n a n d o , e n t ã o , pelo t e r r e n o d a análise semântica d o e n u n c i a d o t o t a l e pelas c o n s i d e r a ç õ e s de s u a s c o n d i ç õ e s de p r o d u ç ã o .

(6)

N E V E S , M . H . d e M . — O e s t a t u t o d a s c h a m a d a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s .

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Alfa,

S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1 9 8 5 .

traços q u e de a l g u m m o d o a p r o x i m a m d e t e r m i n a d a s o c o r r ê n c i a s - t i p o e a p a r t a m ou-tras.

Também a q u i n o s l i m i t a m o s à a p r e s e n t a ç ã o dos r e s u l t a d o s e n c o n t r a d o s , e nem m e s m o as classificações e subclassificações esboçadas s e r ã o i n d i c a d a s . A p e n a s se f a r ã o considerações gerais p a r a c a d a u m dos c o - o r d e n a d o r e s :

a) P a r a o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e. É g r a d u a l m e n t e q u e se p a s s a de u m a a d i ç ã o c o m u m e n t e c h a m a d a " p u r a e s i m p l e s " p a r a a a d i ç ã o enfática, a a d i ç ã o c o m alternância e a a d i ç ã o c o m c o n t r a s -te. E é sem prejuízo d a invariância e n c o n t r a d a q u e o e faz a a d i ç ã o de u n i d a d e s d o sistema de i n f o r m a ç ã o ou de a r g u m e n t o s , seja na m e s m a d i r e ç ã o , seja c o m inver-são de d i r e ç ã o .

b) P a r a o mas. É g e r a l m e n t e com z o n a s n e b u l o s a s de interferência q u e se p a s s a de u m a d e s i g u a l d a d e p o u c o c a r a c t e r i z a d a p a r a o c o n t r a s t e , a c o n t r a r i e d a d e , e se che-ga à o p o s i ç ã o , à n e g a ç ã o , à a n u l a ç ã o , à rejeição (as três últimas s e g u i d a s , ou n ã o de r e c o l o c a ç ã o ) . Essa d e s i g u a l d a d e se registra s e g u n d o várias escalas: a) diferença de n a t u r e z a ; b) diferença de g r a u em u m a m e s m a d i r e ç ã o .

P o r o u t r o l a d o , o registro d a s dissemelhanças só p o d e assentar-se n a b a s e d a s seme-lhanças, o eixo c a p a z de p r o v e r f u n d a m e n t o p a r a o e s t a b e l e c i m e n t o de d i f e r e n c i a ç õ e s . A p a r e c e , p o r t a n t o , c o m o o u t r o traço característico d a relação " a d v e r s a t i v a " o r e c o -n h e c i m e -n t o de u m a e -n t i d a d e , p a r a p o s t e r i o r registro de sua d e s c o -n s i d e r a ç ã o , -n e g a ç ã o , a n u l a ç ã o , r e je iç ã o .

P r o p o m o s , a s s im, q u e , em t o d o e n u n c i a d o em q u e o c o r r e o e l e m e n t o mas, há algo de o p o s i ç ã o ( q u e vai de um mínimo, a c o n d i ç ã o de simples d e s i g u a l d a d e , a um máxi-m o , a a n u l a ç ã o ) e algo de a d máxi-m i s s ã o ( q u e vai de u máxi-m máxi-mínimáxi-mo, o simáxi-mples r e c o n h e c i máxi-m e n t o ou registro de existência, a u m máximo, a c o n c e s s ã o ) .

c) P a r a o ou. P e r m i t e m - s e a p e n a s indicações e a p r o x i m a ç õ e s , d a d a s as múltiplas in-terferências n o nível d a m a n i f e s t a ç ã o . Há restrições de o r d e m , q u e se ligam espe-cialmente à m o d a l i z a ç ã o d o s s e g m e n t o s c o - o r d e n a d o s , e as restrições básicas se re-ferem a o fato de S " n ã o p o d e r ser e n u n c i a d o c o m o v e r d a d e i r o . Desse m o d o , o ou c o o r d e n a : a) S ' = r e a l i d a d e / v e r d a d e + S " = e v e n t u a l i d a d e ; b) S' = e v e n t u a l i d a -de + S " o u t r a e v e n t u a l i d a d e .

X I . A s s im, os três e l e m e n t o s c o - o r d e n a d o r e s p o d e m ser classificados e subclassificados n u m a g r a d i ê n c i a , q u e vai d a mais n e u t r a a d i ç ã o a o máximo da e x c l u s ã o , p a s s a n -do pela c o n t r a p o s i ç ã o e pela o p o s i ç ã o , c o n f o r m e a c o n t e x t u a l i z a ç ã o d o s semas básicos de cada u m . E n t r e t a n t o , estará p o r trás dessas indicações diferenciais, além d a defini-ção semântica básica d e c a d a c o - o r d e n a d o r , u m a d e f i n i ç ã o unívoca d a n a t u r e z a básica da c o - o r d e n a ç ã o , definição o b t i d a pela análise desses e l e m e n t o s a p a r t i r d o nível d o texto: a g a r a n t i a de e x t e r i o r i d a d e e n t r e dois s e g m e n t o s e s t r u t u r a l m e n t e autônomos.

X I I . P r e t e n d e u s e , a q u i , a p r e s e n t a r sugestões d o m o d o de t r a t a m e n t o d a o r g a n i z a -ção das c h a m a d a s classes de palavras.

(7)

N E V E S , M . H . d e M . — O e s t a t u t o d a s c h a m a d a s c o n j u n ç õ e s c o o r d e n a t i v a s n o s i s t e m a d o p o r t u g u ê s .

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A l f a ,

S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1985.

N E V E S , M . H . d e M . — T h e s t a t u t e of t h e s o - c a lle d c o o r d i n a t e c o n j u n c t i o n s in t h e P o r t u g u e s e s y s t e m . Alfa, S ã o P a u l o , 2 9 : 5 9 - 6 5 , 1985.

ABSTRACT: The object of this work is a study in Portuguese of the so-called coordinate conjunc-tions, trying to determine: a) the syntactic invariability (common value); b) the semantic invariability of each element; c) the contextual invariabilities. We try to call the attention to the necessity of looking for the value of an element in the syntagmatic structure of a text taken as a unity, and of proposing criteria for the organization of such elements into classes within the system of the language.

KEY- WORDS: Coordination; conjunction; intersentence coordinator; apposition blockage.

R E F E R Ê N C I A S BIBLIOGRÁFICAS

1. C A L L A D O , A . — Quarup. 3 . e d . R i o d e J a n e i -r o , E d . C i v i l i z a ç ã o B -r a s i l e i -r a , 1968.

2 . C O N D E , J . — H o n r a r p a i e m ã e . In: C O N Y , C . H . et alii — Os dez mandamentos. R i o d e J a -n e i r o , E d . C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a , 1 9 6 5 . 3 . C O N D E , J . — Obras escolhidas. R i o d e J a n e i

-r o , E d . C i v i l i z a ç ã o B -r a s i l e i -r a , B-rasília, I N L , 1978. v . 5 .

4 . D I N E S , A . — P r e s s - C o n f e r e n c e In: D I N E S , A . et alii — Vinte Histórias curtas. R i o d e J a n e i r o , A n t u n e s , 1960.

5. H A L L I D A Y , M . A . K . & H A S A N , R. — Cohesion in English. L o n d o n , L o n g m a n , 1976.

6. L I N S , O . — O fiel e a pedr\ R i o d e J a n e i r o , E d . C i v i l i z a ç ã o B r a s i l e i r a , 1 9 6 1 .

7. L I S P E C T O R , C . — A maça no escuro. R i o d e J a n e i r o , José Álvaro, I N L , 1970.

8. P E R E I R A , L . M . — Cabra cega. R i o d e J a n e i -r o , L i v -r . José O l y m p i o , 1954.

9. R E Z E N D E , O . L . — A p e s c a . In: L I S P E C T O R , C . et alii — Contos. R i o d e J a n e i r o , L i v r . F r a n c i s c o A l v e s , 1974.

10. S A L E S , H . — Cascalho. R i o d e J a n e i r o , E d i -ções O C r u z e i r o , 1974.

Referências

Documentos relacionados

As pontas de contato retas e retificadas em paralelo ajustam o micrômetro mais rápida e precisamente do que as pontas de contato esféricas encontradas em micrômetros disponíveis

No entanto, expressões de identidade não são banidas da linguagem com sentido apenas porque a identidade não é uma relação objetiva, mas porque enunciados de identi- dade

a) Aplicação das provas objetivas. b) Divulgação dos gabaritos oficiais do Concurso Público. c) Listas de resultados do Concurso Público. Os recursos interpostos que não se

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

O pressuposto teórico à desconstrução da paisagem, no caso da cidade de Altinópolis, define que os exemplares para essa análise, quer sejam eles materiais e/ou imateriais,

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São