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Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Tocantins.

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Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Tocantins

[Epidemiological situation of bovine brucellosis in the State of Tocantins, Brazil]

R.A. Ogata1, V.S.P. Gonçalves2, V.C.F. Figueiredo3, J.R. Lôbo3, A.L. Rodrigues4, M. Amaku1, F. Ferreira1, J.S. Ferreira Neto1, R.A. Dias1*

1

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - USP Av. Prof. Dr. Orlando Marques Paiva, 87

05508-270 – São Paulo, SP 2

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - UnB – Brasília, DF 3

Departamento de Saúde Animal - SDA-MAPA – Brasília, DF 4

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins - SEAGRO – Palmas, TO

RESUMO

Realizou-se um estudo para caracterizar a situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado do Tocantins, entre fevereiro de 2002 e agosto de 2003. O Estado foi dividido em seis áreas com características produtivas homogêneas (circuitos produtores). Para cada área, foi calculada uma amostragem simples aleatória de 300 propriedades, com o objetivo de estimar a prevalência de focos de brucelose além da prevalência de fêmeas bovinas adultas soropositivas. Para isso, foram amostradas de 10 a 15 vacas com idade superior a dois anos em cada propriedade. Um total de 20.908 soros foi obtido de 1.842 propriedades. A prevalência de focos de brucelose foi de 21,2% [19,3–23,1%] e a prevalência de fêmeas bovinas adultas soropositivas de 4,4% [3,6–5,3%] para o Estado. Quando se considerou o circuito produtor, observou-se que os circuitos 1, 2, 3 e 5 tiveram prevalência de focos significativamente maior que os circuitos 4 e 6. Os resultados da prevalência nos circuitos 1, 2, 3 e 5 foram de: 16,0% [12,1– 20,6%], 37,6% [32,1–43,4%], 26,4% [21,5–31,7%] e 29,3% [24,3–34,7%], respectivamente. Nos circuitos 4 e 6, foram de 5,8% [3,5–9,1%] e 8,6% [5,7–12,2%], respectivamente. Em cada propriedade, foi aplicado um questionário epidemiológico, com o objetivo de avaliar o grau de associação de possíveis fatores de risco com a doença. Os fatores de risco (odds ratio, OR) associados à condição de foco de brucelose foram: rebanho com mais de 120 vacas (OR= 2,0) e abate de reprodutores na propriedade (OR= 1,52). Vacinação contra brucelose (OR= 0,37), presença de piquete de parição (OR= 0,72) e exploração de leite (OR= 0,63) apresentaram-se como fatores de proteção.

Palavras-chave: bovino, brucelose, prevalência, fatores de risco, Tocantins

ABSTRACT

A study was carried out to characterize the epidemiological situation of brucellosis in the State of Tocantins from February 2002 to August 2003. The State was divided into six regions with a homogeneous productive system. For each region, a simple random sample was calculated to estimate the prevalence both in farms and cows older than two-year. To achieve this, from 10 to 15 adult cows (older than two-year) were sampled. A total of 20,908 sera from 1,842 farms were obtained. For the whole State of Tocantins, the prevalence of positive farms (or farms with at least one positive animal) was 21.2% [19.3–23.1%]. When the production regions were considered, the prevalences for the regions 1, 2, 3, and 5 were: 16.0% [12.1–20.6%], 37.6% [32.1–43.4%], 26.4% [21.5–31.7%], and 29.3% [24.3– 34.7%], respectively. In the regions 4 and 6, the prevalences were 5.8% [3.5–9.1%] and 8.6% [5.7– 12.2%], respectively. In each visited farm, a questionnaire was applied, in order to evaluate the association between with possible risk factors and the brucellosis. The risk factors (odds ratio, OR) associated with the infected herds were number of cows above 120 (OR= 2.0) and slaughtering of

Recebido em 27 de março de 2009 Aceito em 23 de setembro de 2009

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breeding animals in the farm (OR= 1.52). Vaccinating against brucellosis (OR= 0.37), presence of birth pen (OR= 0.72), and dairy farm (OR= 0.63) presented as protective factors.

Keywords: cattle, brucellosis, prevalence, risk factors, Tocantins, Brazil

INTRODUÇÃO

O Estado do Tocantins, criado em 1988, a partir da divisão do Estado de Goiás, está localizado no centro geodésico do Brasil. Ocupa uma área de 277.620,914 km2 e tem uma população humana de 1.305.728 habitantes (IBGE, 2005). Caracteriza-se por ter na agricultura o setor que absorve a maior parte da população economicamente ativa. A agropecuária contribui com 60% do PIB, e é a principal atividade econômica do Estado, com destaque para a criação de gado de corte, seguida pela produção de soja e arroz. Atividades como suinocultura e avicultura são incipientes no Estado. Com uma economia em fase de crescimento, a movimentação do comércio atrai indústrias, contribuindo para o desenvolvimento do Estado (Silva e Almeida, 2007).

O forte setor agropecuário deve-se à bovinocultura bastante ativa e em desenvolvimento, justamente pela migração da pecuária para as regiões Centro-Oeste e Norte do País. Nos últimos 20 anos, Tocantins apresentou uma das maiores taxas de crescimento da população bovina do País, registrando aumento de 63% do seu plantel. Conforme estimativa realizada em 2005, o rebanho bovino tocantinense era de 7.961.926 cabeças, sendo o terceiro maior rebanho da região Norte do País. O rebanho bubalino é bem menor, com 9.260 animais, considerado o quarto maior rebanho do norte brasileiro (IBGE, 2005).

Em 2004, estavam registrados 6,7 milhões de hectares de pastagens e, atualmente, é o 11º maior Estado brasileiro produtor de gado bovino. Pode-se destacar a presença das raças Gir, para corte e leite, e Nelore, para corte, que representam, aproximadamente, 86% do rebanho do Estado. A preferência pelas raças zebuínas é atribuída à adaptabilidade delas ao clima quente e úmido, característico da região (IBGE, 2005).

A pecuária é uma das mais representativas atividades produtivas do Estado. Devido aos incentivos oferecidos pela Secretaria da Fazenda (SEFAZ), o potencial para aumentar a produção pecuária é grande, favorecendo o

estabelecimento de novas empresas, voltadas para essa atividade e, consequentemente, absorvendo a mão-de-obra existente. O governo estadual reduziu o ICMS sobre a carne (3%), para estimular a produção de carne com qualidade (sanidade), ou seja, diminuindo a produção clandestina. Aliado a isto, foi criado o Sindicato das Indústrias de Curtumes do Tocantins que proporcionou, ao Estado, vantagens competitivas no comércio de couro. A pecuária leiteira também vem crescendo nos últimos anos, com o programa de geração de empregos e renda com fomento à bacia leiteira, propiciando a instalação de 25 miniusinas. Além disso, o programa do Estado visa subsidiar a compra de matrizes leiteiras, a aquisição de sêmen e de implementos agrícolas, a construção de prédios e a aquisição de outros equipamentos (Tocantins, [200-]b).

Tocantins apresenta crescimento expressivo do seu plantel bovino devido à demanda do mercado, principalmente de carne, do próprio Estado e de alguns estados do Nordeste.

A Regional de Araguatins faz parte da microrregião denominada de Bico do Papagaio. Possui um rebanho bovino pequeno, de 722.053 cabeças, distribuído em 7.969 propriedades com atividades reprodutivas. Por se tratar de uma região que não integra o eixo de desenvolvimento, denominado de “corredor modal”, não há muita diversificação produtiva, nem a existência de indústrias ou agroindústrias importantes. Por esse motivo, é considerada a região mais pobre de Tocantins. A principal atividade econômica é a pecuária de corte extensiva. Nessa regional, há também um grande laticínio, pertencente a uma cooperativa, em Augustinópolis. Devido a esse fato, na região predominam animais mestiços, com aptidão para produzir carne e leite (Tocantins, [200-]a).

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Neste circuito concentra-se a maior produção de grãos do Estado, principalmente soja. A soja é considerada o principal produto de exportação tocantinense, representando 88,8% das exportações de grãos, a maior parte com destino à Europa.

No restante do Estado predomina um perfil bastante homogêneo. De forma geral, a pecuária de corte é a principal atividade econômica, e 42,8% das propriedades adotam a exploração extensiva (67,0% da criação). As raças predominantes nessas regiões são as zebuínas destinadas à produção de carne.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publica, anualmente, dados oficiais brasileiros sobre as principais doenças, por meio de Boletins de Defesa Sanitária Animal. Em publicações anteriores à década de 90 não constavam dados da brucelose bovina na região Norte do País, com exceção do Estado do Pará, que notificou alguns casos em 1975. Os primeiros registros oficiais da doença nesta região ocorreram a partir de 1993, quando foram encontrados 12 (3,1%) animais sororreagentes, no Amapá. Em 1995, foram notificados 195 (7,9%) animais sororreagentes no Acre e 91 (5,7%) no Amazonas e, em 1997, houve a notificação de 8531 (13,0%) animais sororreagentes em Rondônia, 68 (1,6%) em Roraima, 265 (3,3%) em Tocantins e 904 (5,9%) em Goiás. Apesar de os dados não serem provenientes de estudos planejados, pode-se afirmar que a doença está presente em todo o território nacional, uma vez que todos os demais Estados brasileiros já notificaram a existência de animais sororreagentes (Paulin e Ferreira Neto, 2002).

O Estado do Tocantins nunca teve um programa próprio de combate à brucelose bovina e a real situação epidemiológica da doença não é adequadamente conhecida. Portanto, o presente estudo teve por objetivos estimar a prevalência e identificar os fatores de risco para a brucelose bovina no Estado, e fornecer subsídios para a melhor implantação e gestão do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi planejado por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, da Universidade de São Paulo e da Universidade de Brasília, em colaboração com os técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (ADAPEC). O trabalho de campo foi realizado por técnicos da ADAPEC, no período de fevereiro de 2002 a agosto de 2003, após terem sido treinados para padronização de procedimentos.

Para o conhecimento das diferenças regionais nos parâmetros epidemiológicos da brucelose bovina, o Estado do Tocantins foi dividido em seis circuitos produtores de bovinos, levando em consideração os diferentes sistemas de produção, práticas de manejo, finalidades de exploração, tamanho médio de rebanhos e sistemas de comercialização. A divisão do Estado em regiões correspondentes a circuitos produtores também levou em conta a capacidade operacional e logística do serviço veterinário oficial do Estado para a realização das atividades de campo, baseando-se nas áreas de atuação das suas unidades regionais.

Em cada circuito produtor, estimou-se a prevalência de propriedades infectadas pela brucelose bovina e a de animais soropositivos por meio de um estudo amostral em dois estágios, dirigido para detectar focos da doença. No primeiro estágio, sorteou-se, aleatoriamente, um número pré-estabelecido de propriedades com atividade reprodutiva (unidades primárias de amostragem). No segundo, sorteou-se um número pré-estabelecido de fêmeas bovinas com idade igual ou superior a 24 meses (unidades secundárias de amostragem).

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confiança de 0,95, prevalência estimada de 0,25 e erro de 0,05. A capacidade operacional e financeira do serviço veterinário oficial do Estado também foi levada em consideração para a determinação do tamanho da amostra por circuito.

O planejamento amostral para as unidades secundárias visou estimar um número mínimo de animais a serem examinados dentro de cada propriedade de forma a permitir a sua classificação como foco ou não foco de brucelose. Para tanto, foi utilizado o conceito de sensibilidade e especificidade agregadas (Dohoo et al., 2003). Para efeito dos cálculos foram adotados os valores de 95% e 99,5%, respectivamente, para a sensibilidade e a especificidade do protocolo de testes utilizado (Fletcher et al., 1998) e 20% para a prevalência estimada. Nesse processo foi utilizado o programa Herdacc versão 3, e o tamanho da amostra escolhido foi aquele que permitiu valores de sensibilidade e especificidade de rebanho iguais ou superiores a 90%. Assim, nas propriedades com até 99 fêmeas com idade superior a 24 meses, foram amostrados 10 animais e nas com 100 ou mais fêmeas com idade superior a 24 meses, 15 animais. A escolha das fêmeas dentro das propriedades foi casual sistemática.

O protocolo do sorodiagnóstico foi composto pela triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado (Rosa Bengala), seguida do reteste dos positivos com o teste do 2-mercaptoetanol, de acordo com as recomendações do PNCEBT (Brasil, 2006). O sangue foi coletado por punção da veia jugular com agulha descartável estéril em

tubo com vácuo, previamente identificado. Os soros, armazenados em microtubos de plástico, foram mantidos a -20°C até a realização dos testes. Os testes sorológicos foram realizados no Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN, SES-TO).

A propriedade foi considerada positiva quando se detectou pelo menos um animal positivo. As propriedades que apresentaram animais com resultado sorológico inconclusivo, sem nenhum positivo, foram classificadas como suspeitas e excluídas das análises. O mesmo tratamento foi dado aos animais com resultados sorológicos inconclusivos.

O planejamento amostral permitiu determinar as prevalências de focos e de fêmeas adultas (≥24m) soropositivas para brucelose no Estado e também nos circuitos produtores. Os cálculos das prevalências aparentes e os respectivos intervalos de confiança foram realizados conforme preconizado por Dean et al. (1994). Os cálculos das prevalências de focos e de animais no Estado, e de prevalências de animais dentro das regiões foram feitos de forma ponderada (Dohoo et al., 2003).

O peso de cada propriedade no cálculo da prevalência de focos no Estado foi dado por

região na amostradas es propriedad região na es propriedad 1= P

O peso de cada animal no cálculo da prevalência de animais no Estado foi dado por

região na amostradas es propriedad nas meses 24 fêmeas região na meses 24 fêmeas e propriedad na amostradas meses 24 fêmeas e propriedad na meses 24 fêmeas 2 ≥ × ≥ ≥ = P

Na expressão acima, o primeiro termo refere-se ao peso de cada animal no cálculo das prevalências de animais dentro das regiões.

Em cada propriedade amostrada, além da coleta de sangue para a sorologia, foi também aplicado um questionário epidemiológico, elaborado para obter informações sobre o tipo de exploração e as práticas de manejo empregadas. Nesse estudo tipo transversal, as variáveis analisadas foram: tipo ou sistema de exploração (carne, leite e misto), tipo de criação (confinado,

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propriedade, aluguel de pastos, pastos comuns com outras propriedades, pastos alagados, piquete de parição e assistência veterinária.

As variáveis foram organizadas de modo a apresentarem-se em escala crescente de risco. Quando necessário, realizou-se a recategorização dessas variáveis. A categoria de menor risco foi considerada como base para a comparação das demais categorias. As variáveis quantitativas foram categorizadas em percentis.

Foi feita uma primeira análise exploratória dos dados (univariada) para seleção daquelas com p≤0,20 para o teste do χ2

ou exato de Fisher e, subsequente, oferecimento dessas à regressão logística. Os cálculos foram realizados com o auxílio do programa SPSS, versão 9.0.

Todas as informações geradas pelo trabalho de campo e de laboratório foram inseridas em um banco de dados específico, utilizado nas análises epidemiológicas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Estado do Tocantins foi dividido em seis circuitos produtores (Fig. 1). Na Tab. 1 são apresentados os dados censitários do Estado. As prevalências de focos e de fêmeas soropositivas para brucelose são apresentadas nas Tab. 2 e 3. As prevalências de focos por tipo de exploração da propriedade encontram-se na Tab. 4.

Quanto ao número de fêmeas em idade reprodutiva no Estado, a mediana por propriedade foi de 50 (primeiro quartil = 21,5 e terceiro quartil = 120). Ao fazer a estratificação por tipo de exploração, os valores encontrados foram: exploração do tipo corte = 56 (primeiro quartil = 22 e terceiro quartil = 142,5); exploração do tipo leite = 39 (primeiro quartil = 20 e terceiro quartil = 66); exploração do tipo misto = 48,5 (primeiro quartil = 22 e terceiro quartil = 98,5).

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Tabela 1. Dados censitários da população bovina do Estado do Tocantins em 2002, segundo o circuito produtor

Circuito produtor

Propriedades com atividade

reprodutiva

Propriedades Amostradas

Fêmeas >24 meses

Fêmeas amostradas

1- Paraíso do Tocantins 6.837 306 505.357 3.382

2- Araguatins 7.696 295 239.997 3.022

3- Gurupi e Formoso Araguaia 9.706 307 751.619 3.902

4- Palmas e Pedro Afonso 6.771 308 190.203 3.167

5- Colinas 13.856 311 803.594 3.773

6- Taguatinga 11.739 315 573.418 3.662

Total 56.605 1.842 3.064.188 20.908

Tabela 2. Prevalência de focos de brucelose na propriedade, segundo o circuito produtor, no Estado do Tocantins

Propriedades Circuito produtor

Testadas Positivas

Prevalência

(%) IC (95%)

1- Paraíso do Tocantins 306 49 16,01 [12,08–20,61]

2- Araguatins 295 111 37,63 [32,08–43,43]

3- Gurupi e Formoso Araguaia 307 81 26,38 [21,54–31,69]

4- Palmas e Pedro Afonso 308 18 5,84 [3,50–9,08]

5- Colinas 311 91 29,26 [24,26–34,66]

6- Taguatinga 315 27 8,57 [5,72–12,23]

Total 1.842 377 21,22 [19,33–23,11]

IC: intervalo de confiança.

Tabela 3. Prevalência de fêmeas sororreagentes para brucelose, segundo o circuito produtor, no Estado do Tocantins

Animais Circuito produtor

Testados Positivos

Prevalência

(%) IC (95%)

1- Paraíso do Tocantins 3.382 82 3,53 [1,97–5,09]

2- Araguatins 3.022 223 8,54 [5,89–11,18]

3- Gurupi e Formoso Araguaia 3.902 125 4,12 [2,82–5,42]

4- Palmas e Pedro Afonso 3.167 26 2,00 [0,00–4,04]

5- Colinas 3.773 183 6,40 [3,92–8,89]

6- Taguatinga 3.662 49 2,56 [1,20–3,93]

Total 20.908 688 4,43 [3,57–5,29]

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Tabela 4.Prevalência (Prev) de focos de brucelose bovina, estratificada por tipo de exploração, segundo o circuito produtor, no Estado do Tocantins

Corte Leite Misto

Circuito produtor

Prev (%) IC (95%) Prev (%) IC (95%) Prev(%) IC (95%) 1- Paraíso do Tocantins 16,24 [11,75–21,60] 16,67 [3,58–41,42] 15,09 [6,75–27,59]

2- Araguatins 37,21 [22,86–46,15] 36,84 [26,06–48,69] 39,33 [29,13–50,25]

3- Gurupi e Formoso

Araguaia 27,87 [22,34–33,95] 10,00 [1,23–31,71] 25,58 [13,52–41,17]

4- Palmas e Pedro Afonso 6,28 [3,47–10,31] 8,33 [0,21–38,48] 4,11 [0,86–11,54]

5- Colinas 24,77 [17,00–33,96] 35,80 [25,45–47,23] 28,93 [21,04–37,07]

6- Taguatinga 9,04 [5,45–13,92] 5,26 [0,64–17,25] 8,97 [3,68–17,62]

IC: intervalo de confiança.

Tabela 5. Resultados da análise univariada dos possíveis fatores de risco para brucelose bovina em rebanhos com atividade reprodutiva no Estado do Tocantins, 2003

Variável Expostos/Casos Expostos/

Controles p

Tipo de exploração - - 0,018

Exploração de corte1 213/376 925/1.462 0,018

Exploração de leite2 65/376 180/1.462 0,011

Exploração mista3 98/376 357/1.462 0,510

Tipo de criação - - 0,557

Criação confinada ou semiconfinada4 19/377 71/1.462 0,875

Não usa IA ou usa IA e touro5 375/376 1446/.1456 0,478*

Rebanho bovino >190 animais6 166/377 384/1.464 0,000

Número de fêmeas >24 meses acima de 120

animais6 107/371 165/1.449 0,000

Presença de outras espécies domésticas 375/377 1.451/1.464 0,749* Presença de ovinos/caprinos 73/377 186/1.464 0,001

Presença de suínos 215/377 882/1464 0,749

Presença de cães 323/377 1.272/1.464 0,538

Presença de gato 236/377 969/1464 0,191

Presença de animais silvestres 152/377 707/1464 0,006

Aborto nos últimos 12 meses7 113/363 374/1.418 0,126

Destino inapropriado do aborto8 253/297 1.028/1.149 0,038 Não testa animais para brucelose 276/375 1.243/1.456 0,111

Compra de reprodutores 255/376 909/1.458 0,049 Vacina contra brucelose 116/374 164/1.459 0,000 Abate reprodutor na fazenda 103/371 354/1.445 0,196

Aluga pasto 109/376 362/1.454 0,106

Gado com acesso a áreas alagadiças 101/374 379/1.459 0,686 Ausência de piquetes de parto 108/376 630/1.456 0,012

Ausência de assistência veterinária 312/374 1.283/1.453 0,012 *Teste exato de Fisher.

1

leite + misto x corte (risco). 2corte + misto x leite (risco). 3

corte + leite x misto (risco).

4 extensivo x confinado + semiconfinado (risco). 5

usa só IA x usa IA e touro + não usa IA (risco). 6

3º quartil. 7

não x sim + não sabe (risco). 8

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Tabela 6. Modelo final da regressão logística multivariada de fatores de risco (Odds ratio) para brucelose bovina em rebanhos com atividade reprodutiva no Estado do Tocantins, 2003

Variável Odds ratio IC (95%) p

Número de fêmeas >24 meses acima de 120 animais 2,00 [1,51–2,63] <0,001 Vacina contra brucelose 0,37 [0,28–0,50] <0,001

Presença de piquete de parição 0,72 [0,55–0,94] 0,015

Exploração de leite 0,63 [0,45–0,88] 0,007

Abate de reprodutores na fazenda 1,52 [1,15–1,99] 0,003 IC: intervalo de confiança.

As prevalências de focos e de fêmeas foram elevadas para os dados consolidados para todo o Estado, porém há nítidas diferenças entre os circuitos. A região oeste do Estado, representada pelos circuitos 1, 2, 3 e 5, apresentou alta prevalência, e a região leste, representada pelos circuitos 4 e 6, mostrou prevalência mais baixa (Tab. 2 e 3). Isso provavelmente decorre do sistema de produção predominante em cada uma dessas regiões, criando uma pecuária com dois perfis distintos: a pecuária da região oeste, onde existem propriedades com maior grau de tecnificação e que realizam trocas comerciais com maior frequência, com prevalência elevada, e a da região leste, onde se concentram as propriedades de subsistência, com prevalência mais baixa.

Apesar de os circuitos 4 e 6 apresentarem menor prevalência, ainda é possível reduzi-la por meio de vacinação de bezerras com a B19. Assim, todo o Estado poderá se beneficiar pela utilização da vacina B19 em bezerras, reduzindo a prevalência da brucelose a um custo muito baixo.

Os fatores de risco que emergiram da análise foram: rebanho com mais de 120 vacas e abate de reprodutores na propriedade (Tab. 6). Vacinar contra brucelose, ter piquete de parição ou rebanho a ser explorado para leite apresentaram-se como fatores protetores (Tab. 6).

A vacinação de bezerras com a B19 como fator protetor indica que a porcentagem de focos de brucelose nas propriedades que vacinam é menor do que nas que não vacinam. É, portanto, um indicador de campo que comprova a eficiência da amostra B19.

O piquete de parição é uma medida simples de ser adotada, que visa reduzir o contato de animais não infectados com pastagens e aguadas contaminadas com material com alta

concentração de brucelas (feto e seus anexos, restos placentários e líquidos vaginais oriundos de animais infectados). Em última análise, é um procedimento que diminui a dose de desafio e, portanto, protege contra a infecção.

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fato de “ter mais do que 120 vacas” ter-se apresentado como fator de risco.

O abate de reprodutores na propriedade foi considerado por Sanchez et al. (1998) uma atividade de risco e tem significado importante na transmissão da brucelose, visto que tanto a carcaça quanto as vísceras e a formação de aerossóis podem contaminar o homem e o ambiente próximo ao local do abate.

Recomenda-se: concentrar esforços na obtenção, em todos os anos, de uma cobertura vacinal mínima de 80% de fêmeas entre três e oito meses de idade com a vacina B19; incentivar a adoção de piquetes de parição e desencorajar a introdução de reprodutores sem cuidados sanitários e o seu abate nas propriedades.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP, ao CNPq e ao MAPA pelo apoio financeiro. Agradecimento à ADAPEC pelo apoio logístico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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