Distribuição das espécies do gênero
Loxosceles
Heinecken &
Lowe, 1 8 3 5 ( Araneae; Sicariidae) no Estado do Paraná
Lo xo sceles Heinecken & Lowe, 1835 ( Araneae; Sicariidae)
species distribution in the State of Paraná
Emanuel Marques-da-Silva
1e Marta Luciane Fischer
2RESUMO
O Esta do do Pa ra n á re gistra a n u a lm e n te u m a m é dia de 2.577 a c ide n te s lo xo sc é lic o s po r a n o , lo go o c o n he c im e n to da
distrib u iç ã o da s e spé c ie s do gê n e ro Loxosc eles é e xtre m a m e n te im po rta n te pa ra e la b o ra ç ã o de a ç õ e s de c o n tro le e m a n e jo .
Re a lizo u - se o m a pe a m e n to da s Loxosc eles to m b a da s e m dife re n te s c o le ç õ e s c ie n tífic a s. Fo ra m re gistra da s 1.561 a ra n ha s,
ide n tific a da s c o m o Loxosc eles intermedia ( 67%) , Loxosc eles gauc ho ( 19,5%) , Loxosc eles laeta ( 10,8%) e Loxosc eles hirsuta
( 2,4%) , pro ve n ie n te s de 20 re gio n a is de sa ú de e 69 m u n ic ípio s. Loxosc eles intermedia o c o rre u e m to da s a s re giõ e s do
e sta do ( 50 m u n ic ípio s) , e n q u a n to Loxosc eles gauc ho o c o rre u n o n o rte e n o ro e ste , ( 17 m u n ic ípio s) , Loxosc eles laeta n o su l
( 13 m u n ic ípio s) e Loxosc eles hirsuta n a s re giõ e s o e ste e c e n tro ( 10 m u n ic ípio s) . No Pa ra n á o c o rre m q u a tro da s o ito
e spé c ie s de Loxosceles re gistra da s no Bra sil. Estudo s no s lo c a is de inc idê nc ia e le va nta m e nto s e m á re a s a inda nã o a m o stra da s
de ve m se r re a liza do s, de vido à im po rtâ n c ia m é dic a q u e o s a c ide n te s c a u sa do s po r e ssa s a ra n ha s tê m pro du zido .
Pal avr as-chave s: Di stri b u i ç ã o ge o grá f i c a . Lo x o sc e li sm o . Loxosc eles. Pi c a d a d e a ra n h a .
ABSTRACT
The Sta te o f Pa ra n á re giste rs o n a ve ra ge 2,577 lo xo sc e lic a c c ide n ts a n n u a lly. Fo r the e la b o ra tio n o f c o n tro l a n d m a n a ge m e n t
pro gra m s o n e sho u ld first de te rm in e the distrib u tio n o f the spe c ie s o f the ge n u s Loxosc eles. A m a ppin g wa s pe rfo rm e d o f
Loxosc eles re fe re n c e s in va rio u s sc ie n tific c o lle c tio n s. A to ta l o f 1,561 spide rs we re fo u n d, ide n tifie d a s Loxosc eles intermedia
( 67%) , Loxosc eles gauc ho ( 19.5%) , Loxosc eles laeta ( 10.8%) a n d Loxosc eles hirsuta ( 2.4%) , o rigin a tin g fro m 20 re gio n a l
a n d 69 m u n ic ipa l he a lth distric ts. Loxosc eles intermedia wa s pre se n t in a ll a re a s o f the sta te ( 50 m u n ic ipa l distric ts) , while
Loxosc eles gauc ho o c c u rre d in the n o rth a n d n o rthwe st, ( 17 m u n ic ipa l distric ts) , Loxosc eles laeta in the so u th ( 13 m u n ic ipa l
distric ts) a n d Loxosc eles hirsuta in the we st a n d c e n tra l a re a s ( 10 m u n ic ipa l distric ts) . Pa ra n á ha s fo u r o f the e ight spe c ie s
o f Loxosc eles re giste re d in Bra zil. Give n the m e dic a l im po rta n c e o f a c c ide n ts c a u se d b y the se spide rs, it is n e c e ssa ry to pe rfo rm stu die s o n the lo c a tio n o f su c h in c ide n ts a n d in ve stiga te a re a s tha t ha ve n o t ye t b e e n sa m ple d.
Ke y-words: Ge o gra p h i c d i stri b u ti o n . Lo x o sc e li sm . Loxosc eles. Sp i d e r b i te s.
1 . Seç ão de Animais Peç o nhento s do Centro de Pro duç ão e Pesquisa de Imuno bio ló gic o s. 2 . Núc leo de Estudo s do Co mpo rtamento Animal Departamento de B io lo gia do Centro de Ciênc ias B io ló gic as e da Saúde da Po ntifíc ia Universidade Cató lic a do Paraná.
En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr. Emanuel Marques da Silva. R. Targino da Silva, s/nº, 8 3 .3 0 2 -1 6 0 Piraquara, PR. Tel: 5 5 4 1 3 6 7 3 -8 8 2 5
e-mail: ems@ pr.go v.br
Rec ebido para public aç ão em 7 /6 /2 0 0 4 Ac eito em 3 /5 /2 0 0 5
No Brasil, de 1990 a 1993, foram registrados 17.785 acidentes araneídicos, a maioria nas Regiões Sul e Sudeste1 0. Daqueles
notificados de 1988 a 2001( n = 61.775) , o Estado do Paraná representou 4 4 % ( n = 2 7 .3 6 4 ) do total e 7 2 % da Região Sul ( n = 38.133)1 0. O Paraná é o estado brasileiro que notifica o
maior número de acidentes por aranhas Lo xo sceles no país, sendo 62,2% ( 595) em 1988-1989 e 77,4% ( 923) em 1989-19901 6.
A maio r c asuístic a so bre lo xo sc elismo estudada até o m o m e nto fo i apr e se ntada po r Mar q ue s- da- Silva1 3 se ndo
analisados 2 0 .6 2 0 casos de acidentes registrados no Paraná em
apenas o ito ano s ( 1 9 9 3 a 2 0 0 0 ) , distr ibuído s em 4 3 ,9 % ( n = 1 7 5 ) dos munic ípios.
O gênero Lo xo sce le s é cosmopolita e possui mais de 1 0 0 espécies que têm como centro de origem a África e as Américas1 1.
Destas espécies, 2 0 são endêmicas da África, 5 0 da América do Norte e Central e 3 0 da América do Sul1 1. Para uma melhor
L. a de la ida Gerstch, 1 9 6 7 ( RJ)2 1 1 1 4.
A taxonomia do grupo foi alvo de inúmeros debates, mais intensamente na década de 1 9 6 0 principalmente com respeito ao número e sinonímias das espécies de Lo xo sce le s ocorrentes na América do Sul, as quais tiveram a última revisão feita por Gerstch1 1, com 1 9 espécies novas e mapas de distribuição. No
entanto esses dados devem ser avaliados com cautela, pois o autor não revisou pessoalmente todos os animais, valendo-se do registro do livro tombo de coleções científicas. Segundo o autor, o problema da sistemática de Lo xo sce le s relaciona-se com a sua natureza haplógina, em que há uniformidade nos caracteres so mátic o s e spe c ialme nte da ge nitália, alé m das gr ande s semelhanças entre as espécies devido a uma e xplo siva ra dia çã o
a d a p ta ti va q ue pr o duziu e s pé c ie s m uito pr ó xim a s ,
provavelmente por explorarem hábitos e habitats semelhantes. Apesar do Paraná ser o estado com maior número de casos de loxoscelismo, pouco se sabe sobre a distribuição das espécies. Para o estado, os dados disponíveis datam da metade do século passado1 5 e mais recentemente Fischer4 realizou levantamento
das espécies ocorrentes no município de Curitiba. O presente e studo te ve c o m o o b j e tivo r e alizar um m ape am e nto da distribuição das espécies do gênero Lo xo sce le s no Estado do Paraná.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estado do Paraná possui 468km de extensão na direção norte sul ( 2 2 ° 2 9 ’3 0 ” e 2 6 ° 4 2 ’5 9 ”) e 6 7 4 km de leste a oeste ( 48° 02’24” e 5437’38”)1 2, distribuídos em 399 municípios que
são divididos administrativamente em 22 regionais de saúde ( RS) . A distribuição parcial das espécies do gênero Lo xo sce le s no Estado do Paraná foi obtida com base nos registros em coleções c ientífic as. Para tal foram analisadas todos os exemplares originários do Paraná tombados nas seguintes coleções: Coleção Aracnológica Vera Regina von Eickstedt da Seção de Animais Pe ç o n h e n to s do Ce n tr o de Pr o duç ã o e Pe s q uis a de Imunobiológic os ( CPPI) /Sec retaria de Estado da Saúde do Paraná ( SESA) , Coleç ão Rudolf B runo Lange do Museu de História Natural Capão da Imbuia Secretaria Municipal de Meio Am b ie nte /Pr e fe itur a Munic ipa l de Cur itib a , c o le ç ã o do Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantan, SP, coleção de aranhas no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ e Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, SP. Destas coleções, apenas a presente no CPPI é voltada para a
A distribuição do gênero Lo xo sce le s no Estado do Paraná englobou 2 0 regionais de saúde e 6 9 municípios. A coleção científica que melhor representou a ocorrência do gênero para o Estado do Paraná foi a presente no CPPI, constando com uma amostragem histórica de 1 2 anos ( 1 9 9 2 a 2 0 0 3 ) e fornecendo o registro de 1 .4 5 8 aranhas. As demais coleções trazem dados pontuais com poucos registros para o Estado do Paraná.
No Paraná estão presentes quatro das oito espéc ies de
Lo x o sc e le s desc ritas para o B rasil: L. i n te rm e d i a, L. la e ta,
L. ga u c h o e L. h i rsu ta.
A espéc ie c om maior perc entual de exemplares 1 .0 5 1 ( 6 5 ,1 %) nas coleções consultadas foi L. inte rm e dia . Foi também a espécie que apresentou a distribuição mais ampla pelo estado, tendo sido encontrada em todas as regiões do Estado abrangendo 50 municípios agrupados em 13 regionais de saúde ( Figura 1A) .
L. inte rm e dia, cujo holótipo é de Petrópolis RJ, faz parte do
grupo spadicea junto com L. hirsuta e L. spa dice a1 1. Embora a
espéc ie apresente predomínio no sul do país ( Paraná4; Rio
Grande do Sul2; Santa Catarina1 8) , sua ocorrência é registrada
também em estados do sudeste ( Rio de Janeiro, Minas Gerais) e do c e n tr o o e s te ( B r a s ília )1 1. A b io lo gia , e c o lo gia e
comportamento da espécie foram amplamente estudados por Fischer5 6 e Fischer e Vasconcellos-Neto9. Os autores, comparando
os padrões apresentados por L. inte rm e dia e L. la e ta, espécies ocorrentes no município de Curitiba, chegaram a conclusão de
que L. inte rm e dia possui hábitos mais generalistas, se locomove
mais e tolera mais o filhote coespecífico do que L. la e ta. Fatores estes, que favorecem a sua instalação e proliferação em diferentes substratos e ambientes. Os dados do presente estudo corroboram c om os hábitos generalistas da espéc ie, uma vez que a sua ocorrência abrange áreas com temperatura, umidade relativa do ar e altitudes contrastantes1 2.
A espécie L. ga ucho foi a segunda espécie melhor amostrada 3 0 4 ( 1 9 ,5 %) . A espécie predominou nos municípios do norte e noroeste do Estado, principalmente fronteira com São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendo distribuída por 1 7 municípios em sete RS ( Figura 1 B) . O grupo gaucho é composto1 1 por L. ga ucho ,
L. sim ilis e L. a de la ida e L. a m a zô nica , espécie única do grupo
amazônica se constitui de uma forma isolada do grupo gaucho.
L. ga ucho é uma espécie endêmica do Brasil e predomina nos
estados do Sudeste, sendo o holótipo proveniente de São Paulo1 1.
Neste estado, L. ga ucho é a espécie predominante nos locais de acidentes3. A biologia da espécie foi estudada por Rinaldi cols1 7,
Buckup2 não confirmou a ocorrência da espécie no Rio Grande
Fisc her4 lo c alizo u um fo c o iso lado de L. ga u c h o em um
euc alipto presente em uma área de c a m pin g em um c lube de c ampo.
A espécie L. la e ta foi representada por 1 0 ,8 % (n = 1 6 9 ) dos registros, ocorrendo 1 3 municípios e 7 regionais de saúde ( Figura 1 C) . L. la e ta predominou nos municípios localizados na região sul do estado. Esta espécie é nativa do sul da América Latina provavelmente Argentina ou Chile, devido a inúmeros problemas de sinonímia são encontrados tipos no Peru, Chile e Argentina. Atualmente, a espécie ocorre em inúmeros países distribuídos por todos os continentes1 1. A alta capacidade de
viver um longo período em inanição é um fator que favorece a essa espécie estabelecer populações em diferentes locais onde é introduzida acidentalmente. Porém, Fischer6 chama a atenção para
a pequena dispersão de L. la e ta a qual estabeleceu focos apenas ao redor do ponto de introdução. O grupo la e ta é grande e representado por mais de 24 espécies, sendo a maioria (n = 1 5 ) endêmica do Peru1 1. A espécie mais recentemente descrita para
o Brasil (L.puo rto i) faz parte do grupo la e ta1 4.
A espécie L. hirsuta foi representada apenas por 37 indivíduos e apesar de se distribuir em diferentes regiões do Estado, ocorreu apenas em 10 municípios e nove RS ( Figura 1D) . L. hirsuta, cujo holótipo é de Cacimbinhas RS, foi erroneamente incluída na lista
de distribuição para o Paraná ( Curitiba)1 5, uma vez que Fischer4
revisando o material tombado na coleção do Museu de História Natural Capão da Imbuía constatou se tratar de L. la e ta e L.
inte rm e dia. Após esse registro, a espécie não foi mais notificada
para o estado. Resultado semelhante foi obtido por Buckup2
para o Rio Grande do Sul, onde a ocorrência da espécie não foi confirmada. A partir de 1 9 9 6 foram recebidos na coleção do CPPI dois machos, provenientes de Cascavel ( 1 9 9 6 /1 9 9 8 ) e uma fêmea, proveniente de Telêmaco Borba ( 1 9 9 8 ) . Em outubro de 1 9 9 8 , 1 7 indivíduos ( 5 machos, 9 fêmeas e 3 jovens) foram coletados intra e peridomiciliarmente em edificações na Usina Hidrelétrica Julio de Mesquita Filho, no município de Cruzeiro do Iguaçu. Em junho de 1 9 9 9 , cinco indivíduos ( 3 machos, 1 fêmea e 1 jovem) foram coletados em um depósito e em entulhos, na vila de moradores da Usina Hidrelétrica de Salto Osório, município de Quedas do Iguaçu. Nestes mesmos ambientes foram também coletados exemplares L. inte rm e dia. Desta forma, esses registros confirmam a ocorrência de L. hirsuta para o Estado do Paraná. O c omportamento c opulatório, a fertilidade e o desenvolvimento pós-embrionário da espécie foram estudados por Fischer & Marques-da-Silva7 8. Os indivíduos de L. hirsuta
são supe r fic ialme nte se me lhante s ao s de L. i n te rm e d i a, princ ipalmente no que diz respeito à tonalidade da c oloraç ão
Paranavaí Maringá Londrina Cornélio Procópio Jacarezinho Apucarana Ivalporã Umuarama Cianorte Campo Mourão Toledo Cascavel Foz do Iguaçu
Francisco Beltrão
Pato Branco Guarapuava
União da Vitória Irati Ponta Grossa Metropolitana Paranaguá Kelêmaco Borba Paranavaí Maringá Londrina Cornélio Procópio Jacarezinho Apucarana Ivalporã Umuarama Cianorte Campo Mourão Toledo Cascavel Foz do Iguaçu
Francisco Beltrão
Pato Branco Guarapuava
União da Vitória Irati Ponta Grossa Metropolitana Paranaguá Kelêmaco Borba Paranavaí Maringá Londrina Cornélio Procópio Jacarezinho Apucarana Ivalporã Umuarama Cianorte Campo Mourão Toledo Cascavel Foz do Iguaçu
Francisco Beltrão
Pato Branco Guarapuava
União da Vitória Irati Ponta Grossa Metropolitana Paranaguá Kelêmaco Borba Paranavaí Maringá Londrina Cornélio Procópio Jacarezinho Apucarana Ivalporã Umuarama Cianorte Campo Mourão Toledo Cascavel Foz do Iguaçu
Francisco Beltrão
Pato Branco Guarapuava
União da Vitória Irati
Ponta Grossa Metropolitana
Paranaguá Kelêmaco Borba
Figur a 1 A - Lox osce l e s i n te r m e di a Figur a 1 B - Lox osce l e s l ae ta
Figur a 1 C - Lox osce l e s gau cho Figur a 1 D - Lox osce l e s hi r su ta
Fi gu r a 1 - Mapas da di str i b u i ção das e spé ci e s do gê n e r o Lo xo sceles por m u n i cí pi os do Estado do Par an á - BR: Lo xo sceles inter media
município de Curitiba. Na capital, L. la e ta ocorre principalmente no intradomicílio de construções antigas6.
De maneira semelhante, em outras localidades, como a região de Lauro Müller – SC, a espéc ie oc orre assoc iada a antigas construções da área rural onde estabelece grandes populações ( E Ma r q ue s- da - Silva : c o m unic a ç ã o pe sso a l, 2 0 0 3 ) . J á
L. inte rm e dia é encontrada no intra-e no peridomicílio, tanto em
Curitiba6 quanto nos demais municípios do estado ( E
Marques-da-Silva: comunicação pessoal, 2 0 0 3 ) . A menor resistência de
L. la e ta às altas temperaturas9 corroboram com os dados do
presente estudo, em que ocorrências pontuais de L. la e ta são confrontadas com a distribuição mais ampla de L. inte rm e dia, englobando áreas de ocorrência de temperaturas mais altas. O predomínio de L. ga uc ho no norte do estado, sugere que a espécie seja mais adaptada a características climáticas específicas da região, como altas temperaturas e pouca umidade1 2. Nessas
condições, as aranhas são freqüentemente encontradas entre frestas de terras em barrancos, sob telhas e restos de entulhos de c onstruç ão ( E Marques-da-Silva: c omunic aç ão pessoal, 2 0 0 3 ) , onde provavelmente a temperatura é mais amena e a umidade maior, pois a ocorrência intradomiciliar é raramente r e gistr ada. J á L. h i r s u ta, par e c e r e pr e se ntar pe q ue nas populaç ões distribuídas em foc os dispersos pelo estado. A semelhança morfológica com L. inte rm e dia sugere avaliações mais cuidadosas na identificação desses exemplares.
Concluindo, no Estado Paraná ocorre metade das espécies de
Lo xo sceles registradas para o Brasil. A distribuição dessas espécies
evidencia a existência de padrões específicos relacionados a hábitos diferenciais.
Os dados do presente estudo fornecem um panorama da distribuição do gênero pelo estado, ressaltando as características peculiares de cada espécie. Os recentes registros de loxoscelismo levam ao questionamento sobre quais teriam sido os fatores que favorec eram as espéc ies a oc uparem o ambiente antrópic o. Infelizmente os questionamentos para a c ompreensão desse fenômeno estão relacionados ao fato de que o reconhecimento da s e s pé c ie s c o in c ide c o m o r e gis tr o de a c ide n te s e , automaticamente, com o seu sta tus de animal de importância médic a. Desta forma, o ac ontec imento históric o pode ser abordado apenas por meio de hipóteses. A mesma consideração foi feita por Gertsch1 1 para L. re clusa nos Estados Unidos. O
autor discutiu, ainda, a hipótese de que a ocupação do ambiente antrópico teria sido recente, e que, justamente a melhoria das c ondiç ões ambientais, tais c omo, amenizando temperaturas
AGRADECIMENTOS
Os autores agradec em aos func ionários das regionais de saúde que enviaram o material para tombamento na c oleç ão c ie n tífic a da Se ç ã o de An im a is Pe ç o n h e n to s do CPPI . Agr a de c e m o s a o s c ur a do r e s da s c o le ç õ e s de a r a n h a s c onsultadas: Ric ardo Pinto da Roc ha, Antônio B resc ovit, Julio César Moura Leite e Adriano Kury. Os autores agradec em os func ionários da Seç ão: Milton, Joel, Eliseu pelas c oletas e organizaç ão da c oleç ão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 . B üc herl W. Aranhas do gênero Lo x o sc e le s e lo xo sc elismo na Améric a.
Ciênc ia e Cultura 1 3 :2 1 3 -2 2 4 , 1 9 6 1 .
2 . B uc kup EH. Variaç ão interpo pulac io nal do s rec eptác ulo s em aranhas do
grupo spadic ea do gênero Lo x o sc e le s Heinec ken & Lo we, 1 8 3 2 ( Araneae; Sc yto didae) . Hieringia ser Zo o lo gia 5 5 :1 3 7 -1 4 7 , 1 9 8 0 .
3 . Ca r d o s o J LC, Fr a n ç a FO, E i c k s te d t VD, B o r ge s I , No gu e i r a , MT. Lo xo sc elismo : estudo de 2 4 2 c aso s ( 1 9 8 0 -1 9 8 4 ) .Revista da So c iedade B rasileira de To xic o lo gia 1 :5 8 -6 0 , 1 9 8 8 .
4 . Fisc her ML. Levantamento das espéc ies do gênero Lo x o sc e le s Heinec ken
& Lo we, 1 8 3 2 , no munic ípio de Curitiba, PR. Estudo s de B io lo gia 3 8 :6 7 -8 6 , 1 9 9 4 .
5 . Fisc her ML. B io lo gia e Ec o lo gia de Lo x o sc e le s i n te rm e d i a Mello -Leitão , 1 9 3 4 ( Araneae; Sic ariidae) no Munic ípio de Curitiba, PR. Dissertaç ão de mestrado , Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 1 9 9 6 .
6 . Fisc he r ML. Utilizaç ão do Hab itat po r Lo x o sc e le s i n te rm e d i a Me llo -Leitão ,1 .9 3 4 e L. la e ta ( Nic o let, 1 8 4 9 ) no Munic ípio de Curitiba, PR. Uma Abo rdagem Experimental so bre Aspec to s Ec o ló gic o s e Co mpo rtamentais. Tese de Do uto rado , Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2 0 0 2 .
7 . Fisc her ML, Marques-da-Silva E. Co mpo rtamento sexual de Lo x o sc e le s
h i rsu ta Mello -Leitão , 1 9 3 1 ( Ar aneae; Sic ar iidae) . Estudo s de B io lo gia 4 7 : 7 -1 4 , 2 0 0 1 a.
8 . Fis c h e r ML, Ma r q ue s - da - Silva E. Ovipo s iç ã o e de s e n vo lvim e n to de
Lo x o sc e le s h i rsu ta Mello -Leitão , 1 9 3 1 ( Araneae; Sic ariidae) . Estudo s de B io lo gia 4 7 : 1 4 -2 0 , 2 0 0 1 b.
9 . Fisc he r ML, Vasc o nc e llo s-Ne to J. De te r minatio n o f the maximum and
minimum lethal temperatures ( LT5 0 ) fo r Lo x o sc e le s i n te rm e d i a Mello -Leitão , 1 9 3 4 and L. la e ta ( Nic o let, 1 8 4 9 ) ( Araneae, Sic ariidae) . Jo urnal o f Thermal B io lo gy 2 8 : 5 6 3 -5 6 7, 2 0 0 3 .
1 0 . Fundaç ão Nac io nal de Saúde. Manual de Diagnó stic o e Tr atamento de Ac identes po r Animais Peç o nhento s. Ministério da Saúde, B rasília, 1 9 9 8 .
1 1 . Ge r stsh WJ . The spide r ge nus Lo x o sc e le s in So uth Ame r ic a. B ulle tin Americ an Museum Natural Histo ry 1 3 6 :1 2 1 -1 8 2 , 1 9 6 7 .
1 2 . Maac k R. Geo grafia físic a do Estado do Paraná, 2aediç ão Livraria Jo sé
1 3 . Marques-da-Silva E. Lo xo sc elismo no Estado do Paraná: epidemio lo gia do s ac identes c ausado s po r aranhas Lo x o sc e le s no perío do de 1 9 9 3 a 2 0 0 0 . Disse r taç ão de me str ado da Esc o la Nac io nal de Saúde Púb lic a, Fundaç ão Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro , 2 0 0 2 .
1 4 . Martins R, Knysak I, B ertani R. A new spec ies o f Lo x o sc e le s o f the la e ta
gro up fro m B razil ( Araneae; Sic ariidae) . Zo o taxa 9 4 :1 -6 , 2 0 0 2 .
1 5 . Mello-Leitão C. Aranhas do Paraná e Santa Catarina das c oleç ões do Museu Paranaense. Arquivo s do Museu Paranaense 6 : 2 3 1 -3 0 4 , 1 9 4 7 .
1 6 . Rib e ir o LA, Eic k ste dt VRV, Rub io GB G, Ko no lsaise n FZ, Handar, Entr e s M, Campo s VAFP, Jo r ge MT. Epide mio lo gia do ac ide nte po r ar anhas do
gê ne r o Lo x o sc e le s He nie c k e n & Lo we no Estado do Par aná ( B r asil) . Memó rias do Instituto B utantan 5 5 :1 9 -2 6 , 1 9 9 3 .
1 7 . Rinaldi IMP, Fo rti LC, Stro pa AA. On the develo pment o f the bro wn spider
Lo x o sc e le s ga u c h o Gertsc h ( Araneae; Sic ariidae) the nympho -imaginal perio d. Revista B rasileira de Zo o lo gia 1 4 : 6 9 7 -7 0 6 , 1 9 9 7 .