CURSO DE MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL
ANÁLISE CRÍTICA DO CYBERSLACKING NAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS.
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
FERNANDO KUSCHNAROFF CONTRERAS
CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL
TÍTULO
ANÁLISE CRÍTICA DO CYBERSLACKING NAS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:
FERNANDO KUSHCNAROFF CONTRERAS
APROV ADO EM
f1j /
ffj /
~
PELA COMISSÃO EXAMINADORA
FATIMABAYMA DOUTORA EM EDUCAÇAo
Luís
CÉSAR~JO
DOUTOR Elvl ADMINISTRAÇAo
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA
MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
APRESENTADO POR:
FERNANDO KUSCHNAROFF CONTRERAS
TÍTULO
ANÁLISE CRíTICA DO CYBERSLACKING NAS ESTRUTURAS
ORGANIZACIONAIS
Análise Crítica do Cyberslacking nas Estruturas Organizacionais
Dissertação apresentada a Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas - Centro de
Formação Acadêmica e Pesquisa da Fundação
Getulio Vargas para a obtenção do título de
Mestre.
Área de concentração: Estruturas Empresariais e
Processos de Negócios.
Orientadora: Prot". Ora. Fátima Bayma de Oliveira
Rio de Janeiro
FOLHA DE APROVAÇÃO
Fernando Kuschnaroff Contreras
Análise crítica do Cyberslacking nas Estruturas Organizacionais
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr. Luis Cesar G. Araujo
Instituição: Fundação Getulio Vargas
Prof'. DI"". Fátima Bayma de Oliveira Instituição: Fundação Getulio Vargas
Prof. Dr.Francisco Baroni
Dissertação apresentada à Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas - Centro
de Formação Acadêmica e Pesquisa da
Fundação Getulio Vargas para a obtenção do
título de Mestre
Área de concentração: Estruturas Empresariais
e Processos de Negócios
Assinatura: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Assinatura: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a todos os críticos
que sempre se posicionaram contra todas as
formas de dominação, alienação e opressão
das pessoas, e buscaram contribuir com suas
idéias e posições para a construção de uma
AGRADECIMENTOS
À Fundação Getúlio Vargas, à. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas e, especialmente, ao Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa pela
oportunidade.
A minha orientadora Profl Doutora Fátima Bayma de Oliveira, na orientação
segura e tranqüilidade transmitida.
Ao ISAE/FGV de Curitiba que contribuiu para o sucesso da pesquisa, com
especial carinho para Milena e Aneli
Ao meu pai que veio ao Brasil sozinho, se tornou uma celebridade e grande
cientista na área de Física Núclear, minha mãe que sempre foi um exemplo de
determinação e perseverança, minha esposa Carin, querida incentivadora do meu
trabalho e carreira e, minhas filhas Fernanda e Victória que aceitaram minha
ausência.
Aos colegas do Curso de Gestão Empresarial da Fundação Getúlio Vargas,
pelo apoio, colaboração e, principalmente, pelo carinho nesta jornada. Ao colega
Ricardo que foi meu grande instrutor de Estatística.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
RESUMO
A Internet é um hoje um instrumento fenomenal de pesquisa e informação, e
rapidamente entrou na vida das pessoas. Sua utilização proporciona uma sensação
de liberdade e descobertas. Este estudo pretende discorrer sobre o entrada da
Internet nas organizações e um fenômeno decorrente chamado "Cyberslackíng', que
passou a designar o uso de equipamentos e sistemas informáticos dispostos pelo
empregador para fins particulares, no ambiente de trabalho. A pesquisa foi
conduzida com executivos das empresas da cidade de Curitiba-Paraná, que
possuíam formação universitária e tinham acesso à Internet tanto nos escritórios
como nas respectivas residências. O ponto central do trabalho foi identificar se a
entrada da Internet nas organizações alterou as estruturas e as formas de controle
sobre o trabalho. Posicionou-se a Internet no ambiente de trabalho, as empresas e
respectivas estruturas organizacionais inseridas no regime de produção. A proposta
do trabalho consistiu em realizar uma análise crítica sobre o tema. Nesse sentido,
apresenta-se uma revisão de literatura fundamentada nos autores da Escola de
Frankfurt, tendo sido avaliadas as estruturas organizacionais, a racionalidade do
comportamento do trabalhador, a questão dos controles e autoridade. Também foi
estudado o novo modelo de organização do trabalho pós-fordistas e como o
trabalhador foi conduzido para se tornar cada vez mais conectado às empresas.
Analisaram-se a influência das novas tecnologias sobre as estruturas de trabalho e
as adequações adotadas pelo capital após sua introdução nestes ambientes e,
principalmente, a questão dos controles exercidos sobre os trabalhadores e os
aspectos legais envolvidos neste novo paradigma de trabalho. Conclui-se que as
organizações já vêm se adaptando às mudanças econômicas mundiais e também
tecnológicas ao longo dos anos, criando novos mecanismos de controle sobre o
trabalho, envolvendo os trabalhadores dentro dos sistemas e se aproveitando de
fatores externos como o nível de desemprego, aliado à racionalidade do trabalhador,
para garantir maior produtividade e eficiência.O cyberslackíng foi condenado pelos
próprios trabalhadores devido aos riscos que pode apresentar ao sistema de
informação das empresas e, conseqüentemente, ao seu trabalho, mas é
considerado um instrumento de fuga para as pressões do sistema impostos pelo
ABSTRACT
Internet is a remarkable instrument for research and information actually in
use, and it has bursted into people's life rapidly. Internet's application provides a
sensation of liberty and discovery. The present study intends to consider about
Internet's participation into organizations and a phenomenon called "Cyberslacking"
which has passed to designate the use of informatics equipments and systems
disposed by the employers for personal use in the work environment.The research
was conducted through University Graduated Executives from companies
established in Curitiba City, Parana,. They had access for Internet both in the office,
as well as at their residences. The focus of this study was to identify whether the
introduction of Internet in to the Organizations had made alterations in their
structures, as well as over the work performance control. The question of Internet in
the routine work environment was contested, also into de enterprise and the way of
managing their organizational structures of the production system. The main
purpose of this work was to achieve a criticai analysis about this thesis. Under this
direction, it was presented a revision of the literature written by Frankfurt Scholl
authors where it was assessed the organizational structures, the employee behavior
rationality and the issue of control and authority. The new model of pos-fordist
organizational work was also studied and how the worker was directed to beco me
more and more connected to the enterprise.lt was analyzed the influence of the new
technologies over the work structures adopted by the capital adequacy after its
introduction in these environments and especially the question of control exercised
over the workers and the legal aspects involved in this new paradigm of work.ln
summary, it appears now that organizations are adapting the global economics
changes and also toward technologies over the years, creating new mechanisms of
control over the work, involving the workers within the system and taking advantages
of externai factors, such as unemployment leveis, together with the capable
employed to ensure higher productivity and efficiency.The Cyberslacking has been
disapproved by the proper workers due to risks that can be presented by the
company information systems and, consequently , affecting their works, however it is
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- A Disponibilidade de Equipamentos ... : ... .46
Tabela 2 - A casa como extensão do Escritório ... 50
Tabela 3 - Tempo de uso do computador em casa ... 69
Tabela 4 - Uso da Internet em casa para fins profissionais ... .46
Tabela 5 - Quanto ao Lay-out da Empresa ... 50
Tabela 6 - A Rotina e os processos de trabalho ... 69
Tabela 7- A Quantidade de Atividades e Horas Trabalhadas ... .46
Tabela 8 - O Tempo Dedicado ao Trabalho ... 50
Tabela 9 - O Trabalho e a Razão Instrumental ... 69
Tabela 10 - As Mudanças nas Normas e Regras de Conduta ... .46
Tabela 11 - O Controle sobre o Trabalho ... 50
Tabela 12 - A Necessidade de Aplicação de Normas ... 69
Tabela 13 - O Controle sobre o Cyberslacking ... .46
Tabela 14 - As Formas de Controle sobre o Trabalho ... 50
Tabela 15 - A Punição do Cyberslacking ... 69
Tabela 16 - Os Riscos da Internet ... .46
Tabela 17 - Os Impactos nos Resultados da Empresa com a Internet ... 50
Tabela 18 - O Uso do e-mail e seus riscos ... 69
Tabela 19 - A Eficiência e a Eficácia do Trabalho com o uso da Internet ... .46
Tabela 20 - A Internet e os Ganhos de Produtividade na Empresa ... 50
Tabela 21 - A Dependência Tecnológica da Internet ... 69
Tabela 22 - O Perfil do Novo Trabalho ... .46
LISTA DE TABELAS ANEXAS
Tabela A1 - Proporção de Empresas que Usam Computador no Brasil ... 52
Tabela A2 - Proporção de Empregados que Usam Computador ... .46
Tabela A3 - Proporção de Empresas com REDE Internet, Extranet ... 50
Tabela A4 - Proporção de Empresas que Utilizam a Internet ... 69
Tabela A5 - Proporção de Funcionários que Utilizam a Internet ... 52
Tabela A6 - Proporção de Empresas Utilizando a Internet por Finalidade ... .46
Tabela A7 - Problemas de Segurança Encontrados ... 50
Tabela A8 - Proporção de Empresas com Política de Restrição de Acesso ... 69
Tabela A9 - Tempo gasto na Internet por Semana ... 52
Tabela A10 - Propósito das Atividades Realizadas na Internet ... .46
Tabela A11 -Indivíduos que Utilizam a Internet para se Comunicar ... 50
Tabela A12 - Atividades de Comunicação Desenvolvidas na Internet ... 69
Tabela A13 -Indivíduos que usam Internet para Buscar Informações ... 52
sUMÁRIO
1 Introdução ... 11
1.1 Pesquisa Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil (TIC) ... 15
1.2 Objetivos ... 18
1.2.1 Objetivo Final ... 18
1.2.2 Objetivos Intermediários ... 18
1.3 Delimitação do Estudo ... 19
1.4 Relevância do Estudo ... 19
2 Fundamentação Teórica ... .25
2.1 Análise do Capitalismo segundo uma Visão Crítica ... 26
2.2 As Estruturas Organizacionais na Economia Capitalista ... 30
2.3 A Racionalidade do Comportamento do Trabalhador ... 33
2.4 Controle, Poder e Autoridade nas Estruturas Organizacionais ... 38
2.5 O Taylorismo e.Fordismo ... .44
2.6 As Propostas Pós-Fordistas ... .49
2.7 O Trabalhador e a Hiperconectividade ... 56
2.8 A Internet e as Estruturas Organizacionais ... 61
2.9 A Autonomia Controlada ... 66
2.10 A Internet, a Privacidade e o Poder das Organizações ... 71
3 Metodologia ... 79
3.1 O Objeto da Pesquisa ... 79
3.2 Pesquisa Bibliográfica ... 80
3.3 Pesquisa Qualitativa Exploratória ... 82
3.4 Universo e Amostra ... 84
3.5 Tratamento de Dados ... 86
3.6 Resultados da Pesquisa ... 87
3.7 limitações do Método ... 102
4 Conclusão e Recomendações ... 103
5 Referências ... 109
1 Introdução
Analisando a evolução dos cenários e economias mundiais nas últimas duas
décadas, observa-se que mudanças econômicas e políticas ocorreram e
desencadearam um maior intercâmbio mundial, tanto entre países como entre
empresas. A Internet se tornou definitivamente o veículo de comunicação desta
década. A partir de 1990, o engenheiro Tim Berners-Lee garantiu que os usuários da
Internet compartilhassem milhares de sites, mediante a criação da WORLD WIDE
WEB ou rede de alcance mundial, como é conhecida. A WEB tornou-se importante
meio de difusão massiva e instantânea de informações.
Wallace (2004 p.6) afirma que uma parcela substancial dos efeitos da Internet
no local de trabalho surgiu a partir do ambiente econômico, que igualmente foi
afetado pela rede digital mundial.
Com efeito, a expansão industrial e a difusão da cultura do consumo
capitalista, aliadas a esta enorme força de divulgação proporcionada pela WEB,
garantiram muita agilidade para a realização de negócios, tanto na compra quanto
na venda de produtos. O mercado demandou novos produtos, bem como serviços
inovadores.
Segundo Wallace (2004 p.2), a internet tornou-se um catalisador de novos
modelos empresariais, estratégias e estruturas organizacionais. Ela introduziu novos
fatores que afetaram a paisagem competitiva, novas rivalidades, novos concorrentes
e novas pressões; inovações estas que muitos líderes empresariais não estavam
preparados para enfrentar. Ela acionou novas maneiras de pensar sobre como fazer
negócios; algumas organizações se saíram bem e algumas falharam,
lamentavelmente.
Essa competição permanente e crescente entre as empresas pelos
mercados e clientes provocou uma ansiedade na busca por resultados, o que
consequentemente levou a uma maior pressão interna das empresas junto aos
trabalhadores. Os trabalhadores foram engajados em movimentos em torno dos
de metas estabelecidas em orçamentos e planos estratégicos. Wallace (2004, p.58)
faz a seguinte avaliação sobre esse ambiente:
por um lado, os consumidores se beneficiam de produtos melhores e mais baratos e as empresas são altamente motivadas para competir no mercado com ofertas inovadoras. Ao mesmo tempo, leva a uma concorrência feroz e um tremendo frenesi no local de trabalho.
Promoções de cargos e prestígio interno se intensificaram como moeda de
troca oferecida pelas organizações no cumprimento dos objetivos. Assim,
observa-se uma disputa interna dos trabalhadores pelas oportunidades de ascensão
profissional e, acima de tudo, pela manutenção dos postos de trabalho.
o
grande número de empresas concorrendo em mercados pelo mesmopúblico, somado à necessidade de perpetuação do capital neste ambiente, leva a
dois fatores muitos significativos: busca permanente pelo corte de custos e
necessidade de aumento de produtividade. Conforme o pensamento de Wallace
(2004 p.59):
as crescentes competições nos negócios que as empresas vêm enfrentando conduziram a outro fator que está influenciando na decisão das pessoas em relação seus horários de trabalho. Na concorrência, as empresas para permanecerem rentáveis tiveram continuamente encontrar formas de reduzir os custos de funcionamento, nomeadamente os custos associados às causas trabalhistas. Particularmente têm adotado gestão estratégias que conduzam a menores custos fixos associados aos trabalhadores e uma maior flexibilidade para recrutar, contratar, e despedir o mais rapidamente possível.
Em relação à produtividade do trabalho, observa-se que, nos escritórios, as
empresas adotaram os sistemas de informações disponibilizados aos funcionários
por meio dos computadores pessoais, garantindo maior agilidade nas comunicações
e no cumprimento dos resultados desejados. Essas medidas alteraram
significativamente o ambiente organizacional já que as pessoas, para a manutenção
de seus postos de trabalho, são obrigada a aceitar e a se submeter ao aumento do
volume de serviços e dos novos horários de trabalho, sem nenhum ganho adicional.
A esse respeito, Wallace (2004 p.54) coloca que:
tecnologias permitem que as pessoas possam trabalhar desde que eles queiram ou precisem todo o tempo e o ano inteiro.
Outros fatores importantes para o agravamento da situação dos
trabalhadores foram o aumento substancial do número de pessoas desempregadas
e a ineficiência dos Estados, que não conseguem, com de suas políticas de ação
social, solucionar o problema do desemprego crescente, e muito menos agir como
estimulador do desenvolvimento econômico-social. Wallace (2004 p.61) afirma que:
"para os trabalhadores significou a insegurança crescente e cada vez maior
preocupação com um súbito aparecimento do desemprego".
Um aspecto muito relevante no ambiente interno das organizações é também
a questão da informação, que é utilizada nas corporações como instrumento para
inovação e criação de diferenciais competitivos, ganhando um caráter estratégico e,
portanto, sigiloso. Esta configuração impõe necessariamente mudanças nas
estruturas e nos controles, uma vez que tais informações podem trafegar pela rede
com grande facilidade, expondo a empresa a concorrentes, o que a faria perder sua
posição de vantagem no mercado. De acordo com Wallace (2004 p.4):
o acesso à Internet representa uma enorme influência sobre o tipo e quantidade de informação que pode chegar a todos os trabalhadores no ambiente de trabalho. Através da Intranet, empregados podem acessar ao volume atualizado de informação intema da empresa, bem como a Intemet proporciona acesso a grandes quantidades de inteligência empresarial.
Assim, a vigilância sobre o trabalhador, principalmente no desenvolvimento
da sua atividade com a nova ferramenta, ganha um novo peso, já que, além do
controle sobre a sua produtividade no trabalho, também será monitorado pelo uso da
ferramenta microeletrônica e sua comunicação com o mercado no exercício da
atividade. Conforme Wallace (2004 p.222): "a gestão corporativa sempre monitorou
os trabalhadores de um modo ou de outro, mas apenas para proporcionar
supervisão". As novas ferramentas, no entanto, dão à gestão muito mais poder e
possibilidades de vigilância, e por esse motivo as corporações estão usando esta
ferramenta, de grande disponibilidade e facilidade de implementação.
Na questão da produtividade em relação ao uso da Internet, também surge
empresas para fins pessoais. As empresas encontram no Cybers/acking um novo
risco, uma vez que o simples acesso do funcionário a diferentes sites na rede pode
expor ou vulnerabilizar o sistema, permitindo a entrada de vírus ou mesmo de
espiões cibernéticos.
o
grande dilema que será novamente abordado neste estudo, oCyberslacking tem, na visão do empregador, aspectos muito negativos e continuará
motivando a reestruturação do ambiente de trabalho. Wallace (2004 p.227)
argumenta que:
o Cybers/acking no trabalho pode reduzir a produtividade por um lado, mas
também pode melhorar os aspectos motivacionais do trabalho, já que podem poupar tempo empregado em algumas situações. Em alguns casos, é possível aumentar a produtividade, porque os trabalhadores podem realizar pequenas incumbências pessoais on-line, sem perder tempo no almoço, ou saindo mais cedo ou mesmo faltando por "motivos de saúde.
Dois anos antes de a NET entrar no ar, já foram conhecidos os primeiros
problemas com a privacidade e segurança nas empresas, em função da liberdade
de uso da Internet nos ambientes de trabalho. Esta questão é citada por Wallace
(2004 p.222):
um amplo programa de vigilância é utilizado para identificar os
cyberslackers. Quem gasta o tempo na empresa com suas compras
Internet e gerenciando suas questões particulares, mas este programa ainda não consegue avaliar os custos do não trabalho, incluindo reduções de trabalho moral e da produtividade, o volume de negócios, e a vulnerabilidade à invasão da privacidade.
Afirmar que a Internet foi responsável por todas as últimas mudanças
ocorridas no ambiente organizacional seria um grande equívoco, visto que as
empresas estão inseridas no modo de produção capitalista e, portanto, são dirigidas
dentro do propósito básico do capital, ou seja, a geração do lucro. O capital se
reproduz por meio do trabalho, que organizado dentro das estruturas empresariais,
torna-se um dos elementos fundamentais na análise dessas estruturas. Para
Wallace (2004 p.54), "é difícil de assegurar que a Internet, a revolução da
e no não trabalho, mas parecem ter afetado equilíbrio entre elas, em vários
aspectos importantes".
1.1 Pesquisa Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil (TICs)
No sentido de melhor dimensionar a Internet e a questão do Cyberslacking,
no Brasil, e a abrangência dentro das organizações, buscaram-se dados setoriais já
estruturados sobre o assunto.
No Brasil, com o apoio do Governo Federal foi fundado o Comitê Gestor da
Internet no Brasil- CGI.Br, que desde 2005 iniciou os trabalhos de pesquisa sobre o
uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no País (TICs). As pesquisas
realizadas pela CGI, entre 2005 e 2006, contaram com a colaboração do
Observatório para a Sociedade da Informação da América Latina e Caribe (OSILAC)
e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe das Nações Unidas
(CEPAL), e seguiram o padrão metodológico internacional da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da Eurostat (Instituto de
Estatística da Comissão Européia).
Na pesquisa TIC EMPRESAS 2006 observou-se que 99,37% das empresas
no Brasil utilizam computadores nas suas atividades diárias, o que permite
pressupor que as empresas brasileiras estão bem equipadas e informatizadas.
(Anexo - Tabela A1). Nas empresas pesquisadas, 47,39% dos funcionários utilizam,
em média, computadores em suas tarefas diárias. (Anexo - Tabela A2).
Hoje tem-se 87,12 % das empresas com sistemas de computadores ligados
em rede com fio e 17,44% das empresas já utilizam o sistema sem fio. Também foi
constatado que 39,29% das empresas possuem Intranet (rede de comunicação
interna de dados) e 20,44% trabalham com extranet. (Anexo - Tabela A3).
Outro dado muito significativo para o embasamento deste estudo é o
percentual de utilização da Internet, que atingiu 94,8% das empresas. (Anexo
-Tabela A4) Este dado indica que a Internet é uma realidade dentro do mundo dos
disponibilidade de acesso à Internet nas empresas, o número de funcionários que
realizam os acessos em média é de 38,83%, o que mostra que existem restrições
para o uso da ferramenta (Anexo - Tabela A5).
Dentre as empresas pesquisadas, 80,08% permitem o acesso de
funcionários à Internet para executar serviços bancários e financeiros ligados às
atividades empresariais, sejam pagamentos ou aplicações de recursos das
empresas. O uso da Internet para fins pedagógicos como treinamento e educação
dos funcionários atingiu 27,84 %, enquanto o uso da Internet com o propósito
mercadológico e estratégico de monitoramento do mercado chegou a 52,01 %.
(Anexo - Tabela A6). Isso permite supor que a Internet tem nas empresas um
caráter profundamente gerencial e administrativo. O propósito de sua adoção é
facilitar a agilizar o gerenciamento dos recursos e melhorar o fluxo administrativo.
Outro ponto muito importante para o estudo refere-se aos problemas que as
empresas enfrentaram após a implantação da Internet. Do total pesquisado, 51,65%
das empresas já sofreram ataques por vírus de computadores, oriundos de sites ou
e-mails recebidos por funcionários. Um grande problema detectado na pesquisa
pelas empresas foram os chamados Cavalos de Tróia ou Trojans, que infectaram
35,37% das empresas. Estes programas carregam para dentro das máquinas vírus e
espiões de todos os tipos, deixando a empresa e o sistema muito vulneráveis.
(Anexo - Tabela A7). A maioria desses programas infectam as máquinas através de
e-mails e mensagens recebidas pela rede. Tais ocorrências levaram à adoção pelas
empresas de restrições de uso, por meio de políticas e normas internas.
Quanto à adoção de normas e procedimentos para controlar os acessos, em
64,96% das empresas os sites pornográficos são terminantemente proibidos; os
sites de comunicação, em 41,82%, dentre os quais se inclui o MSN, e 47,92% das
empresas não permitem os sites de relacionamento como Orkuf. (Anexo - Tabela
A8).
Na pesquisa também incluíram perguntas relacionadas ao tempo gasto
pelos usuários durante a semana acessando a Internet. Observou-se que 44,88%
gastam de 1 a 5 horas diárias na frente da máquina (Anexo - Tabela A9). Do tempo
ou privado, sem a menor relação com as atividades desenvolvidas na empresa pelos
usuários. (Anexo - Tabela A 10).
Um aspecto muito interessante para o estudo do Cyberslacking é o uso da
Internet como meio de comunicação. Dos entrevistados, 78,18% afirmam que
utilizam a Internet para comunicação com outras pessoas ou empresas. (Anexo
-Tabela A11). O envio e a recepção de e-mails foram o tipo de comunicação mais
apontado por 64,74% das pessoas. (Anexo - Tabela A12). Isso vem validar os
dados sobre a entrada dos Trojans e vírus nos sistemas.
O uso da Internet como forma de obtenção de informações ou forma de
pesquisa foi confirmado por 75,36% dos entrevistados. (Anexo - Tabela A13). Entre
as informações mais buscadas na Internet, a procura por bens e serviços figura com
35,68%, enquanto 36,68% afirmaram buscar informações sobre diversão e
entretenimento. (Anexo - Tabela A14). Este quadro mostra uma situação muito
preocupante, o que tem transformado as empresas em reféns da própria tecnologia,
obrigando-as a constantes investimentos para manter atualizado seu sistema
operacional protegido.
Entretanto, com a formatação das redes Intranet e Internet nos escritórios,
direcionadas para pesquisas e informaçQes gerenciais, os funcionários se vêem
perante um dilema: por um lado, encontram um espectro de tentações ao alcance
dos dedos pois o simples pressionar de um botão leva ao mundo de descobertas e
curiosidades, por outro, o compromisso com o trabalho e principalmente com as
regras da empresa.
Hoje em dia, uma rede de comunicação eficiente é crucial para a elaboração
eficaz de tarefas. Assim, consideram-se incontestável os benefícios trazidos pela
Internet no meio produtivo, e esta há de ser alvo de atenção por parte de todos os
usuários envolvidos na empresa.
É fundamental mencionar que a vulnerabilidade da segurança de dados nas
empresas com a Introdução da Internet tornou-se um fator motivador de mudanças
organizacionais, que serão abordadas neste estudo. A informação confidencial de
descuido de alguém no envio de um e-mail, ou pelo simples desligamento dos
mecanismos de segurança: firewall, antivírus e anti-spam.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Final
Realizar uma análise crítica sobre o uso da Internet nos ambientes de
trabalho, avaliando as novas estruturas de trabalho e as formas de controle que
foram adotadas após a sua implantação.
1.2.2 Objetivos Intermediários
a) Mostrar como se configura a forma de trabalho com a introdução da
Internet nos ambientes organizacionais.
b) Avaliar a relação capital x trabalho com o fenômeno do
Cybers/acking no ambiente organizacional.
c) Apresentar os riscos inerentes ao uso da ferramenta e as vantagens
que as empresas tiveram ao adotar a Internet.
d) Avaliar se as novas estruturas influenciam na produtividade e no
desempenho das atividades pelos trabalhadores.
1.3 Delimitação do Estudo
No Brasil, os estudos sobre as Tecnologias da Informação e da
Comunicação ainda são muito recentes, sendo que as principais pesquisas
realizadas foram conduzidas pelo Comitê Gestor da Internet, criado em 2005.
Foram utilizados, neste estudo, os dados coletados na última pesquisa realizada por
este Comitê, com o propósito de sustentar os argumentos e as idéias defendidas.
Em vista da característica do problema investigado, caberia uma pesquisa estatística
visando estabelecer um padrão de correlação direta entre as variáveis envolvidas, e
1.4 Relevância deste Estudo
o
conceito de tecnologia tem ampla gama de interpretações e hoje é bastante associado pela mídia aos produtos com inúmeros recursos decomunicação, imagem e som. Também, o conceito de tecnologia está vinculado aos
conhecimentos aplicados pelo homem para atingir determinados objetivos e fins.
Ver-se-á neste trabalho como a tecnologia pode interferir nas empresas, uma vez
que as chamadas inovações tecnológicas determinam, quase sempre, uma elevação
nos índices de produção e um aumento na produtividade do trabalho.
Primeiramente, é relevante apresentar alguns dos conceitos que serão debatidos
neste estudo, a começar por algumas definições de tecnologia.
Gonçalves2 (1994, p.64) define tecnologia como aquela utilizada em
substituição a procedimentos anteriormente adotados na empresa. Uma nova
tecnologia pode ser exemplificada pela mudança de procedimentos manuais para o
uso de máquinas, tais como as máquinas de escrever que foram substituídas por
microcomputadores.
Robbins (2004, p.202) define tecnologia como "os meios pelos quais uma
empresa transforma insumos em resultados".
Um definição bem próxima é também encontrada em Barley (1990,
p.61-103) para quem a tecnologia se refere ao "conjunto de dispositivos, máquinas e
outros aparelhos empregados na empresa para a produção de seu resultado".
A questão do impacto da tecnologia nas empresas e estruturas é
apresentada sob diferentes pontos de vista. Torna-se fundamental definir
inicialmente o que seria uma estrutura organizacional. Hunt (1970, p.237) conceitua
a estrutura formal da organização em termos de linhas de autoridade, divisão de
trabalho e atribuições de recursos, que muitas vezes encontram-se em gráficos,
funções, fórmulas e orçamentos.
Burns e Stalker (1961) distinguiram dois tipos de estrutura organizacional:
uma orgânica, caracterizada pela menor formalização, maior flexibilidade e
comando, e outra estrutura mecanicista, hierarquizada, com forte divisão do trabalho
e especialização, e rígida estrutura de comando.
Harvey (1968, p.251) sugeriu em seus estudos que "não haveria razões para
supor que a tecnologia era o único fator que influenciaria as estruturas
organizacionais, embora houvesse indícios que sugeriam que a tecnologia da
Informação era importante".
Harvey complementa afirmando (1968, p.251):
existem outras variáveis potencialmente relevantes para explicar a mudanças nas estruturas organizacionais, tais como: tamanho da organização, definida como o número total de pessoas empregadas; a história da organização, definido como o contexto geral da organização desde sua a fundação; a propriedade e o controle, ou seja, se os proprietários estão presentes na gerência ou ausentes dela, se a organização é autônoma ou pertence a um grupo maior de empresas, as caracterfsticas da organização no meio social, a natureza do relacionamento entre a organização e o seu meio ambiente.
Wooodward (1977) buscou pela Teoria da Contingência, justificar a adoção
das tecnologias e as mudanças nas estruturas organizacionais, argumentando que
os diferentes tipos de tecnologias determinam diretamente alguns atributos
organizacionais como as formas de controles, a centralização da autoridade e a
formalização de regras e procedimentos.
Barley (1990, p.61) também observou em sua obra que "a teoria da
contingência tem formulado generalizações sobre o uso e ajustes de diferentes
tipos de tecnologias e os respectivos efeitos sobre as estruturas". Acrescenta
(ibidem, p.62) que "qualquer tentativa de ligação da tecnologia com as estruturas
organizacionais acabarão levando a uma análise profunda de como os fenômenos
macro-social e micro-social estão ligados", referindo-se à necessidade de considerar
os fatores contingenciais na análise do impacto de qualquer origem nas estruturas
organizaciona is.
Hunt (1970) verificou que as organizações têm diferentes percepções
cognitivas sobre a complexidade tecnológica e adotam dois tipos de orientação
estrutural, uma para solução de problemas e outra para performance geral.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
Quanto à adoção das inovações tecnológicas pelas empresas, Gonçalves 2
(1994, p.70) afirmou que:
os objetivos perseguidos pelas empresas ao adotarem inovações tecnológicas variam bastante, mas geralmente são de natureza aquisitiva. Existe uma forte preocupação com a competitividade da empresa e o seu desempenho perante a concorrência. As pressões dos clientes também estão presentes, mas muitas empresas tem objetivos internos importantes, como a atualização, a redução de custos, o aproveitamento de recursos e a gestão da empresa.
Também para Zuboff (1994, p.82): "os administradores, em geral, investem
em novas tecnologias de informação porque acreditam que isso lhes permitirá
realizar suas operações mais rapidamente e a um custo mais baixo".
Seguindo o mesmo raciocínio, Castells (1999) entende que os capitalistas
perceberam que seria necessária em determinado momento uma adequação das
estruturas visando garantir a perenidade da forma de reprodução do capital. Nas
palavras de Castells (1999, p.36):
uma série de reformas, tanto no âmbito das instituições como do gerenciamento empresarial, visavam quatro objetivos principais: aprofundar a lógica capitalista de busca do lucro nas relações capitalltrabalho; aumentar a produtividade do trabalho e do capital; globalizar a produção, circulação e mercados, aproveitando a oportunidade das condições mas vantajosas para a realização de lucros em todos os lugares, e direcionar o apoio estatal para ganhos de produtividade e competitividade das economias nacionais, frequentemente em detrimento da proteção social e das normas de interesse publico.
Uma visão diferente foi dada por Buckhardt e Brass (1990, p.104); para eles:
"a tecnologia pode ser uma estratégia flexível modificada por uma mudança na
estrutura da organização, em particular, a estrutura informal". Os autores afirmam
(ibidem, p.104) que "características estruturais da organização podem agir como
condutores de uma da evolução tecnológica e, como tal, podem influenciar o padrão
tecnológico, bem como ser influenciada por ela".
Em geral, observa-se que praticamente todas as corporações promoveram
nos últimos anos adaptações em suas estruturas organizacionais. A relevância
dessas mudanças remete à reflexão sobre a importância da tecnologia
os comportamentos dos trabalhadores diante das formas de gestão para uso da
ferramenta. Segundo Castells (1999, p.26),
a habilidade ou inabilidade de as sociedades dominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente decisivas em cada periodo histórico, traça seu destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como, os usos que as sociedades, sempre em processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico.
o
uso da informática foi identificado como uma ferramenta valiosa para o capitalista na busca pela manutenção do sistema de reprodução do capital, etornou-se cada dia mais crescente nas organizações, tornou-sendo que o modelo econômico
empresarial absorveu totalmente essas inovações tecnológicas, tanto para economia
de insumos materiais e humanos quanto para aumentar o controle sobre o processo
de trabalho, reduzindo custos e aumentando os lucros. Castells (1999, p.37)
argumenta que "a inovação tecnológica e a transformação organizacional com
enfoque na flexibilidade e na adaptabilidade foram absolutamente cruciais para
garantir a velocidade e a eficiência da reestruturação".
Zuboff (1994, p82) , em suas análises sobre a adoção da tecnologia da
informação, identifica que os administradores têm propósitos estratégicos definidos
para a organização:
os administradores geralmente planejam alcançar um ou mais dos três objetivos operacionais independentes: aumentar a continuidade (integração funcional, automação intensificada, resposta rápida), o controle (precisão, acuidade, previsibilidade, consistência, certeza) e a compreensibilidade (visibilidade, análise, síntese) das funções produtivas.
Em relação ao trabalho, a tecnologia trouxe ganhos não só para os
capitalistas, mas também para os trabalhadores. O conhecimento, antes destituído
do trabalhador na produção em escala, especializada e mecânica, volta a ter um
papel importante no desempenho das atividades laborais do trabalhador. O
conhecimento operacional do trabalhador, ou melhor, a sua capacidade de
operacionalizar a nova tecnologia, assume grande importância dentro da estrutura
das organizações, já que, no cenário econômico atual, o domínio desse
conhecimento torna-se fundamental para executar as novas tarefas e
instrumentalizar os equipamentos eletrônicos e computadorizados, corroborando
Zuboff (1984, p.84) afirma que "é o conhecimento e a compreensão na
cabeça das pessoas - suas qualificações intelectivas - que transformam as
máquinas inteligentes numa oportunidade de melhorar fundamentalmente os
negócios".
Daniel Bell (apud Castell 1999, p.45) apresenta uma interessante definição
de conhecimento: "um conjunto de declarações organizadas sobre fatos e idéias,
apresentando um julgamento ponderado ou resultado experimental que é transmitido
a outros por intermédio de algum meio de comunicação, de alguma forma
sistemática".
Outro aspecto do conhecimento é a sua conversão em idéias e criação de
novos produtos, serviços e inovações, tão importantes para garantir o crescimento
das empresas no mercado competitivo nacional e internacional. A concorrência
mundial levou as empresas a buscarem novas alternativas com vistas a sua
manutenção no mercado. Encontraram na produção flexível, por meio da nova
tecnologia, a forma de produzir com mais qualidade e menores custos, aumentando
a competitividade no mercado e consequentemente os lucros almejados.
Castells (1999, p.37) relata que a "inovação tecnológica e a transformação
organizacional com enfoque na flexibilidade e na adaptabilidade foram
absolutamente cruciais para garantir a velocidade e a eficiência da reestruturação".
Zuboff (1984, p.83) já havia apontado nesse sentido ao dizer que "o objetivo
da tecnologia da informação é substituir o esforço e a qualificação humanos por uma
tecnologia que permita que os mesmos processos sejam executados a um custo
menor, com mais controle e continuidade".
As novas tecnologias também possibilitaram a transformação dos dados
coletados no mercado em informações gerenciais estratégicas, que permitiram
vislumbrar oportunidades e tomar rápidas decisões. Zuboff (1984, p.83) explica que
"a tecnologia pode ser usada para criar informações. Mesmo quando uma dada
aplicação visa automatizar, ela simultaneamente gera informações sobre os
processos que estão por trás e através dos quais uma organização realiza seu
A tecnologia também criou o maior canal de comunicação mundial do
mundo dos negócios, lazer, diversão e instrução: a Internet. Este sistema de
comunicação é a porta de entrad~ e de saída de dados, informações e de
co nhecimento.
Assim, apresenta-se um novo paradigma, pois o capital controla a sua forma
de reprodução permanente pelos meios de produção, o trabalhador, que agora
passa a manipular as máquinas a partir do seu conhecimento, e também passa a
vigiar a rede de comunicação que adotou como ferramenta de produtividade. As
empresas sentiram a necessidade de reorganizar suas estruturas, modificando e
impondo regras e controles rígidos, sobre o uso das ferramentas microeletrônicas,
especificamente o uso da comunicação eletrônica, já que esta representa um canal
aberto, através do qual o é possível perder o controle de toda a gestão.
o
sucesso da empresa no uso da informática, especificamente da Internet, dependerá das ações que ela irá adotar, pois, por um lado, uma políticaexcessivamente restritiva levará à perda de eficiência no processo, reduzindo a
agregação de valor aos produtos e serviços oferecidos pela empresa, e, por outro
lado, uma maior liberdade permitirá o descontrole sobre o trabalhador, que perderá o
foco de seu trabalho (para o qual foi contratado), concentrando sua atenção nas
mensagens recebidas e nas inúmeras páginas da Internet. Segundo Zuboff (1984,
p.83):
a informatização Pode acontecer como uma conseqüência inesperada e, não administrada, da automação baseada nos computadores, mas pode ser parte de uma pol!tica consciente visando explorar a presença de novas informações e criar um conhecimento mais profundo, mais amplo e perspicaz do negócio. Isso por sua vez, pode servir como catalizador para aperfeiçoar e inovar a produção e o fornecimento de bens e serviços, fortalecendo assim, a posição competitiva da companhia.
o
capital tentará de todas as formas reduzir os perigos e riscos, trazendo ao seu controle o domínio sobre este instrumento, esperando por meio dele, adicionarvalor a produtos e serviços. É com o propósito de manter o controle do ambiente de
trabalho com a entrada da Internet, que as organizações buscam as adequações e
adaptações do ambiente de trabalho. É de extrema relevância conhecer as novas
desta nova estrutura. Cabe uma reflexão sobre a estrutura organizacional que
comportará os jovens de hoje, que navegam livremente pela Internet, e serão os
futuros executivos das empresas no futuro próximo.
Zuboff (1984, p.83) conclui em suas análises que "se uma empresa deseja
aproveitar ao máximo o processo de informatização, são necessárias inovações
organizacionais para sustentar as inovações tecnológicas".
2 Fundamentação Teórica
2.1 Análise do Capitalismo segundo uma visão Crítica
Weber (2001) conceitua o capitalismo a partir de um modo de pensar as
relações sociais decorrentes do protestantismo de Lutero e do calvinismo. O
trabalho era extremamente valorizado, assim como o exercício de uma profissão na
busca da salvação espiritual do indivíduo perante Deus. A criação de riquezas pelo
trabalho e poupança seria um sinal de que o indivíduo era parte de um grupo de
predestinados. Este pensamento levou a construção de uma ética elaborada pela
Reforma Protestante de Lutero, que implicava a aceitação de normas de conduta e,
na visão de Weber, isso representaria uma mentalidade ou um espírito capitalista.
Assim, o capitalismo existiria onde quer que as necessidades de uma comunidade
fossem atendidas pela produção industrial, ou por uma empresa.
Marx (1984) já define o capitalismo como um modo de produção de
mercadorias, em que o trabalho se transforma em mercadoria e se coloca no
mercado como qualquer objeto de troca.
Historicamente, o surgimento do capitalismo está fundamentado tanto no
progresso econômico dos séculos XI - XII quanto na crise dos séculos XIV -XV. O
primeiro fator contribuiu para a formação da burguesia, o desenvolvimento da vida
urbana, o incremento da produção agrícola e artesanal, a intensificação do comércio
e o despontar de um sistema de transações comerciais baseados em moedas de
troca. O segundo fator - a crise da Idade Média - desorganizou de tal maneira a
recém-formado, para superar as dificuldades do século
xv.
Desta forma têm origem osprimórdios do capitalismo.
o
processo pelo qual o capitalismo se desenvolveu a partir do feudalismo medieval foi lento e complexo. Primeiramente o pequeno produtor obteve a suaemancipação, parcial ou completa, das obrigações feudais às quais se submetia.
Depois foi separado da sua propriedade, ou dos seus meios de produção (pequena
porção de terra, gado, utensílios agrícolas) e tornou-se dependente do trabalho
assalariado para conseguir a própria subsistência.
Assim, é possível definir o capitalismo como um sistema econômico baseado
na propriedade privada dos meios de produção (terras, máquinas, mercadorias), os
quais são utilizados para uma reprodução contínua e crescente. Os indivíduos
desprovidos desses meios integram-se ao sistema, ofertando a única "mercadoria"
de que dispõe: o seu trabalho. A venda do trabalho ou força de trabalho passa a ter
um valor conforme a oferta e procura, tal como os demais bens produzidos.
Segundo Marx (1982, p.159), "o que o operário vende não é diretamente o
seu trabalho, mas a sua força de trabalho, cedendc> temporariamente ao capitalista o
direito de dispor dela".
Por essa afirmação de Marx, percebe-se que existe já no início do
capitalismo uma limitação quanto ao tempo de trabalho ao qual o trabalhador estaria
submetido, ou o tempo de serviço que este daria ao ca pitalista em troca da
remuneração. Marx ainda observa que se o trabalhador vendesse sua força de
trabalho sem a limitação de tempo, seria restabelecida a escravatura do passado.
A cooperação, processo no qual uma determinada matéria-prima passa por
diversas mãos até ficar pronta, foi a base estrutural da lógica capitalista, pois
possibilitou o aumento da intensidade com que eram utilizados os meios de
produção (terras, máquinas e mercadorias), garantindo maior volume de produção.
Motta (1984, p.16) explica que:
metódica do trabalho e cada trabalhador realiza uma parcela muito pequena do trabalho total para a composição do produto final.
o
capitalista precisava organizar e fiscalizar o processo para que a cooperação entre os trabalhadores viabilizasse o modo de produção. O trabalhopassa, então, a ser organizado a partir da divisão das tarefas, em que os indivíduos
executam as operações de forma repetitiva.
O mercado interno cresce a partir do próprio movimento da multiplicação do
capital, pela lógica da expansão da produção, pois quanto mais se gastava na
ampliação da produção, mais trabalhadores se empregavam, e mais pessoas
estariam remuneradas para gastar na aquisição de outros bens. Este processo é
descrito por Marx (1982 p.160):
para poder crescer e manter-se, um homem precisa consumir uma determinada quantidade de meios de subsistência, o homem como a máquina, se gasta e tem que ser substituldo por outro homem. Além da soma de artigos de primeira necessidade exigidos para o seu próprio sustento, ele precisa de outra quantidade dos mesmos artigos para criar determinado número de filhos, que hão de substituI-Ia no mercado de trabalho e perpetuar a descendência do capital.
Assim, para a perpetuação e o crescimento do capital, a remuneração do
trabalho era fundamental. O capital se alimenta do lucro gerado no processo de
produção, sendo que no valor total da mercadoria produzida, encontram-se
embutido os custos das matérias-primas, uma parte correspondente ao trabalho
agregado que foi efetivamente pago, e uma diferença equivalente ao trabalho
incorporado que não foi pago, que passa a representar o lucro do capital.
O trabalho produtivo está sob total controle do capital uma vez que este
responde pela sua perpetuação. O trabalhador sempre buscará aumentos de
salários para desta forma, agregar a compra de novos produtos ou consumir mais
atendendo a sua crescente necessidade, e o capita,1 por sua vez sempre buscará
que o trabalho consiga aumentar a produção dos bens no menor espaço de tempo,
pois, desta maneira, no resultado incorporam-se maiores lucros.
Na visão de Weber (2001 p.24), "o capitalismo identifica-se com a busca do
lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e
É fundamental destacar que o processo de produção capitalista esteve
necessariamente atrelado ao desenvolvimento das máquinas de produção, sem as
quais não seria possível passar do estágio de produção artesanal para produção
manufatureira. Outro fator primordial foi a organização do trabalho, como já foi citado
anteriormente, para que os trabalhadores estivessem organizados e trabalhando de
forma cooperada. Weber (2001 p.29) afirma que:
entre os fatores de importância incontestável estão as estruturas racionais das leis e da administração, pois que o moderno capitalismo racional não necessita apenas dos meios técnicos de produção, mas também de um sistema legal calculável e de uma administração baseada em regras formais.
Essa organização com regras formais foi crucial para que o capital
conseguisse se reproduzir e expandir, introduzindo no meio de produção constantes
avanços técnicos que permitiam ampliar a produção e a produtividade
homem/hora/máquina, ou seja, produzir mais, com o menor custo, o que ampliava
os lucros dos capitalistas. O homem aceitava o sistema, pois desprovido de terra, e
de capital, só lhe restava a venda da força de trabalho remunerada, que lhe atendia
nas necessidades básicas. Este mecanismo capitalista de reprodução, portanto, é
parcialmente dependente da técnica, mas em grande parte também determinado
pela disposição do homem em aceitar este tipo de regra de conduta racional e
prática.
Segundo Weber (2001 p.47), "o homem é dominado pela geração de
dinheiro, pela aquisição como propósito final da vida".
A base da cultura capitalista se compõe, por um lado, dos capitalistas
detentores dos meios de produção e do capital para ampliação deste, mas que, por
outro lado, necessita do homem e do seu trabalho para manter uma reprodução
deste meio. O homem vê na empresa a sua forma de sustento e sobrevivência e
assume seu papel como uma "carreira", já que nela pretendia permanecer, e
também agregar seus dependentes. Este processo é observado por Weber (2001
p.48):
conformar com as regras de comportamento capitalista. O fabricante que se opuser por longo tempo a essas normas será inevitavelmente eliminado do cenário econômico, tanto quanto um trabalhador que não possa ou não queira se adaptar às regras, que será jogado na rua, sem emprego.
Esse risco de perder a fonte de recurso da subsistência e sustento
permaneceu ao longo dos anos e, cada vez mais se agravou na mente do
trabalhador, em vista da constante introdução da tecnologia nos meios de produção,
vistas pelos capitalistas como uma forma de manter a maior produtividade do
trabalho e a constante geração de lucro. O capital no início necessitava do
trabalhador braçal, produtivo e disciplinado, que agia dentro das normas impostas,
pois os trabalhadores descontentes e indisciplinados quebravam todo o esquema de
reprodução estruturado pela lógica capitalista. Weber (2001 p.53) analisa que:
a habilidade de concentração mental, tanto quanto o sentimento de dever, absolutamente essencial, em relação ao trabalho, são aqui muitas vezes combinados com uma economia rlgida, que calcula a possibilidade de altos ganhos, um frio autocontrole e frugalidade que aumentam enormemente o desempenho.
Hoje, mesmo com a introdução da robótica e dos meios de produção
micro-eletrônicos, a reprodução do capital mantém vivo os mesmos princípios e continua
exercendo controles e pressão sob o trabalhador, principalmente pelo desequilíbrio
entre a oferta e demanda de empregos e trabalhadores disponíveis, o que gera
enorme insegurança e submete os trabalhadores à nova ordem de regras de
conduta no trabalho. Ainda segundo Weber (2001 p.59):
O sistema capitalista precisa tanto dessa devoção à vocação para fazer dinheiro, dessa atitude voltada para os bens materiais tão bem adaptada ao sistema e tão intimamente ligada às condições de sobrevivência na luta econômica pela existência, que hoje não mais podemos questionar a necessidade de conexão do modo de vida aquisitivo com qualquer ideologia isolada.
2.2 As Estruturas Organizacionais na Economia Capitalista
As empresas estão organizadas para desenvolver suas atividades, sendo
que esta organização pode variar conforme o tipo de atividade, as tarefas, o meio
em que atuam e as mudanças sociais, políticas e econômicas. Assim, pode-se
desenhada e como ela divide as tarefas e responsabilidades dos respectivos
trabalhadores para o desempenho de sua atividade no mercado.
Analisar as estruturas organizacionais segundo a teoria crítica é
fundamental, uma vez que esta vê o homem como agente produtor e organizador
das formas da vida. Isso significa que as condições atuais da sociedade não surgem
de eventos da natureza, mas sim da interação do homem com o meio em que vive.
Segundo Horkheimer (1983 p.155):
a teoria crítica da sociedade tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas de vida. As situações efetivas, nas quais a ciência se baseia, não é para ela uma coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado não depende apenas da natureza, mas também do poder do homem sobre ela. Os objetos e as espécies de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas da atividade humana e do grau de seu poder.
As estruturas organizacionais foram moldadas ao modo de produção
capitalista pelo homem detentor dos meios de produção e, também, em parte à
racionalidade existente, tanto por parte destes, mas principalmente em virtude dos
trabalhadores, uma vez que estes se submetem e subjugam ao capital como uma
alternativa aceitável para sua existência.
Horkheimer (1983 p.130) afirma que:
em regra geral o individuo aceita naturalmente como preestabelecidas as determinações básicas da sua existência, e se esforça para preenchê-Ia. Ademais ele encontra a sua satisfação e sua honra ao empregar todas as forças na realização das tarefas, apesar de toda a crítica enérgica que fosse parcialmente apropriada, cumprindo com afã a sua parte.
o
sistema se estrutura para manter e perpetuar esta forma de produção e controle sobre os meios de produção e do trabalho, mantendo a reprodução docapital e buscando incessantemente o resultado desejado: lucro. Etzione (1972,
p.94) explicita que "as organizações são planejadas e deliberadamente estruturadas;
revêem constantemente e auto-conscientemente suas realizações e se reestruturam
Essa condição impõe restrições à liberdade de pensamento e ação do
trabalhador no exercício de sua atividade, aumentando o poder do capitalista. Nas
palavras de Horkheimer (1983 p.134) verifica-se que '''essa estrutur~ possui uma
dinâmica em virtude da qual se acumula, numa proporção que lembra as antigas
dinastias asiáticas, um poder fabuloso, de um lado, e, de outro, uma impotência
material e intelectual".
Horkheimer (1983 p.134) ainda acrescenta que "os homens renovam com
seu próprio trabalho uma realidade que os escraviza em medida crescente e os
ameaça com todo tipo de miséria".
A introdução constante da tecnologia proporciona, de um lado, um enorme
benefício ao capital no sentido em que contribui para o aumento da produtividade e
acumulação e, de outro, o aumento da incerteza, que alimenta o sentimento de
insegurança do trabalhador e o submete ainda mais às regras do capital. Somam-se
ainda as consecutivas oscilações do mercado, os conflitos e as políticas
governamentais, que conduzem a maiores instabilidades. Horkheimer (1983 p.134)
ilustra a situação:
o desemprego, as crises econômicas, a militarização, os governos terroristas e o estado em que· se encontram as massas, tal como os produtores vivenciam a todo instante, não se baseiam de forma alguma na limitação do potencial técnico, como poderia ter ocorrido em épocas anteriores, mas sim nas condições inadequadas da produção atual.
Nesse movimento social, o homem pensa individualmente na forma de
manter a sua sobrevivência no sistema de produção, deixando a visão social e
adotando uma visão egoísta. Nas palavras de Horkheimer (1983 p.134): "dentro do
sistema de propriedade dominante, do princípio progressista de que são suficientes,
os indivíduos se preocupem apenas consigo mesmos".
Esse movimento de individualização do pensamento e da ação garante
maior facilidade de controle na medida em que o homem individual é mais fraco que
no conjunto da sociedade organizada, o que facilita a manipulação em benefício do
a dinâmica econômica desenfreada degrada a maioria dos indMduos à
condição de meros instrumentos e trazem constantemente, em curto espaço de tempo, novos espectros e infortúnios. Mesmo os grupos mais avançados da sociedade são desencorajados, tomados pela total desorientação reinante.
o
equilíbrio social, que levaria a uma forma de produção e distribuição mais justa, está longe de efetivação na atual estrutura capitalista. Segundo Horkheimer(1983 p.153):
o desejo de um mundo sem exploração nem opressão, no qual existiria um sujeito agindo de fato, isto é, uma humanidade autoconsciente, e no qual surgiriam as condições de uma elaboração teórica unitária bem como de um pensamento que transcendo os indivfduos, não representa por si só, a efetivação deste mundo.
o
que se observa nas estruturas organizacionais é quanto maior a tecnologia empregada, maiores serão os controles sobre o trabalho, a alienação dotrabalhador e a insegurança.
A teoria crítica aponta para a legitimação de uma sociedade mais justa,
organizada numa estrutura de produção na qual a condição do homem e a do
trabalho sejam respeitadas. Na visão dos críticos, a conscientização do homem e a
mobilização contra os abusos do capital seriam a saída para uma sociedade melhor.
Horkheimer (1983 p.157) afirma que:
a teoria crítica mostra a intensificação da injustiça social no conceito da troca justa, o domínio do monopólio no de economia livre, a consolidação de situações atravancadoras da produção no de trabalho produtivo, a pauperização dos povos no de sobrevivência da sociedade. Os críticos não aceitam a miséria e desejam a felicidade de todos os indivfduos.
2.3 A Racionalidade do Comportamento do Trabalhador
o
estudo das estruturas organizacionais na forma de produção capitalista remete à análise da racionalidade do comportamento do trabalhador, uma vez quesua força de trabalho contribui diretamente para a perpetuação do capital. Na
percepção de Weber2(1997), a racionalidade é a relação entre os recursos utilizados
o
homem raciocina, por isso nossa classificação como homo-sapíens, por sermos dotados de inteligência (capacidade de pensar e agir racionalmente), nossasdecisões são tomadas com embasamento no que pensamos, na nossa reflexão,
sejam eles pensamentos bons ou ruins. Em nosso cérebro reside toda nossa forma
da analisar as coisas e atitudes e, portanto, nossa forma de raciocinar e racionalizar,
por isso não podemos nos afastar do pensamento em nenhum instante, porém em
vários momentos da vida devemos tomar decisões.
Na concepção de Habermas (1983), "o homem age de forma
racíonal-com-respeífo-a-fins, o que significa que toma suas atitudes dentro de uma racionalidade
mensurável, onde avalia as conseqüências de seus atos e os benefícios que estes
lhe proporcionarão". Esta racionalidade-com-respeito-a-fins será denominada de
agora em diante racionalidade instrumental. Habermas (1983 p.314) afirma que "a
racionalização de relações da vida segundo padrões dessa racionalidade significa o
mesmo que a institucionalização de uma dominação que se torna irreconhecível
enquanto política". O homem trabalhador ao mesmo tempo em que é dotado da
razão que o permite pensar e refletir sobre seus atos, nem sempre racionaliza
conforme seus princípios, valores e moral.
Guerreiro Ramos (1981, p.51) afirma que "os seres humanos são levados a
agir, a tomar decisões e fazer escolhas, porque causas finais influem no mundo em
geral".
Nas palavras de Marx (1984, p48):
todo o sistema de produção capitalista repousa no fato de que o trabalhador vende sua força de trabalho como mercadoria. A divisão do trabalho torna essa força de trabalho em uma habilidade inteiramente particularizada de manejar uma ferramenta parcial, ou seja, retira do homem a sua antiga habilidade de artesão, onde dominava todas as operações de produção. Assim que o manejo da ferramenta passa à máquina, extingue-se, com o valor de uso, o valor de troca da força de trabalho.
Partindo da citação de Marx é possível caracterizar o trabalho sob o ponto